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ORIGEM DA METODOLOGIA DE PROJETOS, SEU SIGNIFICADO,

TRAJETÓRIA E CONTRIBUIÇÕES NOS PROCESSOS EDUCATIVOS

Marise Nancy ALENCAR

Dácio Guimarães MOURA

CEFET-MG

RESUMO: Este trabalho busca analisar as origens e a trajetória histórica da Metodologia de Projetos
- MP, identificando as concepções filosóficas em que está fundamentada, assim como as críticas mais
comuns que lhe são dirigidas. Inicialmente é realizado um diagnóstico do atual quadro da MP,
identificado críticas, experiências e propostas em curso, através de um estudo bibliográfico e, num
segundo momento, um levantamento é realizado das características do Naturalismo, Empirismo e
Pragmatismo - concepções filosóficas escolhidas - por terem em seus princípios, elementos que
convergem com a MP. O resultado dos estudos bibliográficos será confrontado, a posteriori, com uma
pesquisa de campo, de natureza qualitativa, a fim de verificar que percepção os professores têm sobre
as concepções filosóficas que sustentam a MP, identificando a relação de tal percepção com uma
possível minimização de críticas e o favorecimento da sua prática no contexto escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Metodologia de Projetos; Educação Ativa; Fundamentos da Educação

1. Introdução

A Metodologia de Projetos - MP tem passado, historicamente, por diversas fases e


atualmente encontra-se novamente em evidência. Entretanto, dificuldades e resistências à sua
implementação no contexto escolar fazem re-emergir críticas que já foram assinaladas e que
se somam a novas críticas relacionadas às condições atuais da escola. Grande parte das
dificuldades da aplicação da MP parece se dever à falta de uma compreensão mais profunda
sobre os pressupostos e os fundamentos que lhe deram origem e sustentação.

A origem da MP tem sido atribuída, algumas vezes, à Educação Profissional, com raízes
no século 16. Outras vezes, sua origem tem sido associada à Educação Ativa, movimento
surgido com o advento da Escola Nova, no início do séc. 20, cujos princípios preconizam a
autonomia dos educandos, a livre atividade e a experiência pessoal.

Atualmente, muitas experiências têm sido desenvolvidas levando em consideração a


proposta da MP. No âmbito escolar, em programas de ensino nas diversas instâncias de
governo e até em ONGs que se destinam a propor melhorias para a educação, a estratégia de
projetos, enquanto metodologia de ensino, tem sido valorizada e vista como fator de sucesso
quando se pretende uma maior participação do aluno. Tem se considerado que a MP pode
contemplar o conhecimento em uma perspectiva de complexidade, interdisciplinaridade e
transversalidade que a atual sociedade exige. No entanto, críticas e resistências persistem em
relação às possibilidades dessa metodologia.

É perceptível que a educação encontra-se em um momento de transição e, uma questão


antiga permanece sobre como desenvolver currículos e métodos de ensino, coerentes com o
que a sociedade atual exige em relação à formação de alunos mais ativos e conscientes.
Tendo em conta o interesse pela MP, como proposta que pode atender às necessidades da
educação na atualidade, a despeito das críticas e resistências que lhes são apontadas,
pesquisar sua origem e seus fundamentos pode contribuir para sua melhor compreensão e,
desse modo, favorecer sua aplicação no contexto escolar.

Desta forma, cabe investigar os fundamentos e as correntes filosóficas que subjazem a


MP, no sentido de compreender mais profundamente sua gênese e seu significado. Esse
trabalho, portanto, objetiva contribuir para uma maior reflexão a respeito dessa temática que
envolve os pressupostos da MP, alguns fundamentos da educação, marcos históricos e a
aplicação desta metodologia no cenário escolar.
2. Referencial teórico

Na elaboração deste trabalho, um questionamento inicial que se fez foi: por que tratar
um assunto de natureza metodológica - a MP- pelo âmbito filosófico e histórico?

