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ESCOTISMO: UMA BRINCADEIRA SÉRIA

Glenio Costa de Mello


Graduando Curso de História - UFRGS
Disciplina Sociologia da Educação I
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil
Porto Alegre - 2009
gleniocm@cpovo.net
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Resumo

O escotismo, recém completado um século de existência, é analisado como


um possível aparelho ideológico do estado desde o seu surgimento, como
reprodutor do sistema de classes sociais impostas pelo poder dominante através do
uso da violência simbólica, pelo seu caráter militar, disciplina moral, civismo
exacerbado e rigidez nos costumes. Peculiar no seu método consegue afastar todas
as alcunhas e transforma-se em um fenômeno mundial, com a participação de todas
as etnias e classes sociais. O futuro se depara de forma desafiadora para o
movimento escoteiro. Conseguirá assimilar as mudanças de uma sociedade da
informação e globalizada? Qual importância terá o movimento escoteiro nesta
sociedade do futuro? São os desafios que estão postos e devem ser encarados para
que se possa celebrar em 2107 o seu bi-centenário.

Palavras-chave: Escotismo, educação, ideologia, história.

Abstract

Scoutism, a just one century old movement, is analysed as a possible ideological


state machine since it's emergence, as a social class system producer imposed by
the high dominant power, through symbolic violence using, military character,
morality discipline, stong civilit and huge tradictions. With its peculiar method, it got
how to remove every other aliases and become in a world's phenomenon, with the
participation of all ethnicities and social classes. The future is getting faced to a
challenging way for Scoutism. Will it be able to assimilate the changings of an
informed and globalized society? Which importance will the Scoutism have in this
future society? Those are the challenges that are set by now and should be faced to
celebrate, in 2017, the movement bi-centenary.

Key-words: Scoutism, education, ideology, history.

1. SURGIMENTO DO ESCOTISMO

Em uma pequena ilha da Inglaterra, chamada Bronwsea, no ano de 1907, um


general do exército inglês, herói de guerra, chamado Robert Stephenson Smith
Banden Powell reúne vinte rapazes de 12 a 16 anos para realizar aquilo que
considerava um belo jogo (Powell B, 1908). Baseado em suas brincadeiras de
criança, experiências militares com jovens, técnicas de exploração e observação,
ensina aos acampadores atividades simples, mas atrativas como primeiros socorros,
observação, técnicas de segurança para a vida na cidade e na floresta. A idéia
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surgiu ainda no século XIX com o lançamento do livro “Aids to Scouting” (Ajudas ao
Escotismo) – escrito em 1899, para uso militar, mas que poderiam ser úteis para
movimentos de jovens existentes na Inglaterra de então como os “Boys Brigade”
(Brigadas de Rapazes), conforme Nagy1 (1985). Deste simples acampamento até os
dias atuais, o escotismo já atravessou mais de um século e muito se diz dele, para o
bem ou para o mal. Teria sido o movimento escoteiro usado como um aparelho
ideológico de estado? Teria inculcado uma cultura segregadora de classes sociais?
Teria se utilizado da violência simbólica para atingir seus objetivos? Sofreu alguma
alteração com o advento da sociedade informacional? São a estas perguntas que
faremos uma breve reflexão.

2. O ESCOTISMO COMO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO

Para melhor entender esta relação, se faz necessário ilustrar o que Karl Max
dia a respeito dos aparelhos ideológicos do estado. De acordo com Carlos B.
Martins (1982),
A dominação burguesa estendia-se também ao plano cultural, pois ao dominar os
meios de comunicação, difundia seus valores e concepções às classes dominadas.

O contexto histórico em que se dá o surgimento do escotismo é o início do


século XX, mas suas idéias ainda pertenciam ao século XIX. A Inglaterra vivia o fim
da Era Vitoriana, os sinais degradantes da revolução industrial, prestes a entrar em
um período de depressão, conseqüência de uma prosperidade artificial. Baden
Powell quando volta à Inglaterra encontra o seguinte cenário descrito por Nagy
(1985),
B.P. estava particularmente surpreso à vista de mendigos e indigentes, nas ruas das
grandes cidades. A princípio, não podia acreditar que cerca de um terço da
população de Londres era formada por subnutridos, ou que o alcoolismo, o
vandalismo e o crime estavam cada vez mais violentos devido ao crescente
desemprego. A despeito do suntuoso estilo de vida dos iguais a ele, que estavam
recebendo o exemplo de cima, não podia deixar de reconhecer a evidência do que
estava vendo.

