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CEFET-MG
RESUMO: Este trabalho busca analisar as origens e a trajetória histórica da Metodologia de Projetos
- MP, identificando as concepções filosóficas em que está fundamentada, assim como as críticas mais
comuns que lhe são dirigidas. Inicialmente é realizado um diagnóstico do atual quadro da MP,
identificado críticas, experiências e propostas em curso, através de um estudo bibliográfico e, num
segundo momento, um levantamento é realizado das características do Naturalismo, Empirismo e
Pragmatismo - concepções filosóficas escolhidas - por terem em seus princípios, elementos que
convergem com a MP. O resultado dos estudos bibliográficos será confrontado, a posteriori, com uma
pesquisa de campo, de natureza qualitativa, a fim de verificar que percepção os professores têm sobre
as concepções filosóficas que sustentam a MP, identificando a relação de tal percepção com uma
possível minimização de críticas e o favorecimento da sua prática no contexto escolar.
1. Introdução
A origem da MP tem sido atribuída, algumas vezes, à Educação Profissional, com raízes
no século 16. Outras vezes, sua origem tem sido associada à Educação Ativa, movimento
surgido com o advento da Escola Nova, no início do séc. 20, cujos princípios preconizam a
autonomia dos educandos, a livre atividade e a experiência pessoal.
Na elaboração deste trabalho, um questionamento inicial que se fez foi: por que tratar
um assunto de natureza metodológica - a MP- pelo âmbito filosófico e histórico?
Partindo do pressuposto que a Filosofia pode, senão explicar, pelo menos contribuir
para o entendimento de questões que há muito permeiam as discussões sobre a educação,
tentar-se-á identificar nesse artigo, num recorte de três correntes filosóficas selecionadas –
Naturalismo rousseauniano, Empirismo e Pragmatismo - as características que podem
aproximar da gênese da MP. O resgate do passado, principalmente no que diz respeito à
possibilidade de recuperação de informações e dados, pode revelar traços dos movimentos
mais significativos de uma época e, assim, favorecer a percepção de que pensamentos e
princípios estão na base da MP. Eis aí o motivo de a filosofia alinhavar a temática desse
artigo.
3. Objetivos
3. Metodologia
4. Desenvolvimento
A MP pode assim ser considerada, como uma das metodologias que num determinado
momento histórico, apresentou-se como proposta inovadora da prática educativa, visando,
sobretudo, a formação de um aluno mais ativo na escola e na sociedade. No entanto, é
possível identificar na literatura, críticas e resistências à prática de metodologias com o perfil
mais ativo e, especialmente em relação à MP, é perceptível a confusão na identificação de seu
surgimento enquanto proposta pedagógica.
Ao analisar o que alguns estudos apontam sobre a raiz da MP, por vezes são
encontradas referências à Educação Profissional e, outras vezes, sua origem é associada à
Educação Ativa, movimento surgido com o advento da Escola Nova. Pesquisas recentes, no
entanto, segundo Knoll (1997), ainda apontam que a história da MP é longa e pode ser
dividida em fases.
Hernández (1998, p.13), por exemplo, propõe a construção de uma nova relação
educativa baseada na colaboração na sala de aula, na Escola e com a comunidade. Para ele, tal
mudança pode redefinir o papel da escola, em função das transformações ocorridas na
sociedade, nos alunos e na própria educação. Este autor, em seus livros, sugere organizar o
currículo mediante projetos de trabalho, ou seja, ensinar através de projetos e abordar as áreas
disciplinares como projetos.
A Escola Plural, experiência vivida nas escolas municipais de Belo Horizonte, que
elegeu os projetos de trabalho como uma inovação pedagógica, pode servir de referência
nesse sentido, por ter em seus eixos norteadores a reorganização dos tempos e espaços
escolares em função do aluno. Em 1994, época da implantação da Escola Plural, treinamentos
foram oferecidos aos professores e o tema, “Projetos de Trabalho”, estava entre aqueles que
foram ofertados aos docentes. Projetos foram divulgados como uma intervenção pedagógica
globalizante, entendidos como possibilidade de não somente enfatizar o conteúdo a ser
trabalhado com os alunos, mas, também, como facilitador do processo de construção do
conhecimento.
