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PLANEJAMENTO FAMILIAR E ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE COMO


INSTRUMENTOS DE GESTÃO PÚBLICA EDUCATIVO E PREVENTIVO

Lays Andrade de OLIVEIRA1


Oscemário Forte DALTRO2
Neyly Maria DIAS3

Resumo
Este artigo tem o objetivo de contribuir para estudos e práticas sobre a Gestão Pública
de assistência dos programas de Atenção Básica desenvolvida pelos Sistema único
de Saúde. A Atenção Básica é um programa do Governo Federal e tem seus
desdobramentos em vários subprogramas como o Programa Saúde da Família - PSF
e o Programa Assistência em Planejamento Familiar, em destaque neste Estudo, além
de outros. Contudo, todos têm como objetivo o atendimento à população carente. Com
um modelo integrado e compartilhado ambos os programas desenvolvem atividades
de gestão humana no aspecto da saúde clínica e preventiva por meio de atividades
socioeducativas de conscientização e responsabilidade. O PSF atende a crianças,
jovens, adultos e idosos, orientando e acompanhando esse público “in loco”. A
Assistência em Planejamento familiar específica de casal em fase reprodutiva e por
meio dos métodos holístico e integrado tem a função de orientar, acompanhar e tratar
o paciente educando para as opções de escolha entre concepção e anticoncepção,
tratando a saúde física e emocional para reprodução saudável e processos de efetivos
de qualidade de vida. Esses resultados apontam positivamente o processo de
intervenção dos programas de atenção básica de saúde e da Assistência em
Planejamento familiar, cujos modelos, vem atendendo expectativas e resultados
práticos esperados no processo de intervenção.

Palavras-Chave: Educação; Prevenção; Saúde; Qualidade de vida.

Abstract
This article aims to contribute to studies and practices on public assistance of Care
programs Management Basic developed by single health system. The Primary Care is
a Federal Government program and has its consequences in various subprograms as
the Health Program Family - HPF and assistance in family Planning, highlighted in this
study, and others. However, all are designed to care for the needy population. With an
integrated model and shared both programs develop human management activities in

1 Enfermeira. Especialista em Enfermagem no trabalho - Fauc. Residente do Programa de Residência


Multiprofissional em Saúde do Adulto e Idoso com Ênfase em Atenção Cardiovascular PRIMSCAV/HUJM/UFMT.
E-mail: lays.andraa@gmail.com
2 Mestre em Educação – UNIC, especialista em Gestão Pública – afirmativo, especialista em Didática do Ensino
Superior – FAIPE, MBA em Planejamento Estratégico e Projetos – FAIPE, Bacharel em Ciências Econômicas –
UFMT, Professor em cursos de graduação e Pós-Graduação. E-mail: oscemariodaltro15@gmail.com
3 Mestre em Educação – UFMT, graduada em Letras e Comunicação Social – Jornalismo – UFMT, especialista
em Semiótica – UFMT e Gestão Pública Educacional – UNEMAT. Atua como Professora de Educação Básica e
Superior e na área der redação e revisão de textos técnicos e acadêmicos e elaboração de projetos. E-mail:
neylydias@hotmail.com

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the appearance of clinical and preventive health through social and educational
activities of awareness and responsibility. The HPF serves children, youth, adults and
seniors, guiding and monitoring this public "in loco". The assistance in specific couple
family planning in reproductive phase and through holistic and integrated methods has
the function to guide, monitor and treat the patient educating for the choice between
conception and contraception, treating physical and emotional health for healthy
reproduction and effective process for quality of life. These results positively indicate
the intervention process of primary care health programs and assistance in family
planning, whose models, is meeting expectations and practical results expected in the
intervention process.

Keywords: Education. Prevention. Health. Quality of life.

INTRODUÇÃO
Este artigo tem como tema “O Planejamento Familiar e a Atenção Básica de
Saúde como instrumento educativo e preventivo no campo da reprodução. O objetivo
é mostrar como e em que circunstâncias ocorre o planejamento familiar na vida das
famílias, coletiva e individualmente, visando à prevenção, recuperação, reabilitação
de agravos, mostrando de forma educativa e compartilhada a conscientização do
planejamento familiar responsável para a qualidade de vida das famílias
É sabido que a Atenção Básica é um dos principais programas do Governo
Federal que tem a finalidade de desenvolver ações preventivas de saúde coletiva,
visando à promoção da saúde, por meio de ações eficientes e práticas de gestão
efetivas que alcancem a necessidade da comunidade, na unidade básica de saúde ou
no domicilio. Além do Programa Saúde da Família, o qual atua no acompanhamento
da vivência e da realidade das pessoas e, por isso um dos marcos no desenvolvimento
efetivo de ataque a causa e não problema, tem reduzido consideravelmente os
problemas de saúde e qualidade de vida, por meio de visitas de equipes profissionais
de saúde (médico, enfermeira, nutricionista) que visitam as residências para
desenvolver política educativa de conscientização.
Não há como promover qualidade de vida sem o trabalho compartilhado entre
a saúde, a escola e a comunidade. Esses três eixos compartilhados direcionam ações
e serviços que alcançam a comunidade de forma ampla e efetiva. Assim como o

