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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
2017
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__________________________________________________________________________
Treinamento BOPM TC – Boletim de Ocorrência Policial Militar / Termo Circunstanciado
1. Parte Geral
2. Parte Específica Policiamento de Trânsito e Rodoviário
3. Parte Específica Policiamento Ambiental
__________________________________________________________________________
Todos os direitos autorais e de uso foram cedidos integralmente à Polícia Militar do Estado de São Paulo
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SUMÁRIO
P A R T E G E R A L
Conceitos 07
Situações para a qual não se aplica a lei – exemplo lei Maria da Penha 18
Requisições de perícias 35
Apreensões de objetos 37
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T R Â N S I T O
Parte geral dos crimes de trânsito no CTB aplicáveis aos crimes de menor potencial
ofensivo 40
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PARTE GERAL
AULA 1
2. Problema
3. Solução:
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4. Embasamento jurídico-doutrinário
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- racionalização;
- economia;
- simplicidade; -
- utilidade;
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7. Conclusões
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REFERÊNCIAS
CANDIDO, Fábio Rogério. Direito Policial: o Ciclo Completo de Polícia. Curitiba:
Juruá, 2016.
______Ciclo Completo de Polícia: o “Poupatempo” da Segurança Pública.
Revista A Força Policial. 2ª Edição. São Paulo: Polícia Militar do Estado de São
Paulo, setembro de 2016.
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AULA 2
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Damásio E., Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, Editora Saraiva, 7ª e.,
São Paulo, 2002, p.69
O Partido Liberal ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2862-6/600, julgada em 26 de março de 2008, tentando a impugnação do
Provimento 758/01 do Egrégio Tribunal de Justiça e da Resolução SSP. 403/01 da
Secretaria de Segurança Pública, ambos do Estado de São Paulo. Estes antigos
atos, emanados dos Poderes Judiciário e Executivo, respectivamente, reconheciam
e ratificavam a condição de autoridade policial aos integrantes da Polícia Militar para
fins de lavratura do Termo Circunstanciado de que trata o artigo 69 da Lei 9.099/95.
Das conclusões do Parecer emitido pela Relatora do Processo, Sra.
Ministra Ellen Gracie, ressaltamos os seguintes trechos: “A doutrina autorizada e
precedentes do STJ são uníssonos em interpretar a expressão “autoridade
policial”da Lei 9099/95, de forma a se admitir a validade da lavratura do termo
circunstanciado por Oficiais da Polícia Militar, na conformidade do procedimento
oral e sumaríssimo programado no artigo 98, I, da Constituição Federal. [...]
Pretender uma obrigatória intermediação das Delegacias de Polícia entre o cidadão
e os Juizados Especiais Criminais dissente das finalidades visadas na lei das
infrações penais de menor potencial ofensivo, regida por procedimentos oral e
sumaríssimo previstos na Constituição”.
Em seu voto o Ministro Cézar Peluso aduziu que: "[...] Ademais e a
despeito de tudo, ainda que, para argumentar, se pudesse ultrapassar o plano de
estreita legalidade, não veria inconstitucionalidade alguma, uma vez que na verdade,
não se trata de ato de polícia judiciária, mas de ato típico da chamada polícia
ostensiva e de preservação da ordem pública - de que trata o § 5º do artigo 144 -,
atos típicos do exercício de competência própria da polícia militar, e que está em
lavar boletim de ocorrência e, em caso de flagrante, encaminhar o autor e as vítimas
à autoridade, seja policial, quando o seja o caso, seja judiciária, quando a lei o
prevê."
Em seu voto o Ministro Carlos Brito, afirmou: "E se essa documentação
pura e simples não significa nenhum ato de investigação, porque na investigação,
primeiro se investiga e, depois, documenta-se o que foi investigado."
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1618/Paraná, com julgamento
em 03/05/2002, o Ministro Carlos Veloso, decidiu: "[...] No concernente ao mérito,
também, não assiste razão ao Partido requerente, porquanto inexiste afronta ao art.
22, inciso I, da Constituição Federal, visto que o texto impugnado não dispõe sobre
direito processual ao atribuir à autoridade policial militar competência para lavrar
termo circunstanciado a ser comunicado ao juizado especial. Não se vislumbra,
ainda, nem mesmo afronta ao disposto nos incisos IV e V, e §§ 4º e 5º, do art. 144
da Constituição Federal, em razão de não estar configurada ofensa à repartição
constitucional de competências entre as polícias civil e militar, além de tratar,
especificamente, de segurança nacional."
A pretensão de que o termo “autoridade policial” se restringisse a
delegados de polícia, não sendo extensível aos Policiais Militares, nem sequer foi
julgada, porque o ação não foi conhecida, mas os votos emanados dos Ministros do
Supremo, demonstram a legalidade dessa interpretação ao "caput" do artigo 69 da
Lei 9.099/95.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo, Malheiros
Editores, 32ª e., São Paulo, 2014.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil.
__________. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2862-6/600, 03mai2002.
__________. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2862-6/600, 26mar2008.
JESUS, Damásio E., Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, Editora Saraiva,
7ª e., São Paulo, 2002.
MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional, Editora Saraiva, 10ª e. São Paulo, 2015.
SÃO PAULO.Tribunal de Justiça. Provimento n.º 758, do Conselho Superior da
Magistratura, de 28mar01.
_________. Tribunal de Justiça. Provimento 806 do Conselho Superior da
Magistratura, de 04ago03.
_________. Tribunal de Justiça. TJ/SP, Provimentos nº 50/1989 e 30/2013 da
Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que
fixam as normas de serviço ofícios de justiça, Tomo I.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, Malheiros Editores,
11ª e. São Paulo, 1996.
SILVA JÚNIOR, Azor Lopes da. Manual de apoio jurídico operacional TCO, 2007.
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AULA 4
1.
