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INTRODUÇÃO
HIPÓTESE DO OVERTRAINING
REFERÊNCIAS
Contatos
Tramitação
Recebido em junho/2005
Aceito em: agosto/2005
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Ano 4, número 4 ,
2005
Anderson Caetano Paulo, Eduardo Oliveira de Souza, Gilberto
Laurentino, Carlos Ugrinowitsch e Valmor Tricoli
Abstract
[2] Santos, C.F., Crestan, T.A., Picheth, D.M., Felix, G., Mattanó, R.S., Porto, D.B.,
Segantin, A.Q., Cyrino, E.S. Effect of 10 weeks of weight training on body composition
indicators. Rev. Bras. Ciên. e Mov. 10 (2): 79-84, 2002. The aim of this study was to
evaluate the effect of ten weeks of weight training on body composition indicators.
Sixteen sedentary men (23.0 ± 2.1 years), but apparently healthy, were randomly
divided in training group (TG, n = 8) and control group (CG, n = 8). TG performed WT
during ten consecutive weeks (three weekly sessions, on alternate days), while CG
didn’t get involved in the practice of any systematized program of physical activities
during the same period. Eleven exercises composed the program of WT, each one
performed in three sets of 8-12 RM. Measures of skinfolds were collected before and
after the intervention period. Significant increments in body mass (4%) and lean
body mass (3.8%) were verified only in TG, what caused differences (p<0.05) in the
comparison between the groups (TG>CG). No alteration in the fat component was
observed during the analyzed period in either group (p>0.05). The results suggests that
WT contributes to the increasing of lean body mass. On the other hand, the ten weeks
period of WT, in an isolated way, without nutritional orientation doesn’t seem to be
enough for the reduction of body fat stores.
KEYWORDS: body composition, skinfolds, weight training. 79-84
Effect of 10 weeks of weight training on body composition indicators
Claudinei Ferreira dos Santos, Tony Anderson Crestan,
Danielle Montemor Picheth, Guilherme Felix, Rodrigo
Sabóia Mattanó, Denilson Braga Porto, Alexandre
Queiroz Segantin, Edilson Serpeloni Cyrino
Centro de Educação Física e Desportos - Universidade
Estadual de Londrina
Endereço:
Edilson Serpeloni Cyrino
Rua Professor Samuel Moura, 328 Apto 1604
CEP 86061-060
Londrina/PR
Fone: (43) 3275898
E-mail: emcyrino@netsinai.com
Introdução
Estudos relacionados à composição corporal são de extrema importância,
particularmente para a saúde, visto que o excesso de gordura corporal pode
potencializar a incidência de disfunções crônico-degenerativas (13,17), ao passo que o
baixo desenvolvimento muscular pode dificultar o melhor funcionamento do sistema
músculoesquelético. Apesar da prática de programas regulares de exercícios com pesos
vir sendo estudada mais criteriosamente somente nos últimos anos, muitos estudos, ao
longo do tempo, têm buscado investigar o potencial desse tipo de treinamento para a
melhoria de diferentes componentes da composição corporal
(2,3,4,5,6,7,8,10,23,25,26,27,29,30).
Aparentemente as modificações associadas à prática do treinamento com pesos, além de
auxiliarem na melhoria da estética corporal, podem repercutir favoravelmente na
qualidade de vida e saúde de indivíduos de diferentes faixas etárias e de ambos os
sexos, uma vez que o treinamento com pesos pode contribuir, sobretudo, para o
desenvolvimento ou manutenção da força e da massa muscular. Além disso, acredita-se
que o treinamento com pesos possa auxiliar na preservação do componente mineral
ósseo, bem como no controle dos depósitos de gordura corporal; contudo, essas
modificações ainda merecem ser investigadas de modo mais consistente. Assim, o
objetivo do presente estudo foi verificar as possíveis modificações na composição
corporal, após 10 (dez) semanas de treinamento sistematizado com pesos, em adultos
jovens não-treinados.
