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io) ea) 2 iS) ea) Sy, o& me jo) a 3, Parece que a teologia, no jim do século XX, mudou muito a sua manetra de explicar aguilo que éa “vessurvei¢do dos mortos”? A teologia mudou os modelos, pelos quais explica a Res- surreigdo dos mortos. Ela nao mudou absolutamente nada no contetido. No que diz respeito aos modelos, porém, abandonou a perspectiva dualista da filosofia grega e voltou explicitamente a concepgao biblica. Quando dentro dela se usa o termo “alma”, esta palavra nunca designa uma parte puramente espiritual do ser huma- no, distinto e separado da sua parte material. Tal concepgao encontramos na filosofia grega, paga. Ela é chamada, entao, de “dualismo”. No passado, a teologia crista recorreu muito a este dua- lismo, de tal maneira que, até o século XX, se mantinham as formulas dualistas nas quais se dizia que na morte, a alma se separa do corpo. Na realidade, tal concepgdo ja foi superada pelo fildsofo Tomas de Aquino no século XIII d.C. A teologia, porém, sé a abandonou no final do século XX, recuperando a maneira como a Biblia compreende o homeni.\ Nem a Biblia nem a ciéncia contemporanea, porém, com- Preendem o homem como um compésito dualista de corpo € alma que na morte estiio sendo separados. viyianzcauy vom 4O0quea teologia hoje quer dizer, quando fala em termes bthlicos de ‘alma’? Em termos biblicos, a palavra “alma” é a traducao daqui- lo que a Biblia, na sua lingua, chama de nefesh. Nefesh significa “o homem inteiro”, mas visto sob 0 en- foque de ele ser aberto para Deus. Este ser aberto para Deus nunca pode ser destrufdo, e por causa disso se diz que 0 “ser alma” da pessoa humana nunca pode ser destrufdo, é imortal, Em termos modernos, compreende-se “alma” hoje como “principio de ser” da pessoa humana. O outro Principio de ser desta pessoa é a sua dimensao material. As duas dimensées sao insepardveis e s6 na sua unido formam aquilo que é 0 ser humano. O Catecismo da Igreja j4 assume em varios textos a pers- pectiva apresentada acima. No seu mimero 363 podemos ler: “Muitas vezes o termo alma designa na Sagrada Escritura a vida humana ou a pes- soa humana inteira”. Para compreender o significado biblico do termo “alma”, basta lembrar textos como, por exemplo, o Magnificat (Le 1,46): “A minha alma glorifica ao Senhor”. Uma pessoa de hoje, para expressar 0 mesmo, diria tal- vez: “Eu glorifico o Senhor com minha pessoa inteira, com todo o meu ser”, 5.0 que a Biblia quer dizer, quando usa o termo “corpo”? Paraa Biblia, o termo “ a idéia de um organismo p 10s. corpo” contém muito mais do que uramente biolégico. A palavra bi- ¥ viyianzcauy com blica para “corpo” tem o significado daquilo que hoje chama- mos de “pessoa”. Isso se torna muito claro, quando lemos, por exemplo, as palavras de Jesus em Mt 26,26: “Tomai e comei, isto é 0 meu corpo”. A palvra “corpo”, aqui, nao diz respeito s6 a parte organica de carne e osso. Ela significa a pessoa intei- ra, tudo aquilo que Jesus é, com todas as suas dimensées. A Biblia usa assim 0 termo “corpo”, e isso vale também quando fala da “ressurrei¢ao do corpo”. Na linguagem de hoje se poderia dizer que a palavra “corpo” tem o significado de “tudo aquilo que uma pessoa é em todas as suas dimensGes”. b.Entio, é falso dizer que no momento da morte aalma se separa do corpo? Nos tltimos 30 anos, as pesquisas cientificas mudaram muito nossa concepcao sobre 0 assunto. Isso conduziu também a uma mudanga na maneira, como hoje, na teologia se tenta explicar os acontecimentos de morte e ressurrei¢ao. O atual Papa e entdo tedlogo Josef Ratzinger, num artigo sobre Res- surreicdo, escrito no Compéndio Sacramentum Mundi, vol. 4, p. 399, ja em 1967-69, explicou o seguinte: O termo “Ressur- da pessoa, nado no sentido de uma corporeidade, isolada da alma”, E no seu outro livro ja citado, Introdugao ao Cristianis- mo, pode-se ler o seguinte: ... Na mensagem biblica sobre a ressurrei¢ao, seu conteti- do essencial nao 6 a idéia de uma devolugao do corpo as almas apds um prolongado intervalo... (op. cit., p. 305) ooo 11 e viyianzauy vom Pode-se dizer hoje, baseado nos conhecimentos Cientifi. cos & te s, que se se cos e teoldgicos y que a alma nunca se separa do corpo, Deus ressuscita o ser humano na sua totalidade, ¢ esta Ressurrei Go ento da morte. ignifica que a pessoa humana com tudo sua histéria de vida, com tudo aquilo que na vida realizou ou sofreu, com a sua biografia, as suas re. lagdes interpessoais e todas as suas obras, na morte serd recy. perada ¢ plenificada por Deus. Esta recuperagio e Plenificagao significa também que a pessoa esta sendo totalmente desligada das dimensdes de espago e de tempo. aquilo que 6, com toda 7. Por que se chegou a tal mudanga de perspectiva? Ela, de um lado, é 0 resultado de um didlogo interdiscipli- nar mais intensivo entre as ciéncias da natureza e a teologia. De outro lado, a mudanga de perspectiva se deu também por causa de novas e aprofundadas pesquisas biblicas e filosdficas. Durante séculos, a teologia tinha recorrido ao pensamen- to dualista da filosofia grega, para explicar aquilo que a nossa fé chama de ressurreigdo dos mortos. Dai surgiu aquele mode- lo que explicou a morte como separagiio de uma alma imortal de um corpo mortal. Tal modelo, porém, nos tiltimos 30 anos, foi mostrado totalmente superado pelos novos conhecimentos antropolégicos e psicolégicos. Além disso, como ja foi mostra- do, nao corresponde ao modelo biblico do ser humano. Este acentua sempre a unidade do homem. O magistério da Igreja nunca declarou tal modelo como dogma e nos tiltimos anos se distanciou cada vez mais dele (cf. Carta pastoral da Conferéncia Nacional dos Bispos da 12 «+. # viyianzauy vom Alemanha, novembro de 1994, mencionada mais a frente no item n. 8). Além de tudo, ha ainda uma razao légica para impedir a idéia de uma alma, separada do corpo, que na eternidade “gguarda” a futura ressurreigao do corpo. Se, na dimensao de “eternidade”, o tempo nao existe que, depois de certo intervalo de tempo sem corpo, a alma de novo se retina com ele. Se nao ha tempo, nao pode haver algo que chega a acontecer no futuro. Na dimensio de eternida- de, nao ha mais futuro, s6 ha o presente. Eternidade significa “agora”. Numa coletanea de textos sobre o assunto, publicada em 2004 por Hans Kessler, professor de Teologia na Universidade de Frankfurt, Wolfgang Beinert resume a concep¢o atual so- bre a questao da ressurreicdo na morte assim: Uma compreensao melhor da estrutura da escatologia biblica e por ultimo também a consonancia com certas descobertas das pesquisas neurobioldgicas impulsionam hoje a maioria dos tedlogos cristdos... a defender a tese da ressurreic¢o dos mortos na morte mesmo. (Cf. H. Kes- sler, Ressurreicdo dos mortos, p. 107.) 