A Educação é um instrumento, um caminho, ou como dizem os filósofos, a


Educação é teleológica, que significa: ... um caminho para se atingir um fim, um
objetivo final. E quem lhe indica esse fim é a Filosofia. “Se a finalidade da
educação está em guiar e ajudar o homem a atingir a sua plenitude humana, ela não
pode fugir aos problemas e dificuldades da Filosofia” ..., portanto, o valor de um
sistema pedagógico está sempre na dependência do sistema filosófico que o
informa.” (FONTOURA, pag. 31 e 32, 1970)

A citação acima, acompanhada do questionamento que a precedeu, demonstra que


entre educação e filosofia há uma estreita relação e, os problemas que se estabelecem na
educação podem, muitas vezes, possuir causas em função do mau entendimento das suas
origens filosóficas.
Cada vez mais tem sido percebida a necessidade de aprofundamento nas teorias que
sustentam as muitas práticas escolares. Isso é notado nas discussões que especialistas fazem
sobre currículo, métodos, sistema de avaliação, inclusão e muitos outros assuntos polêmicos
referentes ao ensino. Além disso, em muitos estudos sobre educação, o respaldo das correntes
filosóficas é tido como condição para a validação ou pelo menos sua sustentação. Para
Fontoura (1970):

...para bem entendermos as doutrinas pedagógicas precisamos conhecer as doutrinas


filosóficas que as informam, isto é, que lhes servem de sustentáculo, de roteiro e de
objetivo. E dissemos que essa ligação doutrinas pedagógicas-doutrinas filosóficas é
que se chama Filosofia da Educação. (FONTOURA, pag.37, 1970)

Partindo do pressuposto que a Filosofia pode, senão explicar, pelo menos contribuir
para o entendimento de questões que há muito permeiam as discussões sobre a educação,
tentar-se-á identificar nesse artigo, num recorte de três correntes filosóficas selecionadas –
Naturalismo rousseauniano, Empirismo e Pragmatismo - as características que podem
aproximar da gênese da MP. O resgate do passado, principalmente no que diz respeito à
possibilidade de recuperação de informações e dados, pode revelar traços dos movimentos
mais significativos de uma época e, assim, favorecer a percepção de que pensamentos e
princípios estão na base da MP. Eis aí o motivo de a filosofia alinhavar a temática desse
artigo.
3. Objetivos

O trabalho tem como objetivo analisar a origem, trajetória e fundamentos da


Metodologia de Projetos - MP, procurando identificar concepções filosóficas que a
sustentam, tendo em vista esclarecer críticas que lhes são apontadas, visando a favorecer
sua prática nos processos educativos.

3. Metodologia

Os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho partem, fundamentalmente, de


dois estudos bibliográficos. O primeiro com o objetivo de analisar o momento atual da MP,
buscando identificar como ela tem sido vista, avaliada e criticada, vinculando tais oposições à
falta de conhecimento das concepções filosóficas que a sustentam e, convergindo com esta
primeira parte, um outro estudo é feito, visando a pesquisa das concepções filosóficas em que
está fundamentada a MP. Uma pesquisa de campo será realizada, posteriormente, a fim de
verificar a percepção de professores, que estão diretamente ligados à prática da MP, sobre os
aspectos estudados.

4. Desenvolvimento

A educação sempre foi, desde a antiguidade, motivo de interesse e ocupação das


gerações mais velhas em relação às mais jovens. Muitos foram os ciclos e etapas vividas no
que se refere à educação e a busca por uma forma mais apropriada e eficiente de educar.
Sendo assim, ao resgatar indícios e marcos em que aparece a preocupação com uma educação
mais significativa para o aluno, podem ser estabelecidos elos entre o tempo, pensamentos e
ideologias predominantes em cada época.
Ao se fazer um recorte do que ocorreu nos séculos 19 e 20, há evidências de que fatos
importantes e decisivos ocorreram na área educacional, como o movimento denominado
Escola Nova, os métodos de ensino criados nesta época, e ainda, as escolas de ensaio
preconizadas por muitos educadores.

Os lemas “aprender a aprender” e “aprender fazendo”, na concepção dos filósofos-


mentores da Escola Nova, tinham o propósito de chamar a atenção para a nova
modalidade de aprendizagem e a mudança metodológica na construção do
conhecimento, reconhecendo a autonomia e liberdade de expressão e pensamento
da criança no seu diálogo com o conhecimento, valorizando a criatividade e a
socialização, sem perder de vista o ideário educacional embutido na organização
das atividades metodológicas. No entanto, na prática de muitos professores
prevaleceu o reducionismo, restando apenas o “como” aplicar o método ativo. E
assim, a forma (fórmula) predominou sobre o conteúdo. Os conteúdos que ainda
eram repassados através desses métodos eram direcionados para a preservação da
“verdade” que mantinha o sistema tradicional juntamente com seus valores. Os
lemas “aprender a aprender” e “aprender fazendo”, anos depois, com a introdução
do tecnicismo nos anos da ditadura militar, foram reinterpretados e direcionados
para a aprendizagem de conhecimentos úteis ao mercado de trabalho. O objetivo
dos escolanovistas visava a formação de sujeitos ativos com espírito investigativo,
senso crítico, situados na sociedade em transição. Com o tecnicismo, esse objetivo
foi redirecionado para o instrumentalismo. (SANTOS, 2006)

