Data: 21/05 APS da disciplina Abordagens Psicológicas Contemporâneas
1. Marcos e eventos significativos da Abordagem Cognitiva
A Terapia Cognitiva (TC) foi desenvolvida, em 1970, por Aaron Beck, no contexto da chamada “revolução cognitiva”. Essa abordagem destaca o papel da mediação cognitiva para avaliar eventos que, por sua vez, influenciam respostas comportamentais. Entende que o processamento cognitivo pode ser observado e medido, de modo que muitas estratégias da TC vão se embasar em exercícios de monitoramento de pensamentos. (KNAPP, P.; BECK, A. T., 2008)
2. Descrição do caso clínico
O paciente - do sexo masculino e com 28 anos - é identificado como PSC. Ele possui graduação em Veterinária, bem como mestrado. Relativo à família, é casado, não possui filhos e tem dois irmãos mais velhos. PSC sente-se afastado de seus amigos, o que também é uma demanda em seu tratamento. Em relação ao seu diagnóstico, possui Transtorno Bipolar (TB), na fase depressiva da doença. Para trata-la, faz uso de medicamentos estabilizadores do humor e, além disso, realizou 20 sessões de TC – uma vez por semana, com duração de uma hora. Após o término de seu primeiro relacionamento amoroso, aos 22 anos de idade, seus sintomas depressivos começaram. Desde então, seu humor alterou entre falta de ânimo e agitação repentina, com grande intervalo entre as crises. Entrou em contato com um psiquiatra após sentir uma tristeza intensa, acompanhada por insônia, choro excessivo e perda de seis quilos. Assim, foi diagnosticado com depressão e receitado paroxetina 20 mg/dia que, após o aborto espontâneo de sua esposa, aumentou para 40 mg/dia. Nesse contexto de imensa tristeza e baixo desempenho no trabalho, pediu demissão. Essa sequência de fatores agravou seu quadro diagnóstico, o que o levou a tentar suicídio – no entanto, seu pai encontrou o soro fisiológico e o cloreto de cálcio que seria usado para o suicídio. Por fim, PSC iniciou a TC dois meses após à internação num hospital psiquiátrico, que teve duração de quinze dias. O estudo de caso, que está sendo usado como referência, relata as queixas principais do paciente como: “Não sou atraente”; “Não tenho paciência com as pessoas, principalmente no trabalho. Estou desempregado”; “As pessoas não gostam de mim, do meu jeito”; “O mundo é péssimo, só problemas, e eu não quero mais viver”.
3. Análise do caso clínico
O modelo cognitivo acredita que a cognição o afeto e o comportamento estão interconectados, de modo que a mudança dos pensamentos disfuncionais melhora o quadro de sofrimento do paciente. Assim, para tratar o PSC, seria imprescindível ensiná-lo a monitorar o curso de suas emoções e pensamentos através do Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD). O caso evidencia a tendência de PSC de negativar a si mesmo e a opinião das pessoas sobre ele, como se pudesse realizar uma leitura mental do julgamento do outro. Além do pensamento catastrófico, uma vez que tem a crença que o mundo só pode proporcionar problemas. Assim, ao identificar a base das crenças irracionais de PSC, cabe ao terapeuta convencê-lo a desistir de suas conceituações tendenciosas por cognições mais realistas – o que pode ser feito com o uso do questionamento socrático. Além disso, passar tarefa para casa é uma estratégia pertinente para que o paciente possa trabalhar sobre suas demandas. Assim, uma possibilidade é ensinar o PSC a reconhecer mudanças cognitivas, de modo que se torne apto para dizer “eu costumo começar uma crise maníaca ou depressiva dessa forma” e, então, buscar ajuda ou consultar uma referência própria de alternativas comportamentais.
4. Referências Bibliográficas
DINIZ, Geraldo M. Depressão bipolar, associação da terapia cognitiva ao tratamento
psicofarmacológico: relato de caso. Orientador: Rodrigo Nicolato. 2012. 26 p. Monografias de Especialização (Especialização em Psicoterapias Cognitivas) - Universidade Federal de Minas Gerais, [S. l.], 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9EHH55. Acesso em: 18 maio 2020.
KNAPP, Paulo; BECK, Aaron T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e
pesquisa da terapia cognitiva. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 30, supl. 2, p. s54-s64, Oct. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516 44462008000600002&lng=en&nrm=iso>. Access on 19 May 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462008000600002.