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C Indicadores e Taxas: INPC (IBGE) = 0,12% (Ago/19) | Selic (Bacen) = 0,50% (Ago/19) |
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Juros sobre o capital próprio (JSCP)
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Resumo:
Demonstraremos no presente Roteiro os procedimentos para contabilização
dos juros pagos ou creditados a titular, sócios ou acionistas de pessoa jurídica
tributada com base no Lucro Real, a título de remuneração do capital próprio.
B
U Analisaremos tanto a contabilização na empresa pagadora como na empresa
S beneficiária dos juros.
C
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1) Introdução:
A carga tributária brasileira é muito elevada se comparada com a de outros
países, principalmente quando levamos em conta os benefícios e/ou serviços
recebidos pela população. Esse cenário vem contribuindo para que as
empresas efetuem pagamentos elevadíssimos de Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), entre outros
tributos, em relação ao que de fato deveriam pagar, causando relevantes
perturbações em seus fluxos de caixa.
Para minimizar os efeitos da carga tributária brasileira o governo nos últimos
anos criou alguns mecanismos de desoneração tributária, tais como não
tributação da distribuição de lucros, dedutibilidade dos Juros sobre o Capital
Próprio (JSCP), entre outras medidas, que apesar de ainda serem muito poucas,
estão contribuindo para que nossa carga tributária não fique ainda mais
elevada.
No que diz respeito aos JSCP, as empresas poderão deduzir, para efeitos de
apuração do Lucro Real e da Base de cálculo (BC) da CSLL, os juros pagos ou
creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de
remuneração do Capital Próprio, calculados sobre as contas do Patrimônio
Líquido (PL) e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo
Prazo (TJLP).
Vale mencionar que, tal dedução é condicionada à existência de lucros,
computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas
de lucros, em montante igual ou superior ao valor de 2 (duas) vezes os juros a
serem pagos ou creditados.
Devido à importância do tema, este Roteiro de Procedimentos propõe-se a
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demonstrar os procedimentos para contabilização dos juros pagos ou
creditados a titular, sócios ou acionistas de pessoa jurídica tributada com base
no Lucro Real, a título de remuneração do Capital Próprio, tanto pela empresa
pagadora quanto pela beneficiária.

Base Legal: Art. 9º, caput, § 1º da Lei nº 9.249/1995 e; Art. 355, caput, § 1º do RIR/2018
(Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).

2) Conceitos:

2.1) Capital Social:


HO FIPECAFI – Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, (2003, p.292),
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conceitua Capital Social como o investimento efetuado na companhia pelos
Eacionistas; este abrange não só as parcelas entregues pelos acionistas como
também os valores obtidos pela sociedade e que, por decisões dos
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Oproprietários, se incorporam ao Capital Social, representando uma espécie de
Nrenúncia à sua distribuição na forma de dinheiro ou de outros bens.
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Portanto, o Capital Social representa os recursos empreendidos pelos
Oproprietários(sócios ou acionistas, conforme o tipo societário) para a
constituição (ou criação) da empresa. Assim, temos que quando do início de
suas atividades, a empresa necessita de Capital (dinheiro, bens ou direitos) que
são providos por aqueles que a constituíram, ou seja, os acionistas ou sócios).
Numa visão mais contábil, Capital Social é a parcela do Patrimônio Líquido (PL)
B
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de uma empresa ou entidade oriunda de investimentos na forma de ações, se
Ssociedade anônima, ou quotas, se sociedade por quotas de responsabilidade
C
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limitada, efetuado pelos proprietários, o qual abrange não somente as parcelas
entregues pelos acionistas, mas também os valores obtidos pela própria
empresa e que, por decisão dos proprietários, são incorporados no Capital
Social.
Os lucros ainda não distribuídos pela sociedade, mesmo que estejam em conta
de "Reservas (PL)", representam uma espécie de investimento dos acionistas,
pois estes renunciam à sua retirada em forma de lucros e dividendos para
fomentar a empresa, objetivando assim, manter a mesma no mercado ou
patrocinar seu crescimento. A formalização desse investimento dá-se pela
incorporação de lucros ou reservas para o Capital Social da sociedade, na
forma estabelecida pela Lei e Contrato ou Estatuto Social.
Finalizando, podemos considerar o Capital Social uma figura mais jurídica que
econômica, já que, do ponto de vista econômico, também os lucros não
distribuídos, mesmo que ainda na forma de Reservas, representam uma
espécie de investimento dos acionistas. Sua incorporação ao Capital Social é
uma formalização em que os proprietários renunciam a sua distribuição; é
como se os acionistas recebessem essas reservas e as reinvestissem na
sociedade.