8 Serd que existem declaraoes oftciais da lgreja que jd recorrem a esta nova concep¢do da ressurreicéo dos mortos? Existem, sim. A Igreja progressivamente abandonou © antigo modelo. Podemos mencionar em seguida alguns exemplos: $ 333 13 viyianzauy vuM Conforme a exigéncia da Comissio teold; gica internacio. nal de 1992, “devemos ter uma concepgiio do “ homem.., basea. do na Escritura e na razdo”, isto 6, na ciéncia. A ciéncia e a Biblia, porém, nado compreendem o ser hu- mano em termos dualistas. Jé foi mostrado que a Biblia, quan- do fala de “alma” ou de “corpo”, compreende estes termos sempre como “a pessoa humana inteira”. De maneira as vezes ainda timida, a nova concepcdo tam- bém ja entrou em textos do novo Catecismo da Igreja Catélica, No seu n. 365, podemos ler: “A unidade da alma e do corpo é tdo profunda que se deve considerar a alma como a ‘forma do corpo’. No niimero 382 se diz: “O homem é ‘corpore et anima unus’ (uno de corpo e alma)”. A Conferéncia Nacional dos Bispos da Alemanha, na sua Carta Pastoral de novembro 1994, fala da concepcao dualista j4 como algo do passado que foi superado. Podemos ler ali: Aquilo que foi dito’sobre a separagdo da alma e do corpo na morte, foi muitas vezes compreendido de maneira du- alista, como se se tratasse de duas partes do homem que poderiam existir independentemente uma da outra. Mas, nem € 0 corpo simplesmente o envelope da alma, nem @ alma é jamais absolutamente incorporal... Sendo que a alma nao é uma parte do homem ao lado e do corpo, mas 0 centr soa, é a pessoa humana inteira ra na vida junto com Deus. 0 a pin @ 14+. © ? viyianzauy vuM 4.No Catecismo da Igreja ainda hd textos que dizem que aalma se separa do corpo? Ainda existem tais textos, e encontramos neles um exem- plo para a dindmica dentro de nossa Igreja. A pesquisa teoldgi- ca avancou de maneira tao rdpida, que hoje, neste assunto, ja ultrapassou aquele modelo, no qual alguns textos do catecismo. atual ainda se baseiam. Nao podemos esquecer que o atual catecismo foi escrito no fim do século XX e que, entretanto, a reflexdo teologica nao parou. E importante lembrar, além disso, que um catecismo nun- ca é na sua totalidade declaracéo dogmitica infalivel. Como todos sabemos, declaracées infaliveis sé encontramos nos dog- mas, que devem ser declarados “ex catedra” pelo Papa. Os catecismos sao importantes, eles apresentam, diga- mos, 0 resumo e a sintese daquilo que, num dado momento historico, é o contetido de fé da nossa Igreja. Deste contetido, fazem parte os dogmas, que sao imutdveis. Mas, além deles, encontramos nos catecismos também uma imensidao de ou- tros assuntos da fé. Estes nao sao declaracées infaliveis da nos- sa Igreja, e por causa disso, continuam sendo estudados e, caso necessdrio, modificados pela Teologia. O caso da separacao de corpo e alma é exatamente um desses exemplos. A formula que ainda encontramos em certos textos do atual Catecismo foi estudada nos ultimos 30 anos de maneira profunda e intensiva. Nao sendo ela um dogma, pode ser mo; dificada. E exatamente isso 0 que aconteceu, porque os novos conhecimentos cientfficos e biblicos mostraram ser necessario tal modificacio. Ela é exemplo vivo da vitalidade e constante atualidade da nossa Igreja. eee 15 viyianzauy vom 10. Quando dizemos que “na morte, Deus vessuscita o ser humano intetro”, ndo contradizemos a nossa cren¢a na ressurrei¢éo do corpo? Nao a contradizemos, mas, pelo contrario, a confirma- mos. O problema é que por causa da compreensao dualista do ser humano, a morte sempre foi compreendida como um fim, uma aniquilacao de uma parte material, chamada de corpo. Em vez disso, porém, devemos compreendé-la em termos biblicos nao como fim, mas como processo de transformacao, pelo qual passa o ser humano inteiro. Deste processo, nds sé enxergamos um lado, o morrer. Na realidade, porém, a morte tem um outro lado que nao conseguimos enxergar: é a ressur- reigdo. Deus ressuscita a pessoa inteira no momento da mor- te. Esta ressurreigao, porém, como diz o entao tedlogo e atual papa Joseph Ratzinger no seu livro ja citado, “nao é ‘ressurrei- g4o’ dos organismos... mas das pessoas” (op. cit., p. 309). Sendo que esta ressurreigdo abrange o ser humano na sua totalidade, é melhor voltar 4 maneira como 0 apéstolo Paulo fala do assunto. Ele fala da “ressurreigéo dos mortos”. —<—<— 1. Sera que esta concepgéo de uma “ressurreitho na morte” é novidade total na veligiéo crista? Nao 6, muito pelo contrario! Ela tem uma longa tradicao na histéria do Cristianismo. A Igreja dos primeiros séculos sempre acreditou que 0s Seus mértires seriam ressuscitados inteiros no momento da sua morte. Isso s6 mudou, quando se comegou a adotar a filosofia grega paga, para, a partir dos modelos dela, explicar a ressur- reicdo de maneira filos6fica. 16 +06 z viyitanzcauy vom Na fé dos povos latino-americanos, a concepcao de uma ressurrei¢gao da pessoa inteira na morte também se recuperou. Dos seus martires, o povo diz que “nosso irm4o ou nossa irma xx foi assassinado e ressuscitado no dia tal e tal”. 