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Manuscript ID RBEF-2018-0099
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Complete List of Authors: Dutra Dantas, Joseclécio; Universidade Federal de Campina Grande Centro
de Educação e Saúde, Unidade Acadêmica de Educação
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Page 2 of 13 Revista Brasileira de Ensino de Física
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2 Um olhar físico sobre a teoria musical
3 A physical look at musical theory
4
5 Sergio da Silva Cruz and Joseclécio Dutra Dantas
6 Unidade Acadêmica de Física e Matemática, Universidade Federal de Campina Grande, 58175-000 Cuité, PB, Brazil
(Dated: 11 de abril de 2018)
7
8 Apresentamos uma discussão sobre diversos conceitos físicos presentes no contexto da teoria
9 musical. Tratamos de fenômenos físicos importantes na produção e combinação de sons musicais. A
10 partir de elementos próprios tanto da linguagem musical quanto da linguagem física, evidenciamos
relações entre as duas formas de representar os fenômenos sonoros musicais. Traçamos paralelos
11 entre as formas de representar as diversas características do som e suas combinações rítmicas,
12 melódicas e harmônicas.
13 Palavras-chave: Sons musicais, Combinações sonoras, Representação do som.
14
15 We present a discussion of several physical concepts present in the context of musical theory. We
16 deal with important physical phenomena in the production and combination of musical sounds. From
17 the elements of both musical language and physical language, we show relationships between the two
forms of representing musical sound phenomena. We draw parallels between the ways of representing
18 the various characteristics of sound and their rhythmic, melodic and harmonic combinations.
19 Keywords: Musical sounds, Sound combinations, Sound representation.
20
21 PACS numbers: 43.75.-z
Fo
22
23 I. INTRODUÇÃO combinações de sons sucessivos, a definição das notas e o
24 estudo das estruturas melódicas são assunto da Seção IV.
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ção têm como uma de suas consequências a produção comentários finais estão na Seção VI.
29 de ondas sonoras - ondas mecânicas longitudinais, com
30 frequências aproximadamente entre os limites 20 Hz e 20
31 kHz, que nos causam a sensação da audição [1–3]. Esses
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2 tação musical ocidental tem origem nos neumas (“sinais”
em grego), surgidos no século IX, sendo inicialmente sím-
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bolos colocados acima do texto para indicar as relações
4
melódicas entre as sílabas musicais. Os neumas conti-
5
nham informações gerais sobre o contorno melódico, mas
6 não indicavam as relações intervalares entre as notas, ou
7 seja, não indicavam tons exatos, embora, com o passar do
8 tempo, tenham chegado a representações mais aproxima-
9 das [9]. Não era possível, portanto, que a notação desse
10 conta de representar todos os elementos de uma música
11 sem que se valesse da tradição oral, o que significa que
12 não seria possível que um músico tocasse uma música
13 pela primeira vez simplesmente olhando para a escrita
14 Figura 2: Durações relativas das figuras musicais.
musical, sem ouvi-la antes. Isso é possível com a notação
15 atual que, resultado de uma longa história de contribui-
16 ções no sentido de melhor adaptar a cada época a forma
17 de representar o som, da mesma forma que a linguagem semínima, colcheia, semicolcheia, fusa, e semifusa, são
18 matemática utilizada pela Física, consegue representar definidas a partir das frações da semibreve que elas repre-
19 com exatidão as tonalidades, as durações, as intensida- sentam. Um quadro comparativo das durações relativas
20 des e suas variações. É da notação atual que tratamos. das figuras musicais pode ser visto na Figura 2. Podemos
21 observar que a duração de uma nota representada pela
Fo
29 quantificada na forma das figuras musicais [10], que re- Outra qualidade do som de grande importância é a
30 presentam padrões de durações tanto do som (as notas) frequência. Esta grandeza é responsável pela classifica-
quanto do silêncio (as pausas), conforme ilustra a Figura
31 ção dos sons como agudos ou graves. As ondas sonoras
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37
rentes: a curva vermelha representaria o som mais grave;
38
a linha verde representaria o som mais agudo, tendo em
39 vista a ordem de crescimento de frequência ser vermelho-
40 azul-verde. No contexto da simbologia musical, a repre-
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14 Figura 3: Ondas senoidais de diferentes frequências.
15
16
17
18 Figura 5: Exemplos de claves: clave de Sol na segunda linha,
19 clave de Fá na quarta lina, clave de Dó da terceira linha,
20 respectivamente.