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Programa Saúde o Planejamento Familiar é igualmente um programa do Ministério da


Saúde que se manifesta de forma integrada entre os setores da Atenção Básica de
Saúde para promove assistência e medidas de conscientização e racionalização do
homem e da mulher na questão reprodutiva.
Suas ações, assim como do programa Saúde da Família, também tem como
instrumento a utilização e aferição de situações para conclusão de diagnóstico -
preventivo e se realizam a partir de acompanhamento, visitas domiciliares,
observação, registro e orientação de Assistentes Sociais que atuam sob os
fundamentos do art. 226, parágrafo 7, da Constituição federal, onde o princípio da
paternidade responsável resguarda ao casal o direito à livre escolha a ter ou não filhos,
porém para isso são orientados a agir de forma consciente e responsável.
Sendo assim este artigo foi pensado numa perspectiva de mostrar as atividades
do Planejamento familiar no contexto das comunidades assistidas pelos programas
Preventivos do Governo Federal, apontando os caminhos trilhados pela equipe que
compõem o atendimento à Atenção Básica de Saúde, principalmente o programa de
Assistência em Planejamento Familiar, destacando as atribuições e os
encaminhamentos sob o ponto de vista prático do programa. Para isso foram
consultados elementos bibliográficos e documentais, os quais serviram de suporte
teórico, ou seja, referência contextualizada sobre o tema. As pesquisas mostraram
que o programa vem acontecendo em parceria com outros programas do Ministério
da Saúde, sobretudo o Programa Saúde da Família, e da Educação, por meio de
Escolas, espaços de socialização de cultura familiar que revelam comportamentos e
atitudes, e, por isso, responsáveis por garantir os direitos fundamentais contidos nos
textos Constitucionais.

A atenção Básica de Saúde e seus Desdobramentos


A lei nº 8.080, de 19 de novembro de 1990, do Ministério da Saúde,
regulamenta as condições e os critérios para a promoção, proteção e recuperação da
saúde (BRASIL, 2012), bem como a reestruturação, o funcionamento e as ações
correspondentes à Atenção Básica da População, que mais tarde se configuraria na

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política fundamental de promoção e proteção à saúde.


A Política de Atenção Básica, pelo Decreto n 7.508/2011, de 28 de julho,
reestruturou o texto da Lei 8.080, de 1990, dando maior visibilidade e responsabilidade
às ações a serem desenvolvidas nesse contexto, orientando com maior clareza o
desenvolvimento do trabalho de equipes e sua missão junto à comunidade que
usuária do PSF.
Trata-se de um desafio que estimula o trabalho intersetorial. Esse modelo
laboral
No que se refere ao ajustamento de práticas, a atenção básica corresponde ao
trabalho compartilhado entre equipes, primando pelo atendimento à comunidade, “in-
loco”. Para isso foi criada Estratégia Saúde da Família que, além de promover a
reorganização e implementação de medidas eficazes na área de saúde, para o
atendimento à saúde da população carente, promove mudanças, garantindo maior
celeridade no processo de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica,
prevenindo agravos e reduzindo danos à saúde da comunidade, de forma integral.
Para Bernardes (2013), a Atenção Básica tem a Saúde da Família como
estratégia prioritária para a sua organização, cuja meta é investir em práticas coletivas
e preventivas e é constituída por uma equipe multidisciplinar que cobre toda a
população, integrando, coordenando o cuidado e atendendo as suas necessidades de
saúde e ao mesmo tempo ensinando a prática correta de cuidar do corpo e da mente
para prevenir a família de doenças de níveis crônicos elevados (BRASIL, 2011).
Figueiredo (2013) alerta que a equipe multidisciplinar de saúde, destinada a
atender as necessidades dos usuários em todas as áreas, atuam numa perspectiva
em que os saberes se somam num compartilhamento contínuo e permanente de
práticas e comportamentos que se concretizar em cuidados efetivos dirigidos a
populações de territórios definidos. Dessa forma a organização dos serviços
adequadamente ao ambiente e à cultura dos usuários, respeitando sua privacidade,
favorece a qualificação da assistência prestada e pode intervir positivamente no
estado de saúde do indivíduo e da coletividade (GUERRERO, 2013).
No Brasil, as ações e o financiamento para expansão da Estratégia de Saúde

