Você está na página 1de 8

Os tipos de solo e a importância determinante na construção civil

PORTAL 44 ARQUITETURA

maio 17, 2018

Engenharia

0 Comentários

Conhecer os tipos de solo é de primordial importância quando o assunto é construção. Afinal,


os diferentes tipos de solo são fatores determinantes para as fundações, as estruturas e o tipo
de edificação a ser erguida em determinado local. Eles podem ser um limitador ou um
facilitador ao uso do terreno. E no limite, pode trazer muita dor de cabeça tanto aos
profissionais quanto aos proprietários caso não seja bem conhecido – e trabalhado. Portanto,
cabe ao engenheiro ou arquiteto o mínimo entendimento na área. Mas, em muitos casos, a
assessoria de um geólogo ou geofísico se faz importante.

A IMPORTÂNCIA DO SOLO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O terreno faz parte integrante de qualquer construção, afinal é ele que dá sustentação ao peso
e também determina características fundamentais do projeto em função de seu perfil e de
características físicas como elevação, drenagem e localização. Em construções maiores é
necessário realizar uma sondagem para ver em que nível do solo a camada é mais resistente
em geral a melhor camada para as fundações é o leito rochoso ou acima dele, desde que
permita a execução.

Em fundações que não descarrega muita carga para o solo, não é obrigatório fazer a análise de
solo. Embora seja uma vantagem saber o tipo de solo em que se pretende construir, evitando
como por exemplo, acidentes como o ocorrido no morro do Bumba em que foram construídas
casas em cima de um lixão desativado.

Alguns solos não oferecem uma rigidez para uma construção, e esta por sua vez não exige uma
fundação profunda. O método que pode ser adotado é o radier em que as cargas são
distribuídas por toda a estrutura. No que tange à mecânica dos solos, é importante conhecer
os três tipos básicos de solos: arenoso, siltoso e argiloso.

Leia também:

1. 11 MATERIAIS QUE PODERÃO REVOLUCIONAR A ARQUITETURA E A CONSTRUÇÃO

2. CONHEÇA MAIS SOBRE AS PISCINAS DE AREIA E COMO CONSTRUIR

3. O QUE É E COMO CALCULAR A TAXA DE PERMEABILIDADE DE UM TERRENO

4. A QUANTIDADE CORRETA DE CONCRETO A SER UTILIZADA EM UMA LAJE

OS DIFERENTES TIPOS DE SOLO

Mesmo com a divisão básica em três tipos de solo, ela não pode ser considerada exata. Isto
acontece, pois na natureza é justamente a mistura de diversos materiais que forma a crosta
terrestre. Deste modo, é incorreto dizer que o solo arenoso é composto completamente por
areia ou o argiloso somente por argila.

Os tipos de solo são divididos, sobretudo, de acordo com a densidade da sua composição, das
necessidades especiais que possuem para a construção e como o solo se comporta quando
aplicada determinada pressão sobre ele. São fatores relevantes na composição do solo, a
densidade, a porosidade, a consistência e a relação do solo com a água.

O SOLO ARENOSO

É o tipo de solo composto predominantemente por areia. Os componentes da areia possuem


diâmetro que varia entre 0,05 mm a 4,8 mm.

O solo arenoso não possui grande índice de coesão, isto é, se movimenta facilmente e é
altamente permeável. Para a construção, isso representa um grande desafio, já que onde há
lençóis freáticos o solo arenoso pode permanecer firme enquanto em contato com a água,
mas outras construções abaixam o lençol e movimentam o terreno.
O solo arenoso. Imagem: Agrishow Digital

O solo arenoso requer fundações profundas com estacas, geralmente de aço ou concreto
armado, para evitar esse efeito e garantir a segurança da estrutura. Normalmente, as
construções portuárias se utilizam dessas estacas preenchidas com betão para aumentar a
resistência da fundação.

Quem já percebeu aqueles prédios inclinados na orla de Santos/SP sabe bem o que estamos
falando. Quando da construção destes edifícios, não houve preocupação com as fundações,
que foram feitas de forma superficial. Com isso, quando novas construções foram sendo
erguidas, o lençol freático baixou o nível – o solo não aguentou a carga e afundou.