Base Legal: Art. 5º da Lei nº 6.404/1976 e; FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS


CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS - FIPECAFI. Manual de contabilidade das
sociedades por ações. São Paulo: Editora Atlas, 2003 (Checado pela Valor Consulting em
10/06/19).

2.2) Juros sobre Capital Próprio (JSCP):


Atualmente, as empresas tem em suas mãos 2 (duas) formas para distribuir
rendimentos entre seus acionistas, titulares ou sócios, quais sejam:
a. participação nos lucros (ou dividendos); ou
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b. pagamento de Juros remuneratórios do Capital Próprio.
A forma mais comum de distribuir rendimento entre os acionistas, titulares ou
sócios das empresas é exatamente a citada na letra "a" acima, qual seja,
participação nos lucros. Essa participação nos lucros pagos pelas empresas
representam uma retribuição pelos investimentos feitos por aquelas pessoas
na composição do Capital Social das empresas e decorrem dos lucros
apurados no final de cada período, seja ele, mensal, trimestral, semestral ou
anual.
Já os Juros remuneratórios do Capital Próprio ou, simplesmente, Juros sobre
capital Próprio (JSCP) foi criado pelo artigo 9º da Lei nº 9.249/1995 como forma
de remuneração adicional àquela decorrente da participação nos lucros, pago
aos acionistas, titulares ou sócios das empresas. Assim, apesar de facultativo,
H
os JSCP representa um rendimento extra que os acionistas, titulares ou sócios
Odas empresas recebem além da participação nos lucros.
M
EOs JSCP deverão ser calculados sobre as contas do Patrimônio Líquido (PL) do
C
Balanço Patrimonial (BP) das empresas e serão limitados à variação, pro rata
Odia, da TJLP. Entretanto o efetivo pagamento ou crédito dos juros fica
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condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros,
Aou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior
T
O
ao valor de 2 (duas) vezes os juros a serem pagos ou creditados.
Lembramos que o pagamento dos JSCP é tratado como despesa no resultado
da empresa, enquanto o dividendo não. Assim, o investidor terá que pagar o
IRPJ sobre o capital recebido. Essa questão fiscal é justamente o benefício da
companhia, como esse pagamento é contabilizado como despesa da empresa,
Bantes do lucro, ela não arca com os tributos repassando este ônus ao
U
S
investidor. A opção entre dividendos e JSCP compete à assembleia geral, ao
Cconselho de administração ou à diretoria da empresa.
A
Como exemplo, uma empresa pode decidir remunerar os acionistas da seguinte
forma: R$ 0,50 (cinquenta centavos) por ação sob a forma de dividendos (lucro
líquido) e R$ 0,50 (cinquenta centavos) por ação sob a forma de JSCP (lucro
bruto). Sobre os dividendos não incide tributação, assim os acionistas estão
isentos, mas sobre o JSCP incide 15% (quinze por cento) de Imposto de Renda
Retido na Fonte (IRRF), ou seja, R$ 0,075, Portanto, os acionistas receberão na
prática R$ 0,425 por ação (lucro líquido).
Base Legal: Art. 9º, caput, § 1º da Lei nº 9.249/1995 e; Wikipédia (Checado pela Valor
Consulting em 10/06/19).