Nogueira (2002) afirma que “a dinâmica de trabalho com projetos pode levar os
professores a criar um ambiente motivador, voltado para uma aprendizagem mais
significativa, e auxiliando-o a transformar-se, efetivamente, em mediador do processo de
desenvolvimento do conhecimento de cada um de seus alunos.”
Algumas oposições, como a destacada acima, são claras sobre a diferença entre o que
o ensino tradicional e o ativo propõem. Algo que pode ser destacado, sobre o ensino
tradicional, é que este se apóia fortemente no método de instrução proposto por Johann F.
Herbart (1776-1841). Para Herbart, a ação pedagógica pressupõe um passo a passo para a
aprendizagem do aluno. A preparação, apresentação, assimilação, generalização e, por fim, a
aplicação, são os cinco passos propostos por ele. Ainda é pertinente observar que, mesmo
sendo considerado um adepto ao formalismo, ou seja, um representante da escola tradicional,
há na ideia de Herbart uma intenção de elaborar uma pedagogia como ciência da educação.
Outra crítica apontada à MP é a desconfiança gerada nos pais dos alunos que a ela são
submetidos. Os pais, pelo desconhecimento dos benefícios da MP, temem se seus filhos
estarão realmente preparados para enfrentar o que a sociedade exige. E ainda há uma
acusação de que a MP, por ser uma metodologia mais aberta e com maior participação por
parte do educando, não é tão “forte”, deixando lacunas ao longo da sua formação. Charlot
(1979) ainda identifica outro ponto: o pouco ou nulo valor que as metodologias mais ativas
dão à formação sócio-política do aluno. Este autor não aponta críticas diretamente a MP, mas,
de forma generalizada, afirma que:
Enfim, ainda há uma resposta a ser dada em relação a uma questão que poderá em
curto prazo, aumentar as críticas à MP, caso não seja bem encaminhada. A questão é que
parece faltar um embasamento e uma compreensão mais aprofundada das reais origens desta
metodologia e, na medida em que estudos são realizados para esclarecer as concepções que
fundamentam a MP, muitas das oposições podem ser amenizadas e, aos poucos, haja a
possibilidade de oferecer com mais clareza e relevância, dados para uma melhor prática da
MP.
No século 18, outro autor que deixa um forte impacto na educação é Giovanni Enrico
Pestalozzi. Defensor da generalização da instrução, ou seja, o aprender como direito de todos,
Pestalozzi é um grande adepto da educação pública. Na escola de Pestalozzi, mestres e alunos
permanecem juntos o dia todo e as atividades escolares são desenvolvidas de modo flexível.
No século 20, em 1919, numa reunião convocada por Adoplh Ferrière com vários
adeptos da Escola Ativa, foram aprovadas as bases e estabelecidos princípios e prescrições
sobre a organização geral das escolas ditas ativas. Em sua obra A Escola Activa, de 1934,
Ferrière afirma:
5. Conclusões
Não há nesse trabalho a intenção de superar definitivamente as críticas à MP.
Considera-se que, enquanto a história e os fundamentos da MP não são resgatados e
melhor divulgados, persistirão dúvidas e a implementação da MP poderá, mais uma vez,
perder força no cenário educacional. A investigação das origens e das concepções
filosóficas que constituem sua gênese contribui para que os educadores que se debruçam
sobre esta prática tenham uma visão da sua real procedência e possam, desse modo,
favorecer a sua prática e defender com mais convicção quando as críticas se apresentam.
Neste artigo fica evidenciado, no entanto, que o ideário da MP tem uma raiz bem
longínqua e, suas bases estão ancoradas em concepções filosóficas que, neste trabalho, foram
limitadas a três – Naturalismo, Empirismo e Pragmatismo, mas, poderiam sem dúvida, ser
ampliada para outras tantas, o que não ocorreu por ser este trabalho um início de investigação
a respeito do tema. No entanto, o quadro elaborado com as características destas concepções,
deixa claro os pontos afins entre as concepções e a MP. Desta forma, críticas podem ser
rebatidas ou minimizadas e as expectativas relacionadas à aplicação da MP na escola podem
ser mais bem encaminhadas.
6. Referências
KNOLL, M. The Project method: its vocational education origin and international
development. Universidade de Bayreuth, 1997.
LARROYO, F. História Geral da Pedagogia. São Paulo: Ed. Mestre Jou, 1974.
FILHO, L. Introdução ao estudo da Escola Nova. 8 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1963
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