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SOCIEDADES ANÓNIMAS

CAPITULO I

1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS SOCIEDADES ANÓNIMAS

Antigamente, as sociedades anónimas concentravam-se nas mãos de pequenas empresas,


conhecidas como sociedades familiares, onde os membros eram pessoas ligadas por laços de
parentesco, pois para a viabilidade do próprio negócio, era imprescindível a obtenção de
investimento, cujo capital social provinha da união de capitais dos próprios familiares, que
acumulavam riquezas. O processo de produção era individualizado, onde uma pessoa com algum
recurso, abria seu pequeno negócio, ou sua pequena fábrica para produzir determinado tipo de
produto que lhe conviesse, contudo, dependendo da dinâmica empresarial o negócio deveria
crescer e proporcionar o sucesso ao seu proprietário.

Com o decorrer do tempo, no século XVII, os proprietários que detinham esse poder e no sentido
de proporcionar um maior crescimento de suas empresas, já que as mesmas cresciam de forma
lenta, acharam por bem permitir que outras pessoas, que não somente familiares, se associassem
à elas, com investimentos próprios, assim seria uma forma de se obter um montante maior de
recursos e por conseqüência uma aceleração na produção, com maior circulação dos produtos no
mercado. Mais tarde, as sociedades anónimas passaram a constituir-se por um actos de outorga
do poder estatal, como por exemplo, actos legislativos, através dos quais os soberanos
concediam um privilégio aos investidores, com o objectivo de garantir o retorno do investimento,
mediante o monopólio sobre o comércio de determinadas localidades ou colónias. Observa-se
que neste período iniciou-se a noção de sociedade como pessoa jurídica, com direitos e
obrigações distintas dos seus membros, proporcionando aos investidores da sociedade uma
limitação das suas perdas.

Com a evolução do capitalismo, a outorga do poder estatal para a formação de sociedades


anónimas, não mais representava a garantia de monopólio, tornando-se instrumento de controlo
da captação de recursos, através da concessão ou autorização estatal, para a constituição e

1
obtenção de recursos dos investidores, deixando de ser um acto legislativo, próprio da outorga
estatal, para ser um acto administrativo de autorização para a constituição das sociedades
anónimas. Posteriormente este sistema de autorização foi substituído, em meados do século XIX,
pelo sistema de liberdade de constituição de tais sociedades, o chamado Sistema de
Regulamentação, onde não mais se exigia a prévia autorização estatal para a constituição e
funcionamento de todas as sociedades anónimas, dependendo tão somente de um registo
efectuado segundo as directrizes legais existentes.

Em Moçambique, o regime jurídico aplicável ao exercício de actividades comerciais é definido


pelo Código Comercial Moçambicano, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de
Dezembro, e alterado pelo Decreto n.º 2/2009, de 24 de Abril, e por legislação complementar. O
presente Decreto-Lei faculta aos indivíduos e sociedades, nacionais e estrangeiros, a
possibilidade de estabelecimento em Moçambique, sob uma de seis formas: Sociedade em Nome
Colectivo, Sociedade em Comandita, Sociedade de Capital e Indústria, Sociedade por Quotas,
Sociedade Unipessoal por Quotas e Sociedade Anónima. A escolha do tipo de sociedade depende
da ponderação de factores como a maior ou menor simplicidade de estrutura e de funcionamento,
o montante dos capitais a investir e de questões de confidencialidade quanto à titularidade do
capital social1. De entre os vários tipos societários enumerados, a Sociedade Anónima é o tipo
societário escolhido como tema deste presente trabalho.

