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DOI: 10.1590/1413-812320152110.

15262016 3007

Deficiência como restrição de participação social:

ARTIGO ARTICLE
desafios para avaliação a partir da Lei Brasileira de Inclusão

Disability as a restriction on social participation:


challenges in evaluation since the Brazilian Inclusion
of People with Disabilities Act

Wederson Santos 1

Abstract This article discusses the main advances Resumo O artigo discute os principais avanços
and challenges for understanding and evaluating e desafios em avaliar a deficiência como restrição
disability as a restriction for social participation. de participação social. Essa nova compreensão é
This new understanding has its origins in the 2006 oriunda da Classificação Internacional de Funcio-
WHO International Classification of Function- nalidade, Incapacidade e Saúde – CIF da OMS de
ing, Disability, and Health – ICF, the 2001 UN 2001, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
Convention on the Rights of Persons with Disabil- com Deficiência da ONU de 2006 e, mais recen-
ities, and more recently, the July 2015 Brazilian temente, da Lei Brasileira de Inclusão – LBI, de
Inclusion of People with Disabilities Act (IPDA), 2015, conhecida também como Estatuto da Pessoa
also known as the Statute on Persons with Dis- com Deficiência. A mudança de compreensão so-
abilities. The change in the understanding of dis- bre a deficiência de uma perspectiva meramente
ability from a merely biomedical perspective, to biomédica, para uma compreensão como desi-
an understanding that is based on oppression and gualdade social reforça a ideia da deficiência não
social inequality reinforces the idea that disability como atributo individual, mas como resultado de
is not an individual attribute, but the result of a uma sociedade despreparada para a diversidade
society that is not prepared for human diversity. humana. A partir de uma análise documental do
Based on a legislative analysis of the many doc- marco legislativo sobre as políticas para as pessoas
uments on policies regarding persons with dis- com deficiência, sobretudo, da LBI e das avalia-
abilities, notably the IPDA and the evaluations of ções da deficiência que já utilizam a CIF no país,
disability that the ICF already uses in Brazil, the o argumento defendido é o de que classificar e va-
main contention proposed is that classifying and lorar a deficiência nessa perspectiva é desafiante
valuing disability is challenging for professional para profissionais avaliadores e para as políticas
1
Secretaria Nacional de evaluators as well as for Brazilian public policy. públicas brasileiras. Principalmente, devido aos
Promoção dos Direitos das
Pessoas com Deficiência, This is mainly due to the challenges of recognizing desafios para apreciar as barreiras e os fatores am-
Secretaria de Direitos the barriers and environmental factors that ham- bientais que impedem a plena participação das
Humanos, Presidência da per the full participation in society of people with pessoas com deficiência na sociedade.
República. Setor Comercial
Sul – B/Quadra 9/Lote C/ disabilities. Palavras-chave Deficiência, Avaliação, Funcio-
Edifício Parque Cidade Key words Disability, Assessment, Functionality, nalidade, Barreiras, Fatores Ambientais
Corporate/Torre A/10º Barriers, Environmental factors
andar, Asa Sul. 70308-
200 Brasília DF Brasil.
w.santos@anis.org.br
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Santos W

Introdução incorporação da compreensão da deficiência no


arcabouço do modelo social para influenciar as
Quando se mudam as perspectivas analíticas de ações públicas ao redor do mundo2. É o caso da
um tema em função das mudanças paradigmá- elaboração e publicação da International Clas-
ticas leva tempo até as novas compreensões al- sification of Functioning, Disability and Health
cançarem as práticas cotidianas1. Essa afirmação (Classificação Internacional de Funcionalidade,
também é válida para a compreensão e descrição Incapacidade e Saúde – CIF, na tradução brasilei-
da deficiência. Na perspectiva epistemológica e ra) pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
teórica, a compreensão sobre a deficiência para em 2001, orientando os modos de apreender,
explicá-la mudou radicalmente nos últimos qua- compreender, descrever e avaliar a deficiência
renta anos2. Até os anos 1970, o saber médico como um estado/condição de saúde4. Além disso,
possuía uma hegemonia para explicar e intervir houve a discussão e a elaboração da Convenção
nessas questões. A partir de então, houve um sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
deslocamento para os saberes das ciências so- aprovada pela Assembleia Geral das Nações Uni-
ciais. Estes passaram a compreender a deficiência das (ONU) em 2006, sendo orientada pelas mes-
como um dos aspectos componentes da diversi- mas diretrizes políticas e conceituais do modelo
dade humana, cujas atitudes públicas, culturais social da deficiência5.
e institucionais deveriam tratar as demandas das Dessa forma, quase quarenta anos se passa-
pessoas com deficiência na esfera da promoção ram até a mudança paradigmática da deficiência
da justiça social. Os primeiros sinais de mudan- alcançar o cotidiano das pessoas com deficiência.