Está claro que Baden Powell, ao propor o escotismo, deseja uma mudança do
cenário acima, reforçado pela condição de militar e súdito da rainha, busca um
restabelecimento da ordem social, não a vida ociosa junto à natureza, mas a

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Lazlo Nagy: Suíço, foi chefe executivo da Organização mundial do movimento escoteiro – WOSM,
por 17 anos.
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formação de súditos desbravadores necessários para a construção e consolidação


do império. Neste sentido podemos analisar a promessa do escoteiro conforme
Baden Powell, (1908), assim como sua lei, como um compromisso assumido diante
o estado como bem podemos ver:
Por minha honra, prometo que farei o melhor possível: Para cumprir o meu dever
para com Deus e o rei. Para ajudar o próximo em todas as ocasiões. Para obedecer a
lei do escoteiro.
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2ª lei do escoteiro – O escoteiro é leal ao rei, à sua pátria, aos seus escotistas , aos
seus pais, aos seus empregadores e aos seus subordinados.
7ª lei do escoteiro – O obedece sem vacilar às ordens dos seus pais, do seu monitor,
ou do seu chefe escoteiro.
10ª lei do escoteiro – O escoteiro é limpo no pensamento, na palavra e na ação.

A lei escoteira e alguns artigos da lei denotam bem o caráter de obediência


quase absoluta ao estado, aos pais formadores do hábito, conceitos encontrados no
trabalho escrito por Bourdieu intitulado Les Héritieis, conforme Haecht (1992). Baden
Powell se põe com todo o prestígio adquirido em sua vida militar, como herói
nacional, a serviço da sua pátria, o que nos parece dar a impressão de utilização de
seus ensinamentos e sua doutrina como aparelho ideológico, mesmo de forma
inconsciente. O interesse da coroa inglesa na utilidade do escotismo se faz claro
quando o Rei Eduardo VII confere a Baden Powell a insígnia da “Order of de Bath”
(Ordem de Bath), pressiona-o e o encoraja a aposentar-se do exército e dedicar-se,
em tempo integral, ao escotismo.

Figura 1: Baden Powell

Fonte: União dos Escoteiros do Brasil

Mas teria o escotismo se tornado instrumento ideológico do estado? O


escotismo, criado para as crianças do império, dado ao estupendo sucesso, tornou-

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Escotistas: Adultos que conduzem o movimento junto aos jovens.
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se universal e fraternal. O movimento ultrapassa as fronteiras da Inglaterra e ganha


o mundo. Em 1909, no “Crystal Palace”, em Londres, mais de 10.000 rapazes,
dentre os 107.986 inscritos no movimento, se encontram para uma exibição. Tal ato
ganha notoriedade mundial e o escotismo chega a outros países, como cita Nagy
(1985). Antes de “Crystal Palace” o escotismo já tinha chegado em 1908 ao Canadá,
Austrália e Nova Zelândia. Em 1909 na Índia, Chile, Argentina e no Brasil. Em 1910
na europa continental com a Bélgica, Holanda, França, Dinamarca, Noruega, Suécia
e outros, assim como nos Estados Unidos da América do Norte e na Rússia em
1911. Em 1913 é realizado um acampamento internacional com a presença de
efetivos da Grã-Bretanha, Polônia, Áustria, Hungria, Alemanha, Espanha, Itália,
Holanda, França, Bélgica, Noruega, Dinamarca, Suécia, EUA e até da China como
informa Nagy (1985). Tal situação criou um paradoxo entre os “deveres à pátria” e a
irmandade fraternal existente entre os escoteiros. A primeira guerra mundial expôs
esta situação quando escoteiros lutaram em lados diferentes defendendo seus
países. Outro exemplo claro da dificuldade de utilização do movimento escoteiro
como aparelho ideológico do estado foi a resistência encontrada e a
incompatibilidade com os regimes totalitários. Mussolini e Hitler proíbem o escotismo
em seus estados fascistas e nazistas e, inspirando-se no sucesso do mesmo, criam
os “Balilla” e a “Juventude Hitlerista” tal como sita Laszlo Nagy (1985) em seu livro
“250 milhões de escoteiros”.