CAPITULO II

REGIME GERAL DAS SOCIEDADES ANÓNIMAS

1. O CONTRATO DE SOCIEDADE

Todo o contrato de sociedade, independentemente do tipo societário, deve conter os requisitos


constantes do art. 92 do Código Comercial. Além dos requisitos constantes do art. 92 Código

1 Leitão Morais, Doing Business Mocambique , pag. 13

2
Comercial, a constituição das sociedades anónimas exige o preenchimento obrigatório dos
requisitos consagrados nos art.333 do respectivo diploma legal, nomeadamente:

a) O número e o valor nominal das acções


b) As condições particulares, se existirem, a que fica sujeita a transmissão de acções;
c) As categorias de acções criadas ou a criar, com a indicação expressa do número de acções
e dos direitos atribuídos a cada categoria;
d) Se as acções não nominativas ou ao portador e as regras para as suas eventuais
conversões;
e) O montante do capital realizado e os prazos de realização do capital apenas subscrito;
f) A autorização, se for dada, para a emissão de obrigações;
g) A estrutura de administração e fiscalização

2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÓNIMAS

2.1 Subscrição Pública

A ideia de subscrição pública passa pela compreensão e admissão de sociedades abertas que
ocupam lugar fundamental no contexto de valores imobiliários. Uma sociedade constituída com
apelo à subscrição pública é necessariamente uma sociedade aberta 2. Nos termos do nº1 do art.
337, a constituição da sociedade com recurso à subscrição pública, deve ser promovida por uma
ou mais pessoas, promotores (singulares ou colectivas) que são solidariamente responsáveis por
todo o processo até ao registo da sociedade; os promotores devem subscrever e realizar em
dinheiro, acções, cujos valores nominais somem, pelo menos, dez por cento do capital, que não
podem onerar ou alienar antes de aprovadas as contas do terceiro exercício 3. Nas sociedades
constituídas com a subscrição pública só podem haver acções ordinárias de uma mesma
categoria, e o capital só pode ser realizado em dinheiro. A subscrição pública poderá ser

2 JÚNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, 1ª Edição, Escolar Editora, Maputo,
2013, pág. 211

3 Cf. nº2 do art. 337 do Código Comercial

3
intermediada por instituição bancária que subscreverá, salvo se o capital social da sociedade
podendo repassar posteriormente ao público, as acções por elas subscritas.

2.2 Oferta pública de venda4

A oferta pública de venda ocorre quando o titular de uma sociedade, seja ele um accionista ou a
própria sociedade, por deter acções próprias em carteira, pretende aliená-las através de uma
operação aberta ao público em geral, quer com vista a realizar maiores lucros, com a operação,
quer para abrir ao público as participações de capital numa sociedade até aí fechada, mormente
com vista a sua cotação em bolsa, ou a facilitação de recurso ao crédito5.

3. CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES ANÓNIMAS

A Sociedade Anónima é uma sociedade de capital, e é a forma tradicionalmente adoptada por


grandes empresas, o que importa já não é tanto a pessoa do sócio 6, mas sim a sua “participação
social” ou o seu contributo patrimonial – e não pessoal – para o exercício da actividade
societária7. Caracteriza-se primordialmente por ter uma orgânica e estrutura mais complexa que
por exemplo as Sociedades por Quotas, e por conferir um grau de maleabilidade ao capital
social, na medida em que a transmissão das acções não está sujeita à forma especial. Ademais, o
seu capital é dividido em acções, e os títulos representativos da participação societária (acções)
são livremente negociáveis, logo, nenhum dos accionistas pode impedir, por conseguinte, o
ingresso de quem quer que seja no quadro associativo 8 e cada sócio limita a sua responsabilidade
ao valor das acções que subscreveu9.
4 Esta forma de constituição de sociedade, é muito comum no direito anglo-saxónico

5 Pag.239,pupo correia

6 Como se verifica nas Sociedades em Nome Colectivo

7 MAIA, Pedro et.al, Estudos de Direito das Sociedades, 5ª Edição, Almedina, Coimbra, 2002, pág. 28

8 COELHO, Fábio Ulhoa, Manual de Direito Comercial, 18ª Edição Revista e Actualizada, Editora Saraiva,
S/L, 2007, pág. 181-182

9 Cf. art. 331 do Código Comercial

4
3.1 Acções
Para melhor compreensão do regime das acções, vamo-nos cingir no actual Código Comercial,
designadamente nos artigos 348 e seguintes. Em princípio, salvo disposições diferentes da lei ou
do contrato de sociedade, as acções podem ser nominativas ou ao portador. São nominativas
as acções cuja sociedade emitente tem a faculdade de conhecer a qualquer momento a identidade
dos seus titulares e ao portador as que podem não ser conhecidas.

