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No relato da criação do Gênesis, nos é dito que D'us viu que cada dia era bom,
mas no último dia diz que D'us viu que tudo era MUITO bom. O Talmud ensina que
isso se refere à inclinação do Mal, que ele iguala com o Satã. Por que isso é bom? É a
inclinação do Mal que fornece as nossas paixões e desejos, é a inclinação do mal que
é responsável não só por todo o mal que transpira neste mundo, mas também por
todo o bem. Pois, se não tivéssemos paixões, apetites e desejos, também não teríamos
motivação e faríamos muito pouco, bom ou mau nesta vida.
Se você olhar para o uso de Satanás na Bíblia hebraica, você acha que, como
conceito, é muito mais sobre uma experiência do que uma pessoa, uma experiência
em que D'us colocou um obstáculo na nossa frente. Este é Satanás, este é um
adversário. Então por que isso é uma coisa boa? Porque se nós tivéssemos de
atravessar a vida sem nunca experimentar esses obstáculos ou adversários,
obstáculos na vida, não haveria potencial para a virtude no mundo. Pois, se nunca
fomos tentados a fazer as coisas que não devemos fazer, então não fazê-las não teria
nenhum valor para nós. Somente ao enfrentar o desejo de fazer o que é errado e
superar isso, crescemos como pessoas espirituais.
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atrito destrói lentamente o pneu, e ainda sem o atrito, o pneu é inútil. Se não há
resistência a superar, não temos ambiente para crescimento.
Para reiterar, na Bíblia judaica, tudo foi criado por D'us, tanto o bem quanto o mal,
e tudo está sob o controle de D'us. Então no Judaísmo ensina que o que está a ser
superado não é Satanás, mas o "satanás" em nosso caminho, é o obstáculo que foi
colocado para nosso crescimento. Assim, para reiterar, no Judaísmo Ortodoxo,
Satanás é um agente de D'us, que nos dá oportunidades para crescer, para responder
às nossas paixões e desejos, produzindo coisas de valor neste mundo e tornando-se
pessoas espirituais mais fortes.
Se profundando mais:
O que a Torá, através de Moshe (Moisés), que esteve na presença do Eterno no Sinai,
e os profetas inspirados, que falaram de visões fabulosas que viram do Elohim de
Israel, têm a nos revelar sobre esse ser?
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por isso foi aquela cidade destruída. Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela
cidade se reedificar, e os seu muros se restaurarem, sucederá que não terá porção
alguma deste lado do rio.” (Ezra/Esdras 4:6,11-16)
O poço recebe o nome de Sitná, que significa exatamente oposição. Oposição esta
que pode ser observada pelo contexto: os pastores de Guerar se opunham aos de
Yitschak (Isaque), reclamando para si o direito sobre a água.
"Mas os meus inimigos estão vivos e são fortes, e os que sem causa me odeiam se
multiplicam. Os que dão mal pelo bem me opõem [yistenuni - ] טנדני י, porquanto
eu sigo o que é bom."
(Tehilim/Salmos 38:19-20)
David sofre oposição por seguir aquilo que é bom. Observa-se portanto que de fato
raiz está ligada ao ato de opor-se a algo ou alguém.
A raiz shin-tet-nun ( ) טנé utilizada de forma geral para indicar uma oposição ou
acusação. Satan, no Tanach (Bíblia Hebraica, judia)
"E a ira de Elohim acendeu-se, porque ele se ia; e o anjo de YHWH pôs-se-lhe no
caminho por adversário [le'satan - ;] ל טןe ele ia caminhando, montado na sua
jumenta, e dois de seus servos com ele… Então o anjo de YHWH lhe disse: Por que já
três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu saí para ser teu adversário [le'satan -
]ל טן, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim."
(Bamidbar/Números 22:22,32)
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"Os príncipes dos filisteus iam à frente com suas tropas, divididas em companhias de
cem e de mil homens. Davi e sua gente caminhavam na retaguarda com Achish. Os
chefes dos filisteus disseram: Quem são esses hebreus? É David, respondeu Achis,
servo de Sha’ul(Saul), rei de Israel, que está em minha companhia há muitos dias, e
mesmo há muitos anos. Nada tenho a censurar-lhe desde o dia em que se refugiou
junto de mim até hoje. Porém os príncipes dos filisteus muito se indignaram contra
ele; e disseram-lhe os príncipes dos filisteus: Faze voltar este homem, para que torne
ao lugar em que tu o puseste, e não desça conosco à batalha, para que não se torne
nosso adversário [le'satan - ] ל טןna batalha; pois, com que poderia este agradar a
seu senhor? Porventura não seria com as cabeças destes
homens?"
(Sh'muel Alef/1 Samuel 29:2-4)
Demônios no Judaísmo
Rabino Riccardo di Segni
Dibbuk significa “adesão”, ou seja, algo (um ou mais espíritos) que se associa
conjuntamente. É um tema presente na tradição hebraica em uma histórica muito
longa, que de vez em quando emerge como um rio subterrâneo com novos aspectos
e novas interpretações. O termo particular (dibbuk) e o tema da possessão são
usados principalmente na história mística, especialmente desde o século XVII, para
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E sobre os anjos?