3) Tratamento Tributário:
Veremos neste capítulo o tratamento tributário, na fonte pagadora e no
beneficiário, a ser dado aos JSCP. Não entraremos nos detalhes de seu cálculo,
pois o objetivo principal deste Roteiro de Procedimentos é demonstrar os
registros contábeis relativos aos JSCP. Assim, caso o leitor queira se
aprofundar no assunto, recomendamos a leitura de artigo publicado em nosso
"Guia do IRPJ e CSLL", que trata de forma mais abrangente os aspectos
tributários desses juros.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

3.1) Na fonte pagadora:


As pessoas jurídicas poderão deduzir como despesa financeira, para efeitos de
apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da CSLL, observado o
Regime de Competência, os juros pagos ou creditados individualizadamente a
titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do Capital Próprio,
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calculados sobre as contas do Patrimônio Líquido (PL) e limitados à variação,
pro rata dia, da TJLP.
Essa regra vale, inclusive, para os casos em que os juros sejam imputados ao
valor dos dividendos obrigatórios de que trata o artigo 202 da Lei nº 6.404/1976
ou incorporados ao Capital Social da entidade.
Observamos, ainda, que se considera creditado, individualizadamente, o valor
dos JSCP, quando a despesa for registrada, na escrituração contábil da pessoa
jurídica, em contrapartida a conta ou subconta de seu Passivo exigível,
representativa de direito de crédito do sócio ou acionista da sociedade ou do
titular da empresa individual.
Os JSCP ficarão sujeitos à incidência do IRRF à alíquota de 15% (quinze por
H
Ocento), na data do pagamento ou do crédito aos beneficiários (pessoas físicas
Mou jurídicas) residentes no Brasil ou no exterior, dos 2 (dois) o que ocorrer
E
primeiro, sendo que seu recolhimento deverá ser realizado até o 3º (terceiro)
Cdia útil subsequente ao decêndio de ocorrência do fato gerador (pagamento ou
O
Ncrédito dos juros), esse prazo vale tanto para o beneficiário residente no país
Tcomo no exterior. No caso de beneficiário residente ou domiciliado no país,
A
Tdeverá ser utilizado Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf)
Ocom o código de receita "5706".

Já quando o beneficiário não seja residente ou domiciliado no país, o Darf


deverá ser emitido com o código de receita "9453".

Base Legal: Art. 202 da Lei nº 6.404/1976; Art. 9º, §§ 1º, 2º, 5º e 7º da Lei nº 9.249/1995;
BArt. 70, I, "b" da Lei nº 11.196/2005; Art. 355, caput e 726 do RIR/2018; Art. 29, caput e § 7º,
U
S"d" e 30 da IN SRF nº 11/1996; Art. 1º da IN SRF nº 41/1998 e; AD Cosar nº 8/1996
C
A
(Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).

3.1.1) Limite para dedutibilidade:


O montante dos JSCP passível de dedução na apuração do Lucro Real e na
Base de Cálculo (BC) da CSLL não poderá exceder o maior entre os seguintes
valores:
a. 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução
dos juros, caso estes sejam contabilizados como despesa. Para tanto, o lucro
será aquele apurado após a dedução da CSLL e antes da dedução do IRPJ; ou
b. 50% (cinquenta por cento) do somatório dos lucros acumulados e reservas
de lucros (1).
Portanto, para o efetivo pagamento ou crédito dos juros o contribuinte deve
observar o limite estabelecido, sob pena de glosa da despesa por parte da
Receita Federal do Brasil (RFB). Por outro lado, caso a empresa opte em pagar
juros em valor superior ao limite estabelecido, a diferença entre o valor
efetivamente pago e o maior dos limites supra deverá ser adicionado na
apuração do Lucro Real e na Base de Cálculo (BC) da CSLL.

Nota Valor Consulting:

(1) As reservas de lucros somente foram incluídas para efeito do limite da dedutibilidade
dos juros a partir de 01/01/1997, pelo artigo 78 da Lei nº 9.430/1996 que alterou o artigo 9º, §
1º da Lei nº 9.249/1995.

Base Legal: Art. 9º, § 1º da Lei nº 9.249/1995; Art. 78 da Lei nº 9.430/1996; Art. 355, § 1º
do RIR/2018; Art. 29, § 3º da IN nº 11/1996; Art. 75, §§ 2º e 3º da IN RFB nº 1.700/2017 e;
ADN Cosit nº 11/1996 (Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).