3.2 Número de Accionistas

Nos termos do nº2 do art. 332 do Código Comercial, a Sociedade Anónima não pode ser
constituída por um número de sócios inferior a três, salvo quando a lei o dispense. Excepção feita
aos casos em que o Estado, directamente ou por intermédio de empresa pública, estatal ou outra
entidade equiparada por lei para este efeito, fique como accionista, as quais podem constituir-se
com um único sócio.10

3.2.2.2 Capital Social

Nos termos da Lei comercial não existe um capital mínimo determinado, contudo as empresas
que tencionem instalar-se em Moçambique terão que ter em conta que o valor do capital social
deverá ser sempre adequado à realização do objecto social, e ser sempre expresso em moeda
nacional, o Metical. Nestas sociedades o capital encontra-se dividido em acções podendo estas
ser ao portador, nominativas ou escriturais. Nos termos do nº1 do art. 336 do Código Comercial,
a Sociedade Anónima só pode ser constituída mediante a subscrição da totalidade do capital
social, que deve estar realizado, pelo menos, em vinte e cinco por cento. A lei proíbe a emissão
de acções por valor inferior ao seu valor nominal, devendo os estatutos fixar o número de acções
em que este se divide.
Para efeitos de constituição, deve fazer-se prova do montante do capital social realizado
mediante a apresentação do comprovativo de que tal capital se encontra depositado em
instituição de crédito à ordem da sociedade. Quanto às participações de capital a realizar em
espécie, a prova da sua realização consiste na emissão de um relatório de avaliação por auditor

10 Cf. nº2 do art. 332 do Código Comercial

5
seguida de declaração assinada pelos administradores da sociedade que certifique que a mesma
entrou na titularidade dos bens e que estes já lhe foram entregues. Exceptuam-se destes casos as
situações de entrega deferida de bens.

3.4 Responsabilidade dos Sócios Perante a Sociedade e Perante os Credores Sociais

Nas Sociedades Anónimas, os sócios, a mais de não responderem pelas dívidas da sociedade, só
respondem pelas suas próprias entradas e já não pelas obrigações assumidas pelos seus sócios
[…].11 Cada accionista tem a sua responsabilidade duplamente limitada: externamente, porque
não responde perante os credores da sociedade, pelas dívidas desta; internamente, porque não
responde perante a sociedade, por nenhuma divida além da sua própria obrigação de entrada.12

3.5 Transmissão de Participações Sociais Entre Vivos

A transmissão de uma participação social implica a substituição de sócios na sociedade, isto é, a


saída de um e a entrada de outro; segundo MAIA, Pedro (2002: 15-16) na sua obra refere que o
legislador deparou-se com interesses em regra antagónicos: por um lado, o interesse do sócio que
pretende transmitir a sua participação – que reclama a máxima liberdade para essa transmissão,
para assim poder mobilizar como e quando quiser o seu património – por outro lado, o interesse
dos restantes sócios e da própria sociedade, a quem convirá ter o direito de impedir a transmissão
sempre que se afigure indesejável – pelas mais variadas razoes – a entrada de certa pessoa para a
sociedade ou em que se mostre necessário (…) a continuidade do sócio para a subsistência da
empresa social.

Nas Sociedades Anónimas, a transmissão de acções é, em principio, livre, podendo, no entanto, o


contrato de sociedade limitar – mas não excluir – a transmissão de acções nominativas – e já não
das acções ao portador ( arrt..). A limitação pode traduzir-se ou na necessidade de

11 Maia, Pedro, Ibdem, pag. 14

12 Maia, Pedro, Ibdem

6
consentimento da sociedade para a transmissão (art..) ou na subordinação a determinados
requisitos, subjectivos ou objectivos, que estejam de acordo com o interesse social (art..).

