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Sumário

Introdução histórica ..................................................................................................................... 5


Sobre o facilitador ........................................................................................................................ 6
Sobre o IACHC (www.iachc.net)................................................................................................... 6
1. Hipnose ................................................................................................................................. 7
2. Onde podemos aplicar a Hipnose? .................................................................................... 11
3. Memória.............................................................................................................................. 11
4. Tipos de Memória ............................................................................................................... 14
5. A mente e suas Regras........................................................................................................ 15
5.1. Raciocínio Indutivo e Dedutivo ...................................................................................... 15
5.2. Mente Voluntária e Mente Involuntária ....................................................................... 15
5.3. Regras da Mente – Gerald Kein ...................................................................................... 16
5.4. Teoria da Mente ............................................................................................................. 16
5.5. Ciclo Hipnótico (Loop) .................................................................................................... 17
6. Atenção ....................................................................................Erro! Indicador não definido.
6.1. Princípios Psicológicos .................................................................................................... 18
7. Percepção.................................................................................Erro! Indicador não definido.
7.1. SISTEMAS SENSORIAIS.................................................................................................... 19
8. Sentido Dominante ............................................................................................................. 20
8.1. Chave de Acesso Visual .................................................................................................. 20
9. Por uma visão neurológica ................................................................................................. 21
10. INDUÇÃO ......................................................................................................................... 21
10.1. Pre-Talk ....................................................................................................................... 21
10.2. Yes-Set......................................................................................................................... 22
10.3. Feedback Positivo ....................................................................................................... 22
10.4. Pseudo-Hipnose .......................................................................................................... 23
10.4.1. Dedos Magnéticos ...................................................................................................... 23
10.4.2. Mãos coladas para fora .............................................................................................. 24
10.4.3. Mãos coladas para dentro .......................................................................................... 25
10.4.4. Pseudo olhos colados ................................................................................................. 25
10.4.5. Livros e balões (ideomotor) ....................................................................................... 26
10.4.6. Mãos Magnéticas (ideomotor)................................................................................... 28
10.5. Tipos de Induções ....................................................................................................... 28
10.5.1. Induções Rápidas ........................................................................................................ 29
11. Sugestão Hipnótica ......................................................................................................... 31
12. Transe.............................................................................................................................. 31
12.1. Transe Naturalista ...................................................................................................... 32
12.2. Aprofundamento do Transe ....................................................................................... 32
12.3. Níveis de Transe.......................................................................................................... 32
12.4. Técnica de Aprofundamento ...................................................................................... 33
12.4.1. Aprofundamento pela Respiração ............................................................................. 33
12.4.2. Metrônomo ................................................................................................................. 35
12.4.3. Fracionamento de Vogt .............................................................................................. 36
12.5. Sugestões Pós-Hipnóticas........................................................................................... 37
12.6. Signo-Sinal................................................................................................................... 38
12.7. Sugestão Pós-Hipnótica Terapêutica ......................................................................... 38
12.8. Despertar .................................................................................................................... 38
13. Terapia x Mudança ..............................................................Erro! Indicador não definido.
13.1. Transição do Aprofundamento para as Sugestões .........Erro! Indicador não definido.
13.2. Regressão de Idade..........................................................Erro! Indicador não definido.
13.3. Estabelecimento do Lugar Seguro...................................Erro! Indicador não definido.
13.4. Estabelecimento de Sinais Ideomotores.........................Erro! Indicador não definido.
13.5. As Sete Psicodinâmicas de um Sintoma..........................Erro! Indicador não definido.
14. Protocolo para Parar de Fumar ...........................................Erro! Indicador não definido.
14.1. Entrevista Inicial (Anamnese) .........................................Erro! Indicador não definido.
14.1.1. Questões Sobre Motivação .............................................Erro! Indicador não definido.
14.1.2. Questões Sobre Por Que o Cliente Fuma ........................Erro! Indicador não definido.
14.2. Número de Sessões .........................................................Erro! Indicador não definido.
14.3. Substitutos Mais Utilizados para Parar de Fumar ..........Erro! Indicador não definido.
14.4. Preparando para Parar de Fumar – Termo de Compomisso ......... Erro! Indicador não
definido.
14.5. O Dia de Parar de Fumar – Termo de Compomisso .......Erro! Indicador não definido.
14.6. Primeira Sessão – 2 Horas ...............................................Erro! Indicador não definido.
14.7. Sugestões Terapêuticas ...................................................Erro! Indicador não definido.
14.7.1. Ponte para o Futuro.........................................................Erro! Indicador não definido.
14.7.1.1. Auto-Imagem ...............................................................Erro! Indicador não definido.
14.7.1.2. Dois Futuros .................................................................Erro! Indicador não definido.
14.7.2. Mecanismo de Parada .....................................................Erro! Indicador não definido.
14.7.3. Aversão ............................................................................Erro! Indicador não definido.
14.8. A Sala................................................................................Erro! Indicador não definido.
14.9. Regressão para Aversão ..................................................Erro! Indicador não definido.
14.10. Vermelho para Reafirmação ...........................................Erro! Indicador não definido.
14.11. Finalização........................................................................Erro! Indicador não definido.
14.12. Reforço e Testes...............................................................Erro! Indicador não definido.
14.13. Esboço Geral do CD para Parar de Fumar .......................Erro! Indicador não definido.
14.14. Alguns Produtos Químicos Comumente Encontrados em um Cigarro Aceso ...... Erro!
Indicador não definido.
14.15. Algumas Mudanças Dentro do Corpo Quando se Para de Fumar Erro! Indicador não
definido.
14.16. Tabela com Teor de Nicotina por Marca de Cigarro .......Erro! Indicador não definido.
Introdução histórica
No ano de 1997, busquei estudar as técnicas da hipnose para esclarecimento de certos
fenômenos, ligados a lembranças pessoais, que carregava desde cedo, cuja explicação não
encontrava no senso comum. Não obstante aos estudos, fui em busca de um terapeuta que
usasse a ferramenta hipnose. Meu primeiro contato com esta ciência foi numa TVP (Terapia de
Vidas Passadas). Algo mágico teve seu início em minha história. Anos depois, rompi com minha
antiga profissão(Alto Executivo de Multinacional) para ingresso nos estudos da mente e do
comportamento humano, graduando-me Psicólogo. Os estudos não pararam. Fui beber nas
fontes da parapsicologia, da física quântica, da PNL, da Neurociência e da Hipnose, entre outras
técnicas. Fiz minha formação em Hipnose científica pela ENFT – Escola de Hipnose, em Curitiba;
e, em seguida, iniciei o Mestrado, seguido do Doutorado em Hipnose Clássica e Ericksoniana,
pela A.I.H.C.E (Academia Internacional de Hipnosis Clinica y Experimental), Barcelona, Espanha;
recebi certificação do Instituto NitidaMente, Bahia, by Alberto Dell’lsola, em Hipnose Rápida e
Hipnose Clínica; na sequência, a certificação de Practitioner in Hypnosis, pela Atlantic Hypnosis
Institute, Heidelberg, Alemanha.

Após o ingresso ao doutorado, juntei ânimo para abrir o IACHC (Instituto Antônio Costa de
Hipnose Clínica), nome dado em homenagem ao meu pai (desencarnado em 2014) – responsável
e motivador por tudo que agreguei como conhecimento moral e acadêmico. O IACHC é hoje
parceiro da AIHCE e filiado à AsBH - Associação Brasileira de Hipnose.

Hoje, o IACHC tem parceria com a UNINASSAU com o Curso de Pós-Graduação em Hipnose
Clínica para profissionais da área de Saúde.

Fernando André T. Costa, PhD.

6
Sobre o facilitador
Fernando André Torres da Costa, nascido em Recife, no dia 30 de julho de 1968, tornou-se alto
executivo de multinacionais, chegando a exercer a função de Diretor Comercial. Seu foco sempre
foi nas pessoas e como elas processavam as informações e situações do cotidiano em suas
emoções. Migrou para a área de Psicologia. Graduando-se em Psicologia, com especialização em
Clínica; concluiu Mestrado e Doutorado em Hipnose Clássica e Ericksoniana pela AIHCE
(Academia Internacional de Hipnose Clínica e Experimental), situada em Barcelona, na Espanha.
Recebeu certificações em Hipnose Científica pela ENFT (escola Nacional de Formação de
Terapeutas), em Curitiba; em Hipnose Rápida e Hipnose Clínica pelo Instituto Nitidamente, em
Salvador; Practitioner in Hypnosis pela Atlantic Hypnosis Institute, Heidelberg, Alemanha. Em
2016, fundou o IACHC (Instituto Antônio Costa de Hipnose Clínica), em Recife. Hoje, também,
coordena o Curso de Pós-Graduação em Hipnose Clínica, da UNINASSAU.

Sobre o IACHC (www.iachc.net)


Hoje, o INSTITUTO ANTÔNIO COSTA DE HIPNOSE CLÍNICA está situado em Boa Viagem,
Recife/PE. Além de oferecer atendimentos psicoterápicos e hipnoterápicos, ministra os
seguintes Cursos:

• Curso de Formação em Hipnose;


• Curso de Indução Hipnótica (intensivo)
• Curso de Hipnose Clínica (intensivo)
• Curso de Hipnose Odontológica – Fobia, analgesia e anestesia (intensivo)
• Curso de Hipnose Desportiva – direcionado aos educadores físicos, treinadores,
fisioterapeutas e professores de artes marciais (intensivo)

7
1. Hipnose
“Quando ainda estudante, assisti a uma demonstração
pública do “magnetizador” Hansen. Notei como um dos
“sujets” adquiriu palidez cadavérica ao entrar na rigidez
cataléptica. E a palidez perdurou durante todo o transe.
Foi o que consolidou, de uma vez por todas, minha
convicção em relação à legitimidade dos fenômenos
hipnóticos”.1

Sigmund Freud

a) Conceito de Hipnose
Podemos dar dezenas de definições de hipnose, pois cada autor tem um conceito
diferente. Haja vista que a hipnose é um processo natural, porém regido pela autossugestão,
logo, entenderemos que sua definição estará na ordem subjetiva. Pode-se dizer que hipnose é
um estado alterado de consciência, ou, que se trata de um estado especial de concentração
focada que permite a dissociação da mente consciente e inconsciente. Ou, parafraseando Dr.
Hippolyté Bernheim, “A hipnose é uma heterossugestão exagerada”, ou seguir a definição de
Emille Coué, “ A hipnose não é provocada pela heterossugestão, mas pela autossugestão que
modifica o estado mental do paciente”. Ou um estado semelhante ao sono, gerado por um
processo de indução, no qual o indivíduo fica muito suscetível à sugestão do hipnotizador. Ou,
segundo Dr. Juan Carlos Naranjo Alcega da AIHCE, Espanha, “ É um estado análogo ao sono onde
a mente está ativa e sensível”. Eu, particularmente, considero como um estado especial de
concentração no qual o paciente faz uso da autossugestão a partir da faculdade crítica
diminuída, de forma natural ou induzida. Podemos sintetizar em conceituar a hipnose como
um processo natural de comunicação, regido pela autossugestão.
A diferença nos conceitos e teorias que se conhecem através da investigação empírica
e cientifica, determinam as características de cada escola. A pesar desta diferença entre escolas,
a hipnose é uma só. O resultado final é um transe hipnótico, o que é comum em todas.

