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282 ARTIGO A RT I C L E

Doenças sexualmente transmissíveis


e gênero: um estudo transversal
com adolescentes no Rio de Janeiro

Sexually transmitted diseases and gender:


a cross-sectional study with adolescents
in Rio de Janeiro

Stella R. Taquette 1,2


Marília Mello de Vilhena 2
Mariana Campos de Paula 1

Abstract Introdução

1 Faculdade de Ci ê n c i a s Sexually transmitted diseases (STDs) are fre- Na adolescência as relações sexuais têm inicia-
M é d i c a s , Un i versidade do quent in adolescence and contribute to the in- do mais cedo e com um maior número de par-
Estado do Rio de Ja n e i ro,
Rio de Ja n e i ro, Bra s i l . c rease in the number of AIDS cases. E a rly sex- c e i ro s, o que contribui para aumentar a ocor-
2 Núcleo de Estudos de Saúde ual initiation, multiple sex part n e r s , and lack rência das DST 1,2. Entre adolescentes o uso de
do Ad o l e s c e n t e , Un i ve r s i d a d e
of condom use are considered risk factors and preservativos é baixo e a atividade sexual geral-
do Estado do Rio de Ja n e i ro,
Rio de Ja n e i ro, Bra s i l . a re influenced by a male-dominated gender mente não é pro g ramada. Estudos bra s i l e i ro s
s y s t e m . We interv i ewed 356 adolescent pa- revelam que apenas um terço deles ou menos
C o r re s p o n d ê n c i a
tients at the Adolescent Health Re s e a rch Ce n- usam pre s e rva t i vo sempre 3 , 4 , 5 . Segundo da-
Stella R. Ta q u e t t e ,
Faculdade de Ci ê n c i a s ter in Rio de Janeiro State University to identi- dos de pesquisas divulgados pelo Ministério da
M é d i c a s , Un i versidade fy possible STD risk factors in adolescence. Saúde (MS) 6, os mais baixos índices de uso se
do Estado do Rio de Ja n e i ro.
Av. Pro f. Manoel de Ab re u
Young men re p o rted more partners and earl y encontram entre 15 e 19 anos. No Brasil não há
4 4 4 , Rio de Ja n e i ro, RJ s exual initiation. Females used condoms less informações sobre a prevalência de DST entre
2 0 5 5 0 - 1 7 0 , Bra s i l . f requently and were more subject to sex u a l a d o l e s c e n t e s. As únicas DST de notificação
t a q u e t t e @ u e r j. b r
a b u s e . The results confirm a model sustained compulsória são a sífilis e a AIDS e, além disso,
by traditional gender values that demarc a t e cerca de 70% das pessoas com alguma DST bus-
the male and female sphere s , with male su- cam tratamento em farm á c i a s, o que faz com
p re m a c y. We conclude that to achieve more ef- que o número de casos notificados fique abai-
f e c t i ve STD contro l , it is necessary to ex p a n d xo da estimativa 5.
the discussion on culturally constructed pat- As DST favo recem a infecção pelo HIV. Do
terns of masculinity and femininity. total de casos de AIDS, segundo as categori a s
de exposição, a via de transmissão sexual é a
Sex u a l i t y ; Ad o l e s c e n c e ; Sexually Tra n s m i t t e d predominante (53%) 7. De acordo com o MS 5,
Diseases; Gender o maior número de notificações acumuladas
entre 1980 e 1999 (67.267 casos, ou seja, 43,23%
do total) concentra-se entre 15 e 24 anos. Co-
mo o tempo de latência da doença é longo, che-
gando até 11 anos, podemos inferir que grande
p a rte destes deve ter se infectado na adoles-
cência 8,9. Outra tendência da epidemia aponta
para sua feminização e heterossexualização.

