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DIREITO ELEITORAL

Prof. Weslei Machado

SUMÁRIO

1ª PARTE

1. ALISTAMENTO ELEITORAL........................................................................................................ 4
1.1 CONCEITO.............................................................................................................................. 4
1.2. OBRIGATORIEDADE, FACULTATIVIDADE E IMPEDIMENTO................................ 4
1.2.1 OBRIGATORIEDADE DO ALISTAMENTO.......................................................... 4
1.2.2 FACULTATIVIDADE DO ALISTAMENTO............................................................. 5
1.2.3 IMPEDIMENTO DO ALISTAMENTO.................................................................... 7
2. QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO................................................................................................. 9
3. PROCEDIMENTO DO ALISTAMENTO.................................................................................... 9
4. DOMICÍLIO ELEITORAL............................................................................................................14
5. TRANSFERÊNCIA ELEITORAL.................................................................................................15
5.1 REQUISITOS ........................................................................................................................16
6. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO ELEITORAL.....................................................................18
RESUMO DA AULA.........................................................................................................................22
TEXTO LEGAL:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 14....................................................................................23
RESOLUÇÃO TSE N. 21.538/2003.......................................................................................23
CÓDIGO ELEITORAL – DO CANCELAMENTO E DA EXCLUSÃO..............................29
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...........................................................................................................32
GABARITO .........................................................................................................................................34
GABARITO COMENTADO.............................................................................................................35

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2ª PARTE

1. TÍTULO ELEITORAL.....................................................................................................................38
2. CADASTRO ELEITORAL............................................................................................................41
3. JUSTIFICATIVA ELEITORAL......................................................................................................43
3.1 PRAZOS PARA JUSTIFICAÇÃO.....................................................................................44
3.2 DEIXAR DE VOTAR EM TRÊS ELEIÇÕES CONSECUTIVAS....................................45
4. REVISÃO DE ELEITORADO......................................................................................................46
4.1 REVISÃO DE ELEITORADO DE OFÍCIO......................................................................46
4.2 REVISÃO DE ELEITORADO MEDIANTE PROVOCAÇÃO......................................47
4.3 PROCEDIMENTO DA REVISÃO DE ELEITORADO..................................................48
5. HIPÓTESE DO ILÍCITO PENAL................................................................................................50
RESUMO DA AULA.........................................................................................................................52
TEXTO LEGAL:
RESOLUÇÃO TSE N. 21.538/2003.......................................................................................53
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ...........................................................................................................63
GABARITO..........................................................................................................................................65
GABARITO COMENTADO.............................................................................................................66

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1ª PARTE

1. ALISTAMENTO ELEITORAL

Olá, amigos! Vamos iniciar, então, mais uma aula!

A presente aula tem como texto base a Res. TSE n. 21.538/2003. Essa reso-
lução é importantíssima para o seu estudo, em face da recorrente cobrança do
seu conteúdo nas provas de concurso público na seara Eleitoral.
É claro que o assunto não se limita apenas ao texto da Res. TSE n. 21.538/2003,
pois a matéria tem cunho constitucional, ou seja, o estudo da Constituição é um
pré-requisito para adentrarmos com toda a força na matéria.

1.1 Conceito

Alistamento eleitoral é o ato pelo qual o eleitor se credencia perante a Justiça


Eleitoral, de modo a ser reconhecido seu direito de votar, desde que preenchidos
os requisitos legais e constitucionais.
Por meio do alistamento, a pessoa passa a fazer parte do cadastro Nacional
de Eleitores da Justiça Eleitoral e adquire, na acepção jurídica, a qualidade de
cidadão. A partir daí pode participar ativamente da condução do destino de seu
País, quer votando, quer sendo votado.

1.2 Obrigatoriedade, Facultatividade e Impedimento

Apesar de o alistamento eleitoral ser obrigatório para a maioria das pessoas,


para algumas se trata de um procedimento facultativo, enquanto outras se encon-
tram impedidas de se alistar.
Vamos estudar então os casos em que a lei impõe, faculta e impede o alista-
mento eleitoral.

1.2.1 Obrigatoriedade do Alistamento

No Brasil, o alistamento é obrigatório para os maiores de dezoito anos (art.


14, § 1º, I, CF). Essa obrigatoriedade é válida tanto para o brasileiro nato quanto
para o brasileiro naturalizado.
O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos, ou o naturalizado que
não se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira, ficará
sujeito a multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição (art. 8º,
CE; art. 15 da Res. TSE n. 21.538/2003).

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Todavia, não se aplica a referida multa àquele que requerer sua inscrição
eleitoral até o centésimo quinquagésimo primeiro dia (151º dia) anterior à
eleição subsequente à data em que completar 19 anos (art. 8º c/c art. 91, Lei
n. 9.504/1997, art. 15, parágrafo único, da Res. TSE n. 21.538/2003).
Vamos a uma hipótese didática, que trata da não aplicação da multa àqueles
que se inscrevem após completarem 19 anos.

Hipótese didática

Imagine que Antônio, brasileiro nato, morador do Distrito Federal, comple-


tou 19 anos em 01/02/2007, vindo a solicitar sua inscrição eleitoral somente
em 01/02/2010. Pela regra do art. 8º do CE, o brasileiro nato deve se alistar
até os 19 anos, sob pena de multa. Porém, nesse caso, a Antônio não foi comi-
nada nenhuma multa, visto que ele solicitou sua inscrição antes do centésimo
quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição presidencial de 2010, que é sub-
sequente ao seu aniversário, já que no DF não houve eleições em 2008 por se
tratar de uma eleição para cargos municipais.
Se Antônio morasse em qualquer outra unidade da Federação, ele poderia
se alistar, sem o pagamento de multa, somente até o centésimo quinquagé-
simo primeiro dia anterior à eleição de 2008, pois diferente do DF, nesses luga-
res há eleições municipais.

Conhecidas as hipóteses de obrigatoriedade, a penalidade pelo seu descum-


primento e a possibilidade de postergação do prazo de inscrição eleitoral, vamos
estudar aquelas em que o alistamento é facultativo.

1.2.2 Facultatividade do Alistamento

É facultativo o alistamento para os analfabetos (art. 14, § 1º, II, a, CF).


Se o analfabeto deixar de sê-lo, deverá requerer sua inscrição eleitoral, não se
sujeitando à multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição (art.
8º, CE; art. 15 da Res. TSE n. 21.538/2003).

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Esse caso de alfabetização e requerimento de inscrição eleitoral já foi objeto


de questão de concurso. Veja:

Direto do concurso

(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006) José,


com 43 anos de idade, nunca havia frequentado uma escola, não sabendo ler
nem escrever. Em outubro de 2006, matriculou-se em uma escola pública. Se
José, por seus estudos, deixar de ser analfabeto, deverá requerer seu alistamento
eleitoral, no prazo máximo de 1 ano, sob pena de pagamento de multa.

Gabarito: a assertiva está incorreta. O analfabeto que deixar de sê-lo não se


sujeita à multa aplicada àqueles que não observam o prazo de alistamento
eleitoral.

Do mesmo modo, é facultativo o alistamento também para os maiores de


dezesseis e menores de dezoito anos (art. 14, § 1º, II, c, CF), bem como para
os maiores de 70 anos (art. 14, § 1º, II, b, CF).
No que se refere à idade, o art. 14 da Res. TSE n. 21.538/2003 traz uma
hipótese em que o alistamento eleitoral pode facultativamente ser realizado por
quem ainda não completou 16 anos.
Segundo o referido artigo da resolução, é facultado o alistamento, no ano em
que se realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data do
pleito, inclusive. No entanto, o título emitido nessas condições somente surtirá
efeitos com o implemento da idade de 16 anos.

Hipótese didática

Suponha que Maria completará 16 anos no mesmo dia das eleições presi-
denciais de 2014. Desse modo, poderá ela requerer seu alistamento eleitoral,
no ano de realização das eleições (2014), mesmo que não tenha ainda com-
pletado 16 anos. Todavia, os efeitos da aquisição do título eleitoral, entre os
quais o de se tornar juridicamente cidadã, somente surtirão efeitos a partir do
dia em que completar 16 anos.
Nesta hipótese, a data de início dos efeitos da aquisição do título – o dia
em que Maria completa 16 anos – coincide com a realização das eleições. Mas
não confunda: os efeitos da aquisição do título ocorrem no momento em que
se completa 16 anos, e não na data da realização da eleição.

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Veja a seguir um quadro resumo da obrigatoriedade e facultatividade do alis-


tamento eleitoral.

ALISTAMENTO ELEITORAL
(obrigatoriedade e facultatividade)

CONDIÇÃO DO ALISTAMENTO REQUISITO


OBRIGATÓRIO • Maior de 18 anos.
• No ano das eleições, o menor que
completar 16 anos até data das elei-
ções, inclusive;
FACULTATIVO
• Maior de 16 e menor de 18 anos;
• Maior de 70 anos;
• Analfabeto.

1.2.3 Impedimento do Alistamento

Além de casos de alistamento obrigatório e facultativo, há também aqueles


nos quais incide um impedimento legal que inviabiliza o alistamento eleitoral.
O primeiro impedimento se aplica aos estrangeiros, os quais não podem se
alistar como eleitores (art. 14, § 2º, CF).
No entanto, há uma exceção. Havendo reciprocidade em Portugal, aos portu-
gueses com residência habitual no Brasil há mais de três anos é permitido o alis-
tamento eleitoral, mesmo sem naturalização. Cabe aqui lembrar que o gozo de
direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos
mesmos direitos no Estado da nacionalidade. Assim, o português que se alistar
no Brasil não pode exercer, enquanto se beneficiar da reciprocidade, o mesmo
direito em Portugal (art. 14, § 2º, CF).
São também impedidos de se alistar como eleitores, durante o período militar
obrigatório, os conscritos. Mas, professor, quem são esses tais de conscritos?
Meu amigo, para fins de impedimento de alistamento eleitoral, conscritos são:
a) Brasileiro que, no ano em que completa dezoito anos, é selecionado para
prestar o serviço militar obrigatório, seja ele no Exército, na Marinha ou na Aero-
náutica;
b) Os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que não prestaram o
serviço militar obrigatório em virtude de adiamento de incorporação para a reali-
zação dos respectivos cursos superiores e, uma vez concluídos os seus cursos
de graduação, venham a prestar o serviço militar obrigatório;

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c) Alunos dos órgãos de formação de reserva, tais como o Centro de Prepa-


ração de Oficiais da Reserva (CPOR) e o Núcleo de Preparação de Oficiais da
Reserva(NPOR).

O alcance da expressão conscritos, definida nas alíneas b e c, é jurispru-


dencial. Nesse sentido:

Direto do TSE

Jurisprudência do TSE: a palavra “conscrito” constante deste dispositivo


alcança também aqueles matriculados nos órgãos de formação de reserva e
os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar
inicial obrigatório (Res. TSE n. 15.850/1989).

De outro modo, são excluídos da abrangência da expressão “conscritos” e,


portanto, podem se alistar: os engajados no serviço militar, ou seja, aqueles que,
uma vez cumprido o período militar obrigatório, decidiram continuar no serviço
militar; além dos oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para
formação de oficiais.
Além desses dois casos de impedimento, a jurisprudência do TSE é pacífica
ao afirmar a vedação ao alistamento que se impõe em face da incapacidade
absoluta nos termos da lei civil.

Direto do TSE

Jurisprudência do TSE: consoante o § 2º do art. 14 da CF, a não alistabi-


lidade como eleitores somente é imputada aos estrangeiros e, durante o perí-
odo do serviço militar obrigatório, aos conscritos, observada, naturalmente, a
vedação que se impõe em face da incapacidade absoluta nos termos da lei
civil. (TSE, PA n. 19.840/2010).

Cumpre-nos ainda informar que, em 2010, o TSE decidiu que a vedação ao


alistamento para os que não saibam exprimir-se na língua nacional, contida no
art. 5º, II, CE, não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Segundo
o TSE:

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Direto do TSE

Jurisprudência do TSE: é vedado impor qualquer empecilho ao alista-


mento eleitoral que não esteja previsto na Lei Maior, por caracterizar restrição
indevida a direito político, há que afirmar a inexigibilidade de fluência da língua
pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam alistar-se elei-
tores. Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela
Constituição Federal de 1988. (TSE, PA n. 19.840/2010).

Agora que já sabemos os casos de obrigatoriedade, facultatividade e impe-


dimento, vamos estudar um interessante caso, apreciado pelo TSE, e que pode
ser objeto de questionamento nos próximos concursos.
Um jovem entre os 16 e 18 anos requereu com sucesso seu alistamento elei-
toral. Passados dois anos, o jovem completou 18 anos e foi selecionado para
cumprir o serviço militar obrigatório, ou seja, tornou-se um conscrito. Durante
esse período de serviço militar, se sobrevier uma eleição, pode o conscrito, que
já havia sido inscrito no cadastro geral de eleitores, por meio do alistamento
eleitoral, exercer o direito de votar na eleição? O TSE decidiu que não pode o
conscrito, mesmo que já tenha inscrição eleitoral, exercer o direito do voto (PA n.
16.337, DJ de 14/05/1998).
Portanto, encerramos os casos de obrigatoriedade, facultatividade e impedi-
mento. Vamos estudar agora como os obrigados e os facultados, se estes assim
desejarem, realizam efetivamente seu alistamento eleitoral.

2. QUALIFICAÇÃO E INSCRIÇÃO

O alistamento se faz por meio da qualificação e inscrição do eleitor.


Somente com a realização dessas duas etapas ter-se-á sua consumação (art.
42, CE).
A qualificação se consubstancia na demonstração, perante a Justiça Eleito-
ral, dos dados que habilitam o eleitor a integrar o corpo eleitoral
A inscrição, por sua vez, é a introdução do nome do eleitor no corpo de elei-
tores, por meio de decisão do juiz eleitoral, após a verificação do preenchimento
dos requisitos.

3. PROCEDIMENTO DO ALISTAMENTO

Vamos entender como se concretiza, na prática, as duas etapas do alista-


mento eleitoral: a qualificação e a inscrição.

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Para realizar o alistamento, basta o pretenso eleitor dirigir-se ao cartório elei-


toral ou posto de alistamento de seu domicílio eleitoral, no prazo de até 150 dias
anteriores à data da eleição (art. 91, Lei n. 9.504/1997), com um dos seguin-
tes documentos (art. 13, Res. TSE n. 21.538/2003):
a) Carteira de identidade ou carteira emitida pelos órgãos criados por lei fede-
ral, controladores do exercício profissional;
b) Certificado de quitação do serviço militar;
c) Certidão de nascimento ou casamento, extraída do Registro Civil;
d) Instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente a idade
mínima de 16 anos e do qual constem, também, os demais elementos necessá-
rios à sua qualificação.

A regra é que basta apenas um dos documentos listados acima. Entretanto,


para os maiores de 18 anos do sexo masculino, é obrigatória a apresentação do
certificado de quitação do serviço militar. Essa exceção foi recentemente objeto
de concurso público e poderá vir a ser novamente cobrada nos próximos.

Direto do concurso
(CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2009)
Para que um cidadão do sexo masculino, maior de 18 anos de idade, casado,
possa se alistar como eleitor, é suficiente à identificação mediante certidão de
casamento extraída do registro civil.

Gabarito: a assertiva está incorreta. Para os maiores de 18 do sexo masculino,


sempre deve estar presente a certidão de quitação do serviço militar. Seria
suficiente a certidão de casamento se se tratasse de um maior de 16 e menor
de 18 anos ou uma pessoa do sexo feminino.

As informações pessoais trazidas pelo pretenso eleitor serão processadas


eletronicamente por um sistema de alistamento desenvolvido pelo Tribunal
Superior Eleitoral (art. 1º, Res. TSE n. 21.538/2003). Para tanto, deve o servidor
da Justiça Eleitoral, com base na documentação trazida pelo solicitante, preen-
cher o Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE e imprimi-lo na presença do
requerente.
Após o preenchimento do RAE e juntados os documentos, encaminha-se o
requerimento para apreciação do juiz eleitoral.