No Brasil, durante os anos de chumbo da ditadura militar e no período de


convulsões das décadas de 60 e 70, o movimento escoteiro consegue se manter
afastado de qualquer ideologia como bem mostra o texto da União dos Escoteiros do
Brasil, no texto de Letícia Vargas de Oliveira Brito e Outros (2009),
Por detrás de toda euforia vivida naquelas revoluções juvenis e de um certo
romantismo deixado por aquele tempo, há de se considerar que houve também
momentos em que a violência e algum radicalismo foram erroneamente
oportunizados como forma de atuação, contradizendo as mais legítimas inspirações
daquela geração. Em função desse paradoxo, a posição da organização escoteira foi
manter sua condição de movimento educacional e apartidário que, ao invés de
assumir qualquer papel movido pelas idéias daquele momento particular, manteve
seu propósito de oferecer aos jovens um espaço de aprendizado de valores
humanistas, sobretudo de convivência e tolerância, que sempre foram e ainda são
compromissos do escotismo, que não são alienáveis a qualquer tempo.

O movimento escoteiro, por seu caráter universal e fraternal, suplanta a sua


aparente atribuição original, em parte, de moldagem do jovem a um sistema social
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capitalista em crise, para se tornar sem fronteiras, com ideais humanistas. O


movimento passa a se tornar um movimento de educação para a vida, adotando o
método do aprender fazendo, revolucionando todo o sistema educacional do início
do século XX.

3. O ESCOTISMO INCENTIVOU A REPRODUÇÃO DA DISTINÇÃO DE CLASSES


SOCIAIS E FEZ USO DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA?

Haecht (1992) nos apresenta o esquema de reprodução ao sistema das


classes sociais. Dentre os conceitos apresentados como instrumentos de inculcação
e perenização do sistema de classes sociais, duas nos dizem mais respeito em
relação ao movimento escoteiro: O hábito e o uso da violência simbólica.

De acordo com Haecht (1992),


hábito: produto da interiorização de um arbitrário cultural capaz de perpetuar-se após
a cessação da actividade pedagógica e por esse meio perpetuar no comportamento
os princípios do arbitrário cultural.

Portanto, cabe fazer a verificação no movimento escoteiro de qualquer ação,


mesmo que inconsciente, no sentido de promover a divisão social em seu meio. A
definição primeira do movimento escoteiro no Brasil no documento Princípios,
Organizações e Regras é,
O Escotismo é um movimento educacional de jovens, sem vínculo a partidos
políticos, voluntário, que conta com a colaboração de adultos, e valoriza a
participação de pessoas de todas as origens sociais, raças e credos, de acordo com
seu Propósito, seus Princípios e o Método Escoteiro concebidos pelo Fundador
Baden-Powell e adotados pela UEB. (União dos Escoteiros do Brasil, 2008).

Ainda, do mesmo documento,


REGRA 046 – TRAJE ESCOTEIRO ALTERNATIVO: (...) O traje escoteiro alternativo
tem a seguinte composição: a) Lenço Escoteiro - de uso obrigatório em toda e
qualquer atividade; b) Camiseta – de qualquer espécie ou natureza,
preferencialmente exibindo motivo escoteiro. Além do lenço e da camiseta, os
integrantes da Unidade Escoteira Local (Grupo Escoteiro ou Seção Escoteira
Autônoma) autorizada a usar o traje escoteiro alternativo utilizarão, para a prática do
Escotismo, quaisquer outras peças de vestuário, desde que se apresentem limpas e
que não comprometam sua segurança nem agridam os bons costumes. (...).

Fica claro que tanto na primeira regra quanto na quadragésima sexta, o


movimento escoteiro busca amalgamar as classes sociais e irmaná-las em um só
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ideal de fraternidade. A utilização de um traje alternativo, ao alcance das classes


mais baixas permite o acesso das mesmas ao convívio dos demais na tropa.
Medidas como estas são tomadas no sentido de possibilitar o ingresso ao
movimento daqueles que não possuem condições financeiras, bem como às
atividades que são praticadas. Aliada a estas prerrogativas existe ainda a isenção de
pagamento de taxas e anuidades para os jovens carentes, conforme artigo 9° da
resolução n° 5/2008 da União dos Escoteiros do Brasil, Região do Rio Grande do
Sul, de 30 de outubro de 2008.