b) Breve História
Como a hipnose é um fenômeno natural, pode-se dizer que ela é tão antiga quanto a
humanidade. Os fenômenos do transe acompanham a humanidade desde sempre, envolvidos
e aguçados pela cultura. O testemunho mais velho da hipnose, encontra-se no Museu Britânico,
trazido do Egito pelo egiptólogo alemão Georg Ebers, chamado Papiro de Ebers. Este papiro
egípcio de cerca de 1552 aC. é o documento médico mais antigo preservado. Nele, contém o
registro mais completo de medicina egípcia conhecida. O rolão de 110 páginas contém 700
fórmulas mágicas e remédios populares destinados a curar afecções que vão desde a dor de

1
Sigmundo Freud: Selbstdarstellung, S. 18, Imago Publishing Co. Ltd. London, 1946.

8
crocodilo até a dor dos dedos dos pés e para livrar a casa de pragas como moscas, ratos e
escorpiões. Segundo manuscrito, os egípcios usavam a hipnose para curar dor por meio de
métodos de impressão sensorial e sugestão verbal.
Outras evidencias, são achadas na Índia, no livro do Vedas (Sânscrito: “conhecimento”),
aproximadamente, cinco mil anos (a.C.). Na Grécia, há quatro mil anos (a.C.), a hipnose era
usada em cerimonias de iniciação ou sacramental e curativa. Em textos bíblicos, na idade
medieval, movidos pela fé, aconteciam cura milagrosas por imposição das mãos. Em todos os
continentes da América, África, Ásia, ancestralmente os povos nativos usavam técnicas da
sugestão, através dos Xamãs ou Curandeiros da tribo. Por isso que, erroneamente, a cultura
popular associou hipnose com feitiçaria.
Na Europa, Franz-Anton Mesmer (1734 – 1815), austríaco, formado em filosofia e em
Direito, resolveu estudar Medicina. Dedicou sua vida à investigação empírica dos seus sonhos e
delírios. Redescobre uma terapia praticada por Paracelso, médico suíço-alemão, alquimista,
astrólogo e ocultista, que se baseava nas virtudes medicinais do imã. Mesmer acreditando que
o homem também possuía uma energia magnética que pode ser usada para combater doenças.
Com seu olhar penetrante, tom de voz e expressões, Mesmer fazia seus pacientes entrar em
transe, curando-os das mais diversas doenças.
Em 1766, o Frade português, conhecido como Abade Faria – José Conceição de Faria,
demonstrou em Paris sua técnica magnética que, diferentemente de Mesmer, apoiava as mãos
na cabeça e nos ombros do paciente durante alguns minutos e ordenava, autoritariamente, para
que dormisse, levando o sujeito ao chamado “sonho lúcido”.
O escritor e magnetizador suíço, Charles Leónard Lafotaine (1803 – 1892), viajava para
vários países europeus, difundindo o magnetismo. Em uma de suas demonstrações, na
Inglaterra, fez-se presente James Braid (1795 – 1860), médico cirurgião escocês, que, inspirado
pelo magnetismo, elaborou uma técnica médica moderna chamada “Hipnotismo”. Tendo
observado que Lafontaine usava a fascinação ocular para a indução, concluiu Braid que a causa
física do transe era o cansaço sensorial, ou seja, o cansaço visual. Acreditando que após a
indução, o paciente entrava num estado de sono, definiu a técnica com o nome “Hipnose”
(inspirado no deus grego do sono, Hipnos) . Em 1843, Braid publica seus trabalhos e põe uma
divisória entre o magnetismo e hipnose. Atribuindo o magnetismo aos curandeiros e sanadores.
Enquanto a hipnose foi apoderada pelos hipnotizadores de teatro. Com o passar dos anos e por
meio de outras teorias, entender-se-ia que o termo hipnose, empregado por Braid, estaria
errado, por não se tratar de um estado de sono.
Em Calcutá, James Esdaile (1808 – 1859), médico escocês, realizou milhares de
intervenções cirúrgicas leves e centenas de operações profundas, inclusive dezenove
amputações, apenas sob o efeito da anestesia hipnótica.
Meados do século XIX, o neurologista e professor da Universidade de Medicina de Paris,
Dr. Jean-Martin Charcot(1825-1904), cria a Escola de Hipnose de Paris, que teve como aluno
Sigmund Freud. Charcot, usando a hipnose no tratamento da histeria, acreditou que só os
histéricos podiam ser hipnotizados. Seu aluno Hippolyté Bernheim (1833-1919), diferindo do
mestre, levou adiante as investigações, junto ao Dr. Ambroise-Auguste Liébault (1823-1904).
Como resultado dos seus estudos e tratamentos, Bernheim concluiu que a hipnose é fenômeno
psicossomático, sendo ele uma heterossugestão ou sugestão exagerada. Foi o fundador da
Escola de Nancy, competindo com a de Paris.

9
Emille Coué (1857-1926), notável psicólogo e farmacêutico, aluno de Liébault,
manifestou a certeza de que a hipnose não é provocada pela heterossugestão, mas pela
autossugestão.
Ivan Pavlov 2(1849-1936), fisiologista e médico russo, grande investigador da psicologia
científica, criou a "Teoria dos Reflexos Condicionados". Recebeu o Prêmio Nobel em 1904, por
seus trabalhos sobre a relação do sistema nervoso com o sistema digestivo. Demonstrou que a
um estímulo repetido de prazer, associado a outro sonoro, provoca uma reação condicionada.
Bastando o estímulo sonoro para ativar a resposta neurofisiológica. Este princípio de
condicionamento ou modificação do código de comportamento é expansível ao ser humano e
que podemos chamar de ancoramento e signo-sinal.
Houve um período de, aproximadamente, trinta anos de relativo esquecimento no
mundo das atividades hipnóticas. Os historiadores apontam como responsáveis por esse eclipse
a popularidade da psicanálise e a pessoa de seu fundador, Sigmund Freud, que, supostamente,
rejeitou o hipnotismo em seu método terapêutico, depois de ter-se dele servido como ponto de
partida em suas descobertas psicológicas. Não obstante a ter sido Freud o “aniquilador” do
hipnotismo, tornou-se posteriormente responsável pela sua ressurreição. A volta triunfal do
hipnotismo em bases psicológicas modernas é largamente devida a psicanálise. Segundo se
analisa, a influência e os efeitos do magnetizador ou hipnotizador se fundam essencialmente,
senão exclusivamente, nas profundas reações inconscientes do sujeito.
Com o advento da Primeira Guerra Mundial e o grande número de pessoas com
traumatismos, tanto físicos quanto psicológicos, o assunto voltou à tona com o psicanalista
alemão Ernest Simmel, que desenvolveu a técnica chamada hipnoanálise. Durante a Segunda
Guerra, Grinker e Spiegel utilizaram barbitúricos para induzir a hipnose através de
medicamentos.
A guerra da Coréia entre os anos de 1950 a 1953 foi mais um dos momentos em que se
fez ressurgir a prática da hipnose nos Estados Unidos e na Inglaterra, o que fez a British Medical
Association e a American Medical Association decidirem pela inclusão da hipnose nos currículos
dos cursos de medicina, tendo em vista sua reconhecida eficácia no tratamento de várias
patologias, tanto físicas quanto psicossomáticas.
Apontado como uma das maiores autoridades em hipnoterapia e psicoterapia breve,
Milton Erickson é considerado dentro dos estudos em hipnose o que foi Freud para a psicanálise.
A hipnoterapia Ericksoniana, assim chamada em razão de ter sido elaborada por Milton Hyland
Erickson (1901 - 1980), psicólogo e psiquiatra americano do início do século XX, passou a ser
considerada uma divisora de águas entre a hipnoterapia clássica, estabelecida à época da
experimentação científica, e o modelo vigente na atualidade. Coautor de cinco livros sobre o
assunto, Erickson publicou mais 130 artigos, a maioria deles versando sobre as aplicações da
hipnose, buscando expandir e reformular a forma pela qual se compreendia a hipnose e a forma
de trabalhar os fenômenos a ela associados. Hoje, existem diversas escolas com suas diversas
técnicas.

c) Escolas
Magnetismo - atribuído a Franz Anton Mesmer (séc. XVIII)

2
A contribuição de Pavlov ao hipnotismo teve por subsídio o seu trabalho “Sobre a fisiologia no estado
hipnótico do cão”.

10
Hipnotismo Sensorial - Escola inglesa de James Braid e, também, na França,
escola de Charcot (séc. XIX)
Sugestão hipnótica Psicológica - Escola de Bernheim e Liébault, em Nancy
(séc.XIX).
Telepsiquia - Escola de Richet e Jagot (Séc XIX/XX)
Ericksoniana – Milton Hyland Erickson (Séc. XX)

Não importa a escola, nem a abordagem. Todas levam ao mesmo ponto, ao transe
hipnótico.

d) Principais Mitos
O hipnotizador tem poderes e me domina? - O transe em terapia é sempre uma auto
hipnose. O hipnoterapeuta é um facilitador, um companheiro de viagem, apenas alguém
que está ao lado enquanto o inconsciente da pessoa trabalha.
O sujeito está dormindo ou inconsciente? - Muitos pensam que estar hipnotizado
significa estar inconsciente ou dormindo. Na verdade, o transe hipnótico é caracterizado
por uma dissociação consciente/ inconsciente onde a consciência está presente, e é
desejável que esteja para participar no processo de melhoramento.
O transe é sobrenatural? – O transe é um processo natural. Acontece todos os dias, o
tempo todo quando você ler um livro ou assiste a um filme ou até numa viagem que o
tempo passa e não é percebido.
Posso não voltar mais? - Se eventualmente, por estar numa experiência muito
agradável ou num transe mais profundo, a pessoa não aceitar a sugestão de voltar (por
vontade própria), basta deixá-la curtir o transe mais algum tempo, e naturalmente, o
transe hipnótico se transforma em sono fisiológico e ela acorda, ou dar o comando de
retorno, quando o processo for clássico, ou convencer por meio de uma metáfora,
quando o processo for indireto.
Vou dizer tudo, inclusive, o que não quero? - Mesmo em estado de transe profundo a
mente conserva um sentido de vigilância que protege a integridade da pessoa.
A pessoa fica dependente do hipnoterapeuta? - Um hipnoterapeuta cuidadoso tem
sempre o cuidado de dar sugestões pós-hipnóticas de autonomia e liberdade. No dia a
dia a sua mente inconsciente pode continuar por si mesma com um processo natural e
saudável de mudanças. Por isso, todo cuidado é pouco para a escolha do profissional.
Este deve ser devidamente treinado, competente e ético, além de ter formação em
Hipnose comprovada.
Só funciona com os fracos? – Todo mundo pode ser hipnotizado. Alguns tem mais
facilidade do que outros. Quem mais tem poder de se concentrar, mais fácil entra em
transe. Apesar de não haver nenhuma contraindicação com fundamentos científicos,
evitar o uso de hipnose nos esquizofrênicos, bipolares, autistas e epiléticos, caso não
tenha larga experiência e intimidade que estas patologias.
Hipnose é regressão? - Hipnose não é regressão. A regressão é apenas um fenômeno
hipnótico (uma técnica), que pode ser usado quando necessário. A hipnose é um
fenômeno psíquico, um estado especial da mente que permite ações terapêuticas das
mais diversas.