ça paradigmática na compreensão da deficiência Mesmo assim, esse alcance está longe de ser de-
surgiram ao longo dos anos 19702. No entanto, as finitivo, homogêneo e livre de controvérsias nos
mudanças nas legislações, nos direitos e no coti- países que o promovem. A CIF, por exemplo,
diano das pessoas têm sentido o reflexo do novo apresenta um singular avanço em criar condi-
paradigma, de forma mais contundente, somente ções efetivas para avaliar e intervir nas questões
a partir dos anos 2000. relativas à deficiência e saúde, partindo de uma
Esse novo modelo teórico de compreensão perspectiva biopsicossocial para fortalecer o
sobre a deficiência ficou conhecido como mo- olhar interdisciplinar. Entretanto, há diretrizes
delo social2,3. O modelo social teve origem nos frágeis na estrutura da CIF, como por exemplo,
movimentos sociais das pessoas com deficiência nos domínios relacionados ao mundo do traba-
no Reino Unido, que pautaram a insuficiência lho e como devem ser apreciados no universo
do paradigma biomédico em descrevê-la como das pessoas com condições de saúde específicas.
uma experiência de desigualdade e opressão3. Essas fragilidades ainda por resolver podem lo-
Aos poucos, o modelo social adentrou os espaços grar avanços sutis da CIF na superação da hege-
acadêmicos, favorecendo uma profunda revisão monia biomédica no campo da deficiência3. Por
das teorias sociais que ofereciam leituras ana- sua vez, a adoção da Convenção sobre os Direitos
líticas para as situações de opressão pelo corpo das Pessoas com Deficiência pelos Estados Par-
em trajetória semelhante a de outras temáticas, tes não significa a aplicação imediata de todos
como o feminismo, as teorias de gênero e antir- os seus princípios estruturantes, tais como os da
racistas, que também denunciaram construções autonomia, da não discriminação, da capacidade
históricas de opressão2. Após esse movimento, civil e do desenho universal5. Os Estados Partes
o próximo passo foi a revisão de marcos legis- precisam encontrar e promover as melhores es-
lativos e jurídicos ao redor do mundo para levar tratégias para essa aplicação de acordo com suas
adiante incorporações de princípios do modelo realidades regionais particulares.
social nas políticas públicas voltadas para as pes- O caso brasileiro é emblemático diante de ou-
soas com deficiência. tras realidades globais6,7. Poucos anos depois da
De um lado, houve a força dos movimentos tradução da CIF para o português no Brasil, uma
sociais defensores da guinada da atenção à defi- política assistencial não contributiva direcionada
ciência em direção à promoção da justiça social. para pessoas com deficiência na extrema pobreza
Do outro, houve a consolidação de um campo passou a ser a primeira política de grande alcance
cada vez mais forte na área de ciências humanas a utilizar, em 2007, a CIF para avaliação das defi-
e sociais denominado disability studies (estudos ciências com objetivo de conceder benefícios7. O
sobre deficiência) para contrapor a hegemonia Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei
do saber médico. Frutos desse encontro, marcos Orgânica da Assistência Social (LOAS), garantido
legais em acordos internacionais possibilitaram a atualmente a mais de 2,354 milhões de pessoas
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com deficiência, passou a incorporar o que es- nas comunicações, atitudinais e tecnológicas10.
tabelece a CIF, deixando de utilizar as diretrizes Sendo assim, para a caracterização da deficiên-
da Classificação Internacional de Doenças e Pro- cia, além da avaliação das Estruturas, Funções
blemas relacionados à Saúde (CID), da mesma do Corpo, dos Fatores Ambientais, Atividades e
OMS. Em 2013, a Previdência Social brasileira, Participação como estabelecidos na CIF, a apre-
em um caminho semelhante, passou a adotar a ciação dos tipos de barreiras descritas na LBI são
CIF na avaliação das pessoas com deficiência no fundamentais para a consideração da deficiência
momento de solicitarem a aposentadoria em ra- na perspectiva do modelo social e da Convenção.
zão da publicação da Lei Complementar n° 1428. Isto é, da deficiência como restrição de partici-
Essa Lei passou a conceder de forma diferencia- pação social.