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Fatores biológicos, psíquicos, sociais, entre q u a d ro de “dominação masculina” 20. At u a l-


outros, podem interferir no desenvolvimento e mente no ocidente, a tradição patriarcal iden-
expressão da sexualidade 10,11,12. O que é ser ho- tifica o masculino com razão, regulação, liber-
mem e/ou ser mulher tem suscitado inúmeras dade de exercício sexual e conhecimento da se-
interpretações em diversos campos do saber. A xualidade feminina 21,22. Já a mulher é marca-
atitude dos homens e das mulheres está intima- da fortemente pela inexperiência sexual, pelo
mente ligada às representações simbólicas de o c u l t a m e n t o, silêncio, conformismo 23. O gê-
masculinidade e feminilidade que se constróem nero imprime normas, valores, percepções, re-
historicamente, são mutáveis e relacionais. p resentações que acompanham a vida do su-
A discussão das diferenças entre homem e jeito legitimando sua identidade. Apesar da
mulher deu-se a partir da construção de uma complexidade e pluralidade das identidades
n ova imagem feminina política e econômica subjetivas, a dominação dos sistemas de gêne-
nos séculos XVIII e XIX. A emergência da polê- ro em sua lógica de poder pode resvalar numa
mica cultural em torno da natureza e função da n a t u ralização que justifica as desigualdades
mulher na sociedade provocou uma nova ótica sociais entre homens e mulheres 24. Foucault 25
de significação da sexualidade humana 13. O c o n s i d e ra a sexualidade como dispositivo de
conceito de gênero foi introduzido pri m e i ra- poder fortemente impregnado por relações as-
mente nos Estados Unidos na década de 70 no s i m é t ricas entre homens e mulheres que faz
campo da antropologia pelo movimento femi- aparecer de forma contundente as relações en-
nista. Este, ao longo dos tempos, foi se tra n s- tre o biológico e o social.
formando e hoje não se pode afirmar que o fe- Observamos em pesquisa anterior realiza-
minismo contemporâneo seja igual ao do co- da com adolescentes dos bairros de Vila Isabel
meço do século XIX 14. Considerando as distin- e Ac a ri a assimetria re f e rida acima. Nesta, o
tas simbolizações de masculino e feminino no modelo de dominação de gênero masculino foi
âmbito sexual, Garcia 15 afirma que gênero con- um dos principais geradores de violência e ris-
siste na dimensão principal da construção so- co de DST, ao dificultar a negociação do uso do
cial e dos significados que se relacionam ao se- p re s e rva t i vo entre os parc e i ros em suas re l a-
xo e à re p ro d u ç ã o, va ria de uma cultura para ções sexuais 26. Muszkat 27 verificou em estudo
outra, em diferentes tempos históricos e tam- com 2 mil famílias atendidas no Pr ó - Mu l h e r,
bém ao longo da vida de um indivíduo. Segun- Família e Cidadania um forte elo entre virilida-
do Strey 14, psicóloga social, gênero não é sexo. de e violência nas camadas mais pobres da po-
Enquanto este último diz respeito às cara c t e- pulação. Para D’Oliveira, 28 as raízes da violên-
rísticas físicas relativas à reprodução biológica, cia nas relações de gênero encontram-se nas
o primeiro consiste numa construção cultural p r ó p rias relações de gênero. Os homens cedo
que depende de como a sociedade transforma necessitam provar que são potentes e sexual-
um macho num homem e uma fêmea numa mente capazes, enquanto as mulheres são pas-
mulher. A análise da vida sexual envolve a du- sivas, dependentes e sensíveis.
pla referência dos impulsos biológicos e da re- A naturalização deste modelo de gênero po-
gulamentação social 16. Daí o enfoque de gêne- de causar impacto à saúde 29 , pois para cum-
ro numa perspectiva relacional e tra n s ve r s a l prir os padrões do que é ser homem e/ou mu-
que interage com classe social, raça/etnia, di- lher, ambos têm de desempenhar uma prática
ferenças de geração, cultura etc. O gênero, por- sexual que lhes é nociva do ponto de vista do
tanto, é um sistema que atua no campo social risco às DST e à própria vida. Por um lado, os
por vezes de modo contra d i t ó rio para mulhe- homens lançam-se em situações perigosas e
res e homens em variadas situações 17,18. f reqüentemente re c o r rem à violência contra
A análise do gênero contribuiu enormemen- sua parc e i ra por desejo de poder e contro l e.
te na discussão da sexualidade nas últimas dé- Por outro lado, as mulheres a eles se subme-
cadas por meio da crítica ao determinismo bio- tem, muitas vezes em detrimento da própri a
l ó g i c o, suporte da supremacia masculina 19. s a ú d e, como no caso das relações sexuais em
Apesar da ocorrência de grandes tra n s f o rm a- que seu parceiro se recusa a usar o preservati-
ções no século passado nas relações entre os vo. Os jovens se mostram insatisfeitos com os
gêneros pelas conquistas das mulheres (entra- papéis de gênero a desempenhar. As consultas
da no mercado de tra b a l h o, direito ao vo t o, devido a dificuldades de ere ç ã o, ejaculação
maior escolaridade e separação entre sexuali- precoce, necessidade de bebidas alcoólicas pa-
dade e re p rodução) ainda hoje persiste um ra se consumar o ato sexual e pre o c u p a ç õ e s