Lei que Dispõe sobre os juizados especiais Cíveis e CRIMINAIS, o que no momento
será o cerne de nossa abordagem.
O artigo 60 da lei 9099/95 define que O Juizado Especial Criminal tem competência
nas infrações penais de menor potencial ofensivo. Nesse mesmo sentido o artigo 61
da mesma lei considera infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos da referida Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Dessa forma, a lei se aplica para crimes cuja pena máxima culminada seja de 02
(dois) anos ou menos.
3. Exceções.
O artigo 90-A (incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999) da própria lei 9099/95
estabelece que as disposições da referida lei não se aplicam no âmbito da justiça
militar.
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Portanto, em casos de crimes militares, mesmo que a pena máxima culminada para
tais crimes seja de 2 (anos) ou menos, não caberá as providências pertinentes ao
rito sumaríssimo que a lei 9099/95 nos trás, como por exemplo a elaboração do
Termo Circunstanciado.
4. Conclusão (resumo)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JESUS, Damásio E. Direito Penal, Parte Geral, v. 1. , Editora Saraiva, 27ª ed., São
Paulo, 2003.
SUMAVIVA, Paulo. Programa Prova Final da TV Justiça. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=TV6HRBf-uy0>. Acesso em: 01 de mai. de 2017.
MACHADO, Eduardo. Programa Prova Final da TV Justiça. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=wRM9X9nj4sU>. Acesso em: 01 de mai. de
2017.
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FLAGRANTE DELITO
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Para Nucci (2008, 592), logo depois, trata-se de uma situação imediadta,
que não comporta mais que lagumas horas para findar-se, devendo ser interpretada
de forma restritiva por conta da fragilidade da prova, assim as diligências eventuais e
causais feitas pela polícia não podem ser consideradas para consolidar a prisão em
flagrante.
O Supremo Tribunal Federal, em precedentes, dispensa, inclusive, em
casos de flagrante presumido, que a prisão seja efetuada na mesma comarca. In
verbis: “Em se tratando de flagrante presumido (art. 302, IV, do CPP), como no caso
sub judice, a prisão pode ocorrer em localidade diversa daquela onde o crime
consumou” (STF. HC 102646/PR. Rel. Min. Luiz Fux. 1ª T. Julg. 02.08.2011).
(NAGIMA, 2014)
Pode ser citado um exemplo, de acidente de trânsito em houve lesão
corporal, em que o autor do delito foge do distrito da culpa, e com a chegada do
Policial Militar, após colher informações sobre o veículo, faz pesquisa no sistema, e
passa a patrulhar em locais frequentemente usado pelo autor do fato, encontrando-o
com o veículo danificado por conta do acidente, mesmo que horas depois.
Enfim, resume a jurisprudência essas três primeiras espécies de flagrante:
“Para fins de prisão em flagrante delito, nos termos do art. 302 do CPP, é preciso
que o acusado esteja cometendo o crime ou tenha acabado de cometê-lo (flagrante
próprio); tenha sido perseguido, logo após, pela autoridade, pela vítima ou por
qualquer pessoa, em situação que se fizesse presumir ser o autor da infração
(flagrante impróprio); ou seja encontrado, logo depois, com instrumento, armas,
objetos ou papéis que fizessem presumi-lo ser o autor da infração (flagrante
presumido)”. (STJ. RHC 24.027/PI. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. T5. Julg.
14.10.2008). (NAGIMA, 2014)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. Método Editora. São Paulo,
2009.
CAPEZ, Fernando. Processo Penal . Editora Damásio de Jesus. 16ª ed. São Paulo,
2006.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Impetus. Niteroi, 2011. v. 1.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal . Editora Saraiva. 9ª ed. São Paulo,
2012. NAGIMA, Irving Marc Shikasho. Das Espécies de Prisão em Flagrante.
Universo Jurídico, Juiz de Fora, ano XI, 19 de mar. de 2014. Disponível em:
<http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/9614/das_especies_de_prisao_em_flagrante>.
Acesso em: 03 de mai. de 2017.
MIRABETE, Júlio FAbbrini. Processo Penal. Editora Atlas. 8ª ed. São Paulo, 1998.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. Editora
Revista dos Tribunais. 5ª ed. São Paulo, 2008.
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OLIVEIRA, Eugenio Pacelli de. Curso de Processo Penal . 16ª ed. Altas. São Paulo,
2012.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal . Lumen Iuris. 12ª ed. Rio de Janeiro,
2007.
TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal
. Jus Podivm. 3ª ed. Salvador, 2009.
TÁVORA, Nestor. ARAÚJO, Fábio Roque. Código de Processo Penal Para
Concursos. Jus Podivm. Salvador, 2010.
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Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio
ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de
13.5.2002).
Como vemos o disposto na lei, não trouxe uma definição do que vem a ser
autoridade policial, desde modo a celeuma reside no fato de que uma minoria de
doutrinadores e estudiosos entende que o policial militar não seria competente para
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O tribunal de São Paulo, por exemplo, foi um dos pioneiros no entendimento de que
autoridade policial também é o policial militar, conforme provimento 806/03.
Vejamos que o CPP, em seu artigo. 4º parágrafo único estabelece que lei poderá
estabelecer competência para autoridades administrativas exercer atividade de
polícia judiciária.
Por meio desse ato o Órgão Judicial fixou o entendimento de que a Autoridade
Policial, referida no art.69 da lei 9.099/95, é " o agente do poder público investido
legalmente para intervir na vida da pessoa natural, atuando no policiamento
ostensivo ou investigatório" (art. 1º). No seu art. 2º, autorização para os magistrados
tomarem ciência dos termos circunstanciados elaborados por policiais militares,
condicionando-os tão somente à rubrica do oficial. Por fim, permitiu o
encaminhamento de autor e/ou vítima por policiais militares aos órgãos de polícia
técnica-científica, quando houver necessária e urgente feitura de exame pericial,
conforme art. 3º e, ao depois, regula a remessa dos feitos a juízo (art.4º).