Indivíduos e métodos
Sujeitos
Dezesseis homens (23,0 ± 2,13 anos) foram previamente selecionados para participar
deste estudo. Nenhum dos participantes relatou ter-se envolvido com a prática regular
de programas de exercícios físicos, nos últimos seis meses que antecederam o início do
experimento. Além disso, mediante entrevista preliminar individual, não se constatou
a existência de histórico de doenças metabólicas entre esses indivíduos. Os sujeitos
foram divididos aleatoriamente em dois grupos. O primeiro grupo (n = 8) foi submetido
exclusivamente à prática de um único programa sistematizado de treinamento com
pesos, sendo denominado de grupo-treinamento (GT). O segundo grupo (n = 8), por sua
vez, não realizou nenhum programa sistematizado de exercícios físicos durante o
período de duração do estudo, sendo utilizado, portanto, como grupo-controle (GC).
Todos os sujeitos, após serem convenientemente informados sobre a proposta do estudo
e procedimentos aos quais seriam submetidos, assinaram consentimento esclarecido.
Programa de treinamento
O programa de treinamento com pesos foi executado durante dez semanas consecutivas,
compreendendo três sessões semanais em dias alternados. A freqüência às sessões
de treinamento foi superior a 86% (26 a 30 sessões). Previamente ao início do estudo, os
indivíduos do GT passaram por um período de duas semanas de adaptação ao programa
de treinamento com pesos a ser executado, com o propósito de aprendizagem das tarefas
motoras e familiarização com aspectos técnicos (velocidade de execução dos
movimentos, contagem das repetições, controle dos intervalos de recuperação e da
respiração, durante os exercícios), perfazendo assim um total de seis sessões de
treinamento nesse período. O programa de treinamento com pesos constou de
onze exercícios, realizados em três séries com intervalo de 30 (trinta) segundos a 1 (um)
minuto de recuperação entre elas. O intervalo permitido entre os exercícios foi de dois a
três minutos. Os exercícios que compuseram o programa foram os seguintes:
desenvolvimento supino e crucifixo em banco horizontal (peitoral); puxada por trás do
pescoço no pulley, flexão lombar e remada curvada (costas); flexão do joelho na mesa
flexora e meio agachamento (coxas); desenvolvimento pela frente na máquina
(ombros); rosca direta e extensão de cotovelos com barra em decúbito dorsal no banco
horizontal (bíceps e tríceps, respectivamente); ânteroflexão de tronco em decúbito
dorsal com aparelho (abdômen). O sistema de treinamento empregado durante o período
experimental foi o meia pirâmide crescente, com cargas variáveis, adaptado de
RODRIGUES & ROCHA (24), com exceção do grupo abdominal, que seguiu o
protocolo convencional de 3 (três) séries de 50 repetições. Assim, a carga era
incrementada progressivamente a cada série, concomitantemente com redução do
número de repetições (12/10/8 repetições máximas, nas três séries, respectivamente).
Ao longo do experimento, as cargas foram ajustadas periodicamente, de acordo com os
ganhos adicionais de força, de modo que a intensidade inicial pudesse ser preservada.
Tratamento Estatístico
A análise descritiva e a estatística inferencial de todos os dados foram conduzidas no
pacote STATISTICATM. Para a avaliação das mudanças que ocorreram entre os
períodos pré e pós-experimento, dentro de cada grupo, o teste “t” de Student para
amostras dependentes foi empregado. As variações percentuais observadas entre os dois
períodos em cada grupo, foram contrastadas entre os grupos (treinamento e controle)
pelo teste “t” de Student, para amostras independentes e pareadas. O nível de
significância adotado para todas as comparações foi de p<0,05.
Resultados
Os resultados obtidos nos períodos pré e pós-experimento para ambos os grupos são
apresentados nas Tabelas 1 e 2. As modificações ocorridas entre esses dois momentos
são expressas em valores percentuais (⊗%) O comportamento dos indicadores da
composição corporal é apresentado na Tabela 1. Os resultados revelaram um aumento
significante na massa corporal (4%) e na massa magra (3,8%) somente no GT (p<0,05).
Esses incrementos provocaram diferenças significantes também na comparação entre os
grupos, com o GC preservando os valores observados inicialmente. Por outro lado,
ambos os grupos tiveram um discreto aumento na gordura corporal, tanto relativa
quanto absoluta, contudo, sem significância estatística (p>0,05). Apesar disso, vale
ressaltar que houve uma ligeira tendência de maior acúmulo adiposo no GC.