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com o tamanho do pênis são freqüentes. As mo- gem: privilegiamos de modo intencional os am-
ças, por sua vez, sentem-se pressionadas pelo bulatórios de DST, ginecologia e urologia, onde
grupo a iniciar a atividade sexual, pelo namo- a possibilidade de existirem pacientes sexual-
rado para dar “provas de amor” mediante con- mente ativos e port a d o res de DST era maior.
cessão ao coito e não conseguem se impor na Concomitantemente adolescentes eram entre-
negociação do uso do preservativo. vistados nos outros ambulatórios.
O objetivo do presente estudo foi conhecer Os casos de DST foram diagnosticados por
a população adolescente atendida no Núcleo critério clínico e/ou laboratorial, utilizando-se
de Estudos em Saúde do Adolescente (NESA), a abordagem sindrômica definida no manual
da Un i versidade do Estado do Rio de Ja n e i ro de DST do MS 30 e testes diagnósticos específi-
(UERJ), do ponto de vista da sexualidade e des- cos. Considerou-se no diagnóstico todas as pa-
crever possíveis fatores de risco às DST. O tra- tologias que podem ser transmitidas por meio
balho apresenta e discute estes fatores relacio- do ato sexual, incluindo aquelas que são essen-
nando-os a um modelo de sistema de gênero cialmente assim transmitidas (sífilis, gonorréia
que supõe uma supremacia masculina. e o HPV ), freq ü e nt em e nt e (uretrites não gono-
cócicas, candidíase, tricomoníase, herpes sim-
p l e s, hepatite B e o HIV ) e e ve nt u a lm e nte ( e s-
População estudada e método c a b i o s e, fitiríase), desde que houvesse sinto-
mas clínicos evidentes e/ou exames positivos e
Trata-se de um estudo observacional, do tipo relatos da anamnese que garantissem a trans-
t ra n s versal cuja população alvo foi o público missão sexual da doença 31.
adolescente que procurou atendimento médico O ro t e i ro de entrevista, composto de três
no NESA entre agosto de 2001 e julho de 2002. O partes, contava com perguntas abertas e fecha-
NESA é uma instituição pública cujo ambulató- das. A primeira investigava dados pessoais co-
rio atende adolescentes de 12 a 19 anos, a maio- mo idade, renda familiar, escolaridade, traba-
ria deles pertencente às classes de baixo poder lho, prática de exercícios, uso de bebidas alcoó-
aquisitivo, em diversas especialidades. l i c a s, tabaco e outras dro g a s. Co n s i d e ro u - s e
A amostra estudada foi de conveniência e a atraso escolar uma defasagem maior que dois
escolha dos participantes foi aleatória (não anos em relação à idade esperada para a série
probabilística) entre os adolescentes que aguar- freqüentada. Sobre a prática de exercícios, esta
davam atendimento em sala de espera. Desco- era considerada regular quando no mínimo três
nhecia-se de antemão o motivo da consulta e vezes por semana. O uso de álcool e de drogas
se o adolescente era ou não sexualmente ativo. foi classificado em uma vez na vida, no último
O instrumento utilizado foi uma entrevista se- mês ou seis vezes ou mais no último mês.
mi-estruturada que obedecia a um roteiro pre- Na segunda parte da entrevista perg u n t a-
viamente estabelecido e testado por um estudo mos detalhadamente sobre a família: com quem
piloto com vinte adolescentes, não incluídos m o ra va, opinião sobre o pai, a mãe, seu re l a-
na amostra do estudo. Todos os entre v i s t a d o- cionamento com cada um dos genitores e en-
res receberam treinamento por um único pes- t re eles. Estas perguntas eram abertas e o en-
quisador antes de ir ao campo e semanalmente trevistador cuidadoso no sentido de não suges-
eram feitas reuniões da equipe de pesquisa on- tionar as re s p o s t a s, como, por exemplo, per-
de os dados eram checados. A validade das in- guntar se o pai era bom.
f o rmações foi assegurada de várias maneira s. Na terc e i ra parte investigou-se o históri c o
Quando havia dúvida quanto à sua veracidade, pubertário e sexual do adolescente, a época da
o participante era excluído da amostra. Além menarca/semenarca e da primeira relação se-
disso, cerca de 5% das entrevistas foram repeti- xual. A respeito do pri m e i ro coito, com quem
das por outro entrevistador que obteve as mes- ocorreu, se com namorado/a, amigo/a ou pro-
mas re s p o s t a s. Cada pesquisador entre v i s t o u fissional do sexo; se a relação sexual aconteceu
uma proporção semelhante de homens, mu- de forma espontânea (com consentimento do en-
l h e res e port a d o res ou não de DST. Estes pro- trevistado), por pressão (quando o entrevistado
cedimentos foram efetuados no sentido de ga- foi coagido/a) ou forçada (à revelia do entrevista-
rantir uma homogeneidade interna. do). Em seguida, indagamos quanto à ocorrência
As entrevistas eram realizadas a sós com o de homossexualismo, prostituição, abuso sexual
a d o l e s c e n t e, após consentimento inform a d o. e gravidez. As últimas perguntas foram sobre o
Elas foram sendo realizadas sucessiva m e n t e número de parceiros sexuais; uso de preservati-
até completar-se cem casos de DST, o que ocor- vos, se nunca, às vezes, quase sempre ou sempre.
reu doze meses após seu início. Critérios para Na análise estatística das respostas às per-
inclusão e razões para escolha desta amostra- guntas estruturadas utilizamos o teste Qui-qua-