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e) Onde podemos aplicar a Hipnose?
• Na área médica – potencializando o medicamento, cirurgia sem anestesia química,
reprogramando a forma de falar e pensar do médico e dos pacientes, entre outras
maneiras;
• Na área odontológica – extração sem anestesia química, eliminando o medo de
dentista, aceleração na recuperação de cirurgias, etc.;
• Na área psicológica – eliminando traumas, potencializando bem-estar e estudos,
tratamento de vícios, melhoria de performance, entre outros;
• Na área esportiva – com preparação de atletas para competições, eliminação de
medos, potencializando resistência, reprogramando forma de pensar, entre outras
maneiras mais;
• Na área de enfermagem – eliminando a dor, acelerando a recuperação, a cura e a
cicatrização num menor espaço de tempo, etc.;
• Na Educação – com superaprendizagem, aumentando a concentração e a memória,
reduzindo estresse, se preparando melhor para provas, etc.;
• Na criminalística – desvendando crimes, elaborando retrato falado a partir do resgate
das lembranças, localizando objetos, recriando lembranças do trauma, etc.;
• Na nutrição – reprogramando obesos, terceira idade mais saudáveis, potencializando
alimento e força de vontade, entre outras;
• Na pediatria – com soluções noturnas – hipnopedia para qualquer dificuldade na
criança, além da terapia com a recuperação rápida.
• Na Empresa - motivando funcionários à cumprirem metas com ânimo e disposição.

2. Regulamentação no Brasil

No Brasil não existe uma legislação específica para o uso da Hipnose. As


regulamentações da hipnose no Brasil por organismos de classe respeitados como, Conselhos
Federais de Medicina, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, melhor
conceituam, esclarecem, fundamentam e recomendam o uso científico das técnicas
hipnoterápicas como alternativas terapêuticas e coadjuvantes aos tratamentos convencionais,
disponíveis a profissionais qualificados do campo da saúde humana.
Psicólogos, médicos, dentistas e fisioterapeutas são orientados pelos próprios Códigos
de Ética sobre a utilização da Hipnose para fins científicos, de pesquisa e tratamento.
No Brasil, o Conselho Federal de Odontologia foi o primeiro órgão representativo de
uma categoria profissional que reconhecer a hipnose como ferramenta clínica (1993), seguido
pelos Conselho Federal de Medicina (1999), Conselho Federal de Psicologia (2000) e Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapias Ocupacionais (2010).
As resoluções dos Conselhos Federais no Brasil não possuem peso de Lei no País. Tanto
que, nos cursos de medicina, não existe nenhuma especialidade em hipnologia, trata-se esta, de
uma terapia, a qual é apenas uma ferramenta de trabalho para qualquer especialidade,
incluindo a médica.
Importante ressaltar, o artigo 5o, XIII, da Constituição Federal, que estabelece que seja
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Trata-se, pois, de direito individual garantido por nossa Carta
Magna, que assegura a valorização do trabalho humano e a liberdade profissional que, por si

12
sós, à míngua de regulação complementar, e à luz da exegese pós-positivista admitem o
exercício de qualquer atividade laborativa lícita.
“O Conselho Federal os Conselhos Regionais de Odontologia têm apenas o poder de
polícia do exercício profissional, mas não têm o poder de regulamentar à profissão, que é
reserva da Lei (…) ” (STF, RE no. 94.441/RJ, rel. Ministro Néri da Silveira)
IMPORTANTE:
Quando o presidente Jânio Quadros, pelo Decreto 51.009 de 22/7/1961 proibiu shows
públicos de hipnose, assinou a única lei que regulamentou essa técnica no Brasil. Na época ele
implicou também com uso do biquíni. Nenhuma das duas proibições jamais foi obedecida. Trinta
anos depois, grande parte com ditadura militar, o então Presidente Fernando Collor de Mello
revogou totalmente essa norma, através do Decreto 11 de 21/1/1991. Baseando-se no Decreto
janista revogado há 15 anos e, que tratou somente de shows de hipnose, vem sendo ignorada
até hoje por algumas facções que fingem desconhecer a revogação. Por isso, inúmeras fontes e,
até mesmo profissionais de saúde desinformados, publicam que somente médicos, psicólogos
e dentistas podem praticar a hipnose, o que não é verdade, as resoluções e normas dos
Conselhos Federais não possuem força de Lei Constitucional, as resoluções, normas e
regulamentações são apenas internas, para efeito fiscalizador.
A hipnologia pode ser aplicada em todos os segmentos e especialidades da saúde
(hipnoterapia, hipnodontia, hipniatria), além da sua aplicação com sucesso em diversas áreas da
Educação, Desportes, Direito Criminal, Recursos Humanos, dentre outras.
A hipnose clínica é apenas uma ferramenta que pode ser aplicada de forma coadjuvante
às áreas citadas, sendo o hipnólogo é um facilitador do processo terapêutico.
As pessoas interessadas em utilizar a Hipnose Clínica, como técnica de trabalho
terapêutico, não tendo formação universitária na área da saúde, por não existir regulamentação
geral, nem pelo MEC, também podem fazê-lo, sendo necessário um curso de capacitação técnica
em Hipnose Clínica com carga horária de 180 horas, inscrever-se numa instituição oficial de
terapeutas (Ver indicação a seguir). De posse da Carteira de Terapeuta, reconhecida pelo
Ministério do Trabalho Brasileiro, cadastre-se na Prefeitura do seu município, para devida
inscrição do ISS, recebendo autorização do Poder Público Municipal para atuar como terapeuta,
emitindo notas fiscais de prestação de serviço autônomo.
Profissionais da medicina, odontologia e psicologia não necessitam de inscrição como
terapeuta, exceto se atuar em áreas que não correspondem com sua capacitação profissional,
exemplo: se um médico que possui o CRM atender, fazendo uso da Hipnose, um paciente com
transtorno de comportamento, que é de competência de um psicólogo, este médico deverá
necessariamente estar cadastrado e regulamentado como psicólogo (CRP). Para isso, precisa ter
graduação de psicologia. Como terapeuta holístico credenciado, o profissional pode atuar,
utilizando a ferramenta da hipnoterapia em qualquer área da saúde, educação, desportes,
recursos humanos, entre outras, porém, limitando-se à certas demandas. Há enorme perigo, o
Terapeuta Holístico, que não tem estudo ou habilitação para tratar a área dos Transtornos
Mentais, cuidar de um portador de Traumas ou fobias. O bom senso deve ser usado.

3. Memória
O que é memória?

A memória é um processo complexo, através do qual um indivíduo seleciona, codifica, armazena


(consolida), recupera, transforma e perde informações.

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É a capacidade de reconstrução parcial ou total de uma experiência passada.
É a base do conhecimento. É o que permite que demos sentido ao cotidiano e acumulemos
experiência para usar durante a vida.
A memória humana tem a capacidade de realizar uma variedade de operações. De um lado, a
memória humana nos permite a identificar e classificar cheiros, sons, sinais, gostos e sensações.
De outro lado, ela é capaz de reter e manipular informações que adquirimos durante nossa vida,
nossa história.
A memória consiste em um conjunto de procedimentos que permite manejar e compreender o
mundo, levando em conta o contexto atual e as experiências individuais. Estes procedimentos
envolvem mecanismos de codificação, retenção e recuperação.
A organização da memória humana é geralmente aceita como sendo composta de três áreas
distintas e conectadas.

Memória

IMPRESSÃO
decorrente de
experiência Retenção de algum Reingresso
REGISTRO dessa Desse REGISTRO na
Atenção
IMPRESSÃO Consciência
Percepção
Afetividade

CODIFICAÇÃO RETENÇÃO RECUPERAÇÃO

Sabe-se que a memória humana possui suas limitações, isto é, o sujeito é apenas capaz de
memorizar um número limitado de informações.
Até pouco tempo, acreditava-se que a memória se encontrava numa determinada zona do
cérebro, mais precisamente, no tálamo. Isso foi derrubado, porque pessoas que sofreram
acidentes e perderam partes do cérebro podiam recordar e reconstruir as suas experiências
pretéritas sem grandes problemas.
Foram definidas as zonas controladoras da visão, audição, olfato e paladar, no entanto, não
foram encontrados indícios objetivos para uma zona especifica para a memória. Isto inspirou o
Neurofisiólogo, Dr. Karl Pribam, a formular a teoria da memória holográfica. Um holograma é
uma imagem em três dimensões analisada através da luz do laser.
Foi descoberto que a forma em que está ordenado um holograma, está diretamente ligada ao
funcionamento do nosso pensamento, das nossas descrições e da nossa percepção do mundo.
O aspecto mais revolucionário no conceito de holograma é que qualquer uma das partes do
holograma pode reconstruir a imagem completa. O todo está para as partes, como as partes
estão para o todo.

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Segundo Pribam, “ Através da informação contida numa só célula, podemos recuperar toda a
informação existente da memória do cérebro”. Teoria reforçada com as experiências genéticas
dos clones animais.

4. Tipos de Memória
O primeiro processo, e de primordial importância, é o processo de Reconhecimento de Padrões.
Este processo acontece na Memória Sensorial-Motora e envolve associação de significando a
um padrão sensorial.

A Memória Sensorial é um sistema de memória que por meio da percepção da realidade pelos
sentidos retém por alguns segundos a imagem detalhada da informação sensorial, captada por
algum dos órgãos de sentido. A Memória Sensorial é responsável pelo processamento inicial da
informação sensorial e sua codificação.
O segundo processo acontece na chamada Memória de Curto Prazo (MCP). A MCP recebe as
informações já codificadas pelos mecanismos de reconhecimento de padrões da Memória
Sensorial-Motora e retém estas informações por alguns segundos ou minutos, talvez dias ou
semanas, dependendo da intensidade do processamento, para que estas sejam utilizadas,
descartadas ou mesmo organizadas para serem armazenadas.
O terceiro processo acontece na Memória de Longo Prazo (MLP). A MLP recebe as informações
da MCP e as armazena. A MLP possui capacidade ilimitada de armazenamento e, as informações
ficam nela armazenadas por tempo também ilimitado.