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da Família, incluindo-se o planejamento familiar vêm crescendo, assim como o


número de equipes implantadas. Estatísticas do Departamento de Atenção Básica
aponta que em outubro de 2010, já eram 39.710 equipes, acompanhando 52,1% da
população brasileira (CASTRO, 2012). Por conta disso a Organização Mundial de
Saúde vem investindo em capacitação de profissionais de unidades de atenção
primária à saúde – voltada a ações preventivas, curativas e de atenção ao indivíduo e
a comunidades (MANGINI, 2014).
Apesar de grandes avanços no tratamento curativo e preventivo de saúde da
população carente, o Programa de Atenção Básica, que reúne outros programas de
conscientização e responsabilização do ser e fazer da população, vem enfrentando
dificuldades em setores de organização de produtos e serviços e atividades realizadas
pelo PSF e PF, aqui denominamos de Programa Saúde da Família e Planejamento
Familiar, desde a área técnica, materiais de pesquisa, recursos, projetos, parcerias
com a comunidade e estrutura de acolhimento são fatores que na maioria da vezes
inviabilizam as ações propostas para o seguimento da assistência de saúde prestada,
além da falta de estrutura por parte de alguns membros da equipe, com
enfrentamentos referente à organização do serviço e atividades realizadas pela ESF,
voltadas à prevenção e promoção de saúde, muitas vezes priorizando a demanda de
atendimentos voltados à resolução do problema sem continuidade do cuidado.
Nesse contexto, Kami (2012) sugere que a qualidade na Atenção Primária à
Saúde deve focalizar funções como: responsabilização e vínculo das equipes de
saúde com os usuários; integralidade da atenção nos aspectos de coordenação e
abrangência dos cuidados; enfoque familiar e comunitário e acessibilidade (BRASIL,
2011).
Hoje a população carente necessita de programas que ofereçam à população
mecanismos de projeção responsável sobre o real sentido da família, de pais e filhos,
direitos e deveres, cuidados, valores, sentimentos de respeito e proteção, que fiquem
seguros e recebam um cuidado de melhor qualidade, em decorrência de os
prestadores trabalharem de forma altamente efetiva (WAEVER, 2014). O resultado foi
satisfatório e as mudanças vêm acontecendo de forma efetiva e permanente tanto em

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melhoria no atendimento aos usuários como no comportamento compartilhado entre


as equipes Saúde da Família e Assistência em Planejamento Familiar.

Programa Estratégia Saúde da Família (ESF): características e práticas

O Programa Saúde da Família (PSF) foi implantado no Brasil pelo Ministério da


Saúde em 1994. É conhecido como Estratégia Saúde da Família por suplantar
modelos de saúde que não tratavam doenças de modo preventivo, mas sim de modo
pulverizado, aleatório, sem o devido planejamento e mapeamento de locais
deficientes de saúde. Sendo assim, resgatar a qualidade da saúde, promover
conscientização se tornou um desafio ao longo do tempo, por desenvolver práticas e
orientar um novo modelo de superação a ações anteriores que privilegiavam modelos
assistencialistas curativas, induzindo a procedimentos tecnológicos e
medicamentosos em detrimento do exercício educativo permanente.
Esse modelo perdurou até a década de 1970. No Brasil, somente em 1994 o
Ministério da Saúde lançou o PSF como política de atenção básica, frente ao caráter
organizativo e substitutivo de práticas primárias de fazer saúde. A Portaria nº 648/2006
estabelecia o PSF como Estratégia Prioritária do Ministério da Saúde para organizar
a atenção Básica.
Bernardes, Pelliccioli e Marques (2013) defendem que a atenção básica à
saúde representa o estado saudável que vai além do corpo físico, mas emocional,
afetivo, comportamental. Este conceito vem sendo construído desde o século XVIII,
ou seja, a doença ou agravo não é uma questão somente biológica, mais o resultado
do modo de vida a que ficou exposta. Isto quer dizer que ampliar a saúde é produzir
modos de subjetivação em que o sujeito passa a ser cidadão de direitos, com
capacidade de autonomia e controle social. Essa dimensão abrange a mente, o corpo
e a alma e flui a partir de educação recebida. Por conta disso, o governo passa a
investir no corpo, no biológico, no somático como realidade biopolítica e que migram,
no século XX, para um corpo jurídico, autônomo, que exerce controle social.