A MP pode assim ser considerada, como uma das metodologias que num determinado
momento histórico, apresentou-se como proposta inovadora da prática educativa, visando,
sobretudo, a formação de um aluno mais ativo na escola e na sociedade. No entanto, é
possível identificar na literatura, críticas e resistências à prática de metodologias com o perfil
mais ativo e, especialmente em relação à MP, é perceptível a confusão na identificação de seu
surgimento enquanto proposta pedagógica.

Ao analisar o que alguns estudos apontam sobre a raiz da MP, por vezes são
encontradas referências à Educação Profissional e, outras vezes, sua origem é associada à
Educação Ativa, movimento surgido com o advento da Escola Nova. Pesquisas recentes, no
entanto, segundo Knoll (1997), ainda apontam que a história da MP é longa e pode ser
dividida em fases.

Grande parte dessa confusão é atribuída ao fato de que a história do método de


projetos foi pesquisada superficial e contraditoriamente. Para os historiadores
americanos o início foi na agricultura, com Rufus W. Stimson, quando o termo
projeto apareceu, em 1908 pela primeira vez; já para os educadores americanos,
Kilpatrick é o precursor. Para os historiadores alemães a origem do termo “projeto”
vem dos professores universitários, Charles R. Richards e John Dewey, quando
estes apresentaram seus programas de artes manuais e industriais em 1900.
Recentemente, no entanto, a investigação histórica tem feito grandes progressos na
resposta à pergunta de quando e onde o termo "projeto" foi utilizado, no passado,
para designar um dispositivo de ensino e aprendizagem. Segundo estes estudos,
projeto, "como um método de instrução institucionalizada”, não é um filho do
movimento de educação industrial e progressista que surgiu nos Estados Unidos no
final do século 19. A defesa mais atual é a de que ascendeu a partir do movimento
de educação da arquitetura e engenharia, que começou na Itália durante o século 16.
(KNOLL, 1997)

No entanto, o fato de haver confusões e discordâncias sobre a real origem da MP e,


apesar das críticas à sua utilização persistirem, esta forma de trabalho vem ganhando destaque
novamente no cenário educacional. Atualmente, muitas experiências têm sido desenvolvidas
levando em consideração esta metodologia. Pesquisas, artigos, experiências, livros,
dissertações e programas de governo têm contemplado a MP como uma possibilidade para
atender as demandas da atual sociedade. Daí a percepção da sua aceitação e propagação na
atualidade.

Hernández (1998, p.13), por exemplo, propõe a construção de uma nova relação
educativa baseada na colaboração na sala de aula, na Escola e com a comunidade. Para ele, tal
mudança pode redefinir o papel da escola, em função das transformações ocorridas na
sociedade, nos alunos e na própria educação. Este autor, em seus livros, sugere organizar o
currículo mediante projetos de trabalho, ou seja, ensinar através de projetos e abordar as áreas
disciplinares como projetos.

Os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais do governo brasileiro destacam o


trabalho com projetos e orientam os professores a utilizarem tal proposta em suas práticas.

O projeto tem um desenvolvimento muito particular, pois envolve o trabalho com


muitos conteúdos e organiza-se em torno de uma produção determinada. Um projeto
caracteriza-se por ser uma proposta que favorece a aprendizagem significativa, pois
a estrutura de funcionamento dos projetos cria muita motivação nos alunos e
oportunidade de trabalho com autonomia. (BRASIL, PCN – Ensino Fundamental,
1997)

Nos últimos tempos, a educação brasileira tem recebido inúmeras propostas de


mudanças, incentivos e proposições de metas a serem alcançadas. Na própria LDB, nos PCN
e Referenciais, no PNE - Plano Nacional de Educação, nas novas metodologias e no sistema
de avaliação há um destaque, ano após ano, no que se refere à inovação no ato de educar. O
sistema de avaliação instituído pelo governo é um exemplo desta tentativa. A criação do
SAEB destinado a avaliar a Educação Básica; do ENEM, para avaliar o Ensino Médio; do
ENADE que se ocupa da Educação Superior e, até mesmo a inscrição voluntária do Brasil na
avaliação internacional do PISA - Program for International Student Assessment, são formas
de como o Brasil tem se ocupado em buscar resultados e dados para estabelecer melhorias no
sistema educacional.

