Nosso Senhor Jesus Cristo. Procuramos Estudos sobre o Santo Sudário de Turim) e
do Centro Internazionale di Sindologia di
encontrar o autor ou o falsificador, como
Torino (Centro Internacional de Pesquisas
se diz, da controvertida imagem,
sobre o Sudário de Turim). Autor de
sabendo que isto seria de grande
numerosas memórias apresentadas em
conforto para todos aqueles que não
congressos nacionais e internacionais,
querem crer. Com o
pensamento projetou-se, sobretudo, como expert
voltado, sobretudo a esses amigos que numismático na condução de numerosas e
perderam tudo, menos a razão, interessantes campanhas experimentais
escrevemos este ensaio técnico- para a verificação de algumas das
científico. Considerando que uma problemáticas ligadas à formação da
técnica para ser capaz de reproduzir imagem, à datação dos tecidos de celulose
uma obra de arte deve satisfazer todas e outros.
as características nela presentes e Francesco Barbesino
render-se aos meios técnicos e aos Diplomado em engenharia industrial,
SANTO SUDÁRIO
A IMPOSSIBILIDADE DE FALSIFICAÇÃO
TRADUÇÃO
1ª edição
Editor Responsável: Ítalo Amadio
Editor Assistente: Roberto F. Amadio
Coordenação de Produção Editorial: Katia F. Amadio
Autoria: Mario Moroni e Francesco Barbesino
Tradução: Antônio Lotti Neto
Projeto Editorial: Marco Polo Henriques
Assessor Teológico: Padre Cleodon Amaral de Lima
www.celebris.com.br Capa e Projeto Gráfico: Walter Mazzuchelli
Produção editorial: ACWM Artes Gráficas
Revisão: MineoTakatama
e-mail:sac@celebris.com.br
1 3 5 7 9 0 8 6 4 2
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Apresentação a edição brasileira
causou aos leitores a impressão de que o livro tratava como uma criação real o que
fenômeno divino impossível de ser imitado ou repetido por mãos humanas, pode às
vezes causar dúvidas aos incrédulos ou aos humanos de pouca fé, mas mesmo
acreditarmos em Cristo, o que é verdade, mas o pano de linho que envolveu Jesus
de Nazaré pode ser uma fonte que inspire a aumentar a nossa fé. A bomba atômica
queimá-lo.
uma bula para afirmar que o Sudário não era verdadeiro, recebeu como recompensa
dele ao assinar suas obras, o que não condiz com o artista a comparação com o
corpo físico de Jesus, de 1,80 metro, 78 quilos, porte atlético, e, sem dúvida, muito
mais belo em físico e espírito. A maneira, a forma, a energia e a técnica utilizada por
Deus para ressuscitar seu filho Jesus ainda são ignoradas pelo homem, e, quanto
grandeza da ressurreição. É até ridículo, hoje, falarmos do teste do carbono 14, pois,
1978, que afirmava ser o Sudário da era medieval, já não podem ser levados a sério,
uma vez que os atuais cientistas apontam centenas de causas e motivos que
estudos não foram levados em consideração: a manipulação das mãos que jogaram
água para apagar o incêndio de 1532, em Chambery - local das peregrinações das
pessoas que pretendiam tocar o Sudário; a fervura realizada pelas irmãs clarissas;
não do centro do Sudário, onde há maior quantidade de sangue. Até hoje temos de
induzir o leitor a perceber que a beleza do livro estava em criar um gênio farsante, o
qual, mesmo com o auxílio do demônio, não teria capacidade de imitar Deus. Ao
emissora de calor e a cor azul, exatamente próximo à barba, como uma zona fria, e
é isso que encanta a "ciência divina", capaz de separar o lado santo do lado onde o
reflexão de que somos felizes por acreditar sem tê-lo visto, alimentando-nos de
durante anos reproduzir o Sudário, mas nunca conseguiram, por meio de tinta,
Francesco Barbesino nos levaram ao interior deste livro para dizer aos ouvidos dos
falsários: "Vocês, por mais sábios que fossem, não teriam o dom do autor, nosso Pai
e Senhor Deus".
significado dos achados pode fazer uma vida ser resistida em suas próprias
concordantes indícios de sua autenticidade. Para nós, que não cultuamos a ciência,
é pacífico que não podemos prestar atenção a essas respostas definitivas e nunca
alcançaremos a Verdade, que tem outras saídas a serem reveladas que não essas
históricos não autorizam uma objeção irracional. Porém, o que não faltam são
respondeu, então, inventam-se novas para dar continuidade. Nós estamos na era da
contrário lhe ocorreria muito tempo para analisar, verificar e rebater: desse modo, o
conscientização dos últimos duzentos anos, isso também é devido aos inúmeros
que possam achar uma explicação no campo dos fenômenos, parecendo haver uma
tão qualificado, tão modesto, tão intelectualmente superior ao seu tempo que nos faz
recordar de perto o chimpanzé do apólogo. Este com sorte, poderia ser capaz de
OS AUTORES
ÍNDICE
Prefácio ............................................................................................................................... 11
Introdução........................................................................................................................... 16
A procura da data do nascimento ....................................................................................... 18
Um grande tecnólogo.......................................................................................................... 24
O pano ............................................................................................................................ 24
A imagem........................................................................................................................ 25
O quadro ......................................................................................................................... 27
A impressão térmica ....................................................................................................... 35
Radiação nuclear e outras formas de energia...................................................................... 44
Imagens negativas naturais ............................................................................................ 47
Gênese natural por contato ............................................................................................ 48
O incêndio de 1532 confunde as cartas ................................................................................ 56
Uma primeira consideração ................................................................................................ 63
Um grande conhecedor do mundo antigo ........................................................................... 65
Os aromas....................................................................................................................... 65
A terra............................................................................................................................. 67
O pólen ........................................................................................................................... 68
Um doutor anticonformista................................................................................................ 74
O flagelo ............................................................................................................................. 75
A coroa de espinhos ............................................................................................................ 76
A ferida do pulso esquerdo.............................................................................................. 77
... e ao pé direito .............................................................................................................. 81
A ferida nas costas ......................................................................................................... 83
A moeda sobre o olho direito........................................................................................... 85
... e sobre o supercílio esquerdo ....................................................................................... 90
Uma segunda consideração ............................................................................................ 92
Uma pequena fonte de luz .................................................................................................. 94
As análises com o C14.................................................................................................... 94
As respostas dos obscuros ............................................................................................ 100
O Sudário é autêntico................................................................................................... 114
Introdução
dizer que isso seria muito útil, quase um dever cívico - colocar em dúvida a ciência -,
pois devemos tudo a ela, da criação da espinha dorsal à bomba atômica, e nós
artista (o dolo não deixa de estar implícito) - o autor do famoso ícone. O presente
trabalho é a descrição dessa busca e dos resultados obtidos. Não nos restam
Sudário é autêntico".
A procura
procura da data do nascimento
nascimento daquele que em nossa opinião não foi um falsificador, mas uma grande
traços somáticos da face representados no Sudário1, e aos olhos deles tal imagem,
do Salvador, que mantiveram idêntico ao de Justiniano II (692); Miguel III (843); até o
1
São características a barba espessa, o bigode irregular e o chumaço de cabelo caído no rosto em forma de E,
bem como os grandes olhos fechados e as faces inchadas, os longos cabelos que caem nas costas e escondem as
orelhas, o nariz reto com a ponta achatada e as narinas dilatadas.
demonstrar que o que está reproduzido é o rosto, fazem espelhar dois semi-rostos: o
forma que haja uma perfeita continuidade entre os dois lados da imagem, ou,
congruência. Ressaltam que nos tribunais dos Estados Unidos bastam 14 pontos de
congruência para que o reconhecimento seja oficial, e eles já acharam mais de 145
demonstram, todavia, que o gênio que queremos revelar não tenha existido, mas
da era cristã (talvez o Sudário original?) por artistas que conheciam bem esse
nascimento do nosso herói, que pode ser de um século qualquer da nossa era, pois
ele não nos deixou incidências para que pudéssemos identificar detalhes da cultura
deve ter nascido nos primórdios do ano da graça de 1356, porque sabemos por meio
2
A. D. Whanger e M. Whanger. "Polarized Image overlay technique: a new image comparison method and its
applications", in: Applied Optics, 24, nº 6, 15/03/1985, pp. 766-772
3
3. Na verdade, um dos joelhos mais flexionado que o outro, na crucificação, revelaria que no rigor de sua morte
uma perna apareça visivelmente mais curta em relação àquela à qual estava sobreposta.
ornamentações do rei da França e morre no dia 19 de setembro do mesmo ano na
Batalha de Poitiers. Naquele ano, depois de ter erguido uma igreja colegiada em
Troyes), deu, em confiança aos cânones, essa tela para ser ostentada4. Dizem ainda
que o lençol foi doado ao conde Godofredo I de Charny pelo rei Filipe VI de Valois
povo acreditar (ou eles acreditam sem pestanejar?) que se trata do lençol fúnebre
que envolveu Jesus no sepulcro. Todavia, quando, trinta anos mais tarde, depois de
público, e Godofredo II, sucessor do pai, recebe a concessão real e pontifical para
ostentação (1389), mas tem a oposição do bispo diocesano monsenhor d'Arcis, que
outro, o papa Clemente VII emitiu em janeiro de 1390 uma bula ordenando que
todos deveriam aceitar que o pano não era o verdadeiro Sudário, mas uma cópia.
revogação concede nova indulgência àqueles que continuaram a visitar Lirey o local
Jesus Cristo". Porém os Charny se defenderam com eficácia daquilo que soava
como uma acusação implícita de fraude mais ou menos voluntária. Mas monsenhor
d'Arcis não se dissuadiu da idéia. Ofendido pela falta de respeito à sua autoridade,
4
Carta do bispo de Troyes, Henrique de Poitiers, para Godofredo I de Charny datada de 28 de maio de 1356.
Arquivo Departamental de l'Aube, Troyes, I, 17 -original em pergaminho; e Arquivo Nacional, Paris, Cartum L
746, nº 22 - cópia cartácea Camusat, p. 422v, na qual os presidentes se cumprimentam pela feliz conclusão dos
trabalhos da colegiada.
explicitamente que sua primeira ostentação, em 1355, ocorreu sem a autorização de
indagação sobre o pano e descobriu o pintor, réu confesso, que com astúcia o havia
uma cópia do outro, sem data e sem assinatura. Os fiéis ao Sudário não deixam de
memorando. Isso está de acordo com o que foi exposto acima e o exame dos
e o modo como foi pintada a obra do artista, mas faltam as referências relativas à
investigação que foi conduzida pelo antecessor, Enrico di Poitiers (atos do processo
o nome do dito pintor que teria pintado a obra, pois é aqui que o monsenhor d’Arcis
erra: se o suposto falsificador e o autor do Sudário são a mesma pessoa, aquilo que
5
H. Leynen. Sudarion, 2/09/1993; e L. Fossati, "Os mais antigos; documentos sobre o Sudário", in: Estudos
Católicos, nº 287, jan., 1985, pp. 23-31.
do século XIV ou mais corretamente, como diríamos hoje, uma manufatura originária
da alta Idade Média. Sobretudo, nem entre o mais alto clero existe essa convicção:
cruzada com tal fervor que foi necessário a intervenção da Santa Sé para apagar o
ímpeto tido como excessivo6. Depois o jesuíta Herbert Thurston, que tem o mérito de
o Sudário foi datado entre os anos 1260 e 1390. É a demonstração definitiva que o
todavia, é possível que essa seja uma ilusão de óptica para nós, os homens, de uma
dele muito mais do que nos parecia à primeira vista. Com grande probabilidade,
viveu por volta do século XIV na França, e fala-se ainda da sua pessoa, pela sua
obra de arte. E para fazer render ainda mais viva a imagem que aparece devemos
separar os dotes técnicos dos artísticos e dos morais sem negligenciar, todavia, o
6
P. L. Baima Bollone. Sindone o no Turim, Società Editrice ; Internazionale, 1990, pp. 251-253.
Um grande tecnólogo
O pano
largura. O comprimento é justificado pelo fato de que uma parte do tecido vinha
mais voltas, adquire um efeito agradável e estético. É um tipo de tecido muito macio
que já tinha sido notado no distante período neolítico e foi observado também nas
existe nada igual ao pano do Sudário. Nenhum tecido antigo, ou mais recente,
entre os poucos linhos antigos conservados até hoje aquele similar ao Sudário foi
casualmente perdido, mas qual a melhor prova que se pode apresentar que um
7
M. C. Siliato. Indagine su um ântico delitto. Roma, Piemme, 1983, pp. 157-159.
Por fim, o entrelaçamento das fibras do tecido (Z) não é usual. Porém,
propósito, algumas fibras de algodão empilhadas uma nas outras que o professor
atribuíam o fato à pura casualidade; outros recordam que segundo a lei mosaica
A imagem
pano, por uma ligeira diferença da intensidade das cores, e em alguns pontos do
corpo, como rosto, pulsos, pés e costas, aparecem amplas manchas vermelho-
8
Gabriel Vial afirmou que poderia tratar-se de resíduos devido à normal poluição através dos séculos; Gilbert
Raes nos faz observar que as bandas laterais (que poderiam ser de época posterior) não apresentam traços de
algodão, e, além disso, durante as análises de 1988, também o laboratório de Oxford encontrou fibras estranhas
que, analisadas por outro laboratório têxtil, revelaram ser de algodão.
