Você está na página 1de 8

Respostas estão ao final, aqui somente pesquisa.

Maryanne Duarte.

Ação: inventário de Geraldo Sebastião da Silva, falecido em 12/01/2006, em cujo rol de


herdeiros constam cinco filhos do primeiro casamento, mais três filhos do matrimônio
contraído com Maria Aparecida da Silva, pelo regime da comunhão parcial de bens.
Decisão: o Juízo de primeiro grau, considerando a renúncia à herança dos três filhos
frutos do segundo matrimônio do falecido, e que o cônjuge sobrevivente concorre com
os descendentes dele quanto aos bens particulares, determinou a correção da partilha
judicial “para atribuir à viúva a fração ideal equivalente a 1/9 dos bens particulares do
de cujus e a sua meação naqueles bens comuns havidos na constância do casamento,
ou seja, 5/10”. Atribuiu, ainda, “a cada um dos herdeiros não renunciantes, 8/45 nos
bens particulares, e 1/10 nos bens comuns”
Da interpretação do art. 1.829, I, do CC/02 02.
Como a morte põe fim aos vínculos que unem alguém aos seus bens, assim também
dissolve o casamento e a união estável, a lei estabelece a imediata transferência da
propriedade dos bens do falecido aos seus herdeiros legítimos e testamentários (art.
1.784 do CC/02), a fim de preservar o patrimônio no domínio do mesmo grupo
familiar, ou no de quem com aquele, ao menos em tese, nutre laços de afetividade. 03.
Até o advento da Lei n.º 6.515/77 (Lei do Divórcio), vigeu no Direito brasileiro, como
regime legal de bens, o da comunhão universal, que confere ao cônjuge a meação
sobre a totalidade do patrimônio do casal, ficando excluído o consorte da concorrência
à herança. 04 A partir da vigência da Lei do Divórcio, contudo, o regime legal de bens
no casamento passou a ser o da comunhão parcial, o que foi referendado pelo art.
1.640 do CC/02, e segundo o qual se comunicam os bens que sobrevierem ao casal, na
constância do casamento, consideradas as exceções legais previstas no art. 1.659 do
CC/02 (art. 1.658 do CC/02). 05. Essa mudança do regime legal, no entanto, fez surgir
uma preocupação, externada na Exposição de Motivos do Supervisor da Comissão
Elaboradora e Revisora do CC/02, prof. Miguel Reale, de que “especial atenção devia
ser dada aos direitos do cônjuge supérstite em matéria sucessória” evidenciando, com
isso, a influência que a autonomia da vontade exercida com a escolha do regime de
bens exerce sobre o direito de herança. Afirmou, então, o jurista:
Seria, com efeito, injustificado passar do regime da comunhão universal, que
importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges,
para o regime da comunhão parcial, sem se atribuir ao cônjuge supérstite o
direito de concorrer com descendentes e ascendentes. Para tal fim, passou o
cônjuge a ser considerado herdeiro necessário, com todas as cautelas e
limitações compreensíveis em questão tão delicada e relevante, a qual
comporta diversas hipóteses que exigiram tratamento legal distinto.
06. De fato, se o espírito dessa mudança foi evitar que um consorte fique ao
desamparo com a morte do outro, essa celeuma não se resolve simplesmente
atribuindo-lhe concorrência na partilha apenas dos bens particulares, quando houver,
porque podem eles ser insignificantes, se comparados aos bens comuns existentes e
amealhados durante toda a vida conjugal. 07. Nesse contexto, mais justo e
consentâneo com aquela preocupação é permitir que o sobrevivente herde, em
concorrência com os descendentes, a parte do patrimônio que ele próprio construiu
com o falecido, porque é com a respectiva metade desses bens comuns que ele pode
contar na falta do outro, assim na morte como no divórcio. 08. Não lhe devem tocar,
pois, os bens particulares; justamente aqueloutros que, no exercício da autonomia da
vontade, os nubentes optaram – seja por não terem elegido regime diverso do legal,
seja pela celebração do pacto antenupcial – por manter incomunicáveis, excluindo-os
expressamente da comunhão, como preveem os arts. 1.659 e 1.661 do CC/02 para o
regime da comunhão parcial de bens. 09. Se esses bens exclusivos de um cônjuge não
são partilhados com o outro no divórcio, pela mesma razão, não o devem ser após a
sua morte, sob pena de infringir o que ficou acordado entre eles no momento em que
decidiram se unir em matrimônio. 10. Ademais, a partilha dos bens particulares entre
os descendentes e o consorte pode gerar a indesejável transferência desse patrimônio
– de que era titular apenas o falecido, frise-se – a terceiros que em nada contribuíram
para sua formação ou que nenhuma relação de parentesco ou afetividade tinham com
o de cujus. Vale dizer, acaso o cônjuge sobrevivente, com filhos, venha a se casar
