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ANÁLISE DO

DISCURSO
FRANCESA
DE MICHEL
PÊCHEUX

E L E M E N T O S PA R A U M A A R Q U E O L O G I A
INTRODUÇÃO

• Por quais razões discutir LINGUAGEM em


Psicologia Social?
MICHEL PÊCHEUX (1938-1983)
MICHEL PÊCHEUX (1938-1983)

• Fundador da disciplina Análise do Discurso Francesa

• Interesses:
1. Estabelecer um método objetivo de análise do discurso
pautado em instrumentos e recursos informatizados
2. Fundamentar uma teoria (materialista) do discurso não
limitada à linguística
MICHEL PÊCHEUX (1938-1983)

• Críticas à linguística:

1. Limitação às análises sintáticas e morfológicas do texto


2. Interesses restritos a: quem produziu o texto, para quem o
texto foi produzido, adequação do texto às normas gramaticais
MICHEL PÊCHEUX (1938-1983)

• Proposta: compreender as condições materiais


e ideológicas de produção dos sentidos
dos/nos discursos
INFLUÊNCIAS – LINGUÍSTICA

• Ferdinand de SAUSSURE (1857-1913): Curso de Linguística


Geral (1907-1910)

o Fala versus Língua


o Arbitrariedade do signo linguístico
o Relação entre os signos linguísticos
INFLUÊNCIAS – LINGUÍSTICA

• Sociolinguística francesa

o Estudos sobre a variação cultural dos sentidos dentre os


grupos sociais
INFLUÊNCIAS – LINGUÍSTICA

• Zellig Sabbetai HARRIS (1909-1992)

o Distribucionalismo (posição dos elementos linguísticos


importam na produção dos sentidos)
o Comportamentalismo (individualismo)
o Gramática generativa
INFLUÊNCIAS – LINGUÍSTICA

• Oswald DUCROT (1930-hoje) e Jean DUBOIS (1920-


2015)

oLexicografia (semântica, etimologia, filologia)


INFLUÊNCIAS – PSICANÁLISE

• Sigmund FREUD (1856-1939): A interpretação dos sonhos


(1899/1900)

o Sobredeterminação do inconsciente
o Mecanismos de funcionamento (leis) do inconsciente:
condensação, deslocamento, formações secundárias
INFLUÊNCIAS – PSICANÁLISE

• Jacques-Marie Émile LACAN (1901-1981): Seminário 17 – O


Avesso da Psicanálise (1969)

o Inconsciente estruturado como uma linguagem (não é que a


linguagem seja o inconsciente, mas sim que igual à linguagem o
inconsciente possui leis/estruturas de funcionamento): metáfora e
metonímia
o Linguagem estrutura o laço social
INFLUÊNCIAS – MARXISMO

• Louis ALTHUSSER (1926-1990): Ideologia e Aparelhos


Ideológicos do Estado (1969)

o Rompimento com o economicismo marxista


o Ideologia não é apenas o conjunto de ideias, ela também é o
conjunto de práticas
o “Ideologia interpela o indivíduo em sujeito”
INFLUÊNCIAS – FILOSOFIA

• Mikhail Mikhailovich BAKHTIN (1895-1975): Marxismo e


Filosofia da Linguagem (1929)

o Condições imediatas de produção dos sentidos


INFLUÊNCIAS – FILOSOFIA

• Michel FOUCAULT (1926-1984):


Arqueologia do Saber (1969)
A ordem do discurso (1969/1970)
CRÍTICAS

• Ao distribucionalismo
• Aos gramáticos
• Aos psicanalistas
• A Análise de Conteúdo (Laurence BARDIN, 1977)
PORTANTO, O QUE QUERIA MICHEL
PÊCHEUX?
• Discurso não é apenas o imediato do que se diz

• Discurso é resultante daquilo que se diz, para quem se diz, quando se


diz, como se diz, e do que pode ser dito

• Portanto, discurso é um efeito de sentido entre os interlocutores

• Portanto, as condições materiais e ideológicas de produção dos


discursos é o objeto de investigação da análise do discurso
PORTANTO, O QUE QUERIA MICHEL
PÊCHEUX?
• Para isso Pêcheux pretendeu utilizar recursos informatizados (computadores)
que não fizessem apenas a tradução automática de textos de uma língua para
outra ou que realizasse análises de conteúdos, mas que revelassem as
condições materiais e ideológicas da produção dos sentidos

• Em outras palavras: um instrumento teórico (conceitos) e técnico (software)


que quando “alimentado” pelo texto automaticamente o analisasse – por
isso análise automática do discurso

• Essa pretensão estava na moda nas décadas de 1960 e 1970, mas por ser
impossível foi abandonada por uma análise do discurso não-automatizada
RESUMINDO

• A análise de discursos já era praticada em várias contextos

Países
França Anglo
Saxões

Países
Eslavos
RESUMINDO

• A análise de discursos já era praticada por várias disciplinas

Psicanálise Linguística

Marxismo
RESUMINDO

• Michel Pêcheux pretendeu dentre as décadas de 1960 e 1980


organizar uma nova disciplina alinhada com esses contextos
históricos e tradições teóricas