9
. LA. Schwalbe e R. N. Rogers. "Physics and chemistry of the Shroud of Turin - A summary of the 1978
investigation", in: Analytica Chimica Ata, 135, 1982, pp. 3-49.
de 50 a 100 fibras torcidas entre si: na área onde aparece o claro-escuro não
uniforme, cada uma com sua intensidade. No microscópio, as fibras que reproduzem
a imagem aparecem bem corroídas e refletem a luz muito mais que as outras. O
junho de 1898. Ela foi concedida pela Casa dos Savóia, então proprietária do
Sudário, por ocasião das núpcias do príncipe herdeiro Vittorio Emanuele com Elena
negativo perfeitamente visível no qual as áreas de maior relevo eram mais escuras e
Como não pensar com espírito bizarro que tinha criado uma foto de
existência efêmera, com a expectativa de que, com novas técnicas, futuros cientistas
10
E. J. Jumper et al. "A comprehensive examinalion of the various stains and images on the Shroud of Turin", in:
ACS Advances in Chemistry, nº 205; Archaeological Chemistry III; American Chemical Society, 1984.
11
Uma ótima descrição das circunstâncias, sintética, mas rica em detalhes, e chamadas
bibliográficas, in: Luigi Fossati, La ripresa delia fotografia delia sacra Sindone durante
l'Ostensione del 1989, Collegamento Pro Sindone, set./out, 1994, pp. 3-34.
pictórica que entraria em acordo com a coloração superficial das fibras, mas com
evanescentes.
O quadro
bordas da imagem desaparecem (pela neutra inibição lateral), mas nada nos impede
de pensar que o nosso artista tenha pintado a uma certa distância do pano,
utilizando um pincel bem comprido. Não obstante é arriscado sustentar, como afirma
Maria Consolata Corti e os ingleses Clive Price e Lynn Picknett, que o Sudário é
Infelizmente, como já foi mencionado, existem alguns documentos que dão conta da
citados pelos partidários do pano) já na metade do século XIV - cem anos antes do
então ter descoberto que um artista medieval teria utilizado o ocre vermelho para
retocar ou criar a imagem. As cores amareladas das fibras do linho seriam devidas
ao envelhecimento de uma cola de origem animal, utilizada para dar fundo à pintura.
tudo e por tudo, de uma habilíssima obra de arte, em que o artista teria utilizado uma
mistura de dois pigmentos: o ocre (uma solução muito diluída que se prendeu no
fitas adesivas não revelou nenhuma reação ao mercúrio, resultado que sugeriria a
exclusão dos vermelhões, que, por outro lado, poderia escurecer com o passar do
12
Heller e Adler, que fizeram análises químicas, encontraram somente uma pequena partícula de cinábrio
(sulfeto de mercúrio), contrariamente a McCrone e Skirius, que tinham distinguido algumas partículas de
pigmento de ouro, de ultramarino, de azurita e vermelhão. A presença de traços de pigmentação no pano do
Sudário pode ser atribuída aos artistas que realizaram cópias dele: nos últimos trabalhos, as cópias foram
colocadas em contato com o original, tornando-se "relíquias" para expor à reverência dos fiéis. E possível,
portanto, que alguns pigmentos tenham caído sobre o Sudário, como outros resíduos estranhos nele encontrados:
cera, acrílico colorido, pêlos e partes de insetos.
composto de ferro apresentam-nos comprimentos de ondas completamente
fibras nem escorrimento capilar dos líquidos. Também a fluorescência ao raio X não
água que escorria na tela para apagar o incêndio não tenha inibido a imagem, como
13
Heller e Adler demonstram que sobre o linho do Sudário existem três tipos de ferro: o ferro proveniente da
fabricação do linho; o oxido de ferro (Fe203), mineral impuro que se encontrava nos reservatórios de água para
apagar o incêndio de 1532; o ferro puríssimo em forma de anéis enzimáticos espalhado por quase todo o tecido,
além da existência de maior quantidade nas manchas de sangue.
14
L. A. Schwalbe e R. N. Rogers, in: Physics and chemistry of the Shroud of Turin. Ver nota 9. Dizem que pelo
fato de McCrone não ter fornecido estimativa quantitativa da densidade de partículas que circundam as fibras ou
da sua concentração por unidade de área, R. A. Morris e outros definiram uma mínima quantidade de oxido de
ferro visível (Fe203), que é de 2 ug/cm2. Embora em alguns casos encontraram-se 30 ug no pano e 10 na imagem;
analisaram também uma linha do vulto do Sudário, do cabelo ao nariz, com áreas de 1 cm2 e intervalos de 1 cm.
As variações encontradas são de 2 : 5 ug/cm2. Em geral, os valores medidos não estavam nem mesmo a uma
distância suficiente para explicar ao menos uma reverificação da imagem.
Também no caso dos traços de sangue, McCrone, como tantos outros
longínqua semelhança, mas, com grande probabilidade, deve ter utilizado sangue
áreas de sangue. Embora nas bordas das manchas de sangue encontram-se fibras
confirmam o resultado da análise física que indicavam apenas soro (invisível a olho
vermelhas de ocre são flocos de sangue espalhados por todo o pano por causa das
numerosas restaurações.
15
15.Um trabalho de grande importância foi aquele que Heller e Adler realizaram com métodos
microespectrofotométrico, em tiras com fibras manchadas de sangue, a hemoglobina, um componente que
contribui para a coloração do sangue. Isolaram a porfirina, um outro componente do sangue, que dá
fluorescência vermelha aos raios ultravioleta. Enfim, nas sucessivas experiências, foram capazes de reconhecer
albumina ebilirrubina. Esta última, em grande concentração, assim como ocorre nos rompimentos dos glóbulos
vermelhos quando traumatizados.
Todavia, esse enorme crescimento foi constatado somente há algumas décadas. A essas procuras são
entrelaçadas e sobrepostas as pesquisas italianas conduzidas pelo professor Baima Bollone, cujos resultados
estão de acordo com o precedente.
Rara certificarem-se de que era verdadeiramente sangue humano, adotaram soro com anticorpos
fluorescentes que se fixam aos antígenos da espécie biológica colocados abaixo da imunização e se tornam
visíveis mediante um microscópio de luz ultravioleta.
A possibilidade de identificar glóbulos humanos também à distância de milhares de anos foi preventivamente
verificada nas múmias egípcias.
16
. V. D.Miller e S. F. Pellicori. "Ultraviolet fluorescence photography of the Shroud of Turin", in: J. of
Biological Photo-graphy, 49, nº3, jul., 1981, pp. 71-85. Os autores, utilizando a técnica espectrofotométrica,
separaram três pontos da imagem (feridas nos flancos, perfuração do pulso pelo prego, sangue pisado no pé
direito e na imagem dorsal), em torno das manchas de sangue, uma auréola fluorescente. Com provas sucessivas,
descobriu-se então que o soro enzimático é fluorescente.
Sucessivas pesquisas em 1979 parecem confirmar as graves objeções
no fato de ter informações relativas a uma terceira dimensão. Vale dizer que as
das imagens está relacionada à distância real da estrela. Tomando como hipótese a
terceira direção. A luminosidade pode ser medida por uma equação matemática que
avalia a distância existente entre o corpo e o tecido. São mais brilhantes nas áreas
valor numérico ao grau de escurecimento de cada uma das células medidas, faz-se
mais sérios dificilmente irão render-se, como aconteceu alguns séculos antes com
Sudário privado de impressões que foram analisados apenas sob os halos do soro17.
congruente, e isso não é coisa atual! E não se crê que para pintar tenha sido
utilizado sangue tirado anteriormente, porque os halos de soro visíveis ao redor das
17
E. J. Jumper el al. Ver nota 10.
sangue que brota de um morto tem a parte branca do soro separada da vermelha, e
Essa observação nos leva a uma das hipóteses mais radicais de formação
da imagem. Uma hipótese em certo sentido muito simples: trata-se das impressões
espinhos, e com uma ferida na costela produzida por uma ponta de lança. Não era
crucificação dos romanos, que foi abandonado, na pior das hipóteses, nos anos 600
ou 700, sobre o qual temos como pesquisar e que foram observados somente no
exemplo, a marca que foi deixada nas costas pela trave horizontal (vinha arrastando
seguir.
18
Não obstante, nos rastros das fábulas do Renascimento é que se descobriu um certo Diego Baffo que, para
cumprir com uma obra de misericórdia corporal em memória do filho, morto tragicamente, em 1453, tinha
recolhido na cidade de Pera, com a ajuda de um servo mouro, o corpo de um homem do qual os turcos tinham
feito um rolo e largado em cima de um linho velho, de 4 metros de comprimento, levado para fora da cidade e
enterrado. (Corriere delia Será, 15/10/1988; em S. Rodante: La scienza convalida Ia Sindone, Massimo, Milano,
1994, pp. 48-49.)
Além disso, nota-se que elas estão em toda parte até os dias de hoje;
autêntica, ou que ela tenha tido contato físico com a verdadeira ou incorporasse uma
parcela dela. Alguns reis não tomaram posse por acaso, mas sim para estabelecer
um contato físico com o próprio território. Não havia nenhuma necessidade então,
verdade é o mesmo ainda hoje para nós: como seria possível interromper o contato
contornos, porque esses que se apresentam intatos indicam claramente que o corpo
não foi movido levantando-se o pano. Pode-se notar, todavia, pelo menos
uma realidade plausível caso se aceitem as teses de uma pontual repetição das
19
N. Masini, "Conhecer o Sudário", in: Conexão Pró-Sudário, nº1, jan/fev., 1988, pp. 31-35, diz: "quando sai
sangue de uma ferida, uma parte desse líquido (fibrogênio) permanece presa a formas de minúsculas fibras
(fibrina) que formam algo semelhante a uma rede. Desse modo forma-se o coágulo que tende a estancar a saída
do sangue. O coágulo, uma vez formado, se retrai, pressionando pa-ra fora a parte mais líquida (soro), assim a
cada coágulo que se forma no corpo tende a formar ao redor dele um halo de soro, que é invisível a olho nu,
mas visível em fluorescência sob luz ultravioleta. Agora podemos dizer que em determinadas condições, poucas
horas depois de formada, a fibrina se fluidifica, se liqüefaz muito lentamente (fibrinólise)". Segundo Vignon, "a
fibrina se dissolve lentamente e quando está dissolvida pela metade se obtém uma boa transferência". (P.
Vignon. O Santo Sudário de Turim. Turim, Bottega de Erasmo, 1978).
20
C Brillante. "La fibrinolisi nella genesi Dell’impronta sindonica", in: La Sindone, scienza e fede. Bolonha,
Clueb, 1983, pp. 239-241. Também o dr. Sebastiano Rodante mostrou experimentalmente que são necessárias 36
horas para se obter um decalque Analógico àqueles que se encontram no Sudário.
separar o corpo das manchas de sangue. Todavia, mesmo com a ausência de traços
vista, vamos a outra solução, e foram propostas numerosas, das mais sofisticadas
mais interessantes e suas objeções, muitas vezes sensatas, que podem anular uma
primeira pressupõe que ela tenha sido obtida mediante uma coloração utilizando
A impressão térmica
Em 1966, Geoffrey Ashe deu a notícia definitiva (bastante curiosa), de
como obter uma imagem negativa esfumada, de cor sépia, em um pano quando
mais ou menos vinte anos a hipótese de contato térmico vem sendo reaberta e
21
.G.Ashe. "What sort of picture? An experimental clue to the nature of the body impressions", in: Sindon, 10,
C.I.S. de Torino, abr., 1966, pp. 1619. A hipótese da coloração ou da radiação foi proposta em 1930 por N.
Noguier de Malijay e sucessivamente por G. Caselli, em 1950. Tal hipótese foi aceita por D. Willis, N. MossoJ.
L. Carreno, K. E. Stevenson, G. R. Habermas e G. B. Judica Cordiglia.
22
. V. Pesce Delfino. E l'uomo creò Ia Sindone. Bari, Dédalo, 1982.
um personagem definido, um habilidoso falsificador de 130023. Outros fazem
quente, isto é, que se tenha "ausência de contato direto com a impressão24"; outros
ferro25.
acentuada tridimensionalidade.
Sudário não revela diferença de cor entre a imagem e as áreas queimadas; além das
imagem27.
23
Normalmente um falsário pressupõe a falsificação de um perfeito original conhecido, com maior perfeição que
a cópia e a possibilidade de observá-lo para tal fato.
Como se verá a seguir é difícil imaginar um original mais rico de particularidades e de maior precisão que o
Sudário atualmente em nosso poder, onde nada é confiado à imaginação.