Informação

Sist. Sensorial de
Memória

Perdida * NÃO ATENÇÃO

SIM
MCP

Perdida *
Mantida na MCP
De 15 - 30 NÃO PROCESSAMENTO Superficial
por até 3 dias *
segundos
Profundo

MLP Disponível p recuperar -


transferir P/ MCP

As recordações negativas são essenciais para nossa sobrevivência, um meio de autoproteção.


Se uma criança, aos três anos, queima a mão numa panela que saiu do fogão, a partir daquele
momento, evitará tocar em qualquer panela, resgatando a lembrança da última experiência com

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a panela. No momento em que foi codificada pela mente a dor da queimadura, o estresse gerou
descargas de adrenalina. Esse neurotransmissor faz a comunicação de perigo, enviando a
mensagem à MLP. Parece certo apontar que a adrenalina é o fixador da percepção. O psicólogo
e biólogo James MacGaugh, da Universidade da Califórnia, comprovou, por meio de experiências
laboratoriais em ratos, que quando eles não produzem adrenalina suficiente, reduz sua
capacidade de recordar em comparação com ratos que produzem adrenalina normalmente. Os
ratos, em que lhes eram administrados adrenalina, depois de aprenderem algo, recordavam
com maior facilidade.
A adrenalina e a noradrenalina representam importante papel para a autossugestão
involuntária, sendo, neste caso, a percepção fixada por excitação emocional, seja por medo,
felicidade, sofrimento, decepção, prazer, surpresa, etc.
A sugestão involuntária poderá ser positiva ou negativa, dependendo do tipo de excitação
emocional que a desencadeou.

5. A mente e suas Regras


Mente é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza
humana. 'Mente' é um conceito bastante utilizado para descrever as funções superiores do
cérebro humano relacionadas a cognição e comportamento (a interpretação, os desejos, o
temperamento, a imaginação, a linguagem, os sentidos, embora estejam vinculadas as
qualidades mais inconsciente como o pensamento, a razão, a memória, a intuição, a inteligência,
o arquétipo, o sonho, o sentimento, ego e superego).

Nosso raciocínio pode ser indutivo ou dedutivo, tendo como base o pensamento vertical
tradicional.

5.1. Raciocínio Indutivo e Dedutivo


O Raciocínio Indutivo é analítico e permite chegar a conclusões generalizadas, a partir de casos
particulares. Se eu largar uma pedra de um quarto andar, a pedra cairá atraída pela força da
gravidade. Se eu o atirar para cima, cairá do chão do mesmo jeito. Logo, induzimos que tudo
que for atirado para cima cairá no chão, independente do peso ou tamanho.

O Raciocínio Dedutivo é sintético, por dedução, de um pressuposto geral que chegamos a


conclusões particulares. Se todos japoneses falam japonês e meu vizinho é japonês, logo, ele
deve falar japonês. Todo raciocínio é deduzido mediante processo de conclusão. Chegar a
conclusões reais ou falsas, dependendo da experiência conhecida, através da relação causa e
efeito. Deduzir o novo por intermédio do conhecido.

5.2. Mente Voluntária e Mente Involuntária


A mente voluntária é racional, consciente. É o que nos diferencia dos animais. Por meio da
mente racional que aprendemos as primeiras letras, raciocinamos e refletimos, criamos,
falamos, aprendemos outras línguas, possuímos desejos de superação, de autocontrole e,
sobretudo, permite-nos controlar os nossos instintos e integrarmo-nos numa sociedade. Nela
está inserido o nosso dispositivo racional que nos faz tomar decisões, respirar para oxigenar o
cérebro e agir após refletir. Esta acionado, inibe o dispositivo emocional.

A mente involuntária é irracional, instintiva. É a mente inconsciente, modelada por heranças de


um inconsciente coletivo e da memória genética onde contém os programas de funcionamento

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corporal involuntários dos nossos órgãos internos, como também, os instintos de conservação
da espécie, violência, agressividade, entre outros.

Dentro da mente involuntária é armazenada a Memória a Longo Prazo (MLP) que, uma vez
processada, atua de forma automática (ação cerebelar). Mas, que em alguns casos, pode ser
controlada pela mente voluntária. Ex.: Andar de bicicleta

A Memória de Curto Prazo (MCP) é aquela que usamos para recordar números, nomes,
endereços, mensagens, tudo aquilo que utilizaremos e que a importância é momentânea. Se
conhecemos uma pessoa, recordamos seu nome. Se a pessoa não é importante, esqueceremos
o nome dela em pouco tempo. Porém, se a pessoa despertar interesse, guardaremos o nome
por tempo indeterminado. Toda informação de interesse, repetida ou que seja carregada de
emoção, passará para a MLP. Uma oração, uma canção, a primeira experiência sexual, o primeiro
beijo, etc.
No pré-consciente aloja-se a MCP, ou seja, tudo que utilizamos e recordamos diariamente.
Memórias disponíveis a serem recordadas com facilidade.
Se uma memória é importante, por repetição durante algum tempo, passa para mente
inconsciente e transforma-se em um ato automático, como andar de bicicleta ou dirigir um
carro. Um ato automático pode se instalar de imediato quando um estímulo ou experiência salta
da zona sensorial para o inconsciente como efeito subliminar. Chamamos de âncoras. Elas
podem ser positivas ou negativas como os casos dos traumas e fobias.

5.3. Regras da Mente – Gerald Kein


Gerald Kein, fundador da Omni Hypnosis Training Center®, em DeLand, Florida. Depois de
formar milhares de hipnotistas e hipnoterapeutas em mais de oitenta países, é reconhecido
como um dos principais instrutores de hipnose clínica dos EUA. Ele aponta que as regras da
mente, são:

1. Todo pensamento ou ideia provoca uma reação física.


2. O que a mente espera que aconteça, tende a ser realizado.
3. A imaginação é mais poderosa do que o conhecimento, quando se lida com a sua própria
mente ou com a mente do outro. (A razão é facilmente anulada pela imaginação)
4. Uma vez que a ideia foi aceita pela mente inconsciente, permanece até que seja
substituída por outra ideia (Formação de hábitos)
5. Uma sugestão atendida, cria menos resistência às próximas sugestões.
6. Um sintoma emocional induzido por um determinando tempo, tende a causar mudança
orgânica.
7. Ao lidar com o inconsciente, o esforço consciente acaba diminuindo o resultado

5.4. Teoria da Mente


John Kappas, fundou, em 1968, The Motivation Hypnosis Institute, apresenta-nos a sua Teoria
da Mente.

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Na comunicação Mente Consciente e Mente Inconsciente, faz-se necessário a barreira que as
separam para nossa proteção, o que chamamos de Faculdade Crítica, responsável para não nos
deixar ter acesso ao Inconsciente de forma fácil. Neste contexto de comunicação, contraímos
inúmeras associações no processo de aprendizagem e associação, tanto positivas como
negativas que ficam registradas no inconsciente. Estas associações negativas são as antagonistas
nos filmes de nossas vidas. São elas que nos levam a ansiedade, aos medos e as fobias. Como
mais de 95% dos nosso pensamentos e atitudes estão na ordem inconsciente, prevalece o que
está estabelecido como verdade. Não adiante o consciente, que representa menos de 5%, lutar
contra o inconsciente. Será sempre uma batalha desfavorável ao consciente.

Na hipnose, a Faculdade Crítica é rebaixada para que o consciente possa articular comandos ao
inconsciente, recomunicando, ou melhor, recolocando dados positivos ou fazendo uso dos
existentes, para sobrepor os negativos, ressignificando os sentimentos e as emoções.

Podemos entender que a Faculdade Crítica é representada pelo Córtex Pré-Frontal, a


“residência” do consciente e das tomadas de decisões, que, em estado de hipnose, é quase que
desligado, fazendo com que as informações recebidas não sejam analisadas ou julgadas e
permitindo que a comunicação seja feita diretamente com as outras áreas do cérebro.

5.5. Ciclo ou Giro Hipnótico (Loop)


A pseudo-hipnose provoca uma experiência baseada numa reação fisiológica automática. O
Ciclo Hipnótico ou Loop Hipnótico é um processo mental e fisiológico que acaba alterando a
noção de realidade da pessoa gerando uma experiência física ou psicológica. É uma maneira
simples de gerar um estado hipnótico sem a necessidade de fechar os olhos e entrar no transe
de maneira tradicional.

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O Loop pode ter início em qualquer uma das esferas (Crença, Imaginação, Fisiologia e
Experiência), para resultar em Hipnose. A crença em algo pode levar o sujeito a aguçar a
imaginação que logo sente o resultado fisiológico que registra a experiência, que, por sua vez,
reforça a crença... e assim por diante, criando o Ciclo Hipnótico ou Loop. Mas, para que o Loop
Hipnótico aconteça se faz necessário a Expectativa (fig. abaixo). Esta vai alimentar todo esse
processo. Ao manter esse Ciclo, é possível provocar vários fenômenos, até alucinações, sem a
necessidade de indução ao transe Hipnótico profundo.

Imaginação

Crença Hipnose Fisiologia

Experiência
Expectativa

5.6. Atenção
É um processo pelo qual concentramos a nossa consciência num estímulo exterior em forma de
imagem, som, tato, olfato. É a capacidade de selecionar e manter o controle sobre a entrada de
informações necessárias num dado momento.

A atenção pode ser Natural ou Voluntária.

• Natural

Tanto o ser humano como os animais possuem. Ela é involuntária e carece de interesse. Caso
contrário, será desviada para outro estímulo.

• Voluntária

Só os seres humanos possuem a atenção voluntária. O homem aprendeu a controlar a


atenção voluntária. Desta forma, consegue superar impulsos e desviá-los da atenção natural,
permitindo-lhe desenvolver o poder de vontade.

6. Princípios Psicológicos de Coué


• Lei da Atenção Concentrada
• Lei do Efeito Reverso
• Lei do Efeito Dominante

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A Lei da Atenção Concentrada é o primeiro princípio psicológico. Este princípio estabelece
que, quando a atenção está espontaneamente concentrada numa ideia, essa ideia tende a se
realizar. Se essa ideia envolve uma atividade muscular ou motora, será chamada de atividade
ideomotora. A exemplo da levitação dos braços rígidos. A pessoa se mantem com os olhos
fechados, imaginando que há uma corda amarrada no seu pulso que o puxa para cima e o braço
move-se para cima sem nenhum esforço consciente, e essa movimentação tem uma base
psicológica sem esforço voluntário. Quando os órgãos dos sentidos estão envolvidos, como nos
sentimentos ou nas mudanças de temperatura, será chamado de atividade ideossensora, como
as mudanças de temperatura de determinada parte do corpo e a anestesia. Essas atividades
combinam-se para formar uma reintegração ou uma reorientação neuropsicofiosiológica
interna, tendo como consequência as mudanças motoras e/ou sensoriais.