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3.1.2) Aumento de Capital Social:
O valor dos JSCP poderá ser incorporado ao Capital Social ou mantido em
conta de reserva destinada a futuro aumento de Capital, a critério da pessoa
jurídica. Nestes casos fica garantida a dedutibilidade dos juros, líquido do IRRF,
desde que a pessoa jurídica que exercer essa opção assuma o ônus do IRRF
incidentes sobre os mesmos (2).
É importante ressaltar que a incorporação dos JSCP ao Capital Social da
pessoa jurídica será feito pelo valor líquido, isto é, pelo montante pago
deduzido do valor do IRRF.

Nota Valor Consulting:

(2) O IRPJ aqui tratado deverá ser recolhido no prazo de 15 (quinze) dias contados a partir
H da data do encerramento do período-base em que tenha ocorrido a dedução dos referidos
O
M
juros, não sendo reajustável a Base de Cálculo (BC) nem dedutível o imposto pago para fins
E de apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da CSLL.

C
O
Base Legal: Art. 29, §§ 1º e 8º da IN SRF nº 11/1996 e; Art. 1º, § 1º da IN SRF nº 41/1998
N
T(Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).
A
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3.2) No beneficiário:
Conforme mencionamos, os JSCP estão sujeitos à incidência do IRRF, à
alíquota de 15% (quinze por cento), na data do pagamento ou do crédito, os
quais terão o seguinte tratamento fiscal no beneficiário:
B
U a. no caso de pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real, o valor dos
S juros deverá ser considerado como receita financeira (CR), de acordo com o
C
A Regime de Competência, e serão tributados para fins de IRPJ e CSLL. O IRRF,
retido pela fonte pagadora, será considerado antecipação do IRPJ devido no
período de apuração ou, ainda, poderá ser compensado com o IRRF, por
ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração do capital
próprio, a seu titular, sócios ou acionistas;
b. no caso de pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Presumido ou
Lucro Arbitrado, a partir de 01/01/1997, os juros recebidos integram a Base de
Cálculo (BC) do IRPJ e da CSLL e o valor do IRRF será considerado
antecipação do devido no período de apuração. No ano-calendário de 1996 a
tributação era considerada definitiva; o valor dos juros não integrava a Base de
Cálculo (BC) e somente era computado para efeito de determinação do
adicional do imposto;
c. no caso de pessoas jurídicas não tributadas com base no Lucro Real, Lucro
Presumido ou Arbitrado, inclusive isentas, os JSCP são considerados como
rendimento de tributação definitiva, ou seja, os respectivos valores não serão
incluídos nas declarações de rendimentos nem o Imposto de Renda que for
retido na fonte poderá ser objeto de qualquer compensação;
d. no caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida
ao regime de tributação de que trata o artigo 1º do Decreto-Lei nº 2.397/1987, o
imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos
rendimentos aos sócios beneficiários;
e. no caso de beneficiário pessoa física, o valor dos JSCP serão considerados
tributados exclusivamente na fonte, não podendo o IRRF ser compensado com
o imposto devido na Declaração de Ajuste Anual (DAA) do beneficiário.

Notas Valor Consulting:

(3) No caso de pessoa jurídica imune não há incidência do Imposto de Renda sobre o valor
dos juros pagos ou creditados, sendo que no caso de retenção indevida, o pedido de
restituição ou de compensação do imposto somente poderá ser formulado pela própria
entidade. Além dessas pessoas, desde 01/01/1998, o IRRF não incide sobre os Informe
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juros pagos
ou creditados a fundos de investimento, carteiras administradas e qualquer outra forma de
investimento associativo ou coletivo.

(4) Aos juros e outros encargos pagos ou creditados pela pessoa jurídica a seus sócios ou
acionistas, calculados sobre os juros remuneratórios do Capital Próprio e sobre os lucros e
dividendos por ela distribuídos, aplicam-se as normas referentes aos rendimentos de
aplicações financeiras de renda fixa, inclusive quanto ao informe a ser fornecido pela
pessoa jurídica.