TABELA 1: Comportamento dos indicadores da composição corporal antes e após 10
semanas com e sem treinamento com pesos
Grupo Treinamento Grupo Controle
Pré Pós ⊗1% Pré Pós ⊗2%
Massa corporal (kg) **69,33 ± 8,0672,13 ± 8,324,07 ± 3,20*66,61 ± 5,9367,41 ±
5,971,22 ± 1,66
Gordura (%) 11,01 ± 4,3511,22 ± 4,34 2,61 ± 9,37 16,43 ± 4,09 17,08 ± 3,805,66 ±
12,45
Massa gorda (kg) 7,79 ± 3,75 8,23 ± 3,78 7,00 ± 12,68 11,12 ± 3,53 11,68 ± 3,577,08 ±
14,01
Massa magra (kg) ** 61,54 ± 6,3463,90 ± 6,90 3,80 ± 2,25* 55,50 ± 3,14 55,73 ± 3,06
0,44 ± 1,50
* Efeito significativo dentro do grupo do pré ao pós-experimento (p<0,05)
** Efeito significativo entre os grupos do pré ao pós-experimento (p<0,05)
A Tabela 2 apresenta o comportamento da adiposidade subcutânea nos diferentes pontos
anatômicos. Nenhuma modificação significante foi verificada após as dez semanas de
treinamento no GT. Do mesmo modo, o GC não sofreu mudanças ao longo desse
período. Os pontos de maior e menor acúmulo de gordura subcutânea também foram
semelhantes em ambos os grupos (abdominal e bicipital, respectivamente), embora uma
grande variação nos resultados tenha sido verificada nos dois grupos, após o período
experimental.
Discussão
Os incrementos na massa corporal e na massa magra, verificados neste estudo após dez
semanas de treinamento com pesos, vão ao encontro dos achados da maioria das
investigações sobre o impacto do treinamento com pesos sobre a composição corporal,
todavia, o comportamento do componente adiposo ainda permanece sendo alvo de
muitas controvérsias. GETTMAN et al. (10) encontraram um aumento significante da
massa magra de 2,8% (1,8 kg) em sujeitos submetidos a um circuito de treinamento
com pesos, quando comparados a um grupo controle, durante um período de 20
semanas de intervenção. Além disso, os autores verificaram uma redução
estatisticamente significante na massa gorda de 1,3 kg (6,3%) no grupo-treinamento.
Essa redução não foi observada neste estudo, onde o GT sofreu um incremento que,
apesar de não ser significante, foi semelhante ao encontrado no GC (0,4 kg e 0,6 kg,
respectivamente). Embora o fator tempo não possa ser desprezado na comparação entre
esses dois estudos, outros fatores, como a falta de orientação nutricional, podem ter
exercido influência negativa no comportamento da massa gorda no GT do presente
estudo. WILMORE (30) não encontrou alterações na massa corporal em homens
submetidos a 10 semanas de treinamento com pesos, todavia, modificações significantes
foram verificadas na massa magra (+2,4%) e na massa gorda (- 7,5%). Embora nesse
estudo não tenha existido um grupo controle, um comportamento semelhante ao
encontrado nos homens foi observado também nas mulheres estudadas. HICKSON (15),
após submeter sete homens e uma mulher a 10 semanas de treinamento com pesos,
constatou aumento de 1,9 kg (2,5%) na massa corporal e 5,5% de redução na gordura
corporal relativa. Contudo, a magnitude dessas modificações pode ter sido afetada pela
utilização de uma única amostra composta por homens e mulheres. SANTOS et al. (26)
verificaram modificações bastante positivas nos componentes da composição corporal,
avaliada por DEXA, após 16 semanas de treinamento com pesos. Vinte e seis
indivíduos do sexo masculino (23,0 ± 3,0 anos) foram separados aleatoriamente em dois
grupos, grupo- treinamento (n=13) e grupo-controle (n=13). Modificações
estatisticamente significantes foram verificadas na massa isenta de gordura (aumento de
2,9%) e na gordura corporal relativa e absoluta (redução de 10,2% e 13,4%,
respectivamente), no grupo-treinamento, quando comparado ao grupo-controle. Os
autores concluíram que o treinamento com pesos pode auxiliar na redução dos depósitos
de gordura, pelo menos a médio ou longo prazo. Um estudo muito interessante,
desenvolvido por ALEN et al. (1) comprovou a eficiência de 24 semanas de treinamento
progressivo com pesos para o aumento da massa corporal (0,7%) e redução na gordura
corporal relativa (7,8%). Nesse mesmo estudo, também foi controlado o período de
destreinamento, e os resultados indicaram que as modificações verificadas após o
período de treinamento com pesos foram preservadas após 12 semanas, sem qualquer
tipo de treinamento. Um outro importante estudo foi realizado por NAKAO et al. (21).