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Castro et al. (2012) definem a Atenção Primária à Saúde (APS) como uma
estratégia para organizar os Sistemas de Saúde, que possibilita o acesso universal
aos serviços e a atenção básica integral ao longo do tempo. Segundo esses autores,
o número de estudos mostra o impacto positivo da APS sobre os sistemas de saúde,
que aumentou muito a partir da década de 1990. As pesquisas nesse setor
apresentam evidências sobre a associação entre o maior grau de orientação à APS e
o aumento da efetividade dos sistemas de saúde, da promoção da equidade, da
satisfação dos usuários e da eficiência, principalmente em países da América Latina,
o que comprova a articulação política entre o governo, a equipe de saúde e a
comunidade.
No Brasil, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para a expansão da
APS e, portanto, para a reorientação do Sistema Único de Saúde (SUS) é a Estratégia
Saúde da Família (ESF), iniciada em 1994. O financiamento para expansão da ESF
vem crescendo, assim como o número de equipes implantadas; em outubro de 2010
já se somavam 39.710 equipes, acompanhando 52,1% da população brasileira. Hoje
esse número cresceu consideravelmente. Um dos pontos importantes da estratégia
Saúde da família, além de reorganizar a atenção básica, de acordo com os
regulamentos do SUS, contribui para a reorientação do processo de trabalho da
equipe multiprofissional (equipe de saúde da família- ESF favorecendo a celeridade
no atendimento de saúde das pessoas e coletividades).
Figueiredo (2011) lembra que existe uma forte correlação entre a prevenção de
doenças, vigilância e promoção da saúde e trabalho compartilhado que culmina na
integralidade do cuidado, bem como no modelo de atenção da Estratégia de Saúde
da Família (ESF). Com relação a treinamentos de equipes, de modo geral, é
conduzido em um módulo de teleducação, criado com o apoio da área de
Telemedicina, seguido de módulo presencial. Para o ambiente interativo de
aprendizagem são produzidos vários vídeos com até 10 minutos, contendo entrevistas
com especialistas e ilustrações, apresentando informações sobre sintomas dos
transtornos mentais mais prevalentes na infância e adolescência – depressão,
ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de conduta e transtornos

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globais do desenvolvimento (TGD). (MANGINI, 2014).


Conforme a Portaria a portaria GM Nº 2.488/2011, que ampliou a função social
do PSF, também determinava, a partir de 2011, que as Unidades PSFs seriam
composta por 10 agentes comunitários de saúde (AC's), sendo que esses agentes,
geralmente mulheres, atuam como intermediários entre a comunidade e a equipe
multidisciplinar de saúde coletiva, secretárias, técnicas de enfermagem, enfermeiro e
médico.
Em Mato Grosso, o atendimento ocorre por meio de consultas agendadas, no
mínimo 16, bem como o atendimento a casos urgentes. O programa além de atender
casos de agravos à saúde em pessoas de todas as idades, atuam com frequência no
acompanhamento ao funcionamento do programa do pré-natal, o que demonstra que
as atividades clínicas tem o foco de trabalho dos membros voltado mas nas práticas
curativas do que preventiva. As equipes, de acordo com o Programa de Atenção
Básica, realizam o acolhimento dentro da unidade e não existe dia predeterminado
para visitas domiciliares. Todo acolhimento é realizado pela secretária e pelas
técnicas de enfermagem, todo paciente que chega à unidade desejando atendimento
passa pela triagem. Além disso se orientam por meio de recursos e registros através
de cadernos de controle de puericultura, hipertensos e diabéticos, os quais devem
ficar permanentemente atualizados. Esses registros são provenientes de atividades
desenvolvidas pelos agentes comunitários de saúde (SACs) e equipe que atuam no
Programa Saúde da Família.
Nesse contexto, se torna difícil seguir um projeto de intervenção sem que a
equipe esteja devidamente envolvida de modo compartilhado, ciente do seu papel
dentro do cenário da saúde, cuja missão implica interpretação dos dados da unidade,
estatísticas que muitas vezes fogem ao índice representativo da população (BRASIL,
2015).
O perfil da população é de família de baixa renda, geralmente são moradores
do programa “Minha Casa, Minha Vida”, quando em situação confortável, e, por isso,
o atendimento deve ser relacionado às necessidades singulares do usuário, as quais
revelam um desafio muito grande da equipe dos programas de Atenção Básica, devido