4. ÓRGÃOS SOCIAIS DA SOCIEDADES ANÓNIMAS

4.1 Noção

A personalidade jurídica das pessoas colectivas é uma ficção jurídica: equiparam-se às pessoas
humanas, organizações por elas criadas. Daí a necessidade de suprir a ausência, nas organizações
de vontade própria e carácter corpóreo, mediante a sua estruturação interna de modo adequado
ao procedimento dos seus fins. Para isso é necessário que a pessoa colectiva forme, manifeste e
execute uma vontade, e para isso tem de possuir certos elementos organizativos concebidos e
dotados de atribuições, inerentes a essas funções, são os órgãos sociais.

São pois os órgãos de uma sociedade as entidades ou núcleos de atribuição de poderes que
integram a organização interna da sociedade e através dos quais ela forma, manifesta, e exerce a
sua vontade de pessoa jurídica.

4.2 Classificação dos Órgãos Sociais das Sociedades Anónimas

 Órgãos deliberativos: são órgãos que formam a vontade da sociedade, aprovando


directrizes fundamentais que deverão ser acatadas pelos outros órgãos.
 Órgãos de administração são os que praticam os actos materiais ou jurídicos de execução
da vontade da sociedade;
 Órgãos de fiscalização ou de controlo são os que verificam a conformidade da actividade
dos outros órgãos com a lei e os estatutos, denunciando as irregularidades que
descubram.

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4.2.1 Assembleia Geral

Qualquer sociedade é constituída por vários sócios e por isso são eles conjuntamente que tem
competência para deliberar assuntos sociais, isto é, o poder supremo da sociedade reside no
conjunto dos seus sócios nos quais para deliberar efectuam em regra, reuniões denominadas
“assembleias gerais”; nos termos da lei13, os sócios podem deliberar sem recurso à assembleia
geral, desde que todos declarem por escrito o sentido do seu voto, em documento que inclua a
proposta de deliberação, devidamente datado, assinado e endereçado à sociedade, ou em
assembleias regularmente convocadas e reunidas. A convocação da assembleia deve ser
publicada com pelo menos trinta dias de antecedência, salvo o que estiver especialmente previsto
nos estatutos da sociedade14. Ademais, os accionistas deliberam sobre as matérias que lhes são
especialmente atribuídas pela lei ou pelo contrato e sobre as quais não estejam compreendidas
nas atribuições de outros órgãos da sociedade, e sobre as matérias de gestão da sociedade, os
accionistas só podem deliberar a pedido do órgão de administração.15

4.2.2 Conselho de Administração

O Conselho de Administração é composto por um número impar de membros, que podem ser ou
não accionistas da sociedade, podendo até reduzir-se à um único administrador, que pode ser
pessoa estranha a sociedade, desde que o capital social, não exceda quinhentos mil meticais16.

Nos termos do art. 421 do Código Comercial, são inelegíveis para qualquer cargo de
administração da sociedade as pessoas impedidas por lei especial e inclusive as que regulam o
Mercado de capitais a cargo do Banco Central ou condenadas por crime falimentar, de
prevaricação, suborno, compulsão, peculato, contra a economia e aos direitos do consumidor, a
fé pública, a propriedade e o meio ambiente ou ainda a pena criminal que vede, mesmo
temporariamente, o acesso à cargos públicos.

13 Cf. nº1 do art. 412 conjugado com o nº4 do art. 128, todos do Código Comercial

14 Cf. art. 416 do Código Comercial

15 Cf. nrs. 2 e 3 do art. 412 do Código Comercial

16 Cf. artigos 418 e 419 do Código Comercial

8
O mandato dos administradores pode, em qualquer momento, ser revogado por deliberação dos
accionistas, mas, se a revogação não tiver sido fundada em justa causa, o administrador tem
direito a receber a título de indemnização as remunerações que receberia até ao termo do seu
mandato (vide nº1 do art.430 do Código Comercial)

4.2.2.2 Competência do Conselho de Administração

Compete ao Conselho de Administração, gerir as actividades da sociedade, obrigar a sociedade e


representá-la em juízo ou fora dele, devendo subordinar-se às deliberações dos accionistas ou às
intervenções do conselho fiscal ou de fiscal único apenas nos casos em que a lei ou o contrato de
sociedade assim o determinarem.