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Agora, foi colocado em uma grande empresa que usa sistemas tecnológicos
sofisticados, todo o trabalho passa através de um site central, com o qual se faz a
tradução da obra. O que apresentamos é o primeiro resultado deste trabalho, a
tradução de um tratado.
Observação:
Satan é apenas um anjo com um trabalho que para nós é desafiador. Satan não
tem um reino paralelo. Satan não está competindo com D’us nem está atrapalhando a
criação. Ele sequer se satisfaz quando a pessoa se deixa vencer pela má inclinação. Ele
sequer decide suas próprias missões. Satan é um anjo que nos impõe desafios, ao
mando de D’us; um anjo que não permite que enganemos a nós mesmos com falsa
modéstia ou hipocrisia moral; um anjo que traz a punição divina ao homem; que
executa a correção do Criador. Satan não tem aparência maquiavélica, nem chifres, nem
pele vermelha, nem rabo, nem mora em chamas, nem mesmo se veste de terno e
gravata!
Satan é uma força, impessoal, enviada para nos desafiar, uma prova, uma avaliação que
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temos que superar para provar nosso valor, nossa real escolha. Satan pode ser
percebido por meio de um desejo impróprio dentro de você. Claro, não existem coisas
criadas justamente para nos fazer errar. Nós é que escolhemos errar. A possibilidade do
erro faz-nos sentir a necessidade de
melhora e nos induz ao progresso para o qual fomos criados. Mas tudo depende
das escolhas que fazemos. O Satan executa sua missão de se opor a nós, por meio das
coisas que nós mesmos valorizamos no mundo.
Então, se uma pessoa vem ao seu encontro e lhe oferece um objeto roubado por
um preço insignificante, por exemplo; esta pessoa não é o Satán e nem está sendo
“usada” pelo Satan. Esta pessoa é uma que não resistiu a sua própria má inclinação, e
não resistindo à oposição do Satán, e por fim decidiu fazer o mal.
Não foi obrigada a isso, mas foi desafiada nas suas convicções morais e testada em
sua fé na justiça e no bem. Se esta pessoa falhou e não passou na prova, esta pessoa que
cometeu o pecado quer cometer outro; como dizem os sábios, a recompensa de um
pecado é outro pecado, e agora seria a sua vez de escolher.
Todo ser humano deve tentar vencer o mal que há em si. E muita gente tenta fazer
prevalecer sua ideia para aliviar a si mesma da culpa. Ninguém quer pecar sozinho. E
pode até ser que a pessoa queira cometer um crime com sua ajuda! Ou talvez a pessoa
tenha a satisfação de ver que não está só no erro, ou de ver você contradizer suas
convicções; o que seria uma pessoa muito perturbada; porém muito frequente em nossa
sociedade. A pessoa pode ter mil motivações ao pecado. Do mesmo modo, a figura da
serpente no Éden, não se referia ao Satan; a quem os cristãos gostam de atribuir. Cobras
não são diabos! São apenas cobras, répteis e nada mais. É apenas uma figuração da
própria tentação humana, desenvolvida na mente do primeiro homem e da primeira
mulher, motivada pela curiosidade e devaneios de ambos.
Nenhum de nós é capaz de destruir o Satan. O que nós devemos fazer é usar a
oportunidade do desafio para vencer a nós mesmos, procurando compreender onde o
Satan foi enviado a servir-nos de opositor, sabendo então que é exatamente nesta
determinada qualidade que devemos agora nos superar. O Talmude nos instrui que a
nossa Inclinação ao Mal constantemente tenta nos destruir espiritualmente, e
HaShem(Um dos nomes de
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D'us) constantemente nos ajuda a vencer nossas fraquezas, pelo simples fato de
lutarmos pelo bem. Quando este mundo terminar, no mundo vindouro, o julgamento
da história acontecerá. Após isso, a função do Satan estará cumprida neste mundo. Ele
não mais precisará guiar as pessoas rumo ao progresso por intermédio das dificuldades
que impõe, pois atingiremos o nível desejado por HaShem para este mundo. Uma vez
terminado o julgamento, não precisaremos mais da expiação da morte, e
consequentemente o Satan não mais será o agente da morte biológica, nem um opositor
frente à escolha humana. Satan terá então a sua existência anulada, pois atingirá o
propósito para o qual foi criado.
E isso não será uma injustiça com o Satan. Será como desligar uma máquina por
não mais precisar usá-la. Acaso alguém choraria por desligar sua TV por não querer
mais assisti-la? Do mesmo modo que máquinas, “anjos” não são seres conscientes, como
nós humanos somos; não possuem nem emoções nem desejos. Eles apenas existem para
seguir as instruções de HaShem e é exatamente isso que fazem. Nisso, eles se
assemelham aos animais e por isso nas visões, são comparados como tais. Portanto,
Satan foi criado para nos desafiar e nós podemos escolher vencer todos os desafios e
consequentemente, vencer a nós mesmos, ou não. Mas, não foi sem propósito que todo
ser foi criado. Sejam os animais ou os anjos! Quando nós lutamos contra nós mesmos,
controlando-nos e aprendendo a superação, nós somos recompensados e juntamente
conosco o Satan que cumpriu sua missão. A recompensa do Satan é a própria
continuidade da sua existência! Que por fim atingirá seu ápice e será anulada quando
não for mais necessária.