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à falta de recursos terapêuticos como remédio e vacinas, kits de teste rápido para
diagnóstico de hepatite, realização de exames. Hoje é visível as dificuldades que o
sistema único de saúde no Brasil vem enfrentando. Quase 75% da população vive em
estado de extrema carência e qualidade de vida, conforme dados do Ministério da
Saúde, em 2015
Esta realidade aponta para necessidade efetiva de programas que tenham um
perfil educativo e preventivo, cuja finalidade esteja voltada a indicativos de caminhos
que leve à orientação, conscientização e responsabilidade sob o ponto de bem de
vista individual e coletivo de população carente.

Assistência em Planejamento Familiar: uma necessidade emergente


No mesmo formato do programa Saúde da Família, o planejamento familiar é
mais uma conquista da população brasileira, em especial, a carente, que desprovida
dos recursos necessários à qualidade de vida ou mesmo à sobrevivência em termos
de garantias e direitos fundamentais de vida, vem enfrentando desafios de viver e
conviver com saúde e educação precárias. Apesar de intervenção de programas
voltados à racionalização e práticas que reduzam as dificuldades com relação a
agravos e deficiência educativa, o planejamento familiar vem ganhando espaço e
fortalecendo os laços entre os regulamentos legais e o ser humano, principalmente
casal que constituem as peças-chave da extensão da família. Hoje é visível o
desequilíbrio mundial em todos os setores, entre as quais a decadência moral e a
falência das instituições responsáveis pela qualidade de vida no mundo. As crises
nos mais diversos campos da atuação humana se mostram indolente e frágil diante
fragilidade dos valores éticos que ocasionam a pobreza e a banalização da vida.
É sabido que os adolescentes, crianças e jovens de hoje serão os responsáveis
pela vida num futuro próximo e se estes não estiverem preparados sobre sua
responsabilidade na formação de famílias conscientes, críticas e criativas para romper
barreiras e construir uma sociedade humana justa, a falência da humanidade será
irreversível. Não se trata de pessimismo ou “Clichês” que costumamos a ouvir nas
rodas de conversas ou de modo controvertido divulgado pela mídia. A atenção

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A Atenção Básica constitui em um conjunto de ações que dão consistência


prática ao conceito de Vigilância em Saúde, referencial que articula conhecimentos e
técnicas provindos da epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais em
saúde, redefinindo as práticas em saúde, articulando as bases de promoção, proteção
e assistência, a fim de garantir a integralidade do cuidado (SANTANA; CARMAGNANI,
2001). Essas ações se configuram na concretização de programas que se manifestam
por meio de orientação efetiva e permanente para atuar de forma preventiva e
formativa no preparo das pessoas para promover a vida de forma responsável, como
assegura os direitos e deveres constitucionais.
A Assistência em planejamento familiar é um programa que tem respaldo
Constitucional uma vez que tem amparo legal no art. 226, parágrafo 7, que assegura
o direito à paternidade, mas impõe regras de responsabilidade no ato reprodutivo, já
que a qualidade de vida se resume na satisfação de direitos, econômicos, sociais,
fisiológicos, biológicos e de autoestima, segundo teoria de Maslow. Para isso, de
acordo com a Constituição Federal, o direito é inalienável, mas o dever de cuidar e
proteger é da mesma forma inalienável, daí se resulta a garantia do direito de acesso
à informação e bem como do uso de método contraceptivo e anticonceptivo. Sendo
assim, o planejamento familiar atua na área da sexualidade e do correto conhecimento
da fertilidade, bem como do pré-natal, ou seja, os cuidados (puerperal, ao recém-
nascido, entre outros). Assim, percebe-se a importância do trabalho integrado entre a
saúde e a educação. O ensino, as palestras, os seminários e os encontros recorrentes
são modelos de gestão que têm o fim no ser humano e os meios no próprio contexto
em que está inserido.
Como lembra Santana e Carmagnani, (2001), o planejamento familiar, sem ferir
os direitos constitucionais não impede um casal que passa por dificuldades financeiras
e em outros setores de reproduzir, mas por meio de práticas educativas propõe
alternativas de planejar sem ferir sentimentos e desejos, assim, mesmo tendo
características e orientações próprias não sobrevive sem vínculo a uma assistência
social de saúde.
Criada, conforme a lei 9.263 de 12 de janeiro de 1996, sob a responsabilidade