Vale ressaltar o segundo princípio psicológico envolvido na sugestão, conhecido como Lei
do Efeito Reverso, de Coué, reza que “quando a vontade e a imaginação entram em conflito, a
imaginação sempre ganha”. Quando uma pessoa pensa em fazer algo, mas sente que não pode,
quanto mais ela tenta mais difícil fica a sua realização. A exemplo das mãos coladas. Quanto
mais o sujeito tenta abrir, mais coladas elas ficam. O uso do MAS, faz a primeira oração sempre
perder a força.

O terceiro princípio psicológico é a Lei do efeito Dominante. Quando ancoramos uma


emoção a uma sugestão, esta sugestão se torna mais efetiva. Uma emoção mais forte tende a
reprimir ou eliminar outra mais fraca. Como exemplo, podemos citar as experiências hipnóticas
de ancoramento, quando fazemos uso de emoções positivas muito fortes para substituir
emoções negativas, ou quando dois amigos estão estudando e um deles sente que já não está
rendendo mais, convida o outro para ir ao cinema. Ainda complementa, lembrando ao outro da
última vez em que ele estudou duro e foi mal no exame. Certamente o amigo dirá “sim” ao
convite.

7. Percepção
É a faculdade de apreender por meio dos sentidos (Sistema Sensoriais). Mas, a realidade existe?
O que é realidade? A verdadeira realidade é a minha ou a sua? A resposta será: A realidade
individual é criada interiormente por cada indivíduo, em resposta aos estímulos interiores ou
exteriores que afetam nossos sentidos. A percepção está diretamente ligada às experiências
passadas e como elas foram codificadas ou decodificadas. Por isso, a percepção é subjetiva.

Nosso sistema sensorial será grande aliado para a identificação da chave de acesso de cada
cliente.

Os órgãos sensoriais são mais de cinco, embora alguns não sejam conhecidos.

7.1. SISTEMAS SENSORIAIS


Visual
Auditivo
Cinestésico Sensitivo
Tato
Olfato
Paladar

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Sensações Internas
Em função da nossa experiência sensorial, desenhamos a nossa realidade, de acordo com o
sistema sensitivo que domine o processo de comunicação com o exterior.

A informação recebida pelos sentidos se processa na zona da percepção, zona consciente, que
filtra a nova informação e modela com a informação própria existente na MLP. O que gera uma
realidade subjetiva.

8. Sentido Dominante
A realidade individual é sempre estruturada em função de uma associação entre a realidade
exterior e interior, construídas por experiências passadas.

Para a prática da hipnose é muito importante determinar qual a chave de acesso à informação,
ou seja, qual dos sentidos domina o processo de codificação dos dados na nossa mente, se
auditivo, visual, gustativo, olfativo ou cinestésico.

8.1. Chave de Acesso Visual


As chaves de acesso visual nos permitem identificar qual o sentido dominante da pessoa. Para
tanto, faz-se necessário realizar algumas perguntas de modo a detectar a sua estratégia interna
de codificação, observando os movimentos oculares. A nossa neurofisiologia permite-nos
descobrir qual o processamento da informação, se é interna ou externa, através dos
movimentos oculares específicos, micro movimentos e gestos que permitem detectar o sentido
dominante.

Para pôr em prática, pergunte ao seu cliente a cor dos olhos da avó? Ou para que lado se abre a
porta do quarto dele? Se ele recorda o tom da voz do pai? Recorda a sua música preferida?
Imagina uma gota de limão na tua boca? Imagina uma pera de gelo na tua mão? Quais são as
sensações? Lembra do cheiro da canela?

A partir de cada pergunta, é possível identificar o sentido e a estratégia dominante do processo.


Além da observação dos movimentos oculares, é importante prestar a atenção aos predicados
que utiliza. Mediante a representação das expressões ver, ouvir, sentir, imaginar, etc., tornar-
se-á mais evidente qual é a chave de acesso. Cuidado com os vícios de linguagem regionais.

VISUAL: Ver, mostrar, enxergar, imaginar, visualizar, diante, nítido, turvo, escuro, amanhecer,
claro, perspectiva, etc.
AUDITIVO: Ouvir, escutar, calar, alto, baixo nível, som, barulho, gritar, silêncio, etc.
OLFATIVO/GUSTATIVO: Amargura, amargar a vida, o perfume, cheiro, odor, ficar com a boca
cheia de água, picante, saboroso, fedor, salivar, etc.

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CINESTÉSICO: Sensações, sentir, apertar, golpear, tocar, ao alcance da minha mão, sedoso,
quente, frio, molhado, suave, etc.
Definindo a chave de acesso, a indução será mais adequada, logo, mais rápida e eficaz.

9. Mecanismos neurológica
Córtex pré-frontal
Essa região é basicamente a “residência” do consciente. Está relacionada a pensamentos
complexos, tomadas de decisões, criação de correlações de causa e efeito, “manipulação” social.
Em hipnose, essa região é quase “desligada”, assim as informações recebidas não são analisadas
ou julgadas, permitindo se comunicar diretamente a outras áreas do cérebro.

Tálamo
Direciona os estímulos do cérebro para as demais partes do corpo e vice-versa.
Na hipnose, essa região é afetada principalmente em sugestões de anestesia, diminuindo a
atividade do tálamo, fazendo com que o estimulo da dor não chegue ao destino final.

Hipocampo
Possui relação com a amígdala, já que também faz parte do sistema límbico. O Hipocampo tem
atividades relacionadas com inibição, formação de novas memórias e orientação espacial.
Porém, ainda não há experimentos ou teorias que relacionam diretamente o efeito da hipnose
ao hipocampo.

Amigdala
Ligada ao tálamo e hipotálamo, é uma parte do cérebro conectada ao instinto de Atacar, Fugir
ou Congelar. A principal função da amigdala é de criar memória emocional, para a sobrevivência.
Na hipnose, a amígdala se “desliga”, desativando o instinto Atacar, Fugir ou Congelar,
impedindo que possa ocorrer qualquer gatilho emocional.

Hipotálamo
Responsável por alguns processos metabólicos e atividades do sistema nervoso autônomo. Ele
liga o sistema nervoso ao sistema endócrino, sintetizando a secreção de neuro-hormônios, que
estão relacionados também com as emoções. Além de controlar a temperatura corporal, fome
e sede, impulso sexual. O próprio pensamento pode alterar a atividade do hipotálamo. Por
exemplo, visualizar mentalmente sua comida preferida por algum tempo, pode fazer você salivar
e sentir fome.

10. INDUÇÃO

10.1. Pre-Talk
Esta conversa prévia que chamamos de “Pre-talk” é o que antecede o fenômeno hipnótico. Não
precisa ser longo e complexo. Aliás, é de crucial importância que seja curto e objetivo, de forma
a não permitir que surjam novos medos.

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No contexto do “Pre-talk”, o primeiro mito a ser derrubado é o da perda de controle. Devemos
mostrar ao sujeito que ele não vira fantoche e não vai fazer o que o hipnoterapeuta mandar
como andar feito galinha, por exemplo. Em todo tempo, o paciente ficará no controle por estar
consciente, apesar do estado de transe. Importante evidenciar que, em qualquer momento, ele
pode sair do transe, precisando apenas abrir os olhos e desviar a atenção, caso não esteja à
vontade. Jamais o sujeito vai fazer algo contra a sua índole, mesmo que esteja em transe
profundo e seja dado o comando. Prevalecerá sempre o que está inserido na moral porque ela
faz parte do inconsciente.

O segundo mito a ser trabalhado “Pre-talk” é o de temer contar segredos durante o processo.
Isso não acontecerá porque a consciência não é perdida.

Outro mito é o de não voltar mais. Ninguém vai para lugar algum. Apenas um processo de
concentração e comunicação. Não existe chance de isso acontecer, mesmo se o hipnoterapeuta
morrer durante a sessão, deixando o paciente em transe. Caso isso aconteça, em pouco minutos
o paciente sairá do transe por ausência de comandos ou por tédio.

Diferente do que muitos acham, ser hipnotizado não é sinônimo de fraqueza de mente. O transe
é um fenômeno natural. Entramos em transe quando assistimos a um filme ou quando nos
concentramos demasiadamente num livro ou numa música ou numa conversa com alguém que
gostamos.

Fazendo parte do Rapport, o Pre-Talk serve para quebrar o gelo, desmistificar o processo
hipnótico e alavancar a segurança no hipnoterapeuta. Dependendo do Pre-Talk, o sujeito pode
entrar em Transe sem que seja preciso fechar os olhos. Lembre-se que é uma das fases mais
importante para o processo.

10.2. Yes-Set
Em hipnose é importante que o sujeito tenha engajamento e conformidade em relação aos
comandos que você irá sugerir. Uma das maneiras de se conseguir isso é pelo que chamamos
“yes set”. Em português, seria algo parecido com o contexto de conformidade, ou seja, são os
vários “sim” que você provoca no sujeito, sem que ele perceba, mas que lhe permitirá mensurar
a aceitação e entrega do indivíduo ao processo.

Esse é a razão pela qual os hipnotistas geralmente iniciam a hipnose pedindo para o sujeito deixa
os pés juntos no chão (primeiro sim), junta as mãos (segundo sim), esticar os braços (terceiro
sim) e assim por diante.

“Levante-se, por favor! Dê um passo à frente! Junte os pés! Mantenha-se na postura ereta!
Respire profundamente! Deixe seus braços relaxados! Olhe nesse ponto!

Esse procedimento ajuda no ingressar do transe porque o sujeito se torna permissivo quando
faz tudo que o hipnotista pede.

10.3. Feedback Positivo


A hipnose é um processo de aprender a entrar em transe. Obter o feedback positivo é vital em
qualquer processo de aprendizagem. Se você ficar inerte sem dar feedbacks positivos ao seu
paciente, certamente, ele sairá do transe por achar que não está agindo corretamente ou

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conseguindo entrar em transe. Segundo a Psicologia Social, os elogios tendem a aumentar o
rapport com o sujeito, além de aumenta sua conformidade em relação a quem o elogia.
Acompanhe reforçando os comandos alcançado com o “Isso” ou “muito bom” ou “perfeito”.

10.4. Pseudo-Hipnose
São técnicas que fazem uso da fisiologia para sugerir ao transe hipnótico, ou seja, leva ao sujeito
a entrar no Loop hipnótico.