24
C Papini. La Sindone, un mistero che sisvela. Turim, Dossier 16, Claudiana, 1982.
25
J. Nickell. Inqueston the Shroud of Turin. Nova York, 1983/1987.
26
. K. E. Stevenson e G. R. Habermas, Verdetto sulla Síndon. Brescia, Queriniana, 1982, p. 229.
27
.J. H. Helle re A. D. Adler. "A chemical investigation of the Shroud of Turin", in: Canadian Society Forensis
Science lournal, 14, 1981, pp. 81-103.
possibilidade de que o Sudário seja uma reprodução falsa elaborada na era
vimos, foram reproduzidas, isto é, por meio de pirogravura utilizando uma ponta
verdade, por meio de puros e simples retoques pictóricos com a mesma cor ocre
vermelho. Desse ponto de vista, não existe nada na imagem do Sudário que não
memória, e as críticas radicais não cessam. O sangue, por exemplo, do qual não
sangue como se revela nas áreas chamuscadas pelo incêndio de 1532. Nesse caso,
das feridas que sai pelo costado? E como conhecia o excesso de bilirrubina, que
formada por um coágulo circular (que corresponde a uma ferida provocada pela
28
V. Pesce Delfino. Ver nota 22.
ponta do espinho da coroa), do qual se desprendem duas gotas de sangue, uma das
afronte, até a sobrancelha. Em uma fotografia ampliada muitas vezes pode-se ver
muitíssimo bem que esse sangue tem um caráter nitidamente arterial, não
os espasmos de dor sofrido pelo músculo frontal29. Uma pergunta vem à tona:
assim distingui-las entre si, se ela foi descoberta por Andréa Cisalpino somente em
159330?
Ainda se fazem objeções sobre uma outra característica, não visível a olho
fosforosa, que diante dos raios ultravioleta, apresenta a cor laranja fluorescente31, e
isso não ocorre com o Sudário. Contudo, o estreitamento obtido na cópia atravessa
29
Essa citação é extraída do panfleto, breve mas eficaz, do dr. Giovanni Fumagalli: Ma allora ... Ia Sacra
Sindone é próprio falsa? Parabiago (Mi), II Centro, 1988.
30
Cario Papini escreve, entre tantos outros, a esse propósito: "Mais uma vez se esquece ou se desvaloriza o
excepcional desenvolvimento da arte médica e dos conhecimentos anatômicos conseguidos no oriente bizantino
e árabe. As escrituras de Galeno (século II d.C), esquecidas no Ocidente e redescobertas somente a partir do
século XII, mas sempre estudadas pelos bizantinos". Ver nota 24.
O nosso falsário era bizantino? Talvez nem mesmo medieval? Quanto a Galeno, deve-se recordar que a obra
cisalpina coloca-se de pronto em um vasto movimento de emancipação dos erros de ortodoxia galênica em
matéria de circulação do sangue que se inicia no Ocidente em meados dos anos 500. Basta consultar o verbete
"circulação sangüínea" em qualquer enciclopédia para certificar-se.
31
0 Petrosillo e E. Marinelli. La Sindone un enigma alla prova della scienza. Milão, Rizzoli, 1990, p. 230.
superfície. Em seguida foi demonstrado experimentalmente que uma impressão
térmica igual àquela produzida pelo professor Pesce tem um crescimento muito
superficial e desaparece depois de dois anos32. Por outro lado, o professor nunca
uma tela enrugada. Propõe-se uma possível sucessão de operações que deverá
Jesus, tiram-se dois moldes de gesso das partes posterior e anterior, fundem-se os
tela de Unho tecido em um tear flexível ao longo do eixo mediano para seguir a
curvatura do bronze - isso é tudo. Basta somente um retoque manual com sangue
verdadeiro ou com uma substância ainda ignorada para reproduzir todos os sinais
sangue animal ou humano. Ainda uma anotação: é provável, mas não indispensável,
que a tela (Sudário) tenha sido preparada com qualquer substância por nós ignorada
para favorecer o (cozimento) e evitar a queimadura. Para o autor é quase certo que
32
M. Moroni. "Sulla formazione naturale e sulla strinatura acciden-tale dell’immagine sindonica", in: La
Sindone-lndagini scientifiche. Atas do IV Congresso Nazionale di Studi sulIa Sindone, Siracusa, 17-18/10/1987;
Paoline, 1988, pp. 142-185.
33
É a conclusão do livro citado na nota 22.
um método similar foi usado por um falsificador, está em um artigo de Papini34 que
(originalmente em Monitor, Paris, 1794, p. 557). Infelizmente esse tear foi perdido,
singular, Joe Nickell (nota 25), pesquisador científico que em 1978 levantou a
para obter um melhor resultado, teria esticado a tela no baixo-relevo e depois a teria
friccionado com a mistura de pós. A técnica de Joe Nickell, além de produzir uma
sobre a tela, e não por um contato direto com o baixo-relevo colocado embaixo dela.
um tipo de cola e transferido ao tecido com uma colher quente e vapor, do qual
34
Artigo que apareceu em Riforma, 5/04/1996.
35
Il Moniteur fundado em 1789, foi fechado com o golpe de 18 de maio de 1799.
36
E. A. Craig e R. R. Bresee. "Image formation and the Shroud of Turin", J. of Image Science and Technology,
38, nº 7, jan./fev., 1994.
resulta uma reprodução sem definição. Os pesquisadores tiveram de constatar que o
fundo feito à mão, continha grossos pigmentos secos e não prestavam para serem
transferidos para uma superfície de linho áspero com aquelas dimensões e serem
submetidos ao vapor. Por outro lado as imagens obtidas por Nickell e Craig-Bresee
presentes exatamente nos pontos onde falta a imagem. Enfim, também nesse caso
absorvido pelo linho que produz ao longo do tempo a aparição da imagem. Segundo
outros, é a ação acidificante38 dos sais de Qumran ou de Natron39; para outros ainda
ambiente rico de pó de carbonato de cálcio, como devia ser o buraco usado como
porque, pela primeira vez, obtiveram-se amostras de rocha do interior de tumbas das
microssonda eletrônica.
43
Levi-Setti, R. et al. "Progress in high resolution scanning ion microscopy and secondary ion mass
spectroscopy imaging microanalysis", in: Scanning Electron Microscopy, 1985, pp. 535-552.
Radiação nuclear e outras formas de energia
impresso na fachada de pedra dos edifícios45. Uma intensa faixa de luz teria
as imagens.
44
Hersey, J. Hiroshima. Londres, Penguin Books, 1972, pp. 99-100.
45
A ausência de calcificação na área onde aparece a sombra projetada da figura humana nos impulsionou a
verificar um fragmento de material cerâmico de revestimento externo das paredes do Nissei Hospital de
Hiroshima revestido da onda térmica da explosão (fornecido pelo Museu de Hiroshima). O professor M.
Bertolani, da Universidade de Modena, que examinou no microscópio o fragmento cerâmico e a substância
extraída do cimento, confirmou que o cimento se manteve "calcificado" sem nenhuma particular variação de
seus componentes.
46
V. Pesce Delfino. Op. cit, p. 229.
47
L. Carreno-Etxeandia. La Sindone ultimo repórter. Alba, Edizioni Paoline, 1978.
fosse equivalente àquelas imagens. Segundo tal hipótese, a figura do Sudário teria
sido impressa no pano por efeito de uma "energia radiante intensa e de brevíssima
fotofulgurante de Caselli48.
na qual foram perfurados, com agulhas finas, as partes onde se presumia que
atravessar os pequenos furos, uns bens próximos dos outros, imprimiam no lençol
48
S. Rodante. La scienza convalida Ia Sindone. Milão, Massimo, 1994, pp. 73-74.
49
Idem. La realtà della Sindone. Milão, Massimo, 1987.
existentes. As imagens obtidas são boas. Todavia para um artista medieval (o dito
dificuldades consideráveis. A imagem mais evidente é aquela que parecia uma foto
porque em seguida teria se aplicado um outro método artificioso para obter uma
constrangimento, que, no sepulcro, o corpo ressurgido teria emitido uma luz muito
intensa; há exemplos dessa ocorrência nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.
Também o dr. Jackson cria sua própria hipótese50, que é parecida com a
período. Essa impressão aparece como uma imagem branca; com o tempo, teria
condições atuais, em que ela aparece mais escura de fundo sotoposto. Como se
teria formado a imagem? Jackson supõe que, em certo momento, o corpo que
teria deixado sua impressão no tecido, enquanto esse atravessava em tempo maior
evento não verificável. Além disso, durante a passagem as radiações teriam deixado
50
Jackson. Shroud spectrum, na 28-29, set, 1988, pp. 516-519; além da conferência de Rosetum di Milano, em
24/03/1990.
51
D.WhangereM. Whanger. Collegamento pro Sindone, nº 6, mai./jun., 1994, p. 42.
Imagens negativas naturais
São Francisco pintadas por Giotto e pelas imagens evanescentes das pinturas de
tridimensional. Um outro tipo de impressão, obtido por reação química, é aquele que
imagem do Sudário poderia ter sido feita com a produção do ácido oléico formado
Até mesmo os velhos herbários, tão queridos dos nossos avós, podem
longo tempo. São as marcas também indicadas como "figuras de Volckringer"54. Elas
fizeram em cinqüenta anos a transferência para uma outra, mais suave, em uma
nova folha56.
52
0 fenômeno é atribuído a uma reação química que se manifesta com o passar dos anos e é facilitado pela
umidade: o enxofre do zinabrese une ao do chumbo. (C. Enrie. La Santa Sindone rivelata dalla fotografia, 2º ed.,
Turim, SEI; G. Chiavarello. "Di eventuali tracce di sostanze colorate o colorate-coloranti sulla Sindone", in: La
Sindone, Ia scienza, Ia fede. Bolonha, Clueb, 1983.
53
C. Chiavarello. Idem.
54
J. A. De Salvo. "The image formation process of the Shroud of Turin and its similarities to Volckringer
patterns", CIS,Turim, in: Sindon, 31, dez., 1981. O autor afirma que os traços de ácido lático contido nos
vegetais podem ter sido impressos com o tempo na celulose do papel.
55
M.J. Volckringer. "Le probleme des Impreintes devant Ia Science", in: Procure du Carmel de l'Action de
Graces, Ajaccio, 1981.
56
Idem. "Reiazione al Centre d'Etudes Théologiques", apresentado em 28/05/1984, em Caen.
Um dos autores do presente texto recuperou uma anêmona-dos-bosques,
conservadas pela professora Delia Beffa, que depois de 45 anos deixou a impressão
mão que se encontra nas páginas internas de um livro dos meados dos Oitocentos57,
foi reproduzido por contato e apresenta a típica cor sépia pálido. É importante
se, portanto, pensar que tais caracteres não sejam somente próprios da impressão
subjacente, deve ter conseguido uma impressão tridimensional bem como as partes
imagem de coloração sépia, cópia fiel, nas velhas folhas amareladas, mas para Paul
57
Encontrado por M. Moroni no Álbum au collection complete et historique des costumes de Ia Cour de Rome,
Paris, 1862; reprodução graciosa da guarda suíça. As cores são do tipo "mineral" ou natural (como todas as cores
utilizadas antes da metade dos Oitocentos), diluídas em óleos vegetais.
58
Elaboração tridimensional feita pelo dr. K. E. Moran com a Estek Kodak Company North Carolina, Estados
Unidos.
59
M.J. Volckringer. The holy Shroud: Science confronts the imprints. Transcrito por V. Harper, Austrália,
Morgan, 1991.
60
De Salvo afirma que a mais surpreendente semelhança entre a imagem do corpo do Sudário e as amostras de
Volckringer é que estas podem ser reconstruídas em relevo tridimensional utilizando um analisador
tridimensional VP-8, assim como se pode fazer com a imagem do corpo de Sudário. (J.A. De Salvo. Op. cit.)
61
A elaboração do dorso, executada pelo professor Nello Balossino, de Turim, e ainda inédita, confirma o
caráter tridimensional deste lado da imagem.
Vignon, biólogo e pintor francês, não sugeriam somente recordações românticas,
corpo e o pano. Vignon reproduzia sobre a tela umedecida com pó de aloé e mirra
de valor seguro, mas para nós que não professamos a atividade médica, soa um
62
P. Vignon. Le Saint Suaire de Turin devant Ia science, l'archeologie, l'histoire, liconographie, Ia Logique. Ver
nota 19.
63
O professor Bollone faz notar, no entanto, que a transformação do aloé em carbonato de amoníaco não ocorre
no primeiro período depois da morte, mesmo com a presença de aloé e mirra para acelerá-la. (P. L Baima
Bollone, op. cit., pp. 203-204.)
tanto macabro. O dr. Cordiglia64 espalhou uma mistura de pó de aloé e mirra sobre
Romanese65 aspergiu o rosto do cadáver com uma solução de água quente e sal e
espontaneamente por contato67, usou pela primeira vez mistura de suor e sangue
invólucros de sangue foram aplicados aos panos com soluções aquosas. O dr.