21
Fo
22
23 C. A intensidade
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25
Outra característica importante das ondas sonoras é
26 a intensidade, que permite classificar os sons como mais
27 Figura 4: Indicações de frequências no pentagrama. fortes e mais fracos. Esta grandeza é proporcional ao
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ev
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2 p, mp, mf , f e f f indicam, em italiano, sons, respecti- D. O timbre
vamente, pianíssimo (muito fraco), piano (fraco), mezzo
3
piano (moderadamente fraco), mezzo forte (moderada- Um outro aspecto que devemos abordar é a possibili-
4
mente intenso), forte (intenso) e fortíssimo (muito in- dade de distinção entre sons emitidos por diferentes ins-
5
tenso). trumentos. Os sons produzidos por um clarinete e por
6 Há ainda sinais que servem para indicar variações na
7 um trombone, por exemplo, são claramente diferentes,
intensidade; é o caso do crescendo < e do decrescendo mesmo que estes emitam ondas sonoras com a mesma
8 (ou diminuendo) >. A forma como a intensidade varia frequência fundamental. Isso acontece porque a geome-
9 durante o crescendo pode ser dada por uma função que tria do instrumento e o material do qual é feito determi-
10 cresce linearmente no tempo, da forma nam as várias frequências que estarão presentes, e como
11 estarão presentes, na emissão de cada som. A qualidade
12 I(t) = I0 t. (2) do som que permite reconhecermos diferenças quanto à
13 origem de emissão é denominada timbre. Isso acontece
14 Nesse caso, supondo que a onda sonora possa ser repre-
porque o som é uma composição de ondas sonoras, deno-
15 sentada por uma única função senoidal,
√ esta teria uma minadas harmônicos, e a presença dos harmônicos e suas
16 amplitude A(t) = A0 t1/2 , onde A0 ∝ I0 , sendo dada
intensidades relativas na composição de cada som (de
17 por
cada onda resultante) é diferente para sons produzidos
18 por fontes diferentes; o som produzido por uma fonte es-
yc = A(t) sin(2πf t), (3)
19 pecífica carrega uma “assinatura” que o caracteriza como
20 onde f indica a frequência da onda. Ilustrações da in- produzido por aquela fonte; o som tem um timbre espe-
21 cífico, tem uma “personalidade”. Descrever esse padrão
Fo
29 X X
30 y= yi = Ai sin(2πfi t), (4)
i i
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2 Considerando que estes são os harmônicos mais pre- divisão de cada compasso é feita através de uma barra
sentes, podemos traçar a onda resultante, como mostra vertical denominada barra de compasso; o tipo de com-
3
a Figura 10. passo é estabelecido a partir da indicação de uma fórmula
4
denominada fórmula de compasso, da forma
5
6 b
7 . (5)
a
8
9 A informação aqui presente é que no compasso repre-
10 sentado cabem b notas do tipo 1/a, sendo esta última a
11 figura de valor fração da nota inteira que denominamos
12 semibreve. Os compassos mais comuns são denominados
compassos simples:
13
14 • Compasso quaternário: é representado pela fór-
15 mula de compasso 4/4, indicando que o intervalo
16 correspondente ao compasso é subdividido igual-
17 mente em quatro intervalos temporais iguais de du-
Figura 10: Onda sonora da nota Sol da flauta transversal.
18 ração igual à da figura semínima, ou seja, cabem no
19 compasso 4 notas (ou pausas, ou combinações de
20 notas e pausas) do tipo 1/4. Se a semínima repre-
21 senta a unidade de tempo do compasso, indicando
Fo
41 Tomando como base uma determinada pulsação, é pos- tendidos como resultado de uma subdivisão ternária dos
42 sível construir diferentes padrões de batidas percussivas compassos simples. Os mais comuns são:
43 característicos de determinados estilos musicais. Um tal
44 padrão é denominado rítmo [11]. Estruturas rítmicas ca- • Compasso binário 6/8: a fórmula de compasso in-
45 racterísticas do baião, do samba e do frevo, por exem- dica que cabem no compasso 6 notas (ou pausas,
46 plo, embora diferentes, são todas montadas sobre uma ou combinações de notas e pausas) do tipo 1/8, ou
47 pulsação de natureza binária. Isto significa que a estru- seja, o período T do compasso é igualmente divi-
48 tura rítmica completa um ciclo em um intervalo temporal dido em seis intervalos menores de duração igual à
49 determinado por dois pulsos. Seguindo o mesmo pensa- da nota colcheia. Note que é um compasso biná-
50 mento, podemos perceber que um rítmo como o bolero rio; pode ser pensado como dividido em duas pul-
51 tem uma estrutura montada sobre uma pulsação quater- sações principais. Nesse caso a frequência de pul-
52 nária, enquando a valsa é estruturada em uma pulsação sação pode ser representada por f = 2/T , a mesma
53 ternária. do compasso binário simples. Caso se queira enten-
54 Todas essas informações devem estar presentes na es- der como representativa da pulsação a colcheia, a
55 crita musical. Inicialmente deve ser indicada a natureza frequência de pulsação passa a ser indicada então
56 do ciclo - se binário, ternário, quaternário. Este ciclo por f = 6/T , de maneira que cada pulsação binária
elementar é, portanto, denominado compasso [6, 10]. A é dividida em três partes.