Nossa corte suprema, qual seja, o STF, através de ADin nº 2862, analisou a
questão em tela, e por unanimidade, o pleno da suprema corte arquivou, a Ação
Direta de Inconstitucionalidade, ajuizada pelo Partido da República (PR) contra o
Provimento 758/2001, do Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça
de São Paulo, e a Resolução SSP 403/2001, prorrogada pela Resolução
SSP 517/2002, ambas do Secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo,
que facultam aos magistrados dos Juizados Especiais Criminais aceitarem termos
circunstanciados lavrados por policiais militares.
A relatora da ação, Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, entendeu que não se
trata de ato normativo primário (com fundamento na Constituição), mas sim de ato
secundário (com fundamento em lei). Isso significa que não há violação a nenhum
dispositivo constitucional, e sim, quando muito, uma inconstitucionalidade reflexa ou
oblíqua, que não pode ser contestada via ADI.
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
.....................................................................” (NR)
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EXERCÍCIOS
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FONTES DE PESQUISA:
[1] JESUS, Damásio Evangelista, Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, 5.
ed., São Paulo: Saraiva, 2000, p. 36.
[2]https://jus.com.br/artigos/8927/conceito-extensivo-de-autoridade-policial-no-
contexto-da-lei-n-9-099-95
[2] LAZZARINI, Álvaro, Do poder de polícia, Justitia, São Paulo, 73:45 e 52.
[3] MIRABETE, op. cit., p. 84 – 85.
[04] Thompson, Augusto. Quem são os criminosos? Crime e criminosos: entes
políticos, p. 19, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 1998.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm
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Assim, de acordo com o Artigo 158 e 167 do Código de Processo Penal, nos crimes
em que deixarem vestígios, deve o policial militar que atender a ocorrência de
infração de menor potencial ofensivo, solicitar perícia, mesmo que o acusado
confesse ter realizado tal crime, porém, é admitido caso desapareça os vestígios
que a falta da prova técnica (material) seja suprida pela prova testemunhal.
Art. 158 do CPP. Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167 do CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Cabe salientar, que exame de corpo de delito, via de regra, só pode ser feito por
peritos oficias, conforme a inteligência do art. 159 do CPP.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
2008).
De uma forma simplificada, segue abaixo a noção de que vem a ser essa
classificação doutrinária de crimes, quanto ao resultado produzido pelo delito:
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Crime formal, por sua vez, não exige a produção do resultado para a consumação
do crime, ainda que possível que ele ocorra. Exemplo de crime formal é a ameaça:
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses,
ou multa.
Crime de mera conduta o resultado naturalístico não só não precisa ocorrer para a
consumação do delito, como ele é mesmo impossível, exemplo é o crime de
violação de domicílio, previsto no art. 150 do CP.
Observação, neste caso, pela simples violação a casa alheia nos termos do art. 150
do CP, o crime já está consumado.
O policial militar, portanto, não deverá requisitar exame pericial, para todas as
infrações de menor potencial ofensivo, salvo aquelas que deixarem vestígios, tal
como nos crimes materiais, devendo preencher a Requisição para Exame de Corpo
de Delito Direto e depois de preenchido será entregue ao ofendido para que este se
dirija ao departamento especializado da Polícia técnico cientifica, a fim e que seja
realizada a perícia em seu objeto.
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Assunto que reclama regulamentação pela Polícia Militar, pois em vários casos, será
necessário fazer a apreensão do(s) objetos(s) utilizados na ação criminosa, e o
questionamento que surge, reside no fato de onde será armazenado esse material?.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
A autoridade responsável pela fiscalização que trata esta lei é o policial militar, por
força do disposto no art. 23 III do CTB que estabelece a competência para
fiscalização de trânsito, combinado com a Resolução nº 371/2010 e Resolução nº
624/2016, ambas do CONTRAN.
A infração denominada (som alto) que trata o art. 228 do CTB, deverá ser observado
quanto ao disposto na lei 16.049/16, cuja regulamentação quanto a recolha de som
alto precisa ocorrer, a fim de que haja efetividade no cumprimento do disposto que
trata da apreensão.
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Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em volume ou freqüência que não
sejam autorizados pelo CONTRAN:
Infração - grave;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo para regularização.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
Ressalta-se que um dos desafios será a correta subsunção do fato, qual seja, a
ocorrência atendida pela Unidade de Serviço, a norma prevista na legislação,
seguida das medidas legais cabíveis.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
EXERCÍCIO
Suponha que uma Unidade de Serviço Policial Militar ao atender uma ocorrência de
desinteligência entre vizinhos, por motivos de divergências quanto a time de futebol,
precise separar as partes conflitantes que entraram em vias de fatos, evidenciado
por empurrões, os quais não chegaram a lesionar ninguém. Pergunta-se qual seria a
medida legal cabível.
FONTES DE PESQUISA:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm
http://www.pm.sc.gov.br/fmanager/pmsc/upload/929753/ART_929753_2013_07_30_
171018_da_lavratu.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2015/lei-16049-10.12.2015.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
INTRODUÇÃO
1. Aplicabilidade geral da Lei 9.099 aos crimes de trânsito (artigo 291, do CTB);
Estes dois pontos são importantes para o Policial Militar que atua no
Policiamento de Trânsito, seja urbano ou rodoviário, já que uma das atividades mais
comuns neste campo de ação da Polícia Militar é o atendimento de acidente de
trânsito que tenha gerado vítimas.
Muito embora seja forte a atuação preventiva do CPTran e do CPRv, mas os
acidentes com vítimas ocorrem nas vias constantemente o que acarreta
providências por parte do efetivo policial-militar destas Unidades.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
CONCLUSÃO
Findando este trabalho, podemos entender que a Lei 9.099 é aplicável a todos
os crimes de trânsito que se enquadrarem como menor potencial ofensivo.
