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Balada da neve

Poema
Batem leve, levemente,
Rima Quem bate, assim, levemente,
como quem chama por mim. interpolada com tão estranha leveza,
Será chuva? Será gente? que mal se ouve, mal se sente? Rima
Não é chuva, nem é gente, interpolada
Gente não é, certamente nem é vento com certeza.
e a chuva não bate assim.

Fui ver. A neve caía


É talvez a ventania: do azul cinzento do céu,
mas há pouco, há poucochinho, branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
nem uma agulha bulia E que saudades, Deus meu!
Rima
na quieta melancolia emparelhada
dos pinheiros do caminho…
Poema
Olho-a através da vidraça. E descalcinhos, doridos…
Pôs tudo da cor do linho. a neve deixa inda vê-los,
Passa gente e, quando passa, primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
os passos imprime e traça
porque não podia erguê-los!…
na brancura do caminho…
Que quem já é pecador
Fico olhando esses sinais sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
da pobre gente que avança,
porque lhes dais tanta dor?!…
e noto, por entre os mais, Porque padecem assim?!…
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
Poema
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil
Análise formal
• Versos: 45
• 9 Estrofes: Quintilhas
• Rima: Interpolada e Emparelhada
• Esquema rimática: ABAAB
• Métrica: Versos com sete sílabas métricas(redondinha maior)

Recursos expressivos
• Metáfora- ”Cai neve na natureza, e cai no meu coração”
• Personificação- “Quieta melancolia”
• Repetição- ”Será chuva, será gente?”
• Adjetivação dupla-”Branca e leve, branca e fria”
• Apótrofe-”Deus meu”

Augusto Gil

Nasceu:31 de julho de 1873 em Lordelo do Ouro, Portugal

Morreu:26 de fevereiro de 1929 (55 anos) em Guarda, Portugal


Grandes obras

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