A Escola Plural, experiência vivida nas escolas municipais de Belo Horizonte, que
elegeu os projetos de trabalho como uma inovação pedagógica, pode servir de referência
nesse sentido, por ter em seus eixos norteadores a reorganização dos tempos e espaços
escolares em função do aluno. Em 1994, época da implantação da Escola Plural, treinamentos
foram oferecidos aos professores e o tema, “Projetos de Trabalho”, estava entre aqueles que
foram ofertados aos docentes. Projetos foram divulgados como uma intervenção pedagógica
globalizante, entendidos como possibilidade de não somente enfatizar o conteúdo a ser
trabalhado com os alunos, mas, também, como facilitador do processo de construção do
conhecimento.

“... essa concepção de globalização parte do princípio de que a aprendizagem não é


fruto apenas de uma acumulação de novos conhecimentos aos esquemas de
compreensão dos alunos e sim de uma reestruturação desses esquemas, a partir do
estabelecimento de relações entre os conhecimentos que já possuem e os novos,
com os quais se defronta. Assim, o que se pretende é que os alunos consigam
aprender a aprender e a viver, ou seja, consigam ir aprendendo a organizar seus
próprios conhecimentos, e estabelecer relações, utilizando-se dos novos
conhecimentos para enfrentar novos problemas e atuar no mundo. Dessa maneira,
sua aprendizagem vai adquirindo um valor relacional e ativo. Esse processo exige
que se ofereça aos alunos experiências de aprendizagens ricas em situações de
participação. Não se forma um sujeito participante e autônomo falando sobre
autonomia e democracia e sim exercitando-as. (SMED/Escola Plural, 1994).

Experiências como as mencionadas reforçam a percepção de que iniciativas


relacionadas à educação têm surgido na atualidade. Adicionalmente, tanto no Brasil quanto
no exterior, muitos autores têm escrito sobre a MP. Martins (2002), em seu livro O trabalho
com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio, destaca que o
fundamental do trabalho com projetos é “não dar a resposta pronta, ou a solução aos
problemas encontrados pelos alunos, mas orientá-los a investigar, alimentando-lhes o prazer
de descobrir, pela pesquisa e pelo esforço, as respostas que querem”.O autor vai além e
propõe uma adaptação dos princípios da Pedagogia de Projetos, aos métodos da ciência,
visando a formação de um futuro universitário.

Nogueira (2002) afirma que “a dinâmica de trabalho com projetos pode levar os
professores a criar um ambiente motivador, voltado para uma aprendizagem mais
significativa, e auxiliando-o a transformar-se, efetivamente, em mediador do processo de
desenvolvimento do conhecimento de cada um de seus alunos.”

Moura e Barbosa (2010, p.217), afirmam que a MP “contribui para a melhoria do


processo educativo, principalmente na promoção de uma aprendizagem significativa e
contextualizada.”

Hernandez e Ventura (1998, p. 61) defendem que a “função do projeto é favorecer a


criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares” tanto para o tratamento
da informação quanto para a articulação dos conteúdos, a partir de problemas ou hipóteses
levantadas, em busca de caminhos possíveis de transformação das informações em
conhecimento próprio. Para estes autores, a MP é uma proposta que apresenta uma forma de
considerar todos os elementos importantes da formação integral do ser humano, pois, propõe
a aprendizagem vinculada a situações e problemas reais, preparando assim, para a vida.

Diante do exposto, fica evidenciado que diversas publicações e experiências


educacionais defendem, não obstante a algumas resistências e críticas, o potencial de
mudanças e de melhoria, no processo educativo, com a utilização da MP, favorecendo a
formação de pessoas de acordo com as demandas da atual sociedade. Em termos
metodológicos, a proposta de realizar projetos tem conquistado mais espaço nos últimos anos
e, embora existam autores que valorizam a MP, ainda são encontradas críticas e ponderações
sobre vários aspectos, tais como as apresentadas a seguir.

