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Graduado em DIREITO pela Universidade Paulista – UNIP; Pós-graduando em DIREITO IMOBILIÁRIO pela
Escola Paulista de Direito – EPD; Cursando DIREITO RELIGIOSO pela Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA; Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB/SP Subsecção de Hortolândia.
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https://saude.abril.com.br/medicina/oms-decreta-pandemia-do-novo-coronavirus-saiba-o-que-isso-
significa/ acessado em 20/03/2020 às 11:30
Na data da escrita do presente artigo, diversas
cidades já tinham haviam determinado fechamento dos comércios na
tentativa de frear a disseminação do vírus. Cultos já foram suspensos
em templos religiosos, por voluntariedade e por decretos do poder
público determinando a suspensão das atividades religiosas em
diversas localidades.
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“A chuva que cai é um fato que ocorre e que continua a ocorrer, dentro da normal indiferença da vida
jurídica, o que não quer dizer que, algumas vezes, este mesmo fato não repercuta no campo do direito,
para estabelecer ou alterar situações jurídicas. Outros se passam no domínio das ações humanas, também
indiferentes ao direito: o indivíduo veste-se, alimenta-se, sai de casa e a vida jurídica se mostra alheia a
estas ações, a não ser quando a locomoção, a alimentação, o vestuário provoquem a atenção do
ordenamento legal” (Casio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil,, v. 1, p. 219)
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Direito Civil brasileiro, volume 1: parte geral/ Carlos Roberto Gonçalves. – 17. Ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019, pg. 335
Portanto, todo acontecimento que traga
consequências jurídicas podemos conceituar de fato jurídico, e é
nessa classificação que trabalharemos com o COVID-19, haja vista
seus desdobramentos estão trazendo inúmeros ecos no campo do
direito.
Aqui, nos limitaremos a tratar de um aspecto
importante: Com a restrição da exploração da atividade econômica e
suspensão de cultos para deter o avanço do COVID-19, como ficam
os pagamentos dos alugueis de Estabelecimentos Comerciais e
Templos Religiosos?
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“A teoria recebeu o nome de rebus sic standibus e consiste basicamente em presumir, nos contratos
comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma
cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de
fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.),
que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz
que o isente da obrigação, parcial ou totalmente” (Direito Civil brasileiro, volume 3: contratos e atos
unilaterais/ Carlos Roberto Gonçalves. – 17. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019, pg. 50)
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Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo
que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
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Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação.
Segundo o posicionamento clássico e consolidado
da doutrina civilista9, são requisitos para revisão dos contratos:
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Posicionamento defendido pelo Professor Flávio Tartuce, em sua obra “Manual de Direito Civil: volume
único – 9 Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019, pg. 574.”. Na mesma linha Professor
Silvio Salvo Venosa em sua obra “Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos –
10. Ed. – São Paulo: Atlas, 2010, pg. 476”
Porém, considerando que a Lei não versa sobre
situações extraordinárias, como o caso da Pandemia de COVID-19,
entendemos que se aplica as regras gerais de Direito Civil para
solução do problema jurídico, e, portanto, em tese, caberia a
aplicação da Teria da Imprevisão. Vale frisar, que em sua
classificação, o Contrato de Locação possui os requisitos para
aplicação da Cláusula “rebus sic standibus”, nos termos da
argumentação já apresentada.