12. Mas, se a ressurrei¢ao se realiza no momento da morte, por que ainda vemos o cadaver? E muito importante ter bem claro que a ressurrei¢4o nao éa revitalizagdo daquele cadaver, que colocamos no timulo.A ressurreicao é algo muito maior. O problema é que com os nossos olhos, nao somos capa- zes de observa-la. Os nossos sentidos nao tém acesso as dimen- soes além da morte, da mesma maneira como nao podemos enxergar ondas de radio. A Comissao teoldgica internacional, na sua publicacao de 1992 sobre “Problemas atuais da Escatologia”, diz o se- guinte sobre o assunto: A Igreja jamais ensinou que a mesma matéria seja neces- sdria, para que se possa dizer que 0 corpo é 0 mesmo. 7B. Se a ressurvei¢do acontece na morte, o que se pode dizer entio sobre a cremacho do cadiver? Sendo que a ressurrei¢aéo nao diz respeito ao cadaver, mas a pessoa humana na sua totalidade, nao ha diferenga ne- nhuma se o cadaver estd sendo enterrado ou cremado. Nos séculos passados, a Igreja proibiu a cremagao, por que ela foi usada pelos ateus como demonstragao da rejeigao e aoe viygianzauy vom 46. Serd que a oferta de purgatorio também poderia ser rejeitada pela pessoa humana? A oferta de purgatério permanece oferta. Ela também poderia ser rejeitada. Neste caso, em vez de abrirse Para a plenitude da vida oferecida por Deus, a pessoa humana se fecharia por dentro de si mesma, criando para si aquela outra possibilidade totalmente negativa, que na tradicao é chamada de Inferno. E importante, porém, ter bem claro que as duas possibi- lidades de aceitagao e de rejeigdo nao sao simplesmente duas possibilidades de categoria igual. A decisao livre da pessoa perante Deus se realiza de antemao dentro de um ambiente marcado pela vontade divina de salvar. REACAO HUMANA DIANTE DO FATO DA RESSURREICAO 47. Como devemos ver a questéo da oragéo pelos [alecidos? Ela tem algum proveito para eles? A Igreja, com toda a razio, insiste que vale a pena rezar pelos mortos. Podemos imaginar que, por meio das nossas oragées, mis- sas etc., ajudamos a pessoa no momento de seu encontro com Deus, a realizar a sua tiltima e definitiva conversdo de maneira mais fécil. E um pouco como quando um amigo ajuda 0.52 amigo a realizar uma tarefa que este amigo, sozinho, talvez teria muito mais dificuldades Para realizar. Uma vez que, para Deus, o tempo nao existe, nao impor ta se as nossas oragGes estdo sendo realizadas anos antes o 42 oe ¢ viyianzauy vom muito mais interessante ¢ mais dindmica do que q re tr ais Pi Cncarna. chamada de Purgatorio, gio: é a experié Infelizmente o nome, hoje, produz em muitos uma con. a experiencia chamada de Purgatério era representada como lugar de fogo, de brasa e de cham: M que estas sio imagens simbdlicas. Tomam as imagens medieya da letra, e por causa disso as rejeitam. Mas, com a imagem, rejeitam também o contetido. Eu gostaria de mostrar, mada de Purgatorio na real cepgao equivocada. No imagindrio tradicional Muitas pessoas esquecera is ao pé porém, que a experiéncia cha. lidade 6 uma concepgao fascinante, muito rica e muito interessante, digna de ser mantida e recy. perada, 44. Purgatorio, a altima oferta da graga de Deus, na qual se abrea oportunidade ‘para uma ultima converséo € evolugio? Purgatério é uma das concepgdes talvez mais interessan- tes do contetido escatolégico da nossa fé, Como o Papa Joao Paulo II dizia em 4 de agosto de 1999, o nome Purgatério “nao significa um lugar, mas uma situacdo”. Ea situaco existen- cial daquele que, no seu encontro com Deus, percebe como 2 sua Personalidade, formada no decorrer da vida, em muito nao corresponde 408 critérios e aos parametros de Deus. Mas Percebe também que ainda pode evoluir, Deus oferece a cada Pessoa Tessuscitada mais uma Ultima e definitiva oportunidade de converter a : a Sua Personalidade, para que esta correspond 208 Parametros dele, £ uma tiltima possibilidade para a pesso# evoluir e torna, So Sn nomaibilidade para a po=™ 40 viynanzauy LOM [Conforme a personalidade, porém, que esta pessoa for mou de si mesma no decorrer da vida, a plena adaptaco aos critérios de Deus seré mais ou menos dificil, mais ou menos dolorosa.{E esta dor que na tradicao foi chamada de “Pur. gatorio”. E a dor de encontrar-se com o amor de Deus e de 8 7 constatar, qUa0 pouco, na vida, se correspondeu a este amor. E ador de uma ultima conversao por meio da qual a pessoa, na morte, ainda pode adaptar a sua personalidade aos critérios de Deus. Isso, porém, implica entregar-se totalmente a Deus, acei- tar que Deus age conforme os parametros dele, admitir, talvez, que muitos dos critérios e parametros, aos quais a pessoa ade- riu na vida eram errados, porque nao correspondiam aqueles de Deus. Tal conversao pode doer, e esta dor é tanto maior, quanto menos a pessoa ja na vida adaptou a sua personalidade aos para- metros de Deus. E a dor da experiéncia existencial de purgatério. 45. Isso significa que somente uns poucos, aqueles que consequiram realizar na vida os pardmetros de Deus, € que ficam livres do processo do purgatorio? No fundo, é assim mesmo. Isso, porém, nao deve ser com- Mecndido como motivo para se ter medo, mas muito mais ‘Mo motivo de alegria. a sal Deus, que, como Paulo escreve na Carta aTimsteo, “quer = a megs Bossi S40 de todos”, oferece a todos uma tiltima e definitiva bil; todos llidade de conversao. E uma vez que realmente quer que Sej Meios ie jam salvos, podemos esperar que conhega também Ta conseguir aquilo que quer. ? wee 41 viyianzcauy vom ESPERANCA ALEM DA syst ey (ey 4 ANTROPOLOGIA ESCATOLOGIA RENOLD J. BLANK M. ANGELA VILHENA ec 9 - 4 = ii E n wn fas oO ° a ° Wl FE viyianzauy vuln 7M. Tem sentido rezar pelos mortos, pelas “almas” do Purgatorio> Tem sim, ea Igreja, na sua profunda sabedoria, Sempre mantém viv, essa idéia. SO que, Nao € pela alma sozinha que devemos rezar, mas rar pessoa inteira, em todas as suas dimensoes: Corpo e alma. Isso Porque nunca havera almas sozinhas na