• Para isso constituiu CONCEITOS e MÉTODOS de análise para


investigar o discurso (efeitos de sentidos entre os interlocutores)
ANÁLISE DO
DISCURSO
FRANCESA
DE MICHEL
PÊCHEUX

P R I N C I PA I S C O N C E I T O S
OBRAS – COMPILAÇÕES E
COMENTÁRIOS
• Françoise Gadet & Tony Hak (1990/2014). Por uma análise automática do
discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas. Editora da
UNICAMP
• Eni Puccinelli Orlandi (2011/2014). Análise de discurso: Michel Pêcheux. Campinas.
Pontes
• Eni Puccinelli Orlandi (1999/2015). Análise de discurso: princípios & procedimentos.
Campinas. Pontes.
• Denise Maldidier (2003/2017). A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux
hoje. Campinas. Pontes
PRINCIPAIS OBRAS

• (inúmeros artigos)
• Michel Pêcheux (1974/2014). Semântica e Discurso: uma crítica à
afirmação do óbvio (Les verités de la Palice). Campinas. Editora da
UNICAMP.
• Michel Pêcheux (1983/2015). O discurso: estrutura ou
acontecimento. Campinas. Pontes
CONCEITOS

DISCURSO

o “Efeitos de sentidos entre os interlocutores”


o Superior a frase
CONCEITOS

INTRADISCURSO

oO que é dito, o que é proferido, é a materialidade linguística


CONCEITOS

INTRADISCURSO

o Esquecimento Número 2 (pré-consciente) – ilusão de


autoria do discurso

“esquecimento pelo qual todo falante ‘seleciona’ no interior de uma formação discursiva
que o domina, isto é, no sistema de enunciados, formas e sequências que nele se
encontram em relação de paráfrase” (p.173)
CONCEITOS

INTRADISCURSO

o Esquecimento Número 1 (inconsciente) – ilusão de


controle dos sentidos

“o sujeito-falante não pode, por definição, se encontrar no exterior da formação


discursiva que o domina” (p.173)
CONCEITOS
INTERDISCURSO

o O que constitui e possibilita a produção imediata


(intradiscurso)
o Memória discursiva, não-ditos, silenciamentos, já-ditos,
heterogeneidade

“propomos chamar interdiscurso a esse ‘todo complexo com dominante’ das formações
discursivas, esclarecendo que também ele é submetido a lei de desigualdade-
contradição-subordinação que, como dissemos, caracteriza o complexo das formações
ideológicas” (p.162)
CONCEITOS

DISCURSIVIDADE

o Relações sincrônicas e diacrônicas entre intradiscurso e


interdiscurso
CONCEITOS
FORMAÇÕES DISCURSIVAS

o Regiões de regularidades dos sentidos mais ou menos


coincidentes com as posições sociais (classes sociais, gênero,
orientação sexual, raça/etnia, orientação religiosa,
geracionalidade etc.) ocupadas pelos interlocutores

“aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada
numa conjuntura dada, determinado pelo estado de luta de classes, determina o que
pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma arenga, de um sermão, de um
panfleto, de uma exposição, de um programa, etc.” (p.160)
CONCEITOS

FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS

o Antecipações (de sentido)


o Relações de sentido (entre diferentes discursos)
o Relações de poder (valorização entre os sentidos)
CONCEITOS
FORMAÇÕES IDEOLÓGICAS

o Valores, normas e regras que balizam as interações e as práticas


o Inconscientes
o Efeitos de interpelação constitutivos dos sujeitos

“os ‘objetos ideológicos’ são sempre fornecidos ao mesmo tempo que a ‘maneira de se servir
deles’ – seu ‘sentido’, isto é, sua orientação, ou seja, os interesses de classes aos quais eles
servem -, o que se pode comentar dizendo que as ideologias práticas são práticas de classes
(de luta de classes) na Ideologia” (p.146)
EM RESUMO
ANÁLISE DO
DISCURSO
FRANCESA
DE MICHEL
PÊCHEUX

A S P E C TO S M E TO D O L Ó G I C O S
ASPECTOS METODOLÓGICOS

• Três etapas de análise


ETAPA 1

• Definição da superfície linguística (material linguístico) a ser


analisada
• Sequência Discursiva (SD)
ETAPA 1

• Conceitos mobilizados:

o Intradiscurso (como se apresenta a produção dos sentidos


no contexto imediato)
ETAPA 2

• Dessuperficialização do material linguístico ou da SD


• Produção dos discursos (sentidos) – objetos discursivos (OD)
ETAPA 2

• Conceitos mobilizados:

o Interdiscurso (metáforas, paráfrases, não-ditos etc.) – como


poderiam ser outras as produções dos sentidos
o Esquecimento Número 2
o Formações Discursivas
ETAPA 3

• Produção do processo discursivo (PD)


ETAPA 3

• Conceitos mobilizados:

o Formações Imaginárias
o Formação Ideológica
o Esquecimento Número 1
o Utilização de material e literatura de apoio a depender do
tema investigado

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