Ficam excluídos desta possibilidade os crimes de trânsito de homicídio culposo
(artigo 302, do CTB), de alcoolemia/substância psicoativa (artigo 306, do CTB) e
participação em corrida ou competição não autorizada (artigo 308 do CTB).
Quanto à lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (artigo 303,
do CTB), notamos que:
1. há a possibilidade de aplicação plena, desde que sem a existência de causa
de aumento de pena;
2. ocorrendo causa de aumento de pena, somente serão aplicados alguns
dispositivos da Lei 9.099 e desde que o agente não esteja:
2.1. sob a influência de álcool/substância psicoativa;
2.2. em na disputa de corrida ou efetuando manobras/exibição;
2.3. em mais de 50km/h da velocidade máxima da via.
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AULA 12
Sujeito Passivo:
Ofensa à integridade física ou à saúde de outrem que não venha a acarretar maiores
danos ou consequências à vítima, não trazendo nenhuma das circunstâncias que
permitam caracterizar a conduta, por exemplo, como lesão grave ou gravíssima.
Impede a vítima das ocupações habituais por mais de 30 dias, causa debilidade
permanente de membro, sentido ou função; causa aceleração de parto ou causa
risco de morte no ofendido.
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A intenção inicial era provocar o resultado lesão corporal, todavia, sua conduta
acaba por trazer o resultado morte.
Espécie de lesão corporal prevista na Lei nº 11.340/2006, mais conhecida como Lei
Maria da Penha. Ocorre no ambiente familiar e é dirigida contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, etc.
As lesões graves e gravíssimas têm sanções maiores, o que exclui ambos os casos
do conceito legal de crimes do juizado. A natureza da lesão importa, também, para a
ação penal.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
HISTÓRICO - MODELO
Vítima de lesões corporais, declarou que: nesta data, por volta das
__:__horas, foi agredido pelo autor do fato já qualificado; que estava sentado
no bar (descreva onde estava e o que fazia); que o autor o agrediu com
uma paulada nas costas (descreva qual o instrumento e a região do corpo
atingida); que o motivo foi uma discussão que tiveram no dia de ontem
(descreva o motivo ou, sendo desconhecido: “que não sabe o motivo da
agressão”); que também agrediu o autor com um soco; que testemunharam
os fatos o Sr. Joaquim e a Sra. Matilde (o declarante deve indicar as
testemunhas); que, neste ato, recebe a primeira via do requisitório de Exame
de Corpo de Delito, ciente de que deverá submeter-se ao exame no N.P.M.L.
Autor de lesões corporais declarou que: nesta data, por volta das
__:__horas, agrediu a vítima já qualificada com uma paulada nas costas; que
estava sentado no bar (descreva onde estava e o que fazia); que o motivo
foi uma discussão que tiveram no dia de ontem (descreva o motivo); que
também foi agredido com um soco pela vítima; que testemunharam os fatos o
Sr. Joaquim e a Sra. Matilde (o declarante deve indicar as testemunhas);
que, neste ato, recebe a primeira via do requisitório de Exame de Corpo de
Delito, ciente de que deverá submeter-se ao exame no N.P.M.L. local, situado
na Rua Silva Jardim, nº 1831, Boa Vista; que compromete-se a comparecer
no JECRIM quando intimado; NADA MAIS.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Sujeito ativo:
Sujeito passivo:
Qualquer pessoa.
Autolesão culposa:
Não é punível.
Na direção:
O fato não será considerado crime, se cometido quando o autor não se encontra
conduzindo veículo.
Nesse caso, subsiste a lesão corporal culposa comum (CP, art.129, parágrafo 6º)
Por “veículo automotor” entende-se todo veículo motorizado que serve normalmente
para o transporte viário de pessoas ou de coisas ou para a tração, compreendendo
os ônibus elétricos.
Grau da lesão:
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Consumação:
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima
do acidente;
HISTÓRICO - (MODELO)
Vítima de acidente de trânsito, Declarou que: nesta data, por volta das
__:__horas, conduzia seu veículo, Ford-Escort BTE-XXXX, pela Rodovia
Anhanguera, sentido Ribeirão Preto a São Paulo, altura do Km 305; que o
veículo do autor do fato, Fiat-Tempra BRE-XXXX seguia pela mesma
Rodovia, porém em sentido contrário; que o autor do fato invadiu a pista
contrária, após perder o controle da direção de seu veículo e colidiu
frontalmente contra o veículo da vítima; que sofreu lesões corporais no braço
direito e cabeça (descreva as lesões reclamadas); que foi socorrido pelo
“RESGATE” do Corpo de Bombeiros ao hospital Sta. Casa (em caso de
socorro indique quem o prestou e para onde); que recebe neste ato
requisitório de exame de corpo de delito direto, a ser apresentado no N.P.M.L.
para realização de perícia; que recebe neste ato requisitório de exame pericial
de veículo, a ser apresentado no setor de perícia veicular do N.P.Crim.; que
deseja representar contra o autor do fato; NADA MAIS.
Autor do fato, declarou que: nesta data, por volta das __:__horas, conduzia
seu veículo, Fiat-Tempra BRE-XXXX, pela Rodovia Anhanguera, altura do Km
305, no sentido Cravinhos a Ribeirão Preto; que a vítima seguia com seu
veículo, Ford-Escort BTE-XXXX, pela mesma Rodovia, porém no sentido
contrário; que atravessou o canteiro central e colidiu frontalmente contra o
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
AULA 13
A análise deste artigo do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) indica que, a conduta a
ser criminalizada, é a omissão deliberada na prestação de socorro à pessoa vítima
de acidente de trânsito, sendo certo que:
Deve haver uma justa causa para que o condutor não preste o socorro diretamente e
solicite auxílio da autoridade pública, todavia, há casos em que há um atendimento
muito mais eficaz quando a vítima do acidente seja amparada por uma pessoa com
conhecimentos médicos especializados. Desta forma, não incorre no crime deste
Artigo o condutor do veículo que embora não tenha prestado imediato socorro à
vítima, permanece no local em que outra pessoa em melhores condições do que as
suas, presta o imediato socorro (Ex: médico, enfermeiro, socorrista, etc).