Base Legal: Art. 9º, § 3º e 6º da Lei nº 9.249/1995; Art. 51 da Lei nº 9.430/1996; Art. 28, §
10, "b", 33 e 81 da Lei nº 9.532/1997; Art. 355 do RIR/2018 e; Arts. 40, § 3º e 75, §§ 8º, 8º-A
e 8º-B da IN RFB nº 1.700/2017 (Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).
H
O
M
4) Tratamento Contábil:
E

CDemonstraremos neste capítulo os procedimentos para contabilização dos


O
Njuros pagos ou creditados a titular, sócios ou acionistas de pessoa jurídica
Ttributada com base no Lucro Real, a título de remuneração do Capital Próprio,
A
Ttanto pela empresa pagadora quanto pela beneficiária.
O
Base Legal: Equipe Valor Consulting.

4.1) Contabilização dos JSCP de acordo com a Receita Federal:


BDe acordo com a Instrução Normativa SRF nº 11/1996, para efeito de
Udedutibilidade na determinação do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da
S
CCSLL, os JSCP, pagos ou creditados, ainda que imputados aos dividendos ou
Aquando creditados à conta de reserva específica, deverão ser registrados em

contrapartida das despesas financeiras (CR), ainda que os juros sejam


imputados ao valor dos dividendos obrigatórios de que trata o artigo 202 da Lei
nº 6.404/1976 (Lei das S/As) ou incorporados ao Capital Social da entidade.
Vale a pena observar que, a contabilização dos JSCP como despesa financeira,
implica prejuízos à comparabilidade das Demonstrações Contábeis, tendo em
vista:
a. a faculdade do pagamento ou crédito destes juros, ou seja, algumas
empresas os contabilizam outras não; e
b. a limitação do seu valor a 50% (cinquenta por cento) do lucro líquido antes
de sua contabilização e da CSLL ou a 50% (cinquenta por cento) do saldo de
lucros acumulados e reservas de lucros de períodos anteriores, fazendo com
que algumas empresas não possam considerá-lo na sua integridade.
Já na pessoa jurídica beneficiária tributada pelo Lucro Real, o JSCP recebido
ou creditado em seu favor deverá ser contabilizados em conta de receita
financeira (CR).
Base Legal: Arts. 29, § 1º e 30, § único da IN SRF nº 11/1996 (Checado pela Valor
Consulting em 10/06/19).

4.2) Deliberação CVM nº 207/1996 - Vigente até 31/08/2012:


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), objetivando amenizar os prejuízos à
comparabilidade das Demonstrações Contábeis, determinou, através da
Deliberação CVM nº 207/1996, que as companhias abertas observem as
seguintes regras para contabilização dos JSCP:
a. os juros pagos ou creditados pelas companhias abertas, a título de
remuneração do Capital Próprio, devem ser contabilizados à crédito
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diretamente à conta de Lucros Acumulados (5), sem afetar o resultado do
exercício;
b. os juros recebidos pelas companhias abertas, a título de remuneração do
Capital Próprio, devem ser contabilizados da seguinte forma:
i. como crédito da conta de investimentos, quando avaliados pelo método da
equivalência patrimonial e desde que os juros sobre o Capital Próprio estejam
ainda integrando o Patrimônio Líquido (PL) da empresa investida ou nos casos
em que os juros recebidos já estiverem compreendidos no valor pago pela
aquisição do investimento; e
ii. como receita, nos demais casos.
c. caso a companhia opte, para fins de atendimento às disposições tributárias,
H
O
por contabilizar os JSCP pagos/creditados ou recebidos/auferidos como
M despesa ou receita financeira, respectivamente, deverá proceder à reversão
E
desses valores, nos registros mercantis, de forma a que o lucro líquido ou o
C prejuízo do exercício seja apurado nos termos das letras "a" e "b" acima (6);
O
N d. os juros pagos ou creditados somente poderão ser imputados ao dividendo
T mínimo, previsto no artigo 202 da Lei nº 6.404/1976, pelo seu valor líquido do
A
T imposto de renda na fonte;
O
e. os JSCP que forem utilizados para aumento de capital ou para manutenção
em reserva, na forma do artigo 9º, § 9º da Lei nº 9.249, deverão ser destinados a
partir da conta de Lucros Acumulados e registrados em conta específica de
Reserva de Lucros até a sua capitalização.
f. o IRRF, assumido pela empresa e incidente sobre os juros utilizados na forma
B
U da letra "e" acima, deverá ser reconhecido, como despesa, diretamente na
S Demonstração do resultado do Exercício (DRE).
C
A
Por fim, estabelece a Deliberação CVM nº 207/1996 que em nota explicativa às
demonstrações financeiras e às informações trimestrais (ITRs) deverão ser
informados os critérios utilizados para determinação desses juros, as políticas
adotadas para sua distribuição, o montante do imposto de renda incidente e,
quando aplicável, os seus efeitos sobre os dividendos obrigatórios.

