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1.

INTRODUÇÃO

As solenidades militares são constantes na rotina da PMBA. Esse fato é suficiente


para justificar a importância que tem para seus integrantes conhecer toda a sequência
dos atos que a integram e as diferentes situações em que serão empregados.
Em se tratando de futuros oficiais, é salutar que saibam não somente executar, mas
também organizar um evento dessa envergadura, uma vez que o cerimonial militar
desenvolve o sentimento de disciplina, a coesão e o espírito de corpo do efetivo.
O presente trabalho apresenta um dos cerimoniais, as Honras fúnebres e Comissões
de Pêsames, que apesar de ser um momento solene por vezes carregado de muita
emoção por marcar a despedida de um militar ou alta autoridade civil que faça jus a
deferência pública, torna-se um reconhecimento pelos serviços prestados em vida e um
alento para a família.
Devemos ter sempre em mente que estamos constitucionalmente vinculados ao
Exército, conforme prediz o artigo 144, § 6º da Constituição Federal de 1988 e artigo
148, parágrafo único da Constituição Estadual, como sua força auxiliar e reserva.
Assim, é dessa força que vem a base fundamental que dá sustentação a todos os
ritos que utilizamos. Temos que preservar estes valores, que emanam dos pilares da
hierarquia e disciplina e que nos fazem esta instituição permanente, que caminha para
o bicentenário.
2. PORTARIA NORMATIVA Nº 660-MD, DE 19 DE MAIO DE 2009
(Aprova o Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial
Militar das Forças Armadas).

TÍTULO III
DAS HONRAS MILITARES
CAPÍTULO III
DAS COMISSÕES DE CUMPRIMENTOS E DE PÊSAMES

Seção II
Das Comissões de Pêsames

Artigo 107 - As Comissões de Pêsames são constituídas para acompanhar os restos


mortais de militares da ativa, da reserva ou reformados e demonstrar publicamente o
sentimento de pesar que a todos envolve.
Seção II
Das Honras Fúnebres

Artigo 124 - Honras Fúnebres são homenagens póstumas prestadas diretamente pela
tropa aos despojos mortais de uma alta autoridade ou de um militar da ativa, de acordo
com a posição hierárquica que ocupava e consistem de:

I - Guarda Fúnebre;
II - Escolta Fúnebre; e
III - Salvas Fúnebres.

§ 1º - As Honras Fúnebres são prestadas aos restos mortais:

I - do Presidente da República;
II - do Ministro de Estado da Defesa;
III - dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
IV - dos Militares das Forças Armadas.

§ 2º - Excepcionalmente, por determinação do Presidente da República, do Ministro de


Estado da Defesa ou do Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, são
prestadas Honras Fúnebres aos despojos mortais de Presidente do Congresso Nacional,
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro
de Estado ou Secretário Especial da Presidência da República equiparado a Ministro de
Estado, assim como o seu transporte, em viatura especial, acompanhada por tropa.

§ 3º - Excepcionalmente, por determinação do Presidente da República, do Ministro de


Estado da Defesa, do Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ou de
outra autoridade militar, são prestadas Honras Fúnebres aos despojos mortais de Chefes
de Missão Diplomática estrangeira falecidos no Brasil, ou de insigne personalidade,
assim como o seu transporte, em viatura especial, acompanhada por tropa.

§ 4º - As Honras Fúnebres prestadas a Chefes de Missão Diplomática estrangeira ou às


autoridades mencionadas no § 1º deste artigo seguem as mesmas determinações
estabelecidas para os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Artigo 125 - As Honras Fúnebres a militares da ativa são, em princípio, prestadas por
tropa da Força Armada a que pertencia o extinto.

§ 1º - Quando na localidade em que se efetuar a cerimônia não houver tropa dessa Força,
as Honras Fúnebres podem ser prestadas por tropa de outra Força, após entendimentos
entre seus Comandantes.