novamente – o que não é incomum –, abre-se a possibilidade, em se adotando o
regime legal de bens, de o novo consorte vir a ser proprietário de fração do patrimônio
particular herdado do falecido do primeiro casamento, em detrimento, inclusive, dos
próprios filhos deste. 11. Então, se a vontade for a de compartilhar todo o seu
patrimônio, a partir do casamento, assim devem instituir os nubentes em pacto
antenupcial, o que não exclui, evidentemente, a possibilidade de qualquer dos dois
dispor, por testamento, de seus bens particulares, desde que respeitada a legítima,
reservando-os ou parte deles ao consorte sobrevivente. Assim, mantém seu
patrimônio exclusivo, em caso de divórcio, mas resguarda o cônjuge supérstite, acaso
venha a antes dele falecer. 12. Outrossim, a permanecer a interpretação conferida por
parte da doutrina, de que o cônjuge casado sob o regime da comunhão parcial herda
em concorrência com os descendentes, inclusive no tocante aos bens particulares,
teremos no Direito das Sucessões, em verdade, a transmutação do regime escolhido
em vida – comunhão parcial de bens – nos moldes do Direito Patrimonial de Família,
para o da comunhão universal, somente possível de ser celebrado por meio de pacto
antenupcial por escritura pública. A adoção desse entendimento viola a essência do
próprio regime estipulado. 13. Logo, essa não é a melhor interpretação do art. 1.829, I,
do CC/02, porque, além do mais, conflita com os princípios que regem o atual diploma
– citem-se, a propósito, dignidade da pessoa humana, autonomia privada,
autorresponsabilidade, confiança legítima, boa fé, eticidade – bem assim com as
finalidades por ele perseguidas e com os dispositivos que tratam do regime legal de
bens. 14. A melhor interpretação, portanto, é aquela que prima pela valorização da
vontade das partes na escolha do regime de bens, mantendo-a intacta, assim na vida
como na morte dos cônjuges. Desse modo, preserva-se o regime da comunhão parcial
de bens, de acordo com o postulado da autodeterminação, ao contemplar o cônjuge
sobrevivente com o direito à meação, além da concorrência hereditária sobre os bens
comuns, haja ou não bens particulares, partilháveis, estes, unicamente entre os
descendentes. 15. Convém ressaltar, a propósito, que afastar o cônjuge da
concorrência hereditária com os descendentes, no que toca aos bens comuns,
simplesmente porque já é meeiro, é igualar dois institutos que tem naturezas
absolutamente distintas: a meação nada mais visa que resguardar o patrimônio do
cônjuge supérstite, que já lhe é próprio em virtude da dissolução do casamento pela
morte; a herança, por sua vez, é composta apenas dos bens do falecido, esses sim
distribuídos aos seus sucessores, dentre os quais se inclui o consorte sobrevivente. 16.
A meação, portanto, preserva com o meeiro aquilo que já era – e sempre foi – seu por
direito próprio, e não pode, por isso, ser critério interpretativo do correspondente
direito de sucessão, porque com este não se confunde. 17. De igual modo, não se pode
afirmar que essa concorrência põe o cônjuge em situação de vantagem quanto aos
descendentes; ao contrário, se a tendência natural da vida é os ascendentes morrerem
antes dos descendentes, o mais provável é que venham estes a herdar o que aquele
recebeu por herança do primeiro falecido. 18. Assim, se o CC/02 erigiu o cônjuge
sobrevivente a herdeiro necessário, não pode ser ele excluído da sucessão, em
concorrência com os descendentes, apenas porque o falecido deixou – ou não deixou,
a depender da corrente interpretativa do art. 1.829, I, do CC/02 – bens particulares.
19. Nesse sentido, concluiu a 3ª Turma do STJ, no julgamento do REsp 1.117.563/SP
(minha relatoria, DJe de 06/04/2010):
Direito das sucessões. Recurso especial. Inventário. De cujus que, após o
falecimento de sua esposa, com quem tivera uma filha, vivia, em união estável,
há mais de trinta anos, com sua companheira, sem contrair matrimônio.
Incidência, quanto à vocação hereditária, da regra do art. 1.790 do CC/02.
Alegação, pela filha, de que a regra é mais favorável para a convivente que a
norma do art. 1829, I, do CC/02, que incidiria caso o falecido e sua
companheira tivessem se casado pelo regime da comunhão parcial. Afirmação
de que a Lei não pode privilegiar a união estável, em detrimento do
casamento. - O art. 1.790 do CC/02, que regula a sucessão do 'de cujus' que
vivia em comunhão parcial com sua companheira, estabelece que esta
concorre com os filhos daquele na herança, calculada sobre todo o patrimônio
adquirido pelo falecido durante a convivência.