da as aposentadorias às pessoas com deficiência, O objetivo deste artigo é realizar uma análise
levando-se em consideração graus variados da documental do marco legislativo brasileiro sobre
deficiência8. as políticas para as pessoas com deficiência, prin-
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas cipalmente no que tange aos desafios em ava-
com Deficiência aprovada em Assembleia Geral liar e classificar a deficiência como restrição de
das Nações Unidas em 2006 foi ratificada pelo participação social. A perspectiva relacional da
Brasil em 2008 com status de emenda constitu- deficiência que a descreve a partir da interação
cional, por meio do Decreto 6.949 publicado em dos impedimentos corporais (lesões ou altera-
20095,9. A Convenção estabelece como pessoas ções nas estruturas e funções) com as barreiras
com deficiências “aquelas que têm impedimentos não é simples de ser instrumentalizada em uma
corporais de longo prazo de natureza física, inte- avaliação técnica e objetiva. A LBI estabelece em
lectual, mental ou sensorial, os quais em intera- seu art. 2º no §1º que “a avaliação da deficiência,
ção com as diversas barreiras podem obstruir sua quando necessária, será biopsicossocial, realizada
plena participação na sociedade em igualdade de por equipe multiprofissional e interdisciplinar” e
condições com as demais pessoas”5. A legislação no §2º que “o Poder Executivo criará instrumen-
do BPC passou a utilizar esse conceito em 2009 e, tos para avaliação da deficiência”, em até dois
desde sua criação, a LC 142 da aposentadoria das anos a partir da vigência da Lei, isto é, até 201810.
pessoas com deficiência já o utiliza. Esse concei- O argumento do artigo é o de que classificar e va-
to é afirmação da deficiência no arcabouço dos lorar a deficiência nessa perspectiva é desafiante
direitos humanos não mais como um atributo para profissionais avaliadores e para as políticas
individual, imutável e morfo-biológico, mas que públicas brasileiras, principalmente devido aos
resulta das interações entre um corpo com uma desafios para apreciar em uma avaliação técnica
condição de saúde específica e as diversas barrei- as barreiras e os fatores ambientais que impedem
ras ambientais e atitudinais. Assim, as barreiras a plena participação das pessoas com deficiência
são elementos centrais para a caracterização da na sociedade. Dessa forma, as experiências bra-
deficiência na nova perspectiva. A CIF, nesse sen- sileiras das políticas de Previdência e Assistência
tido, oferece elementos para descrever as barrei- Social que já se utilizam da CIF e da Convenção
ras enfrentadas pelas pessoas com deficiência em para avaliação da deficiência são inspirações para
cinco dimensões: barreiras no acesso a Produtos a nova forma de avaliar a deficiência para as de-
e Tecnologias, em Apoios e Relacionamentos, no mais políticas que o país deve executar até 2018.
Ambiente natural, nas Atitudes e no acesso a Ser-
viços, Sistemas e Políticas.
A Lei Brasileira da Inclusão das Pessoas com Métodos
Deficiência – LBI, Lei n° 13.146, de 2015, tam-
bém conhecida como Estatuto da Pessoa com Os resultados e a discussão a serem apresentados
Deficiência, definiu no art. 3º as barreiras como a seguir foram decorrentes da análise documen-
sendo quaisquer entraves, obstáculos, atitudes tal do marco legal das políticas públicas voltadas
ou comportamentos que limitem ou impeçam a para as pessoas com deficiência no Brasil, a saber:
participação social da pessoa, bem como o gozo, a CIF da OMS; Convenção sobre os Direitos das
a fruição e o exercício de seus direitos à acessibili- Pessoas com Deficiência das Nações Unidas; Lei
dade, à liberdade de movimento e de expressão, à n.º 13.146, de 6 de julho de 2015, a LBI; Lei n.º
comunicação, ao acesso à informação, à compre- 8.742, de 1993, a LOAS; Lei Complementar n.º
ensão, à circulação com segurança10. Além disso, 142, de 2013, sobre aposentadoria das pessoas
a LBI estabeleceu seis tipos principais de barrei- com deficiência do RGPS; Decreto de 26 de se-
ras: urbanísticas, arquitetônicas, nos transportes, tembro de 2007; Decreto de 27 de abril de 2016;
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Decreto n.º 6.214 de 26 de setembro de 2007; Classification of Impairments, Disabilities and


Decreto no 8.145, de 3 de dezembro de 2013, que Handicaps (ICIDH) de 19802,12. As ideias do mo-
regulamenta a aposentadoria da LC n.º 142; Por- delo social ainda estavam incipientes no Reino
tarias Interministeriais do Instituto Nacional do Unido, Europa e Estados Unidos da América,
Seguro Social (INSS) e do Ministério do Desen- mas com princípios claros de desmedicalização
volvimento Social e Combate à Fome – MDS. da deficiência. Embora tenha sido provocada pe-
Esses documentos foram analisados por consti- las discussões e com propostas claras em direção
tuírem o marco principal relativo a como são e ao modelo social, a OMS acabou por publicar
como deverão ser a partir da LBI as avaliações um texto final da ICIDH desconsiderando gran-
para caracterização da deficiência no país. Foi fei- de parte do debate contemporâneo capitaneado
ta análise de conteúdo dos documentos à luz do pelo próprio movimento social das pessoas com
que preceitua os princípios da Convenção sobre deficiência conjuntamente com o denominado
os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU. estudos sobre deficiência3. A ICIDH continuou
Os principais resultados foram agrupados em três centrada no modelo reabilitador da deficiência
seções, quais sejam: 1. histórico de incorporação e da individualização das causas e consequên-
do modelo social no Brasil e as questões das bar- cias dela2,13. Como o modelo social buscava levar
reiras ambientais, 2. políticas sociais brasileiras adiante formulações da deficiência para além da
que já utilizam a CIF e a Convenção no processo perspectiva biomédica, esse deslocamento com-
de avaliação da deficiência e 3. os desafios em ava- preensivo não foi integrado à formulação da ICI-
liar as barreiras e fatores ambientais da CIF para DH e, somente depois de duas décadas, a discus-
dar cumprimento ao estabelecido na LBI. são ganhou consolidação e ampliação.