§ 2º - O féretro de comandante de Estabelecimento de Ensino é acompanhado por tropa


armada constituída por alunos desse estabelecimento.

Artigo 126 - O ataúde, depois de fechado, até o início do ato de inumação, será coberto
com a Bandeira Nacional, ficando a tralha no lado da cabeceira do ataúde e a estrela
isolada (ESPIGA) à direita.

§ 1º - Para tal procedimento, quando necessário, deverá a Bandeira Nacional ser fixada
ao ataúde para evitar que esvoace durante os deslocamentos do cortejo.

§ 2º - Antes do sepultamento, deverá a Bandeira Nacional ser dobrada, sob comando, na


forma do Anexo II a esta Portaria Normativa.
Artigo 127 - Ao descer o corpo à sepultura, com corneteiro ou clarim postado junto ao
túmulo, é dado o toque de silêncio.

Artigo 128 - As Honras Fúnebres a militares da reserva ou reformados constam de


comissões previamente designadas por autoridade competente.

Artigo 129 - As Honras Fúnebres não são prestadas:

I - quando o extinto com direito às homenagens as houver dispensado em vida ou quando


essa dispensa parte da própria família;
II - nos dias de Festa Nacional;
III - no caso de perturbação da ordem pública;
IV - quando a tropa estiver de prontidão; e
V - quando a comunicação do falecimento chegar tardiamente.

3. EB10-IG-12.001 (Instruções Gerais para aplicação do Regulamento de


Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças
Armadas).

CAPÍTULO XVII
DAS HONRAS FÚNEBRES E DAS COMISSÕES DE PÊSAMES

Artigo 99 - Para fins de aplicação do artigo 128 da Portaria Normativa nº 660/MD,


alterada pela Portaria Normativa nº 849/MD, as honras fúnebres a militares da reserva
remunerada ou reformados constarão do acompanhamento do féretro por comissões de
pêsames, integradas, no mínimo, por três militares da ativa, determinada pelo
comandante militar de área (no caso do falecido ser oficial-general) ou da guarnição, após
tomar conhecimento do óbito e com a anuência dos familiares.

§ 1º - Quando o sepultamento for realizado em localidade não integrante de guarnição


militar, a comissão será organizada, conforme o caso, pelo comandante militar de área
ou pelo comandante de guarnição onde tiver ocorrido o falecimento, devendo, apenas,
apresentar condolências à família.
§ 2º - Por ocasião do sepultamento, aos militares que tenham integrado o Alto Comando
do Exército ou exercido cargo de Ministro de Estado, as homenagens póstumas
constarão ainda da cobertura do ataúde com a Bandeira Nacional e do toque de silêncio
ao descer o corpo à sepultura, executado por corneteiro ou clarim postado junto ao
túmulo.

§ 3º - Os casos especiais serão resolvidos pelo comandante militar de área.

Artigo 100 - As seguintes medidas devem ser tomadas nos dias de Luto Nacional e no
dia de Finados (dia 2 de novembro):

I - a Bandeira Nacional é mantida a meio mastro:

a) por ocasião do hasteamento, a Bandeira Nacional é conduzida ao topo do mastro,


descendo em seguida até a posição a meio mastro; e
b) no momento da arriação, a Bandeira Nacional sobe ao topo do mastro, sendo em
seguida arriada;

II - os símbolos e as insígnias de comando permanecem também a meio mastro;


III - as bandas de música permanecem em silêncio, exceto para marcação de cadência
por tarol e bombo;
IV - o corneteiro realiza todos os toques previstos, inclusive a marcha batida;
V - a Bandeira Nacional, transportada por tropa, tem como sinal de luto um laço de crepe
negro colocado na lança;
VI - a tropa não cantará hinos ou canções militares;
VII - não deverá ser executada salva de gala; e
VIII - a guarda de honra e a escolta de honra poderão ser realizadas, porém com as
restrições descritas anteriormente.