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do Município, o programa de assistência em Planejamento familiar conta com equipe


de profissionais semelhante à saúde da Família, ou seja, médicos especialistas
Ginecologia e Obstetrícia e Urologia, enfermeiro, assistente social, psicólogo e técnico
em enfermagem, os quais recebem capacitação permanente e contínua para acolher
e atender mulheres e homens que desejam ter filhos.
Um fato recorrente, conforme aponta assistente social de uma policlínica
“Saúde da Família”, é que muitas vezes quando eles entram em contato com o casal,
estes já tiveram o fato consumado, com o nascimento do filho, o que de certa forma,
contraria o propósito do programa que é orientação, acompanhamento e atendimento
preventivo desde o planejamento até a concepção. Isto inclui questões preventivas de
câncer ginecológico, doenças sexualmente transmissíveis ou outros agravos que
possam interferir na saúde e qualidade de vida dos usuários.
Essas recorrências, devido à falta de gestão de recursos muitas vezes
inviabilizam a prática do objetivo do programa que é de prestar assistência em
Planejamento familiar a homens e mulheres que possuem idade fértil, garantindo-lhes
o direito básico de cidadania previsto em constituição, no art. 226, parágrafo 7, o qual
preceitua textualmente o princípio da paternidade responsável e no direito de livre
escolha dos indivíduos casais. (SMS/SUS/CUIABÁ, 2015).
Desta forma, as atividades clínicas e preventivas do PF atuam especificamente
na democratização e ampliação de acesso às informações sobre os meios de
anticoncepção ou de concepção aos usuários do SUS, de forma que, após passadas
as primeiras assistências o casal possa praticar de modo consciente a sua escolha
por meio de uso de contraceptivos ou tratamento para a concepção. Este
procedimento reduz casos de gravidez indesejada, gravidez na adolescência e
consequentes práticas de abortos provocados e combatendo a morbimortalidade
materno infantil.
O programa alcança homens e mulheres entre a faixa etária de 35 anos ou
menores de 16 anos de idade. Trata-se de um público eminentemente propenso a
risco reprodutivo severo já que se encontra em uma área exposta a diversos tipos de
cultura que de forma permanente oferece estímulo a comportamentos e hábitos

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inadequados e que, sem o mínimo de conhecimento adquire práticas que podem


marcar definitivamente a vida dessa população.
Por conta disso, atendo-se a uma prática humanista e culturalmente voltada ao
público carente, que apresenta baixa escolaridade materna, antecedentes obstétricos
desfavoráveis e Doenças crônicas (Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus,
Doença Renal, Cardiopatia, HIV, doenças neurológicas, Tabagismo, alcoolismo,
obesidade, desnutrição e outros), a Lei 9.263/96 determina e acolhe o seguinte:
Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de
atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global
e integral à saúde.
Parágrafo único - As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em todos
os seus níveis, na prestação das ações previstas no caput, obrigam-se a garantir, em
toda a sua rede de serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao
casal, programa de atenção integral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que
inclua, como atividades básicas, entre outras:
I - a assistência à concepção e contracepção;
II - o atendimento pré-natal;
III - a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato;
IV - o controle das doenças sexualmente transmissíveis;
V - o controle e a prevenção dos cânceres cérvico-uterino, de mama, de
próstata e de pênis. Redação dada pela Lei 14.045/2014.
O acolhimento na Unidade de Saúde reúne tratativas serviços e usuário. O
acolhimento é um conjunto de ações que fazem com quem a mulher e o homem se
sintam bem recebidos e aceitos para o tratamento, isto é fundamental na saúde sexual
reprodutiva, porque constrói-se vínculos e compromissos, favorecendo o
encaminhamento adequado do cliente. Toda equipe se envolve no processo, o que
implica envolvimento, satisfação, compromisso e responsabilidade.