A aprendizagem baseada em projetos possui muitos benefícios, mas não é eficiente


para ensinar aos alunos as habilidades básicas de compreensão, vocabulário, escrita
e comunicação. Por exemplo, os projetos podem incluir aplicações matemáticas,
mas os fundamentos da matemática são melhor ensinados por meio de instrução
direta. (Aprendizagem Baseada em Projetos: guia para professores de ensino
fundamental e médio – Buck Institute, 2008, pag. 41).

Algumas oposições, como a destacada acima, são claras sobre a diferença entre o que
o ensino tradicional e o ativo propõem. Algo que pode ser destacado, sobre o ensino
tradicional, é que este se apóia fortemente no método de instrução proposto por Johann F.
Herbart (1776-1841). Para Herbart, a ação pedagógica pressupõe um passo a passo para a
aprendizagem do aluno. A preparação, apresentação, assimilação, generalização e, por fim, a
aplicação, são os cinco passos propostos por ele. Ainda é pertinente observar que, mesmo
sendo considerado um adepto ao formalismo, ou seja, um representante da escola tradicional,
há na ideia de Herbart uma intenção de elaborar uma pedagogia como ciência da educação.

Há críticas que também se referem à falta de qualificação dos professores na aplicação


da MP, o que de alguma maneira é correto, diante de resultados de pesquisas realizadas
recentemente sobre esta temática. Araújo (2009) identifica uma considerável dificuldade na
formação acadêmica de professores em pesquisa sobre o perfil do educador que aplica a MP.
A maioria dos profissionais que participaram do trabalho, atribui a capacitação na utilização
da MP à própria práxis e não a cursos de formação docente.

Amaral (2000) discute a dificuldade encontrada pelos professores na implantação de


propostas pedagógicas inovadoras, inclusive a MP, na experiência da Escola Plural em Belo
Horizonte no período de 1994 a 2008. Glória (2002), em entrevistas aos professores da Escola
Plural, demonstra através dos depoimentos colhidos, que a maior parte dos educadores não
tinha uma idéia bem clara do que teria que fazer.

Os “Projetos de Trabalho” foram, logo de início, interpretados como a ruptura com


o conhecimento formal, com a organização curricular. Tal como alguns outros
pressupostos do projeto, também este não foi bem entendido e deu origem a alguns
preconceitos quanto à proposta que se colocava.
(http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/0403t.PDF)

Outra crítica apontada à MP é a desconfiança gerada nos pais dos alunos que a ela são
submetidos. Os pais, pelo desconhecimento dos benefícios da MP, temem se seus filhos
estarão realmente preparados para enfrentar o que a sociedade exige. E ainda há uma
acusação de que a MP, por ser uma metodologia mais aberta e com maior participação por
parte do educando, não é tão “forte”, deixando lacunas ao longo da sua formação. Charlot
(1979) ainda identifica outro ponto: o pouco ou nulo valor que as metodologias mais ativas
dão à formação sócio-política do aluno. Este autor não aponta críticas diretamente a MP, mas,
de forma generalizada, afirma que:

Todos esses esforços pedagógicos são interessantes, pois procuram reintroduzir a


criança no mundo social adulto. Certamente, apresentam também aspectos criticáveis
e seus promotores respectivos não se privam, aliás, de se criticarem uns aos outros.
Algumas dessas tentativas esbarram nos limites institucionais, outras permanecem
muito marginais e deixam colocado o problema da generalização desse tipo de
educação; todas permanecem demasiado indefinidas no que se refere aos seus
objetivos sócio-políticos. Mas não constituem menos certo número de inovações
pedagógicas que mostram que se começa a reagir hoje contra o isolamento social da
criança e a repensar a educação em seu quadro social. (CHARLOT, 1979, p.307)

Enfim, ainda há uma resposta a ser dada em relação a uma questão que poderá em
curto prazo, aumentar as críticas à MP, caso não seja bem encaminhada. A questão é que
parece faltar um embasamento e uma compreensão mais aprofundada das reais origens desta
metodologia e, na medida em que estudos são realizados para esclarecer as concepções que
fundamentam a MP, muitas das oposições podem ser amenizadas e, aos poucos, haja a
possibilidade de oferecer com mais clareza e relevância, dados para uma melhor prática da
MP.