10.4.1. Dedos Magnéticos


“Sente-se confortavelmente nesta cadeira ou junte os pés mantendo-se em pé
Isso mesmo. Agora, junto suas mãos e entrelace os seus dedos dessa maneira, como se estivesse
orando. É importante que você deixe os polegares cruzados. [mostre como os seus ficam]
Agora, estenda os dedos indicadores e aponte-os para cima, mantendo-os afastados em cerca
de três centímetros.

Concentre-se apenas no espaço (fixação do olhar favorece a indução hipnótica) entre os dedos
indicadores. Concentre-se nesse espaço e imagine que estou colocando dois imãs bem
poderosos, em cada um desses dedos.
Imagina a força magnética de atração desses imãs.
Esses imãs são tão poderosos que você sente uma força irresistível atraindo seus dedos.
À medida que os dedos se aproximam, você sente que essa força aumenta mais e mais.
Seus dedos vão se aproximando cada vez mais... e mais... e mais...
Eles continuam se aproximando, até que, eventualmente, podem se tocar. ”

Possíveis resultados para esta pseudo-hipnose

a) Os dedos se aproximam apenas um pouco – apesar de participativo, o sujeito não se


envolveu com a sugestão.
b) Os dedos aproximam e rapidamente se unem – Superando a ação fisiológica, o sujeito
unindo rápido os dedos, prova que ele foi sugestionado. Neste caso, você pode realizar
alguma indução hipnótica e, em seguida, o aprofundamento.
c) Os dedos permanecem imóveis ou se afastam – O sujeito, por algum motivo, está
boicotando o processo, lutando contra as sugestões. Diga ao sujeito que ele não está se
concentrando suficientemente e, educadamente, dispense-o.

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10.4.2. Mãos coladas para fora
“Fique de pé ou sente-se nesta cadeira. Junte suas mãos e entrelacem seus dedos dessa
maneira. [mostre como deve ficar as mãos]
Estique seus braços ao máximo e levante-os até suas mãos ficaram pouco acima de sua cabeça.

Deixe seus braços os mais esticados que conseguir e fixe seu olhar em um de seus dedos...
Enquanto você mantém a mão bem apertada, imagine que existe uma cola muito poderosa e de
secagem rápida escorrendo entre seus dedos...
Enquanto mantém o seu olhar fixo em um dos dedos, você vai percebendo que suas mãos e seus
dedos vão ficando cada vez mais colados...
Em algum momento farei uma contagem de 1 a 5.... a cada número, seus dedos estarão dez
vezes mais colados... 1... a cola está secando e seus dedos estão ficando completamente
colados. [Aumente a imperatividade de seu discurso, enquanto avança na contagem]... 2...a cola
está quase seca e seus dedos estão completamente colados... 3...a cola já está completamente
seca e seus dedos já estão completamente colados...
Quanto mais você tentar descolar os dedos, mais colados eles vão ficar.... mais colados... 4...
Estica o braço...quanto mais você estica, mais colados fica.... 5... Tente descolar e não consegue!
Tente descolar e não consegue! Tente descolar e não consegue!

Algumas considerações

• Ao dizer a palavra “tente”, você dá a impressão de possível falha que é reforçada pela
expressão, “mas não consegue”. Quem tenta, não consegue. Isso é um mecanismo
inconsciente. Quando você convida alguém para um evento na sua casa e ele diz que
tentará chegar por lá, corte o nome dele da lista porque ele não irá.
• É importante, para preservar o bem-estar do hipnotizado, pedir que tire anéis óculos,
ou quaisquer objetos de uso pessoal que possam machuca-lo.
• Quando o procedimento for coletivo, após os sujeitos fecharem os olhos, mude os
comandos para o singular. Assim, o sujeito terá a impressão que você está falando
diretamente para ele.

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10.4.3. Mãos coladas para dentro
Fique de pé ou sente-se aqui. Junte suas mãos e entrelacem os dedos dessa maneira. [Mostre
como se faz].
Estique seus braços e mantenha sua mão e seus dedos bem apertados...

Deixe-a mais apertada que conseguir e fixe seu olhar em um dos seus dedos...
Enquanto você mantém sua mão bem apertada, imagine que existe uma cola muito poderosa e
muito forte escorrendo entre seus dedos...

Enquanto mantém o seu olhar fixo em um dos dedos, você vai percebendo que suas mãos e seus
dedos vão ficando cada vez mais colados...
Farei uma contagem de 1 a 5... a cada número, seus dedos estarão dez vezes mais colados...
Quando chegarmos ao número 5, você vai tentar descolar suas mãos, mas não consegue.
1... a cola está secando e seus dedos estão ficando completamente colados [na medida em que
avança na contagem, torne sua voz mais imperativa]... 2...a cola está quase seca e seus dedos
estão completamente colados... 3... a cola já está completamente seca e seus dedos já estão
completamente colados... 4... quanto maias você tentar descolar, mais colados vão ficar.... cada
vez mais colados... cada vez mais colados... 5... tente descolar e não consegue!
Quanto mais você tenta, mais colados fica...cada vez mais colados...completamente colados.

10.4.4. Pseudo olhos colados


Ideal é que o sujeito já tenha, pelo menos, passado pelos dedos magnéticos. Após o Yes-set
(sente-se, por favor, ou, junte os pés)...

“Agora, feche os olhos.... muito bem.... Agora, imagine que estou passando uma cola muito
poderosa sobre suas pálpebras [nesse momento, passe seus dedos polegares levemente sobre
cada uma das pálpebras do sujeito].
É uma cola muito poderosa. Farei uma contagem de um a cinco. Quando chegar no número
cinco, seus olhos estarão completamente colados e você vai tentar abrir e não consegue
[durante a contagem, você vai simular uma tentativa fracassada de se abrir os olhos. Para isso,
antes de começar a contar, deixe o polegar e o indicador sobre os olhos do indivíduo]

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UM - [após cada número, faça a simulação de tentativa frustrada de se abrir os olhos. Mantendo
os olhos do sujeito fechados, empurre as pálpebras levemente para baixo. Em seguida, empurre
a sobrancelhas para cima. Vejas fotos abaixo]

[seus olhos estão cada vez mais grudados... - mais uma vez simule a tentativa frustrada de abrir
os olhos] .... mais grudados [simule novamente]
DOIS... seus olhos estão ainda mais grudados...[simule novamente]...mais grudados [simule de
novo]
TRÊS... seus olhos estão cada vez mais grudados...[simule a tentativa novamente].... mais
grudados...[simule]
QUATRO... seus olhos já estão completamente grudados...[simule]... completamente
grudados...[simule]
CINCO... seus olhos estão completamente colados...tente abrir e não consegue. ”

Considerações
Diferente do que se imagina, essa rotina não possui nenhum elemento hipnótico. Os olhos ficam
colados porque ao levantar as sobrancelhas várias vezes, você dará ao sujeito a impressão que
os músculos responsáveis pela movimentação das sobrancelhas são os mesmos músculos
responsáveis pela movimentação das pálpebras. Assim, ele mexe com os músculos da
sobrancelha achando que abrirá os olhos.

10.4.5. Livros e balões (ideomotor)


Pergunte se o candidato é destro ou canhoto. Nenhuma influência terá, mas gerará nele uma
expectativa [digamos que ele seja destro]

“Fique de pé, com os pés juntos, e estique seus braços paralelos dessa maneira (mostra como
se faz), colocando uma palma voltada para cima e a outra na posição de legal, voltado para cima.

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Muito bem... feche os olhos...
Imagine que estou amarrando cinco balões grandes de gás Hélio no seu polegar da mão direita...
imagine e visualize estes balões estão puxando seu braço direito para cima...sinta os balões
puxando para cima....[toque levemente em baixo da mão fazendo leve impulso para cima,
enquanto você diz que os balões sobem]... seu braço está se tornando mais leve...mais
leve...mais leve... M-A-I-S L-E-V-E...
Agora, imagine que estou colocando dois livros de capa dura na sua mãe esquerda... imagine e
visualize estes livros pesando e puxando sua mãe esquerda para baixo... sinta os livros puxando
para baixo... [toque levemente em cima da palma, fazendo leve pressão para baixo, enquanto
você diz que os livros pesam]... seu braço está se tornando mais pesado...mais pesado...mais
pesado... M-A-I-S P-E-S-A-D-O....
*sempre que der as sugestões de subir ou descer, dê os toques. Esses toques favorecem o
processo de “acompanhar” e “conduzir”...
Farei uma contagem de 1 a 4....
1 ... Os balões estão se tornando mais e mais leve.... mais leve...mais leve...
M-A-I-S L-E-V-E...
2... Os livros estão tornando mais e mais pesados...mais pesados... mais pesados...
M-A-I-S P-E-S-A-D-O-S...
3 ... Os balões estão se tornando mais e mais leve.... mais leve...mais leve...
M-A-I-S L-E-V-E...
4... Os livros estão tornando mais e mais pesados...mais pesados... mais pesados...
M-A-I-S P-E-S-A-D-O-S...

Considerações
Fique atento aos sinais de desconforto ou mal-estar. Normalmente, durante esta indução, o
sujeito, apesar de não oferecer quaisquer informações sobre o desconforto físico. Procure
perceber e como comando indutivo ajeite-o de posição. Muito comum, a sensação de
desconforto e dor no ombro do braço que sobe.

28
10.4.6. Mãos Magnéticas (ideomotor)
Em pé ou sentados, peça para o sujeito esticar os braços e
mãos com as palmas voltadas para dentro.

“Muito bom! Mantenha-se nessa posição, inspire


profundamente, segure o ar e feche seus olhos....
Enquanto você expira lentamente, imagine que cada palma
de sua mão possui um imã muito poderoso... inspire
profundamente novamente e, ao soltar o ar, imagine a
força que esses imãs fazem... atraindo uma palma para a
outra... expire lentamente...

Imagine a forte atração que suas mãos fazem entre si...

Farei uma contagem de 1 a 5. A cada número que eu contar, a atração entre elas aumentará dez
vezes mais...

1... suas mãos se atraem mais e mais... cada vez mais próximas...

2... a atração é ainda mais forte e eles estão cada vez mais próximas...se atraindo mais...

3... Se aproximando cada vez mais... sentindo a atração mais e mais forte...

4... se aproximando cada vez mais...mais e mais...bem mais próximas... e vão se encontrando...
se tocam e você vai ficando cada vez mais relaxado....

Considerações

Essa rotina possui alguns elementos relacionados ao movimento ideomotor. No entanto, ela
possui menos elementos fisiológicos do que as anteriores. Ao aplicar essa rotina, utilize-se dos
truísmos3, ou seja, ao primeiro sinal de movimentação das mãos, diga: “Suas mãos começam a
se mover, mais e mais. ” Ou, caso esteja com alguém que responda e demonstre alguma
resistência, diga: “ Suas mãos estão magnetizadas e começarão a mover apenas no momento
em que você desejar”.