eternidade. O que ha ali, sao Pessoas inteiras e globais que se encontram com a pessoa de Deus," As nossas oragées pelos mortos s&o atos de solidariedade com eles, Por meio delas, podemos nos tornar solidarios com os falecidos, ajudando de uma forma que nao podemos imaginar, no momento da ultima conver- sao. A nossa solidariedade, exprimida pela nossa comunhao com © Corpo Mistico da Igreja, pode ajudar os que ja morreram, para que eles ou elas sejam capazes de realizar aquela ultima conversao ou que lhes seja mais facil de realiza-la. Nesse sentido, é muito importante rezar pelos mortos, mas rezar néo so por aqueles “que morreram na paz do Senhor", e sim sobretudo por aqueles que morreram cheios de édio contra Deus, por aqueles que negaram Deus, que rejeitaram Deus, que o combateram. Rezar Por aqueles que morreram desesperados, amaldigoando Deus, sem nenhu- ma paz. E por esses irmaos e essas irmas que também devemos rezar. Se, ara Deus, tempo nao existe, nado importa o momento de minha oragao. Pata pessoa Numan aoe Ge oe E essencial que os cristaos recuperem a grande e profunda verdade de nossa fé sobre a experiéncia a que chamamos “purgatério”. Ao descobrira riqueza daquilo que a Igreja nos apresenta sob essa sigla, é de novo re redescobrir a mensagem crista como uma Boa-Nova. No centro “la, ha a verdade maravilhosa de um Deus que nos ama, Ele nao nos cru Para qué cada um de nés realize sua plenitude por meio de ciclos infinitos de reencarnagées. Ele nos criou com 0 nico objetivo: que este ser huma: no incompleto alcance em seu Criador a plenitude eterna. PEUS NAO NOS CRIOU PARA QUE CADA UM DE NOS REALIZE A oat PLENITUDE POR MEIO DE CICLOS INFINITOS DE REENCARNAGOES, FLE NOS CRIOU COM UM UNICO OBJETIVO: QUE ESTE SER HUMAN 'NCOMPLETO ALCANCE EM SEU CRIADOR A PLENITUDE ETERNA. " Sobre esse ass (P. 120). Um: Cit, eld. A " o “juizo fils gia da peso " ao, unto, cf. 0 subtema do presente livro. Em que consiste, enta 10s 2 abordagem mais aprofundada encontra-se em: BLANK, Escato' morte em questo. So Paulo, Loyola, 1998. pp. 24-39. Digitalizado com Visto a partir da dimensao da pessoa que morreu, 0 juizo final acontece no momento da morte. Visto, porém, a partir da dimensao temporal do cos- mo, esse julzo final se realiza no momento final do cosmo. Tal momento chegara. Sabemos pela cosmologia que 0 nosso cosmo Nao é eterno. Ele chegara a um fim. Naquele fim, que sera em algum momento de nosso futu- ro, realizar-se-a para o cosmo aquilo que a pessoa ja vivencia na morte: o “juizo final’, Isso nao significa que havera dois ou muitos juizos finais. Significa simplesmente que a pessoa, na morte, ja alcanga aquele mo- mento do juizo final, que, visto a partir da dimensao de tempo e de dentro do cosmo, so acontecera num futuro, Essa duplicidade das dimensdes pode ser representada pelo seguinte esquema: eS ' poe ah — 7 BTERNIDADE a Nao ha sucessividade de momentos. Visto a partir da Eternidade, 0 homem do mundo faz parte do di ESPAGO-TEMPO COSMICO. marcado pela sucessividade de momentos. Ha um “antes” = “agora” = “depois”, 0 fim se alcanga, passando por essa ividadg de momentos, ee ‘Para. a pessoa que na morte sai de \.,_ sua tigacto com a sucessividade * do cosmo, 0 fim desse coamo faz Parte do “agora” da eternidade, ~~ Sao Resumindo: Juizo Final 0 juizo final deve acontecer por razdes légicas momento de noss& Morte. implica as dimensdes daquilo a que chamamos “purgatsrio". ; 120. ie es ~ - . a vignanzauy vwoM ero eeT tec BAIR atm VCH arg DOGMATICA CATOLICA Teoria e pratica da Teologia le A ey4s3 Digitalizado com b) “Cristo, feito para nés justia, santificagao e redencao” (1Cor 1,30) | Deus nos fez justos (iustitia Dei passiva), tornou-se realmente histérica. A medida Em Cristo, a justica, pela qual umana, Ele inclui na graga divina, pela qual Ele se liga a que o Filho se torna humano, pelo assumir da natureza hi r ela (grata unions), também a graca pela qual Ele, como cabega da nova humanidade (gratia Christ capitis), inely pelo seu corpo a todo ser humano na natureza humana renovada e a abre para a comunhdo com Deus. Assim pode Cristo, que por nés se tornou justiga pela encarnacao, também ser a nossa. justica. Pois a nova justiga tendo por base a encarna¢ao de Deus em Cristo, a qual nés nos unimos para tornarmo-nos justos a Deus, aponta para a cruz a ressurreicao. | Por parte da humanidade de Jesus corresponde sua total obediéncia da justi¢a que por Ele nos foi dada, pela qual correspondemos a Deus. A total submisséo de sua vontade humana sob a vontade divina - “se faca a tua vontade” (Le 22,42) - 0 conduz a fidelidade obediente em sua missdo até a morte na cruz (FI 2,8). Por isso Ele foi elevado por Deus a sua direita na gloria do Pai (Rm 1,3). Em seu nome, todos os pagdos devem ser conduzidos “a obediéncia da f6" (Rm 1,5), 0 justo pela fé, quer dizer, correspondente em Jesus Cristo a justica e & santidade de Deus, ira viver. Jesus chegou & cruz porque “judeus e pagaos” ~ através de nossa desobediéncia ~ nao assumiram a justica a Ele prometida: “Deus encerrou a todos na desobediéncia para usar com todos de misericérdia” (Rm 11,32). Justamente nisto Deus mostrou sua justiga como misericérdia tornada aberta, que Ele em Jesus manteve em obe- diéncia até a morte na cruz e que foi definitivamente revelada ao ser humano ao aceitar a participagao nele como communio de amor. Na cruz e no corpo transfigurado do ressuscitado, no qual permaneciam as chagas como sinais a, torna-se irrefutavel o teocentrismo do mundo cristologicamente interpretado: “Porque dele, por Ele em obediéncia na entrega a vontade de Jesus, nos tornamos “Quem cré nao é condenado” (Jo 3,18). | da vil para Ele so todas as coisas” (Rm 11,36). Quando nds, desta forma, a justiga de Deus nos é partilhada. Entao somos justificados: c) Sobre a teologia da morte ‘A morte como “pagamento do pecado” Nao é de se pensar a morte somente sob seu aspecto bioldgico, mas