4. GENERALIDADES

A Guarda Fúnebre é uma das espécies de Honras Fúnebres, que visa render
homenagens aos policiais militares da ativa e de altas autoridades civis, postumamente
aos despojos mortais dos militares, em especial daqueles que vierem falecer em ação de
confronto, salvamento de vidas ou em situações consideradas atos de serviço.
Excepcionalmente, serão prestadas ao pessoal da reserva e reformados as honras
destinadas a policiais militares da ativa, se o óbito for decorrente de ação empreendida
para socorrer e/ou salvar vidas de terceiros, ou por relevantes serviços prestados à
Polícia Militar e ao Estado, a critério do Comandante-Geral.
A morte de um policial-militar no cumprimento da missão, no confronto direto aos
cidadãos infratores ou em ações para socorrer ou salvar vidas, mais do que qualquer
outra causa, constitui motivo de enorme pesar para a Corporação, merecendo a
demonstração pública desse sentimento que a todos envolve e entristece.

5. LOCALIZAÇÃO

Guarda Fúnebre posta-se no trajeto a ser percorrido pelo féretro, de preferência na


vizinhança da casa mortuária ou da necrópole, com a sua direita voltada para o lado de
onde virá o cortejo e em local que, prestando-se à formatura e à execução das salvas,
não interrompa o trânsito público.
A Guarda Fúnebre, quando tiver a sua direita alcançada pelo féretro, efetua três
descargas de tiros, executando em seguida “Apresentar-Arma” para a passagem do
cortejo fúnebre.

6. COMPOSIÇÃO

a) Oficiais Superiores

A Guarda Fúnebre terá o efetivo de dois pelotões (60 policiais militares), cada
pelotão comandado por um oficial subalterno e um oficial intermediário no comando da
Guarda Fúnebre.

b) Oficiais Intermediários ou Subalternos

Para Oficiais Intermediários e/ou Oficiais Subalternos, a Guarda Fúnebre terá o


efetivo de um pelotão (30 policiais militares), sendo comandado por um oficial subalterno.
c) Praças Especiais (Aspirantes e Alunos-oficiais)

A Guarda Fúnebre terá o efetivo de dois grupos (20 policiais militares), sendo
comandado por um oficial subalterno.

d) Praças (Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados)

A Guarda Fúnebre terá o efetivo de um grupo (10 policiais militares), sendo


comandado por um Sargento.

7. EXECUÇÃO DOS MOVIMENTOS

1º Passo: O policial-militar erguerá energicamente a arma na vertical empunhando com


a mão direita, posicionando-a junto ao ombro direito; o punho da mão direita ficará voltado
para frente, ao mesmo tempo em que a mão esquerda posicionar-se-á abaixo da mão
direita, tomando a arma, também como punho voltado para a frente. O antebraço
esquerdo ficará paralelo ao solo, enquanto o braço e antebraço direitos ficarão junto ao
corpo.
O policial militar abaixará vivamente a mão direita, colocando-a abaixo do guarda-
mato, polegar por trás e os demais dedos ficam à frente, unidos e distendidos, e o
indicador toca o guarda-mato. Enquanto a mão direita faz a arma girar 180 graus plano
vertical, a mão esquerda soltará a arma e virá untar-se à coxa como na posição de
“Sentido”. Nessa posição, a boca da arma deverá ficar junto ao pé direito apoiada no
solo.

2º Passo: A tropa deverá ser colocada em linha e em uma fileira se for o efetivo
correspondente a um grupo. Se o efetivo for maior, a tropa deverá ser colocada em linha
e em três fileiras de modo que ela fique com a direita para a direção de onde virá o cortejo
fúnebre.

3º Passo: Quando o cortejo fúnebre estiver a cerca de 20 passos da tropa, será dado o
comando de “EM FUNERAL! PREPARAR!”, com o comandante da guarda fúnebre na
posição de em “Funeral-Arma”. Ao comando de “EM FUNERAL!”, os policiais militares da
segunda fileira (se for o caso) farão “Arma Suspensa”, darão um passo oblíquo à frente
e à direita, ficando um pouco atrás e nos intervalos dos policiais militares da primeira
fileira. Em seguida, farão “Descansar-Arma”.

