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“Por que eu preciso escrever dessa forma? Eu já não solucionei o problema? Por que não
pode ser do meu jeito?” Esse é um tipo de comentário que muitas vezes os professores
ouvem de seus alunos, e, nesse caso, feito por um aluno que resolvia uma equação. Tendo
lido a equação, ele efetuava todos os cálculos de cabeça, e apresentava apenas a resposta
escrita, sem desenvolvimento. Ele era capaz de explicar passo a passo o que tinha feito, mas
relutava em registrar esse processo por escrito.
A dificuldade ou relutância na apropriação da linguagem algébrica é algo evidente, e muito
se tem discutido sobre o assunto. Nesse trabalho procuramos abordar as dificuldades
existentes no ensino introdutório de álgebra, e sugerir alternativas.
Quais são as dificuldades mais freqüentes no ensino de álgebra? Booth chama a atenção
para contrastes entre a Aritmética e a Álgebra. Na Aritmética, há a busca pelo resultado,
enquanto que na Álgebra o foco é estabelecer procedimentos e relações e expressá-los
numa forma simplificada geral. O aluno sente a necessidade de encontrar uma resposta, o
que para ele representa uma resposta numérica, o resultado, enquanto que na álgebra o
aluno deve expressar o processo a ser realizado para a resolução do problema. Assim, o
aluno pode até compreender que, para resolver um problema, ele deve somar as
quantidades x e y, mas reluta em escrever como resposta x + y, preferindo criar outra
variável, como z, para a resposta. Booth cita Collins: “o aluno tem dificuldade em aceitar a
ausência de fechamento”. Talvez esse seja um dos principais motivos que levem os alunos
a efetuar 2a + 5b, encontrando como resposta 7ab.
Booth também aborda outras compreensões equivocadas, referentes às letras utilizadas para
representar determinados números. Seguidamente algum aluno interpreta que os valores das
letras correspondem à ordem alfabética (A=1, B=2, etc) ou até mesmo que a letra significa
necessariamente a abreviatura da palavra cuja quantidade esse número representa. Assim,
por exemplo, se usamos a letra B, esta deve representar a quantidade de bananas, ou de
bolas, ou de bexigas, mas não a quantidade de pedras ou moedas. Ainda outra confusão
surge da forma simplificada de escrever a multiplicação de um número por uma variável.
Assim, usando “a” para representar uma quantidade de moedas, se escrevermos 2a na
verdade representamos o mesmo que 2 a ou 2.a, ou seja, o dobro da quantidade de
moedas, mas muitas vezes o aluno interpreta isso como sendo “duas moedas”.
Outro erro apontado por Booth surge na forte tendência do aluno em simplificar a
expressão a + b para ab. Ele aponta situações na aritmética que podem ajudar a conduzir o
1 1
aluno a essa noção, como as frações mistas (por exemplo, 2 2 2 2 ). Ele ainda cita o
erro quando o aluno tenta explicar o significado de “some 3 com 5y”. Nesse caso, o aluno
interpreta que y seja o algarismo da unidade do número, enquanto que 5 seja o algarismo da
dezena, ao invés de ver 5y como o produto de 5 pela quantidade representada por y. Esse
erro também pode acontecer mais freqüentemente porque os professores usam problemas
com os alunos do tipo POSSO + POSSO = MESMO, onde a letra não corresponde a um
número, mas a um algarismo.
Os alunos geralmente compreendem que para representar duas quantidades devem utilizar
duas letras diferentes, mas têm dificuldade em aceitar que duas letras diferentes possam
representar a mesma quantidade.
Sugestões:
Booth sugere que o professor acentue a bidirecionalidade da expressão 2 + 3, não apenas
afirmando que “dá 5”, mas que “é igual a cinco”. Assim, 2 + 3 não é apenas a instrução,
mas também representa o resultado. Outra sugestão é que, ao menos inicialmente, não se
omita o sinal da multiplicação de números por variáveis. Assim, 5b ficaria para uma etapa
posterior, enquanto que inicialmente se escreveria 5.b ou 5 b.
Quanto ao enfoque, Booth desaconselha tratar 2m + 5b como sendo duas maçãs mais cinco
bananas. Sugere não utilizar iniciais das quantidades a serem representadas, como também
pode ser usado pelos alunos para justificar que 2m + 5b = 7mb, ou seja, duas maçãs mais
cinco bananas são sete maçãs-e-bananas. OBS. A tradução do livro utilizou 2a como duas
maçãs, o que no original seria 2 apples, não dando em português todo o sentido desejado.
Necessidade de álgebra
Uma das correntes existentes sugere que o que importa é ensinar na escola a matemática do
dia a dia, da vida real. Assim, o que não ocorre naturalmente em nossas vidas não deve ser
motivo de estudo. Sutherland argumentou que uma super-ênfase na matemática do
cotidiano resulta quase inevitavelmente em um quase esquecimento da álgebra. Para
resolver um problema proposto, o aluno geralmente não busca escrevê-lo na linguagem
matemática, não busca montar uma equação e desenvolvê-la passo a passo. Se
perguntarmos ao aluno qual é o número cujo triplo dele acrescido de 5 unidades resulta em
50, ele não conseguiria resolvê-lo sem montar uma equação? O aluno poderia resolver por
tentativas, atribuindo valores para esse número e calculando, até encontrar o valor desejado.
Ou poderia buscar resolver usando as operações inversas. De 50 subtrai 5, e o restante
divide por 3. Tudo sem utilizar letras para representar números. Então, se o aluno é capaz
de resolver problemas sem a álgebra, ela é desnecessária? Convém lembrar que, para a
resolução deste tipo de equação o método de tentativas às vezes não é eficaz. Talvez sejam
necessárias várias tentativas até que se obtenha o valor correto. E outras equações, como
por exemplo 3x + 4 = 5x – 4, não podem ser resolvidas facilmente por operações inversas.
Só aí já haveria uma justificativa para o uso de linguagem algébrica, mas o aluno, tendo
resolvido por outros meios, não se agrada de ter de se submeter a esta linguagem.
Para nós, surge como opção interessante a abordagem inicial através de
regularidades. Kieran sugere que o uso de letras como incógnitas em equações pode ser
mais acessível aos alunos iniciantes do que o uso de letras como variáveis, como em
expressões. Entretanto, cita o NTCM Curriculum and Evaluation Standards, onde se afirma
que ambos os usos são importantes para os alunos de 5ª a 8ª série:
Os estudantes precisam estar aptos para usar letras em vários modos diferentes. Dois caminhos
particularmente importantes de 5ª a 8ª série são o uso de variável como substituição a um valor específico,
como em n + 5 = 12, e como a representação de uma grande possibilidade de valores, como em 3t + 6.
sem o uso do aplicativo, sugere o uso de operações inversas para a construção da expressão