10.5. Tipos de Induções


As induções são os momentos mais esperados da hipnose. Leva ao rebaixamento da faculdade
crítica e constrói um estado hipnótico. A indução começa com a preparação psicológica do
paciente. Em algumas situações, ele já vem preparado, hipnotizado pela admiração ao
hipnoterapeuta. Duas palavras precisam ser bem empregadas no contexto, são elas: confiança
e sensibilidade. O paciente precisa confiar no hipnoterapeuta e se perceber sensível às
sugestões, fazendo uso do que tem de melhor em sua imaginação. Como dizia Weissmann em
suas induções(1958): “Toda Hipnose é, em última análise, autohipnose. Você mesmo é que se

3
Verdade incontestável ou evidente por si mesma – o que é óbvio

29
vai hipnotizar. Eu apenas ajudo um pouco, mas para poder ajudá-lo é preciso que você obedeça
à risca às minhas instruções e tenha toda confiança em mim. A hipnose começa com um ato de
confiança. É uma espécie de operação de crédito moral entra a pessoa que voluntariamente se
submete à indução e ao hipnotizador”.

As induções podem ser descritas de variadas formas:

1. Direta - Vertical – Clássica – choque - rápida

2. Indireta - Horizontal – Naturalista - Ericksoniana

3. Relaxamento Progressivo – direta ou indireta;

Claro que você pode mesclar induções diretas com as indiretas, sendo autoritário e intercalando
com uso de metáforas para levar o sujeito ao transe mais adequadamente.

10.5.1. Induções Rápidas


❖ Relaxamento com indução (Dave Elman)

Dave Elman (6 de Maio de 1900 - 05 de dezembro de 1967) foi um famoso apresentador de rádio
americano, comediante e compositor, e figura importante no campo da hipnose, especialmente,
hipnoterapia. Ele é mais conhecido hoje como um autor de um livro
sobre hipnose, Hypnotherapy (1970) e a técnica de mesmo nome de
indução hipnótica.
1. Pode usar espiral para iniciar a indução
2. Desligar os olhos
3. Distribuição do relaxamento para o corpo
4. Fracionamento de Vogt (abrir/fechar os olhos 3 x) ou
aprofundamento contagem regressiva de 10 a 1
5. Teste do pulso (tocar na parte superior do braço para indicar o
relaxamento de todo o braço).
6. Amnésia dos números

❖ Quebra de Padrão (Aperto de mão de Bandler)

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Richard Bandler (24 de fevereiro de 1950 - 66 anos) criador da Programação Neurolinguítica
(PNL) e foi autor de vários livros, juntamente com John Grinder (co-criador da PNL)
➢ Falso aperto de mão, quebrando o padrão cerebelar
➢ Pedir para fixar na mão, numa linha, num ponto
➢ Pedir para concentrar-se na perda de foco
➢ Induzir a atração da mão à testa e ao cansaço dos olhos
➢ Avaliar a atração da mãe e o cansaço dos olhos
➢ Quando a mão tocar na testa, feche os olhos!

❖ Signo Sinal

➢ Após levar o sujeito a um transe profundo, instale o signo-sinal a partir de algum


comando.
➢ Ex.: Quando eu tocar na sua testa e disser, “Durma”!
▪ Quando eu olhar dentro dos seus olhos e disse a palavra “Durma”

❖ Espiral

➢ Pedir para o sujeito acompanhar seu dedo sem mexer a cabeça


➢ Enquanto o sujeito não entra em transe a passagem do dedo no anglo superior deve ser
mais lenta e mais alta; a inferior pode ser mais rápida.
➢ Quando perceber as pálpebras tremerem ou piscarem sem parar ou olhar turvo,
diminuir o círculo desenhado no ar e aproximar o dedo dos olhos. “Durma”!

❖ Choque

➢ Hand Drop

“ Em algum momento eu vou falar a palavra durma; você não irá dormir; irá apenas fechar os
olhos, descer o queixo e relaxar profundamente, mantendo-se equilibrado”

➢ Fixação do olhar* + Hand Drop**


• Preferencialmente, colocar o sujeito sentado.
• Peça para ele apoiar a mão na palma da sua mão.
• Pedindo para fixar entre seus olhos e diga: “Em algum momento vou contar até 3.
Só a partir do 3, você vai fazer pressão para baixo como se fosse quebrar a minha
mão, muito forte. ”
• Quando você perceber que, apesar dele estar fixado nos seus olhos, a força está
aumentando na mão, puxe rapidamente e simultaneamente grite “durma”.
• Sempre apoie o ombro do sujeito com a outra mão para que ele não cai para frente.
• Aprofundamento

* Pode pedir para fechar os olhos e fazer procedimento.


**pode ser utilizada em qualquer outra indução de choque
➢ Arm Pull

• Posicione o sujeito com os pés juntos


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• Segure a mão do sujeito
• Peça para ele olhar para um ponto entre seus olhos
• Fixe seu olhar nos olhos dele, quando perceber que os olhos estiverem vidrados ou
pupila dilatada ou tremer a parte inferior das pálpebras, puxe o braço para baixo -
aproximadamente 3 cm, e, simultaneamente, grite de forma imperativa “durma”.
(Susto)

➢ A partir das mãos magnéticas

• Peça para o sujeito esticar os braços paralelos.


• Peça para imaginar que as mãos dele são duas placas magnéticas que se atraem
cada vez mais. Quanto mais ele se concentra, mais elas se atraem.
• “Quando elas se tocarem, você vai fechar os olhos e relaxar mais ainda. ”
• Quando as mãos estiverem próximas, junte-as de forma abrupta e,
simultaneamente, diga “durma”.

11. Sugestão Hipnótica


É uma forma de comunicação em resposta a um estímulo.
Mudança de informação através do rebaixamento da Faculdade Crítica
Direta - Comandos objetivos
Indireta - Uso de Metáforas
Nossa mente não processa o “não”

• Quando o “não” é imposto, o cérebro tenta resolver o dilema, mas prevalece a leitura
da imagem que segue após o “não”

• O “não” é inexistente para comandos da mente

• A nossa mente para responder a uma frase que implique numa sugestão ou ordem
negativa, primeiramente, ela representa a existência daquilo que negamos.

• “Por que em certos comandos em teste de suscetibilidade, o hipnoterapeuta utiliza a


palavra “não” para o paciente colar as mãos? ”

• No campo da ideia/imagem a mente não processa o “não”, mas na prática a mente


encaixa como complemento de uma ordem objetiva “tenta”.

12. Transe
É o momento em que a sugestão ou autossugestão produz um efeito auto potencializado e
exagerado na mente do sujeito, gerando alterações neurofisiológicas visíveis que pode ser
confundido com o sono fisiológico. Estas manifestações visíveis, designam-se por “Estado de
Transe”. É um fenômeno que se origina a partir dos nossos órgãos sensoriais, estimulando
interna ou externamente os nossos sentidos, obtendo certas respostas no córtex cerebral,
produzindo determinada reação. Esta reação se retroalimenta (feedback), internamente e

32
externamente, através das nossas experiências anteriores e através das nossas crenças (Loop
Hipnótico).

12.1. Transe Naturalista


• Associado - quando o Consciente e Inconsciente trabalham juntos. Ex.: Jogar vídeo game

• Dissociado - Quando o Consciente e Inconsciente trabalham separados. Ex.: como


naquele dia em que você sai de carro para ir à padaria, mas via pensando num assunto,
quando se percebe está chegando no trabalho e não na padaria.

12.2. Aprofundamento do Transe


• É obtido por meio da criação de comandos diversos - usar o momento e movimentos
para aprofundar: “ enquanto seu braço desce, mais profundo você vai” ou “ao tocar no
seu ombro, mais profundo você mergulha”.
• Muito eficaz o uso de reações fisiológicas: batida do coração; cada inspiração. E
expiração
• Melhor usar palavra como “mais pesado” e “mais e mais profundo”.
• Retroalimentação da frase indutora “Quanto mais profundo, mais calma será sua
respiração... Quanto mais calma se torna sua respiração, mais profundo você vai...”
• Usar contagem numérica regressiva ou progressiva
• Usar imagens como: descer num elevador ou escada... estar numa praia relaxando... ou
caminhando num bosque.
• Técnicas de visualização de cenas carregadas de emoção, potencializam o transe
hipnótico. Cuidado com cenas emotivas não superadas.
• Metrônomo, vela, etc.

12.3. Níveis de Transe


Há diversas escalas de hipnose, porém estas resumem praticamente todas elas.
• Leve a médio – Esses níveis considerados limitados para hipnose, uma vez que é possível
alcançar o próximo nível com muita facilidade. Aqui é possível obter relaxamento físico
e analgesia através de sugestões.
• Profundo (sonambúlico) – É o estado mais usado na hipnose, pois há uma comunicação
direta e eficiente com o inconsciente. Em estado de sonambulismo o sujeito consegue
alcançar, através de sugestões, fenômenos como: relaxamento mental, amnésia,
anestesia, regressão, anestesia e qualquer tipo de alucinação.
• Coma hipnótico (Estado Esdaile) – Criado por James Esdaile(1808 – 1859),
posteriormente estruturado e ensinado por Dave Elman. Nesse estado, ocorre uma
anestesia geral no corpo, sem nenhuma sugestão. Há documentos comprovando que
alunos do Elman, sob sua supervisão, realizaram cirurgia cardíaca utilizando esse estado,
sem fazer uso da anestesia, pois o paciente não podia receber nenhum tipo de anestesia
química. Por outro lado, esse nível é tão prazeroso para o sujeito que ele não se importa
tanto com as sugestões do hipnotistas, por isso não responde bem a elas, às vezes,
dificultando o retorno ao estado de vigília. Faz-se necessário negociação com o sujeito
para obter retorno.
• Ultra depth (Estado de Sichort) – Ultra profundo, descoberto por acaso por Walter
Sichort, hoje patenteado e pesquisado por James Ramey. Alegam que, após terem feito

33
diversos estudos sobre esse nível, descobriam que neste estado o corpo se recupera de
6 a 10 vezes mais do que o normal, sendo possível realizar auto curas incríveis.
(Nota minha: Entendo que este nível de transe é o mesmo do desdobramento ou projeção astral)

12.4. Técnica de Aprofundamento


Para aprofundarmos o estado de hipnose no indivíduo, devemos criar comandos específicos
para esta finalidade, ou utilizarmos situações já existentes no momento do aprofundamento
para enfatizá-lo.

Abaixo listamos alguns exemplos:

“Enquanto seu braço cai lentamente sobre seu colo... A sensação de relaxamento fica cada vez
mais profunda...”

“A cada movimento da sua respiração... você vai aprofundando mais e mais no transe...”