Neste trabalho não existe a intenção de superar definitivamente as críticas à MP.


Considera-se que enquanto a história e os fundamentos da MP não forem resgatados e melhor
divulgados, persistirão dúvidas e sua prática poderá, mais uma vez, perder força no cenário
educacional.

A investigação das origens da MP e, das concepções filosóficas que constituem sua


gênese, contribui para que os educadores que se debruçam sobre esta prática tenham uma
visão da sua procedência e possam, desse modo, favorecer a sua prática.

Desta forma, se o ideário da MP é bem mais antigo do que o assinalado na literatura


que, ora aproxima sua origem ao movimento da Educação Ativa, ora aponta suas raízes na
Educação Profissional, a compreensão e o conhecimento da origem e dos fundamentos da MP
podem favorecer sua prática. Levando-se em consideração os fundamentos e as correntes
filosóficas que subjazem esta metodologia, críticas podem, inclusive ser minimizadas na
medida em que os princípios filosóficos em que está ancorada a MP, não correspondem ao
esperado como resultado de sua aplicação.

As questões orientadoras para a construção deste trabalho foram geradas a partir de


observações da realidade de escolas que implementam em sua prática a MP e das inúmeras
discussões dos autores com especialistas e estudiosos da MP. Saber como a MP tem sido
vista e avaliada na atualidade e como tem sido considerada historicamente foi um começo
importante. Após este quadro delineado, identificar que críticas mais comuns são atribuídas à
MP e em que concepções filosóficas aparecem sinais característicos da MP foi um segundo
passo.

Assim, ao tentar identificar em quais fundamentos da educação as metodologias ditas


ativas tiveram suas primeiras ramificações, é possível perceber elementos importantes que
alguns teóricos e filósofos sinalizam em suas obras. Em 1762, J. J. Rousseau publica
“Emilio”, e coloca a criança como centro e fim da educação, inaugurando um movimento que
influenciaria escolas e educadores de todo o mundo. Rousseau, ao propor uma “educação de
acordo com natureza”, foi interpretado por muitos como ingênuo, mas, é ele também quem
elabora um plano de educação com objetivos e métodos para cada fase da vida do aluno.
Muitos estudiosos consideram Rousseau como um marco fundamental para o início do que no
futuro ocorreria na educação por defender, como naturalista, uma educação mais livre,
natural, sem amarras. O Naturalismo rousseauniano se aproxima das características da MP já
que, na concepção desta metodologia, a livre atividade e a busca voluntária e interessada
pelas resoluções dos problemas são pontos básicos. Ainda sobre o Naturalismo de Rousseau,
a função social da educação é outra preocupação, pois, para ele, a reforma da educação é a
que possibilita uma reforma do sistema político e social e, assim, a possibilidade de ser criada
uma sociedade.

Rousseau tem sido considerado pelos educadores como “pai do espontaneísmo”,


“pai da Escola Nova” ou precursor do laissez-faire, no sentido de deixar a criança
em desenvolvimento totalmente livre da interferência do adulto. Estudando o texto
do Rousseau, pude constatar que, apesar de ter encontrado essas afirmações no
livro, elas são utilizadas num contexto muito mais amplo, e que ignorar o teor desse
contexto é, senão distorcer, pelo menos reduzir a idéia de liberdade proposta por
esse mestre. (CERIZARA, 1990)

No século 18, outro autor que deixa um forte impacto na educação é Giovanni Enrico
Pestalozzi. Defensor da generalização da instrução, ou seja, o aprender como direito de todos,
Pestalozzi é um grande adepto da educação pública. Na escola de Pestalozzi, mestres e alunos
permanecem juntos o dia todo e as atividades escolares são desenvolvidas de modo flexível.

No século 19, sucessores de Rousseau e Pestalozzi dão guarita ao pensamento de fazer


da educação algo ainda mais prático, real e participativo. Em 1826, Friedrich Froebel
considera primordial o desenvolvimento das crianças a partir de seus dons, suas
possibilidades, sua experiência no mundo e na sociedade. A partir deste momento uma
turbulência é notada em várias partes do mundo e, o pensamento de ter uma escola mais viva,
e de acordo com os interesses reais dos alunos, ganha força. É possível perceber assim, que há
no Naturalismo, fundamentos que se assemelham ao ideário da MP.

