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PROJETO DE ARTIGO GRUPO DE ESTUDOS

O ESTADO DE EXCEÇÃO PARA SCHMITT

PÂMELA MUNIZ ABDON

A busca de Schmitt compreende a ideia de demonstrar que tanto o direito quanto a


política são ciências contingentes. A imprevisibilidade levantada pelo autor remete a
dificuldade em padronizar os fatos de uma sociedade em um único resultado, assim a
ideia de uma conjectura jurídica capaz de abranger a totalidade dos cenários sociais ou
até mesmo cristalizá-los representa a problemática retratada por Schmitt. Em uma visão
mais profunda de sua teoria, as constituições parecem possuir pouco destaque, já que
observando os fatos do mundo político a teoria constitucional parece ser nada mais que
a materialização de uma das inúmeras vertentes normativas que poderiam ter
configurado a vida social.

A exceção é uma armadilha teórica nas obras de Schmitt, contudo suas pontuações
sobre o assunto instauraram debates complexos sobre como o poder constituinte se
comporta no direito quando é puramente político. À primeira vista o Estado de Exceção
parece estar fora do direito e ao mesmo tempo ser sustentado juridicamente pelo
soberano, cuja existência é respaldada pelo ordenamento. Nesse sentido, o autor cria a
oposição entre norma e decisão, onde a decisão nunca pode ser deduzida por uma norma
sem deixar resquícios, ou seja, quando se decide algo excepcional a norma é anulada,
embora seja dessa suspensão que se crie condições para a aplicação da própria norma.

Nitidamente, essa apresentação do Estado de exceção é complexa e ambígua e sua


definição como uma guerra civil legal que permite a eliminação de inimigos e cidadãos
que não sigam os padrões sociais é um entendimento grotesco da realidade. Mesmo para
Carl, as perspectivas abertas sobre o que seria ordinário e o que comportaria o
excepcional não parece suficiente para o entendimento dos fatos, tendo em vista que o
tocante do artigo é justamente observar os graus de dificuldade em vislumbrar tal
contexto apenas pela ótica schmittiana, apesar de ainda na contemporaneidade não
conseguimos alcançar as respostas e, principalmente, compreender como o poder
constituinte pode ser também um ato de exceção, sendo possível estar fora e ao mesmo
tempo pertencer a uma constituição que o tem como criador, mas não o limita.

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