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Segundo a Jurisprudência:
Desta forma, saliento aos Policiais Militares que ao condutor causador de outro
crime mais grave, mesmo que de trânsito (Ex: Art. 302 homicídio culposo, ou Art.
303 lesão corporal culposa, tudo do CTB), não incorre no crime do Art. 304, mas
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
sim, sua conduta (mais grave) é agravada pela omissão, conforme inciso III do § 1º
do Art. 302 do CTB, aplicável também ao Art. 303.
A análise do parágrafo único do artigo 304 do CTB, nos mostra que ainda que a
omissão seja suprida por terceiro ou se trate de morte instantânea, o condutor do
veículo ainda incorre no cometimento deste crime, desta forma, se observa o
expresso combate a omissão de socorro, sendo certo que a regra a ser observada
por todos é a prestação de socorro, a preservação da integridade física e a
preocupação com a vítima em todos os seus aspectos.
A análise do crime previsto no Artigo 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) nos
remete a um dispositivo legal muito questionado, pois, segundo alguns juristas,
desrespeita com sua previsão legal, vários preceitos inseridos em nosso
ordenamento jurídico como direitos e garantias fundamentais da pessoa, fato que
motivou o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir pela análise de sua
constitucionalidade. Conforme o doutrinador Cap PMESP Julyver Modesto de Araújo
“O artigo 305 versa sobre um crime polêmico: o de fuga do local de ocorrência de
trânsito. A polêmica se deve ao fato de que a lei pretendeu punir, criminalmente,
aquele que se afasta do local, com uma intenção específica: a de não ser
responsabilizado, seja por um crime cometido ou por uma eventual indenização que
tenha de arcar, se for considerado culpado pelo acontecimento fatídico (ou seja,
pressupõe-se, antecipadamente, que o condutor pode ser culpado e, por este
motivo, deve permanecer no local, para a devida apuração dos fatos). Quanto à
responsabilidade penal, o dispositivo viola a presunção de inocência (artigo 5º, inciso
LVII, da Constituição Federal – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória”) e o direito de não-incriminação, que se
assenta tanto no direito constitucional do preso, em se manter calado (artigo 5º,
inciso LXIII, da CF – “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”),
quanto na garantia internacional de não ser obrigado a depor contra si mesmo,
quando for acusado de um delito (artigo 8º, inciso 2, letra ‘g’ da Convenção
Americana de Direitos Humanos – Pacto de São José, da Costa Rica – “Toda
pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto
não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: ... direito de não ser
obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada").”
http://www.ctbdigital.com.br/?p=Comentarios&Registro=23&campo_busca
=&artigo=305 acessado em 19ABR17
http://www.ctbdigital.com.br/?p=Comentarios&Registro=23&campo_busca
=&artigo=305 acessado em 19ABR17
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
http://www.ctbdigital.com.br/?p=Comentarios&Registro=23&campo_busca
=&artigo=305 acessado em 19ABR17
Notório que o artigo procura preservar a segurança jurídica nas relações humanas,
todavia fica claro ao analisarmos de forma mais cuidadosa que o artigo fere outros
preceitos jurídicos também preservados por nosso ordenamento jurídico, no entanto
à Policia Militar cumpre a rigorosa observância das normas em vigor, desta forma,
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
AULA 14
ASSUNTOS: INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:
ESTUDO DOS TIPOS PENAIS MAIS INCIDENTES
CRIMES DE TRÂNSITO
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar,
no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
Habilitação.
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e apreensão do veículo;
Medida administrativa – recolhimento do documento de
habilitação e retenção do veículo até a apresentação de
condutor habilitado;
Já a suspensão criminal do direito de dirigir, prevista nos Art. 292 a 296 do CTB,
poderá ser aplicada pela autoridade judiciária, isolada ou cumulativamente, com
outras penalidades, por um período de no mínimo dois meses e no máximo cinco
anos:
Art. 291 A suspensão ou a proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta
isolada ou cumulativamente com outras penalidades.
Desta forma, para aquele infrator que viola a suspensão administrativa do direito de
dirigir, a consequência jurídica será a aplicação de multa de trânsito, pela infração
de trânsito do artigo 162, inciso II do CTB.
Já o crime de trânsito previsto no Art. 307 do CTB, restará configurado, somente nos
casos em o infrator viola a suspensão judicial anteriormente imposta.
Tal entendimento foi referendado pelo CONTRAN, por meio da Resolução nº
561/15, que aprovou o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, Volume II, que
tem o objetivo de padronizar os procedimentos para a fiscalização de trânsito em
relação às infrações de trânsito de competência estadual, em todo território nacional.
Nas mesmas penas incorre, aquele infrator que deixa de cumprir o prazo de
quarenta e oito horas para entregar a CNH ou a Permissão para Dirigir à autoridade
judiciária, após ter transitado e julgado a sentença condenatória e o réu ter sido
citado, conforme previsto no § 1º do Art. 292 do CTB.