- A regra do art. 1.829, I, do CC/02, que seria aplicável caso a companheira


tivesse se casado com o 'de cujus' pelo regime da comunhão parcial de bens,
tem interpretação muito controvertida na doutrina, identificando-se três
correntes de pensamento sobre a matéria: (i) a primeira, baseada no
Enunciado 270 das Jornadas de Direito Civil, estabelece que a sucessão do
cônjuge, pela comunhão parcial, somente se dá na hipótese em que o falecido
tenha deixado bens particulares, incidindo apenas sobre esses bens; (ii) a
segunda, capitaneada por parte da doutrina, defende que a sucessão na
comunhão parcial também ocorre apenas se o 'de cujus' tiver deixado bens
particulares, mas incide sobre todo o patrimônio, sem distinção; (iii) a terceira
defende que a sucessão do cônjuge, na comunhão parcial, só ocorre se o
falecido não tiver deixado bens particulares. - Não é possível dizer,
aprioristicamente e com as vistas voltadas apenas para as regras de sucessão,
que a união estável possa ser mais vantajosa em algumas hipóteses, porquanto
o casamento comporta inúmeros outros benefícios cuja mensuração é difícil. -
É possível encontrar, paralelamente às três linhas de interpretação do art.
1.829, I, do CC/02 defendidas pela doutrina, um quarta linha de interpretação,
que toma em consideração a vontade manifestada no momento da celebração
do casamento, como norte para a interpretação das regras sucessórias. -
Impositiva a análise do art. 1.829, I, do CC/02, dentro do contexto do sistema
jurídico, interpretando o dispositivo em harmonia com os demais que
enfeixam a temática, em atenta observância dos princípios e diretrizes teóricas
que lhe dão forma, marcadamente, a dignidade da pessoa humana, que se
espraia, no plano da livre manifestação da vontade humana, por meio da
autonomia privada e da consequente auto responsabilidade, bem como da
confiança legítima, da qual brota a boa fé; a eticidade, por fim, vem
complementar o sustentáculo principiológico que deve delinear os contornos
da norma jurídica. - Até o advento da Lei n.º 6.515/77 (Lei do Divórcio), vigeu
no Direito brasileiro, como regime legal de bens, o da comunhão universal, no
qual o cônjuge sobrevivente não concorre à herança, por já lhe ser conferida a
meação sobre a totalidade do patrimônio do casal; a partir da vigência da Lei
do Divórcio, contudo, o regime legal de bens no casamento passou a ser o da
comunhão parcial, o que foi referendado pelo art. 1.640 do CC/02. - Preserva-
se o regime da comunhão parcial de bens, de acordo com o postulado da
autodeterminação, ao contemplar o cônjuge sobrevivente com o direito à
meação, além da concorrência hereditária sobre os bens comuns, mesmo que
haja bens particulares, os quais, em qualquer hipótese, são partilhados apenas
entre os descendentes. Recurso especial improvido.