O Direito Reprodutivo: História e Avanços

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O Direito reprodutivo é um termo jurídico que tomou espaço nas discussões


internacionais através da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, em Teerã,
entre 22 de abril a 13 de maio de 1968. (Cuiabá, 2015). Consiste no reconhecimento
do direito de um casal optar pelo número de filhos e os intervalos entre os seus
nascimentos. A partir disso muitas Conferências em nível internacional fizeram desse
tema o eixo dinamizador da cultura livre e responsavelmente reprodutiva. Mas o
assunto ganhou repercussão na Conferência Mundial sobre População e
Desenvolvimento, em Cairo, no Egito, em 1994. Antes disso era uma pauta em
discussão, passando a ser mundialmente conhecido como um programa de Ação, que
defendia a saúde reprodutiva suas funções e processos como o bem estar físico,
mental e social da mulher e do casal, derrocando conceitos que defendia a gravidez
como um estado de enfermidades ou doenças.
O programa foi decisivo, tornando-se um marco na evolução de direitos das
mulheres, especialmente no que tange à capacidade de tomar decisões sobre sua
própria vida. Defendia que uma vida representa a essência da existência universal e
negá-la seria desconsiderar o direito universal e planetário de reproduzir e construir
um universo humanamente saudável.
A relação entre educação e mudanças sociais e demográficas é
de interdependência. Há uma estreita e complexa relação entre
educação, idade núbil, fecundidade, mortalidade, mobilidade e
atividade. O aumento da educação de mulheres e moças
contribui para a maior emancipação da mulher, para o adiamento
da idade de casamento e para a redução do tamanho das
famílias.
Quando as mães são mais bem-educadas, a taxa de
sobrevivência de seus filhos tende a subir. O acesso mais amplo
à educação é também um fator da migração interna e da
composição da população trabalhadora. (RELATÓRIO DA
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE POPULAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO – PLATAFORMA CAIRO, 1994).

Nesta perspectiva, o documento defendia o livre arbítrio da reprodução, da


liberdade de optar entre número de filhos, mas alertava para a necessidade de
parceria entre saúde e educação para conscientizar por meio de campanhas públicas
de educação, maternidade segura, saúde reprodutiva, direito de reprodução, saúde

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materna e infantil e planejamento familiar, temas que tratados de forma integrada


consolida no aprendiz a responsabilidade sobre a extensão da família.
Seguindo esses princípios a organização da atenção à assistência vem sendo
desenvolvida de forma integrada entre as unidades de saúde, concretizando a
parceria e o compartilhamento de informações sobre a realidade do usuário. A
preocupação nesse sentido é com relação ao conhecimento sobre os cuidados
preventivos que contribuir para qualidade de vida e redução de agravos e outros tipos
de doenças aos quais a comunidade carente é submetida. No que se refere ao
planejamento familiar, em nível de Brasil, estado e Municípios a atuação dos
profissionais de saúde envolve Atividades educativas e Clínicas, observando a
responsabilidade requerida em cada situação, em especial no que se refere à
Vasectomia, para o homem e Laqueadura, para a mulher, no entanto, essas
atividades são desenvolvidas de forma interativa onde cada conhecimento e
diagnóstico construído e partilhado entre as vertentes clínica e educativa.

A Prática Educativa como Ferramenta de Conscientização e Saúde


As palestras educativas, na perspectiva da atenção básica à assistência em
Planejamento Familiar, ocorrem no mesmo formato do Programa Saúde da Família,
ocasião em que a equipe formada pelos profissionais específicos do programa se
reúnem com grupos de casais, composto por no máximo 20 pessoas, pacientes-
ouvintes, que recebem informações práticas e teóricas sobre a função do programa
Planejamento Familiar.
Esforços de informação, educação e comunicação devem
aumentar a conscientização, por meio de campanhas públicas
de educação, de questões prioritárias como: maternidade
segura, saúde reprodutiva, direito de reprodução, saúde
materna e infantil e planejamento familiar, discriminação de
bebês do sexo feminino e de portadores de deficiência e sua
valorização, abuso de crianças, violência contra mulheres;
responsabilidade masculina; igualdade dos sexos; doenças
sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/AIDS;
comportamento sexual responsável; gravidez de adolescentes
(PLATAFORMA, CAIRO, 1994).