A convivência dos jovens se dá em pequenas células, chamadas patrulhas,


sem distinção de classe, credo ou raça. Mesmo a existência de grupos escoteiros
em clubes ou colégios onde haja a predominância de determinada classe social, se
encontrará a presença de jovens de origens diversas. O inculcamento cultural para
formação de um hábito segregacionista de classes sociais não encontra voz no
movimento escoteiro, mesmo de forma inconsciente, pela sua característica própria
de ensino que é o aprender fazendo e em equipe, sem preconceitos, como vemos
na regra n° 10 do P.O.R. (2008),
REGRA 010 – MÉTODO ESCOTEIRO: O Método Escoteiro, com aplicação
eficazmente planejada e sistematicamente avaliada nos diversos níveis do
Movimento, caracteriza-se pelo conjunto dos seguintes pontos:
(...)
b) Aprender fazendo: Educando pela ação, o Escotismo valoriza:
- o aprendizado pela prática;
- o treinamento para a autonomia, baseado na autoconfiança e iniciativa;
- os hábitos de observação, indução e dedução.
c) Vida em equipe, denominada nas Tropas “Sistema de Patrulhas”, incluindo:
- a descoberta e a aceitação progressiva de responsabilidade;
- a disciplina assumida voluntariamente;
- a capacidade tanto para cooperar como para liderar.
(...)

O movimento escoteiro também é rico em simbologias e faz uso diversificado


de imagens, objetos, costumes e linguagem. A inspiração militar do movimento
escoteiro, desde o seu surgimento, trás consigo uma enorme marca disciplinar e
hierárquica na sua organização e institutos básicos. O uso de sinais, apitos,
formações por “ordem unida”, uniforme e ícones como seus distintivos, está
carregado do que Bourdieu conceitua como violência simbólica em Haecht (1992),
onde a mesma impõe significações legítimas, de forma a dissimular as relações de
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força que as subentendem, através de uma ação pedagógica, exercida por


autoridade pedagógica e por inculcação de um trabalho pedagógico.

Como visto anteriormente, não existe um trabalho pedagógico no sentido de


inculcar uma ideologia dominante, porém os elementos da violência simbólica estão
presentes de forma bastante explícita no movimento escoteiro. A autoridade do
chefe é quase incontestável, semelhante em muitas vezes as que vimos nos meios
militares, assim como a ação do líder de patrulha, o monitor, função primeira da
pequena coletividade de até oito jovens. As diversas formações destas patrulhas em
determinados momentos, mostram a disciplina imposta pelo movimento, assim como
o atendimento a sinais manuais e sonoros como a voz de comando e o apito. O
uniforme escoteiro contribui de forma significativa para a significação do poder e o
exercício da autoridade. Ainda hoje o seu modelo é militar, podendo ser utilizado o
traje como alternativa, mais simples e associado a vestimentas civis e
contemporâneas.
Figura 2: Uniforme escoteiro nas diversas modalidades.

Fonte: Floriano de Paula. Para ser escoteiro de 2ª Classe. Editora Escoteira da UEB.
1963.

É comum verificar em acampamentos internacionais a existência de


grupos escoteiros, principalmente do leste europeu, com forte influência militar nas
suas vestes, sua disciplina e gestos. São paises ainda carregados da cultura militar
do antigo bloco soviético e da doutrinação de sua juventude. No Brasil, há uma clara
preocupação em descarregar esta herança através da proibição do uso de
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vestimentas que lembrem o uso militar, como artigos camuflados, uso de palavras de
ordem utilizadas nos quartéis e práticas belicistas em jogos.

Portanto, a violência simbólica se faz presente embora tenha havido


uma evolução pedagógica no movimento escoteiro, como o programa de jovens,
mais preocupado em uma formação mais abrangente do jovem a qual lhe dá maior
autonomia nas decisões pessoais e coletivas.

4. O ESCOTISMO FOI ATINGIDO PELO SURGIMENTO DA SOCIEDADE


INFORMACIONAL?

O que entendemos por uma sociedade informacional? Manuel Castells,


(1994), fala sobre o surgimento de uma sociedade baseada em tecnologias da
informação e comunicação, com a detenção e domínio do conhecimento,
instaurando uma nova ordem mundial, transformadora das estruturas sociais,
econômicas, culturais e políticas.

O movimento escoteiro sempre exerceu forte influência nos jovens pela


atratividade de suas atividades e suas características próprias que lhe dão
identidade, porém com o advento da informatização e globalização, adquire a
concorrência dos aparelhos eletrônicos como os vídeo-games, televisão a cabo e a
Internet principalmente. Conceitos como honra, patriotismo, lealdade e ideal, marcas
do movimento escoteiro, parecem ter caído em desuso nesta nova sociedade.