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2 • Compasso ternário 9/8: no período deste compasso onde os numerais romanos indicam a função de cada nota
cabem 9 notas do tipo 1/8, ou seja, cabem nove dentro da escala, se tônica (a primeira nota da escala),
3
colcheias. A frequência das pulsações principais é segunda, terça, etc, e 2a M e 2a m indicam intervalos de
4
do tipo f = 3/T . Já a frequência das pulsações segunda maior e segunda menor, respectivamente.
5
resultantes da subdivisão ternária é f = 9/T . O intervalo entre os graus I e II dessa escala é de se-
6 gunda maior, o mesmo entre os pares de graus (II,III),
7 • Compasso quaternário 12/8: cabem no período 12 (IV ,V ), (V, V I) e (V I, V II). As razões entre as frequên-
8 notas do tipo 1/8. A frequência das pulsações prin- cias dos pares citados são iguais:
9 cipais é dada por f = 4/T . A frequência das pul-
10 sações em termos das colcheias é, então, f = 12/T .
2a M =
fII
=
fIII
=
fV
=
fV I
=
fV II
. (8)
11 fI fII fIV fV fV I
12 Existem outras combinações possíveis, ou seja, outros
tipos de compassos que são montados a partir de dife- Entre os pares de graus (III, IV ) e (V II, V III), o inter-
13
rentes combinações de pulsos, alguns inclusive de difícil valo existente é de segunda menor:
14
compreensão. Limitamo-nos aos mais comumente utili-
15 fIV fV III
16
zados. 2a m = = . (9)
fIII fV II
17
18 Essas duas primeiras classificações, os intervalos de se-
IV. A MELODIA
19 gunda maior e de segunda menor, são também denomi-
20 nados, respectivamente, tons e semitons. Assim sendo, é
A definição de melodia está associada ao fenômeno da comum representar a estrutura intervalar que caracteriza
21
Fo
combinação de sons de maneira sucessiva, sons com di- a escala maior da forma
22 ferentes características que são emitidos em sequência.
23 A sequência de sons de diferentes frequências, ou seja, a I −→ II −→ III −→ IV −→ V −→ VI −→ V II −→ V III,
24
Tom Tom Semi Tom Tom Tom Semi
sequência de sons de diferentes alturas (onde altura re- (10)
rR
25 presenta a propriedade dos sons serem mais agudos ou onde a abreviação ’semi’ representa semiton.
26 mais graves), resulta em uma estrutura que podemos de- Continuando a análise da estrutura da escala, vemos
27 nominar de “desenho melódico” ou melodia [6]. que o intervalo entre os pares de graus (I,III), (IV ,V I),
28
ev
N = , (6)
32 fi
O intervalo existente entre os pares (II, IV ), (III, V ) e
33
onde N a indica o intervalo (de segunda, terça, quarta, (V I, V III) é de terça menor:
34 etc), fi indica a frequência da nota mais grave e fi+N −1
35 indica a frequência da nota mais aguda, de forma que fIV fV fV III
36 3a m = = = . (12)
fi+N −1 > fi . Dessa forma, um intervalo de quinta, por fII fIII fV I
On
41 4a J = = = = . (13)
onde i indica a posição da nota dentro da escala, como fI fII fIII fV
42
43 será visto adiante. Esses intervalos ainda podem sofrer O intervalo entre os graus IV e V II é de quarta aumen-
44 variações que lhe permitem ser classificados como justos, tada:
maiores, menores, aumentados e diminutos. Passemos
45 fV II
então a analisar as escalas musicais mais comuns. Estas 4a aum =
46 . (14)
são, portanto, estruturas melódicas montadas a partir da fIV
47 combinação de intervalos.
