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Trata-se de mais um capítulo de uma história longe de ser tranquila. Desde o primeiro texto,
datado de 1931, de elaboração conjunta da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia
Brasileira de Letras, cujas normas são tornadas obrigatórias em todo o Brasil por decreto de
Getúlio Vargas, abandonadas em 1934, na esteira do nacionalismo da proposta modernista,
restabelecidas em 1938, reformuladas, em 1943, pelos brasileiros e, em 1945, pelos portugueses,
com algumas alterações em 1972 e em 1973, respectivamente.
O ano de 1975 marca nova tentativa das duas Academias, com a elaboração de mais um projeto
de Acordo unificador. Motivos de caráter político impedem a aprovação oficial. Os esforços
prosseguem. Em 1986, um encontro na mesma direção reúne, no Rio de Janeiro, por iniciativa de
Antonio Houaiss, representantes dos citados países africanos, que tinham o português como
língua oficial. Termina, como o anterior, por não ir adiante.
O novo documento regulador privilegia o critério fonético, deixado em segundo plano o critério
etimológico. Assim posicionado, leva em conta as diferenças de pronúncia das comunidades
envolvidas, em vários casos praticamente intransponíveis. E envolve, em relação aos critérios de
43 e 45, manutenção e mudança. Esta, porém, não tão abrangente como a que caracterizava o
texto de 1975. Poderia, sem maiores impasses, ter sido mais radical. Mas configura um avanço.
Possibilita ampliação significativa do mercado de livros e periódicos. Abre-se para Portugal, para
os países de africanos e para o Timor-Leste o contingente de leitores brasileiros e vice-versa, com
a decorrente superação de espaços de mútuo desconhecimento. A edição de livros ganhará maior
mobilidade e implicará redução de custos, compensatória do investimento e do tempo destinados
à adaptação das obras às novas regras. A língua escrita, em decorrência, passará a contribuir
ainda mais para a solidificação de laços e interesses comuns.
Abriga também, no âmbito linguístico, a possibilidade de fixação de uma política do idioma que
aproxime ainda mais os países da lusofonia. Na direção da preservação da língua comum,
respeitadas as normas paritárias nacionais.