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PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia é o campo que estuda a aprendizagem em suas diferentes


relações e circunstâncias. Ela se ocupa do processo de aprendizagem e suas
variações e da construção de estratégias para a superação do não-aprender, tendo
como um de seus focos principais a autoria do pensamento e da aprendizagem.
A Psicopedagogia tem uma visão integrada da aprendizagem, entendendo
que todas as dimensões do sujeito são coparticipantes de seus processos de
aprendizagem, por meio do entrelaçamento e da manifestação dos processos
cognitivos, afetivo-emocionais, sociais, culturais, orgânicos, psíquicos e
pedagógicos, concebendo o sujeito como individual e coletivo.
A Psicopedagogia transita entre os aspectos pedagógicos e psíquicos e entre
os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos. Sua intervenção
possibilita que indivíduos, grupos e instituições desenvolvam seus processos de
aprendizagem de forma saudável, resgatando o prazer de aprender e descobrindo-
se como autores de seus próprios processos.
Nota-se, com base na experiência na área da Psicopedagogia, que é preciso
diferenciá-la da Educação Especial, conforme o Artigo 58 da Lei nº 12.796, de 2013:

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta


Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
(BRASIL, 2013).

Assim, pode-se dizer que a Psicopedagogia atende aos sujeitos que


necessitam de um olhar articulador sobre seu processo de aprendizagem, criando
estratégias para a superação do não aprender e a autoria. Já a Educação Especial,
conforme a Lei n°12.796 de 2013, tem o seu trabalho direcionado para os sujeitos
com Necessidades Educativas Especiais.
HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA

Com origem na Europa, a psicopedagogia surgiu como uma forma de trazer


respostas às dificuldades de aprendizagem e suas conexões com as disparidades
sociais.
Os primeiros centros psicopedagógicos foram criados em 1946 por Juliette
Favez-Boutonnier e George Mauco.
Nesses locais, eram recebidas crianças que apresentavam comportamentos
considerados inadequados, fosse na escola ou em casa, além daquelas que
demonstravam alguma dificuldade para aprender.
A ideia proposta era a de conhecer não só a criança, mas também o meio no
qual ela estava inserida, como forma de determinar ações reeducadoras.   
A corrente europeia, posteriormente, exerceu influência direta no
desenvolvimento da psicopedagogia na Argentina – sendo, mais tarde, Buenos Aires
a primeira cidade a oferecer o curso de formação na área.
Traços históricos da psicopedagogia no Brasil
O Brasil, por sua vez, acabou se espelhando no país vizinho para o
desenvolvimento da psicopedagogia, que chegou por aqui na década de 1970.  
Isso aconteceu, sobretudo, pela proximidade geográfica e também pela
facilidade de acesso à literatura.
Vale destacar que os primeiros passos da psicopedagogia no Brasil
ocorreram em um período no qual dificuldades de aprendizagem eram encaradas
como disfunção cerebral mínima (DCM).
Um dos principais obstáculos, presente ainda hoje, é o modo como essa
abordagem maquia a existência de problemas que são sociopedagógicos.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia constitui-se numa área de conhecimento. Apresenta


fundamentos teóricos e técnicos que servem de suporte, tanto na formação quanto
na prática profissional do psicopedagogo:

A Psicologia do desenvolvimento nos aspectos cognitivo


e afetivo, o desenvolvimento da aquisição da linguagem,
a lingüística aplicada, técnicas e metodologias da
reeducação da leitura e escrita e, fundamentalmente, o
conhecimento do processo de aprendizagem, bem como
das inúmeras variáveis que nele interferem
(RUBINSTEIN, 1987, p.14).