48 O intervalo entre os pares (I, V ), (II, V I), (III, V II),
49 (IV, V III) é de quinta justa:
50 A. A escala maior
fV fV I fV II fV III
51 5a J = = = = . (15)
52 fI fII fIII fIV
A escala maior, por exemplo, é formada a partir da
53 seguinte estrutura [7]: O intervalo entre os pares (I, V I) e (II, V II) é de sexta
54 maior:
55 I −→ II −→ III −→ IV −→ V −→ VI −→ V II −→ V III,
56 2a M 2a M 2a m 2a M 2a M 2a M 2a m fV I fV II
(7) 6a M = = . (16)
57 fI fII
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2 O intervalo entre os graus III e V III é de sexta menor:
3 fV III
4 6a m = . (17)
fIII
5
6 O intervalo entre os graus I e V II é de sétima maior:
7
8 fV II
7a M = . (18)
9 fI Figura 12: Escala de ré maior.
10
Já entre II e V III é de sétima menor:
11
12 fV III
13 7a m = . (19)
fII
14
15 O intervalo entre os graus I e V III é de oitava justa:
16
fV III
17 8a J = = 2. (20)
18 fI
19 Com exceção do intervalo de 8a J, em que a frequência Figura 13: Escala de Fá maior.
20 do som mais agudo é exatamente o dobro da frequência
21
Fo
32 [6]. Tomemos como exemplo a escala de Dó maior. Esta, cendente vizinha. Como exemplo, as notas Dó# e Réb,
33 conhecida também como escala diatônica, segue exata- embora diferentes no contexto da escrita musical, de fato
são sons de mesma frequência. Dizemos então que tais
34 mente a estrutura da Eq. (10), conforme ilustra a Figura
notas são enarmônicas; o fenônemo recebe o nome de
35 11.
enarmonia.
36
Vimos, portanto, que os acidentes surgem das neces-
On
37
sidades impostas pelo ato da transposição, e que entre
38
as notas naturais (pense nas teclas brancas do piano)
39 surgem notas de frequências intermediárias conhecidas
40 como notas cromáticas (pense nas teclas pretas do pi-
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2 da seguinte doze vezes sucessivas, resulte no fator 2, ou a ordem cíclica, ou seja, entendendo que depois do sétimo
seja, grau da escala maior voltamos ao primeiro grau, este re-
3
presenta na escala relativa o terceiro grau. Dessa forma,
4 s12 = 2, a escala menor tem a seguinte estrutura:
5
6
√ I −→ II −→ III −→ IV −→ V
V III.−→ VI −→ V II −→
7 s=
12
2 ≈ 1, 05946. (21) 2a M 2a m 2a M 2a M 2a m 2a M 2a M
8 (26)
9 Agora temos condições de pensar numericamente os Pensando em termos de tons e semitons, a estrutura da
10 intervalos vistos anteriormente. O intervalo de tom, por escala menor tem a forma
11 exemplo, corresponde a uma razão de frequências igual a
s2 , ou seja, compreende dois semitons. Dessa forma, as I II III IV V VI V II V III.
12
−→ −→ −→ −→ −→ −→ −→
Tom Semi Tom Tom Semi Tom Tom
frequências dos graus I e II da escala maior, o mesmo
13 (27)
valendo para os demais pares de graus cujos intervalos
14 sejam de tom, ou seja, de 2a M, relacionam-se como segue:
A Figura 14 ilustra a escala de Lá menor.
15
16 fII = s2 fI . (22)
17
Ainda como exemplo, notemos que o intervalo de
18
quarta justa compreende dois tons e um semitom, por-
19 tanto cinco semitons; a razão entre as frequências é igual
20 a s5 . A relação entre as frequências dos graus II e V da
21
Fo
petir o processo para todos eles. Convém, porém, expli- tervalar foi modificada. Por exempo, os intervalos de
29 citar as relações de frequências resultantes das alterações terça menor agora correspondem a outros pares de graus:
30 sustenido e bemol discutidas anteriormente. Seja fnota#
31 a frequência da nota alterada pelo sustenido e seja fnota fIII fIV fV I fV II
iew
3a m = = = = .