também sob o ponto de vi ‘A morte é um tornar aberta a nossa confianga em Deus. Por isso a sentimos como um poder des- -empoderador, como um distanciamento radical do amor e do sentido transcendente do ser, no medo frente 20 nada, & total auséncia de vida e amor, Na morte se experimenta o princfpio da perda; a visao frente & morte sioas sombras do inferno, quer dizer, da perda irretratdvel de um poss{vel sentido de transcendéncia no ser com Deus, aplenitude original e final, Esta morte Jesus a tomou para si de maneira substitutiva, Embora estando Ele mesmo “sem pecado” e em comunhao intima com o Pai, “caiu sobre Ele o castigo que nos salva” (Is 53,5). Sim, “aquele que nao conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nés, para que nele fOssemos justiga de Deus” (2Cor 5,21). A partir da morte de Cristo, a nossa morte tem um duplo caréter: por um lado, do julgamento sobre a perda de Deus: PC outro, na entrega livre ocorrida na morte de Cristo fica marcado o maior amor possfvel de Deus para cconosco.0 que ocorre no batismo in mysterio como ser sepultado sacramentalmente com Cristo e 0 que os fiis reconhecem na ressurreigdo mesma de Cristo como revelacio da gléria do Pai, isto é ratificado em nossa morte real e levado a.uma forma definitiva. “Pois se estamos inseridos na solidariedade de sua morte, também 0 seremos na solid” riedade de sua ressurreigo” (Rm 6,5; cf, F1 3,10). No tornar-se um para sempre em correspondéncia perfeta nt amor com Deus, isto é, em verdadeira “santidade e justiga” (Lc 1,75; Ef 4,24), olharemos retroativamente ¢ pa de Deus sobre nossa morte real e reconheceremos nela nossa transformacao na definitividade daquilo que inicio no batismo e na fé, se conservou na esperanca e chegou & maturidade no amor. m8 Tudo aquilo que de bom foi feito em nome de Jesus, nao ird passar, mas ser levado & eternidade em aes transformada e internamente transfigurada: “Felizes os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim i sem dos trabalhos, pois suas obras os acompanham” (Ap 14,13; Hb 4,10). 0 Reino de Deus realizado nao énentiu jista teolégico. truidor e des- ~392— viyianzcauy Curt strata, na qual desaparecem em nada o terreno, o histérico e as obras humanas. No mundo ressur! cqermidade ab era e do novo céu hé a apokatastasis panton (At 3,21), a restauracdo de todas as coisas. reto danovat ‘Assituagao dos mortos inapropriado do ponto de vista teoldgico descrever a morte apenas como algo natural e biolégico ou defini- _Jacoma formula imprecisa de “separasao de corpo e alma”, para depois se perguntar sobre o lugar ou a situagao da alma apés a morte e filosofar sobre a relacdo temporal para a ressurrei¢ao do corpo. No centro da escatologia trista estao muito mais as afirmagoes soterioldgicas. Nao se trata de fazer descricdes tipo reportagens antecipa- ‘to mais de determinada relacao para com Deus daqueles que acreditamos e sabemos que eles, na das trata-se mui ‘ morte, entraram num relacionamento definitivo para com Deus. Somente para assegur4-los é que nos voltaremos brevemente para a questao natural da morte. [po ponto de vista antropolégico nao entendemos o ser humano como um ser composto de uma alma e um corpo prontos.|como natureza espiritual, 0 ser humano subsiste em um ato de ser, que se exprime em forma ‘pita e total de matéria criada num determinado ser humano empirico no aqui e agora de seu ser-no-mundo (anima forma corporis). Em seu si mesmo interior, 0 ser humano é espirito em abertura ilimitada ao ser e em von- (arelacionado asi mesmo em ligagdo livre com o bem, de modo que a alma do ser humano é ontologicamente determinada por uma relacdo triplice: 1) Por uma relagao transcendental com Deus. 2) Por sua relacao consigo mesmo em autocompreensao e autodeterminagao. $) Por sua rela¢do com o mundo, quer dizer, tanto em sentido individual como mais amplamente em sentido social e histérico, em relago com o mundo como base de possibilidade irrestrita da pessoa, pela qual ela re- cebe a rica potencialidade de sua realizagao como ser. Na morte, estas trés relagdes bdsicas ganham outra conformagao. Por seu sentido de criatura, que no ser hu- mano é manifestado como ato de ser subsistente e espiritual, a morte nao pode ser uma destruicao, caso contrario adindmica da criacdo iria desembocar nao em Deus, mas no nada. Tendo em vista a sua relacao transcendental com Deus, na morte o ser humano entra em uma relacao de- finitiva com o Cristo ressuscitado pelo Espirito Santo. A base natural da realizagéo sobrenatural e gratuita é a hipéstase/ pessoa criada do ser humano, que traz em sia composicao corporal-espiritual da natureza humana] o A que tange & relacao consigo mesmo, o ser humano ‘estd em situagdo de consciéncia e alegria por sua re- ngio, No que diz respeito ao mundo, cuja dimensao empirica - do ponto d encontra numa relago transcendental natural, no que diz respeito a co rac dvi ‘i ‘ . ‘ woe) A eesotevlégea de soidariedade salvia ois sua ‘vontade é conforme a vontade divina, que sempre é pela sal- lo do ser human; por isso entre os santos no céu e os figis ha um reconhecimento mituo da possiblidade de Bes epedios nara, a vio dvina intermedia poo Logos, s santas vem pos mundo, Eles mesmos Aabertura da ra emsua forma definitiva também esté o mundo redimido. Eles sto, no entanto, ligados Cristo, também d wuidade da histéria que esté determinada para a transformagao proporcionada pela parusia de im da matéria em uma nova terra e um novo céu. Desta matéria realizada, e ndo de uma matéria crit: da adhoc ex nl ‘ ; nih paraalém do mundo criado, eles tomardo parte em sentido pleno em sua corporeidade edimisa, ae eeternidade wee i a tempo oui uma extensao espacial no sentido como nés os experimentam 7 Sheree v9- ae e pe contra aintegracio pessoal Mas um cratura jamais poderd em sua situasse erate déntica a Deus, cuja eternidade nada mais 6 que seu préprio ser 0 ser hurane eoaae osha