Além das áreas citadas acima, Barone (1987, p.18) inclui outras quando faz a
sua relação de áreas importantes para a Psicopedagogia: “filosofia, sociologia,
psicologia, ciências médicas e [...] psicolinguística. [...]. Contribuem, também, para a
ação do educador, as descobertas no campo das ciências biológicas, principalmente
da neurologia. ”
A maioria dos profissionais que desenvolve o trabalho psicopedagógico, tanto
preventivo quanto curativo, provém das áreas da psicologia, da pedagogia e da
fonoaudiologia. Essa formação, em nível de graduação, é complementada em
Cursos de Especialização Lato Sensu em Psicopedagogia. Esses cursos geralmente
têm seu enfoque na aprendizagem, estudando-a sob seus aspectos evolutivos
normais e patológicos, a partir de fundamentos neurológicos, psicológicos e
cognitivos e relacionandoosm à influência do meio como a família, a escola e a
sociedade (KIGUEL, 1987).
Bossa (in OLIVEIRA e BOSSA, 1996a, p.8), ao introduzir o livro Avaliação
psicopedagógica da criança de zero a seis anos, salienta a importância da relação
entre a Psicanálise e a Epistemologia Genética na fundamentação teórica da
psicopedagogia e lembra que essa “articulação [...] fica evidente quando se trata de
observar os problemas de aprendizagem, pilar da teoria psicopedagógica. ” E
complementa essa ideia, afirmando que “a clínica tem se constituído em eficiente
laboratório da teoria”.
Ela também frisa (in OLIVEIRA e BOSSA,1996a, p.9) a importância, para o
desenvolvimento do trabalho psicopedagógico, do conhecimento do “conjunto de leis
que regem o processo de construção do conhecimento em geral, bem como os
inerentes à construção de cada área do conhecimento em particular.” A autora
afirma que só esse conhecimento aprofundado dos processos normais de
construção do conhecimento é que permite que se possa distinguir um processo
normal daquele que é considerado sintomático. Complementa-se com a ideia de que
esse conhecimento também possibilita a construção de um trabalho
psicopedagógico que busca a superação das dificuldades de aprendizagem.

PSICOPEDAGOGO

O Psicopedagogo é um especialista em Psicopedagogia. Sua formação


ocorre, geralmente, através de cursos de Especialização, possibilitando o
aprofundamento dos conhecimentos obtidos nos cursos de graduação e a ampliação
da discussão sobre os aspectos da aprendizagem, de sua autoria e da superação do
não aprender.
Assim, se uma pessoa tem a graduação em Licenciatura em Matemática e a
especialização em Psicopedagogia, ela será Licenciada em Matemática e
Especialista em Psicopedagogia. Se a pessoa tem graduação em Pedagogia e
Especialização em
Psicopedagogia, ela será uma Pedagoga e Especialista em Psicopedagogia.
Se ela tiver a graduação em Psicologia e Especialização em Psicopedagogia, ela
será uma Psicóloga e Especialista em Psicopedagogia.
O especialista em Psicopedagogia é um profissional habilitado a lidar com os
processos de aprendizagem e suas dificuldades junto às crianças, aos adolescentes,
aos adultos ou às instituições, instigando aprendizagens significativas, de acordo
com suas possibilidades e interesses. Em sua prática, o especialista em
Psicopedagogia pode auxiliar na busca do prazer de aprender, na construção de um
novo significado para as formas de aprender, da compreensão, por parte dos
sujeitos, da maneira como aprendem e de como utilizar suas estratégias em relação
a novos conhecimentos.

O QUE FAZ O PSICOPEDAGOGO

Como já citamos no início do texto, estamos sempre em contato com novos


aprendizados.
O papel do psicopedagogo, então, é compreender como assimilamos cada
um deles desde que somos apenas recém-nascidos até a fase adulta.
Com isso, o profissional tem a oportunidade de identificar problemas, que
podem ser dificuldades ou até mesmo transtornos, e encontrar alternativas para
melhorar o processo de ensino e garantir que os conteúdos possam ser absorvidos
e compreendidos.
Também cabe a ele decifrar a origem da dificuldade apresentada, que pode
ser mental, social, física e mesmo emocional.
É possível ainda que o psicopedagogo atue no desenvolvimento de ações
preventivas, a partir do acompanhamento, sobretudo de crianças.
Qual a importância da psicopedagogia?
Depois de falarmos sobre a construção histórica dessa área do conhecimento
e mesmo sobre a atuação do profissional, não é difícil compreender a importância do
trabalho realizado pela psicopedagogia.
Afinal, podemos dizer que ela serve até mesmo como uma forma
de empoderamento daquele que apresenta algum tipo de dificuldade no processo de
aprendizagem.
E isso não vale apenas para a alfabetização, por exemplo. Também estão
envolvidos fatores de ordem emocional.
Quando inserida no ambiente escolar, a psicopedagogia é uma estratégia que
permite agir preventivamente, orientando professores e familiares sobre como
identificar sinais de que existe alguma diferença significativa entre o aprendizado de
um aluno.