32 a frequência da nota natural, a relação entre tais frequên- fI fII fIV fV
33 cias é
34 E isso pode ser observado para os demais intervalos. En-
fnota# = sfnota . (24)
35 tre os graus II e V I, porém, surge um intervalo que não
36 Já a relação entre a frequência da nota alterada pelo be- havia sido observado na escala maior (pelo menos não
On
41 Dessa forma, temos que fFá# = sfFá e fSib = fSi /s, por
exemplo. Podemos ainda observar que o fenômeno da Na escala de Lá menor da Figura 14, podemos ver que
42 este intervalo existe entre as notas Si e Fá, compreen-
43 enarmonia é consequência do igual temperamento da es-
cala cromática. Consideremos, portanto, fn como sendo dento três tons, quando somados os intervalos sucessi-
44 vos entre as cinco notas. Extrapolando a oitava atual,
45 a frequência de uma nota qualquer e fn+1 como sendo a
frequência da nota que forma com a anterior um intervalo essa mesma distância intervalar pode ser vista também
46 entre as notas Fá e Si (note que agora estamos conside-
de um tom inteiro. Temos que
47 rando o Si com uma frequência que é o dobro da nota Si
48 f(n+1) s2 fn considerada anteriormente). Mas agora o intervalo como
f(n+1)b = = = sfn = f(n)# .
49 s s um todo compreente quatro notas; é então o intervalo de
50 quarta aumentada já tratado aqui, desta vez escrito como
51 a razão entre as frequências do sexto e do nono graus:
C. A escala menor
52
53 fIX
Tomando como base a escala maior, podemos montar 4a aum = = s6 .
54 fV I
55 uma escala relativa, que denominamos escala menor. Ad-
56 mitindo o sexto grau da escala maior como sendo o pri- Do ponto de vista prático, portanto, os intervalos de
meiro grau dessa nova escala, tendo o cuidado de manter quarta aumentada e quinta diminuta são iguais.
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2 D. A escala menor harmônica Em termos de tons e semitons, temos
3
4 A escala menor harmônica é uma variação da escala I −→
Tom
II −→
Semi
III −→
Tom
IV −→
Tom
V −→
Tom
VI
V III. −→
Tom
V II −→
Semi
14
Tom Semi Tom Tom Semi T+S Semi
(29)
15 onde T + S é uma abreviação de tom + semiton, sig-
16 nificando que entre os graus V I e V II o intervalo foi
17 aumentado para uma 3a m - correspondente a um tom e
18 meio, ou seja, fV II /fV I = s3 , e o intervalo entre os graus
19 V II e V III foi diminuído para uma 2a m - um semiton. Figura 16: Escala de Lá menor melódica.
20 Surge também, entre os graus III e V II, um intervalo
21 ainda não mencionado - o de quinta aumentada:
Fo
29 inteiros, existe entre as notas Dó e Sol#. Um intervalo de estruturas que são montadas a partir de intervalos
30 também de quatro tons inteiros resulta da soma dos in- harmônicos que, embora as classificações representem as
tervalos sucessivos entre as notas Lá e Fá, mas desta vez mesmas razões de frequências discutidas até agora, tra-
31
iew
compreendidos entre seis notas. A denominação neste tam de sons que são emitidos/tocados simultaneamente,
32
caso é de sexta menor. portanto de ondas sonoras que estão presentes simulta-
33 neamente em um mesmo ponto do meio nos instantes
34 considerados.
35
36
On
37 V. A HARMONIA
38
39 A harmonia estuda as diversas combinações de sons
40 emitidos simultaneamente. Trata de como são consti-
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2 uma composição de vários harmônicos que caracterizam a com relação ao primeiro, ou seja, as notas que estrutu-
fonte de emissão, mas a nota é identificada pela frequên- ram o segundo acorde têm frequências que são o dobro
3
cia fundamental. A onda resultante da combinação de das frequências das notas correspondentes do primeiro
4
uma tríade é dada por acorde. Nesta forma de estruturar, a fundamental é a
5
nota mais grave (de menor frequência) do acorde. Uma
6 ytríade = y1 + y3 + y5 tríade deste tipo é dita estar em sua posição fundamental
7 [19]. Uma tríade cuja 3a seja a nota mais grave é dita
8 =
P (1)
Ai sin(2πfi t)
(1)
estar na primeira inversão - é o caso do terceiro acorde.
9 i
O quarto acorde está estruturado de maneira que a 5a é
10 (32)
P (3) (3) a nota mais grave. Neste caso, a tríade é dita estar na
11 + j Aj sin(2πfj t) segunda inversão.