Compete ainda ao Conselho de Administração, deliberar sobre qualquer assunto de


administração da sociedade, que dentre as quais destacamos:

 Escolha do seu presidente nos casos em que o contrato de sociedade assim o estipule;
 Cooptação de administradores;
 Pedido de convocação de assembleia gerais
 Prestação de cauções e garantias, pessoais ou reais pela sociedade;
 Abertura ou encerramento de estabelecimento;
 Projectos de fusão, cisão e de transformação da sociedade
 Qualquer outro assunto sobre o qual alguma administrador requeira deliberação do
conselho de administração.

4.2.2.2 Conselho Fiscal

Nos termos do art. 436 do Código Comercial, a fiscalização da sociedade compete ao Conselho
Fiscal ou ao fiscal Único, que e composto por três membros efectivos, podendo esse número
aumentar para cinco, mediante contrato de sociedade. As funções do Conselho Fiscal são
delegáveis e se estendem até à primeira assembleia geral realizada após a sua eleição. Compete
ao Conselho Fiscal ou Fiscal Único, fiscalizar os actos dos administradores e verificar o
cumprimento dos seus deveres legais e estatutários, bem como examinar e opinar sobre o

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relatório anual da administração e as demonstrações contabilísticas do exercício social, fazendo
constar do seu parecer, informações complementares, que julgue necessárias ou úteis à
deliberação da assembleia geral, e ainda opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a
serem submetidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital social, emissão de
obrigações ou bónus de subscrição, planos de investimento ou orçamento do capital, distribuição
de dividendos, transformação, fusão ou cisão, dentre outras competências, previstas no art 437
do Código Comercial.

Deveres e Responsabilidades

os membros do conselho fiscal tem individualmente, nos termos do codigo comercial, os


mesmos deveres dos admiistradores, respondem individualmente nas mesmas condicoes pelos
danos resultantes de omissao de cumprimento de seus deveres e pelos actos praticados com culpa
ou dolo ou com violacao da lei e dos estatutos 17, ademais, ressalvadas as suas obrigacoes perante
a sociedade e o dever individual de dar conhecimento da pratica de ocorrencias delituosas ao
Ministerio Publico, ouvida a assembleia geral, os membros do conselho fiscal devem guardar
sigilo sobre factos e informacoes de que tiverem conhecimento em razao das suas funcoes 18 e
ainda perde o seu cargo o membro do conselho fiscal ou seu suplente que sem motivo justificado
deixar de assistir durante o exercicio social a pelo menos duas reunioes do conselho.

Aumento e Reducao do Capital Social

Aumento de Capital Social mediante capitalizacao de lucros e reservas

O aumento do capital mediante incorporacao de lucros ou de serevas livres é proposto pelo


conselho de administracao, com o parecer do conselho fiscal se em funcionamento, e deve ser
deliberado pela assembleia com a consequente alteracao dos estatutos da sociedade, podendo ser
efectivado mediante alteracao do valor nominal da accao ou mediante a emissao de accoes
bonificadas emitidas de acordo com as categorias e series das accoes propriedade do titular. Caso
as accoes da sociedade se encontrem depreciadas, a depreciacao existente, salvo disposicao em
contrario dos estautos da sociedade, estender-se-a as accoes bonificadas.

17 N1 art 438

18

10
5. OBRIGAÇÕES DOS ACCIONISTAS

As Obrigações representam títulos de mútuo e não conferem aos seus titulares a qualidade de
sócio. Uma vez sendo títulos, eles podem ser tanto ao portador como nominativos 19 são emitidos
por sociedades anónimas em que os dois últimos balanços estejam aprovados ou as que tenham
resultado da fusão ou cisão de sociedades das quais uma, pelo menos, se encontro nesta
condição. Uma vez constituindo um meio de financiamento externo da sociedade, com carácter
de contrato de mútuo, não podem se emitidos se ainda houver accionistas em mora com a
sociedade no que se refere a sua obrigação de entrada 20. Igualmente não podem exceder a
importância do capital social realizado e existente tomando como base o último balanço
aprovado pelas partes21.