A associação com reações fisiológicas (respiração, batimentos cardíacos, movimento dos olhos)
ou com imagens mentais (visualização de cenas que causem relaxamento) podem sempre ser
empregadas para facilitar o processo de aprofundamento, e mostram-se bastante eficazes.

Lembre-se: A anamnese realizada previamente com seu cliente, serve de instrumento poderoso
para desenvolver comandos de aprofundamento, pois através dela é possível estabelecer um
rapport de maneira mais direta. Ex.: Se o sujeito gosta de acampar, adicione a imagem de um
acampamento bem tranquilo à beira de um rio durante suas rotinas de aprofundamento. Atente
apenas para não fazê-lo visualizar situações que podem provocar emoções negativas, e
consequentemente, reações adversas, difíceis de controlar durante o transe hipnótico.

12.4.1. Aprofundamento pela Respiração

34
A respiração do próprio cliente é uma boa aliada das técnicas de aprofundamento. Não importa
qual seja o padrão utilizado para vinculá-la às sugestões, contanto que esse padrão seja mantido
e todos os clientes se habituem rapidamente a aprofundar ou diminuir o transe com os
comandos ditados.

Pode-se fazer, por exemplo, uma contagem em ordem crescente, na qual, acompanhada pelo
ritmo da respiração, relaxa-se gradualmente:

“Em alguns instantes, vou iniciar uma contagem de um a cinco. Enquanto for dizendo os
números, você vai dormir ainda mais profundamente. Mesmo que já esteja confortável na
poltrona, pode mudar de posição a qualquer momento para que fique ainda mais confortável...
ainda mais confortável e relaxado...”

“Agora, para aprofundar ainda mais nesse estado, quero que você se imagine de pé no topo de
uma escada muito longa... Comece a descer lentamente prestando atenção nos degraus...
Enquanto você desce, inspira lentamente... e expira. A cada expiração você elimina toda e
qualquer tensão, ficando cada vez mais relaxado... Muito mais relaxado... Profundamente
relaxado...”

“Um sentimento de tranquilidade toma conta de você, enquanto você aprofunda cada vez
mais... Quanto mais você desce, mais profundamente sua mente irá... Observe os degraus que
estão à sua frente aproximando-se lentamente enquanto você desce... E vôce vai relaxando
ainda mais... Agora vou fazer uma contagem de um a três. À cada contagem, você vai respirar
profundamente... e na terceira expiração, desligará completamente todos os seus músculos...
multiplicando por dez o relaxamento atual...”

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“Um... Isso... Inspire e solte o ar bem devagar... Dois... Mais uma vez... Muito bem. Três... Você
atinge um relaxamento dez vezes maior do que o anterior... É cada vez mais fácil tornar-se mais
e mais relaxado...”

(Os comandos a seguir devem ser ditos com confiança e firmeza, mas sem autoritarismo, num
tom empático e devem ser repetidos até perceber-se no indivíduo sinais de transe hipnótico)

“Duplamente relaxado... Duas vezes mais profundo... e ainda mais profundamente agora... Todo
o seu corpo é tomado por uma sensação boa, confortavelmente quente e relaxada.”

Observação: Evite falar de escadas rolantes, elevadores ou cavernas, principalmente se


constatou fobias a esses elementos na anamnese realizada.

12.4.2. Metrônomo

Utilizado geralmente como instrumento para medir tempo e compasso de composições


musicais (Dicionario Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013), o metrônomo foi descrito
pelos psicólogos norte-americanos Arreed F. Barabasz e John Goodrich Watkins como
ferramenta para o aprofundamento do transe hipnótico.

Segundo eles, recomenda-se definir a velocidade do cronômetro em aproximadamente 60


batidas por minuto e em seguida, dizer:

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“Enquanto você escuta a batida do cronômetro, você relaxa mais e mais profundamente. É como
se o tique-taque estivesse lhe dizendo pra relaxar profundamente... Profundamente calmo...
Profundamente relaxado...”

Mantenha sempre sua fala sincronizada com o tique-taque do cronômetro, no ritmo de uma
palavra por batida. Desta forma, gera-se monotonia, que é primordial para o transe hipnótico.
As frases “profundamente calmo” e “profundamente relaxado” devem ser repetidas em média
de dez vezes. Em seguida, transfira este comando de aprofundamento para o próprio cliente,
tornando-o auto executável:

“À cada batida, repita mentalmente: ‘profundamente calmo’ e ‘profundamente relaxado’, a fim


de aprofundar mais e mais esse estado”.

Caso a posição do indivíduo esteja confortável e favorável ao relaxamento, ele pode ficar até 30
minutos ouvindo o cronômetro.

12.4.3. Fracionamento de Vogt

Ao colocar o despertador para tocar e prolongar o sono por repetidas vezes utilizando a função
“Soneca” do celular, você comumente se depara com a seguinte situação: Está irritado, atrasado
e se sentindo mais cansado do que quando acordou pela primeira vez. Já se perguntou o porquê
disso?

Simplesmente porque ao despertar pela primeira vez, seu organismo já havia se preparado e
liberado os hormônios necessários para gerar energia e iniciar um novo dia, mas sua insistência

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em voltar a dormir interrompia esse procedimento natural e fazia justamente o oposto, gerando
ainda mais sonolência.

Na hipnose, o método de fracionamento ocorre de maneira


equivalente. O indivíduo é orientado a entrar e sair do transe por
diversas vezes consecutivas. Porém, cada vez que entra nesse estado,
aprofunda-se ainda mais. Esta técnica chama-se Fracionamento de
Vogt e carrega consigo o sobrenome do alemão que a criou: Oskar
Vogt, no final do século XIX.

Pode ser praticada em conjunto com a técnica de contagem, para uma


maior eficácia, e ser realizada das mais variadas formas.

“Em algum momento, começarei uma contagem de um a dez. À medida que for ditando os
números, você vai se aprofundar ainda mais nesse estado. Você já está se sentindo muito
confortável, mas seu corpo pode mudar de posição a qualquer instante para ficar ainda mais
confortável... ainda mais confortável...”

“Um, seu corpo está completamente relaxado... todos músculos estão soltos e moles... Você se
sente muito bem e quer aprofundar ainda mais esse estado... Dois... Dormindo mais e mais
profundamente... A cada número você vai aprofundando dez vezes mais o estado anterior...
Três... Você está aprofundando ainda mais... Cada vez mais longe do estado anterior e mais
relaxado... Quatro... indo cada vez mais fundo... cada vez mais longe do seu estado inicial...
Quatro... Ainda mais profundo, você vai continuar dormindo até que eu diga para acordar...
Dois... Ainda mais profundo... Você continua a ir cada vez mais fundo... cada vez mais longe
desse estado atual... Três... Dez vezes mais profundo do que o estado anterior... Quatro... Dez
vezes mais profundo e cada vez mais relaxado... Cinco... A cada inspiração você aprofunda mais
e mais nesse estado... Inspire... Expire... Seis... Dez vezes mais profundo... Três... Cada vez mais
profundo... Quatro... Dez vezes mais profundo...”

E assim funciona o fracionamento: Sempre que você voltar a um número menor, o indivíduo
despertará um pouco do transe, mas ao reiniciar a contagem e avançar com os números, ele
será cada vez mais aprofundado.

Como método alternativo, pode-se sugerir a contagem do número um ao dez progressivamente,


mas ao chegar por volta do número seis, sugerir que faça o caminho inverso, de forma
decrescente, em direção ao número um. À cada número, sugere-se a diminuição do transe, mas
ao atingir o número dois, iniciar a contagem progressiva, novamente.

12.5. Sugestões Pós-Hipnóticas

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São todas as sugestões dadas a alguém durante o transe hipnótico e por ele realizadas ao
despertar desse estado de transe (dehipnotizado). Apresentaremos a seguir, dois tipos de
sugestões pós-hipnóticas: signo-sinal e sugestões pós-hipnóticas terapêuticas.

12.6. Signo-Sinal

Os métodos de indução citados anteriormente funcionam bem, mas consomem tempo


considerável. Para quem atende clientes/pacientes no curto tempo de uma sessão, torna-se
impraticável gastar-se um terço dela apenas com a indução. Por isso, recomenda-se o uso do
signo-sinal, que dentre todos os métodos de indução rápida, é um dos mais fáceis e seguros.

Para executar um signo-sinal, o sujeito deve primeiramente já encontrar-se em transe. A seguir,


crie um gesto, sinal ou toque indicativo para ele voltar imediatamente ao estado em que se
achava no momento exato da instalação da sugestão. Quando ele estiver em transe profundo,
diga:

“Quando eu estalar meus dedos e disser a palavra DURMA, você entrará exatamente no estado
de transe em que se encontra agora. Se estiver sentado, permanecerá sentado. Se estiver de pé,
continuará de pé, mantendo seu equilíbrio. Afirme balançando a cabeça, caso tenha me
entendido.”

Assim, ao despertar do transe, diante da execução do signo-sinal, o indivíduo será capaz de


entrar novamente em transe hipnótico instantaneamente. Observa-se melhor funcionamento
em signos-sinais que envolvem fatores fisiológicos. Por exemplo: Um toque na testa produz
maior efeito do que um simples estalar de dedos.

12.7. Sugestão Pós-Hipnótica Terapêutica

Considera-se terapêutica qualquer sugestão que vise proporcionar benefícios diretos à vida do
cliente. Milton H. Erickson afirmava que o transe é um estado terapêutico, e que por esse
motivo, não faz sentido utilizá-lo se não for para beneficiar alguém de alguma forma.

Exemplo: Se um paciente sofre de compulsão por comer, sugira que ele tome um copo d’água
toda vez que desejar fazer um lanche que fuja da dieta, e complete dizendo: “Sempre que você
escolher beber a água para satisfazer a sua vontade de lanchar, você ficará satisfeito. Tanto
física, quanto mentalmente.”

12.8. Despertar

Existem alguns mitos envolvendo o processo de despertar do transe hipnótico, como por
exemplo os de que se o indivíduo não for acordado pelo hipnotizador, estará sempre sob o seu
controle ou permanecerá dormindo indefinidamente. A verdade é que se não for despertado,
ele despertará sozinho.

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Cuidado: Despertar incorretamente ou rápido demais seus clientes pode causar dores de
cabeça, reações adversas ou romper completamente o rapport, prejudicando imensamente
as próximas sessões terapêuticas.

Basta, portanto que você utilize a mesma rotina do aprofundamento, mas de maneira inversa.
No aprofundamento da escada, por exemplo, faça-o percorrer o caminho contrário (subir a
escada lentamente). Já no dos números, inverta a ordem que usou antes (se foi crescente, faça
decrescente). Se relaxou os músculos, ative novamente cada área relaxada.

O tempo de despertar varia de pessoa para pessoa e se por algum motivo ela não abriu os olhos
ao final do processo de despertar, diga: “Abra os olhos no seu tempo... Quando for o momento
certo...”

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