Em 2001, a OMS publicou a CIF2,4. Depois de
duas décadas de debate internacional e amadure-
Resultados e discussão cimentos do modelo social da deficiência, enfim
um catálogo internacional das famílias de classifi-
Modelo social, fatores ambientais cação da OMS passou a considerá-lo. Assim, a de-
e barreiras na Lei Brasileira de Inclusão ficiência manifesta-se nas dimensões das Estrutu-
ras e Funções do Corpo, mas também dos Fatores
O modelo social partiu de uma dura crítica à Ambientais e, principalmente, no desempenho
hegemonia dos saberes biomédicos em explicar das Atividades e na restrição da Participação4. Na
a deficiência11. O objetivo não era o de desconsi- CIF, não há preocupações etiológicas para se che-
derar, por exemplo, a importância de avanços na gar à caracterização das deficiências, pois a mes-
área da medicina para a saúde das pessoas com ma visa avaliar contextos universais de estados e
deficiência. Era principalmente o de desconstruir condições de saúde7. A CIF caracteriza as defici-
a ideia da deficiência como anormalidade. Isto é, ências não pela análise das causas delas, mas pela
desmedicalizar a compreensão da deficiência e, análise das manifestações verificáveis em nove
sobretudo, deslocar as reinvindicações das pesso- domínios principais da vida relacionados à saúde
as com deficiência de um campo meramente de (1. aprendizado e aplicação dos conhecimentos,
acesso a tecnologias de saúde para outro de mu- 2. tarefas e demandas gerais, 3. comunicação, 4.
danças estruturais na sociedade para equipara- mobilidade, 5. cuidado pessoal, 6. vida domésti-
ção de oportunidades e promoção da justiça12,13. ca, 7. interações e relacionamentos interpessoais,
A deficiência deixou de ser vista como sinônimo 8. principais áreas da vida e 9. vida comunitária,
de desvantagem natural ao transferir para as so- social e cívica) e o modo como as consequências
ciedades a responsabilidade em promover igual- observáveis desses domínios impactam no de-
dade entre pessoas com e sem deficiência. Ao des- sempenho de determinadas atividades, levando à
medicalizar o corpo deficiente, foram necessários restrição na participação social2,4.
novos instrumentos analíticos para a caracteriza- A deficiência passa a ser caracterizada como
ção do que seria a experiência de alguém com de- restrição de participação social porque o princí-
ficiência, o que significou mudanças estruturais pio de funcionalidade da CIF avalia as situações
nos modelos classificatórios internacionais capi- relacionadas à saúde em um continuum. Isto é,
taneados pela OMS. todos os estados e condições de saúde globais
A primeira tentativa em levar em considera- podem ser avaliados pela CIF: a caracterização
ção os aspectos biopsicossociais para entender universal vai desde uma situação de interação
a deficiência em catálogos classificatórios inter- positiva (funcionalidade) entre Estruturas e
nacionais foi com a publicação da International Funções do Corpo com Fatores Ambientais – ou
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seja, que não levam à restrição na participação por meio da apreciação dos fatores ambientais.
social – até situações de interação negativa (como Tanto a CIF quanto a Convenção já tinham tais
incapacidades, doenças crônicas debilitantes ou princípios como prerrogativas a serem observa-
deficiências), cuja relação entre Estruturas e Fun- das com força normativa para influenciar, por
ções do Corpo e Fatores Ambientais resulta no exemplo, as políticas públicas brasileiras. Mas, o
não desempenho de atividades e a consequente assinalado na LBI não deixa dúvidas para gerar
restrição na participação social. Desse modo, os obrigação a todas as políticas públicas voltadas
cinco fatores ambientais (1. Produtos e Tecnolo- às pessoas com deficiência e, principalmente,
gias, 2. Apoios e Relacionamentos, 3. Ambiente estabelecendo prazo para o cumprimento dessa
natural, 4. Atitudes, 5. Serviços, Sistemas e Po- prerrogativa.