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Esquematicamente:

SOLICITANTE APRESENTA JUNTO AO CARTÓRIO ELEITORAL O


REQUERIMENTO DE INCRIÇÃO ACOMPANHADO DA
DOCUMENTAÇÃO

O SERVIDOR DA JUSTIÇA ELEITORAL PREENCHE O RAE COM BASE


NA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA PELO SOLICITANTE

ENCAMINHA-SE AO JUIZ ELEITORAL PARA APRECIAÇAO DO PEDIDO


O RAE JUNTO COM A DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA

Bom, amigo, a partir daqui há duas possibilidades: o juiz poderá deferir ou


indeferir pedido. Portanto, vamos estudar primeiro o caso de deferimento.

Deferimento do requerimento de alistamento eleitoral

Ao apreciar o requerimento, o juiz poderá, se tiver dúvida quanto à identidade


do requerente ou sobre qualquer outro requisito para o alistamento, converter o
requerimento em diligência para que o solicitante esclareça ou complete a prova,
fixando prazo razoável para tanto.
Cumprida a diligência, se houver, e deferido o requerimento de inscrição elei-
toral, o juiz eleitoral viabilizará a publicidade dessa decisão por meio de edital
publicado quinzenalmente (dias 1º e 15º de cada mês). No edital constam, além
dos pedidos deferidos, os indeferidos e os convertidos em diligência. Da decisão
de deferimento, poderá recorrer ao TRE qualquer delegado de partido político no
prazo de 10 dias, contados da publicação do referido edital.

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Vamos a um esquema didático para visualizar todo o procedimento:

ENCAMINHA-SE AO JUIZ ELEITORAL PARA APRECIAÇAO DO PEDIDO O


RAE JUNTO COM A DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA

CONVERSÃO DO PEDIDO
EM DELIGÊNCIA

DILIGÊNCIA CUMPRIDA

DEFERIMENTO DO PEDIDO DE INSCRIÇÃO ELEITORAL PELO JUIZ


ELEITORAL

PUBLICAÇÃO DO EDITAL CONTENDO ALÉM DAS INSCRIÇÕES


DEFERIDAS, AS EM DILIGÊNCIA E AS INDEFERIDAS

RECURSO DE QUALQUER DELEGADO DE PARTIDO


10 dias

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL, QUE JULGARÁ O


RECURSO EM 5 DIAS

Indeferimento do requerimento de alistamento eleitoral

Ao apreciar o requerimento, o juiz poderá, se tiver dúvida quanto à identidade


do requerente ou sobre qualquer outro requisito para o alistamento, converter o
requerimento em diligência para que o solicitante esclareça ou complete a prova,
fixando prazo razoável para tanto.
Em se tratando de omissão ou irregularidade insanável, deverá o juiz eleitoral
indeferir o alistamento.
As decisões de indeferimento da inscrição eleitoral, juntamente com as defe-
ridas e as em diligências, são publicadas por meio de edital nos dias 1º e 15º de
cada mês.

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A partir da publicação do edital, o eleitor poderá, no prazo de 5 dias, recorrer


ao TRE da decisão de indeferimento de sua inscrição.

Vamos a um esquema didático para visualizar todo o procedimento.

ENCAMINHA-SE AO JUIZ ELEITORAL PARA APRECIAÇAO DO PEDIDO O


RAE JUNTO COM A DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA

CONVERSÃO DO PEDIDO
EM DELIGÊNCIA

IRREGULARIDADE
INSANÁVEL

INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE INSCRIÇÃO ELEITORAL PELO JUIZ


ELEITORAL

PUBLICAÇÃO DO EDITAL CONTENDO ALÉM DAS INSCRIÇÕES


INDEFERIDAS, AS EM DILIGÊNCIA E AS INDEFERIDAS
05 dias

RECURSO DO ALISTANDO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL JULGARÁ O


RECURSO DENTRO DE 5 DIAS

Para encerrar esse assunto, vale salientar ainda a permissão legal dada aos
partidos políticos de participar ativamente do processo de inscrição eleitoral de
eleitores (art. 66, CE).
Além da possibilidade de apresentar recurso aos pedidos deferidos de alis-
tamento eleitoral, os partidos políticos, por meio dos seus delegados, podem
atuar ainda no início do processo de alistamento. Isso em face da permissão
dada a eles de acompanhar todos os processos de inscrição e examinar, sem

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perturbação, os documentos relativos ao alistamento eleitoral, podendo deles


tirar cópias. Esse acesso aos dados do solicitante permite aos partidos políticos
comunicar irregularidades e omissões, no momento em que se procede ao alis-
tamento, solicitando seu indeferimento, de plano ou após realização de diligên-
cia que venha a confirmar o alegado. Trata-se aqui de uma autêntica impugna-
ção ao pedido de alistamento eleitoral.
A participação dos partidos políticos no processo de inscrição eleitoral não se
restringe a tentar impedir a inscrição do alistando por meio de recursos ou impug-
nações. Há ainda a possibilidade de os partidos políticos, por meio dos seus dele-
gados, assumirem a defesa do eleitor, cuja inscrição esteja sendo questionada.
Agora que sabemos como é realizada a inscrição eleitoral, vamos estudar
como se dá a sua transferência, mas, antes, é imprescindível conhecer o con-
ceito de domicílio eleitoral.

4. DOMICÍLIO ELEITORAL

O Código Eleitoral define domicílio eleitoral, para efeito de inscrição, o lugar


de residência ou moradia do requerente e, verificado ter o alistando mais de
uma, considerar-se-á domicílio qualquer uma delas (art. 42, CE).
Apesar desse conceito já ter evoluído bastante, não é incomum a sua literali-
dade ser cobrada em provas de concursos, por isso fique atento.

Direto do concurso
(ESAG/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2005) 1 O alistamento eleitoral se faz
mediante a qualificação e a inscrição do eleitor. Para efeito da inscrição, é domi-
cílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o
alistando mais de uma, deverá comprovar qual é efetivamente o seu endereço,
sob pena de indeferimento.

Gabarito: a primeira parte da questão está correta. O alistamento eleitoral se


faz mediante a qualificação e a inscrição do eleitor. Na 2ª parte da questão,
a afirmação de que “é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia
do requerente” está correta, com base na literalidade do art. 42. No entanto,
verificado ter o alistando mais de uma residência, a situação se resolve
considerando como seu domicílio qualquer uma delas.

1
Apesar de a questão apresentada ser do ano de 2005, esse assunto também foi objeto de prova nos concursos do TRE-MA em 2006 para
Analisa Judiciário, área administrativa; e do TRE/GO para Analista Judiciário, área judiciária, sendo ambas as provas realizadas pelo
CESPE.

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Esse conceito, um tanto restrito, foi, no entanto, elastecido pela jurisprudên-


cia dos Tribunais, os quais passaram a admitir como prova de domicílio não só a
moradia, mas também outros vínculos, tais como negócios, propriedades, ativi-
dades políticas, atividades sociais, vínculos de afetividade etc. Essa orientação
jurisprudencial veio a confirmar a ideia de que o domicílio eleitoral não se con-
funde com o domicílio civil. Veja a jurisprudência do TSE nesse sentido:

Direto do TSE

Jurisprudência do TSE: o conceito de domicílio eleitoral não se confunde


com o de domicílio do direito comum, regido pelo Código Civil. Mais flexível e
elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o interessado tem víncu-
los políticos e sociais (Ac. 16.937, DJ de 29/08/2000).
Jurisprudência do TSE: o domicílio eleitoral não se confunde, necessaria-
mente, com o domicílio civil. A circunstância de o eleitor residir em determinado
município não constitui obstáculo a que se candidate em outra localidade onde
é inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades, atividades
políticas) (Ac. 18.124, DJ de 16/11/2000).

Ao requerer sua inscrição eleitoral, o alistando deve fazê-la no seu domicílio


eleitoral. Isso é intuitivo, pois são as pessoas ali domiciliadas, as quais possuem
interesse na melhoria do local, que devem escolher os seus mandatários. Não
é razoável que pessoas estranhas ao local e que com ele não possua nenhum
vínculo participem desse processo.
Desse modo, pode-se afirmar que o domicílio na circunscrição é condição
imprescindível para o deferimento do pedido de inscrição eleitoral pelo juiz.
Na verdade, a comprovação do domicílio no local da inscrição é imprescin-
dível não somente no momento da primeira inscrição, mas também no procedi-
mento de transferência dessa inscrição para outra zona eleitoral. Aliás, esse é o
nosso próximo assunto.

5. TRANSFERÊNCIA ELEITORAL

A transferência consiste na mudança de domicílio eleitoral do eleitor. Na prá-


tica, ocorre a transferência do seu nome para colégio eleitoral diferente daquele
do qual fazia parte.
A transferência pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
• De um local de votação para outro, em Município diverso do seu, mesmo
que dentro da mesma zona eleitoral;
• De um Município para outro dentro do mesmo Estado;

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• De um Estado para outro dentro do País;


• Do exterior para o Brasil;
• Do Brasil para o exterior (sob a responsabilidade da 1ª Zona do Distrito
Federal);
• De uma zona do exterior para outra também no exterior (sob a responsabi-
lidade da 1ª Zona do Distrito Federal).

5.1 Requisitos

Para o deferimento do pedido de transferência, deve-se observar os seguin-


tes requisitos:

REQUISITOS DO PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA ELEITORAL

Pedido até 150 dias antes da data da eleição.

Residência mínima de 3 meses no novo domicílio.

TRE
Prova da quitação eleitoral com a Justiça Eleitoral.

Decurso de prazo de pelo menos 1 ano do


alistamento ou da última transferência.

O primeiro requisito é a entrada do pedido de transferência no prazo estabe-


lecido pela legislação vigente, que é de até 150 dias antes da data da eleição
(art. 91, Lei n. 9.504/1997), estando revogado o prazo de até 100 dias, constante
no art. 55, § 1º, I, CE. Esse prazo é bastante cobrado em provas de concursos.

Direto do concurso
(CESPE/TRE-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2010) Em
caso de mudança de domicílio, configura exigência para transferência de inscrição
de eleitor a observância do prazo de entrada do requerimento no cartório eleitoral
do novo domicílio no prazo de até cem dias antes da data da eleição.

Gabarito: a assertiva está incorreta. O prazo fatal é de até 150 dias antes da
data da eleição (art. 91, Lei n. 9.504/1997). O prazo de até 100 dias antes da
data da eleição (art. 55, § 1º, I, CE) não se aplica mais.

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Outro requisito exigido é a residência mínima de 3 meses do eleitor no novo


domicílio. Desse modo, não basta somente a fixação do domicílio eleitoral no
novo local. Faz-se necessário, ainda, que ela seja duradoura (no mínimo de 3
meses).
Esse requisito, no entanto, não se aplica à transferência de título eleitoral de
servidor público civil, militar, autárquico ou de membro de sua família, por motivo
de remoção ou transferência.

Hipótese didática

Imagine que Antônio, servidor público federal, seja removido no interesse


da Administração da cidade de Brasília para a cidade de Belo Horizonte. Em
razão disso, Antônio e sua esposa, Maria, providenciam sua mudança para a
nova cidade. Logo após se instalarem na cidade, mais precisamente 1 mês
depois, Maria se dirige ao cartório eleitoral e solicita a transferência do seu
título eleitoral de Brasília para Belo Horizonte. Mesmo Maria não sendo servi-
dora pública, o juiz eleitoral deverá deferir seu pedido, haja vista sua mudança
de domicílio ter sido ocasionada pela remoção de seu marido, que é servidor
público.

Para o deferimento de transferência eleitoral, deve ainda ser observado o


decurso de prazo de pelo menos 1 ano do alistamento ou da última transferência
do solicitante. No último concurso do TSE, para técnico, esse assunto foi objeto
de questionamento.

Direto do concurso
(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)
Tenório requereu, em janeiro de 2006, a transferência de seu domicílio eleitoral
de Brasília/DF para João Pessoa/PB. Em 28 de novembro de 2006, requereu
novamente a transferência de seu domicílio eleitoral, agora para Florianopólis/
SC, município onde reside desde setembro de 2006. A transferência do
domicílio de Tenório para Florianopólis/SC não será deferida, em virtude de ter
transcorrido menos de 1 ano da última transferência.

Gabarito: a assertiva está correta. É necessário que seja observado o prazo


de pelo menos 1 ano da última transferência do solicitante, o que não ocorreu
na hipótese trazida pela questão.

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Assim como a exigência mínima de 3 meses no novo domicílio, o requisito


da observância de pelo menos 1 ano da última transferência não se aplica ao
servidor público civil, militar, autárquico ou de membro de sua família, por
motivo de remoção ou transferência.
O último requisito se revela na necessidade de comprovação da quitação
eleitoral com a Justiça Eleitoral. Ao requerer a transferência, o eleitor entre-
gará ao servidor do cartório o título eleitoral e a prova de quitação com a
Justiça Eleitoral.
A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo
dos direitos políticos; o regular exercício do voto; o atendimento a convocações
da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito; a inexistência de
multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral, e não remitidas; e
a apresentação de contas de campanha eleitoral (Incluído pela Lei n. 12.034, de
2009).

6. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO ELEITORAL

As inscrições eleitorais têm caráter de definitividade. Não obstante, existem


algumas situações que podem ensejar o cancelamento da inscrição do eleitor.
Essas hipóteses estão previstas no art. 71 do Código Eleitoral.

HIPÓTESES DE CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL

Infração dos artigos 5º e 42 do CE;

A suspensão ou perda dos direitos políticos;


Hipóteses de
Cancelamento
Pluralidade de inscrições;

Falecimento do eleitor;

Deixar de votar em 3 eleições consecutivas.

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A primeira hipótese de cancelamento da inscrição eleitoral, que se refere


à infração dos artigos 5º e 42 do Código Eleitoral, alcança apenas o eleitor
que infringir o disposto no art. 5º, III, CE, ou seja, aquele que tenha insistido no
alistamento mesmo privado temporária ou definitivamente dos direitos políticos
– conscritos e estrangeiros –, bem assim aquele se alistou fora do seu domicílio
(art. 42, CE).

HIPÓTESES DOS ARTS. 5º E 42

Privado temporária Alistamento fora do


ou definitivamente domicílio eleitoral
dos direitos políticos

A segunda hipótese de cancelamento de inscrição eleitoral se relaciona


com os casos de perda ou suspensão dos direitos políticos, elencadas no
art. 15 da CF, tais como a incapacidade civil absoluta (art. 15, II, CF); a conde-
nação criminal transitada em julgado (art. 15, III, CF); a recusa em cumprir obri-
gação a todos imposta ou prestação alternativa (art. 15, IV, CF); e a condenação
por ato de improbidade administrativa (art. 15, V, CF). Havendo perda ou sus-
pensão de direitos políticos, tem-se como consequência jurídica o cancelamento
da inscrição (art. 71, CE).
Nesse ponto, é oportuna uma observação. A doutrina majoritária e até mesmo
a Res. TSE n. 21.538/2003, no seu art. 51, entendem que, nos casos de sus-
pensão de direitos, opera-se a suspensão da inscrição eleitoral e não o seu can-
celamento. Todavia, as bancas de concurso, como CESPE, FCC e outras, vêm
cobrando a literalidade do art. 71 do Código Eleitoral. Assim, nesses casos, para
fins de concurso público, opera-se o cancelamento da inscrição eleitoral.
Outra hipótese de cancelamento da inscrição do eleitor ocorre quando
se verifica que este possui mais de uma inscrição eleitoral. A verifica-
ção dessa irregularidade, com o objetivo de expurgar possíveis duplicidades
ou pluralidades de inscrição, dá-se por meio do procedimento de batimento
ou cruzamento das informações cadastrais, realizado pelo TSE, em âmbito
nacional (art. 33, Res. TSE n. 21.538/2003).