64
G.Judica Cordiglia. "Ricerche ed esperienze sulla genesi dei le impronte delia S. Sindone", in: La Santa
Sindone nelle ricerche moderne. Risultati dei Convegno Nazionaie di studi sulla Santa Sindone. Turim, 1941, pp.
37-51; L'uomo delia Sindone é il Cristo. Milão, 1941; "Ipotesi e nuovi esperimenti sulla genesi delle impronte",
in: La Santa Sindone nelle ricerche moderne.
I Convegno internazionale di studio Roma -Torino Anno Santo 1950. Turim, 1951, pp. 23-26.
65
R. Romanese. "Contributo sperimentale allo studio della genesi delle impronte della Santa Sindone", in:
Risultati del Convegno Nazionale del 1941, op. cit.„pp. 51-61.
66
S. Rodante. "II sudore di sangue e le impronte della Sindone", in: Sindon, n°-21, 1975, pp. 6-12; "Ipotesi sulla
natura delle impronte sindoniche", in: Sindon, 1978, pp.126-136; "Mixturam myrrae et aloe -Rilievi di
semeiotica sindonica", in: La Sindone e Ia Scienza, Ata do II Congresso Internazionaledi Sindonologia, Leinì
(Turim), Paoline, 1979, pp. 419-423.
67
S. Rodante. "Le impronte delia Sindone non derivano soltanto da radiazione di varie lunghezzed'onda...",
in:Sindon, nº31,1982. Rodante admite uma fixação fotográfica no pano ainda úmido, sucessiva à formação da
imagem.
Podia-se, portanto, concluir que os aromas, o suor de sangue e a umidade eram os
em cera do vulto do Sudário, colou-se uma pele magra de gamo borrifada de sangue
mistura de suor e sangue mais diluída. Ao molde foi colado um linho parecido com o
explicar, entre outros, alguns particulares relevantes sobre o Sudário, como, por
exemplo, a grande nitidez com que se apresentam os sinais deixados pelos golpes
causa dos aromas; da contribuição, se bem que limitada, dos vapores cadavéricos:
vapores produzidos são menos intensos nas superfícies mais próximas do lençol
que os encontrados nas mais distantes69"; nem se exclui essa mesma reação
química por causa do suor da pele, não pelo fato da condensação que se forma
68
S. Rodante. "Ipotesi sulla natura delle impronte sindoniche", in: L'uomo delia Sindone. PoliglottaVaticana,
Roma, Orizzonte Medico, 1979.
69
Texto lideo em 21 de abril de 1902 no Salão da Ciência de paris por Yves Delage e publicada por Revue
Scientifique, 3/05/1902.
embaixo do lençol amassado se mostrar quase impermeável, mas pela ação da
mirra.
que devem ter contribuído para completar e esfumaçar a imagem, porque aquela
manchas de sangue são explicáveis na caso do contato da tela com o corpo ferido,
tridimensional.
pâncreas72. Alguns dias após a morte dele, em 9 de março de 1981, Patricia Olivers,
lençol. O pijama que o defunto vestia foi jogado fora, e do colchão da cama foi tirado
a cobertura sintética que resultava manchada e foi esfregada com água sanitária,
70
G. Imbalsamo. “Il linguaggio della Sindone: formazione dell’immagine”. In: Sindon, nº3, dez. 1981.
71
O “mecanismo vertical” do corpo na tela não explica a formação do vulto do homem do Sudário que se
encontra com a cabeça um pouco inclinada para a frente e não na posição perfeitamente horizontal. A mesma
consideração vale para a impressão de ambas as voltas plantares. Esses dois detalhes importantes não se afinam
com a hipótese de que a impressão é o resultado de uma projeção ortogonal.
72
I. Wilson. "Magazine", in: Sunday Observer, 31/01/1988; e "Newsletters", in: British Society for the Turin
Shroud, nº 19,1988.
mas sem resultado: as manchas não desapareceram. Enfim a descoberta: "Pois
a imagem fantasmagórica de uma mão, com a palma virada para cima - fraca, mas
estampada com tal precisão que se podia distinguir varias veias". Além das mãos,
que apresentam uma coloração ligeiramente mais clara, são visíveis as áreas
caso análogo ocorrido em um hospital alemão e reportado pelo dr. Nieper: "Há
alguns anos tínhamos um paciente internado em nosso hospital que sofria de tumor
no rim. Por acaso, quando se estava refazendo o leito, alguns dias depois, notou-se
uma imagem no pano que cobria o colchão". A impressão deixada pelo tumor estava
pela elaboração eletrônica que tomando como ponto de referência a cor do filete de
73
Um caso adicional é aquele do beato Charbel Makhlouf, monge maronita, morto no Líbano em 1898. O
reconhecimento canônico, ocorrido em 1950, verificou que o Sudário traz as características da face, meio
confusas. Tem-se notícia de um outro Sudário encontrado sobre uma múmia em uma tumba de Antinoopolis
durante as escavações de 1902. Esse Sudário, com impressões e lineamento de um vulto, foi mostrado
publicamente em Paris e depois transferido ao Louvre, onde já não é encontrado.
sangue no rosto, encontra sobre o vulto do Sudário numerosos pontos vermelhos
transudação hemática74.
74
Media Duemila, 3/03/1985, pp. 51-66.
O incêndio de 1532 confunde as cartas
não tem nenhum tipo de raspadura ou coisa similar em sua superfície; entretanto o
a raspadura estaria limitada apenas à imagem, em vez disso está em todo o pano do
Sudário, e é fácil imaginar que as áreas raspadas do linho e das impressões são
fonte de calor.
Também Ray Rogers, expert nos efeitos que as cores produzem sobre
75
J. S. Accetta e J. S. Baumgart. Applied Optics, nº19, 1980, p. 1.921.
idêntica à do restante do pano. Schwalbe76 afirma que as fibras, nas áreas
uma valiosa caixa de madeira revestida de prata com ornamentos em ouro, dentro
de um nicho do altar78.
festa de Santa Bárbara, começou na Santa Capela um enorme jogo; talvez algum
salvar um único pedaço. Calvino, que vivia naquele tempo, dizia: Quando um
76
L. A. Schwalbe e R. N. Rogers. "Physics and Chemistry of the Shroud of Turin. A summary of the
investigations", in: Analytica Chimica Acta, ne 135, 1982, pp. 3-49.
77
R. Cilbertjr. E M. M. Cilbert. "Ultraviolet visibile reflectance and fluorescence spectra of the Shroud of
Turin", in: Applied Optics, 1980, pp. 1.930-1.986.
78
P. L. Baeta Boline. Op. cit., pp. 138-140.
79
78. P. L. Baeta Boline. Op. cit., pp. 138-140.
79. L. G. Piano. Commentari crítíco- archeologici sopra Ia S. Sindondi N. S. Gesù Cristo venerata in Toríno.
Eredi Bianco e Comp., 1833.
Dizia-se também que... o pano não foi de fato queimado, porque alguns
fora a caixa do Santo Sudário. "O fogo já havia chegado ao armário e ao seu
Mas o coro estava fechado por uma robusta cancela. E o vento noturno soprava
labaredas de fogo através da neve,o ferreiro Gillaume Poussod, cujo nome merece
ser relembrado porque forçou as barras mais torcidas, queimando até os ossos das
mãos para abrir uma passagem e pegar a caixa de prata. Dois frades franciscanos
cardeal Lodovico Garrevod, e foi verificado que esse pano era aquele mesmo que
a primeira sustentava que tinha sido um milagre que o Sudário tivesse sido salvo em
amianto.
É bem provável que o linho do Sudário, como outros tecidos, possa resistir
80
Maria Grazia Siliato. Il mistero della Sindone. Piemme, Casale Monferrato, 1989, p. 83.
81
Abade Léon Bouchage. Le Saint Suaire de Chambery a Saint-laire-en-Ville. Chambery, Imprimerie C. Drivet,
1891, pp. 16-26.
Em qualquer um dos casos sobre o lençol do Sudário, seja guardado em
um nicho no altar, como veio reportado em várias teses, seja alojado em uma gruta
escavada na parede que se encontra ainda hoje escondida atrás do altar, ele correu
de pedra asperamente cortados e ainda hoje chamuscada, está situada a 2,5 metros
de grades e telas de proteção. De fato, são ainda visíveis no alto e embaixo da gruta
dois furos efetuados quase no meio, que deveriam servir para prender duas
pequenas grades, de 80 por 60 centímetros cada uma. Nos lados são ainda
sustentação da tela. Essas saliências demonstram que a gruta não foi construída
para proteger a preciosa relíquia: isso, de fato, era um pouco maior que a tela
dobrada várias vezes em si mesmo, de tal modo que pudesse recobrir uma
àquela que se observa no Sudário (ver acima) confirmam que o cofre deveria estar
recolocado em um armário.
82
Ver A.Tonelli. "II problema delle Bruciature e Ia questione storica", in: Sindon, 8/4/1962
colocando uma amostra do tecido similar àquele do Sudário em um cofre de cobre
internamente atingia 190°C para o cofre, e 170°C para o pano dobrado, cifras que
chamuscada foi indispensável envolver a tela em um pano de puro linho. Por outro
lado, foi plausível que fosse colocado um pano no relicário para proteção da tela;
àquela utilizada para cunhar moedas (54% de cobre e 43% de prata). A hipótese
mais provável é que as lâminas foram soldadas em estanho, pelas bordas, entre
si.
83
Ver R. Gervasio. "Bruciature, macchie ed aloni che si riscontrano sul lessuto della Sindone", in: Sindon, nº
24, Turim, CIS, out., 1976, p. 10.
Os exames confirmaram que existe uma progressiva variação de cor do
Chamuscadura marcada que, por incisão, não pode ser atribuída ao peso do
faz mais que confirmar a excelência do nosso artista, que se revela depois dessa
uma figura evanescente, de absoluto realismo, da qual, como nos códigos cifrados,
uma obra que somente um gênio poderia realizar, ou uma obra tecnologicamente
fabricada de empenho medíocre. O professor Piazzoli afirmou que "é tão absurda a
existência do Sudário, que Pesce Delfino produz Sudários... a seu bel-prazer84.”
Beato ele!
Rodus, hic salta, quer dizer: Façam-nos ver pelo menos um dos Sudários dessa rica
84
A. Piazzoli. "Ecco le falle della Sindone", in: L’Unità, 23/03/1996. O articulista é mestre em física geral da
Universidade de Pádova.
Um grande conhecedor do mundo antigo
Os aromas
Não podemos afirmar com absoluta certeza que o aloé e a mirra foram
utilizados pelo nosso humanista para produzir a imagem. Nesse caso, estamos
certos de que, profundo conhecedor do Evangelho (em particular João 19,39), foi
Sudário é coisa certa. O professor Baima Bollone85, fotografou as fibras por ele
85
P. L. Baima Bollone. "Primi risultati delle ricerche sí fili della Sindone prelevati nel 1978", in: Sindon, nº 30,
Turim, CIS, dez., 1981.
86
M. Adgé. "Rilievi sperimentali su alcune proprietà del Taloe e della mirra", in: La Sindone: scienza e fede,
Ata do II Congresso Nazionale di Sindonologia, Clueb, Bologna, 1983. Nesse congresso foi demonstrado que 2
miligramas de aloé são suficientes para eliminar a coloração esverdeada produzida por 1 miligrama de sangue
em solução de benzina e água oxigenada.
87
Pesquisas e estudos realizados pela comissão de especialistas nomeados pelo arcebispo de Turim, cardeal
Micbele Pellegrino, em 1969, estão em: Supp. Rivista Diocesana Torínese, Turim, jan., 1976.
natural das supostas manchas de sangue, foi atribuída exclusivamente à presença
do aloé.
catacumbas hebraicas de Vila Torlonia, em Roma. Esse tipo de procedimento não foi
material resinoso como a mirra. Em seguida, Fasola obtém outras confirmações das
um simples erro de transcrição onde se fala em cem libras de uma mistura de mirra
e aloé: uma quantidade excessiva para um cadáver, mas não para ser passada
como uma solução aquosa sobre as telas funerárias, ou nas paredes do interior do
sepulcro.
88
V. M. Fasola e G. Vigliano. “Relazione preliminare all’analisi chimica del materiale prelevato all’ interno dei
sepolcri delle catacombe ebraiche di Villa Torlonia a Roma”, in: La Sindone e Ia scienza, Ata do II Congresso
Internazionale di Sindonologia a cura di P. Coero Borga, Turim, Paolíne, 1978. Ver também intervenção às
discussões no fechamento do IV Congresso Nazionale di Studi sulla Sindone, in: La Sindone – Indagini
scientifiche, op. cit., p. 423.
