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"Proposta Indecente"

A história que veremos a seguir exibe uma curiosa semelhança temática com o famoso filme
"Proposta Indecente", que descreve o conflito de um casal em dificuldades financeiras que recebe
uma proposta tentadora de um milionário, que oferece um milhão de dólares para passar uma noite
com a esposa. Podemos estabelecer um paralelo entre a ação daquele milionário e a do poderoso
faraó egípicio da época do Êxodo, pois ambos estão se favorecendo de sua posição de poder para
explorar e tirar proveito dos que estão numa condição de fragilidade, e ambos também querem, com
astúcia, negociar.

Estudaremos algumas das artimanhas de Satanás, o deus deste século (2 Co 4.4), para seduzir e
cativar as pessoas, com o intuito de conhecer melhor o seu modus operandi. Pois não devemos nem
ignorar as suas estratégias e nem os seus intentos (2Co 2.11). Lemos que Moisés foi à presença de
Faraó com a incumbência divina de libertar o povo hebreu da escravidão do Egito (Ex 5.1). Faraó
não se mostra nem um pouco disposto a abrir mão dos seus escravos (Ex 7.14). Vem, então, uma
sucessão de pragas sobre o Egito. Após a quarta praga, em apuros, Faraó manda chamar Moisés,
mas não se engane, pois ele não está disposto a obedecer a ordem de Deus, o que ele quer é
negociar. Agindo assim, com tamanha astúcia, ele parece um tipo de Satanás. Cuidado! Não negocie
com o Diabo! Veja a proposta que ele faz:
"ADORA A DEUS NESTA TERRA" (Ex 8.25)

Repare que faraó está tentando pechinchar, pois, quando não consegue conquistar tudo, vai tentar
agarrar o que for possível. Ele está buscando diminuir os requerimentos de Deus. Faraó não quer
perder o domínio sobre os seus escravos. Ele está como que dizendo: “continuem me servindo,
continuem presos ao Egito, e tudo bem se vocês quiserem adorar a Deus também. É uma proposta
para servir a dois Senhores, algo que Jesus condenou abertamente (Mt 6.24). É uma proposta
indecente!

"NÃO VADES MUITO LONGE" (Ex 8.28)

Como quem diz: “fiquem nas imediações, fiquem por aí, dando bobeira, não precisam se afastar,
não há perigo algum, vocês são fortes, não precisam fugir..." Faraó propõe isto, pois sabe muito
bem o poder de sedução do Reino do Egito”. O Egito não representa apenas dor e sofrimento, pois
oferece também muitos atrativos. Faraó pressente que o povo hebreu ainda vai sentir saudades da
exuberância, da glória e das iguarias do Egito. Tais atrativos acabarão mesmo por levar o povo a
desprezar o próprio maná do céu (Nm 11.4-6). O sapo parece usar estratégia semelhante para
apanhar o mosquito, pois ele bem sabe o alcance de sua língua, coisa que o mosquito desconhece.
"Não deis lugar ao diabo" (Ef 4.27). À semelhança de José, que correu do assédio da mulher de
Potifar (Gn 39), devemos fugir para longe das paixões da mocidade como também adverte o
Apóstolo Paulo (2Tm 2.22; ver também Pv 4.15; Sl 34.14).

"IDE SOMENTE OS HOMENS" (Ex 10.11)

Quando não consegue manter todos presos ao Egito, faraó tenta pelo menos manter alguns. Pode ser
que ele esteja insinuando que isto de adorar a Deus é coisa só para homens, ou só para mulheres,
ou, ainda, que isto é coisa de criança, pois os adultos têm coisas mais importantes a fazer. Pode ser
também que ele esteja sugerindo que não é necessário que todos da família prestem culto e sirvam
ao Senhor, bastando apenas que alguns façam isto em nome de todos. Satanás é ardiloso na
promoção do jugo desigual, sabendo que se um fica preso, acaba atraindo e puxando o que está livre
(2 Co 6.14). Mas Josué disse: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15)! Não apenas parte
da família, mas toda a casa! Este é um dos propósitos de Deus, que o diabo tenta impedir de todas
as formas.

"FIQUEM OS VOSSOS REBANHOS" (Ex 10.24)

Eis aqui o último reduto de Satanás, a sua última trincheira: "Os bens materiais". O dinheiro é a
última coisa de que ele abre mão. Ele insiste, até o fim, buscando manter o dinheiro e as riquezas
sob o seu domínio, para que sirvam aos seus propósitos e não aos de Deus. É por esta razão que se
diz que a última coisa a se converter num homem é o "bolso". “pois o amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram
com muitos sofrimentos” (1Tm 6.10).

Vimos, assim, como faraó, tipificando Satanás, tentou impedir, de diversas maneiras, que o povo
fosse liberto para adorar e servir a Deus de modo pleno e integral. Tudo o que o diabo oferece é
com intuito de escravisar, matar e destruir (Jo 10.10). Mas vimos também, na grande libertação da
Páscoa, como Deus, por amor (Rm 5.8), é capaz de mover céus e terra (e até mesmo o mar!) para
salvar e libertar os oprimidos e cativos (Cl 1.13). Olhando para a Cruz de Cristo, vemos o alto preço
que o Pai pagou para a redenção humana, para que todos possamos experimentar a liberdade e a
vida abundante que só encontramos em Deus (Jo 10.10).

Bispo José Ildo Swartele de Mello

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