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drado com nível de significância de 95% 32. As do sexo masculino e 71,9% do feminino. Den-
respostas às perguntas abertas foram lidas e re- t re estes, a idade média da semenarca foi 13
lidas exaustivamente e a partir disso fora m anos e da menarca 12 anos. A primeira relação
construídas categorias, depois quantificadas e sexual ocorreu em média aos 14,6 anos e aos 15
analisadas estatisticamente. e n t re os ra p a zes e moças, re s p e c t i va m e n t e. O
O projeto de pesquisa foi previamente ava- tempo médio decorrido entre a menarc a / s e-
liado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pes- menarca e o primeiro coito foi de 1,6 anos en-
quisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto t re os ra p a zes e 2,9 anos entre as moças. Ma i s
e cumpre os princípios éticos contidos na De- da metade dos adolescentes praticou o primei-
claração de Helsinki. O termo de consentimen- ro coito até um ano após a semenarca e em
to livre e esclarecido foi assinado antes da en- menos de um quarto das adolescentes ocorreu
trevista. o mesmo em relação à menarca, diferença es-
tatisticamente significativa. O primeiro inter-
curso sexual aconteceu com namorado/a para
Resultados 33,3% dos adolescentes e 90,7% das adolescen-
t e s. Por outro lado, 55,5% dos ra p a zes inicia-
Todas as entrevistas foram realizadas em am- ram o sexo com amigas e apenas 9,3% das mo-
biente com privacidade. O tempo médio de du- ças fize ram o mesmo. Nenhuma adolescente
ração de cada uma foi de 25 minutos. No total t e ve o pri m e i ro intercurso com pro f i s s i o n a i s
f o ram entrevistados 356 adolescentes. En t re do sexo e 11,7% dos rapazes relataram esta prá-
estes 109 eram sexualmente ativos portadores tica. O sexo ocorreu de forma espontânea para
de DST, 115 sexualmente ativos porém sem a maioria. O histórico de gra v i d ez e de abuso
DST e 132 ainda não tinham iniciado atividade sexual foi significativamente mais fre q ü e n t e
sexual. Adolescentes do sexo masculino com- e n t re as moças. Nos relatos de abuso sexual,
punham 29,5% da amostra e do sexo feminino, exceto um, o perpetrador era do sexo masculi-
70,5%. O predomínio de moças ocorreu devido n o. A prostituição foi maior entre os homens,
ao grande volume de atendimento do ambula- assim como as relações homossexuais. O nú-
tório de ginecologia. O percentual de homens e m e ro de parc e i ros foi maior do que dois para
mulheres em cada grupo foi semelhante. Estes 71,4% dos homens e 28,6% das mulheres, rela-
dados podem ser visualizados na Tabela 1. ção estatisticamente significativa. O uso de pre-
A idade média do grupo masculino foi de servativo nas relações sexuais foi significativa-
16,5 anos e do feminino 16,4. Todos os adoles- mente menos freqüente entre as moças.
centes pertenciam às camadas sociais de baixo Os diagnósticos mais comuns nos homens
poder aquisitivo. Os dados referentes à idade, foram as uretrites e nas mulheres as vulvovagini-
situação sócio-econômica, escolari d a d e, tra- tes. As uretrites foram confirmadas por exames
balho e atividade física se encontram na Tabela laboratoriais. Nas vulvovaginites o diagnóstico
2. Foram significativas as associações entre os foi predominantemente clínico. Não foi possível
homens e as va ri á veis: atraso escolar maior a coleta de secreção vaginal em todos os casos. O
que dois anos e atividade física regular. diagnóstico da sífilis foi feito pelo quadro/histó-
Na Tabela 3 estão descritos os dados referen- ria clínica e exame VDRL. Nos casos de HPV e de
tes ao uso de tabaco, álcool e drogas. Em rela- herpes genital o diagnóstico foi clínico. Houve
ção ao consumo de bebidas alcoólicas, a maio- quatro casos de HIV+ por transmissão sexual,
ria dos adolescentes já tinha feito uso pelo me- com diagnóstico sorológico realizado obedecen-
nos uma vez na vida. En t re os que usavam ou do-se ao fluxograma preconizado pelo MS 30,
já tinham feito uso de drogas pelo menos uma num adolescente masculino e em três femini-
vez na vida, observou-se um percentual signifi- nos. Verificamos um caso de hepatite B com IgM
cativamente maior de homens. p o s i t i va (Anti-HbcIgM) em um paciente com
Em relação à família, cerca de metade dos gonorréia, sem histórico de uso de injeções ou
adolescentes vivia com ambos os pais e 28,9% transfusões sangüíneas. Houve três casos de es-
com apenas um dos genitores, sendo na maio- cabiose em que o diagnóstico foi feito por meio
ria deles a mãe (8,7% pai e 91,3% mãe). Houve dos sintomas clínicos e teste terapêutico, após
um predomínio de depoimentos positivos a terem sido afastados outros diagnósticos utili-
respeito das mães. Segundo a opinião dos en- zando-se exames laboratoriais. Em alguns casos
trevistados, 45,5% de seus pais e 73,9% de suas houve concomitância de mais de uma DST. Na
mães tinham qualidades. Tabela 5 optou-se por descrever somente a dis-
Na Tabela 4 estão descritos os dados re f e- tribuição dos diagnósticos principais de DST.
rentes à sexualidade. Do total dos entre v i s t a-
dos, 224 eram sexualmente ativos, sendo 28,1%