líticas) passam a ser decisivos para influenciar a Desde 2007, o governo federal brasileiro tem
caracterização da deficiência na perspectiva da ações para criação de novas formas de avaliar a
funcionalidade como disposta na CIF4. deficiência numa perspectiva que considera os
Em 2015, seguindo essa matriz compreensiva princípios do modelo social. Por meio da publi-
da funcionalidade e da Convenção, foi sanciona- cação do Decreto Presidencial de 26 de setembro
da a LBI no Brasil10. Após mais de treze anos de de 2007, foi instituído um Grupo de Trabalho In-
tramitação no Congresso Nacional, a LBI passou terministerial com o objetivo de avaliar o modelo
a ser um dos principais marcos legislativos para a de classificação e valoração das deficiências utili-
proteção dos direitos das pessoas com deficiência zado no Brasil e definir a elaboração e a adoção
no país. A LBI possui 127 artigos e quase trezentos de um modelo único para todo o país14. Após os
novos dispositivos que, juntos, alteram o trata- trabalhos do GT, foi publicado em 2013 o Índice
mento jurídico da questão da deficiência no país de Funcionalidade Brasileiro – IFBr, com o intui-
ancorado agora no arcabouço dos direitos huma- to de ser utilizado em todas as políticas públicas
nos. Além de afirmar e estar em consonância com brasileiras voltadas para as pessoas com defici-
o conceito de pessoas com deficiência da Conven- ência15. O IFBr é composto por 41 Atividades e
ção, o texto da LBI traz a questão das barreiras Participação de acordo com a CIF, além de contar
como uma inovação para fins de reconhecimento com uma métrica para pontuação das Atividades
e qualificação da deficiência como restrição de de acordo com a Medida de Independência Fun-
participação social. A LBI não só descreve o que cional – MIF15. A MIF gradua a realização das ati-
são as barreiras, como explicita seis principais ti- vidades a partir de uma avaliação da situação de
pos delas (arquitetônicas, urbanísticas, nos trans- dependência da pessoa para realizá-las.
portes, nas comunicação, tecnológicas e atitudi- O IFBr é utilizado desde 2014 para aplicação
nais). Como o conceito de pessoa com deficiência da aposentadoria às pessoas com deficiência16,17.
no caput do art. 2º estabelece que a deficiência é Para dar aplicação ao estabelecido no art. 2º da
resultado da interação entre o corpo com impe- LBI, o governo brasileiro passará a utilizar o IFBr
dimentos e uma ou mais barreiras, depreende-se para todas as suas políticas públicas que materia-
que basta a caracterização de uma única das seis lizam direitos às pessoas com deficiência, a partir
explicitadas para que a pessoa com impedimentos de 201818. O IFBr ainda não teve finalizada a fase
de longo prazo seja considerada com deficiência. de validação científica. Esse trabalho está mais
No parágrafo 2º da LBI está estabelecido que avançado na política previdenciária, que já o uti-
quando da necessidade das avaliações da defici- liza19. Mas, para as demais políticas públicas, a
ência, elas deverão considerar os impedimentos validação do IFBr ocorrerá ao longo dos anos de
nas funções e nas estruturas do corpo, os fatores 2016 a 201818. Como todo instrumento de avalia-
socioambientais, psicológicos e pessoais, a limi- ção, precisa de aperfeiçoamentos constantes, um
tação no desempenho de atividades, bem como dos principais pontos a ser objeto de apreciação
a restrição de participação10. Desse modo, para para melhoria do IFBr diz respeito exatamente a
avaliar a deficiência com o intuito de reconhecer como as barreiras e os fatores ambientais devem
direitos e conceder benefícios, a consideração das ser avaliados durante a aplicação do instrumento.
barreiras citadas no art. 3º da mesma Lei deve
estar intrinsecamente correlacionada, sobretudo A concepção de funcionalidade
com os fatores socioambientais para a limitação nas políticas de Seguridade Social: o caso
no desempenho de atividades e para a restrição da Assistência e Previdência Social
na participação social. A deficiência sai da ex-
clusividade dos aspectos individuais e corporais Uma das primeiras políticas que adotou na
para que sua caracterização permita ser possível íntegra o conceito de pessoa com deficiência da
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Convenção de 2006 foi a política de assistência ência no momento da requisição da aposenta-


social, por meio do BPC15. Criado em 1993, o doria, ao estabelecer que, se as do Regime Geral
BPC é um dos maiores programas de transferên- de Previdência Social forem consideradas com
cia de renda do Brasil e é responsável pela garan- deficiência leve, moderada ou grave, elas se apo-
tia de um salário mínimo mensal a mais de 3,1 sentarão, respectivamente, dois, seis ou dez anos
milhões de pessoas idosas com 65 anos ou mais mais cedo, quando comparado às pessoas sem
e pessoas com deficiência que não tenham meios deficiência16,17.