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Nessa trilha, foi criado o Programa Saúde da Família, hoje Estratégia Saúde da
Família, implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde, em 1994, por ser estratégia
estruturante da organização do SUS numa tentativa de valorizar as ações divulgadas
pela Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações
Unidas (CIPD), marco histórico em termos de direitos humanos, em Cairo, Egito, de 5
a 13 de setembro de 1994. A partir desse vento de grande alcance, os programas
implantados pelo Sistema único de Saúde (SUS) não se consiste em apenas um
programa pontual, com metas pulverizadas, mas de um novo modelo de inclusão
Social para Atenção Básica à Saúde, tendo como principal objetivo reverter o modelo
assistencial de fazer saúde com qualidade de vida.
Durante o encontro, a atividade educativa aborda questões esclarecedoras
sobre o objetivo do programa e sua importância na extensão da família,
conscientizando-os sobre os cuidados e as atividades clínicas, saúde sexual e
reprodutiva e auxiliando homem/mulher e casal e o tratamento a que são submetidos
para um concepção e/ou anticoncepção satisfatórias, defendendo que o programa
existe em função da saúde e qualidade de vida do paciente (BRASIL, 2011).
Em Cuiabá, Mato Grosso, as palestras ocorrem por meio de recursos
audiovisuais como vídeo, álbum seriado ou slides, ou seja, esses recursos são
fundamentais para uma aprendizagem criativa e formativa, apesar de não possuir um
perfil acadêmico, e sim clínico, o formato das atividades educativas adotam modelos
expositivos, discussões, questionamentos e exercícios sobre os conhecimentos
prévios dos pacientes, cultura, experiências, comportamentos e valores, que são
confrontados com os assuntos abordados em sala.
Realizada a ação educativa os usuários são agendados para consultas com a
equipe em atendimento individual para fortalecer o processo de aprendizagem e
solucionar problemas e dúvidas que não foram esclarecidas durante o evento. Temas
como aspectos reprodutivos, sexualidade, conhecimento do corpo, questões de
gênero, vulnerabilidade ás DSTs/UIV, violência, direitos sexuais e reprodutivos e
prevenção de colo uterino, mamas e próstata são conteúdos são discutidos de forma,
clara, objetiva, considerando o nível de assimilação do paciente.

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Quanto às atividades clínicas, são realizadas pelo médico, após as ações


educativas e têm a finalidade de adequar clinicamente a opção feita pelo paciente,
focando os riscos e benefícios, observando agravos como Anamnese, exame físico
geral, exame de mamas, com educação para autoexame, exame ginecológico, análise
escolha e método anticoncepcional. (BRASIL, 2009B; 2011). Esse contexto educativo
– clínico é uma atividade de atenção básica de saúde desenvolvida pelo SUS, com
foco humanístico, aberto e integrado realizado de forma clara e humana, já que nem
sempre de leis, portarias e decretos, enfim, de papeis e discursos se constrói saúde,
muito pelo contrário, em termos de Atenção Básica à Saúde, a reflexão, o
desempenho e práticas permanentes são eixos necessários ao trabalho em equipe
multidisciplinar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados deste artigo servirão como referência teórica e prática para futuros
estudos de intervenção em campos da saúde pública, principalmente no Estado de
Mato Grosso, oportunizando a acadêmicos e profissionais a organização de novos
modelo de prevenção e promoção da saúde, superando atividades menos pontuais,
do ponto de vista da promoção da saúde, exercendo uma prática mais educativa e
preventiva, do que curativa junto às famílias dos usuários, já que o ideal nesse
processo e educar e conscientizar para a redução da exposição aos agravos do
cotidiano.
Entre muitos avanços, desde a Conferência de Cairo, 1994, muitas falhas vêm
sendo vivenciadas pelos usuários dos programas do SUS, no entanto, a atenção
básica vem fazendo seu papel, fomentando os PSF (ESF) e PF a desenvolver
atividades específicas de forma integrada, principalmente no campo do
acompanhamento ambulatorial, nas internações emergenciais, na prática das
atividades educativas e clínicas. Em conversa com Assistentes Sociais de algumas
policlínicas, verificou-se que pacientes têm procurado as policlínicas, por que os
programas são integrados e contextualizados, o que significa afirmar que o foco é no
ser humano, em suas especificidades e necessidades. Na maioria das vezes a equipe

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não realiza reuniões devido à falta de programação dentro da unidade, o que


compromete o compartilhamento de atividades e dificulta a interpretação de dados da
Unidade. Os Agentes Comunitários, às vezes mascaram ou omitem dados de
atendimento nos relatórios, problemas que em um debate coletivo podem ser
resolvidos.
O Programa Assistência em Planejamento familiar atua no formato do PSF.
Porém é mais complexo, e menos pontual, pois atende por grupos, antecipadamente
agendado, e direciona cada profissional de equipe a interagir com o grupo,
desenvolvendo atividades educativas, clínicas e preventivas, atacando a causa,
conscientizando e utilizando para isso metodologias holísticas, isto é, abertas,
integradas e compartilhadas. Esses resultados apontam positivamente o processo de
intervenção dos programas de atenção básica de saúde e da Assistência em
Planejamento familiar, cujos modelos, vem atendendo expectativas e resultados
práticos esperados no processo de intervenção.

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