2.a. Da aplicação do direito à espécie (violação dos arts. 1.658, 1.659, 1.661 e 1.829,
I, todos do CC/02)
20. No particular, o TJ/MG confirmou a partilha que atribuiu à viúva, Maria Aparecida
da Silva, a fração ideal de 1/9 dos bens particulares relacionados, garantida a meação
de um veículo (fls. 299/300, e-STJ), em contrariedade, pois, à interpretação a ser dada
ao art. 1.829, I, do CC/02, e ao disposto nos arts. 1.658, 1.659 e 1.661 do mesmo
diploma legal. 21. Deve, pois, ser corrigida a partilha para excluir do quinhão de Maria
Aparecida da Silva – e acrescer ao dos demais herdeiros – a fração incidente sobre os
bens particulares do de cujus e, ao mesmo tempo, a par da meação da viúva, incluir
em seu quinhão a fração correspondente ao bem comum, observada a concorrência
com os filhos não renunciantes.
STJ – Viúva que era casada em comunhão parcial entra apenas na herança dos bens
comuns

O cônjuge sobrevivente que era casado sob o regime da comunhão parcial de bens não
concorre com os descendentes na partilha de bens particulares do falecido, mas, além
de ter direito à meação, não pode ser excluído da sucessão dos bens comuns, em
concorrência com os demais herdeiros. O entendimento é da Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na ação de inventário que deu origem ao recurso especial, o juízo de primeiro grau
considerou que uma viúva que fora casada em regime de comunhão parcial, além da
meação a que tinha direito (metade do patrimônio conjunto adquirido durante o
casamento), deveria entrar na divisão dos bens particulares do marido (aqueles que
ele tinha antes de casar), concorrendo na herança com os descendentes dele.
A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Diante disso, o espólio
do falecido recorreu ao STJ para pedir a exclusão da viúva na partilha dos bens
particulares.
Os ministros decidiram o caso com base na interpretação do artigo 1.829, inciso I, do
Código Civil de 2002 (CC/02), segundo o qual, “o cônjuge supérstite casado sob o
regime da comunhão parcial de bens integra o rol dos herdeiros necessários do de
cujus, quando este deixa patrimônio particular, em concorrência com os
descendentes”.
Bens exclusivos
A ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso especial, lembrou que, antes da Lei do
Divórcio, o regime natural de bens era o da comunhão universal, “que confere ao
cônjuge a meação sobre a totalidade do patrimônio do casal, ficando excluído o
consorte da concorrência à herança”.
A partir da vigência da Lei 6.515/77, o regime natural passou a ser o da comunhão
parcial, “segundo o qual se comunicam os bens que sobrevierem ao casal, na
constância do casamento, consideradas as exceções legais”, afirmou.
Segundo a ministra, essa mudança, que foi confirmada pelo CC/02, fez surgir uma
preocupação, porque seria injustificável passar do regime da comunhão universal, no
qual todos os bens presentes e futuros dos cônjuges são comunicáveis, para o regime
da comunhão parcial – sem dar ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrer com
descendentes e ascendentes na herança.
Por essa razão, o cônjuge passou a ser considerado herdeiro necessário. Para Andrighi,
“o espírito dessa mudança foi evitar que um consorte fique ao desamparo com a
morte do outro”.
Apesar disso, ela considera que, na comunhão parcial, os bens exclusivos de um
cônjuge não devem ser partilhados com o outro após a sua morte, “sob pena de
infringir o que ficou acordado entre os nubentes no momento em que decidiram se
unir em matrimônio” (artigos 1.659 e 1.661 do CC).
Para a relatora, a interpretação mais justa do artigo 1.829, inciso I, do CC é aquela que
permite que o sobrevivente herde, em concorrência com os descendentes, a parte do
patrimônio que ele próprio construiu com o falecido, “porque é com a respectiva
metade desses bens comuns que ele pode contar na falta do outro, assim na morte
como no divórcio”.
Melhor interpretação
Em seu entendimento, a interpretação de parte da doutrina de que o cônjuge herda,
em concorrência com os descendentes, tanto os bens comuns quanto os particulares,
representa “a transmutação do regime escolhido em vida”. Além disso, para ela, essa
interpretação conflita com os princípios da dignidade da pessoa humana, autonomia
privada, autorresponsabilidade, confiança legítima, boa-fé e eticidade.
Por fim, a ministra ressaltou que “afastar o cônjuge da concorrência hereditária no que
toca aos bens comuns, simplesmente porque já é meeiro, é igualar dois institutos que
têm naturezas absolutamente distintas”: a meação e a herança.
Andrighi disse que a meação já é do viúvo em virtude da dissolução do casamento pela
morte, enquanto a herança “é composta apenas dos bens do falecido, estes sim
distribuídos aos seus sucessores, dentre os quais se inclui o consorte sobrevivente”.
Processos: REsp 1377084