Para essas experiências fez-se referência aos estudos do professor A. Tonelli, que,
com base nos traços deixados no Sudário pelo incêndio de 1532, determinou o
previamente em uma solução aquosa de aloé e mirra. O tecido foi então redobrado
espessura da tela sem alcançar o ângulo mais alto. Essa porção triangular foi
somente umedecida por capilares e mantiveram uma coloração mais escura. A tela
restante do tecido que, molhado, clareou-se porque cedeu boa parte da solução
partes, do mesmo modo foi deixada por oitenta horas umedecida em água rica em
calcário. Sobre a tela não se observou nenhum tipo de sinal que indicasse o limite
A terra
O evangelista narra que, transportado para o sepulcro, Jesus foi
imediatamente envolvido no lençol sem que tivessem tido tempo de lavar o corpo
89
Baima Bollonecita no volume L’impronta di Dio, Milão, Mondatori, 1985, o documento “Verso l’ostensione
della Sindone”, também in: Rivista dei Giovani, 15/08/1933.
dele90. Isso não fugiu aos olhos do nosso artista, que colocou sobre o joelho
simples coágulo visível a olho nu, mas pequenos traços que não fugiam ao
O pólen
Portanto, um dos elementos mais originais que embelezam a nossa obra-
prima não teria sido colhido até hoje se o acaso não o houvesse conduzido para
debaixo dos olhares atentos de um estranho senhor suíço, que pediu ao tribunal de
Turim que autenticasse as fotografias feitas do Sudário pelo dr. Judica Cordiglia
alguns anos atrás. O suíço era Max Frei, formado em 1937, dirigiu por vinte e cinco
denominado "palinologia". Frei diz que qualquer grão de pólen - o elemento que
(vinte dividido por duzentos milésimos de milímetro) tem uma proteção externa muito
resistente, o que lhe permite permanecer inalterado por milhares de anos. Sobre as
pirâmides foi encontrado grãos de pólen de mais de cinco mil anos de existência.
Uma vez que mais de 95% desses grãos provêem das cercanias dos lugares onde
90
J. Lagrange. Sinopse dos quatro evangelhos segundo a sinopse grega. Brescia, Morcelliana, 1970. Os sinóticos
falam de lençol, enquanto em João é utilizado o termo bandagem, tradução que foi objeto de detalhadas críticas.
Vê-se, por exemplo, o prefácio de Paolo Barbera e Piero Ottaviano no volume da nota 62. O argumento foi
retomado por L. Fossati na Coligação Pró-Sudário em março-abril de 1994.
91
F. PellicorieM. S. Evans. "O Sudário de Turim através do microscópio", in: Arqueologia, nº 34, jan/fev., 1981,
pp. 34-43.
92
P. L Baima Bollone. "Ricordo del prof. Max Frei-Sulzer (1913-1983)", in: Sindon. Turim, CIS, 1983, pp. 139-
140. Ver também Sindone o no, op. cit, cap. 14, onde o professor Bollone faz uma rápida síntese de toda a
façanha relativa à individualização dos grãos de pólen.
são encontrados, a presença deles é um achado, um sinal importante de que
fotografias e o Sudário, Frei foi golpeado por uma notável quantidade de pó que foi
para uma confrontação. Começam assim as viagens de Frei por todo o longo
Mediterrâneo onde a tradição reza que tenha transitado o Sudário: França, Chipre,
identificou cinqüenta e seis tipos de grãos existentes até os dias de hoje, entre eles
de terrenos rochosos do Oriente Médio; duas florescem aos pés dos muros de
93
M. Frei: "II passato delia Sindone alla luce della palinologia", in: Atas do II Congresso Internazionale di
Sindonologia. Turim, 7-8/10/1978, Raoline, 1979, pp. 191-200; "Identificazione e classificazione dei nuovi
pollini della Sindone", in: Atas do II Convegno Nazionale di Sindonologia, 27-29/11/1981. Bolonha, Clueb,
1983, pp. 277-284.
Jerusalém; dezesseis, de regiões orientais da atual Turquia, que tinha como capital
enquanto um deles é típico dos arredores da cidade. Foram até mesmo encontrados
fazem parte dos materiais fracionados existentes em cores antigas. Houve uma
pelo vento e atravessarem o Mediterrâneo, mas os ventos típicos não sopram por
toda a costa oriental do Mediterrâneo, nem nas diversas estações de floração, e por
isso não justificariam a presença dos grãos de pólen orientais. Como os sucessivos
larga difusão transportadas pelos ventos de regiões por onde, com base em indícios
94
Fossati, L "Principal: avvenimenti da quando Ia Sindone passo ai Savoia", in: Collegamento Pro Sindone,
set/out., 1993.
Em vez de realizar essa análise, verificou-se, sob luz polarizada95, que na
flores visíveis na tela. Particularmente, além de outras plantas de origem oriental, foi
Por outro lado, essas flores deveriam ser bem visíveis porque motivos
análogo na moeda emitida durante o reinado do imperador bizantino Miguel III (842-
867). Alguns levantaram a hipótese de que o Sudário pode ter sido usado como
toalha de altar nas cerimônias solenes de Páscoa, mas tal hipótese parece não ir ao
Eis então outro enigma: como teria feito o nosso artista para procurar os
grãos se o maior deles mede somente dois décimos de milímetro? Mas, agora que
começamos a conhecê-lo, não podemos nos surpreender com mais nada. Com que
segurança! Poderia ter caído facilmente em uma armadilha juntando, por exemplo,
95
A. D. Whanger e M. WHANGER. "Floral coin and other non-body images on tht Shroud of Turin" in:
Symposium Scientifique International sur le Linceul de Turin. Paris, Cielt, 7-8/09/1989. Os autores
reconheceram vinte e oito flores primaveris da Palestina; em vinte e cinco delas, Frei já havia encontrado os
grãos de pólen.
96
P. C. Maloney. "The current status of pollen research and prospect for the future", in: Relazione al
Symposium Scientifique International sur le Linceul de Turin. Op. cit.
97
A. Danam. "Indicazioni floreali per Porigine geográfica delia Sindone di Torino", in: Il Telo - Rivista di
Sindonologia, mai./dez., 2001, pp. 12-21 ; "Micro-traces of plants on the Shroud of Turin as geographical
markers, Int. Scient. Symposium, in: The Turin Shroud, past, present and future. Turim, Sindon-Effatà, Torino-
Cantalupo, 2-5/03/2000, pp. 495-500.
98
Zaninotto, G. "Sindone tovaglia dell'ultima cena. Ipotesi senza valore", in: idem, pp. 22-27.
qualquer grão de oliveira, planta muito conhecida além da Palestina e em todo o
Oriente Médio. Por fim os pesquisadores de hoje ficaram muito espantados que se
tenha encontrado grão em meio ao pó existente na tela. Porém nas mais recentes e
sobre os blocos de musgos retirados dos muros para secar, nas oliveiras ou nos pés
delas, ou no mel das colméias situadas nos campos das oliveiras, não se encontram
pólen provêm desses lugares! Falta somente Chipre99, mas o nosso humanista teria
99
É uma das inúmeras hipóteses, de remota probabilidade, sobre as circunstâncias do Sudário no período que vai
dos dois saques de Constantinopla à obra das milícias da IV Cruzada (1204 e 1204), e o reaparecimento em
Lirey, na França, qualquer ano antes de 1356, quando morre em batalha o primeiro possuidor certo do Sudário,
Godofredo de Charny.
Um doutor anticonformista
sua obra de arte, não existem traços de qualquer concessão à arte da sua época,
sem qualquer deslize, sem esquecer qualquer detalhe, não se prende àqueles
qualquer época100". Das cópias da tela que os pintores se esforçaram por reproduzir
nas décadas seguintes não se conhecem mais de quarenta, nem chegam perto do
100
A frase é do professor Yves Delate e foi extraída do volume de fr. B. Bonet Eymard: Le Saint Suaire preuve
de Ia mort et de Ia résurrection du Chríst, tomo I, Éditions de Ia Contre-Reforme Catholique, Saint-Rarres-Lès-
Vaudes,1986.
O flagelo
formados por pregas paralelas que sobem oblíquas até as lâminas dos ombros. Paul
composto por tiras de couro, com pesos de chumbo nas extremidades, ou ossos de
101
P. Vignon, do qual já se escreveu; Yves Delage, professor de anatomia comparada da Sorbonne de Paris,
membro da Academia de Ciências, e um agnóstico convicto, depois de um estudo profundo sobre o Sudário, em
21 abril de 1902 apresentou as suas conclusões em uma publicação intitulada Llmmagine di Cristo visibile sul
Santo Sudarío di Torino, pois l'Accademía, per spirito repubblicano, se recusou a publicar integralmente.
E, também, o médico Pierre Barbet, cirurgião militar durante a I Guerra Mundial e do Hospital São José de Paris,
de 1934 a 1948, é autor de uma das mais significativas obras já publicadas pelos estudiosos dessa primeira
geração: La passion du Christ selon le chirurgien, Apostolat des Éditions, 1965.
102
D.J. Lynne J. J. Lorre. "Digital enhancement of images of the Shroud of Turin", in: Proceedings of the United
States Conference of Research on the Shroud of Turin, Albuquerque, 1977; V. D. Miller, e S. F. Pellicori. Op. cit
Ver também referência na nota 16.
103
É o flagrum, que se encontra em algumas moedas romanas e foi, entre outros, encontrado nas escavações de
Herculano e nas catacumbas de Roma.
olmo, amarrado por uma corda de cor vermelha, que era o símbolo e ao mesmo
podia matar o réu, mesmo que o número de chibatadas fosse imposto por ordem do
dos limites da cidade pois só com elas atestavam o seu direito de vida ou morte. Nos
exércitos romanos, pelo contrário, a flagelação seguia até a morte com varas ou
qualquer outro tipo de instrumento iguais aos supracitados; para os soldados do rei
testemunho do evangelista Lucas quando afirma que a vontade inicial de Pilatos era
A coroa de espinhos
A coroa de espinhos é uma outra prova de audácia que se coloca em rota
produzidas pela perfuração não deixam dúvidas. Não era uma coroa pequena, mas
sangue perfazem mais de trinta perfurações. Isso também foi notado pela freira
Clarisse, enquanto, de joelhos, com agulhas de ouro, remendava e cobria a tela, que
operação de restauro ela observou a sua divina testa perfurada por grossos
104
Citação tirada de S. Rodante: "Sudario e anamnesi", in: Atas do III Congresso Nazionale di Studi sulla
Sindone, Trani, 13-14/10/1984, a pedido de P. Coero Borga e G. Intrigillo, Milão, Paoline, pp. 281-292.
O professor Rodante verificou a exatidão de diversos traços desse tipo de
sangue, seja arterial, seja venoso, com a anatomia topográfica da cabeça, hoje
aquecimento da corte romana. Baima notou que as diferenças entre outros ramos
espinhosos do zizyphus são bastante flexíveis, mas seus espinhos penetram como
buraco do prego depois que este foi retirado, um desses pregos quadrados de
cabeça chata, utilizado pelos antigos carpinteiros romanos, e que foi preservado
como um tributo à pia mãe do imperador Constantino, Helena, e ainda hoje pode ser
105
S. Rodante. "La coronazione di spine ali a luce delia Sindon", in: Sindon, n- 24, Turim, CIS, 1976.
106
P.L. Baima Bollone. Op. cit, p. 320.
visto na Basílica de Santa Cruz, em Roma, ou a 3 de maio de cada ano quando os
com os pregos que penetram nas palmas das mãos, enquanto o nosso artista faz
sair sangue dos pulsos108. Sobretudo os médicos que se interessaram pelo Sudário
pequeno balanço para que o prego rasgue inteiramente a palma da mão, fazendo-a
encontra. É o espaço assim referido por Destot: uma passagem anatômica pré-
Observa também que o prego passando por aquele furo natural, teria provavelmente
demonstrou-se em seguida que basta que o nervo seja excitado por um simples
quatro dedos na mão esquerda. E com isso voltamos ao antigo problema: a data de
nascimento do nosso artista, porque a verificação dos quatro dedos foi encontrada
107
Esse prego leva soldado na cabeça um anel o qual fez-se concatenar um segundo. Ambos deveriam ser
juntados posteriormente, de outra forma não se entenderia como o martelo poderia tê-lo golpeado.
108
Do ponto de vista anatômico entende-se por mão o conjunto formado pelos dedos, a palma e o pulso, e este
significado também era assim, provavelmente, no passado.
109
Na realidade, para sustentar um corpo de mais de 80 quilos, que era o peso estimado de Nosso Senhor Jesus
Cristo, mediante os braços que formam um ângulo de 60 graus em relação ao vértice, que é aproximadamente
aquele apresentado pelos braços de um crucificado, a força que se exerce ao longo de cada braço, para dar
equilíbrio ao peso, é agora de 80 quilos.