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REFERÊNCIAS:
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AULA 15
ASSUNTOS: CRIMES DE TRÂNSITO (Artigos 309 e 310, da Lei 9.503/97 – Código
de Trânsito Brasileiro, CTB)
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
4.1. constatando-se a infração aos artigos 162, inciso I, art. 162, inciso II (quando
cassado o direito de dirigir) ou art. 162, inciso V, do CTB, deverá lavrar o
competente AIT, como também lavrar o AIT no artigo correspondente à conduta
praticada na condução, que irá revelar o perigo de dano gerado;
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
5. Conduzir ciclomotor em via pública sem a ACC, mesmo gerando perigo de dano,
não constitui crime do art. 309, do CTB, pois não há na descrição objetiva do tipo
penal expressa referência ao ato administrativo “autorização”. O art. 309 se refere
apenas a “habilitação” ou “permissão para dirigir”, não sendo possível na esfera de
direito penal, ampliar o tipo objetivo em prejuízo ao autor do fato. Portanto, tal
conduta caracteriza apenas infração administrativa ao art. 162, inciso I do CTB, e
respectiva infração técnica, conforme o caso concreto.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Durante bloqueio policial, após sinal de parada do Policial Militar para uma
motocicleta que por ali passava, o condutor desobedeceu a ordem recebida,
empreendendo fuga do local, conduzindo-a perigosamente pelas ruas e avenidas.
Após abordagem, constata-se que o motociclista não possuía Carteira Nacional de
Habilitação ou Permissão para Dirigir. Nessa situação, e conforme estabelece o
Código de Trânsito Brasileiro, é correto afirmar que:
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
(ERRADA: consta que o teste etilométrico não acusou ingestão de álcool, bem como
não comprometia o nível de segurança viária durante a direção do veículo)
b) incorre em ato infracional de falta de habilitação para dirigir (art. 309 do CTB) o
motorista e de entregar à pessoa não habilitada veículo automotor (art. 310 do CTB),
o pai do menor.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Sujeito ativo: qualquer pessoa que possa permitir, confiar ou entregar o veículo a
outrem.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1. Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão
ou de perigo de dano concreto na condução do veículo (SÚMULA STJ nº 575,
PUBLICADA EM 27/06/16).
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
7.2. também constitui este crime, a entrega da direção a condutor que esteja com
habilitação cassada e com o direito de dirigir suspenso (penalidades impostas pelos
órgãos ou entidades executivos de trânsito), condutas não contempladas na redação
do art. 307;
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
I. Durante bloqueio policial, após sinal de parada do Policial Militar foi abordado
veículo automotor tendo em seu interior um casal. Após abordagem, constata-se que
a motorista se tratava da esposa do passageiro (dono do automóvel), sendo
confirmado que a esposa não possuía Carteira Nacional de Habilitação ou
Permissão para Dirigir. Nessa situação, é correto afirmar:
a) inexiste crime, e sim mera infração administrativa.
(ERRADA: está caracterizado o crime do artigo 310, do CTB)
b) apenas cometeu crime por dirigir sem possuir habilitação ou permissão.
(ERRADA: conforme artigo 309, do CTB, caracteriza o crime quando o motorista
dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou
Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano)
c) haveria crime apenas e tão somente se tivesse se envolvido em acidente de
trânsito.
(ERRADA: para caracterização do Art. 309 do CTB basta a existência de uma
situação de efetivo perigo, sem a necessidade de produzir um dano efetivo, mas
com a possibilidade de que esse venha a ocorrer, colocando em perigo o bem
jurídico protegido)
d) o marido incorre no crime de entregar à pessoa não habilitada veículo automotor
(art. 310 do CTB).
(CORRETA: constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de
veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em
qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.)
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
FONTES DE PESQUISA:
SILVA JÚNIOR, Azor Lopes da. Manual de Apoio Jurídico Operacional: Termo
Circunstanciado de Ocorrência. 2003.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: Legislação penal especial 4. 9. Ed. São
Paulo, Saraiva, 2014.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
AULA 18
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
3. Se o agente destrói, inutiliza ou deteriora obstáculo para praticar furto, não haverá
crime de dano, mas furto qualificado pelo rompimento ou destruição de obstáculo.
5. Sendo crime que se move por ação penal privada, somente se procederá
mediante queixa-crime intentada por advogado do querelante no prazo de seis
meses sob pena de decadência. Assim, não se colhe representação da vítima, mas
seu requerimento para lavratura do Termo Circunstanciado, cientificando-se a vítima
desta formalidade.
1. Dano – Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena – detenção,
de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
3. O dano enquanto crime não se confunde com o ilícito civil; ainda que ambos
objetivem proteger o patrimônio alheio dos prejuízos causados por terceiros, o crime
somente existirá quando a destruição (a coisa desaparece), inutilização (a coisa
perde suas propriedades para utilização mas continua existindo) ou a deterioração
(a coisa é diminuída em sua qualidade, mas permanece funcional e existente) forem
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
5. Nos primeiros casos em que a ação é privada, importa trazer à lembrança o que o
Código de Processo Penal (art. 5º, § 5º) fala que a ação dependerá de prévio
requerimento do ofendido; este requerimento não se confunde com a representação
que é condição de procedibilidade. Bastará, como requerimento, ao ofendido
manifestar-se ao agente do Estado no sentido de que deseja o registro do fato e a
preservação das provas (a coisa danificada deverá ser periciada pela Polícia
Técnico-Científica), seja por meio de Termo Circunstanciado (cabível no caso do
caput) seja através de Inquérito Policial (cabível no caso do inciso IV), sendo
descabido exigir-se requerimento formal e escrito, especialmente no registro por
Termo Circunstanciado, sendo recomendável, todavia, consignar em sua versão que
o ofendido o requer.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
8. O inciso I trata do crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa; aqui
não se trata de violência à coisa destruída mas a qualquer pessoa que interfira para
impedir a danificação, seja proprietário, possuidor ou agente de proteção
patrimonial. O inciso III trata do crime qualificado (observe-se que a pena é superior
e assim não será objeto de registro por T.C.) quando o bem for público ou de
propriedade de concessionária de serviço público (concessionária é a empresa que
realiza serviço público por contrato de concessão ou permissão firmado com o poder
público; por exemplo as empresas de telefonia pública) ou, ainda, de sociedade de
economia mista (são empresas em que o Estado tem participação majoritária no
capital acionário; por exemplo a Caixa Econômica Estadual). Aqui o que o legislador
quis proteger não foi o patrimônio da empresa em si, mas aquilo que, direta ou
indiretamente, é patrimônio do povo ou é de utilidade pública e não particular, eis a
razão da pena majorada e da ação ser pública incondicionada.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
II. Assinale a alternativa correta, quanto ao crime de dano, previsto no art. 163,
caput, do decreto-lei nº 2848/40 (Código Penal).