de prover sua sobrevivência, nem de tê-la provi- De acordo com o que estabelece o artigo 5º
da pela família6,7. Junto ao Programa Bolsa Famí- da Convenção, com “as medidas específicas que
lia, o BPC é visto como estruturante da política forem necessárias para acelerar ou alcançar a efe-
de assistência social e responsáveis por grandes tiva igualdade das pessoas com deficiência não
avanços na redução da pobreza e combate à desi- serão consideradas discriminatórias”5, a LC n°
gualdade no país7. 142 de 2013 buscou aperfeiçoar a política pre-
O caso do BPC é importante para analisar videnciária, por meio do princípio da equidade,
os desafios de implantar as diretrizes do modelo voltada para as pessoas com deficiência. Além
social na perspectiva da Convenção e da LBI. An- disso, passou a incorporar as diretrizes tanto da
tes mesmo de adotar o conceito da Convenção, Convenção quanto da CIF ao processo de ava-
em 2011, a legislação do benefício assistencial já liação dos requerentes da proteção previdenciá-
utilizava as diretrizes da CIF, desde 2007, para ria16,17. Como estabelece a Portaria Conjunta n°
avaliar as pessoas com deficiência requerentes da 01, de 2014, a avaliação da deficiência para os
proteção social6,7,20. Em 2007, após mais de dez requerentes da aposentadoria da LC n° 142 é rea-
anos utilizando diversos modelos distintos de lizada pela perícia médica e pelo serviço social do
avaliar as pessoas com deficiência, o MDS – ór- INSS, a fim de caracterizar a deficiência e os im-
gão responsável pela gestão do benefício assisten- pedimentos de longo prazo, além de estabelecer
cial – decidiu adotar a CIF no momento pericial a gradação das deficiências em leve, moderada e
para a concessão do benefício, a fim de incorpo- grave, como prevê a Lei17. Assim como no caso do
rar a perspectiva biopsicossocial, substituindo a BPC, na LC n° 142 busca-se garantir a interdisci-
hegemonia biomédica no processo de avaliação plinaridade como uma diretriz a ser considerada
das deficiências para a concessão do benefício no processo de avaliação das deficiências.
não contributivo7,21. Desse modo, quando houve O decreto publicado em novembro de 2014,
a ratificação da Convenção da ONU com status garantindo o início das avaliações das pessoas
constitucional no Brasil, em 2008, o funciona- com deficiências requerentes da aposentadoria
mento do BPC já estava mais sensível à incorpo- baseada na Convenção e CIF, especificou que,
ração dos princípios da Convenção e do modelo pelo período de dois anos, o processo de ava-
social da deficiência7. Desse modo, aperfeiçoar a liação das pessoas com deficiência passaria por
caracterização do público-alvo de uma política acompanhamentos e aperfeiçoamentos, com o
é uma necessidade constante em qualquer polí- objetivo de aprimorar, sobretudo, o instrumento
tica pública e, no caso do BPC, não é diferente. utilizado no processo de avaliação15,17,18. O pro-
O processo de avaliação das deficiências para a cesso de aprimoramento constante do instru-
concessão do benefício assistencial já passou por mento de avaliação diz respeito, sobretudo, às
diversas melhorias desde 2007 e, em 2015, che- formas de gradação das deficiências, mas tam-
gou a sua terceira versão dos instrumentos de bém às melhorias necessárias para promover a
avaliação, o que denota o quanto a implantação interdisciplinaridade no processo de avaliação, o
dos princípios biopsicossociais são desafiantes e que pode fortalecer em grande medida os prin-
os ajustes contínuos necessários21-24. cípios do modelo social dispostos tanto na CIF
Outra política que passou a adotar o conceito quanto na Convenção.