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Tabela 1

Distribuição dos participantes segundo presença/ausência de atividade sexual e DST.

Grupo Amostra total Sexualmente Sexualmente Sem atividade


ativos com DST ativos sem DST sexual
n % n % n % n %

Homens 105 29,5 31 28,4 32 27,8 42 31,8


Mulheres 251 70,5 78 71,6 83 72,2 90 68,2
Total 356 100,0 109 100,0 115 100,0 132 100,0

Tabela 2

Distribuição dos participantes segundo sexo e características demográficas.

Item pesquisado Homens M u l h e re s Qui- P


quadrado

Idade média (em anos) 16,5 16,4


Renda familiar (em salários mínimos) 4,4 3,9

n (105) % n (251) %

Histórico escolar
estão na escola 87 82,8 212 84,5 0,05 0,82
atraso escolar > 2 anos 43 40,9 72 28,7 4,55 0,03

Atividade física regular 41 39,0 28 11,2 35,10 0,00

Trabalham 28 26,7 46 18,3 2,64 0,10

Tabela 3

Distribuição dos participantes segundo sexo e o uso de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas.

Item pesquisado Homens M u l h e re s Qui- p


n (105) % n (251) % quadrado

Uso de bebidas alcoólicas


Nunca usou 32 30,5 78 31,1 0,00 0,98
Usou uma vez na vida 32 30,5 95 37,8 1,45 0,22
Usou no último mês 32 30,5 67 26,7 0,36 0,55
Usou 6 vezes no último mês 9 8,5 11 4,4 1,72 0,18

Uso de tabaco
Sim 12 11,4 32 12,7 0,03 0,86
Não 93 88,6 219 87,3

Uso de outras drogas


Sim 24 22,9 17 6,8 17,25 0,00
Não 81 77,1 234 93,2

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Tabela 4

Distribuição dos participantes segundo sexo e as “características” sexuais.