No Brasil o movimento escoteiro, através da União dos Escoteiros do Brasil,


promoveu uma mudança profunda em seu projeto educacional, o que acarretou uma
relativa desfiguração dos velhos princípios de um escotismo tradicional, como a
priorização das técnicas mateiras, o sistema de classes evolutivas, a obtenção de
distintivos e costumes tradicionais. Tal mudança foi uma tentativa de modernizar o
movimento escoteiro para uma educação mais abrangente, dando o mesmo peso
para outras áreas de desenvolvimento como as intelectual, afetiva e social, para
fazer frente a uma nova realidade de uma sociedade mais informada, globalizada e
menos romântica. É também a tentativa de inserir o movimento escoteiro em uma
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rede educacional mundial, de cunho construtivista, conforme conceito de Castells


(1994).

As mudanças no programa escoteiro não foram realizadas sem que houvesse


contestações por uma parcela significativa do seu efetivo. A reação às mudanças, a
perda de uma tradição construída por quase um século, às exigências pedagógicas
para os novos chefes, se fizeram notar nos fóruns de discussão da internet, Orkut,
nas reuniões de sábado dos grupos e até mesmo nos congressos escoteiros. A
cisão era inevitável. Em 2006 é criada uma associação independente à UEB, chama
AEBP, Associação Escoteira Baden Powell, que mantém o antigo programa
escoteiro em detrimento do novo programa de jovens. Como conseqüência direta da
cisão e da adaptação às mudanças, verifica-se uma evasão do movimento, embora
tenha ocorrido uma breve recuperação nos últimos anos, conforme podemos ver na
figura abaixo:

Figura 3: Evolução do efetivo nacional de 1998 - 2008

Fonte: UEB. Relatório anual 2008.

4. O FUTURO DO ESCOTISMO

Mal completados cem anos de existência, o escotismo se depara com


novos desafios para a sua continuidade. Faz-se necessário recuperar a sua
identidade primordial, sua vocação para o lúdico, a utilização da informação nos
diversos meios existentes na sociedade atual, o reconhecimento social de sua
importância como co-educador desvinculado da tutela estatal ou de qualquer abrigo
ideológico, mas principalmente recuperar o “espírito escoteiro” presente em
princípios pouco valorizados na sociedade atual. Somos testemunhas da
banalização da violência e dos costumes da sociedade atual, nos deparamos com
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situações que degradam instituições como a família e o próprio conceito de


comunidade. O movimento escoteiro, neste contexto, se faz útil e necessário como
formador de cidadãos, pessoas determinadas e preparadas para a vida,
independente de classe, gênero, credo ou raça, carregado de valores já perdidos. O
movimento escoteiro ainda é um jogo, mas cada vez mais sério.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Haecht, Anne Van. (1992) A escola à prova da sociologia. Lisboa: Instituto Piaget, p.
2.

Letícia Vargas de Oliveira Brito e outros. Tudo sobre Jovens Líderes. Parte I. Núcleo
Nacional de Jovens Líderes. Porto Alegre. UEB/RS. 2009. Disponível em:
http://www.uebrs.com.br/userFCK/File/jl/Tudao_1_%20Antes_de_Tudo.pdf. Acesso
em: 24 de outubro de 2009.

Manuel Castells, (1994) em palestra proferida no Congresso Internacional “Novas


Perspectivas Críticas em Educação”, organizado pelo Departamento de Ciências da
Educação da Universidade de Barcelona.

Martins, Carlos B. (1982) O que é sociologia, Editora Brasiliense, Coleção primeiros


passos n° 57, São Paulo, Brasil, p. 60.

Nagy, Laszlo, (1985) 250 Milhões de Escoteiros, Edicions Pierre, Marcel Favre
Public S/A, Genebra, Suíça, Edição brasileira União dos Escoteiros do Brasil, p.13,
p. 51, p. 54, p. 68-69, p. 83, p. 114-115, p.

Powell B, (1908) Escotismo para rapazes, Edição Fraternidade Mundial, Editora


Escoteira da União dos Escoteiros do Brasil, Ed. 1986, p. 24 – 26, p. 367.

Princípios, Organizações e Regras (2008), União dos Escoteiros do Brasil, 9ª


Edição, Curitiba, p. 9, p. 10, p. 22.

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