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RELATÓRIO REFERENTE A 2ª ETAPA DO LEVANTAMENTO DE DADOS DA

CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ CONILON.

Metodologia: Entrevistas semi-estruturadas, para elaboração do Plano Territorial


de Cadeias de Produção Cooperativa do Território Norte do Espírito Santo.

Atividade: Reunião com as lideranças e assentados representantes do


Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras –MST/ES.

Local: Assentamento Palmeira, no Município de São Mateus.

Data: 23 de Abril de 2008.

Participantes:

Adenicio Moreira - Assentado e Liderança MST


Ailton Gomes da Silva – Assentado e Liderança MST
Demétrius Oliveira – Consultor Facilitador
Edmundo Baía – Consultor Relator
Gesson Gironga - Assentado
Israel Souza e Silva - Assentado
Joãozinho S. Souza – Assentado e Liderança MST
José Cláudio da Rocha - Assentado
Ramisson Moreira Silva - Assentado
Uedes Rodrigues - Assentado
Zelindo Couvre – Articulador Territorial
Desenvolvimento da Reunião:

Às 19 horas foi iniciada a reunião, após a apresentação dos participantes,


Demétrius falou sobre o objetivo do trabalho. Falou que estará concluindo o
trabalho iniciado por Flaviane, que já havia realizado reuniões com a
FETAES(Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Espírito Santo),
MPA(Movimento dos Pequenos Agricultores) e APTA(Associação de Programas
em Tecnologias Alternativas), para levantamento de dados referentes a cadeia
produtiva do café conilon, que após diversas reuniões, foi escolhida para ser
sistematizada, através da elaboração Plano Territorial de Cadeias de Produção
Cooperativa do Território Norte do Espírito Santo.

Então para concluir esta etapa do trabalho, Demétrius solicitou a reunião com o
movimento, para que todos possam fazer suas considerações, pois o movimento
deixou claro que está insatisfeito com a Política Territorial.

Falou ainda, sobre o SECAFES(Sistema Estadual de Comercialização de


Produtos e Serviços da Agricultura Familiar e Economia Solidária), onde a
principal proposta é o trabalho coletivo para viabilizar a comercialização no estado.

O trabalho foi iniciado com o intuito de averiguar o nível de conhecimento da


cadeia, bem como verificar os gargalos e os aspectos potenciais.

Qual o entendimento dos participantes sobre a cadeia produtiva do café


conilon?
Resposta dos participantes:
- Como esta acontecendo os processos.
- Todos os aspectos relacionados da produção até o chegar ao consumidor.
- Todo processo produtivo até chegar ao mercado.

Quais os tipos de mercados?

Resposta dos participantes:


- Mercado Local: Supermercados, mercearias, feiras.
- Mercado Distante: Exportação para outros estados e países.

O atravessador mostrou-se uma figura relevante na atual cadeia.


“- É ele que leva para o mercado”.
“- Ele pega o café e leva para o secador. Pode ser uma terceira pessoa, ou ele
próprio é dono do secador”.
“– Para termos uma idéia, só aqui dentro do assentamento deve ter uns três
secadores particulares, que secam a própria produção, bem como a de outros”.
“- 70% da produção está nas mãos dos grandes armazéns”.

Qual a proporção utilizada na torrefação?


Resposta dos participantes:
“- Funciona 4 por 1. Exemplo: Para conseguirmos uma saca de 60 kg seco,
precisamos levar para o secador 4 sacas verdes”.

Como se dá a venda?
Resposta dos participantes:
“- Tem gente que faz contrato, com preço fixado, onde o produtor acerta um preço
e quantidade, e deve entregar o café no valor acordado, mesmo que o a cotação
esteja maior do que o fixado”.
“- Outra forma é vender na época da colheita e após, mesmo assim a maioria
vende para atravessadores”.

Quem são os principais compradores/atravessadores?


Resposta dos participantes:
- Cooabriel, Gil Café, Armazéns em São Mateus, Jaguaré, Nova Venécia e
Colatina.

Como é estabelecido o preço?


Resposta dos participantes:
“- Na medida que tem oferta ele descer, e quando tem falta, ele aumenta”.
O que aumenta e abaixa o preço na bolsa de valores?
Resposta dos participantes:
“- Me lembro que na época em que houve muita produção no Vietnã, onde o custo
de produção é mais barato do que nós, então teve uma baixa geral nos preços”.

Quanto à classificação de qualidade?


Resposta dos participantes:
“- Para nós, nunca obtivemos resultado diferente da classificação 7/8, apesar de já
termos produzido 5/6”.

A figura abaixo mostra a classificação entendida pelos participantes.

Menor Qualidade
7

Maior Qualidade 6

Onde estão os gargalos?


Resposta dos participantes:
“- O atravessador”;
“- Falta de conhecimento de preço”;
“- Na relação com a industria, do ponto de vista econômico”;
“- O aumento do custo de produção”;
“- Falta de máquinas e de sabedoria dos produtores, como por exemplo, tem gente
que apanha café verde, quando bom mesmo é apanhar maduro para dá
qualidade”;
“- A cadeia ideal seria aquela no qual a produção, beneficiamento e a venda
estivessem na gerência dos agricultores, da produção até o mercado”.
Qual a produção atual?
Resposta dos participantes:
“- Não temos um número preciso”.

Quais ações são prioritárias?


Resposta dos participantes:
“- Realizar o levantamento da produção dos assentamentos”;
“- Construção de um despolpador e Moedor de café”;
“- Construção de Galpões para torrar e armazenar”;

Os participantes tiveram consenso nas propostas, e disseram que antes de


efetivar essas propostas será necessário conversar com os demais assentados
para verificarem a viabilidade.
Mapa Conceitual estabelecido pelos participantes para cadeia produtiva:
O agricultor não negocia preço com a
Atravessador / industria e nem com os armazéns.
Corretor

Agricultores Processadores Comerciantes


Fornecedores Mercado
de Insumos (Sistemas Consumidor
(Agroindústrias) (Atacadistas e
Produtivos) Varejistas)

Secador

Industriais: Comprador / Estocador:


- Adubo (Heringe, Maná) - Pequenos - Gilcafé Consumidor
- Irrigação (Várias) Agricultores - Cooabriel Local
- Veneno (Verdadeiro, - Grandes - Licacafé
Complex 51, Tiodan, Produtores - Arm. Colatina
Nosdan, Randape [Bayer, - Arm. Nova Venécia
Singente e Monsato]) - Arm. São Mateus
- Energia (Escelsa, S. Maria) Na perspectiva dos assentamentos, - Arm. Jaguaré
- Viveiro (Vários) o atravessador na maioria das vezes
Banco: compra o café do agricultor e vende Industria / Beneficiamento:
- Crédito Custeio para o secador, ou, ele é o próprio - Meridiano
Outros: dono do secador. Depois disso ele é - Pedra Agulha Consumidor
- Transporte e Torrefação que passa para industria. - Três Corações Outros Estados
- Mão de Obra ( Meeira, - Expedicionário e Países
Arrendatária, Diarista, - Café do Português
Assalariada, Familiar)
- Ater (Técnico do MST, das Vendas Atacado:
Empresas e meios de - Própria industria
comunicação como Rádio e
tv Vendas Varejo:
- Compra de Alimentos - Supermercados
- Mercearias

Exportação:
- Gilcafé
- Cooabriel
- Licafé

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