propridade descr pertenceesencialmente uma divrsidae de formas de expressao. Mas *gue focar-se através de suas possibilidades de realizacao, de tal forma que ele nao perde sua le vista dos que ficaram - ele deixou, ele se munidade humana, ele est4 em uma rela- os agora num mundo - 393 - Digitalizado com to, mas apresenta-se justamente em grande leveza através da divers; mesma coisa se pode dizer, analogicamente, da nova forma de ser Sade ersomnpreem esptito corpo (totum et simul) Esta é a condli¢do para una pattcpog, ue é eterno jd pelo seu ser, pols a substanci ide Deus ou “essentia est tota simplex sina h. 1,10; .3)40 ser humano realizado na comunidade divina nao tem elim, Jobada em sua presenga imediata junto a Deus, que Set sey vo eno ordenamen : let aiversidade no sua personalidade. A natotal riqueza de s hhumano transfigurado P na vida eterna de Deus, 4 1" (Fomds de Aquino. S.t compositione” (Tom: ae va historia e seu ser-no-mundo. Fle a tem eng! Deus para todo o futuro. ino pés-morte ea purificagdo (purgatério) ip. , Oj hada biblicamente: Pos tdosteremas de comparecr diate do tribunal dria 4 oe eer endo gue howverpratcado pelo corpo, bem oumal” (2cor 5,10). : Para se entender isto de maneira correta, € necessdrio superar uma compreenséo presencial césmica, fisica ecronolégica. Trata-se em primeiro lugar de nossa relagao com Deus. Dela acreditamos que em nossa morte con- terd sua forma cristolégica definitiva. Nossa morte significa 0 derradeiro ser tomado na forma da justica de Jesus Cristo, o Deus-homem. Ele nos possibilitou de maneira vicaria a conformacao divina. Esta nos foi dada tanto em forma de graca ao nos assumir na fé, como em forma de amor. 0 amor, para o qual somos capacitados no Espirito Santo, que nos acolhe em Cristo na oferta de comunhio escatoldgica irreversivel, é em si a forma de existéncia, que se expressa em nossa acdo de vida externa. A unido com Deus no amor se mostra assim a medida correta,com a qual seremos medidos. 0 juizo pés-morte é, pois, algo totalmente diferente de um ajuste no além entre dever e ter. E muito mais a constatacdo se nés correspondemos ao Espirito Santo no amor, como ele tomou forma em nossa “constitui¢4o”, na justificagao com Cristo, que reconhecemos como nossa justificacao diante de Deus. Assim Cristo torna-se juiz (Mt 25,31s.) dos ressuscitados no tiltimo dia, que exigem os atos de misericérdia corporal. Este dom do Espfrito tornar-se-4 perceptfvel nos frutos do Espirito, como vé Paulo, no amor, na alegria, na paz etc. (G15,22). Isto nao é outra coisa que a semelhanga com Cristo assumida em nossa forma de vida, ou seja, a total acolhida da justica de Cristo no interior do ser humano e sua total expresso no exterior do ser humano. Dito de forma diferente, o juizo pés-morte é a realizado da comunicagdo definitiva do amor de Deus em nés, pela qual cle transpassa totalmente, a partir de dentro, a pluralidade de nossa autorrealizacdo definitiva, de modo que a esa am final nada mais é Que ser com Cristo, 0 Deus-homem, de forma pura, plena e feliz, com o Espirito comm ae ee I ae fem origem redo 0 que é intradivino e tudo oque é criado eno qual tudo ence nosso ser stuido a parts be = Me Es an pi De nossa parte, jufzo significa 0 acolhimento defiitnn tt emesis. ort tala defining sa e a Ima), em nossa forma de aparecer (0 corpo): Juizo é nossa ac WJo 4,13-21), Appurificagdo no jutzo Antes da completa bem- -aventurada correspondéncia com Deus, hd a # es, hd proved Te No juizo, Deus tr: it f uizo, Deus transmite ao ser humano as Palavra imagético do “fogo” = amor de Deus em sua forga p fe prépria completude, para uma forma de totalidade realizada.A cet 3,15), que aparece na Biblia muitas vezes em passagens sobre juiz0, significa? ‘adora, purificadora e pedagégica, Esta forga sustenta o julgado, porque este Pe este amor respond i ler através de i i — re sua prépria pureza e plenitude que permaneceria defasada, Pelo dolori autoentrega, Sua conscinem eon oe Passio, para poder reali : cao livre confere & forma de Sciéncia de que s6 conseguiré isto atravé cdo lit jo mad Stu! amor o momento de gratidio e a cont tem sua rec ac Precondicdo permanente no ser amad por Deus viyitanzcauy vill jute individual e geral do juizo pés-morte, temos também que abordar a sua relacio ea diferenca para com o juizo geral tao agi hrata-se de dots julgamentos? stanciamento critico de duas tentativas teolégicas de compreensao - ou seja, por um lado sre corpo ¢ a alma com a entrada imediata da alma apés a morte na lia eum julgame idea de po e por outro lado a concepgdo do adormecimento da alma no sentido de fa a ee idade eno momento da morte - a escatologia se deve orientar unicamente na diretiva soterial6 s des raf . fete fede que ojuizo tem uma dimensio individual e uma dimensio comunitéria,Na morte, ce ahanara eqcont definitivamente 0 Deus do amor em Cristo, com o qual todos os santos ja esto ligados, quer dizer, como el personaldade individual em sua totale insubstitufvelliberdade. Mas el encontra Deus també rpre em seu modo ser, do qual faz parte uma constituicao social, que est ligada a toda uma rede de pera yormana em salvacao € desgraca. Este é o julgamento em seu acontecimento universal e humano, Nao se precisa or tanto uma coincidéncia temporal entre o juizo individual e o geral, mas mais uma coincidéncia soteriolé- preensio de que 0 ser humano sempre é ser humano em sentido individual somente em ligacdo com greed social para com a toda da humanidade e sua histéria. A totalidade encontra sua realizagdo em Cristo, saree lr quando o Filho entregar 0 domino ao Pa, para que Deus reine sobre tudo e em todos (1Cor 15,28) aCristo seja tudo e em todos (CI 3,11). cio ent ; 1 ce ater ica com Accclhida irrefutdvel do ser aceito: 0 céu (éaéaautorrevelagao aceita de Deus ou a plenitude da graga do, desiderium naturale ad videntum Deum de maneira tive ser humano nao pode encontrar 0 objetivo