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Uma vez detectada a duplicidade/pluralidade de inscrições em uma mesma


zona eleitoral, a competência para solucionar a pendência na esfera adminis-
trativa é do juiz eleitoral da respectiva Zona. Quando essa irregularidade admi-
nistrativa se verificar em inscrições de zonas eleitorais diversas de uma mesma
circunscrição, a competência desloca-se para a Corregedoria-Regional Eleitoral;
e quando a pluralidade se verificar em zonas eleitorais de circunscrições diver-
sas, a competência é da Corregedoria-Geral Eleitoral.
No procedimento de regularização de duplicidades/pluralidades de inscrição
eleitoral, a autoridade competente realizará o cancelamento de uma ou mais
delas, na seguinte ordem de preferência:

A inscrição mais recente é a realizada por último

Na inscrição mais recente, efetuada contrariamente às instruções em vigor

Na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral do eleitor

Naquela cujo título não tenha sido entregue ao eleitor

Naquela cujo título não tenha sido utilizado para o exercício do voto na
última eleição

Na mais antiga

Da decisão da autoridade competente acerca das duplicidades/pluralidades


de inscrição eleitoral caberá, no prazo de 3 dias, recurso para:

DECISÃO RECURSO
JUIZ ELEITORAL DE SUA CIRCUNSCRIÇÃO AO CORREGEDOR REGIONAL
CORREGEDOR REGIONAL ELEITORAL AO CORREGEDOR-GERAL

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Resolvida a duplicidade ou pluralidade na esfera administrativa e verificando


ter sido atribuída duas ou mais inscrições a um mesmo eleitor, excetuados os
casos de evidente falha dos serviços eleitorais, autos deverão ser remetidos pela
autoridade judiciária competente ao Ministério Público Eleitoral, para averigua-
ção de ilícito na esfera penal.
Não sendo cogitada a ocorrência de ilícito penal eleitoral a ser apurado, os autos
deverão ser arquivados na zona eleitoral onde o eleitor possui inscrição regular.
Manifestando-se o Ministério Público Eleitoral pela existência de indício de
ilícito penal eleitoral a ser apurado, o processo deverá ser remetido à Polícia
Federal para instauração de inquérito policial.
Concluído o inquérito policial, este deverá ser encaminhado pela autoridade
policial que o presidir ao juiz eleitoral da zona eleitoral onde foi efetuada a
inscrição mais recente, que é a autoridade competente para decidir o caso
(art. 44 c/c art. 48, § 3º, Res. TSE n. 21.538/2003).
Além da responsabilidade administrativa e penal por inscrição fraudulenta,
outras punições poderão advir, alcançando o eleitor, o servidor da Justiça Eleito-
ral ou até mesmo terceiros que tenham se beneficiado. Esse assunto foi objeto
da última prova do TSE.

Direto do concurso
(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)
Proferida decisão acerca de pluralidade de inscrição eleitoral, verificou-se
que duas inscrições foram atribuídas a Fernando, eleitor do Estado de Goiás.
O servidor da justiça eleitoral envolvido no caso de inscrição irregular será,
juntamente com o eleitor, responsabilizado civil, penal e administrativamente,
conforme o caso.

Gabarito: a assertiva está correta. A responsabilização alcança as esferas


administrativa, penal e civil, e alcança não somente o eleitor, mas também os
servidores da Justiça Eleitoral e terceiros beneficiados.

Ainda sobre as hipóteses de cancelamento da inscrição eleitoral, temos


o falecimento do eleitor, cuja ocorrência importa, obviamente, no cancela-
mento da sua inscrição eleitoral.

Na prática, os oficiais de Registro Civil, sob pena de cometer o crime de per-


turbar ou impedir de qualquer forma o alistamento (detenção de 15 dias a seis
meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa), enviarão, até o dia 15 de cada
mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cida-
dãos alistáveis, ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições.

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A depuração do cadastro, com a finalidade de excluir inscrições atribuídas a


pessoas falecidas, deverá ser promovida em procedimentos específicos a partir
das comunicações mensais de óbitos a que estão obrigados os cartórios de
registro civil ou deflagrada de ofício pela Corregedoria-Geral, observados, em
qualquer caso, o contraditório e a ampla defesa. (TSE, Rp n. 649/2005).
Por fim, para encerrarmos esse assunto, trazemos a hipótese de cancela-
mento de deixar de votar em três eleições consecutivas. No que se refere a
essa causa de cancelamento, o TSE possui o seguinte entendimento: “Assegu-
rado pela Constituição ao eleitor maior de 70 anos o exercício facultativo do voto,
não se pode impor, por resolução, ao eleitor com idade superior a 80 anos obri-
gação visando preservar a regularidade de sua inscrição eleitoral.” (RP n. 649;
Rel. Min. Francisco Peçanha Martins).

RESUMO DA AULA

• Alistamento eleitoral é o ato pelo qual o eleitor se credencia perante a Jus-


tiça Eleitoral, de modo a ser reconhecido seu direito de votar, desde que
preenchidos os requisitos legais e constitucionais;
• No Brasil, o alistamento é obrigatório para os maiores de dezoito anos (art.
14, § 1º, I, CF);
• É facultativo o alistamento para os analfabetos (art. 14, § 1º, II, a, CF); os
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (art. 14, § 1º, II, c, CF);
bem como para os maiores de 70 anos (art. 14, § 1º, II, b, CF);
• Os estrangeiros, os conscritos e os incapazes absolutamente (jurisprudên-
cia do TSE) estão impedidos de se alistar;
• O alistamento se faz por meio da qualificação e inscrição do eleitor. Somente
com a realização dessas duas etapas ter-se-á sua consumação (art. 42, CE).
• A qualificação se consubstancia na demonstração, perante a Justiça Eleito-
ral, dos dados que habilitam o eleitor a integrar o corpo eleitoral;
• A inscrição é a introdução do nome do eleitor no corpo de eleitores, por
meio de decisão do juiz eleitoral após a verificação do preenchimento dos
requisitos;
• O Código Eleitoral define domicílio eleitoral, para efeito de inscrição, o lugar
de residência ou moradia do requerente e, verificado ter o alistando mais
de uma, considerar-se-á domicílio qualquer uma delas (art. 42, CE);
• O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil;
• O conceito de domicílio foi elastecido pela jurisprudência dos Tribunais, os
quais passaram a admitir, como prova de domicílio, não só a moradia, mas
também outros vínculos, tais como negócios, propriedades, atividades polí-
ticas, atividades sociais, vínculos de afetividade etc.;

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• A transferência eleitoral consiste na mudança de domicílio eleitoral do elei-


tor. Na prática, ocorre a transferência do seu nome para colégio eleitoral
diferente daquele do qual fazia parte;
• Os requisitos do pedido de transferência são: pedido realizado antes da
data da eleição; residência mínima de 3 meses no novo domicílio; prova da
quitação eleitoral com a Justiça Eleitoral; decurso de prazo de pelo menos
1 ano do alistamento ou da última transferência;
• As hipóteses de cancelamento da inscrição eleitoral são: infração dos arts. 5º
e 42 do CE; a suspensão ou perda dos direitos políticos; pluralidade de ins-
crições; falecimento do eleitor; deixar de votar em 3 eleições consecutivas.

Apresentado o resumo da matéria, vamos trazer a você o texto normativo


aplicável a nossa aula.

TEXTO LEGAL

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 14 omissis
§1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II – facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o perí-
odo do serviço militar obrigatório, os conscritos.

RESOLUÇÃO TSE N. 21.538/2003

DO REQUERIMENTO DE ALISTAMENTO ELEITORAL – RAE

Art. 2º O Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE (Anexo I) servirá como


documento de entrada de dados e será processado eletronicamente.
Parágrafo único. O sistema de alistamento de que trata o parágrafo único do
art. 1º conterá os campos correspondentes ao formulário RAE, de modo a viabi-
lizar a impressão do requerimento, com as informações pertinentes, para apre-
ciação do juiz eleitoral.

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Art. 3º Para preenchimento do RAE, devem ser observados os procedimen-


tos especificados nesta resolução e nas orientações pertinentes.
Art. 4º Deve ser consignada OPERAÇÃO 1 – ALISTAMENTO quando o alis-
tando requerer inscrição e quando em seu nome não for identificada inscrição
em nenhuma zona eleitoral do país ou exterior, ou a única inscrição localizada
estiver cancelada por determinação de autoridade judiciária (FASE 450).
Art. 5º Deve ser consignada OPERAÇÃO 3 – TRANSFERÊNCIA sempre que
o eleitor desejar alterar seu domicílio e for encontrado em seu nome número de
inscrição em qualquer município ou zona, unidade da Federação ou país, em
conjunto ou não com eventual retificação de dados.
§ 1º Na hipótese do caput, o eleitor permanecerá com o número originário da
inscrição e deverá ser, obrigatoriamente, consignada no campo próprio a sigla
da UF anterior.
§ 2º É vedada a transferência de número de inscrição envolvida em coinci-
dência, suspensa, cancelada automaticamente pelo sistema quando envolver
situação de perda e suspensão de direitos políticos, cancelada por perda de
direitos políticos (FASE 329) e por decisão de autoridade judiciária (FASE 450).
§ 3º Será admitida transferência com reutilização do número de inscrição
cancelada pelos códigos FASE 019 – falecimento, 027 – duplicidade/pluralidade,
035 – deixou de votar em três eleições consecutivas e 469 – revisão de eleito-
rado, desde que comprovada a inexistência de outra inscrição liberada, não libe-
rada, regular ou suspensa para o eleitor.
§ 4º Existindo mais de uma inscrição cancelada para o eleitor no cadastro,
nas condições previstas no § 3º, deverá ser promovida, preferencialmente, a
transferência daquela:
I – que tenha sido utilizada para o exercício do voto no último pleito;
II – que seja mais antiga.
Art. 6º Deve ser consignada OPERAÇÃO 5 – REVISÃO quando o eleitor
necessitar alterar local de votação no mesmo município, ainda que haja mudança
de zona eleitoral, retificar dados pessoais ou regularizar situação de inscrição
cancelada nas mesmas condições previstas para a transferência a que se refere
o § 3º do art. 5º.
Art. 7º Deve ser consignada OPERAÇÃO 7 – SEGUNDA VIA quando o elei-
tor estiver inscrito e em situação regular na zona por ele procurada e desejar
apenas a segunda via do seu título eleitoral, sem nenhuma alteração.
Art. 8º Nas hipóteses de REVISÃO ou de SEGUNDA VIA, o título eleitoral
será expedido automaticamente e a data de domicílio do eleitor não será alte-
rada.

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DO ALISTAMENTO

Art. 9º No cartório eleitoral ou no posto de alistamento, o servidor da Justiça


Eleitoral preencherá o RAE ou digitará as informações no sistema de acordo
com os dados constantes do documento apresentado pelo eleitor, complemen-
tados com suas informações pessoais, de conformidade com as exigências do
processamento de dados, destas instruções e das orientações específicas.
§ 1º O RAE deverá ser preenchido ou digitado e impresso na presença do
requerente.
§ 2º No momento da formalização do pedido, o requerente manifestará sua
preferência sobre local de votação, entre os estabelecidos para a zona eleitoral.
§ 3º Para os fins do § 2º deste artigo, será colocada à disposição, no cartório
ou posto de alistamento, a relação de todos os locais de votação da zona, com
os respectivos endereços.
§ 4º A assinatura do requerimento ou a aposição da impressão digital do pole-
gar será feita na presença do servidor da Justiça Eleitoral, que deverá atestar, de
imediato, a satisfação dessa exigência.
Art. 10. Antes de submeter o pedido a despacho do juiz eleitoral, o servidor
providenciará o preenchimento ou a digitação no sistema dos espaços que lhe
são reservados no RAE.
Parágrafo único. Para efeito de preenchimento do requerimento ou de digita-
ção no sistema, será mantida em cada zona eleitoral relação de servidores, iden-
tificados pelo número do título eleitoral, habilitados a praticar os atos reservados
ao cartório.
Art. 11. Atribuído número de inscrição, o servidor, após assinar o formulário,
destacará o protocolo de solicitação, numerado de idêntica forma, e o entregará
ao requerente, caso a emissão do título não seja imediata.
Art. 12. Os tribunais regionais eleitorais farão distribuir, observada a sequ-
ência numérica fornecida pela Secretaria de Informática, às zonas eleitorais da
respectiva circunscrição, séries de números de inscrição eleitoral, a serem utili-
zados na forma deste artigo.
Parágrafo único. O número de inscrição compor-se-á de até 12 algarismos,
por unidade da Federação, assim discriminados:
a) os oito primeiros algarismos serão sequenciados, desprezando-se, na
emissão, os zeros à esquerda;

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b) os dois algarismos seguintes serão representativos da unidade da Fede-


ração de origem da inscrição, conforme códigos constantes da seguinte tabela:
01 – São Paulo
02 – Minas Gerais
03 – Rio de Janeiro
04 – Rio Grande do Sul
05 – Bahia
06 – Paraná
07 – Ceará
08 – Pernambuco
09 – Santa Catarina
10 – Goiás
11 – Maranhão
12 – Paraíba
13 – Pará
14 – Espírito Santo
15 – Piauí
16 – Rio Grande do Norte
17 – Alagoas
18 – Mato Grosso
19 – Mato Grosso do Sul
20 – Distrito Federal
21 – Sergipe
22 – Amazonas
23 – Rondônia
24 – Acre
25 – Amapá
26 – Roraima
27 – Tocantins
28 – Exterior (ZZ)

c) os dois últimos algarismos constituirão dígitos verificadores, determinados


com base no módulo 11, sendo o primeiro calculado sobre o número sequencial
e o último sobre o código da unidade da Federação seguido do primeiro dígito
verificador.
Art. 13. Para o alistamento, o requerente apresentará um dos seguintes docu-
mentos do qual se infira a nacionalidade brasileira (Lei n. 7.444/1985, art. 5º, § 2º):
a) carteira de identidade ou carteira emitida pelos órgãos criados por lei fede-
ral, controladores do exercício profissional;

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b) certificado de quitação do serviço militar;


c) certidão de nascimento ou casamento, extraída do Registro Civil;
d) instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente a idade
mínima de 16 anos e do qual constem, também, os demais elementos necessá-
rios à sua qualificação.
Parágrafo único. A apresentação do documento a que se refere a alínea b é
obrigatória para maiores de 18 anos, do sexo masculino.
Art. 14. É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem eleições, do
menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive.
§ 1º O alistamento de que trata o caput poderá ser solicitado até o encerra-
mento do prazo fixado para requerimento de inscrição eleitoral ou transferência.
§ 2º O título emitido nas condições deste artigo somente surtirá efeitos com o
implemento da idade de 16 anos (Res./TSE n. 19.465, de 12/03/1996).
Art. 15. O brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos ou o naturalizado
que não se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira
incorrerá em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição.
Parágrafo único. Não se aplicará a pena ao não-alistado que requerer sua
inscrição eleitoral até o centésimo quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição
subsequente à data em que completar 19 anos (Código Eleitoral, art. 8º c.c. a Lei
n. 9.504/1997, art. 91).
Art. 16. O alistamento eleitoral do analfabeto é facultativo (Constituição Fede-
ral, art. 14, § 1º, II, a).
Parágrafo único. Se o analfabeto deixar de sê-lo, deverá requerer sua inscrição
eleitoral, não ficando sujeito à multa prevista no art. 15 (Código Eleitoral, art. 8º).
Art. 17. Despachado o requerimento de inscrição pelo juiz eleitoral e proces-
sado pelo cartório, o setor da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral respon-
sável pelos serviços de processamento eletrônico de dados enviará ao cartório
eleitoral, que as colocará à disposição dos partidos políticos, relações de inscri-
ções incluídas no cadastro, com os respectivos endereços.
§ 1º Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso
interposto pelo alistando no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá recor-
rer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da colo-
cação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer
nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham
sido exibidas ao alistando antes dessas datas e mesmo que os partidos não as
consultem (Lei n. 6.996/1982, art. 7º).
§ 2º O cartório eleitoral providenciará, para o fim do disposto no § 1º, relações
contendo os pedidos indeferidos.