O CAMPO DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

As possibilidades de atuação do profissional especializado em


psicopedagogia são muitas – e têm se multiplicado ao longo dos últimos anos.
Por isso, vale a pena olhar com atenção antes de supor que esse profissional
vai estar sempre alocado no ambiente escolar.
Nas escolas, ele pode tanto ajudar a identificar as dificuldades apresentadas
pelos alunos quanto auxiliar na escolha de métodos mais eficientes de ensino ou até
mesmo no aperfeiçoamento do currículo escolar.
Já nas empresas, a psicopedagogia tem como objetivo aumentar a absorção
de conteúdos e, é claro, melhorar a performance dos colaboradores.
Também é possível que esse profissional crie sua própria clínica ou
consultório, atendendo conforme sua disponibilidade e foco, tanto no âmbito clínico
quanto institucional.
Outra opção é prestar assessoria a empresas e até mesmo a órgãos públicos.
Existe também a alternativa de atuar em hospitais, auxiliando pacientes que
tenham passado por algum tipo de trauma que reduziu sua capacidade funcional ou
resultou em alguma perda de memória.

DIFERENÇAS ENTRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL

De maneira prática, a psicopedagogia pode ser dividida em duas grandes


áreas: a clínica e a institucional.
Cada uma delas exige conhecimentos específicos e também oferece
possibilidades distintas de aplicação.

Psicopedagogia clínica

Quem atua como psicopedagogo clínico trabalha em consultórios e faz o


atendimento individual de cada paciente. Mas atenção: ele não tem formação como
médico.
É bastante comum que o seu atendimento seja realizado em parceria com
outros profissionais, como psiquiatra, fonoaudiólogo ou neurologista. Tudo, é claro,
depende do caso e das necessidades apuradas.
Esse profissional tem como principais atribuições apurar as causas que
levaram à dificuldade de aprendizagem e oferecer soluções que ajudem a superar o
problema.
Com uma linha de atuação terapêutica, também desenvolve técnicas
remediativas.

Psicopedagogia institucional

O psicopedagogo institucional, de outra forma, atua com grupos de pessoas.


Pode ser em escolas, hospitais e empresas, por exemplo.
Seu papel pode variar de instituição para instituição, mas suas atribuições
costumam envolver a avaliação de comportamentos e a identificação de fatores que
podem influenciar no desempenho individual, com repercussões coletivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do


processo de aprendizagem, ou seja, contribuir na busca de soluções para a difícil
questão do problema de aprendizagem. Desta forma, o psicopedagogo estuda
os processos de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos.
Ele identifica as dificuldades e os transtornos que interferem na assimilação
do conteúdo, fazendo uso de conhecimentos da psicologia e da antropologia para
analisar o comportamento do aluno. Promove intervenções em caso de fracasso ou
de evasão escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.sbcoaching.com.br/blog/psicopedagogia/
BRASIL. Lei n° 12.796 de 2013. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12796.htm acesso em 24/01/2016
AJURIAGUERRA, J. de. Manual de Psiquiatria Infantil. 2 ed.
Paraná: Masson do Brasil, [s.d.].
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir
da prática. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LAJONQUIÈRE, Leandro de. De Piaget a Freud: para repensar as
aprendizagens. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1992.
LAJONQUIÈRE, Leandro de. Infância e Ilusão (Psico)Pedagógica .
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LEONÇO, Valéria Carvalho de. O adolescente nas Séries
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2000.
MACEDO, Lino de. Prefácio. In: SCOZ, B. et al. Psicopedagogia:
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PORTELLA, Fabiani Ortiz & HICKEL, Neusa Kern. Psicopedagogia:
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SPIEKER, Vanda. Um pouco da história da psicopedagogia.
Ciências e Letras. Porto Alegre: Faculdade Porto-Alegrense de
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