Notas Valor Consulting:

(5) O artigo 178, III, § 2º, da Lei das S/A, incluído pelo artigo 37 da Lei nº 11.941/2009 dispõe
que o grupo do Patrimônio Líquido (PL) é dividido em: Capital Social, Reservas de Capital,
Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos
Acumulados, não mencionando, portanto a conta Lucros Acumulados. Contudo, conforme
esclarecido no item 42 da Resolução CFC nº 1.152/2009, a conta Lucros Acumulados não foi
eliminada. Essa conta, entretanto, tem natureza absolutamente transitória e deve ser
utilizada para a transferência do lucro apurado no período, para a contrapartida das
reversões das reservas de lucros e para as destinações do lucro.

(6) Essa reversão poderá ser evidenciada na última linha da DRE, antes do saldo da conta
do lucro líquido ou do prejuízo do exercício.

Base Legal: Art. 202 da Lei nº 6.404/1976 e; Deliberação CVM nº 207/1996 - Revogada
(Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).

4.3) Deliberação CVM nº 683/2012 - Vigente a partir de


01/09/2012:
De acordo com a Deliberação CVM nº 683/2012, os JSCP é um instituto criado
pela legislação tributária, incorporado ao ordenamento societário brasileiro por
força da Lei nº 9.249/1995. É prática usual das sociedades distribuírem-nos aos
seus acionistas e imputarem-nos ao dividendo obrigatório, nos termos da
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legislação vigente.
Assim, o tratamento contábil dado aos JSCP deve, por analogia, seguir o
tratamento dado ao dividendo obrigatório (distribuição de resultado). Portanto,
de acordo com a citada Deliberação CVM, as companhias abertas devem
contabilizar esses juros diretamente a débito da conta de "Lucros Acumulados
(PL)", sem afetar o resultado do exercício, como ocorre com os dividendos e
demais destinações dadas ao lucro.

Nota Valor Consulting:

(7) O valor de tributo retido na fonte que a companhia, por obrigação da legislação tributária,
deva reter e recolher não pode ser considerado quando se imputam os JSCP ao dividendo
obrigatório.

H
OBase Legal: Itens 10 e 11 da Deliberação CVM nº 683/2012 (Checado pela Valor Consulting
M
Eem 10/06/19).

C
O
N
4.3.1) Dividendo obrigatório:
T
A
A legislação societária brasileira determina a distribuição de dividendo
Tobrigatório aos acionistas por meio do artigo 202 Lei nº 6.404/1976, in verbis:
O
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada
exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a
importância determinada de acordo com as seguintes normas:
(...)
B
UA lei societária prevê que o dividendo obrigatório pode:
S
C a. deixar de ser distribuído ou pode ser distribuído por valor inferior ao
A determinado no Estatuto Social da entidade, quando não houver lucro realizado
em montante suficiente. Quando o dividendo obrigatório, devido por força do
Estatuto Social ou da própria Lei, excede o montante do lucro líquido do
exercício realizado financeiramente, pode a parcela não distribuída ser
destinada à constituição da reserva de lucros a realizar;
b. deixar de ser distribuído quando os órgãos da administração informarem à
Assembleia Geral Ordinária (AGO) ser ele incompatível com a situação
financeira da companhia. É uma discricionariedade conferida por Lei aos
administradores com vistas a evitar o comprometimento da gestão de caixa e
equivalente de caixa da entidade, desde que observadas outras condicionantes
legais. A parcela dos lucros não distribuída deve ser destinada à constituição
de reserva especial.