Respostas
1. Qual o efeito jurídico para o cônjuge da separação fática no Direito das
Sucessões? A culpa tem relevância para a participação do cônjuge sobrevivente?
A separação meramente de fato do casal, para as sucessões abertas antes da vigência do
Código atual, visto que, os requisitos a vocação se apuram segundo a lei vigente no momento
da morte. Sendo superior a 2 anos, na data da abertura da sucessão, a separação de fato
afasta a vocação do cônjuge, beneficiando, conforme o caso, os descendentes, os ascendentes
ou os parentes colaterais. Tal separação pode resultar de determinação judicial quando for
decretada como medida cautelar, desde que a abertura da sucessão tenha ocorrido mais de
um biênio após sua execução.
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação
judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte,
comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a
possível brevidade.

Se, no entanto, a convivência cessara sem culpa do sobrevivente, será ele chamado a suceder
o de cujus. O ônus da prova das circunstâncias em que se iniciou a separação de fato recai
sobre o cônjuge que reivindique para a qualidade de sucessor.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da
morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois
anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do
sobrevivente.
2. A existência de mais de um imóvel residencial no inventário pode impossibilitar o
reconhecimento do direito real de habitação (art. 1.831)? Existe divergência
jurisprudencial ou doutrinária? Um novo casamento ou a constituição de nova
união estável pode extinguir o direito real de habitação?
O direito real de habitação sobre imóvel residencial familiar, continua sujeito a umas das
condições do direito anterior, desde que seja o único daquela natureza a inventariar, mas
passa a ser reconhecido em favor do cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, e não
somente no de comunhão universal.

O STJ entendeu que, o titular do direito real de habitação pode valer-se dos interditos
possessórios, inclusive contra algum compossuidor (REsp. nº 616.027-SC);

A constituição desse direito independe de registro (REsp’s nº 74.729, Lex STJ 107/18, e
565.820-PR);

O titular do direito real de habitação pode opor-se ao pedido de extinção de condomínio,


formulado por coerdeiro (REsp’s 107.273-PR e 234.276-RJ).