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DA TRANSFERÊNCIA

Art. 18. A transferência do eleitor só será admitida se satisfeitas as seguintes


exigências:
I – recebimento do pedido no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo
estabelecido pela legislação vigente;
II – transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transfe-
rência;
III – residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada, sob as
penas da lei, pelo próprio eleitor (Lei n. 6.996/1982, art. 8º);
IV – prova de quitação com a Justiça Eleitoral.
§ 1º O disposto nos incisos II e III não se aplica à transferência de título eleito-
ral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por
motivo de remoção ou transferência (Lei n. 6.996/1982, art. 8º, parágrafo único).
§ 2º Ao requerer a transferência, o eleitor entregará ao servidor do cartório o
título eleitoral e a prova de quitação com a Justiça Eleitoral.
§ 3º Não comprovada a condição de eleitor ou a quitação para com a Justiça
Eleitoral, o juiz eleitoral arbitrará, desde logo, o valor da multa a ser paga.
§ 4º Despachado o requerimento de transferência pelo juiz eleitoral e proces-
sado pelo cartório, o setor da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral responsá-
vel pelos serviços de processamento de dados enviará ao cartório eleitoral, que
as colocará à disposição dos partidos políticos, relações de inscrições atualiza-
das no cadastro, com os respectivos endereços.
§ 5º Do despacho que indeferir o requerimento de transferência, caberá
recurso interposto pelo eleitor no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá
recorrer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados
da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá
ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que
tenham sido exibidas ao requerente antes dessas datas e mesmo que os parti-
dos não as consultem (Lei n. 6.996/1982, art. 8º).
§ 6º O cartório eleitoral providenciará, para o fim do disposto no § 5º, relações
contendo os pedidos indeferidos.

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DA SEGUNDA VIA

Art. 19. No caso de perda ou extravio do título, bem assim de sua inutilização


ou dilaceração, o eleitor deverá requerer pessoalmente ao juiz de seu domicílio
eleitoral que lhe expeça segunda via.
§ 1º Na hipótese de inutilização ou dilaceração, o requerimento será instruído
com a primeira via do título.
§ 2º Em qualquer hipótese, no pedido de segunda via, o eleitor deverá apor a
assinatura ou a impressão digital do polegar, se não souber assinar, na presença
do servidor da Justiça Eleitoral, que deverá atestar a satisfação dessa exigência,
após comprovada a identidade do eleitor.
[...]

DA FISCALIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 27. Os partidos políticos, por seus delegados, poderão:


I – acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda
via e quaisquer outros, até mesmo emissão e entrega de títulos eleitorais, pre-
vistos nesta resolução;
II – requerer a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a
defesa do eleitor cuja exclusão esteja sendo promovida;
III – examinar, sem perturbação dos serviços e na presença dos servidores
designados, os documentos relativos aos pedidos de alistamento, transferência,
revisão, segunda via e revisão de eleitorado, deles podendo requerer, de forma
fundamentada, cópia, sem ônus para a Justiça Eleitoral.
Parágrafo único. Qualquer irregularidade determinante de cancelamento de
inscrição deverá ser comunicada por escrito ao juiz eleitoral, que observará o
procedimento estabelecido nos arts. 77 a 80 do Código Eleitoral.

CÓDIGO ELEITORAL

DO CANCELAMENTO E DA EXCLUSÃO

Art. 71. São causas de cancelamento:


I – a infração dos artigos 5º e 42;
II – a suspensão ou perda dos direitos políticos;
III – a pluralidade de inscrição;

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IV – o falecimento do eleitor;
V – deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. (Redação dada pela Lei
n. 7.663, de 27/05/1988)
§ 1º A ocorrência de qualquer das causas enumeradas neste artigo acarretará
a exclusão do eleitor, que poderá ser promovida ex officio, a requerimento de
delegado de partido ou de qualquer eleitor.
§ 2º No caso de ser algum cidadão maior de 18 (dezoito) anos privado tem-
porária ou definitivamente dos direitos políticos, a autoridade que impuser essa
pena providenciará para que o fato seja comunicado ao juiz eleitoral ou ao Tribu-
nal Regional da circunscrição em que residir o réu.
§ 3º Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do Art. 293, enviarão, até o dia
15 (quinze) de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunica-
ção dos óbitos de cidadãos alistáveis, ocorridos no mês anterior, para cancela-
mento das inscrições.
§ 4º Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma
zona ou município, o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correi-
ção e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a revisão do
eleitorado obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações
que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições cor-
respondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão. (Incluído pela
Lei n. 4.961, de 04/05/1966)
Art. 72. Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente.
Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as quais hajam sido inter-
postos recursos das decisões que as deferiram, desde que tais recursos venham
a ser providos pelo Tribunal Regional ou Tribunal Superior, serão nulos os votos
se o seu número for suficiente para alterar qualquer representação partidária ou
classificação de candidato eleito pelo princípio maioritário.
Art. 73. No caso de exclusão, a defesa pode ser feita pelo interessado, por
outro eleitor ou por delegado de partido.
Art. 74. A exclusão será mandada processar ex officio pelo juiz eleitoral,
sempre que tiver conhecimento de alguma das causas do cancelamento.
Art. 75. O Tribunal Regional, tomando conhecimento através de seu fichário,
da inscrição do mesmo eleitor em mais de uma zona sob sua jurisdição, comuni-
cará o fato ao juiz competente para o cancelamento, que de preferência deverá
recair:

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I – na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral;


II – naquela cujo título não haja sido entregue ao eleitor;
III – naquela cujo título não haja sido utilizado para o exercício do voto na
última eleição;
IV – na mais antiga.
Art. 76. Qualquer irregularidade determinante de exclusão será comunicada
por escrito e por iniciativa de qualquer interessado ao juiz eleitoral, que obser-
vará o processo estabelecido no artigo seguinte.

Art. 77. O juiz eleitoral processará a exclusão pela forma seguinte:


I – mandará autuar a petição ou representação com os documentos que a
instruírem:
II – fará publicar edital com prazo de 10 [...] dias para ciência dos interessa-
dos, que poderão contestar dentro de 5 (cinco) dias;
III – concederá dilação probatória de 5 (cinco) a 10 [...] dias, se requerida;
IV – decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 78. Determinado, por sentença, o cancelamento, o cartório tomará as
seguintes providências:
I – retirará, da respectiva pasta, a folha de votação, registrará a ocorrência no
local próprio para "Anotações" e juntá-la-á ao processo de cancelamento;
II – registrará a ocorrência na coluna de "observações" do livro de inscrição;
III – excluirá dos fichários as respectivas fichas, colecionando-as à parte;
IV – anotará, de forma sistemática, os claros abertos na pasta de votação
para o oportuno preenchimento dos mesmos;
V – comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional para anotação no seu
fichário.
Art. 79. No caso de exclusão por falecimento, tratando-se de caso notório,
serão dispensadas as formalidades previstas nos n. II e III do artigo 77.
Art. 80. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 (três) dias,
para o Tribunal Regional, interposto pelo excluendo ou por delegado de partido.
Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer
novamente a sua qualificação e inscrição.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Agora é hora de você testar seus conhecimentos com questões de concursos
públicos extraídos do cargo de técnico judiciário, área administrativa.

1. (  ) (CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2006) O alistamento faz-se


mediante a qualificação e a inscrição do eleitor.

2. (   ) (FCC/TRE-PB/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)


Do despacho do Juiz Eleitoral que indeferir o requerimento de inscrição ca-
berá recurso interposto pelo alistando.

3. (  ) (CESPE/TRE-GO/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) É facultado o alistamento, no ano anterior àquele em que se reali-
zarem as eleições, do menor que completar 16 anos de idade até seis meses
antes da data do pleito.

4. (  ) (CESPE/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2011) É obrigatório que o requerimento de alistamento eleitoral (RAE)
seja preenchido ou digitado na presença do requerente, podendo ser impres-
so em sua ausência.

5. (  ) (CESPE/TRE-PA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2005) O alistamento eleitoral de brasileiro nato alfabetizado será feito
sem aplicação de qualquer penalidade, desde que a inscrição seja requerida
até o último dia do prazo fixado para o alistamento, anterior à eleição subse-
quente à data em que os 19 anos de idade forem completados.

6. (   ) (CESPE/TRE-BA/TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ÁREA ADMINISTRA-


TIVA/2010) Mesmo que o alistamento eleitoral se dê por processamento
eletrônico, o alistando está obrigado a apresentar em cartório, ou local pre-
viamente designado, o requerimento de alistamento acompanhado de três
fotografias.

7. (  ) (CESPE/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2011) Ao requerer a transferência do título eleitoral, o eleitor deve entre-
gar ao servidor do cartório somente o título eleitoral.

8. (  ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)


José, com 43 anos de idade, nunca havia frequentado uma escola, não saben-
do ler nem escrever. Em outubro de 2006, matriculou-se em uma escola públi-
ca. José mora no Distrito Federal com seus dois filhos: Luiz, que completará
18 anos em fevereiro de 2007, e Flávia, que completará 16 anos no mesmo dia
em que se realizará o primeiro turno das eleições de 2010. Se Flávia requerer
seu alistamento eleitoral em 2010, o seu título somente surtirá seus efeitos
quando ela completar 16 anos e ela poderá votar nas eleições de 2010.

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9. (  ) (CESPE/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2011) O brasileiro nato, não alistado, que requerer sua inscrição eleitoral
até o centésimo quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição subsequente
à data em que completar dezenove anos fica isento de multa. (v)

10. (   ) (CESPE/TRE-BA/TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ÁREA ADMINISTRA-


TIVA/2010) Em caso de mudança de domicílio, configura exigência para
transferência de inscrição de eleitor a observância do prazo de entrada do
requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio no prazo de até cem dias
antes da data da eleição.

11. (  ) (CESPE/TRE-GO/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Caso tenha sido removido ou transferido de seu local de trabalho,
o servidor público civil ou militar pode obter a transferência de domicílio elei-
toral independentemente da prova de quitação com a Justiça Eleitoral.

12. (  ) (CESPE/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2011) A prova de residência mínima de três meses no novo domicílio para
fim de transferência do eleitor consiste em declaração, sob as penas da lei,
do próprio interessado.

13. (  ) (CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Raimundo, servidor público estadual removido para a capital do
estado, é eleitor alistado em cidade do interior. Ao requerer a transferência do
título, Raimundo deve comprovar o alistamento eleitoral primário, realizado
na cidade do interior há mais de um ano.

14. (   ) (CESPE/TRE-BA/TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ÁREA ADMINISTRA-


TIVA/2010) É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem eleições,
do menor que completar dezesseis anos até a data do pleito, inclusive, sendo
certo que o título eleitoral emitido em tais condições somente surtirá efeitos
com o implemento da idade de dezesseis anos.

15. (  ) (CESPE/TRE-ES/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2011) Para fim de transferência do título eleitoral, a esposa de um servi-
dor público autárquico removido ou transferido não está sujeita à exigência
de transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transfe-
rência nem à de residência mínima de três meses no novo domicílio.

16. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)


Os requisitos para transferência de domicílio eleitoral são os mesmos para
todo cidadão brasileiro.

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17. (  ) (CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Raimundo, servidor público estadual removido para a capital do
estado, é eleitor alistado em cidade do interior. Ao requerer a transferência
do título, Raimundo deve apresentar ao cartório eleitoral o título e a prova de
quitação eleitoral.

18. (   ) (CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2006) Qualquer irregularida-


de determinante de exclusão do alistamento deve ser comunicada, por escri-
to e por iniciativa de qualquer interessado, à justiça eleitoral.

19. (   ) (FCC/TRE-RS/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2010)


Não se inclui dentre as exigências para que seja admitida a transferência do
eleitor: Recebimento do pedido no cartório eleitoral no novo domicílio no pra-
zo estabelecido pela legislação vigente.

GABARITO

1. C
2. C
3. E
4. E
5. C
6. E
7. E
8. C
9. C
10. E
11. E
12. C
13. E
14. C
15. C
16. E
17. C
18. C
19. E

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GABARITO COMENTADO

Comentários
1. (C) A qualificação e a inscrição são as duas etapas do processo de alistamento
eleitoral (art. 42, CE).

2. (C) Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição pelo juiz


eleitoral caberá recurso pelo alistando no prazo de 5 dias (art. 17, Res. TSE n.
21.538/2003).

3. (E) É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem as eleições, do


menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive (art. 14, Res. TSE n.
21.538/2003). Nesse caso, o alistamento poderá ser solicitado até o encerramento
do prazo fixado para requerimento de inscrição eleitoral ou transferência, ou seja,
até, 150 dias antes da data das eleições (art. 91, Lei n. 9.504/1997).

4. (E) O Requerimento de Alistamento Eleitoral deverá ser preenchido ou


digitado e impresso na presença do requerente (art. 9º, § 1º, Res. TSE n.
21.538/2003).

5. (C) É certo que o brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos incorrerá
em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição. Todavia, essa
multa não será aplicada para o alistando que requerer sua inscrição eleitoral
até o centésimo quinquagésimo primeiro dia anterior à eleição, subsequente à
data em que completar 19 anos (art. 15, Res. TSE n. 21.538/2003).

6. (E) A fotografia não é mais necessária para o alistamento eleitoral feito


por processo eletrônico, haja vista a nova tecnologia utilizada permitir seja a
foto tirada no momento do pedido da inscrição eleitoral (art. 13, Res. TSE n.
21.538/2003).

7. (E) Ao requerer a transferência, o eleitor entregará ao servidor do cartório


o título eleitoral e a prova da quitação eleitoral (art. 18, § 2º, Res. TSE n.
21.538/2003).

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8. (C) Considerando que Flávia completará 16 na data da eleição, a ela é


facultada, no ano da eleição, realizar sua inscrição eleitoral; mas os efeitos
dessa inscrição somente surtirão efeitos a partir da data em que a jovem
completar 16 anos (art. 14, Res. TSE n. 21.538/2003).

9. (C) Em regra, o brasileiro nato que não se alistar até os 19 anos incorrerá
em multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição. Entretanto,
a multa não será aplicada desde que a inscrição seja requerida até o último dia
do prazo fixado para o alistamento, anterior à eleição subsequente à data em
que os 19 anos de idade forem completados (art. 15, Res. TSE n. 21.538/2003).

10. (E) O prazo para requerer a transferência de inscrição de eleitor é de até


150 dias antes da data da eleição (art. 91, Lei n. 9.504/1997).

11. (E) A quitação eleitoral é um requisito a ser observado no procedimento de


transferência do eleitor e deve ser exigida a todos os brasileiros (art. 18, IV,
Res. TSE n. 21.538/2003).

12. (C) A comprovação de residência mínima de três meses no novo domicílio


pode ser declarada, sob as penas da lei, pelo próprio eleitor (art. 18, III, Res.
TSE n. 21.538/2003).

13. (E) O requisito do transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento é


necessário para validar a transferência de Raimundo (art. 18, II, Res. TSE
n. 21.538/2003).

14. (C) É facultado o alistamento, no ano em que se realizarem as eleições,


do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive (art. 14,
Res. TSE n. 21.538/2003). Nesse caso, o alistamento poderá ser solicitado
até o encerramento do prazo fixado para requerimento de inscrição eleitoral
ou transferência, ou seja, até 150 dias antes da data das eleições (art. 91,
Lei n. 9.504/1997).

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15. (C) Os requisitos para transferência eleitoral de residência mínima de três


meses no novo domicílio e transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento
ou da última transferência não precisam ser observados pelo servidor público
civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção
ou transferência (art. 18, § 1º, Res. TSE n. 21.538/2003).

16. (E) Para o servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua
família, não precisam ser observados os requisitos de residência mínima de três
meses no novo domicílio e transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento
ou da última transferência (art. 18, § 1º, Res. TSE n. 21.538/2003).

