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Narrador: A história de hoje irá relatar o amor não correspondido de Luiz

Marques de Azevedo para com Margô Lopes.


(No meio da fala do narrador, Luiz Marques de Azevedo entra lendo um livro e
caminhando calmamente).

Narrador: - Luiz é um jovem universitário, de 23 anos de idade,


pertencente a uma família tradicional de classe média – seu pai é ferreiro
e sua mãe uma empregada doméstica -. Luiz está cursando o oitavo
período da faculdade de direito, onde é destaque na turma pela sua
dedicação, pela sua eloquência e também pela sua beleza.

- Quis o destino, que esse jovem esbarrasse na estudante de


medicina veterinária Margô Lopes, no meio do corredor da universidade.
Estavam ambos distraídos, esbarram-se e um derrubou o material do
outro. Juntos, se ajoelharam para juntar seus materiais e, nesse
momento, seus olhares se encontraram. Aconteceu aquilo que Luiz
nunca acreditou, pelos olhos de Margô ele viu a alma da linda jovem, e
foi amor à primeira vista. Por um momento, os olhares se encontraram,
os corações aceleraram, e a timidez venceu. Eles ficaram a se olhar,
nem um dos dois conseguia pronunciar uma palavra se quer, até que a
coragem impulsionou Luiz, e, sem que ele percebe-se, as palavras
saíram de sua boca:

Luiz: - Perdoe-me, estava distraído, não a vi. Você está bem?


Machucou-se?

Margô: (com um meio sorriso) – Tá tudo bem.

Luiz: - Permita-me, qual é o seu nome?

Margô: - Margô, Margô Lopes.

Luiz: - Prazer, Margô. Chamo-me Luiz Marques de Azevedo.

Narrador: - O tempo então parou, e eles ficaram ali, a admirarem um ao


outro. Quando de repente, talvez reproduzida pelo coro celestial, uma
música surgiu e os dois, apaixonadamente, começaram a dançar.
(Dança 01).

Narrador: - Eles então trocaram os números de celular, e cada um


seguiu o seu caminho.

- Mas o destino se encarregou de ser cruel. Os pais de Margô


descobriram sobre seu romance com Luiz, e decidiram manda-la para a
Inglaterra, onde iria fazer intercâmbio e poder se especializar na sua
área. Em um último momento, no momento de despedida, os dois se
encontram.

Margô: - É isso, Luiz. Meus pais não querem que nós fiquemos juntos,
eles dizem que você é um “pé rapado”, que não tem onde cair morto.
Eles compraram minha passagem, e ainda hoje eu embarco para a
Inglaterra. (E deita no peito de Luiz).

Luiz: - Não, meu amor. Não podemos aceitar isso! Nós nos amamos e...
Podemos fugir!

Margô: - Não, Luiz. Só nos cabe aceitar!


(Dança 02 com dramaturgia).

Narrador: - E em um último momento, em um momento de despedida,


Luiz pode ter Margô em seus braços. Ele pode sentir o perfume de sua
amada, que logo escorregou de entre seus braços e partiu.

- Ali estava Luiz, praticamente sem chão e em profunda tristeza. A


dor da saudade era tão grande que ele implorava pela morte.

Luiz: - Em meu último suspiro, acredito que:

A escuridão abraçou minha alma vazia

Vejo meu mundo se diluindo, sufocado pela


Mortalha do destino.
Gotas rubras pingam de meus pulsos dilacerados
Frias, sem dor, sem vidas... 
Nada mais importa, apenas meu último suspiro.
Vejo a luz esvanecer e a escuridão eterna me engolfar. 
Sinto o mórbido sussurro da morte me chamando,
Enquanto a chuva entoa sua lamuria no vale da névoa fúnebre.

Minha essência melancólica mergulha


Na solidão da natureza morta. 
Agora eu posso vagar ao lado dos emissários do silêncio,
Nas sombras gélidas, eu caminho em meio aos túmulos ermos 
Sentindo as brisas deprimentes soprarem minha lapide! 
Meu mundo agoniza, tudo que resta, são memórias esquecidas.

No orvalho da floresta, minhas cinzas caem e


São sopradas pelos ventos frios do inverno.
Agora posso voar como os corvos,
Enquanto meu espírito mórbido descansa 
No vale do silêncio eterno.

Narrador: - Mas para Luiz ainda existia uma esperança - os seus


amigos.
(Luiz levanta-se e vai de encontro aos seus amigos, em uma mesa de bar)

Amigo 01: Fala Luiz. Senta aí! O que houve? Está meio triste.

Luiz: - Margô foi embora. Os pais dela descobriram sobre nós, falaram
que eu sou um “pé rapado”, que não tenho onde cair morto, e mandaram
ela pra Inglaterra. Eu não sei mais o que vou fazer da minha vida, estou
muito triste, em profunda depressão.

Amigo 02: - Depressão? (Os amigos riem) – Isso é coisa de veado, Luiz.

Amigo 03: - Depressão é coisa de rico, mano. Isso é frescura, falta do


que fazer... Só fica pensando nessa “mina”. Desencana! Vamos lá para o
“Mandela”.
(Os amigos então carregam Luiz, o deixam no meio do pátio jogado no chão, e
vão embora).

(Pessoas então passam, olham para Luiz e vão embora).

Luiz: - Socorro! Ajudem-me... Socorro. Preciso de ajuda. (Luiz repete isso


várias vezes em quanto as pessoas passam).

Narrador: - As pessoas vêem Luiz sofrer, chorar e em profunda


depressão por causa do amor não correspondido. E mesmo assim,
passam direto e vão embora, sem dar a mínima atenção. Luiz então
encontra na escrita, na dedicação a poesia um refúgio. E debaixo do céu
estrelado, do sereno e com seu violão ele declama suas poesias.

Luiz: - E meu último soneto...

Já da noite o palor me cobre o rosto,


Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,


Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...

Eis o estado em que a mágoa me tem posto!


 
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

 
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,

Olhos por quem viveu quem já não vive!

Narrador: - E então Luiz achou uma solução para acabar com todo o seu
sofrimento.

Luiz: - Oh, morte. Vem!


(Entra então a morte, e dá a Luiz uma corda – com a qual ele se enforca).

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