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Recensão Crítica
O mundo está mudando. Sempre mudou, agora mais rápido e sem direção. Pape Satàn
Aleppe - Crônicas de uma sociedade líquida (ECO, 2016, pág. 123-159) é uma
compilação de textos que falam sobre a sociedade, a forma que se vê o mundo e como
se age sobre ele. As crônicas foram escritas por Umberto Eco para o jornal italiano
L’Espresso a partir do ano 2000. O autor usa o termo sociedade líquida emprestado de
Bauman para descrever uma sociedade marcada pelas crises do Estado, das ideologias e
dos valores de uma lógica de vida tradicional. A sociedade líquida é individualista,
subjetiva e não sabe o que pode tomar como referência. São pessoas que agem, sem
A passagem para uma sociedade líquida implica mudanças na forma de ver o mundo e
de reagir. Eco fala sobre as transformações na comunicação social, tanto na maneira de
fazer comunicação como na de recebê-la. O autor abre a crônica “A hipnose
radiofônica” falando sobre as diferenças na memória de quem acompanhou a Segunda
Guerra Mundial pela rádio e quem acompanha hoje os conflitos mundiais pela TV.
Seria o telejornal tão marcante e imersivo quanto a rádio?
McLuhan, teórico de comunicação, diz que os media podem ser divididos entre meios
quentes e frios, pelo grau de imersão e de interação. Um meio quente tem uma força
hipnótica, um frio pode ser abandonado a qualquer momento. Nos primeiros anos,
enquanto ainda não havia TV, a rádio era um meio quente, feito para ser ouvido com a
maior atenção.
Hoje, a maioria das estações ocupa a sua programação com músicas e anúncios. Poucas
são as estações all news e já não há rádionovelas. Mesmo os rádiojornais são feitos para
serem ouvidos enquanto o público faz algo. Porque a maioria das pessoas ouve a rádio
no carro, enquanto cozinha ou limpa a casa. O rádiojornalismo busca ser mais simples,
compreensível a todos, mesmo que não tenham a atenção completamente virada para a
rádio.
A rádio já não é um meio quente, não é mais imersivo como fora antes. E, como não é
consumido como meio quente, não é feito para ser um meio quente. Ainda assim, não
quer dizer que não faça uma comunicação de qualidade.
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se pode Nem sempre
incutir ideias, como
dizia a Teoria Hipodérmica. O ouvinte da rádio já tem em si conhecimentos prévios que
o levarão a analisar o que ouve. A mesma lógica pode ser aplicada aos outros meios de
comunicação de massa.
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Referências bibliográficas
ECO, Umberto. Pape Satàn Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida. 2016
1997.