Nos casos das letras "a" e "b" acima, o procedimento estabelecido em Lei é a
retenção de lucros por meio da constituição de reservas de lucros que poderão
não necessariamente ser destinadas ao pagamento de dividendos, já que
poderão vir a ser absorvidas por prejuízos em exercícios subsequentes. Consta
na lei:

Art. 202. (...):


III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não
tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos
ao primeiro dividendo declarado após a realização.
(...)
§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados
como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes,
deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da
companhia.
(...)

O dividendo obrigatório pode também deixar de ser distribuído, ou pode ser


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distribuído por um valor inferior ao determinado no Estatuto Social da entidade
ou na Lei, por decisão soberana e unânime da Assembleia Geral de Acionistas
de:
a. companhia aberta, se com registro na CVM exclusivamente para captação de
recursos por debêntures não conversíveis em ações; ou
b. companhia fechada, exceto se controlada por companhia aberta registrada
na CVM para captação de recursos por meio de qualquer valor mobiliário que
não seja uma debênture não conversível em ações.

Base Legal: Art. 202, caput, II e III, §§ 3º a 5º da Lei nº 6.404/1976 e; Itens 1 a 5 da


Deliberação CVM nº 683/2012 (Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).

4.4) Adaptação Fisco X CVM:


H
O
M
E
Na hipótese de, para atendimento à legislação fiscal, a companhia aberta
registrar os juros remuneratórios do capital próprio em conta de resultado, a
C
O
Deliberação CVM nº 683/2012 determina que os valores registrados como
Ndespesa ou como receita financeira no resultado do exercício sejam revertidos,
T
A
de modo que o lucro líquido ou o prejuízo do exercício seja demonstrado sem
Tque haja reflexos da contabilização dos juros.
O
Essa reversão deve ser feita na última linha da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE), antes do "Lucro Líquido” ou do "Prejuízo do Exercício", em título
próprio que poderá denominar-se "Reversão dos Juros sobre o Capital Próprio".

Base Legal: Deliberação CVM nº 683/2012 (Checado pela Valor Consulting em 10/06/19).
B
U
S
4.5) Exemplo Prático:
C
A
Exemplificaremos, a seguir, a contabilização dos JSCP de acordo com a
legislação tributária.
Base Legal: Equipe Valor Consulting.

4.5.1) Juros devidos (Na empresa que paga o rendimento):


Suponhamos que a empresa Vivax Indústria e Comércio de Produtos
Eletrônicos Ltda. tenha apurado, em 31/12/20X1, JSCP a pagar no valor de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais). Consideremos também que a empresa tenha 2
(dois) sócios, uma pessoa física e outra jurídica, e que as quotas do Capital
Social estejam divididas da seguinte forma:
Sócio Participação (%)
Carlos Eduardo Bragança 60%
Andrades Participações Ltda. 40%

Considerando essas informações, teremos a seguinte contabilização dos JSCP:

Pelo crédito do JSCP a pagar:


D - Juros sobre o Capital Próprio (CR-DF) _ R$ 50.000,00
C - Juros sobre o Capital Próprio a Pagar (PC)
- Carlos E. Bragança _ R$ 25.500,00
- Andrades Participações Ltda. _ R$ 17.000,00
C - IRRF a Recolher (PC) _ R$ 7.500,00 (8)

Legenda:
PC: Passivo Circulante; e
CR-DF: Conta de Resultado - Despesa Financeira.

Nota Valor Consulting:


Newsletter: Informe seu email. OK
(8) Valor do IRRF (alíquota de 15%) por sócio, a ser recolhido até o 3º (terceiro) dia útil
subsequente ao decêndio de ocorrência do fato gerador (pagamento ou crédito):

Carlos Eduardo Bragança (60%): R$ 4.500,00


Andrades Participações Ltda. (40%): R$ 3.000,00

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

4.5.2) Juros recebidos (Na empresa beneficiária do rendimento):


Dando continuidade ao exemplo iniciado no subcapítulo 4.4.1, a empresa
Andrades Participações Ltda., beneficiária de 40% (Quarenta por cento) do
HJSCP creditado pela empresa Vivax, deve efetuar a contabilização dos juros a
O
M
que tem direito da seguinte forma:
E