110
P. Barbet. Cinq plaies de Christ. Issoudun, Dillen, 1937, in: fr. B. Bonnet Eymard. Ver nota 100.
Quatro dedos mostra o Cristo ungido por Nicodemos do manuscrito Pray
foi retratada a cena do encontro da santa mulher com o anjo. Aos seus pés está um
1516. Todas essas imagens foram realizadas antes do incêndio de 1532, que
provocou outras e bem mais relevantes queimaduras. Quase dois séculos antes do
antigo de manufatura seria do século XII, é o já mencionado palio do papa João VII
(705-708)113. Esse pálio litúrgico fazia parte da decoração do Oratório de João VII
morto com as mãos cruzadas. A mão direita com quatro dedos cobre a esquerda.114
que sobem pelo antebraço, formando um ângulo de trinta graus entre eles, como se
111
I. Wilson e V. D. Miller. The mysterious Shroud. Nova York, Doubleday,1988, pp. 131-135.
112
A. Carella e G. di Mônaco. "Caratteristiche sindoniche nel crocefisso delleTremiti", in: La Sindone, nuovi
studi e ricerche. Atas do III Congresso Nazionale di Sindonologia di Trani, op. cit., p. 163.
113
J. Croquison. "Un précieux monument d'art byzantine du l'ancíen tresordu saint Pierre: l'umbella de jean VII",
in: Rivista di archeologia cristiana, n?43, 1967, pp. 49-110.
114
J. Croquison. "Un précieux monument d'art byzantine du l'ancíen tresordu saint Pierre: l'umbella de jean VII",
in: Rivista di archeologia cristiana, n?43, 1967, pp. 49-110.
posições. Aventaram hipóteses de que o condenado levanta o corpo para poder
respirar e depois volta à mesma posição. Com efeito, os experimentos realizados por
uma cruz com bandagens amarradas sobre os pulsos, demonstraram que não seria
tornava-se cada vez mais difícil, o gás carbônico acumulava-se nos pulmões e no
deles desmaiaram depois de alguns minutos. Somente quando lhes fosse permitido
permanecer um pouco nas pontas dos pés é que se notava um retorno às condições
normais.
sua disposição. É o que narra, por exemplo, Flávio Josefo na Guerra judaica:
falta de espaço para as cruzes e falta de cruzes para as vítimas. Para incrementar o
gotas de sangue dos pulsos indicavam uma modalidade de crucificação que estão
de acordo com as leis da física, e com o pouco que sabemos daquele antigo
115
A última execução capital mediante crucificação foi a de um escravo turco em ; Damasco em 1247 (P. L.
Baima Bollone, in: Sindon, NS-1989-Q, Nº 1, CIS, Turim, pp. 23-29). Entretanto, devemos considerar que no
Império Romano a crucificação foi abolida em 314 por : Constantino, e se pode duvidar que a modalidade de
execução no império turco do século XIV tenha sido igual às romanas de catorze séculos atrás.
uma trave também utilizada para pregar os escravos fugitivos. Depois que o
dos pés um supedâneo. Mas o Evangelho atesta que Jesus morreu na cruz depois
de apenas três horas, e o próprio Pilatos ficou espantado. João (19,33-34) narra que
por isso não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados, com um golpe de
sangue no pulso, na hipótese de que, no caso de Jesus, não tinha nem banquinho
nem supedâneo. No nosso caso, o condenado era estendido na terra com os braços
enquanto o corpo pendia para baixo, por aquele pouco tempo consentido pelos
pregos. Logo após os pés terem sido pregados, manifestava naquela posição sinal
... e ao pé direito
sido crucificado pelos membros inferiores com um ou dois pregos. Até o século XII
as imagens, salvo poucas exceções, mostram Nosso Senhor Jesus Cristo, pregado
membros superiores é aceita por quase todo o universo, sobre os inferiores ninguém
116
Rara um estudo mais apurado da crucificação romana ver as publicações do professor Cino Zaninotto.
Especialmente : sobre o número de pregos, ver G. Zaninotto: "La crocifissione a quattro chiodi e l'uomo della
Sindone", in: ia Sindone - Indagini scientífiche, Atas do IV Congresso Nazionale di Studi sulla Sindone a cura di
S. Rodante, Siracusa, 17-18/10/1987, Milão, Edizioni Paoline, 1988.
está de acordo. Um acontecimento fortuito, em Jerusalém, fora dos muros de
quinze urnas de pedra que foram conservadas encontraram restos de trinta e cinco
estão certos de que estas pessoas viveram nos anos que vão da morte de Herodes,
o Grande, à destruição do templo em 70 d.C. Uma das urnas tem uma importância
particular, pois contém os ossos de um homem que foi crucificado, o único exemplo
prego das mãos penetrava na área do carpo, o condenado havia sofrido a fratura
morte, e, enfim, que o prego no calcanhar não superava, com a ponta curvada, os
10 centímetros, pode-se supor terem usado dois pregos, um para cada pé, fincados
à direita e à esquerda da base. Mas não foi mencionado que se procedesse sempre
do mesmo modo.
uma vez, com aquela sutileza que já conhecemos, sugeriu uma solução sem,
calcanhar esquerdo como se a tela tivesse sido virada de cabeça para baixo. No
117
A localidade tem o nome de Giv'at ha-Mivtar (colina da divisão). O crucificado tem escrito o próprio nome,
em aramaico, em um lado da urna de pedra que contém os ossos. Lê-se JOÃO-JOÃO FILHO DE HCQWL, mas
o significado da ultima palavra é incerto. Para saber mais sobre Giv'at ha-Mivtar ver: V. Tzaferis. "Jewish tombs
at and near Giv’at ha-Mivtar - Jerusalém", in: Israel Esploration Journal, nº20,1978, pp. 18-32.
plantar direito, na área do metatarso, um furo quadrado - revelado também com a
mancha de sangue tão larga quanto a superfície superior do pé. Com grande
maestria e discrição, o nosso artista quis nos mostrar que, segundo o seu parecer, o
pé esquerdo estava sobreposto e a strito contacto com o direito118. Por outro lado, a
posição dos pés que não estão na mesma altura e que deu lugar à lenda de Cristo
manco pareceria estar a favor desta última hipótese. Naturalmente o nosso artista
sinais de ruptura, pois, segundo narra o evangelista João, como era visto que já
com uma lança. Uma ferida da qual saiu sangue e água. Também nesse caso nada
nítido, sem turgidez, e bordas abertas, como são as feridas de pessoas mortas. Da
pontos da tela, mas coágulos com um halo de soro ao redor (encontrado também
nesse caso pela fluorescência do ultravioleta)119, sinal de que o coração já não batia.
O sangue desce, pois, pelo abdômen e o encontramos sobre o dorso, com a forma
118
G. Ricci. L'uomo delia Sindone é Cesü. Diamo le prove. Vigodarzere (PD), Edizioni Carroccio, 1989, pp. 47-
49.
119
V. D. MillereS. F. Pellicori. Op. cit.
A lança do Sudário, aquela que a tradição atribui ao centurião Longino, o
militar que reconhece a divindade de Jesus no momento da sua morte, parecia uma
procurador, que não formou em seu território, pelo menos até o final dos anos 70
d.C, nenhuma legião. Os procuradores tinham sob seu comando tropas auxiliares,
levadas por eles para o ponto mais alto do seu território, entre as populações não-
judaicas da Palestina120."
época da guerra judaica. A lança era a arma por excelência do exército romano, de
tal forma que os romanos davam a ela o nome de Quiriti. Em geral a lâmina era em
forma de folha de salgueiro e, portanto, feria tanto com a ponta como com o fio.
Quase seguramente o nosso artista não pôde revelar a relíquia original, conservada
Romano do Oriente (1204), mas é certo que foi adquirida de modo ainda ignorado e
120
In: Coppini, L. Le lesioni di punta ed il colpo di lancia visibili sulla Sindone. Rilievi di anatomia topográfica
e radiologica; S. Rodante. La Sindone-lndagini scientifiche, Cinisello B., Edízioni Paoline, 1988.
A moeda sobre o olho direito
campo arqueológico nem da numismática antiga, porque ele mesmo nos disse,
naturalmente não de maneira explicita, mas de acordo com seu estilo, de modo
Nesse caso a solução do enigma sabiamente proposto está fácil. Ele nos deixa uma
Aeronáutica dos Estados Unidos, John Jackson e Eric Jumper, quando executaram
a elaboração eletrônica das impressões das fotografias do Sudário, tiradas por Enrie,
em 1931, que lhes permitia obter uma imagem tridimensional. Eric Jumper assinala,
entre outros, que em uma ampliação em relevo sobre os olhos do vulto do Sudário
em slides coloridos, em 1969, pelo dr. Judica Cordiglia, distinguia sobre as pálpebras
elíptica. Essa não foi a única e interessante descoberta do dr. Pietro Ugolotti mesmo
121
E.J. Jumper ei ai. "Computer related investigation on the Holy Shroud", in: K. E. Stevenson. (ed.).
Proceedings ofthe 1977 U. S. Conference of Research on the Shroud of Turin. Nova York, 1977; J. P. Jackson et
al. "The three dimensional image of Jesus burial cloth", in: idem, pp. 74-94; J. P. Jackson et al. "Images of coins
on a burial cloth?", in: The Numismatist, jul., 1978, pp. 1.350-1.357.
porque, por ironia, era proveniente de um farmacêutico de Stradella, e não teria uma
isto é, de "Tibério César". O símbolo que aparece é um lituo, uma espécie de bastão,
que deveria ser consagrado. Em Roma, na cúria dos Salii palatini, conservava-se um
lituo do qual, segundo a lenda, Rômulo serviu-se para repartir, de acordo com o
lituo foi uma espécie de batuta mágica, uma das insígnias do poder dos magistrados
Pilatos123. O padre Filas atribuiu então o decalque das letras que aparecem no
Sudário à moeda de Pilatos porque tinha o mesmo cunho, com idêntica inscrição, e
122
Enciclopédia Italiana, XXI, Instituto da Enciclopédia Italiana. Milão, Rizzoli, 1934
123
Mesmo que alguns neguem que isso existiu, falamos de Pilatos, depois do evangélico Flavio Giuseppe em
Antichità giudaiche e Fílon de Alexandria em Legazione a Caio. Também Tácito o menciona em seu Annali.
Quinto dos procuradores romanos, governou a Judéia de 26 a 36 d.C. A data de emissão das moedas é precedida
por um L que significa do ano (genitivo de termos lukabas), e é impressa com letras maiúsculas do alfabeto
grego: as primeiras nove letras para as unidades, as seguintes para os decimais. Temos, portanto, para as moedas
de 29-30 d.C, indicações com LlZ (o símbolo 5 é um antigo sinal minúsculo introduzido entre as primeiras letras
do alfabeto com valor 6); de 30-31 d.C, indicadas com LIZ; e por fim, as de 31-32 d.C, às quais correspondem
as letras LIH.
d.C.)124. Vocês imaginariam aplausos entusiásticos à frente de tamanha descoberta.
Pelo contrário, quando o pobre padre tornou pública a notícia, mesmo não sendo de
distinguir não são senão bastõezinhos prateados retilíneos e curvos, nas nuances
afirmava o padre Filas. Antes de tudo, KAI-CAPOC se inicia com K e não com C. Um
erro primário por não ser expert em língua grega? Somente dois anos depois,
quando o padre Filas encontrou uma moeda da coleção que mostrava um C em vez
do K, essa objeção foi arquivada. Mas era costume hebraico colocar moeda nos
olhos dos defuntos? Também aqui sucedem-se infindáveis querelas. Nesse caso
foram revelados dois pequenos fatos, do período próximo ao período em que viveu
Jesus: o primeiro revela moedas na parte posterior interna de dois dos crânios
Caifás. Esses achados confirmam o costume de colocar moedas nos olhos dos
boca como óbolo, moeda grega de pequeno valor, do qual fala Luciano de
124
A moeda mostra no verso a data LIA, ano XI deTibério, em 24 d.C. Fazem referências a moedas dilepton litus
datadas LIA D. Sestini (1796), Cavedoni (1856), F. Madden(1864).
125
"Cometi demolisco la tesi della monetina impressa sull’ occhio del Cristo", in: Bari Será, caderno Cultura,
12-13/07/1996.
126
Em um crânio, uma moeda de Hircano II (63-40 a.C.) e uma de Herodes Arquelau (4 a.C-6 d.C), enquanto no
outro duas moedas de Herodes Agripa I (37-44 d.C).
Samósata, que impedia que Caronte repetisse a passagem de Stige. Há evidências
pelo avesso, então a de Filas deveria ter o báculo girado de acordo com o eixo de
cento e oitenta graus, a moeda deveria apresentar um báculo muito parecido com
legível Is, o XVI de Tibério (29-30 d.C.)129. Mas também a escrita deveria estar de
cabeça para baixo, um dado que ninguém havia notado: se o báculo resultava
fato, os lítius riverse tinham invertida também a legenda. A objeção aparece com
Esse estudo permitiu também revelar que algumas letras de teor erudito
127
M. Moroni. "Ulteriore prova della presenza sull’occhio destro dell’Uorno della Sindonedi una rara moneta
emessa da Ponzio Pilato", in: La Sindone - Indagini scientifiche, nota 127, pp. 329-343.
128
A. H. BrameJr. II. "The dating of the Shroud of Turin: two rare, previously unrecognized, Lituus dilepta
issued A.D. 24-25 by Valerius Gratus and A.D. 29-30 by Pontius Pílatus", in: The Augustan, XXII, nº 2, out,
1984, pp. 66-78.