4º Passo: Ao comando de “PREPARAR!”, todos os policiais militares executarão o


movimento em dois tempos:

1º Tempo: Os policiais militares executarão o 1º tempo do “Apresentar-Arma”, partindo


da posição de “Sentido”.

2º Tempo: Em seguida, farão um giro de 45 graus à direita, sobre o calcanhar do pé


esquerdo, ao mesmo tempo em que levarão o pé direito cerca de meio passo para a
direita e para trás. Na nova posição, farão girar a arma sobre
a mão esquerda, de modo que o cano fique inclinado para o solo, a coronha mantida
entre o braço e o corpo, a mão direita segurando a arma pelo punho. Logo após, será
comandado “CARREGAR!“. A este comando, os carregarão as armas mantendo-as,
porém, na posição em que se achavam;

5º Passo: Quando as armas estiverem carregadas, o comandante da tropa comandará


“APONTAR!”. A este comando, os homens distenderão os braços, obliquamente à
esquerda e, em seguida, apoiarão a chapa da soleira no cavado do ombro, mas sem a
preocupação de fazer a visada, mantendo o cano apontado para o solo e para a
esquerda.

6º Passo: Em seguida, será dado o comando de “FOGO!”. A este comando, os policiais


militares puxarão o gatilho. Após o disparo, retirarão o dedo do gatilho e distenderão os
braços para frente, de modo que o cano da arma continue voltada para o solo.
Para nova descarga, o comandante da guarda fúnebre comandará
sucessivamente: “CARREGAR, APONTAR, FOGO!”.
Executar-se-ão três disparos.
No último disparo, o fuzil deverá retomar aposição de entre o braço e o ombro
(posição pronta para o carregamento). Realizada a salva de tiros, o comandante dará o
comando de: “DESCANSAR-ARMA!”. Comando será dado em dois tempos.
1º Tempo: O Comandante comandará “DESCANSAR!”. Neste momento, a tropa
retornará ao PRIMEIRO MOVIMENTO DO “APRESENTAR-ARMA” partindo da posição
de “Sentido” (posição de “Preparar”).

2º Tempo: o comandante dá a voz de execução “ARMA”, quando a tropa, em dois tempos,


tomará a posição de “Sentido”.
O comandante irá retornar à posição de “Sentido”, desfazendo o movimento de
“EM FUNERAL-ARMA!”.
Após o comandante fará e comandará “OMBRO-ARMA! APRESENTAR-ARMA!”,
quando da passagem do ataúde. Todos permanecerão olhando a frente quando da
passagem do cortejo. O comandante comandará ESQUERDAVOLVER!”, permanecendo
a tropa na posição de “Sentido” até a execução do toque de silêncio. Para finalizar,
comandará “SEM CADÊNCIA,MARCHE!”, em direção ao transporte de tropa. Após
aproximadamente 10 metros, comandará “ALTO!” e dará o fora de forma.

8. CONCLUSÃO

A Bahia possui um território com grandes dimensões. As diferenças regionais são


bastante evidentes. Por isso, é necessário a observação das prescrições das leis,
códigos, decretos e portarias existentes visando uniformizar os cerimoniais militares.
O atual Curso de Formação de Oficiais Auxiliares, que possui representantes de
todas as regiões pode servir a esse fim. De norte a sul, leste a oeste do estado, teremos
oficiais preparados para organizar e conduzir um cerimonial.
A realização da pesquisa serviu para dirimir dúvidas a respeito da correta
execução das honras fúnebres e comissões de pêsames. Ao final, temos absoluta
certeza de que ele contribuiu bastante com a formação dos Aspirantes 2019.
REFERENCIAS
EB10-IG-12.001, 3ª Edição-2015;
Portaria Normativa nº 660-MD, de 19 de maio de 2009.

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