para o qual ele estda caminho por natureza, quer dizer, pelo fato desercriatura, em alguma situac4o que nao seja Deus como o desfrutar jlimitado de uma alegria espiritual e dos entidos, Seu objetivo é Deus mesmo ecéu 60 Reino de Deus vindo totalmente a nés. No céu, o ser humano encon- ‘raDeus mesmo como contetido de sua gléria, de sua eterna felicidade e alegria sem fim. Em Deus ele se encontra zomesmo tempo na comunidade dos salvos. A plenitude da comunhao com todos os santos ele nao experimenta cong algo externo, como se fosse uma fonte secundaria da gloria. Deus ¢ a tinica fonte de tudo e de todo amor rlzza,que invade como uma torrente também as relacdes sociais dos santos. Assim o amor ao prdximo nao é um ‘ngediente a mais ao amor divino, mas sua conformacao com 0s cossalvos. A comunhio dos santos niio contradi otzocentrismo e cristocentrismo geral da criacao em sua forma redimida. Cada santo s6 6 reconhecido em Deus, ttods amor a ele se mostra como procedente do espirito de Deus, carregado por ele ao mesmo tempo voltado 2 Deus, Deus no vé entao nos seres humanos amados uma concorréncia. Ele nao precisa temer que algo esteja ~do perdido, Deus mesmo honra seus servos: “Se alguém me servir, o Pai ohonrara” (Jo 12,26). Deus no precisa enbuma honra de suas criaturas. Ele se honra a si mesmo em seus atos da criagdo ¢ da redengao: "A gloria Deus é0 ser humano vivente, a vida do ser humano é viséo divina” (Irineu de Lido, hacr. 1V, 20,7). fe *2 pensamento est também na base crista da veneracdo aos santos, les nao silo outros centros ou ene ° zde, 20 lado de Deus ou ao lado de Cristo. Neles 0 fiel na terra honra 0 po raridade, & honra a Deus Por der da graga transformadora i e sua exem| nhecimento de sua exemp aes fe dens, Tod, d bexs, Toda honra dada a eles, especialmente no reco sade hon ° : “ irigir, pressupoe que toda Bi (DH 675), Também sua prece, pela qual a cles nos podemos dirigir, Line : Le toda eco 1h ida no dia a dia somente dele provém, que ele relaciona alguns de seus dons co! (i ‘a deixar claro a dimensao social ¢ humana da salvagio. a pasen doplo relate a 2620 dos figis se dirige sempre ao Pai pelo Filho no Espirito Santo. Mas Cris i : 7 er: Mas no cabeca da Igreja Ele é a origem de toda graga eo mediador origindrio ce iat ene mcém esté presente na Igreja, seu COFPO- Toda agao de urn membro pelo sae a Sea ie ts, Lerprensio scan ema Cristo, Na orasio pelo outro se exPres?a 0° connate ap g céu significa por isso colocar-s¢ 0 nbs da comunidade eclesial, que i scr a} , sepa 2 por Cristo no circulo dos membros do corP da mort ‘orte para chegar a ser um em, com © - 395 ViIgilallZago Corn ‘ total obediéncia, que vemos em Cristo, nos abramos a sua vontade que é idéntica co para que nos em total Obed ct aos santos & um dos aspectos centrais da escatologiaeclesial cf. tg 22a es ticipacionavida do Deus tri. Noe com o Filho que se tornou humano, nse Man 70 eu significa Orbea Je 6, em sua esséncia, que subsiste em trés pessoas divinas. Deixamos nossa vontade Movi Deas como fle 6 ts omunhao de amor do Pai e Filho no Espirito Santo, que nos foi dado (Rm $5, Perna entants o mistério do Deus trino por nds esgotado tanto por nosso pleno conhecimento de Dey transforma a fé na visio e a esperanga na experiéncia de Deus, como através de nosso amor pleno e livre ap... Aqui se deve levar em consideracao a estrutura de nosso conhecimento imitado, que permanece natureza limitada e de criatura, mesmo quando elevada acima de si no Logos e no Espirito Santo a Uma atividas, para a qual nao estaria em condigdes a partir de suas préprias for¢as. Deus mostrou-se asimesmoem sua lacao. Apés a nossa morte, ele nao serd mais acolhido e crido em nosso conhecimento imagindrio de cri mas ele se nos mostrar em sua esséncia, pela qual nds 0 conheceremos e por isso nos tornaremos intim: forma de visio. quer dizer, sem intermediacao. A limitacao consiste, no entanto, em nds nao reconhece de maneira divina, mas sim a nossa maneira de criatura.E desta forma que compreendemos Deus coma chr nossa visio, mas porém em profundidade inesgotavel de sua realidade pessoal-trinitaria. Desta forma a nossa visio de Deus chegou jd ao seu objetivo, mas de tal maneira que o seu Presente ¢20mey- mo tempo o seu futuro seja um devotar-se dinamico e bem-aventurado, inesgotavel e misterioso. Se, no enzants 1 nossa realidade de criatura é e permanece encarnatoriamente impregnada pelo tornar-se humano de Dews, esis também temos que reconhecer que a natureza humana do Logos, na qual somos formados pela graca ds gartcz> sao, permanece eternamente um no que (meio) e um a que (tendéncia) do ser humano em dire¢io 20 Deus: iment ay Tove. atu, 105 dele A rejeigao ao ser assumido em Cristo: o inferno Como 0 céu nao é um pais das delicias no além, assim o inferno também nio é uma estacio de torturas => além, onde a vinganga de um amante desprezado demonstra-se com todos os registros de crueldade.e3 ainda se agrava por nao haver nenhuma perspectiva de escapar deste lugar de sofrimento total. Assim a teologia cristd sentiu a insisténcia doutrinal do Magistério sobre o castigo do infemo verdadeira cruz no antincio. Aqui, 0 antincio de uma boa-nova, pareceu se tornar o antincio de uma ames Por isso, sempre de novo tedlogos importantes (Origenes, Gregério de Nissa) colocaram em discussie a questo da reconciliacio total com uma acolhida de conversio também dos demanios e dos desgragados ap\s um hi Perlodo de castigo purificador. Também o cristianismo burgués, que surgiu apss a passagem pelo lumi se coloca contra (baseado, no entanto, em outros motivos) a doutrina da eternidade do interno. Aqui a e285 entre Deus ¢ o ser humano é considerada apenas por seu lado moral. A graga aparece apenas come uma SEE de generosidade divina, A misericérdia, por outro lado, seria por assim dizer um fechar os dais elhos, um f° ‘mals elevado a partir do qual estaria claro que a ago humana