Estas restrições têm vista afastar os riscos de um recurso excessivo ou abusivo da emissão das
obrigações com consequências evidentes para o público, assim o estabelecimento destas
restrições visa também e em ultima instancia a protecção deste, as obrigações são emitidas
depois de uma deliberação da Assembleia geral da sociedade ou pela administração da mesma
quando esta seja autorizada no contrato de sociedade e quando emitidas em serie, a emissão da
serie seguinte depende da subscrição e realização da serie anterior.

Modalidades das Obrigacoes

nos termos do art. 387 do Ccom, sao duas as modalidades de obrigacoes, nomeadamente: (I)
nominativas e (ii) ao portador, mas a doutrina, como refere JUNIOR (2013:218) acrescenta como
sub-modalidades as obrigacoes de juro suplementar, e as obrigacoes convertiveis em accoes,
fala-se tambem ainda, de obrigacoes com subscricao de accoes (…), obrigacoes de taxa fixa
emitidas por instituicoes de credito, bancos de investimento, sociedades de investimento ou
sociedade de locacao financeira, e obrigacoes escriturais.

19

20 388

21 ibdem

11
a) Obrigacoes de juro suplementar estao consagradas nos arts. 401 e 402 do ccom. O nr 1 na
sua alinea a) estabelece que o juro suplementar pode ser fixo e dependente apenas da
existencia de lucros distribuiveis em montante igual ao do juro suplementar,ou seja, elas
conferem aos titulares o direito a um juro fixo, habilitam aos seus titulares a auferir um
juro suplementar ou um premio de reembolso, cuja existencia e montante dependem dos
lucros realizados pela sociedade, variavel e correspondente a uma percentagem não
superior a 10 por cento dos lucros distribuiveis apurados, nos termos da alinea b).

b) obrigacoes convertiveis em accoes, o obrigacionista é mutuante da sociedade, a


convertibilidade da obrigacao em accao vai lhe permitir a assumpcao da qualidade de accionista.
Verificando-se a entrada de novas pessoas na sociedade, aplicar-se-a o disposto no art. 441 do
ccom relativamente ao direito de prefencia aos accionistas na subscricao de obrigacoes
convertiveis em accoes.

c) Obrigacoes ao portador, sao aquelas que não expressam o nome do beneficiario, tem como
vantagem a facilidade de circulacao, pois se processa com a simples tradicao ou entrega, podem
conferir ao seu titular o direito de um juro fixo ou ainda habilitar a um juro suplementar ou a um
premio de reembolso, quer fixo, quer dependente dos lucros obtidos pela sociedade 22.

d) Obrigacoes nomintivas, sao as que possuem o nome do beneficiario, sao transmissiveis por
endosso e tambem podem conferir ao seu titular o direito a um juro fixo, ou ainda habilitar a um
juro suplementar ou a um premio de reembolso, quer fixo, quer dependente dos lucros obtidos
pela sociedade23.

6. LIVROS DA SOCIEDADE ANÓNIMA

22 Cf. Art 382 nº2 alinea a) do CCom

23 Cf. Alineas a) e b) do art. 387 do Ccom

12
A Sociedade Anónima, para além dos livros de diário e de inventários e balanços, deve ter:

 O livro de registo das acções;


 O livro de registo de emissões de obrigações;
 O livro de actas de assembleia geral;
 O livro de presenças de accionistas;
 O livro de actas de reunião do conselho de administração, e o
 Livro de actas e pareceres do conselho fiscal

Estes livros, podem ser substituídos por registos mecanizados ou electrónicos, na forma que
legalmente for definida, nos termos do art. 456 do Código Comercial.

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