Pode-se também, a partir dos elementos que constituem o Empirismo, concepção


filosófica que afirma, de forma concludente, que o conhecimento provém da observação e da
experiência e que defende que aquilo que é originado da experiência tem a sua veracidade ou
falsidade verificada, encontrar similitudes com as ideias desenvolvidas pela MP. "Empírico" é
tudo aquilo que se baseia exclusivamente na experiência e em fatos ocorridos, e, a MP, dá
imenso valor ao que é feito, realizado, fabricado pelos envolvidos em um projeto.

Já Dewey, considerado o expoente maior do movimento Pragmatista, tem como


principais preocupações o entendimento dos elementos constitutivos da relação entre
sociedade e educação, articulando assim, uma “teoria da experiência”. Alguns pesquisadores
o denominam como o pai do Pragmatismo, concepção que valoriza um permanente contato
com o teórico e o prático, do “fazer” do educando como momento central da aprendizagem.
Ninguém foi mais comentado e teve seu nome tão ligado ao movimento renovador e ativo da
educação como John Dewey. Este norte-americano é, por assim dizer, considerado o criador
da escola ativa. Para ele “a educação é um processo de vida, não uma preparação para a vida
futura. A escola deve representar a vida presente, tão real e vital para o aluno como a que ele
vive em casa, no bairro ou no pátio.”

No século 20, em 1919, numa reunião convocada por Adoplh Ferrière com vários
adeptos da Escola Ativa, foram aprovadas as bases e estabelecidos princípios e prescrições
sobre a organização geral das escolas ditas ativas. Em sua obra A Escola Activa, de 1934,
Ferrière afirma:

Observar a criança, despertar nela as suas curiosidades, esperar que o interesse a


leve a formular perguntas, ajudá-la a achar-lhes a resposta; gastar poucas palavras e
apresentar muitos fatos, fazer observar ao vivo, analisar, experimentar, fabricar,
colecionar: deixar à criança a liberdade da palavra e da ação na medida compatível
não com uma certa ordem aparente, mas com o trabalho real; esperar que a
necessidade dum estudo neste ou naquele domínio se manifeste nitidamente no
aluno; nada forçar para não provocar os seus ‘reflexos de defesa’ que inibem cedo
toda a ação progressiva espontânea; ser menos um professor e examinador que um
‘porteiro de espíritos’, menos um polícia que um bom juiz a que se recorre
espontaneamente; ter uma alma rica de atividade própria, profunda, original, capaz
de observar a serenidade e de se exprimir com sinceridade – eis o papel do
educador moderno (FERRIÈRE, 1934, p. 191-192).
Neste sentido, reflexões são importantes para ampliar a compreensão do que
fundamenta as propostas que se apresentam à escola de tempos em tempos. A partir da Escola
Nova, muitos teóricos passam a defender ainda mais o ideal de escolas que podem, de fato,
ser fonte de experiência a ser aproveitada na vida. William James (1842) com a filosofia
pragmática, John Dewey (1859) com o ensino pela ação, Kerschnsteiner (1854) com a escola
do trabalho e os continuadores da Pedagogia deweana, Kilpatrick, Harold Rugg e Boyd H.
Bode, são importantes pedagogos que se encarregam de aprofundar e disseminar as ideias de
uma educação mais ativa. No restante do mundo, os princípios desta educação também
ganharam fortes adeptos.

Com roteiros diferentes e novas contribuições seguiu seu caminho, em outros


países, a Pedagogia ativa. Na Suíça, Adolpho Ferrière, Pedro Bovet, Eduardo
Claparede e Jean Piaget conseguiram dar novos fundamentos biopsicobiológicos a
nova doutrina. Em 1919, Bovet criou e propagou o termo “escola ativa” num
trabalho publicado na revista Intermédiare dês Éducateurs, de Genebra.
(LARROYO, 1974, pág. 730)

Neste contexto da Educação Ativa, das Escolas Novas e da Pedagogia da ação,


Kilpatrick utiliza a expressão “método de projetos” pela primeira vez. E projeto, como
método didático, parece surgir numa época em que muitos outros métodos foram criados em
muitas partes do mundo.

O propósito investigar a procedência da MP, indo além do que já foi identificado na


Educação Profissional e na Educação Ativa, verificando em que concepções filosóficas esta
metodologia se sustenta, pode gerar uma melhor compreensão de seus princípios e de seus
reais e possíveis resultados.