A) Em regra, pode cometer este crime, o proprietário da coisa.
(ERRADA: pune-se somente se a coisa pertencer a outrem.)
B) Há previsão apenas na modalidade dolosa.
(CORRETA: inexiste o crime na modalidade culposa, mas somente ilícito civil.)
C) Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
FONTES DE PESQUISA:
SILVA JÚNIOR, Azor Lopes da. Manual de Apoio Jurídico Operacional: Termo
Circunstanciado de Ocorrência. 2003.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Pena: prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de cem mil réis a um
conto de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa
inexperiente;
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
5. Observe-se que animais de carga (cavalos, mulas, bovinos, etc.) deixados em via
pública, fatos comuns em vias rurais ou urbanas periféricas, implicam a mesma
contravenção (vide acima o disposto na alínea “a”, do parágrafo único, do art. 31, da
LCP, cabendo lavratura de Termo Circunstanciado se identificado o proprietário do
animal.
III da Lei das Contravenções Penais que trata “Das contravenções referentes à
incolumidade pública”.
9. Importa ressaltar que nem todos os animais são passíveis de guarda doméstica,
nos termos da Lei nº 9605, 12.02.98 (Lei do Meio Ambiente), ocasiões em que
caberão a apreensão do animal e lavratura de Termo Circunstanciado por infração
penal ambiental prevista no art. 29, além de Auto de Infração Ambiental para
imposição das penalidades administrativas previstas no artigo 72 da mesma Lei: Art.
29 - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis
meses a um ano, e multa. § 1º - Incorre nas mesmas penas: III - quem vende, expõe
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
10. Relativamente aos animais, é de se lembrar que o artigo 64, da Lei das
Contravenções Penais, foi revogado pelo artigo da 32, da Lei do Meio Ambiente
(caso de registro por Termo Circunstanciado): Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-
tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
11. Caso o animal, qualquer que seja, ataque pessoa resultando ferimentos, esta
contravenção dará lugar, em desfavor ao seu proprietário, ao crime de lesão
corporal (art. 129, CP) a título de dolo, caso o animal tenha sido instigado para o
ataque, ou culpa, se houve o proprietário com imprudência, imperícia ou negligência
em sua guarda ou condução do animal.
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FONTES DE PESQUISA:
SILVA JÚNIOR, Azor Lopes da. Manual de Apoio Jurídico Operacional: Termo
Circunstanciado de Ocorrência. 2003.
PARIZATTO, João Roberto. Das contravenções penais: doutrina e jurisprudência.
Campinas. Ed. Copola, 1995.
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AULA 19
Resistência
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
vez a contém, algema e conduz ao Distrito Policial. Neste caso há, além do crime de
Roubo, também a prática do crime de Resistência, pois a pessoa se opôs a ato legal
(prisão em flagrante) e Resistiu de forma positiva, desferindo chutes e socos contra
o Policial Militar.
O Artigo 327 do Código Penal define a figura do funcionário público para efeitos
penais “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”
O mal tem que ser futuro, não é preciso ser grave (grave ameaça);
É preciso causar temor. A ameaça pode ser verbal ou real (empunhar algum
material que possa ser utilizado para a prática de violência).
No caso de existir a qualificadora do §1º, o crime deixa de ser de menor potencial
ofensivo e passa a ser obrigatória a apresentação no Distrito Policial.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Desobediência
Policial Militar, a análise deste tipo penal, traz à tona várias dúvidas com relação ao
cometimento desta crime, em suma, qual o Funcionário Público (todos)? No estrito
exercício da função? Que tipo de ordem? Como se consuma?, entre vários outros
questionamentos.
Certo é que em diversos países não existe este tipo penal, pois a consequência da
desobediência é não adquirir o direito pleiteado, ficando assim compelido a cumprir
a determinação legal do funcionário público, sob pena de não ter seu direito
atendido, pois este prevê o cumprimento de requisitos para que seja atendido.
Para alguns se confunde com a resistência, no entanto após uma análise superficial,
se observa que a resistência é mais grave pois pressupõe comportamento positivo
com relação a violência e ameaça, bem como, devido as diferenças, a pena da
desobediência é menor do que a cominada para a resistência.
Desta forma, vamos passar para a análise do tipo penal e sua aplicação ao serviço
policial militar quando da elaboração de Termos Circunstanciados.
QUAL FUNCIONÁRIO PÚBLICO? O funcionário público stricto sensu, descrito no
artigo 327, caput: “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.” Outrora era chamada de RESISTÊNCIA PACÍFICA.
Resume-se no não cumprimento de ordem legal lançada por funcionário
competente.
É um crime comum. Qualquer pessoa pode cometê-lo.
A desobediência à lei, ao regulamento, as instruções, etc, não configura o crime de
desobediência. A ordem legal deve ser formalmente legal e pessoal. A
desobediência tem que ser a uma ordem emanada de tal pessoa, de maneira
inequívoca, e tem que haver a prova de que foi intimado pessoalmente, senão não
haverá a caracterização do crime de desobediência.
Não basta o pedido. É necessário que seja o descumprimento a uma ordem. Se
houver sanção administrativa prevista em lei para o descumprimento, não resta
caracterizado o crime. Ex: Art. 195 da Lei 9503/97 Código de Trânsito Brasileiro
(CTB).
REQUISITOS:
1) A pessoa a quem a ordem é dirigida tem o DEVER de obedecer;
2) a ordem deve ser LEGAL;
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
3) FORMAL;
4) a intimação deve dar-se PESSOALMENTE;
5) não pode envolver SANÇÃO ADMINISTRATIVA. A sanção administrativa, neste
caso, é o preço da desobediência.