Item pesquisado Homens Mulheres Qui- P


n (63) % n (161) % quadrado

Idade média da menarca/ 13 12


semenarca (em anos)

Características do 1 o coito
Idade média (em anos) 14,6 15
Tempo médio entre a menarca/ 1,6 2,9
semenarca e o 1 o coito (em anos)
Menos de 1 ano após 35 55,5 39 24,2 18,70 0,00
a menarc a / s e m e n a rc a

Tipo de parceiro/a no 1o coito


Namorado/a 21 33,3 146 90,7 75,51 0,00
Amigo/a 35 55,5 15 9,3 53,20 0,00
Profissional do sexo 7 11,7 0 0,0 14,98 0,00

Como aconteceu o 1o coito


Espontâneo 61 96,8 152 94,4 0,17 0,68
Forçado 0 0,0 2 1,2 0,01 0,92
Por pressão 2 3,2 7 4,3 0,00 0,98

Histórico de gravidez 8 12,7 42 26,1 3,94 0,04

Histórico de abuso 6 9,5 42 26,1 6,43 0,01

Histórico de prostituição 10 15,9 5 3,1 9,86 0,00

Homossexualismo 12 19,0 1 0,6 24,85 0,00

Número de parceiros > 2 45 71,4 46 28,6 32,73 0,00

Uso de preservativo
Nunca ou às vezes 29 46,0 112 64,5
Quase sempre ou sempre 34 54,0 49 35,5 9,77 0,00

Discussão de sexual mais cedo com amigas, profissionais


do sexo, “t ra n s a m” com homossexuais, têm
Por meio da análise dos dados descritos cons- mais parceiros/as e se prostituem mais. Quan-
tatamos que algumas diferenças entre homens to às moças, estas privilegiam relações afetivas
e mulheres foram significativas e corro b o ra m ( n a m o rados), são vítimas mais freqüentes de
achados de outros autore s. A menor idade de abuso sexual e usam menos preservativos.
iniciação sexual entre os rapazes foi verificada Nesta hierarquia de gênero, a supremacia
por Scivoletto 33, Anteghini 34 e Warren 35 . O MS masculina refere-se à força, violência, virilidade,
6 destaca que as mulheres usam menos preser- “macho potente” que se prostitui, “transa” até
vativos do que os homens, enquanto Siegel 36, com homens 37 e não nega qualquer relação se-
em estudo com 797 estudantes unive r s i t á ri o s xual. Ser homem neste contexto significa sobe-
americanos, assinala que as mulheres têm me- rania, repudiar o feminino, não revelar senti-
nor número de parceiros. mentos e arriscar sempre, mesmo por meio de
Os papéis desempenhados pelos adolescen- violência 15. Ser mulher, então, associa-se à pas-
tes estudados se incluem num modelo de do- sividade frente ao abuso sexual, submissão, cui-
minação de gênero no qual a visão de masculi- dado e temor em relação ao homem, enfim, re-
nidade e feminilidade dificulta o avanço de signação ao papel cristalizado de objeto do con-
programas de promoção à saúde. Em nossa pes- trole masculino 38. A desigualdade de poder nas
quisa, os adolescentes masculinos pra t i c a m relações entre homens e mulheres é um dos mo-
mais regularmente atividades físicas, usam dro- tivos da dificuldade que ambos têm em discutir
gas com maior freqüência, entram em ativida- formas seguras de exercer a sexualidade 39.

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288 Taquette SR et al.