129
Uma confirmação adicional foi dada por um arqueólogo israelita de Tel Aviv, Y. Meshroer, que no volume
Ancient Jewish Coinage, v. II, tav. 32, n. 23g - Herod the Great through bar Cochba, Nova York, Amphora
Books, 1982, repontava um dilepton lituus do tipo retrograde (invertido) também datado LIZ, ano XVII de
Tibério, 30-31 d.C.
resultam claramente colocadas sobre a parte recurvada do lituo "riverse"
interrupções nas áreas de sobreposição130. Não se pode deduzir que a moeda foi
CAI. Emergiram também dois leves traços paralelos colocados ao lado da haste
cunhagem.
Há quem afirme que pequenas moedas (1,8 gramas mais ou menos) não
impedir o soerguimento das pálpebras131; com o tempo deslizam dos olhos de uma
pessoa com a cabeça apoiada no próprio peito porque são pequenas e leves.
produção em série das moedas menores do tempo de Pilatos, moedas que, como
para a impressão das moedas, que se comunica por uma canaleta de alimentação
formão, faz soltar o modelo da primeira moeda, a segunda, a terceira, e assim até a
Pilatos que estava em seu poder outra data, e também os sinais deixados pelo
formão na fabricação das moedas, dois segmentos muito profundos que podem
traços sob a haste vertical do lituo. A descoberta não-científica do padre Filas recebe
YCAI C).
supercílio esquerdo. Quem deu a notícia foi o professor Baima Bollone, notável
nesse caso, do decalque de uma moeda de Pôncio Pilatos que tem no centro o
133
M. Moroni. "Quella moneta di Pilato sull’occhio destro", in: La Sindone questo mistero. Storia – Scienza -
Archeologia. A cargo da Delegação Lombarda do Centro Internacional do Sudário de Turim, Bovisio Masciago,
1991.
134
G.Tamburelli. "Some result in the processing of the Holy Shroud of Turin", in: IEEE Transaction on Pattren
Analysis and Machine Intelligence. Vol. Pami3, n?6, nov., 1981.
135
R.M. Haralik. "Analysis of digital on the Shroud of Turin", in: Spatial Data Analysis Laboratory. Blacksburg
(Virgínia), Virgínia Polytecnic Institute, 1983.
136
A notícia foi dada na Rádio e Televisão Italiana, RAIII, programa Mixer, de 8/7/1996. Ela também apareceu
nos jornais diários de circulação nacional: La Stampa, II Giorno e Avvenire, todos de 7/07/1996.
simpulum, uma pequena concha com cabo137. Ao redor da borda lê-se TIBEPIOY
KAICAPOC e a data Lis (29 d.C). O cunho tem 16 milímetros de diâmetro e peso
de uma das tais moedas sujas com sangue ressecado deram resultado positivo: o
símbolo reproduzido é igual àquele que está sobre o Sudário, bem visível, sem a
presença de lentes de aumento, desse modo sem o risco de ver aquilo que não
existe.
137
Em um dos lados da moeda estão representadas três espigas de cevada em baixo-relevo como nome de Júlia
Augusta, mãe de Tibério: IOYAIA KAICAPOC.
Uma segunda consideração
a sua cultura enciclopédica. Os pontos fracos que deixa são, assim, ricos de
informações que muitas vezes se perdem na ciência do século XX. Não somente os
paladinos do Sudário, que muitas vezes não sabem como poderiam ter conseguido
detalhes estupendos, mas também aqueles que estão convictos de que seja obra de
indagações.
parecer quase uma blasfêmia aos seus contemporâneos! Mais uma vez nenhum
estilo, nenhuma expressão pessoal, nenhum vôo da fantasia, mas uma imagem que
ignorância que o circundava, transmitiu aos seus sucessores uma obra que os
geral, destruiu cada traço de suas obras-primas (o Sudário por certo não foi a única)
e por fim os instrumentos e os aparelhos que serviram para criá-las138. Um fato
infeliz. Em uma época próxima Leonardo estava na boca de todos, enquanto ele,
escuridão.
138
Uma análise epistemológica dos dados científicos no que diz respeito ao Sudário, talvez não valorizada de
modo justo, foi conduzida pelo dr. A. Upinsky. Aqui fala-se de uma crise epistemológica no sentido de que todas
as informações científicas convergem, malgrado objeção e incerteza em torno do pano. Se fosse um artefato do
século XIV a ciência atestaria dois fatos contraditórios entre eles (A. A. Upinsky: La science à l'épreuve du
Linceul, conferência no Symposium Scientifique International de Paris sur le Linceul de Turin, OEIL, Paris, 7
8/09/1989).
Uma pequena fonte de luz
deteriora-se com o tempo, idealizou um método139 para medir a idade dos achados
desde quando uma substância orgânica vivente deixou de viver, isto é, deixou de
elementos que têm o mesmo número atômico e massa diferente. Dois estáveis no
139
Witlard Frank Libby, professor de química pelo Instituto de Estudos Nucleares de Chicago, recebeu, em
1962, o prêmio Nobel pela pesquisado método da radiodatação com radioisótopos, em particular o C14.
assimilado pelos animais e pelos vegetais, grande parte se conserva inalterada no
destruição da amostra.
140
Pertence aos medidores ditos proporcionais porque os números de átomos radiativos vêm estimados em base
ao número de desintegrações radioativas realizadas em um certo intervalo de tempo.
para o procedimento da análise de data da tela141: foram os laboratórios da
Arqueologia e História da Arte de Oxford; todos coordenados pelo dr. Tite, do British
Museum.
ainda mais: a maior parte deles já estava convicta de que se tratava de uma
falsidade medieval. Pois no ambiente dos analistas do AMS foi difundida a idéia de
estudo do Sudário. Trata-se dos resultados das pesquisas dos estudos computados
141
Rara uma explanação detalhada dos acontecimentos ligados à datação do Sudário com os espectrômetros de
massa por aceleração, consultar: F. Barbesino e M. Moroni. L'ordalia del carbonio ; 14. Pessano (Milão),
Mimep-Docete, 1996.
Pellegrino e publicado em 1976. O artigo apresenta o Sudário sob termos errôneos
etc. etc.”142
Museum, representado pelo dr. Tite, e a Santa Sé, pelo Guardião do Sudário, na
tecido, cerca de 150 para as análises e uma reserva para cada eventualidade. Foi
eram considerados seguros. Porém o dr. Tite comunicou com antecedência as datas
esperavam, mesmo que na dispersão dos valores obtidos pelos três laboratórios
142
P. L. Baima Bollone. Sindone o no, op. cit. Em uma entrevista ao The Tablet, de 14/01/1989, o professor
Edward Hall, : analista de Oxford, afirmava: "Pessoalmente, penso que não há o menor senso de um original do
século I ficar parado. Por exemplo, a coisa notável a propósito do Sudário de Turim é que o primeiro e único
documento preciso e histórico são as duas menções do século XIV, quando os bispos da época lamentaram a
idéia de ser falso. É a única porção da história que temos".
deveriam ser reconsiderados, porque não eram homogêneos entre si143. Essa
que o Sudário de Turim era uma falsidade medieval. O dinheiro foi utilizado para
de 1989, "a nova cátedra será ocupada pelo dr. Michael Tite, diretor do Laboratório
nosso artista. Todavia, ocorre observar que, empurrados pelos próprios entusiasmos
143
Existem procedimentos estatísticos para verificar que os descartes de valores obtidos pelos laboratórios
individualmente sejam puramente casuais e não devido a erros de procedimento ou a um mostruário não
significativo. O procedimento adotado fornecia um valor estatístico do assim chamado nível significativo
(significance level) que impunha a reconsideração dos valores obtidos. O limite mínimo de valor aceitável é de
5% e este, portanto é o valor que aparece no artigo de apresentação dos resultados. Todavia o valor correto que
se obtém de cálculo é de 4,1%. Ver nota 144.
144
R. P. Jounvenroux. "Intervalles de confiance et datation radiocarbone du Linceul deTurin", in: Actes du
Symposium Scientifique International. Roma, 10-12/06/1993 publicado por F. Xavier de Guibert, Paris, 1993,
pp. 185-205. Uma boa síntese em M. Gastuche e C. Van Oosterwyck. Le radiocarbone face au Linceul de Turin,
Paris, F. Xavier de Guibert, 1999, pp. 319-338.
desmistificação de Sox foi extenuante. Já em 1980, seu amigo e também
do Sudário de Turim) crê ter achado a prova de que o Sudário é uma pintura de
descoberta sob a forma de comunicação privada para a British Society for the Turin
com uma relíquia que a ciência demonstrou ser falsa. Infelizmente as provas de
estabelecer por meio de uma análise que se concentrava somente na tela. Mas,
depois de dois anos da datação com C14 o British Museum inaugura uma grande
mostra que ficou aberta ininterruptamente por seis meses com o título “L’arte Del
Sudário.
mérito de uma data de partida certa. O próprio dr. Tite afirmou: "Eu creio que o
carbono seja a única certeza"145. Na verdade, ninguém ousou discutir o método de
datação com C14; todavia, aqueles que ainda crêem que o Sudário seja uma
objetividade.
um dos dois ângulos pelos quais o Sudário vinha sendo explicado durante a
carbonizados pelas gotas de metal fundido durante o incêndio de 1532, provém uma
das bordas manchadas pela água usada para apagar o incêndio, onde se
145
Entrevista para o quinzenal católico L'homme nouveau, de 15/10/1989.
146
O. Petrosillo e E. Marinelli. La Sindone: um enigma alla prova della scienza, op. cit., p. 75.
147
L. Baima Bollone. Sindone o no, op. cit., p.282.
148
Escreve o dr.Willy Wölfli, diretor do laboratório de Zurique: "A fuligem de um incêndio, assim como os grãos
de pólens, poderiam contaminar uma amostra. Por isso todas as amostras foram examinadas
microscopicamente a fim de encontrar e remover qualquer material estranho". Em nosso caso nenhum material
deste tipo foi descoberto (Collegamento Pro Sindone, maio-junho, 1989, pp. 30-31).
particularmente prevenidos, como a prova de que as amostras teriam sido
substituídas antes de terem sido entregues aos laboratórios; e por outros, mais
por exemplo, encontrou no pedacinho do Sudário que lhe foi entregue um fio de
seda vermelho e fiozinhos azuis, evidentemente não vistos por aquele que o
retirou149.
não poderiam ter fornecido como data histórica o ano no qual morreu Nosso Senhor.
assim não atentaram que a análise radiocarbônica determinou como data histórica
não o primeiro século, mas uma data mais próxima dos nossos dias.
guardados nos armários como patrimônio de família, todos sabiam que com o tempo
simples: o linho é formado por cerca de 70% de celulose pura e composto por longa
cadeia linear de moléculas totalmente iguais, que com o tempo agregam grupos
químicos chamados cromóforos, que causam o amarelado. Esse fato, que, como
dissemos, era já notado pelas nossas avós, não é privado de conseqüências porque
149
Ocorre assinalar que as afirmações reportadas foram registradas por B. Bonnet-Eymard com a autorização dos
interlocutores. Os pesquisadores de Tucson fizeram uma macrografia do fio de seda vermelho (o Sudário foi
fixado por setas ao seu suporte em uma tela da Holanda ou "holandesa", e protegido na parte superior por um
pano avermelhado) e um deles, Toolin, afirmou a Bonnet-Eymard tê-lo conservado; todavia, durante a
demonstração, foi impossível encontrá-lo. [A Contra-Reforma católica do século XX, nº271,fev./mar.,1991, pp.
36-37 e figura 31.)
põem em dúvida o caso dos tecidos de origem vegetal, a postulação de base de
interferência exterior (em física se diz que é um sistema fechado). Esse grupo de
cromóforos que entram para fazer parte da molécula que compõe a cadeia (e que
aos outros (zonas cristalinas). No local onde essas ligaduras diminuem os fachos
foi demonstrado que o tratamento térmico (não aqueles de normal limpeza ácida e
agentes externos151. Demonstrou-se então que nos tecidos antigos a amplitude das
qualquer tecido, isto é, das vicissitudes que estes sofreram no percurso dos séculos.
150
Os remendos são aqueles pedaços de tecido aplicados no Sudário na área carbonizada e hoje removida depois
da restauração para conservação feita em 2002.
151
M. Bettinelli et all. "Impiegodi tecniche chimico-fisicheper Io studio Dell’invecchiamento delle fibredi lino",
in: Worlwide Congress Sindone 2000, Orvieto, 27-29/08/2000.
Dessa forma não podemos nos esquecer da existência de substâncias
reagentes.
simulação do tal incêndio152. Vale relembrar que o único parâmetro notado com
relativa precisão é a temperatura máxima alcançada pelo pano, que vem também
152
D. A. Kouznetsov et al. "Effect of fires and biofractionation of carbon isotopes on results of radiocarbon
dating of old textiles: the Shroud of Turin", in: I. of Archaeological Science, 23,1996, pp. 109-121; "Detection of
alkylated cellulose archaeological line texile samples by capillary electrophoresis Mass spectrometry", in:
Analytical Chemistry, nº 23, v. 66,1/12/1994, pp. 4.359-4.365.