O ébrio não possui o dolo para cometimento deste crime, pois tem que haver a
ciência inequívoca da ordem – escutar e entender.
O ato de desobedecer significa não se submeter, não cumprir.
Presta-se tanto para a ação de fazer, como para a ação de deixar de fazer.
AÇÃO DE FAZER, o agente faz o que lhe foi proibido. Consuma-se com a prática do
ato.
AÇÃO DE NÃO FAZER, o agente não faz o que lhe é ordenado. Consuma-se com o
ato de não fazer.
ERRO DE TIPO É o erro sobre a legalidade da ordem. Exclui o dolo.
ERRO DE PROIBIÇÃO é o erro sobre o dever jurídico de obedecer, quando o
agente sabe o que faz, mas imagina ser permitido: isenta de pena ou a reduz de um
sexto a um terço (art. 21).
Não há a modalidade culposa.
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Desacato
desacato proferido por funcionário público dentro ou fora das funções, haja ou não
hierarquia entre o ofensor e o ofendido.
O entendimento majoritário dá conta de que, a ofensa atribuída por
funcionário em serviço, representando a administração pública, contra outro
funcionário, também representando a administração, será crime comum contra a
honra do funcionário ofendido, nunca contra a Administração Pública. Isto porque
ninguém pode ofender a si mesmo. Cuide-se que o crime de desacato está inserido
entre os crimes elencados como CONTRA A ADMINISTRAÇÃO, COMETIDOS POR
PARTICULAR.
O advogado pode cometer o crime de desacato, como qualquer outra
pessoa.
Para efeito deste crime, considera-se a definição de funcionário público
do atr. 327 do CP “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.”
A expressão “NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO” refere-se ao chamado
desacato in officio, ou seja, o desacato é proferido na ocasião em que o funcionário
está desempenhando suas atividades funcionais.
Por exemplo, ofender o policial militar no momento em que está fazendo o
patrulhamento.
É irrelevante o motivo da ofensa e se ela se relaciona com a função da
vítima, basta que ela esteja desempenhando seu trabalho na ocasião do desacato.
Há ainda o caso em que o funcionário público é ofendido por causa de
suas funções, nesta hipótese, fica claro que a ofensa se deu em razão das
FUNÇÕES do desacatado. Ex: chamar o Policial Militar de Gambé (rato de esgoto),
Coxinha (termo pejorativo).
No entanto, se o achincalhe não guardar relação com o ofício, e se o
ofendido não estiver em serviço, o caso será de CRIME COMUM CONTRA A
HONRA PESSOAL.
Além do DOLO GENÉRICO de praticar a conduta típica (prevista no
Art. 331), a melhor doutrina exige a presença do elemento subjetivo do injusto
(DOLO ESPECÍFICO), consistente no fim de DESRESPEITAR o funcionário público,
ou seja, na intenção ultrajante.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
AÇÃO X OMISSÃO
Em princípio, exige-se uma ação para o preenchimento da figura típica.
Mas não será impossível o desacato por omissão, como por exemplo, o não
cumprimentar o funcionário que lhe estende a mão ou manter-se sentado
acintosamente diante da chegada de uma autoridade superior no recinto.
O desacato é crime formal, consumado no instante em que o sujeito
passivo percebe a ofensa, independentemente de sentir-se ultrajado, e até do seu
eventual perdão. Isto porque o que está em jogo é a dignidade da função, e não a do
funcionário (Hungria, Comentários). Contudo, se a vítima considerar que as palavras
ou gestos não são aviltantes ou desairosos, o fato será atípico, pela ausência de
desacato.
Há posição doutrinária identificando o momento da consumação com
aquele em que foi PROFERIDO o desacato. Sem razão, pois enquanto a vítima não
CONHECER DA OFENSA estaremos ainda no inconclusivo terreno da TENTATIVA.
O bem jurídico que se tenta proteger é a Administração Pública,
especialmente os aspectos relacionados ao seu prestígio junto aos administrados
(sua dignidade e respeito).
CRÍTICA À INSTITUIÇÃO, não configura desacato.
CRÍTICA AO SERVIÇO se a referência dirige-se à maneira de
administrar e à falta de sensibilidade do funcionário público, não há o dolo específico
de macular e humilhar a honra.
Se as críticas, genéricas, são dirigidas ao órgão público, não tipificam o
crime.
Há a necessidade da verbalização do conteúdo no registro dos fatos
para mensuração da afronta, visto que se a peça se refere a “palavras de baixo
calão”, é o caso de nulidade.
O caso do advogado que, ao lhe ser solicitada pelo juiz a exibição de
carteira profissional, indaga-lhe se não pretende examinar também o CIC, a Cédula
do RG e o atestado de vacina, constitui mero desabafo, sem a intenção deliberada
de ultrajar, que constitui elemento subjetivo do tipo penal (não há crime).
Dizer ao promotor não teme-lo e nem à polícia, importa menosprezo ou
desprestígio, configurando tratamento pouco cordial, mas não incorre na tipificação
do crime de desacato (não há crime).
A alteração de voz por parte de advogado com escrivão de cartório que
não certificou o trânsito em julgado de decisão prolatada há mais de 10 dias:
ausência do ânimo calmo e refletido e da intenção de humilhar.
No entanto, há decisões entendendo que o descontrole emocional é irrelevante para
a caracterização de delito.
Se as expressões desrespeitosas forem dirigidas a funcionário que não
se encontrava no exercício de função pública, não resta configurado o crime.
Se o agente, ao ser lavrado contra seu estabelecimento auto de
infração, arrebata-o das mãos da autoridade, amassa-o e o joga ao chão, incide no
crime de desacato.
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ELABORAÇÃO DE BOPM-TC (BASE TEÓRICA/EAD)
Fonte:
- aulas expositivas
- FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Código penal comentado. 2007, Malheiros.
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