17. (C) Ao requerer a transferência, o eleitor entregará ao servidor do cartório o


título eleitoral e a prova de quitação com a Justiça Eleitoral (art. 18, § 2º, Res.
TSE n. 21.538/2003).

18. (C) Qualquer irregularidade determinante de cancelamento de inscrição


deverá ser comunicada por escrito ao juiz eleitoral (art. 27, parágrafo único,
Res. TSE n. 21.538/2003).

19. (E) O recebimento do pedido de inscrição eleitoral no novo domicílio deve


observar o prazo de até 150 antes da eleição (art. 91, Lei n. 9.504/1997).

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2ª PARTE

1. TÍTULO ELEITORAL

Caro amigo! Na aula passada, acerca do Alistamento Eleitoral – vimos a


importância desse ato de integração do eleitor ao cadastro eleitoral e algumas
disposições da Res. TSE n. 21.538/2003.
Esse assunto que estamos abordando, especialmente as disposições da
Resolução do Alistamento Eleitoral – Res. TSE n. 21.538/2003, é o tema mais
cobrado nos últimos 4 anos nos concursos da Justiça Eleitoral.
Desse modo, preste bastante atenção a essas duas aulas dedicadas à aná-
lise deste importante instituto: o Alistamento Eleitoral. Certamente, os temas tra-
tados nelas definirão seu desempenho e a sua classificação no seu concurso.

Bons estudos e vamos lá!

Pessoal, o título eleitoral é o documento oficial que comprova a cidadania


brasileira. Todos os cidadãos, após serem inscritos, por determinação do juiz
eleitoral, receberão esse título eleitoral.
Para a confecção desse documento, exige-se que seja emitido nas dimen-
sões 9,5 x 6,0 cm, em papel com marca d’água e peso de 120g/m². Ele deverá
ser impresso nas cores preto e verde, em frente e verso, tendo como fundo
as Armas da República e ser contornado por serrilha (art. 22 da Res. TSE n.
21.538/2003).

Sabemos que essas informações, aparentemente, não devem merecer maior


atenção do concursando, certo? Errado! Esse assunto já foi objeto de questão
de concurso público:

Direto do concurso
(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007) O
título eleitoral deve ter as dimensões de 10 cm × 5 cm e ser impresso nas cores
preto, verde e azul, em frente e verso.

Gabarito: a assertiva está incorreta, pois o título possui 9,5 x 6,0 cm e é emitido
nas cores preto e verde.

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Há uma prescrição legal que exige que o título seja emitido, obrigatoriamente,
por computador e deverá conter as seguintes informações: nome do eleitor, a
data de nascimento, a unidade da Federação, o município, a zona e a seção elei-
toral onde vota, o número da inscrição eleitoral, a data de emissão, a assinatura
do juiz eleitoral e do eleitor e a expressão segunda via, quando for o caso.
Quanto à data da emissão, dispõe a Res. TSE n. 21.538/2003 que esta deverá
ser a data do preenchimento do Requerimento nos casos de alistamento, trans-
ferência, revisão e segunda via.

Atenção!
A data da emissão do título eleitoral não é a data de sua impressão, mas o dia
em que o eleitor fez o requerimento, nos casos previstos no art. 23, § 2º, da
Res. TSE n. 21.538/2003.

Em regra, os títulos eleitorais são emitidos sob a coordenação das zonas elei-
torais e, nessa situação, são assinados pelo juiz eleitoral. Contudo, os Tribunais
Regionais Eleitorais podem autorizar a emissão on-line de títulos e, em situa-
ções excepcionais (revisão de eleitorado), recadastramento ou rezoneamento,
desde que haja um rígido controle, com a impressão da assinatura do presidente
do Tribunal Regional Eleitoral.

Não esqueça! Só é possível a emissão de título eleitoral por computador.


Essa é uma determinação legal. A esse respeito, trazemos, a título exemplifica-
tivo, a seguinte questão de concurso:

Direto do concurso
(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007) O
título eleitoral pode ser emitido por computador ou por qualquer outro meio
eletrônico, desde que conste o nome do eleitor, sua data de nascimento e a
seção eleitoral onde vota.

Gabarito: a assertiva está incorreta, pois o título deve ser emitido


obrigatoriamente por computador.

Após a impressão do título, deve-se proceder a sua entrega ao eleitor. Essa


entrega será sempre pessoal e, ainda, não é admitida a interferência de pessoas
estranhas à Justiça Eleitoral.

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Para a formalização da entrega, será emitido, juntamente com o título eleito-


ral, o Protocolo de Entrega do Título Eleitoral – PETE. Esse PETE é um canhoto
que, no ato da entrega, é destacado pelo servidor da Justiça Eleitoral e deve ser
assinado ou aposto com a digital do eleitor. É composto pelos seguintes dados:
número de inscrição eleitoral, o nome de eleitor e de sua mãe e a data de nas-
cimento; no verso, há espaços para assinatura do eleitor ou para a aposição da
digital, número da inscrição eleitoral, e, finalmente, a data do recebimento.

Atenção!
O título eleitoral somente pode ser entregue pessoalmente ao eleitor. No ato
de entrega, o eleitor assina o PETE – Protocolo de Entrega do Título Eleitoral.
Sobre o tema, veja a seguinte questão:

Direto do concurso
(CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007) O
servidor da justiça eleitoral pode entregar o título eleitoral diretamente ao eleitor
ou a qualquer parente consanguíneo ou afim até o segundo grau.

Gabarito: a assertiva está incorreta, pois o título deve ser entregue sempre de
forma pessoal.

Finalizando o tema Título Eleitoral, dispõe o art. 26, da Res. TSE n. 21.538/2003,
que ele prova a quitação para com a Justiça Eleitoral até a data de sua emissão.
Isso quer dizer que o título eleitoral só será emitido ao eleitor que estiver em dia
com suas obrigações eleitorais. Caso o cidadão não esteja quite, o Juiz Eleito-
ral abrirá a oportunidade para a solução da pendência e, somente após, o título
eleitoral será emitido.
Você pode nos perguntar, mas o que é quitação eleitoral? Esse conceito
refere-se à plenitude do gozo dos direitos políticos: o regular exercício do voto, o
atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relati-
vos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Jus-
tiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral
(art. 11, § 5º, da Lei n. 9.504/1997).
Inclusive, em 29/06/2012, na Instrução1542-64, o TSE confirmou que, para
a quitação eleitoral, basta a apresentação de contas de campanha eleitoral, não
sendo necessária a sua aprovação.
Assim, caros alunos, terminamos a análise desse tópico “Título Eleitoral”. Reve-
jam o assunto, pois temos vários detalhes importantes para o seu concurso público.

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2. CADASTRO ELEITORAL

O cadastro eleitoral reúne os dados de todos os eleitores do Brasil. Em nosso


País, existe um cadastro nacional mantido pelo Tribunal Superior Eleitoral. As
informações referentes ao cidadão e ao exercício de sua cidadania estão dispo-
níveis nesse banco de dados da Justiça Eleitoral.
Em razão da natureza das informações constantes no Cadastro Eleitoral
estarem relacionadas à intimidade e vida privada, existem limites e restrições de
acesso a esses dados.
Contudo, não são todas as informações do cadastro eleitoral que são reser-
vadas. Na verdade, e aqui você deve estar atento na prova, as informações
constantes do cadastro eleitoral são acessíveis às instituições públicas e
privadas e às pessoas físicas.
Você pode estar perplexo, pois acabamos de falar que os dados referentes
aos eleitores constantes do cadastro eleitoral estão relacionados à sua intimi-
dade e vida privada. Como que a Resolução do Alistamento Eleitoral dispõe que
as informações são acessíveis?
Desse modo, na prova, caro aluno, tenha muito cuidado com a assertiva for-
mulada pelo examinador. Isso porque, em regra, as informações do cadastro
eleitoral são públicas.
Contudo, as informações de caráter personalizadas de cada eleitor são sigi-
losas, em resguardo à privacidade do cidadão. Serão consideradas informações
de caráter personalizado os dados pessoais, tais como, filiação, data de nasci-
mento, profissão, estado civil, escolaridade, telefone e endereço.
Veja como esse assunto é abordado em provas de concurso público:

Direto do concurso
(CESPE/TRE-BA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2010) É
garantido a toda instituição pública o acesso às informações constantes do
cadastro eleitoral inerentes a relações de eleitores acompanhadas de dados
como filiação do eleitor bem como sua data de nascimento.

Gabarito: a assertiva está incorreta, pois as informações de caráter


personalizado, tais como, filiação do eleitor e a data de nascimento, são
sigilosas e não podem ser fornecidas às instituições públicas ou privadas.

É importante você saber que a proibição de disponibilização das informações


personalizadas não é absoluta. Em determinadas situações, até mesmo essas
informações privadas poderão ser fornecidas.

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Estas são as hipóteses em que há permissão para o acesso às informações


personalizadas constantes do cadastro eleitoral:
• Pedidos do próprio eleitor: o eleitor que se dirigir ao seu cartório eleitoral
poderá consultar seus dados. Isso porque essa proibição de acesso aos
dados do cadastro eleitoral serve para a proteção do próprio eleitor e não
pode ser utilizado em seu desfavor.
• Pedidos de autoridades judiciais e por membros do Ministério Público,
desde que, exclusivamente, para o exercício de suas atividades funcionais.
• Pedidos de entidades autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, desde
que haja reciprocidade de interesses, de modo a possibilitar a troca de
informações relevantes para ambos os órgãos.

Atenção!
A Lei n. 12.034/2009 trouxe mais uma exceção à disponibilização dos dados
personalizados: trata-se da possibilidade de os partidos políticos – por meio de
seu órgão nacional – requererem as informações de seus filiados constantes
do cadastro eleitoral.

Isso quer dizer que existem quatro classes de pessoas que podem formular
pedido de acesso às informações de caráter personalizado constantes do cadas-
tro eleitoral: eleitor; juízes e membros do Ministério Público; entidades autoriza-
das pelo Tribunal Superior Eleitoral, em caso de reciprocidade de interesses; e
órgãos nacionais de partidos políticos.
Esse rol é taxativo. Não se admite interpretação ampliativa. A título de exem-
plo, o Tribunal Superior Eleitoral negou o acesso às informações personalizadas
do cadastro eleitoral aos defensores públicos da União. Essa negativa deu-se
em razão de não haver previsão normativa nessa situação. A esse respeito:

Direto do TSE

Jurisprudência do TSE – PROCESSO ADMINISTRATIVO. CADASTRO


ELEITORAL. ACESSO. DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. IMPOSSIBILI-
DADE. INDEFERIMENTO.
- O art. 29 da Res. TSE n. 21.538/2003, que autoriza o fornecimento de
informações do cadastro eleitoral, é restrito ao próprio eleitor, às autoridades
judiciárias, ao Ministério Público e às entidades autorizadas pelo TSE, desde
que exista reciprocidade de interesses. (Processo Administrativo n. 20177)

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Quanto à disponibilização de informações de caráter geral do cadastro eleito-


ral, os tribunais e juízes eleitorais poderão, no âmbito de suas jurisdições, autori-
zar o fornecimento a interessados, desde que sem ônus para a Justiça Eleitoral.
As informações devem estar disponíveis em meio magnético e se referirem a
dados de natureza estatística, levantados com base no cadastro eleitoral, relati-
vos ao eleitorado ou ao resultado das eleições. O uso desses dados estatísticos
obriga a citação da fonte e responsabiliza quem os utilizou de forma inadequada
ou extrapolada.

Lembre-se: essa permissão não viabiliza o fornecimento de informações per-


sonalizadas de eleitores, somente as de caráter geral.

Finalizando este tópico, você deve saber que os juízes e tribunais eleitorais
não podem fornecer dados de eleitores não vinculados à sua jurisdição. Assim, o
juiz da 17ª Zona Eleitoral da cidade do Gama não pode fornecer informações de
eleitores da 1ª Zona Eleitoral de Brasília. Cada juiz ou tribunal eleitoral fica limi-
tado ao atendimento de pedidos relativos aos eleitores de sua zona ou estado,
respectivamente.

3. JUSTIFICATIVA ELEITORAL

Na aula passada, nós estudamos a classificação do alistamento eleitoral.


Existem três tipos de alistamento: o obrigatório, o facultativo e o proibido.
Àqueles que a Constituição Federal determinar que o alistamento eleitoral e
voto são obrigatórios, ou seja, aos maiores de 18 menores de 70 anos de idade,
desde que alfabetizados, o não exercício das obrigações eleitorais possui uma
consequência jurídico-eleitoral.
Quem incidir nessa situação, ou seja, não cumprir com seus deveres eleito-
rais, não poderá:
• Inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se
ou empossar-se neles;
• Receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou
emprego público, autárquico ou para estatal, bem como fundações governa-
mentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas
ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público delegado;
• Participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Esta-
dos, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respec-
tivas autarquias;

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• Obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas


econômicas federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência
social, bem como em qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo
governo, ou de cuja administração este participe, e com essas entidades
celebrar contratos;
• Obter passaporte ou carteira de identidade;
• Renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo
governo;
• Praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar.

Mas como nós podemos afastar a aplicações de todas essas sanções eleito-
rais? Por meio da justificativa eleitoral. Se o eleitor não votou, mas justificou sua
ausência, estarão afastadas essas punições.

3.1 Prazos para Justificação

Existem dois prazos para que o eleitor possa justificar a sua ausência ao
pleito eleitoral. São eles:
• Se o eleitor estiver em território nacional, poderá justificar o não compare-
cimento às eleições em até 60 dias após a realização da eleição. Nessa
hipótese, o termo inicial para a contagem do prazo de justificação é a data
da eleição;
• Se o eleitor estiver no exterior, poderá justificar sua ausência ao pleito elei-
toral em até 30 dias a contar de seu retorno ao Brasil. Nesse caso, o início
da contagem do prazo de justificativa eleitoral depende do ingresso do elei-
tor em território nacional.

Em qualquer caso, o pedido de justificação eleitoral ou o pagamento da multa


devem ser anotados no cadastro eleitoral.
Caso o eleitor não justifique sua ausência dentro do prazo estabelecido (60
ou 30 dias, se o eleitor estiver no Brasil ou no exterior, respectivamente), será
imposta, pelo juiz eleitoral, uma multa. Se a multa for paga, será emitida a certi-
dão de quitação. Isso quer dizer que, mesmo se o eleitor não votar, não justificar,
mas arcar com o valor da multa eleitoral, ele ficará em dia com suas obrigações
eleitorais.
Além disso, o pagamento da multa eleitoral afasta a aplicação de todas aque-
las sanções que são impostas ao eleitor que violar seus deveres eleitorais.

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Direto do concurso
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O eleitor que deixar de votar, por se encontrar no exterior na data do pleito,
deverá justificar-se perante o juiz eleitoral em até 60 dias após a realização da
eleição.

Gabarito: a assertiva está incorreta, pois o eleitor que, na data da eleição


estiver no exterior, terá 30 dias, a contar do seu retorno, para justificar sua
ausência.

3.2 Deixar de Votar em Três Eleições Consecutivas

O Código Eleitoral prevê, em seu art. 71, que o eleitor que deixar de votar em
três eleições consecutivas terá a sua inscrição eleitoral cancelada. Trata-se de
uma hipótese de cancelamento que tem a finalidade de manter a atualidade do
cadastro. Presume-se que aqueles que não votaram durante três pleitos segui-
dos morreram e não houve uma comunicação formal do oficial de registro civil.
Entretanto, o eleitor que não votar em três eleições consecutivas, mas justifi-
car sua ausência, não terá a sua inscrição eleitoral cancelada. Veja que a justifi-
cativa eleitoral afasta a possibilidade de retirada do nome do eleitor pelo fato do
não exercício do voto.
Você pode nos indagar: o eleitor pode justificar sua ausência quantas vezes?
Não há limitação legal. Poderá haver a justificação da ausência às eleições
tantas vezes quantas necessárias em razão de o eleitor não estar em seu domi-
cílio eleitoral.
Você pode ainda ter outra dúvida, e essa é muito cobrada em concursos: o elei-
tor para o qual o voto seja facultativo é necessária a justificação da ausência? Não.
Aliás, como nós abordamos na aula passada, aos eleitores cujo o exercício
do voto seja facultativo, ainda que deixem de votar e não justifiquem a ausência
por três eleições consecutivas, não será possível o cancelamento de sua inscri-
ção eleitoral.