no seria tio levada a série. ‘tudo isto, porém, se contrapde claramente a doutrina biblica, Isto se refere rio apenas \ afirmaco 8° © fog que nio se apaga no inferno e/ou sobre um estar eternamente afastado da comunhie com Deus, 53 iirmagdo basica da liberdade da criatura e do canter da graga como um processo dialdgico de unidade 892286 qual pertence a dupla unidade entre revelar ¢ acolher, Deve-se evitar, sabretuda, uma minimalizag30 29% a € uma pseudoespeculacdo sobre uma igualdade entre as duas propriedades divinas pensadas abstratament® Justicae da misericérdia, me Toda declaragdo sobre o inferno encontra-se do ponto de vista hermenéutico no Ambite da soteriobg Cristo a justiga divina revelada, A justiga divina em Cristo ¢ sua misericérdia, e sua misericérdia consist ue Deus nos fez justos na graca em Cristo, Sua revelagao no & outea coisa seniio a realizagiio dada em (189 Sua vontade salvifica geral (1Tm 2,4). Em Cristo ela tomou forma humana como autodoagao vindae acolhi a comunhiio do amor. Em seu caminho para a cruz ¢ para o reino dos mortos, Cristo suspendeu toda @ a : divina da humanidade (a poena damni). Ele mesmo, a comunhao com Ele, torna-se critério para ver se" hae mos também individualmente para nds o ser assumido de toda a humanidade. A partir de Cristo, a ond” — 396 ~ viyitanzcauy Vill psosignifiea que pares my misericérdia, Toda a culpa, para qualquer pecado que seja, foi superada. Nao hé alquer culpa que nd a sido perdoada em Cristo. Também os crimes mais cruéis esto inclufdos no perdao, is 14 crue de ae oseu ini de pecado é desfeito, Ele. carregou tudo na cruz e expiou toda culpa. Por isso, fa jifern 140 haculpa ae oH lada. Nao faltam graca e misericérdia divina, Mais que isto, o inferno, e nisto consiste paradoxo dos paradoxos, € a misericérdia nao acolhida na liberdade pervertida inferno como tal ted existe em um sentido paralelo como he o céu, Ele é a revelagdo vinda em Cristo, que se expressa jndividualmente no ser humano em forma de rejeicdo. Ele & 0 sentido erréneo, a ndo aceitagdo do ser acolhido, Em cada ato livre e responsavel de um espfrito pessoal se pode distinguir, por um lado, o principio do qual ele {constituldo e, por outro, a forma externa do ato em si. Cristo superou todo o mal, & medida que era expresso davontade fraca ou enganada ¢ possibilitou uma nova forma; a maxima realizagio do amor a Deus e ao préximo. Mas esta vontade nao pode ser forgada, Se a influéncia ultrapassar um convite forgado, entdo juntamente com a livre vontade, seria também Suspensa a autotranscendéncia ao bem em sie ao Deus de Jesus Cristo. Estaria acon- tecendo a impossivel coexisténcia légica e real de coagio e amor. 0 amor sé pode, porém, ser a autoexpressio de Iiberdade, Por isso, tudo 0 que acontece por culpa e crime é perdodvel e superavel. Através de seus atos externos é dada ao ser humano a participacdo na graca da nova comunidade no amor quando ele em arrependimento trans- cende sua vontade como primeira expresso do amor e do sentimento interior pela aceitagaio de seu ser acolhido. sta vontade precisa, no entanto, ser absolutamente livre e permanece em torno do grande bem da comunidade com Deus no amor. E isto o que est dito no discurso do pecado contra o Espirito Santo: “as pessoas serdo perdoadas por todo pecado e blasfémia, $6 no Ihes sera perdoada a blasfémia contra o Espirito Santo, Se al- guém disser uma palayra contra o Filho do Homem, seré perdoado, Mas se alguém falar contra o Espirito Santo, nao ser4 perdoado: rem neste mundo, nem no futuro” (Mt 12,31). Nio se trata, pois, de uma determinada matéria de pecado. Trata-se da rejeigdo a autotranscendéncia ao Deus do amor numa forma de desacordo definitivo: contra a nova forma de nossa vontade derramada pelo Espirito Santo em nds, com a qual estamos unidos com Deus para a vida eterna, No entanto, somente a Deus é perceptivel a ligagao entre a vontade interna e os atos materiais da vida. Mes- ‘mo um comportamento radicalmente mau da matéria nao precisa ser necessariamente uma expresso de uma maldade radical da vontade. Por isso, nas cinzas da vida de todas as pessoas se pode esperar uma faisca de amor, 4a qual Deus pode fazer surgir fogo. Adoutrina da Igreja sobre o inferno sob o critério da soteriologia se limita a dois momentos: 1) A rejeicao definitiva ratificada na morte 3 autorrevelacao de Deus apresentada em Cristo como amor e como objetivo do ser humano é realmente possivel. 2) Quem, quantas e se por acaso pessoas conservaram até & morte uma radical rejeicdo contra 0 amor, nos desconhecido nao apenas ocasionalmente, mas por principio. Devemos, porém, esperar e rezar para que o desejo taliico de Deus para todos alcance seu objetivo em cada pessoa, Talvez exista inclusive amor e a presenca da autorrevelagdo de Deus, onde nao se saiba nada explicitamente de Deus e de Cristo. Por isso se admiram aqueles quederam de comer a farnintos como ato de misericérdia, por terem chegado ao lado direito do juiz. “Quanto foi 4ue te vimos com fome ou com sede ¢ te ajtidamos? ~ Todas as vezes que fizestes isso a um desses meus irmaos ™enores, a mim o fizestes” (Mt 25,40). E eles irao entrar como “justos” para a vida (Mt 25,46), ‘daa para historia, para a qual também aponta a real possibilidade dos “mal- ‘4.0 diabo e seus anjos” (Mt 25,41), mesmo que pareca num primeiro raria, uma dupla possibilidade, Em Cristo, a humanidade chega alguns talvez permanecer na rejeicgao a Deus. Imaginar to totalmente vedado. Sé nos ¢ possivel 0 olhar para 0 lizago no amor de Deus ou para assustarmo-nos ah Cristo h4, pois, uma tinica eee 0 fogo eterno, preparado pai tn fa do ponto de vista da composicéo tt dendo contivamente a Deus como seu iinico objetivo, padendo spetamente uma tal forma de existéncia. nos £1068 "ona liberdade dada, para imaginar a felicidade de sua rea Sua perda, -397 - vigitallzaao com

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