de pessoa com deficiência de acordo com o que Por sua vez, a avaliação da deficiência nas
estabelece a Convenção e, portanto, em confor- políticas de Assistência Social e Previdência exi-
midade com o paradigma do modelo social, foi ge um esforço teórico-metodológico importante
a de Previdência Social. Isso se deu por meio da dos profissionais avaliadores. No caso dos médi-
avaliação da aposentadoria por idade ou tempo cos peritos é o esforço de alcançar a relação entre
de contribuição das pessoas com deficiência em o processo de saúde-deficiência e as manifesta-
razão da publicação da LC n° 142, de 20138,16,17. ções verificáveis na dinâmica da vida do segurado
A LC n° 142 de 2013 teve o objetivo de oferecer ou do solicitante do BPC, utilizando as diretrizes
tratamento diferenciado às pessoas com defici- e os conceitos da CIF. Para os assistentes sociais,
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o esforço está em utilizar-se dos instrumentos tro lado, o sistema de avaliação das deficiências
baseados na CIF como intermediações técnico para a LC n° 142 possui uma estrutura arrojada
-operativas para se alcançar a relação entre ques- de caracterização da funcionalidade, tendo como
tão social e funcionalidade, para a devida carac- centralidade a avaliação do desempenho de ativi-
terização da deficiência7. dades e análises sobre a restrição na participação
Para a avaliação dos requerentes do BPC, social. É da soma dessas duas experiências que o
foram elaborados instrumentos para a perícia processo de avaliação das deficiências para dar
médica e para os assistentes sociais que deveriam cumprimento ao disposto na LBI pode tirar ins-
materializar tais premissas21. Após formação de pirações e aprendizados para as demais políticas
Grupos de Trabalho para elaborar o processo de públicas no país.
avaliação, a perícia médica passou a avaliar os
comprometimentos que existem nas Estruturas Dependência, barreiras e concepção
e Funções do Corpo, além da análise das restri- relacional da deficiência nas políticas
ções enfrentadas pelos requerentes do BPC no públicas: como avaliar?
desempenho de suas Atividades e Participação na
sociedade22-24. Por sua vez, os assistentes sociais O conceito de funcionalidade da CIF baseia-
avaliariam os Fatores Ambientais e também itens se em um modelo biopsicossocial que conside-
específicos sobre as restrições nas Atividades e ra a questão da deficiência como um problema
Participação. No caso da aposentadoria das pes- socialmente construído, relacionado com os
soas com deficiência, a avaliação é realizada com obstáculos à participação plena na sociedade
base no IFBr e ambos os profissionais avaliam as dos indivíduos com condições de saúde e altera-
mesmas 41 Atividades e Participação dispostas ções corporais específicas3,12. Ao considerar essa
no instrumento15,17,19. No entanto, o IFBr neces- concepção, o IFBr foi elaborado, no Brasil, para
sita ainda de aperfeiçoamentos para uma melhor avaliar a funcionalidade das pessoas e não apenas
avaliação das barreiras e fatores ambientais19. para reconhecer a desigualdade experimentada
Ao somar os comprometimentos nas Estru- por elas para fins de concessão de benefícios na
turas e Funções do Corpo às barreiras enfren- reparação de injustiças. Mas, também para ser
tadas nos Fatores Ambientais, às restrições no capaz de identificar quais podem ser os princi-
desempenho de Atividades e na Participação, o pais facilitadores para promover a funcionalida-
processo de avaliação busca recuperar a categoria de das pessoas15,18. No entanto, por basear-se em
funcionalidade que é central na compreensão da uma métrica de valorização da dependência das
deficiência na perspectiva da CIF. Isto reforça que pessoas para qualificar a pontuação das Ativida-
a deficiência não pode ser descrita como equiva- des e Participação, o IFBr pode não valorizar de
lente apenas ao comprometimento biológico, forma equilibrada, no momento da avaliação, os
como é na perspectiva única do saber biomédico, demais fatores ambientais e barreiras.
ou seja, do corpo deficiente como corpo anor- A dependência de terceiros para o auxílio na
mal2. A categoria de funcionalidade permite con- realização de determinadas atividades é caracte-
textualizar os impedimentos corporais (lesões e/ rizada como uma barreira, na perspectiva da CIF.
ou alterações nas funções e estruturas corporais) Ela pode aparecer, principalmente nos Fatores
nos ambientes em que as pessoas vivem para ava- Ambientais de: 1. Apoios e Relacionamentos e
liar o grau de restrição de participação social em 2. Serviços, Sistemas e Políticas, quando não há
função das barreiras enfrentadas por elas. Desse oferta de cuidadores ou assistentes pessoais por
modo, a interdisciplinaridade tem melhores con- meio de políticas ou serviços públicos. Pela CIF,
dições para executar avaliações que descrevam a a dependência para o desempenho de algumas
deficiência como ausência da funcionalidade. atividades é uma dentre várias outras barreiras.