O quadro abaixo é uma tentativa de elencar as características identificadas no estudo


bibliográfico das concepções filosóficas do Naturalismo, Empirismo e Pragmatismo e suas
semelhanças com o ideário da MP.

Características do Naturalismo, Empirismo e Pragmatismo que se relacionam com a MP

Concepção Filosófica Naturalista Concepção Filosófica Empirista Concepção Filosófica Pragmatista

Exaltação pelos interesses naturais: Obtenção do conhecimento pela Valorização da prática


aqueles que naturalmente surgem observação e experiência
da curiosidade do aluno Ênfase na utilidade das coisas
Comprovação do que é falso e
Liberdade na ação do aluno verdadeiro pela experiência Relação do conhecimento das
coisas e seu uso na vida
Valorização da autonomia do aluno Importância da percepção e das
ideias Valorização àquilo que é útil na
Valorização dos questionamentos vida
elaborados pelo aprendiz Valorização das impressões
sensíveis e sensoriais das coisas Importância da lógica e da
Culto a liberdade utilidade das coisas para se dedicar
Valorização das associações que se a um problema
Ligação direta entre educação e é capaz de fazer
política Validação de um esforço se for
Erros e acertos como produto das para solucionar um problema
Condenação à repetição, experiências
memorização e recitação dos Importância de se ter uma intenção
conteúdos Relação das experiências com a e um plano de trabalho
vida
Importância da experiência direta Necessidade de experimentar o que
por parte do aluno Relação das experiências com o se busca aprender
conhecimento a ser adquirido O problema como o fator que
Aprendizagem conduzida pelo desperta o interesse do aluno
próprio interesse do aluno Relação das tentativas e erros na A experiência como o fator que
conquista da experiência garante o êxito no projeto
Papel do professor com função empreendido
secundária Percepção do acordo ou desacordo Permanente contato com o teórico
entre duas idéias (confronto) e prático
Confiança nas tendências
O “fazer” do educando como
espontâneas da criança Conclusão é tirada após um amplo
momento central da aprendizagem
exame de muitos fatores
Condenação ao excesso de rigor e Valorização do autogoverno
diretividade na educação Análise dos resultados sem pressão O aluno como protagonista do
processo educativo
Valorização da discussão O aluno no centro de toda a
iniciativa didática
Princípio de probabilidade A prática como pré-requisito para
aprender
Ponto de partida são os problemas A motivação como condição na
reais consolidação do interesse para o
trabalho
Organização do tempo em torno do O educador como construtor de
trabalho produtivo situações em torno de
determinados problemas
Valorização de aprender a resolver Importância da existência de
um problema problemas significativos para o
educando
Importância de aprender a utilizar
algo

Valorização do coletivo como


fonte de experiências

Autonomia do sujeito para afirmar,


negar e concluir a partir da
experiência

Fonte: Dados coletados na pesquisa bibliográfica

5. Conclusões
Não há nesse trabalho a intenção de superar definitivamente as críticas à MP.
Considera-se que, enquanto a história e os fundamentos da MP não são resgatados e
melhor divulgados, persistirão dúvidas e a implementação da MP poderá, mais uma vez,
perder força no cenário educacional. A investigação das origens e das concepções
filosóficas que constituem sua gênese contribui para que os educadores que se debruçam
sobre esta prática tenham uma visão da sua real procedência e possam, desse modo,
favorecer a sua prática e defender com mais convicção quando as críticas se apresentam.

Ao identificar nas concepções filosóficas selecionadas, suas semelhanças com a MP,


fica a contribuição para que reflexões possam ser feitas e novas questões sejam elaboradas
acerca da real relação entre os princípios do Naturalismo, Empirismo e Pragmatismo e a
MP.

Neste artigo fica evidenciado, no entanto, que o ideário da MP tem uma raiz bem
longínqua e, suas bases estão ancoradas em concepções filosóficas que, neste trabalho, foram
limitadas a três – Naturalismo, Empirismo e Pragmatismo, mas, poderiam sem dúvida, ser
ampliada para outras tantas, o que não ocorreu por ser este trabalho um início de investigação
a respeito do tema. No entanto, o quadro elaborado com as características destas concepções,
deixa claro os pontos afins entre as concepções e a MP. Desta forma, críticas podem ser
rebatidas ou minimizadas e as expectativas relacionadas à aplicação da MP na escola podem
ser mais bem encaminhadas.

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