12
13 (5) (5)
P
+ k Ak sin(2πfk t),
14
(1) (3) (5)
15 onde fi , fj e fk são, respectivamente, as frequên-
16 cias dos i-ésimo, j-ésimo e k-ésimo harmônicos presentes
17 nas ondas y1 , y3 e y5 , formadoras do acorde. Usamos
18 parênteses nos índices sobrescritos para distingui-los de
19 expoentes; neste caso, eles não representam potências. A Figura 17: Acorde de Dó maior.
20 combinação da tétrade tem uma nota a mais:
21
Fo
+
P (5)
Ak sin(2πfk t)
(5) As tríades menores têm a seguinte estrutura:
k
29
T + 3a m + 5a J. (36)
30 P (7) (7) |{z} |{z}
31 + l Al sin(2πfl t), 3a m 3a M
iew
41 seguinte estrutura:
42
43 T + 3a M + 5a J. (34) Figura 18: Acorde de Dó menor.
44
|{z} |{z}
3a M 3a m
45
Para este caso, as frequências dos primeiros harmônicos A Figura 18 ilustra o acorde de Dó menor na posição
46
de cada nota relacionam-se da seguinte forma: fundamental, na posição fundamental uma oitava acima,
47 na primeira inversão e na segunda inversão, respectiva-
48 (3)
f1 = s4 f1
(1)
e
(5)
f1 = s3 f1
(3) (1)
= s7 f1 . (35) mente, da esquerda para a direita.
49 O que diferencia basicamente uma tríade maior de uma
50 A Figura 17 mostra a representação no pentagrama do tríade menor é a nota que representa a 3a do acorde. A
51 acorde de Dó maior. Da esquerda para a direita, os 5a é a mesma nos dois casos. Quando há alteração nas
52 dois primeiros acordes grafados obedecem à estrutura frequências da 5a , as tríades passam a ser aumentadas
53 apresentada na Eq. (34) e as frequências dos primeiros ou diminutas. A estrutura das tríades aumentadas é a
54 harmônicos de cada nota estão relacionadas conforme a seguinte:
55 Eq. (35). Em ordem crescente de frequência, as notas
56 são Dó, Mi e Sol. O que difere uma formação da ou- T + 3a M + 5a aum. (38)
|{z} |{z}
tra é que o segundo acorde está em uma oitava acima
57 3a M 3a M
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2 As frequências que compoem a 5a da tríade aumentada Acordes diminutos ou de sétima diminuta são obtidos
são obtidas multiplicando-se as frequências que compoem acrescentando-se uma sétima diminuta a uma tríade di-
3
a 5a da tríade maior por um fator s. A estrutura das minuta, conforme a estrutura
4
tríades diminutas, por outro lado, é
5 T + 3a m + 5a dim + 7a dim. (46)
6 T a
+ 3 m + 5 dim. a
(39)
|{z} |{z} |{z}
3a m 3a m 3a m
7 |{z} |{z}
3a m 3a m
8 As frequências dos primeiros harmônicos de cada nota se
9 Neste caso, as frequências que compoem a 5a da tríade relacionam da forma
10 diminuta são obtidas multiplicando-se as frequências que
(5) (3) (1)
11 compoem a 5a da tríade menor por um fator 1/s. A f (7) = s3 f1 = s6 f1 = s9 f1 . (47)
12 Figura 19 ilustra, no pentagrama, as tríades aumentada
13 e diminuta de Dó, respectivamente. Há ainda outras formações possíveis de acordes de sé-
14 tima. Não é, porém, objetivo nosso tratar de todas as
15 possibilidades. Para melhor visualização das tétrades
16 aqui tratadas, apresentamos, no pentagrama da Figura
17 20, os acordes de sétima maior, de sétima dominante,
18 menor com sétima e de sétima diminuta de Dó, respecti-
19 vamente.
20
Figura 19: Tríades aumentada e diminuta de Dó.
21
Fo
22
23
Passemos a fazer uma breve discussão sobre as tétrades
24
- os acordes de sétima [11]. Quando acrescentamos uma
rR
T (40)
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|{z} |{z} |{z}
3a M 3a m 3a M Podemos perceber a presença de dois bemois simul-
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tâneos na nota Si do último acorde. Esta alteração é
31 As relações entre as frequências dos primeiros harmô-
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2 pequena do universo de fenômenos que precisam ser en- elementar aqui buscado é, porém, a base de todas as si-
tendidos dentro das duas áreas citadas. O entendimento tuações mais complexas.
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