Direto do TSE

Jurisprudência do TSE – Assegurado pela Constituição ao eleitor maior de


70 anos o exercício facultativo do voto, não se pode impor, por resolução, ao
eleitor com idade superior a 80 anos obrigação visando preservar a regularidade
de sua inscrição eleitoral. (RP n. 649; Rel. Min. Francisco Peçanha Martins)

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4. REVISÃO DE ELEITORADO

Esse instrumento permite à Justiça Eleitoral aferir se os eleitores inscritos em


uma zona ou município possuem efetivamente seus domicílios eleitorais nessas
localidades.
Assim, caro aluno, esse instrumento tem a finalidade de permitir que se mante-
nha a regularidade e atualidade das informações constantes do cadastro eleitoral.
Quando for convocada uma revisão de eleitoral, convoca-se todos os eleitores
para que possam se recadastrar e, para tanto, deverão comprovar seu domicílio
eleitoral por meio de apresentação de documentação ante a zona eleitoral ao qual
são inscritos. Constatadas as irregularidades, cancela-se as inscrições eleitorais
daqueles que, de forma irregular, forem inscritos perante o cartório eleitoral.
Para facilitar nosso estudo, vou dividir as hipóteses de revisão de eleitorado em:
• Revisão de eleitorado de ofício;
• Revisão de eleitorado mediante provocação.

Em qualquer caso, não se admite a realização de revisão de eleitorado em


ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando expressamente autori-
zada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Quanto à condução dos trabalhos afetos à revisão do eleitoral, compete ao
juiz eleitoral presidi-la, dando início aos procedimentos no prazo máximo de 30
dias, a contar da data da determinação do TRE ou TSE, conforme o caso.

Direto do concurso
(CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2009)
Com o propósito de coibir fraudes, o TSE pode determinar a revisão do eleitorado
de uma zona eleitoral ou mesmo de um município inteiro. Na situação em
apreço, o Poder Judiciário somente age mediante provocação, em razão do
princípio da inércia do juiz.

Gabarito: a assertiva está incorreta. É possível que, em determinadas situações,


o Tribunal Superior Eleitoral determine, de ofício, a revisão do eleitorado.

4.1 Revisão de Eleitorado de Ofício

Essa hipótese de revisão de eleitorado somente pode ser determinada pelo


TSE. Será feita independentemente de provocação, já que o Tribunal Superior
Eleitoral deverá agir de ofício.

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São as seguintes hipóteses que fazem com que seja determinada a realiza-
ção de revisão de eleitorado pelo TSE, de ofício:
• Quando o total de transferência de eleitores ocorrida no ano seja de 10%
superior ao do ano anterior;
• Quando o eleitorado for superior ao dobro da população entre 10 e 15
anos, somada à de idade superior a 70 anos do território do Município.
Para aplicação dessa disposição, deve-se pegar o número de pessoas que
possuam entre 10 e 15 anos de idade e somar ao número de pessoas que
possuam mais de 70 anos de idade. Se o número de eleitores for maior que
o dobro dessa soma, faz-se revisão de eleitorado de ofício.
• Quando o eleitorado for superior a 65% da população projetada para aquele
ano pelo IBGE.

Atenção!
A revisão de eleitorado de ofício somente pode ser determinada pelo Tribunal
Superior Eleitoral.

Direto do concurso
(CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2009)
Com o propósito de coibir fraudes, o TSE pode determinar a revisão do
eleitorado de uma zona eleitoral ou mesmo de um município inteiro. O TSE
deve determinar a revisão ou a correição, de ofício, quando o eleitorado for
superior a 65% da população projetada para aquele ano pelo IBGE.

Gabarito: a assertiva está correta. Cuidado! Há uma decisão do TSE que


diz que o TSE deve determinar, de ofício, a revisão de eleitorado quando o
eleitorado superar 80% da população projetada para aquele ano pelo IBGE.
Para concursos, isso está errado! Aplica-se o percentual de 65% para as
provas. Não esqueça!

4.2 Revisão de Eleitorado Mediante Provocação

A segunda possibilidade de realização da revisão de eleitorado somente pode


ocorrer se houver provocação por meio de denúncia. Essa hipótese é de com-
petência do Tribunal Regional Eleitoral, após aprovação pelo Tribunal Superior
Eleitoral.

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Pois bem! Vamos lá. Se houver uma denúncia fundamentada de fraude no


alistamento eleitoral de uma zona ou município, o TRE poderá determinar a rea-
lização de correição e, se a fraude for comprometedora, ordenará, após comuni-
car o TSE, a revisão do eleitorado.
Temos muitas informações importantes. Para facilitar, veremos os passos neces-
sários para que o TRE possa determinar a realização da revisão de eleitorado:
• Denúncia fundamentada de fraude no alistamento eleitoral – não é qual-
quer denúncia que viabiliza a revisão do eleitorado, mas deve haver um
mínimo de provas para embasar a informação trazida ao TRE;
• Essa denúncia deve ser apresentada ao TRE do Estado em que se cons-
tatou a fraude;
• O TRE determina a realização de uma correição para aferir a gravidade da
fraude;
• Se a fraude for comprometedora, o TRE determina a realização da revisão
de eleitoral, após comunicação endereçada ao TSE.

Direto do concurso
(CESPE/TRE-MA/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006)
Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona
ou município, o TRE pode determinar a realização de correição e, provada a
fraude em proporção comprometedora, deve ordenar a revisão do eleitorado,
com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos títulos que
não forem apresentados à revisão, e deve comunicar a decisão ao TSE.

Gabarito: a assertiva está correta.

4.3 Procedimento da Revisão de Eleitorado

De posse da listagem e do caderno de revisão, cabe ao juiz eleitoral publicar,


com antecedência mínima de cinco dias do início do processo revisional, edital
para dar conhecimento da revisão aos eleitores cadastrados no(s) município(s)
ou zona(s), convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no cartório ou
nos postos criados, em datas previamente especificadas, para que se proceda a
revisão de suas inscrições eleitorais.
Esse edital que será publicado pelo juiz eleitoral precisa:
• Dar ciência aos eleitores de que: estarão obrigados a comparecer à revi-
são para confirmarem seu domicílio, sob pena de cancelamento da inscri-
ção, sem prejuízo das sanções cabíveis, se constatada irregularidade; e,
para tanto, deverão se apresentar munidos de documento de identidade,
comprovante de domicílio e título eleitoral ou documento comprobatório da
condição de eleitor ou de terem requerido inscrição ou transferência para o
município ou zona;

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• Estabelecer a data do início e do término da revisão; o período e a área


abrangidos; e dias e locais onde serão instalados os postos de revisão;
• Ser disponibilizado no fórum da comarca, nos cartórios eleitorais, repar-
tições públicas e locais de acesso ao público em geral, dele se fazendo
ampla divulgação, por um mínimo de três dias consecutivos, por meio da
imprensa escrita, falada e televisada, se houver, e por quaisquer outros
meios que possibilitem seu pleno conhecimento por todos os interessados,
o que deverá ser feito sem ônus para a Justiça Eleitoral.

Da mesma forma que o alistamento eleitoral, somente poderá ser feito pesso-
almente pelo eleitor. Portanto, exige-se o comparecimento do próprio eleitor na
revisão, o qual deverá apresentar documentos relativos à sua qualificação e de
comprovação do seu domicílio eleitoral.
A comprovação do domicílio eleitoral poderá ser feita mediante um ou mais
documentos dos quais se infira ser o eleitor residente ou ter vínculo profissional,
patrimonial ou comunitário no município a abonar a residência exigida. Na hipó-
tese de ser a prova de domicílio feita mediante apresentação de contas de luz,
água ou telefone, nota fiscal ou envelopes de correspondência, estes deverão
ter sido, respectivamente, emitidos ou expedidos no período compreendido entre
os 12 e 3 meses anteriores ao início do processo revisional.
Por sua vez, se a prova de domicílio for feita mediante apresentação de
cheque bancário, este só poderá ser aceito se dele constar o endereço do cor-
rentista.
Em ambas as situações, se juiz eleitoral julgar necessário, poderá exigir o
reforço, por outros meios de convencimento, da prova de domicílio quando pro-
duzida pelos documentos acima mencionados.
Por fim, é possível a verificação in loco, pelo juiz eleitoral, desde que haja
dúvida da idoneidade do comprovante de domicílio apresentado ou ocorrendo a
impossibilidade de apresentação de documento que indique o domicílio do elei-
tor, declarando este, sob as penas da lei, que tem domicílio no município.
Após os trabalhos de revisão, o juiz eleitoral deve ouvir o Ministério Público
e, após, determinará o cancelamento das inscrições eleitorais. Esse cancela-
mento dependerá de homologação pelo Tribunal Regional Eleitoral do respectivo
estado.
Enfim, caro aluno, tratamos sobre os principais aspectos relacionados à revi-
são de eleitoral. Daqui a pouco reproduziremos os dispositivos da Res. TSE
n. 21.538/2003 relacionados ao procedimento de revisão de eleitorado para
que você aprenda sobre esse importante instituto para as provas de concursos
públicos, especialmente da Justiça Eleitoral.

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5. HIPÓTESE DO ILÍCITO PENAL

Dentre as hipóteses de cancelamento da inscrição eleitoral, previstas no art. 71


do Código Eleitoral, tem-se a duplicidade ou pluralidade de inscrição eleitoral. Isso
porque cada eleitor somente pode ter uma única inscrição eleitoral. Se for consta-
tada a existência de mais de uma, deve-se cancelar as excedentes.
Uma questão recorrente, que cai bastante em prova, é: quais são os critérios
utilizados para a escolha da inscrição a ser cancelada?
Esses critérios estão estabelecidos na Resolução do Alistamento Eleitoral e
devem ser utilizados de forma preferencial, de acordo com a ordem apresentada
pela legislação.

Atenção!
Vamos mostrar a vocês 5 critérios ordenados que devem ser utilizados pelo
Juiz Eleitoral, os quais determinam a inscrição a ser cancelada. Desse modo,
tenta-se resolver a duplicidade utilizando-se o 1º critério; não se obtendo êxito,
passa-se ao segundo; e, assim sucessivamente, até que o problema seja
solucionado.

Assim, deve-se cancelar, preferencialmente:

1º A inscrição mais recente, efetuada em contrariedade às instruções em


vigor.
2º A inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral do eleitor;
3º A inscrição que se refira ao título que não tenha sido entregue ao eleitor;
4º A inscrição que se refira ao título que não tenha sido utilizado para votas
na última eleição;
5º A inscrição mais antiga.

Atenção!
A 1ª hipótese de cancelamento da inscrição eleitoral não determina o
cancelamento da inscrição mais recente. Determina-se o cancelamento da
inscrição mais recente efetuada em contrariedade às instruções em vigor.

Após a solução das duplicidades e pluralidades, e tomadas as providências


cabíveis para a regularização da situação eleitoral, deve-se encaminhar os autos
do procedimento em que foi constatada a irregularidade ao Ministério Público

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para que este possa aferir a possível ocorrência de crime eleitoral. Isso porque,
de acordo com art. 289 do Código Eleitoral, inscrever-se de forma fraudulenta
constitui crime eleitoral.
Entretanto, não se deve encaminhar os autos do procedimento ao Ministério
Público caso esteja evidente que houve falha dos serviços eleitorais.
Uma vez recebido os autos do processo da duplicidade ou pluralidade e
havendo indícios de ilícito penal eleitoral a ser apurado, o processo será reme-
tido, pela autoridade judiciária competente, à Polícia Federal para a instauração
do inquérito policial.
Pessoal, o inquérito policial tem a finalidade de reunir provas de materialidade
e de indícios de autoria para subsidiar o Ministério Público a oferecer a denúncia
para a punição do crime eleitoral. No âmbito do processo penal, não se admite
o início da persecução penal sem um mínimo de elementos que comprovem a
existência do crime.
É exatamente para isso que o inquérito policial deve ser instaurado pela Polí-
cia Federal: para permitir que o Ministério Público possa dar início ao processo
penal para a punição do eventual crime eleitoral.
Após a conclusão do inquérito policial, os autos serão encaminhados pela
autoridade policial ao juiz eleitoral a quem couber a decisão na esfera penal.
Recebidos os autos, o juiz os encaminhará ao Ministério Público para que:
• Ofereça a denúncia – nessa hipótese, poderá ocorrer o início do processo
penal;
• Requerer a realização de novas diligências pela autoridade policial;
• Fazer pedido de arquivamento.

Nas hipóteses de arquivamento do inquérito policial ou após o julgamento


do pedido formulado na denúncia, o juiz eleitoral deverá comunicar a decisão
tomada à autoridade judiciária que determinou sua instauração, para que sejam
tomadas as medidas cabíveis no âmbito administrativo.
De outra forma, caso não se trate de ocorrência de ilícito penal eleitoral a ser
apurado, os autos deverão ser arquivados na zona eleitoral em que o eleitor for
inscrito de forma regular.
Por hoje é só! Não deixe de analisar a Res. TSE n. 21.538/2003. Ela é de
suma importância e bastante cobrada em provas de concursos públicos.
Na próxima aula, estudaremos os partidos políticos.

Deus os abençoe e até a próxima.

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RESUMO DA AULA

Para fins de fixação da matéria estudada, vamos ao resumo da aula:


• O título eleitoral é o documento que deve ser emitido obrigatoriamente por
computador;
• O título eleitoral deve ser impresso nas cores preto e verde, em frente e
verso, nas dimensões 9,5 x 6,0 cm;
• A data da emissão do título eleitoral, nos casos de alistamento, transferên-
cia, revisão e segunda via, é a data do preenchimento do requerimento;
• O título eleitoral somente pode ser entregue pessoalmente ao eleitor;
• O título eleitoral prova a quitação com a Justiça Eleitoral até a data de sua
emissão;
• As informações constantes do cadastro eleitoral são acessíveis às institui-
ções públicas e privadas e às pessoas físicas;
• Os dados de natureza personalizada do eleitor são reservadas e, em regra,
não podem ser fornecidas;
• As informações de caráter personalizado poderão ser fornecidas ao próprio
eleitoral; ao juiz e ao membros do Ministério Público; às entidades autoriza-
das pelo TSE, desde que haja reciprocidade de interesses; e aos partidos
políticos, por meio de seus órgãos nacionais;
• O eleitor que, no dia da eleição, estiver em território nacional, terá 60 dias
para justificar a sua ausência, a contar da data da eleição;
• O eleitor que, no dia da eleição, estiver no exterior, terá 30 dias para justifi-
car a sua ausência, a contar da data do retorno ao País;
• O eleitor que deixar de votar em três eleições consecutivas terá sua inscri-
ção eleitoral cancelada, salvo se justificar sua ausência ou quitar a multa.
• Os eleitores, cujo exercício do voto seja facultativo, ainda que deixem de
votar e não justifiquem a sua ausência por três eleições consecutivas, não
será possível o cancelamento de suas inscrições eleitorais;
• Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento eleitoral,
o TRE pode determinar a realização de correição e, se a fraude for compro-
metedora, determinará a realização de revisão de eleitorado, após comu-
nicar o TSE;
• O TSE, de ofício, determinará a realização de revisão de eleitorado quando
o número de transferências eleitorais do ano em curso for superior em 10%
ao do ano anterior; quando o número de eleitores for maior que 65% da
população projetada pelo IBGE; e quando o número de eleitores for supe-
rior ao dobro da soma das pessoas que possuam entre 10 e 15 anos mais
as pessoas com mais de 70 anos;

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• A duplicidade ou pluralidade de inscrição eleitoral acarreta o cancelamento


da inscrição;
• Após decidida a duplicidade ou pluralidade, deve-se encaminhar os autos
do procedimento de duplicidade ou pluralidade para o Ministério Público;
• Caso necessário, o juiz eleitoral requisitará à Polícia Federal a instauração
de inquérito policial para a coleta de prova de materialidade e indícios de
autoria.