Tabela 5 A necessidade de maior compreensão de


novos significados das relações entre homens e
Distribuição dos participantes segundo sexo e diagnóstico de DST. m u l h e res é ressaltada por Arilha 41. Os papéis
de gênero desempenhados pelo homem e pela
Diagnóstico principal Homens Mulheres mulher podem e devem ser modificados na me-
n (31) % n (78) % dida em que paralisam os indivíduos em seus
desejos e conquistas. Talvez esteja faltando um
Uretrites gonocócicas e não gonocócicas 17 54,8 3 3,8
olhar mais extenso em relação às suas singulari-
Vulvovaginites (candidíase, vaginose 0 0,0 47 60,3
e tricomoníase) dades para que ambos se enriqueçam com elas.
HPV 7 22,6 15 19,2 Quanto aos adolescentes por nós atendidos
Sífilis 3 9,7 7 9,0 no NESA, desejamos que não se submetam pu-
HIV+ 1 3,2 3 3,8 ra e simplesmente a padrões de gênero impos-
Herpes genital 0 0,0 2 2,6 tos como imutáveis. Nossas ações de saúde de-
Escabiose 2 6,5 1 1,3 vem inseri-los em atividades, como, por exem-
Hepatite B 1 3,2 0 0,0 plo, discussões em grupo seriadas em que haja
um espaço de escuta e troca de informações que
os ajudem a refletir sobre seus papéis e a ser
p a rticipantes ativos na construção de sua se-
xualidade. As estratégias de informação devem
Pro m over a saúde humana, reduzir a inci- ser diferenciadas para cada um dos gênero s,
dência de DST em adolescentes inclui, cert a- como destacam alguns autores 42,43,44,45, já que
mente, como pudemos constatar mediante os o sentido que a mulher e o homem dão ao cor-
resultados desta pesquisa, a ampliação do de- po sexual e reprodutivo é distinto.
bate em torno da existência de modelos de do- Vale lembrar que este estudo empregou um
minação de gênero. A principal via de tra n s- processo de amostragem de conveniência. Por-
missão da AIDS é a sexual e o maior número de tanto, os dados referem-se a grupos específicos
casos notificados ao MS incide em homens he- de adolescentes que não podem ser genera l i-
terossexuais que, apesar de possuírem variadas zados para toda a população adolescente do
p a rc e i ra s, não se sentem ameaçados pela epi- Rio de Ja n e i ro. En t re t a n t o, nossos re s u l t a d o s
demia e nem pertencentes a um grupo de ri s- nos auxiliam no entendimento e a pensar na
c o. Deste modo, a vulnerabilidade da mulher p roblemática das DST na adolescência e são
aumenta, pois lhe falta o poder de negociação semelhantes aos encontrados em outras pes-
e controle sobre suas relações sexuais em ter- quisas 46,47.
mos de fidelidade mútua e uso de preservativo
pelo homem 40.

Resumo

As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são fre- ras e iniciam a atividade sexual mais cedo. As moças,
qüentes na adolescência e podem contribuir no au- por sua ve z , usam menos pre s e rva t i vo e são vítimas
mento do número de casos de AIDS. A iniciação se- mais freqüentes de abuso sex u a l . Estes dados confir-
xual pre c o c e , a multiplicidade de parc e i ros e o não mam um modelo sustentado em valores tradicionais
uso de pre s e rva t i vo nas relações sexuais têm sido de gênero que demarcam as esferas masculina e femi-
apontados como fatores de risco, e são influenciados nina supondo uma supremacia da primeira .C o n c l u i -
por um sistema de gênero que se pauta na dominação se que para se ter um controle mais efetivo das DST é
m a s c u l i n a . Pa ra identificar possíveis fatores de risco necessário ampliar-se o debate em torno dos modelos
às DST na adolescência, foi feito um estudo com 356 de masculinidade e feminilidade culturalmente cons-
adolescentes atendidos no Núcleo de Estudos da Saú- truídos.
de do Adolescente da Un i versidade do Estado do Rio
de Janeiro, por meio de entrevistas semi-estruturadas. Sex u a l i d a d e ; Ad o l e s c ê n c i a ; Doenças Sex u a l m e n t e
Os principais resultados na população estudada mos- Transmissíveis;Gênero
t ra ram que os ra p a zes têm maior número de parc e i-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(1):282-290, jan-fev, 2004


DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E GÊNERO 289

Colaboradores Agradecimentos

A contribuição dos autores na elaboração do art i g o A g radecemos a part i c i p a ç ã o, durante o desenvo l v i-


se deu de forma eqüitativa em todas as etapas do pro- mento da pesquisa, da médica ginecologista Dra. Re-
cesso; incluindo coleta de dados, análise e re d a ç ã o nata Bessa de Andrade, dos seguintes alunos bolsistas
do manuscrito. de graduação da UERJ: Felipe K. dos Sa n t o s, Fe l i p e
Nirenberg, Ene Garcez Neto e Úrsula Pérsia P. Santos.

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