153
M. Moroni. The age ofthe Shroud of Turin, in: "The Turin Shroud, past, present and future" - Simpósio
Internacional de Ciência, Trine, 2-5/03/2000; Sindon Effatà, Turim, Cantalupo, 2000, pp. 515-522; M. Moroni et
al. "Possible rejuvenation modalities of the radiocarbon age of the Shroud of Turin", in: Shroud Turin
Conference, Richmond, Virgínia, 18-19/06/1999; "Verifica di una ipotesidi ringiovanimento radiocarbônico",
in: III Congresso Internacional di Studi sulla Sindone, Turim, 5-7/06/1998.
154
J.-B. Rinaudo. "Protoni e neutroni le chiavi dell'enigma, Il Telo", in: Ciornale Italiano di Sindonologia,
mai./ago., 1999, pp. 12-17; J.-B. Rinaudo. "Nouveau mécanisme de formation de l'image sur le Linceul de Turin
ayantpur entrainerunafausse radiodatation médiévale", in: Actes du Symposium Scientifique International,
Cielt, Roma, 1993, F. X. de Guibert, pp. 293-300.
realizações das análises realizadas nas amostras de linho antigo, alguns submetidos
irradiadas e, mais adiante, a 760 a 1.030 anos para aqueles submetidos também à
C14 é a difusão a quente dos isótopos de carbono, uma modalidade que foi excluída
pelos analistas da AMS, que, entretanto, deveria produzir alguma dúvida sobre o
155
Ver nota 146.
156
P. Jackson e K. Propp. "On the evidence that the radiocarbon date of the Turin Shroud was significantly
affected by the 1532 fire", in: Actes du III Symposium scientifique International du Cielt, Nice, Editions du
Cielt, Paris, 1988, pp. 61-82; B.J. Walsh. "The 1988 Shroud of Turin radiocarbon tests reconsidered", in: Shroud
of Turin International Research Conference, Richmond, 18-20/06/1999.
157
M. C. Van Oosterwyck Gastuche. "Dates radiocarbone sur tissus d'âge archéologique bien connu", in: Actes
du Symposium Scientifique International, Roma, 10-12/06/1993, publicado por François-Xavier de Guibert,
Paris, 1993, pp. 219-228.
Mas os mecanismos que podem alterar os resultados das análises de
uma planta e a análise do radiocarbono é possível porque até a morte da planta ela
Todavia, a planta é formada por raiz, caule (que por sua vez é composto por
valor de teor do C14 presente ano a ano nos anéis anuais das plantas. Mas não se
demonstrou até agora que cerca de 230 espécies de Unho, plantas herbáceas que
podem ser anuais, bienais ou perenes e crescem em todos os tipos de clima, solos,
alturas ou hábitat dos mais diversos, contenham a cada ano em suas fibras o
mesmo teor de C14 dos troncos dos Primus aristata, coníferas que crescem a mais
158
A. Ivanov. "Carbon dating of theTurin Shroud: reasons for scepticism, altemative approaches, prospects and
further research", in: The Turin Shroud, past, present and future, op. cit, pp. 479-494.
159
O coeficiente de divisão é δC13=[(C13/C12)]planta/ (C13/C12)ATMOSFERA-1|x1000, expressão solidamente
normalizada em 25%. Se a relação (Cl3/C12) planta permanece invariável, não é possível encontrar a variação
no teor dos isótopos. Tais variações podem atingir de 5 a 6%, introduzindo erros absolutos de quatrocentos a
quinhentos anos.
de 3.000 metros de altura nas White Mountains da Califórnia. A análise destas
plantas que forneceram, mediante uma procura extremamente árdua, a base das
curvas de Klein (e outros) com aquelas de Stuiver e Pearson, que, para os dados do
aristata acrescentam a essas plantas de talo alto crescidas na Irlanda, são notadas
diferenças imperceptíveis160.
na atmosfera que os anéis das plantas não conseguem indicar corretamente. Por
coincidirem com o período de crescimento das plantas, mas virá registrada de modo
existentes162.
160
M-C.Van Oostrerwyck Gastuche: Le radiocarbone face au Linceul de Turin, op. cit.
161
J. M. Cardamone. "Flax cellulose: characterization and aging", in: Symposium Scientifique International sur
Ie Linceul de Turin, op. cit.
162
P. L. Baima Bollone; P. Borga e E. Morano. "Prime osservazioni sulla fine struttura della Sindone al
microscópio eletrônico a scansione", in: Sindon, XIX, nº 26, Cistorino, out., 1977, pp.15-22.
Era essa a avaliação da exceção que foi recentemente levantada nos
estes às vezes estavam cobertos por depósitos naturais produzidos pela interação
mesmo depois de centenas de anos após essa simbiose, para criar uma camada
contínua em cima de uma superfície. Não somente, mas essa simbiose encontra um
habitat propício em ambiente salino, como aquele criado pelo carbonato de sódio
utilizado para clarear tecidos antigos. Por que não seria possível que também sobre
Sudário163 mostrava a presença de bactérias, uma das quais viva; portanto, valia a
inicial164. Existe então uma possibilidade concreta de que o C14 medido provenha,
em parte muito notável, da bainha bioplástica formada em torno das fibras, onde, na
troca com o ambiente externo, poderia estar até hoje em ação. Também os
163
É provável que se trate dos resfriamentos dos trabalhos de C. Riggi di Numana durante a retirada das
amostras para a radiodatação em abril de 1988. Todavia, a coisa não é certa porque de toda operação coordenada
pelo professor Tite, compreendido o destino do material-resíduo, não existe nenhum verbal oficial. O cardeal
Ciovanni Saldarini, atual guardião do Sudário, deixou em 15 de setembro de 1995 uma declaração na qual afirma
que não é verdadeira a existência de material residual em mãos de terceiros e caso existisse seria restituído à
Santa Sé, que é a sua legitima proprietária.
164
Trata-se de fungos da família Trichenothelia que agem internamente com a bactéria Cyanobacteria, formando
camadas que vão de 1 a 500 milésimos de milímetro. A barra que cobre os fios do Sudário foram confrontadas
com a dos antigos artefatos. Ver L. Garza-Valdes em Bio plastic coatíng on the Shroud of Turin, a preliminar
report, Simpósio sobre o Sudário de Turim, San Antonio - Texas, 11 de setembro 1993. De outra parte... a
limpeza com o método standard não garante a remoção dos fungos. Ocorre um método mais seletivo
(Radiocarbono v. 28, nº1, 1986, pp. 170-174).
de Turim, ofereceu sua colaboração ao dr. Garza Valdes para colocar em prática um
logo o ano, mediante a radiodatação executada sobre uma bandagem que envolvia
tomou parte o dr. Gove revelou que entre a bandagem e o íbis que envolviam essa
compreendido entre 370 e 730 anos. Na relação final diz-se que as medidas incluem
produz uma idade radiocarbônica de centenas de anos mais jovem que a sua
verdadeira idade166.
morte de Jesus pode antes demonstrar que o Sudário é uma falsidade medieval,
mas também o contrário, que o tecido orgânico interagiu, com o passar do tempo,
que o linho não é uma celulose pura. Freqüentemente o detrator do Sudário extrai a
celulose pura e depois descobre que, primeiro, é necessário uma simulação térmica,
165
Entrevista concedida à jornalista Ida Molinari, de Turim, em 27/01/1995.
166
H. E. Gove et al. "A problematic source of organic contamination of linen", in: Nuclear Instruments and
Methods in Physics Research, B 123, 1997, pp. 504-507.
como a famosa experiência da mosca, que, depois da retirada de sua garra,
Temos de analisar também que aquela que vem trabalhada não é a fibra
cresce com ela e não pode ser removida: pectina, lignina, substância incrustada etc.
formando uma estrutura similar à de uma corda, reagrupada para formar o fio do
linho.
outros. Se bem que a simples ligação de hidrogênio seja fraca diante do grande
contrário, o feixe for menos regular e compatível com essa outra área, os mais
com o infravermelho temos que a área amorfa é a mais rica do grupo carbossilícico e
167
R. T. Morrisone R. N. Boyd. Chimica orgânica. Milão, Ambrosiana, 1965, pp. 859-860; C Copedé. La carta e
II suo degrado. Florença, Nardini, 1991;J.C. Roberts. The chemistry ofpaper, The Royal Society of Chemistry.
168
M. Bettinelli et al. "Impiegodi tecnich chimico-fisiche per Io studio dell’ invecchiamento delle fibredi lino",
in: Worlwide Congress Sindone 2000, Orvieto, 27-29/08/2000; M. Moroni et at. "Analisi radiocarbonicae
datazione della Sindone di Torino", in: I Congresso Internacional e II Congresso Brasileiro sobre o Santo
Sudário, Rio de janeiro, 27-29/06/2002.
carbônico, e não aquela cristalina, cujo teor não está diretamente relacionado com a
admiração pelo nosso artista, e a certeza moral da existência dele sugerem ainda
uma vez mais o problema por onde iniciamos, o único sobre o qual parecia termos
contêm carbono fresco podem agregar-se à celulose do Unho, mas, na melhor das
consolar que, sozinho, o mecanismo proposto pelo russo não nos reporta à época
de Jesus, mas, quanto ao Seu nascimento, podemos escolher entre a data dos
carolíngios e aquela dos Valois (será que teria sido súdito do rei da França?). Sem
data! Na verdade, escreveu qualquer coisa sobre o Sudário, mas esse é o enésimo
enigma! Ainda uma vez o sempre atento dr. Ugolotti descobriu alguns escritos sobre
o supercílio esquerdo e outros ao redor do vulto e dos joelhos. Mas não havia
confiança, um ilustre filósofo e paleógrafo, dom Aldo Marastone. Sem entrar (não
que coisa fez o nosso artista? Utilizou na escrita antigos caracteres gregos, latinos,
169
. G.Salet: artigo publicado em La Lettre Mensuelle du CIELT, fev, n°- 50, 1994;mai., nº53, supplemento,
1994.
quais os famosos rótulos de Qumran170. Ainda mais para imprimir de modo indelével
tais características sobre o pano, utilizou uma técnica, a qual não somos ainda
capazes de indicar com certeza. Inútil dizer que também o professor Marastone,
170
A escrita hebraica clássica, o hebraico quadrado, forma-se no final do século I d.C. Para uma exposição
orgânica do argumento, recomendamos o capítulo 6 de Sindone o no, onde o argumento; é tratado com riqueza
de informações.
171
Na seqüência os pesquisadores do Instituto Óptico de Orsay aplicaram na imagem do vulto do Sudário as
técnicas de codificação digital, confirmando e ampliando as precedentes observações. Ver A. Marion e AL.
Courage, La Sacra Sindone - Nuove Scoperte, Neri Pozza, Vicenza, 1988.
Considerações finais, mas não conclusivas
poderiam sem dúvida ter descoberto, um depois do outro, como num jogo de
suposições, das mais racionais às seguramente geniais, que ainda não se aplacou.
de uma morte rápida, a ferida nas costas das quais saíram sangue e água, o
O Sudário é autêntico
autêntico
Na realidade, de agora em diante está acertado que as manchas
da tela, são, sem sombra de dúvida, traços de sangue humano. Estas manchas de
experimentais de que o lençol que envolve uma forma volumétrica em contato com a
ferida, não está somente sobre a parte frontal e dorsal do corpo, mas também sobre
tela for estendida sobre um plano, em posição externa à imagem corpórea, ela se
pela primeira vez encontrar uma explicação satisfatória. Às tais feridas laterais
corresponde o sangue que está na área do cabelo, ao lado dos olhos, sobre o
quadril, na altura dos rins, ou nos braços e cotovelos, assim como o decalque ao
lado da planta do pé, ou o do calcanhar esquerdo, ou ainda ao longo do tornozelo do
pé direito172-173.
manchas laterais. Por este preciso motivo podemos dizer que Leonardo da Vinci não
realizou o Sudário!
172
M. Moroni, F. Barbesino, "Conferiria sperimentale dei due diversi meccanismi di formazione delle macchie
ematiche e dell’immagine presenti sulla Sindone di Torino", in: Sindon, nº19, Nova Série, Centro
Internazionaledi Sindonologia, Turim, dezembro de 2003 (no prelo).
173
N. Balossino et al. "Nuovi sludi e considerazioni sull’ipotesi di formazione dell’immagine sindonica per
irraggiamento", in: idem.
Semivulto de Cristo esculpido em um sarcófago conservado na Igreja de Santo
do Santo Sudário.
Semi-vulto de Cristo em uma tela nas catacumbas romanas de Comodilla, século IV,
ao Santo Sudário.
Semi-vulto de um ícone de Cristo conservado no Monastério de Santa Catarina de
em Nagasaki.
Ercoline.
O tecido do Sudário de Turin
A Santa Capela de Chambery onde ocorreu o incêndio de 1532; no detalhe a