Apresentado o resumo da matéria, vamos trazer a você o texto normativo


aplicável a nossa aula.

TEXTO LEGAL

RESOLUÇÃO TSE N. 21.538/2003

DO TÍTULO ELEITORAL

Art. 22. O título eleitoral será confeccionado com características, formas e


especificações constantes do modelo anexo II.
Parágrafo único. O título eleitoral terá as dimensões de 9,5x6,0 cm, será con-
feccionado em papel com marca d'água e peso de 120g/m2, impresso nas cores
preto e verde, em frente e verso, tendo como fundo as Armas da República, e
será contornado por serrilha.
Art. 23. O título eleitoral será emitido, obrigatoriamente, por computador e
dele constarão, em espaços próprios, o nome do eleitor, a data de nascimento,
a unidade da Federação, o município, a zona e a seção eleitoral onde vota, o
número da inscrição eleitoral, a data de emissão, a assinatura do juiz eleitoral, a
assinatura do eleitor ou a impressão digital de seu polegar, bem como a expres-
são "segunda via", quando for o caso.
§ 1º Os tribunais regionais poderão autorizar, na emissão on-line de títulos
eleitorais e em situações excepcionais, a exemplo de revisão de eleitorado, reca-
dastramento ou rezoneamento, o uso, mediante rígido controle, de impressão
da assinatura (chancela) do presidente do Tribunal Regional Eleitoral respectivo,
em exercício na data da autorização, em substituição à assinatura do juiz eleito-
ral da zona, nos títulos eleitorais.
§ 2º Nas hipóteses de alistamento, transferência, revisão e segunda via, a
data da emissão do título será a de preenchimento do requerimento.

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Art. 24. Juntamente com o título eleitoral, será emitido protocolo de entrega


do título eleitoral (Pete) (canhoto), que conterá o número de inscrição, o nome do
eleitor e de sua mãe e a data de nascimento, com espaços, no verso, destinados
à assinatura do eleitor ou aposição da impressão digital de seu polegar, se não
souber assinar, à assinatura do servidor do cartório responsável pela entrega e o
número de sua inscrição eleitoral, bem como à data de recebimento.
§ 1º O título será entregue, no cartório ou no posto de alistamento, pessoal-
mente ao eleitor, vedada a interferência de pessoas estranhas à Justiça Eleitoral.
§ 2º Antes de efetuar a entrega do título, comprovada a identidade do eleitor e
a exatidão dos dados inseridos no documento, o servidor destacará o título elei-
toral e colherá a assinatura ou a impressão digital do polegar do eleitor, se não
souber assinar, no espaço próprio constante do canhoto.
Art. 25. No período de suspensão do alistamento, não serão recebidos reque-
rimentos de alistamento ou transferência (Lei n. 9.504/1997, art. 91, caput).
Parágrafo único. O processamento reabrir-se-á em cada zona logo que este-
jam concluídos os trabalhos de apuração em âmbito nacional (Código Eleitoral,
art. 70).
Art. 26. O título eleitoral prova a quitação do eleitor para com a Justiça Elei-
toral até a data de sua emissão.

DO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DO CADASTRO

Art. 29. As informações constantes do cadastro eleitoral serão acessíveis às


instituições públicas e privadas e às pessoas físicas, nos termos desta resolução
(Lei n. 7.444/1985, art. 9º, I).
§ 1º Em resguardo da privacidade do cidadão, não se fornecerão informações
de caráter personalizado constantes do cadastro eleitoral.
2º Consideram-se, para os efeitos deste artigo, como informações personali-
zadas, relações de eleitores acompanhadas de dados pessoais (filiação, data de
nascimento, profissão, estado civil, escolaridade, telefone e endereço).
§ 3º Excluem-se da proibição de que cuida o § 1º os pedidos relativos a pro-
cedimento previsto na legislação eleitoral e os formulados:
a) pelo eleitor sobre seus dados pessoais;
b) por autoridade judicial e pelo Ministério Público, vinculada a utilização das
informações obtidas, exclusivamente, às respectivas atividades funcionais;
c) por entidades autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, desde que exista
reciprocidade de interesses (Lei n. 7.444/1985, art. 4º).

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Art. 30. Os tribunais e juízes eleitorais poderão, no âmbito de suas juris-


dições, autorizar o fornecimento a interessados, desde que sem ônus para a
Justiça Eleitoral e disponíveis em meio magnético, dos dados de natureza esta-
tística levantados com base no cadastro eleitoral, relativos ao eleitorado ou ao
resultado de pleito eleitoral, salvo quando lhes for atribuído caráter reservado.
Art. 31. Os juízes e os tribunais eleitorais não fornecerão dados do cadastro
de eleitores não pertencentes a sua jurisdição, salvo na hipótese do art. 82 desta
resolução.
Art. 32. O uso dos dados de natureza estatística do eleitorado ou de pleito
eleitoral obriga a quem os tenha adquirido a citar a fonte e a assumir responsa-
bilidade pela manipulação inadequada ou extrapolada das informações obtidas.

DA JUSTIFICAÇÃO DO NÃO COMPARECIMENTO À ELEIÇÃO

Art. 80. O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleito-
ral até 60 dias após a realização da eleição incorrerá em multa imposta pelo juiz
eleitoral e cobrada na forma prevista nos arts. 7º e 367 do Código Eleitoral, no
que couber, e 85 desta resolução.
§ 1º Para eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo de que
trata o caput será de 30 dias, contados do seu retorno ao país.
§ 2º O pedido de justificação será sempre dirigido ao juiz eleitoral da zona de
inscrição, podendo ser formulado na zona eleitoral em que se encontrar o eleitor,
a qual providenciará sua remessa ao juízo competente.
§ 3º Indeferido o requerimento de justificação ou decorridos os prazos de que
cuidam o caput e os §§ 1º e 2º, deverá ser aplicada multa ao eleitor, podendo,
após o pagamento, ser-lhe fornecida certidão de quitação.
§ 4º A fixação do valor da multa pelo não-exercício do voto observará o que
dispõe o art. 85 desta resolução e a variação entre o mínimo de 3% e o máximo
de 10% do valor utilizado como base de cálculo.
§ 5º A justificação da falta ou o pagamento da multa serão anotados no cadastro.
§ 6º Será cancelada a inscrição do eleitor que se abstiver de votar em três
eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou
efetuado o pagamento de multa, ficando excluídos do cancelamento os eleitores
que, por prerrogativa constitucional, não estejam obrigados ao exercício do voto
(suprimido).
§ 7º Para o cancelamento a que se refere o § 6º, a Secretaria de Informática
colocará à disposição do juiz eleitoral do respectivo domicílio, em meio magné-
tico ou outro acessível aos cartórios eleitorais, relação dos eleitores cujas ins-
crições são passíveis de cancelamento, devendo ser afixado edital no cartório
eleitoral.

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§ 8º Decorridos 60 dias da data do batimento que identificar as inscrições


sujeitas a cancelamento, mencionadas no § 7º, inexistindo comando de quais-
quer dos códigos FASE "078 – Quitação mediante multa", "108 – Votou em sepa-
rado", "159 – Votou fora da seção" ou "167 – Justificou ausência às urnas", ou
processamento das operações de transferência, revisão ou segunda via, a ins-
crição será automaticamente cancelada pelo sistema, mediante código FASE
"035 – Deixou de votar em três eleições consecutivas", observada a exceção
contida no § 6º.
Art. 81. O documento de justificação formalizado perante a Justiça Eleitoral,
no dia da eleição, prova a ausência do eleitor do seu domicílio eleitoral.
§ 1º A justificação será formalizada em impresso próprio fornecido pela Jus-
tiça Eleitoral ou, na falta do impresso, digitado ou manuscrito.
§ 2º O encarregado do atendimento entregará ao eleitor o comprovante, que
valerá como prova da justificação, para todos os efeitos legais (Lei n. 6.091/1974,
art. 16 e parágrafos).
§ 3º Os documentos de justificação entregues em missão diplomática ou
repartição consular brasileira serão encaminhados ao Ministério das Relações
Exteriores, que deles fará entrega ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Fede-
ral para processamento.
§ 4º Os documentos de justificação preenchidos com dados insuficientes ou
inexatos, que impossibilitem a identificação do eleitor no cadastro eleitoral, terão
seu processamento rejeitado pelo sistema, o que importará débito para com a
Justiça Eleitoral.
§ 5º Os procedimentos estipulados neste artigo serão observados sem pre-
juízo de orientações específicas que o Tribunal Superior Eleitoral aprovar para o
respectivo pleito.
Art. 82. O eleitor que não votar e não pagar a multa, caso se encontre fora de
sua zona e necessite prova de quitação com a Justiça Eleitoral, poderá efetuar
o pagamento perante o juízo da zona em que estiver (Código Eleitoral, art. 11).
§ 1º A multa será cobrada no máximo previsto, salvo se o eleitor quiser aguar-
dar que o juiz da zona em que se encontrar solicite informações sobre o arbitra-
mento ao juízo da inscrição.
§ 2º Efetuado o pagamento, o juiz que recolheu a multa fornecerá certidão de
quitação e determinará o registro da informação no cadastro.
§ 3º O alistando ou o eleitor que comprovar, na forma da lei, seu estado de
pobreza, perante qualquer juízo eleitoral, ficará isento do pagamento da multa
(Código Eleitoral, art. 367, § 3º).
§ 4º O eleitor que estiver quite com suas obrigações eleitorais poderá reque-
rer a expedição de certidão de quitação em zona eleitoral diversa daquela em
que é inscrito (Res. TSE n. 20.497, de 21/10/1999).

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DA REVISÃO DE ELEITORADO

Art. 58. Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de


uma zona ou município, o Tribunal Regional Eleitoral poderá determinar a rea-
lização de correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, orde-
nará, comunicando a decisão ao Tribunal Superior Eleitoral, a revisão do eleito-
rado, obedecidas as instruções contidas nesta resolução e as recomendações
que subsidiariamente baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições cor-
respondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão (Código Eleito-
ral, art. 71, § 4º).
§ 1º O Tribunal Superior Eleitoral determinará, de ofício, a revisão ou correi-
ção das zonas eleitorais sempre que:
I – o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez
por cento superior ao do ano anterior;
II – o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos,
somada à de idade superior a setenta anos do território daquele município;
III – o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população pro-
jetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(Lei n. 9.504/1997, art. 92).
§ 2º Não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situ-
ações excepcionais, quando autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Caberá à Secretaria de Informática apresentar, anualmente, até o mês
de outubro, à presidência do Tribunal Superior Eleitoral, estudo comparativo que
permita a adoção das medidas concernentes ao cumprimento da providência
prevista no § 1º.
Art. 59. O Tribunal Regional Eleitoral, por intermédio da Corregedoria Regio-
nal, inspecionará os serviços de revisão (Res. TSE n. 7.651/1965, art. 8º).
Art. 60. O juiz eleitoral poderá determinar a criação de postos de revisão, que
funcionarão em datas fixadas no edital a que se refere o art. 63 e em período não
inferior a seis horas, sem intervalo, inclusive aos sábados e, se necessário, aos
domingos e feriados.
§ 1º Nas datas em que os trabalhos revisionais estiverem sendo realizados
nos postos de revisão, o cartório sede da zona poderá, se houver viabilidade,
permanecer com os serviços eleitorais de rotina.
§ 2º Após o encerramento diário do expediente nos postos de revisão, a lista-
gem geral e o caderno de revisão deverão ser devidamente guardados em local
seguro e previamente determinado pelo juiz eleitoral.
§ 3º Os serviços de revisão encerrar-se-ão até as 18 horas da data especifi-
cada no edital de que trata o art. 63 desta resolução.

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§ 4º Existindo, na ocasião do encerramento dos trabalhos, eleitores aguar-


dando atendimento, serão distribuídas senhas aos presentes, que serão convi-
dados a entregar ao juiz eleitoral seus títulos eleitorais para que sejam admitidos
à revisão, que continuará se processando em ordem numérica das senhas até
que todos sejam atendidos, sem interrupção dos trabalhos.
Art. 61. Aprovada a revisão de eleitorado, a Secretaria de Informática, ou órgão
regional por ela indicado, emitirá ou colocará à disposição, em meio magnético,
listagem geral do cadastro, contendo relação completa dos eleitores regulares
inscritos e/ou transferidos no período abrangido pela revisão no(s) município(s)
ou zona(s) a ela sujeito(s), bem como o correspondente caderno de revisão, do
qual constará comprovante destacável de comparecimento (canhoto).
Parágrafo único. A listagem geral e o caderno de revisão serão emitidos em
única via, englobarão todas as seções eleitorais referentes à zona ou município
objeto da revisão e serão encaminhados, por intermédio da respectiva Correge-
doria Regional, ao juiz eleitoral da zona onde estiver sendo realizada a revisão.
Art. 62. A revisão do eleitorado deverá ser sempre presidida pelo juiz eleitoral
da zona submetida à revisão.
§ 1º O juiz eleitoral dará início aos procedimentos revisionais no prazo máximo
de 30 dias, contados da aprovação da revisão pelo Tribunal competente.
§ 2º A revisão deverá ser precedida de ampla divulgação, destinada a orientar
o eleitor quanto aos locais e horários em que deverá se apresentar, e proces-
sada em período estipulado pelo Tribunal Regional Eleitoral, não inferior a 30
dias (Lei n. 7.444/1985, art. 3º, § 1º).
§ 3º A prorrogação do prazo estabelecido no edital para a realização da revi-
são, se necessária, deverá ser requerida pelo juiz eleitoral, em ofício fundamen-
tado, dirigido à presidência do Tribunal Regional Eleitoral, com antecedência
mínima de cinco dias da data do encerramento do período estipulado no edital.
Art. 63. De posse da listagem e do caderno de revisão, o juiz eleitoral deverá
fazer publicar, com antecedência mínima de cinco dias do início do processo revi-
sional, edital para dar conhecimento da revisão aos eleitores cadastrados no(s)
município(s) ou zona(s), convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no
cartório ou nos postos criados, em datas previamente especificadas, atendendo
ao disposto no art. 62, a fim de procederem às revisões de suas inscrições.
Parágrafo único. O edital de que trata o caput deverá:
I – dar ciência aos eleitores de que:
a) estarão obrigados a comparecer à revisão a fim de confirmarem seu domi-
cílio, sob pena de cancelamento da inscrição, sem prejuízo das sanções cabí-
veis, se constatada irregularidade;

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b) deverão se apresentar munidos de documento de identidade, comprovante


de domicílio e título eleitoral ou documento comprobatório da condição de elei-
tor ou de terem requerido inscrição ou transferência para o município ou zona
(Código Eleitoral, art. 45).
II – estabelecer a data do início e do término da revisão, o período e a área
abrangidos, e dias e locais onde serão instalados os postos de revisão;
III – ser disponibilizado no fórum da comarca, nos cartórios eleitorais, repar-
tições públicas e locais de acesso ao público em geral, dele se fazendo ampla
divulgação, por um mínimo de três dias consecutivos, por meio da imprensa
escrita, falada e televisada, se houver, e por quaisquer outros meios que possibi-
litem seu pleno conhecimento por todos os interessados, o que deverá ser feito
sem ônus para a Justiça Eleitoral.
Art. 64. A prova de identidade só será admitida se feita pelo próprio eleitor
mediante apresentação de um ou mais dos documentos especificados no art. 13
desta resolução.
Art. 65. A comprovação de domicílio poderá ser feita mediante um ou mais
documentos dos quais se infira ser o eleitor residente ou ter vínculo profissional,
patrimonial ou comunitário no município a abonar a residência exigida.
§ 1º Na hipótese de ser a prova de domicílio feita mediante apresentação de
contas de luz, água ou telefone, nota fiscal ou envelopes de correspondência,
estes deverão ter sido, respectivamente, emitidos ou expedidos no período com-
preendido entre os 12 e 3 meses anteriores ao início do processo revisional.
§ 2º Na hipótese de ser a prova de domicílio feita mediante apresentação de
cheque bancário, este só poderá ser aceito se dele constar o endereço do cor-
rentista.
§ 3º O juiz eleitoral poderá, se julgar necessário, exigir o reforço, por outros
meios de convencimento, da prova de domicílio quando produzida pelos docu-
mentos elencados nos §§ 1º e 2º.
§ 4º Subsistindo dúvida quanto à idoneidade do comprovante de domicílio
apresentado ou ocorrendo a impossibilidade de apresentação de documento que
indique o domicílio do eleitor, declarando este, sob as penas da lei, que tem domi-
cílio no município, o juiz eleitoral decidirá de plano ou determinará as providên-
cias necessárias à obtenção da prova, inclusive por meio de verificação in loco.
Art. 66. A revisão de eleitorado ficará submetida ao direto controle do juiz elei-
toral e à fiscalização do representante do Ministério Público que oficiar perante
o juízo.
Art. 67. O juiz eleitoral deverá dar conhecimento aos partidos políticos da
realização da revisão, facultando-lhes, na forma prevista nos arts. 27 e 28 desta
resolução, acompanhamento e fiscalização de todo o trabalho.