O diploma traçou clara linha divisória entre as figuras da união estável, entendida como aquela
entre homem e a mulher, configurada na convivência pública, continua e duradora e
estabelecida com o objetivo de constituição de família, art. 1.723, CC/2002.

Já o concubinato, são as relações não eventuais entre homem e a mulher, impedidos de casar-
se.

A concubina, falta, segundo a lei nova, vocação hereditária, no terreno da sucessão legítima; e
no da testamentária, em princípio, não se reconhece á concubina do de cujus legitimação para
suceder o testador casado, ressalvada apenas a hipótese em que o ultimo, sem culpa sua,
esteja separado de fato do cônjuge por período superior a 5 anos, art. 1.801, III; em se
tratando, porém, de testador desimpedido, solteiro, divorciado ou viúvo, a concubina pode ser
instituído herdeiro ou legatário, por manifestação de ultima vontade.

O homem e a mulher impedida de casar-se podem, em determinadas circunstâncias, e não


obstante aquele impedimento, constituir união estável, caso em que, na condição de
companheiros, tem vocação hereditária, o primeiro em relação a segunda, e vice e versa. No
direito real de habitação sobre o imóvel destinado a residência familiar, sujeito, porém, a
resolução em virtude de união estável ou de casamento de seu titular.

3. O art. 1.832 do CC/02 garante ao cônjuge sobrevivente a reserva mínima de ¼ dos


bens na concorrência com descendentes comuns, contudo, não prevê solução
para a hipótese de filiação hibrida. Quais as correntes existentes para esta
situação na doutrina e na jurisprudência?
Uma das correntes seria que a expressão “filhos comuns” deveria ser lida como descendentes
comuns, isso quer dizer que, concorrendo a herança estes e o companheiro do de cujus, a
partilha se fará por cabeça, aquinhoando-se igualmente a tosos os sucessores chamados por
direito próprio, tal como se passa na sucessão simultaneamente aberta em favor do cônjuge e
de descendentes comuns, mas dela distinguindo-se em que o novo Código em nenhum caso
reservou quota mínima ao companheiro.
A segunda hipótese, concorrem “descendentes só do autor da herança” e o companheiro,
dizendo a lei que ao último tocará “a metade do que couber a cada um daqueles”. A “metade”,
a que se refere o texto legal, deve ser, pois, calculada sobre a fração que couber aos
descendentes chamados por direito próprio: havendo a simultânea vocação de filhos e netos
do de cujus, que não sejam descendentes também do companheiro, a parte deste deverá
corresponder a metade do que tocar singularmente a cada filho e a estirpe do filho pre morto.

De acordo com o art. 227, §6º, da Constituição Federal, dispõe: “Os filhos, havidos ou não da
relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.”

4. Os chamados pactos sucessórios têm validade no nosso sistema jurídico?


(Autonomia privada x norma sucessória). Seria possível renunciar à herança em
um pacto antenupcial?
Os pactos sucessórios, embora sobreviva no direito alemão, desapareceu do nosso
ordenamento jurídico a partir da lei de 22 de setembro de 1.828. O projeto Beviláqua a ele se
referiu, para sujeitá-las as normas da sucessão testamentária. Em outras palavras, no nosso
código não tem cabimento, porque somente há de cogitar da sucessão legítima e da
testamentária, limitada esta as formas adotadas de modo taxativo, numerus clausus.

A doação propter nuptias como a que se beneficias a prole de determinado casal, concilia-se
o instituto da doação com a sucessão por morte, porque poderão os seus efeitos ocorrer
depois da abertura da sucessão do doador. Nesse caso, a doação se realiza com o caráter
mortis causa, mas vem subordinada a condição legal, requisito, de se lhe seguirem as bodas,
o efeito posterior a morte do doador será, portanto, mera coincidência, que não interfere
com a natureza jurídica do ato.

Você também pode gostar