A experiência acumulada nos sistemas de No entanto, no IFBr, a situação de dependência
avaliação da deficiência para o BPC e para a apo- das pessoas com deficiência como métrica para
sentadoria da LC n° 142 é imprescindível para os valorar as atividades e a participação social as-
desafios de utilizar o IFBr para todas as políticas sume um valor central que influencia na análise
públicas brasileiras para dar cumprimento, a de todas as atividades e, consequentemente, na
partir de 2018, ao que estabelece o art.2° da LBI18. caracterização da funcionalidade. A centralidade
O processo de caracterização da deficiência para na dependência pode gerar fragilidades na ava-
a concessão do BPC possui grandes avanços no lição da deficiência, reforçando a noção desta
que diz respeito à avaliação das barreiras enfren- como resultante apenas das condições pessoais e
tadas por uma pessoa com deficiência. Por ou- corporais e não como reflexo de uma sociedade
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opressora às diversidades19,25. Uma consequência e os fatores ambientais para a caracterização da


dessa abordagem é uma pessoa com deficiência deficiência seja procedimento subjetivo, frágil ou
sem necessidade de auxílio de outros para o de- pouco técnico. Desse modo, aperfeiçoamentos
sempenho de atividades no cotidiano, ainda que em como melhor avaliar as barreiras enfrentadas
enfrente outras barreiras, não ter a avaliação de pelas pessoas com deficiência pode significar o
sua restrição de participação social completa- fortalecimento cada vez maior da compreensão
mente apreciada. desta como restrição de participação social desde
Se a deficiência não está apenas no corpo, que a interdisciplinaridade e a multiprofissiona-
como defende o modelo social, onde ela está e lidade estejam presentes.
como avaliá-la? Ao acrescentar a análise das bar-
reiras e dos fatores ambientais como primeira Considerações finais
resposta a essa questão, surge, no caso brasilei-
ro, alertas importantes a respeito da centrali- As políticas Assistencial e Previdenciária foram
dade que a dimensão da dependência pode as- pioneiras na utilização da CIF e da Convenção
sumir – o que pode trazer riscos para a própria para avaliar e caracterizar a deficiência para fins
compreensão da deficiência na perspectiva da de reconhecimento de direitos e concessão de be-
funcionalidade. A dependência não pode ser o nefícios. Por meio de instrumentos distintos, mas
único descritor da deficiência na perspectiva da com abordagens e operacionalização semelhan-
funcionalidade. Ela objetiva e pragmatiza so- tes, as políticas Previdenciária e Assistencial fo-
bremaneira a avaliação de quais atividades uma ram as primeiras a enfrentar o desafio de avaliar
pessoa consegue desempenhar em uma métrica a deficiência para além do paradigma biomédico.
universalizável. Por outro lado, o desequilíbrio Essa inovação só foi possível pela aposta no con-
na consideração da dependência pode fazer com ceito de funcionalidade como uma diretriz que,
que situações nas quais esta não esteja presente, enfim, substituiria a centralidade nos aspectos
mas sim outras barreiras, pode apagar as possibi- biológicos e corporais presentes em perspectivas
lidades de compreender a deficiência na perspec- avaliativas anteriores.
tiva relacional com os fatores ambientais. Não resta dúvidas de que os principais de-
O processo de validação científica do IFBr safios em avaliar a deficiência na perspectiva da
ao longo dos anos de 2016 a 2018 certamente funcionalidade, para a descrição dela como res-
enfrentará esse desafio teórico e metodológico trição de participação social, depende sobrema-
para aperfeiçoar a aplicação técnica e objetiva do neira da compreensão do papel das barreiras e
instrumento18,19. O deslocamento de um modelo dos fatores ambientais nessa equação. A avaliação
médico para um social foi fundamental para des- tanto dos Fatores Ambientais quanto das barrei-
medicalizar a deficiência13. Uma das consequên- ras é o que possibilita a descrição da deficiência
cias é que a suposta objetividade e neutralidade como um tema na esfera da promoção da justiça
das ferramentas biomédicas conferiam algumas social e da igualdade e não mais como tema ne-
certezas como livres de controvérsia no momento cessário unicamente de avanços na área da me-
da caracterização da deficiência, o que reforçava dicina. O desafio de trazer a perspectiva biopsi-
apenas uma dimensão limitada da compreensão cossocial para todas as avaliações da deficiência
da experiência13. A perspectiva relacional da defi- para reconhecimento de direitos, como preceitua
ciência – aquela que aposta na apreciação da in- a Lei Brasileira de Inclusão de 2015, passará ne-
teração entre um corpo com impedimentos e as cessariamente pelas estratégias em aperfeiçoar o
barreiras – oferece desafios para as estratégias de modo de avaliação das barreiras e o quanto elas
avaliação por equipes profissionais. Mas tais de- impactam no exercício da autonomia das pessoas
safios não significam que considerar as barreiras com deficiência.
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Ciência & Saúde Coletiva, 21(10):3007-3015, 2016


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