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Art. 68. O juiz eleitoral poderá requisitar diretamente às repartições públicas


locais, observados os impedimentos legais, tantos auxiliares quantos bastem
para o desempenho dos trabalhos, bem como a utilização de instalações de pré-
dios públicos.
Art. 69. O juiz eleitoral determinará o registro, no caderno de revisão, da regu-
laridade ou não da inscrição do eleitor, observados os seguintes procedimentos:
a) o servidor designado pelo juiz eleitoral procederá à conferência dos dados
contidos no caderno de revisão com os documentos apresentados pelo eleitor;
b) comprovados a identidade e o domicílio eleitoral, o servidor exigirá do eleitor
que aponha sua assinatura ou a impressão digital de seu polegar no caderno de
revisão, e entregar-lhe-á o comprovante de comparecimento à revisão (canhoto);
c) o eleitor que não apresentar o título eleitoral deverá ser considerado como
revisado, desde que atendidas as exigências dos arts. 64 e 65 desta resolução
e que seu nome conste do caderno de revisão;
d) constatada incorreção de dado identificador do eleitor constante do cadas-
tro eleitoral, se atendidas as exigências dos arts. 64 e 65 desta resolução, o
eleitor deverá ser considerado revisado e orientado a procurar o cartório eleitoral
para a necessária retificação;
e) o eleitor que não comprovar sua identidade ou domicílio não assinará o
caderno de revisão nem receberá o comprovante revisional;
f) o eleitor que não constar do caderno de revisão, cuja inscrição pertença
ao período abrangido pela revisão, deverá ser orientado a procurar o cartório
eleitoral para regularizar sua situação eleitoral, na forma estabelecida nesta
resolução.
Art. 70. Na revisão mediante sistema informatizado, observar-se-ão, no que
couber, os procedimentos previstos no art. 69.
Parágrafo único. Nas situações descritas nas alíneas d e f do art. 69, o elei-
tor poderá requerer, desde que viável, regularização de sua situação eleitoral no
próprio posto de revisão.
Art. 71. Se o eleitor possuir mais de uma inscrição liberada ou regular no
caderno de revisão, apenas uma delas poderá ser considerada revisada.
Parágrafo único. Na hipótese do caput, deverá(ão) ser formalmente recolhido(s)
e inutilizado(s) o(s) título(s) encontrado(s) em poder do eleitor referente(s) à(s)
inscrição(ões) que exigir(em) cancelamento.
Art. 72. Compete ao Tribunal Regional Eleitoral autorizar, excetuadas as
hipóteses previstas no § 1º do art. 58 desta resolução, a alteração do período e/
ou da área abrangidos pela revisão, comunicando a decisão ao Tribunal Superior
Eleitoral.

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Art. 73. Concluídos os trabalhos de revisão, ouvido o Ministério Público, o juiz


eleitoral deverá determinar o cancelamento das inscrições irregulares e daque-
las cujos eleitores não tenham comparecido, adotando as medidas legais cabí-
veis, em especial quanto às inscrições consideradas irregulares, situações de
duplicidade ou pluralidade e indícios de ilícito penal a exigir apuração.
Parágrafo único. O cancelamento das inscrições de que trata o caput somente
deverá ser efetivado no sistema após a homologação da revisão pelo Tribunal
Regional Eleitoral.
Art. 74. A sentença de cancelamento deverá ser específica para cada muni-
cípio abrangido pela revisão e prolatada no prazo máximo de dez dias contados
da data do retorno dos autos do Ministério Público, podendo o Tribunal Regional
Eleitoral fixar prazo inferior.
§ 1º A sentença de que trata o caput deverá:
I – relacionar todas as inscrições que serão canceladas no município;
II – ser publicada a fim de que os interessados e, em especial, os eleitores
cancelados, exercendo a ampla defesa, possam recorrer da decisão.
§ 2º Contra a sentença a que se refere este artigo, caberá, no prazo de três
dias, contados da publicidade, o recurso previsto no art. 80 do Código Eleitoral e
serão aplicáveis as disposições do art. 257 do mesmo diploma legal.
§ 3º No recurso contra a sentença a que se refere este artigo, os interessa-
dos deverão especificar a inscrição questionada, relatando fatos e fornecendo
provas, indícios e circunstâncias ensejadoras da alteração pretendida.
Art. 75. Transcorrido o prazo recursal, o juiz eleitoral fará minucioso relatório
dos trabalhos desenvolvidos, que encaminhará, com os autos do processo de
revisão, à Corregedoria Regional Eleitoral.
Parágrafo único. Os recursos interpostos deverão ser remetidos, em autos
apartados, à presidência do Tribunal Regional Eleitoral.
Art. 76. Apreciado o relatório e ouvido o Ministério Público, o corregedor
regional eleitoral:
I – indicará providências a serem tomadas, se verificar a ocorrência de vícios
comprometedores à validade ou à eficácia dos trabalhos;
II – submetê-lo-á ao Tribunal Regional, para homologação, se entender pela
regularidade dos trabalhos revisionais.

DA HIPÓTESE DE ILÍCITO PENAL

Art. 48. Decidida a duplicidade ou pluralidade e tomadas as providências de


praxe, se duas ou mais inscrições em cada grupo forem atribuídas a um mesmo
eleitor, excetuados os casos de evidente falha dos serviços eleitorais, os autos
deverão ser remetidos ao Ministério Público Eleitoral.

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§ 1º Manifestando-se o Ministério Público pela existência de indício de ilícito


penal eleitoral a ser apurado, o processo deverá ser remetido, pela autoridade
judiciária competente, à Polícia Federal para instauração de inquérito policial.
§ 2º Inexistindo unidade regional do Departamento de Polícia Federal na loca-
lidade onde tiver jurisdição o juiz eleitoral a quem couber decisão a respeito, a
remessa das peças informativas poderá ser feita por intermédio das respectivas
corregedorias regionais eleitorais.
§ 3º Concluído o apuratório ou no caso de pedido de dilação de prazo, o
inquérito policial a que faz alusão o § 1º deverá ser encaminhado, pela autori-
dade policial que o presidir, ao juiz eleitoral a quem couber decisão a respeito na
esfera penal.
§ 4º Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juiz eleitoral comunicará,
sendo o caso, a decisão tomada à autoridade judiciária que determinou sua ins-
tauração, com a finalidade de tornar possível a adoção de medidas cabíveis na
esfera administrativa.
§ 5º A espécie, no que lhe for aplicável, será regida pelas disposições do
Código Eleitoral e, subsidiariamente, pelas normas do Código de Processo Penal.
§ 6º Não sendo cogitada a ocorrência de ilícito penal eleitoral a ser apurado,
os autos deverão ser arquivados na zona eleitoral onde o eleitor possuir inscri-
ção regular.
Art. 49. Os procedimentos a que se refere esta resolução serão adotados
sem prejuízo da apuração de responsabilidade de qualquer ordem, seja de elei-
tor, de servidor da Justiça Eleitoral ou de terceiros, por inscrição fraudulenta ou
irregular.
Parágrafo único. Qualquer eleitor, partido político ou Ministério Público poderá
se dirigir formalmente ao juiz eleitoral, corregedor regional ou geral, no âmbito de
suas respectivas competências, relatando fatos e indicando provas para pedir aber-
tura de investigação com o fim de apurar irregularidade no alistamento eleitoral.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2007)


O título eleitoral deve ter as dimensões de 10 cm × 5 cm e ser impresso nas
cores preto, verde e azul, em frente e verso.

2. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006)


O título eleitoral pode ser emitido por computador ou por qualquer outro meio
eletrônico, desde que conste o nome do eleitor, sua data de nascimento e a
seção eleitoral onde vota.

3. (  ) (CESPE/ TRE-GO /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Nas hipóteses de alistamento, transferência, revisão e segunda
via, a data da emissão do título será a de preenchimento do requerimento.

4. (  ) (CESPE/ TRE-TO /ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2005) A data da emissão do título eleitoral, na hipótese de alistamento e
transferência, é a da entrega do título ao eleitor.

5. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006)


O servidor da justiça eleitoral pode entregar o título eleitoral diretamente ao
eleitor ou a qualquer parente consanguíneo ou afim até o segundo grau.

6. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006)


Até a data de sua emissão, o título eleitoral faz prova de quitação do eleitor
para com a justiça eleitoral.

7. (  ) (CESPE/TRE-MA /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Ao juiz eleitoral é defeso fornecer informações do cadastro senão
ao próprio eleitor.

8. (  ) (CESPE/ TRE-GO /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) As informações constantes do cadastro eleitoral são acessíveis às
instituições públicas e privadas e às pessoas físicas, nos termos do que estabe-
lece resolução do TSE, ressalvadas as informações de caráter personalizado.

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9. (  ) (CESPE/ TRE-BA /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2010) É garantido a toda instituição pública o acesso às informações
constantes do cadastro eleitoral inerentes a relações de eleitores acompa-
nhadas de dados como filiação do eleitor bem como sua data de nascimento.

10. (  ) (CESPE/ TRE-GO /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Como regra, e em atenção ao princípio da publicidade, os juízes
e os tribunais estão autorizados a fornecer dados do cadastro de eleitores,
pertencentes ou não à sua jurisdição.

11. (  ) (CESPE/TRE-MA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2006) Após decidida a duplicidade ou a pluralidade de inscrições eleito-
rais, os autos devem ser remetidos ao Ministério Público Eleitoral, excetua-
dos os casos de evidente falha dos serviços eleitorais.

12. (   ) (CESPE/TSE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/2006)


Proferida decisão acerca de pluralidade de inscrição eleitoral, verificou-se
que duas inscrições foram atribuídas a Fernando, eleitor do estado de Goiás.
Se o Ministério Público considerar que houve indício de ilícito penal eleitoral,
por parte de Fernando, deverá remeter os autos à Polícia Civil do Estado de
Goiás.

13. (  ) (CESPE/TRE-MA/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2006) Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento
de uma zona ou município, o TRE pode determinar a realização de correição
e, provada a fraude em proporção comprometedora, deve ordenar a revisão
do eleitorado, com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes
aos títulos que não forem apresentados à revisão, e deve comunicar a deci-
são ao TSE.

14. (  ) (CESPE/TRE-MA /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Com o propósito de coibir fraudes, o TSE pode determinar a revi-
são do eleitorado de uma zona eleitoral ou mesmo de um município inteiro. É
descabida a revisão eleitoral em razão de transferência de eleitores.

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15. (  ) (CESPE/TRE-MA /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Com o propósito de coibir fraudes, o TSE pode determinar a revi-
são do eleitorado de uma zona eleitoral ou mesmo de um município inteiro. O
TSE deve determinar a revisão ou a correição, de ofício, quando o eleitorado
for superior a 65% da população projetada para aquele ano pelo IBGE.

16. (  ) (CESPE/ TRE-GO /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) O eleitor que deixar de votar, por se encontrar no exterior na data
do pleito, deverá justificar-se perante o juiz eleitoral em até 60 dias após a
realização da eleição.

17. (  ) (CESPE/TRE-MA /TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATI-


VA/2009) Antônio, cidadão e eleitor de 81 anos de idade, deixou de exercer
o direito de votar por três eleições consecutivas e não justificou a ausência,
mas, na eleição seguinte, decidiu-se por votar. Serão excluídos do cancela-
mento os eleitores que, por definição constitucional, não estejam obrigados
a votar.

GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E
5. E
6. C
7. E
8. C
9. E
10. E
11. C
12. E
13. C
14. E
15. C
16. E
17. C

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GABARITO COMENTADO

1. (E) O título eleitoral deve ser emitido nas cores preto e verde e possui as
dimensões 9,5 cm x 6,0 cm.

2. (E) De acordo com determinação legal, o título eleitoral deve ser emitido
obrigatoriamente por computador. Não há possibilidade de adoção de outro
meio para sua confecção e impressão.

3. (C) Essa questão você não pode confundir: a data da emissão do título não
é a data da entrega e nem da sua impressão. Nas hipóteses de alistamento,
transferência, revisão e segunda via, a data da impressão do título eleitoral é a
do preenchimento do requerimento.

4. (E) A data da emissão do título em caso de transferência é a do preenchimento


do requerimento de transferência eleitoral.

5. (E) O título eleitoral somente pode ser entregue pessoalmente ao eleitor,


mediante assinatura do Protocolo de Entrega do Título Eleitoral (PETE).

6. (C) O título eleitoral é um meio hábil para a comprovação da quitação eleitoral.


Assim, servirá de prova de quitação eleitoral até a data de sua emissão.

7. (E) O juiz pode fornecer as informações constantes do cadastro eleitoral


às instituições públicas e privadas e às pessoas físicas. O que não se pode
fornecer são as informações de caráter personalizado do eleitor.

8. (C) Essa é exatamente a prescrição contida no art. 29 da Res. TSE n. 21.538/2003.

9. (E) As informações constantes do cadastro eleitoral de caráter personalizado


não podem ser fornecidas, salvo nas hipóteses expressamente previstas.

10. (E) Os juízes e tribunais eleitorais somente poderão fornecer os dados dos
eleitores vinculados à sua jurisdição.

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11. (C) Para fins de aferição da ocorrência de crime eleitoral em caso de


duplicidade ou pluralidade de inscrições eleitorais, após o cancelamento das
inscrições que incidirem nessa hipótese de cancelamento da inscrição eleitoral,
deve-se encaminhar os autos do procedimento ao Ministério Público para
eventual propositura da denúncia.

12. (E) Caso se verifique que há indícios de prática de crime eleitoral nas
hipóteses de duplicidade ou pluralidade da inscrição eleitoral, deve-se requerer
a instauração de inquérito à Polícia Federal e não à Polícia Civil do Estado.

13. (C) Trata-se exatamente da prescrição contida no art. 58 da Res. TSE


n. 21.538/2003.

14. (E) Dentre as hipóteses que fazem com que o TSE, de ofício, determine a
revisão de eleitoral é quando o número de transferências eleitorais do ano em
curso for superior em 10% ao do ano anterior. Assim, é possível a revisão de
eleitorado em razão de transferência de eleitores.

15. (C) Também estamos diante de uma reprodução literal de dispositivo contido
no art. 58 da Res. TSE n. 21.538/2003.

16. (E) O eleitor que deixar de votar, por se encontrar no exterior na data
do pleito, deverá justificar sua ausência em até 30 dias, a contar da data do
retorno.

17. (C) Trata-se da hipótese dos eleitores cujo voto é facultativo. Nesses casos,
ainda que deixem de votar em três eleições consecutivas, não é possível
cancelar suas inscrições eleitorais.

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