Já em relação às estradas construídas em solo arenoso há certas vantagens. Elas não se tornam
um lamaçal em época de chuvas, assim como não levantam poeira na seca. O motivo desta
condição é justamente o tipo de grão do solo arenoso. Por serem pesados e de difícil
aglutinação, não são transportados e nem se tornam barro com facilidade. Ao contrário, por
exemplo, do solo argiloso.
Exemplo de edificações em solo arenoso sem fundações corretas acontece em Santos.
Atualmente, no entanto, as novas edificações utilizam fundações de até 50m.

O SOLO ARGILOSO

É o tipo de solo mais comum em todo o Brasil. Sua importância é tamanha que há milhares de
anos já era usado como argamassa. No Brasil, historicamente ele foi utilizado para a
construção das famosas edificações de taipa (de casas a igrejas). Além disso, sua importância
econômica na construção se dá pela fabricação de tijolos, telhas, azulejos e pisos cerâmicos.

O solo argiloso tem importância histórica e econômica no Brasil, como a construção de telhas
cerâmicas.

No entanto, podemos considerar o solo argiloso como o oposto ao solo arenoso. Ele possui
grande capacidade de aglutinação, ou seja, de torna-se lama com facilidade. Os grãos da argila
são microscópios (de até 0,005 mm), enquanto da areia são visíveis a olho nu. O solo argiloso é
altamente denso quando não há umidade ou presença de água. Ao umidificar-se, ele torna-se
viscoso.

Algumas características do solo argiloso:

O terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos microscópicos, de cores vivas e de grande


impermeabilidade. Como conseqüência do tamanho dos grãos, as argilas:
• São fáceis de serem moldadas com água;
• Têm dificuldade de desagregação.
• Formam barro plástico e viscoso quando úmido.
• Permitem taludes com ângulos praticamente na vertical. É possível achar terrenos argilosos
cortados assim onde as marcas das máquinas que fizeram o talude duraram dezenas de anos.

Ao trabalhar com o tipo de solo argiloso, portanto,  é altamente recomendado realizar um


estudo de solo aplicando a geofísica para saber exatamente qual fundação utilizar.

Porém, normalmente as fundações rasas são as mais utilizadas nesses tipos de solo, sendo que
caso seja necessário reforçar as sapatas, o uso dos radiers é recomendado. Para atingir mais
segurança, o uso de estacas também é recomendado, mas não usual.

OS SOLOS SILTOSOS

O silte é considerado um tipo “ruim” de solo. Ele é microscópico, assim como a argila, possui
diâmetro de 0,005 mm. a 0,05 mm. Mas nem de longe possui o mesmo grau de coesão. Do
mesmo modo, não há a plasticidade que o solo argiloso possui quando molhado.

Os piores tipos de estradas são as que estão em solo siltoso. Formam grandes atoleiros em
épocas de chuva e muito pó no período seco. Outra característica do solo siltoso, aliás, é a
grande possibilidade de ser vítima de erosão e desagregação natural. É um tipo de solo que
demanda muito mais cuidados e manutenção.

A MISTURA DOS SOLOS

Como dito anteriormente, não há um tipo de solo que seja único. Há variações, nunces e
misturas entre eles. Justamente por isso é aconselhado o assessoramento e estudo detalhado
daquele solo antes de empreender uma edificação. Há solos classificados como “argiloso-silte-
arenoso” ou ainda “areia argilosa”, etc.

Veja alguns outros termos:


• Piçarra — Rocha muito decomposta e que pode ser escavada com pá ou picareta.
• Tabatinga ou turfa — Argila com muita matéria orgânica, geralmente encontrada em
pântanos ou locais com água permanente (rios, lagos), no presente ou no passado remoto.
• Saibro – Terreno formado basicamente por argila misturada com areia.
• Moledo — Rocha em estado de decomposição mas ainda dura, tanto assim que só pode ser
removida com martelete a ar comprimido.
Fonte: Fórum da Construção / Arq. Iberê M. Campos

Você também pode gostar