C
Pelo reconhecimento do crédito de JSCP a receber:
O D - Juros sobre o Capital Próprio a Receber (AC) _ R$ 17.000,00
N D - IRRF a Compensar (AC) _ R$ 3.000,00
T C - Juros sobre o Capital Próprio (CR-RF) _ R$ 20.000,00
A
T
O
Legenda:
AC: Ativo Circulante; e
CR-RF: Conta de Resultado - Receita Financeira.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

B
4.5.3) JSCP imputados aos dividendos obrigatório (Na empresa que paga
U
S
o dividendo):
C
A
Consideremos agora, que a sociedade anônima de capital fechado, Caramuru
Indústria e Comércio S/A., decida imputar os JSCP no valor de R$ 200.000,00
(Duzentos mil reais) ao valor dos dividendos obrigatórios. Nessa hipótese,
teríamos o seguinte lançamento contábil:

Pela imputação do JSCP ao dividendo obrigatório:


D - Juros sobre o Capital Próprio (CR-DF) _ R$ 200.000,00
C - Dividendos a Pagar (PC) _ R$ 170.000,00
C - IRRF a Recolher (PC) _ R$ 30.000,00

Legenda:
PC: Passivo Circulante; e
CR-DF: Conta de Resultado - Despesa Financeira.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

4.5.4) JSCP imputados aos dividendos obrigatório (Na empresa


beneficiária do dividendo):
Dando continuidade ao exemplo iniciado no subcapítulo 4.4.3, a empresa que
receber os dividendos obrigatórios, deve efetuar a contabilização dos juros a
que tem direito da seguinte forma:

Pelo reconhecimento do crédito de JSCP a receber:


D - Dividendos a Receber (AC) _ R$ 170.000,00
D - IRRF a Compensar (AC) _ R$ 30.000,00
C - Juros sobre o Capital Próprio (CR-RF) _ R$ 200.000,00

Legenda:
AC: Ativo Circulante; e
CR-RF: Conta de Resultado - Receita Financeira.
Newsletter: Informe seu email. OK
Base Legal: Equipe Valor Consulting.

5) Qual é a vantagem no pagamento de JSCP?:


É importante se dizer que nem sempre há vantagem no pagamento de JSCP.
Entretanto, quando a pessoa jurídica tributada pelo Lucro Real ultrapassar o
limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de lucro no mês, as alíquotas do IRPJ e
CSLL chegam a 34% (trinta e quatro por cento). Nesse caso é muito provável
que o pagamento de JSCP traga redução de carga tributária.
Onde está o ganho tributário?

H
Resposta: Conforme vimos, o JSCP pode ser considerado como despesa
Odedutível para o efeito
de cálculo do IRPJ e da CSLL, sendo que há a incidência
M
E
do IRRF à alíquota de 15% (Quinze por cento). Deste modo, a pessoa jurídica
poderia deixar de pagar 34% (IRPJ + CSLL) sobre o valor do JSCP e pagar
Capenas 15% (quinze por cento) de IRRF, ou seja, uma economia de 19%
O
N(Dezenove por cento) sobre o valor do JSCP pago.
T
ABase Legal: Art. 3º, caput, § 1º da Lei nº 9.249/1995 (Checado pela Valor Consulting em
T
O10/06/19).

Informações Adicionais:
Este material foi escrito no dia 03/12/2011 pela Equipe Técnica da Valor
Consulting e está atualizado até a legislação vigente em 10/06/2019 (data da
B sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência
U
S das alterações legais.
C
A Não é permitido a utilização dos materiais publicados pela Valor Consulting
para fins comerciais, pois os mesmos estão protegidos por direitos autorais.
Também não é permitido copiar os artigos, materias e arquivos do Portal Valor
Consulting para outro site, sistema ou banco de dados para fins de divulgação
em sites, revistas, jornais, etc de terceiros sem a autorização escrita dos
proprietários do Portal Valor Consulting.
A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida, desde que
indicada a fonte:
"Valor Consulting. Juros sobre o capital próprio (JSCP) (Área: Manual de
Lançamentos Contábeis). Disponível em:
https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=70. Acesso em:
17/09/2019."

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