Nesse estudo, 19 sujeitos mantiveramse em treinamento com pesos sob alta intensidade
por um TABELA 2: Comportamento dos depósitos de gordura subcutânea em diferentes
pontos anatômicos antes e após 10 semanas com e sem treinamento com pesos
Dobras Cutâneas Grupo Treinamento Grupo Controle
(mm) Pré Pós ⊗1% Pré Pós ⊗2%
Abdominal 13,11 ± 5,4213,10 ± 5,27 0,76 ± 8,65 19,38 ± 5,49 19,70 ± 4,77 3,31 ±
10,99
Suprailíaca 8,98 ± 3,83 9,03 ± 3,71 1,56 ± 10,41 14,91 ± 4,84 16,83 ± 5,68 15,22 ±
22,17
Subescapular 10,81 ± 2,1410,90 ± 2,12 1,15 ± 8,28 15,14 ± 5,16 14,70 ± 5,58 -3,02 ±
10,89
Tricipital 8,00 ± 2,09 8,46 ± 2,40 6,05 ± 15,64 11,34 ± 4,37 11,33 ± 5,22 -1,64 ± 12,18
Bicipital 3,99 ± 1,39 3,34 ± 0,70 -12,73 ± 17,61 4,21 ± 1,76 3,58 ± 1,46-12,45 ± 15,22
Axilar-média 6,48 ± 2,66 6,66 ± 2,25 5,18 ± 15,80 10,86 ± 4,66 10,08 ± 4,29-5,51 ±
13,05
Perna medial 9,21 ± 2,68 9,90 ± 3,04 8,23 ± 17,23 9,08 ± 4,37 8,11 ± 3,38 -6,84 ± 11,97
Coxa 12,49 ± 4,0213,10 ± 4,41 5,44 ± 16,81 15,71 ± 5,32 14,93 ± 3,89 -0,59 ± 17,83
Nota. Nenhuma diferença significante do pré-ao pós-experimento (p>0,05) período de
três anos consecutivos. As alterações anuais foram progressivamente significantes e, ao
final do terceiro ano, constatou-se diminuição na gordura corporal relativa de 3,3 pontos
percentuais (16,3%) e aumentos de 1,8 (2,6%) e 4 kg (7,4%) na massa corporal e na
massa magra, respectivamente. Atualmente, acredita-se que a redução nos depósitos
de gordura corporal, associada ao treinamento com pesos, possa ser produto da elevação
do consumo de oxigênio pós-exercício, acarretada pela estimulação de alta intensidade,
o que ao menos hipoteticamente poderia aumentar a oxidação lipídica após o esforço
(22). HUNTER et al. (16) compararam dois grupos experimentais, um submetido a
treinamento com pesos combinado com treinamento aeróbico (TPA), e outro submetido
somente a treinamento com pesos (TP). De acordo com os resultados, não houve
diferença significante entre os tratamentos, após o período experimental tanto na massa
corporal quanto no percentual de gordura, embora reduções de 1,6% e 2,6% na gordura
corporal relativa tenham sido encontradas nos grupos TP e TPA, respectivamente. Esses
achados sugerem que a falta de exercícios aeróbios combinados com o treinamento com
pesos pode ter influenciado o comportamento da adiposidade corporal dos sujeitos do
GT no presente estudo. Ao submeter 10 homens jovens e 12 idosos a nove semanas de
treinamento com pesos, LEMMER et al. (18) não constataram mudanças significativas
nos componentes da composição corporal, avaliados por DEXA. Apesar disso, os
autores observaram uma tendência de redução na gordura corporal relativa (4%), no
grupo de jovens e de aumento de 1 kg (1,7%) na massa magra, no grupo de idosos.
Um comportamento semelhante dos depósitos de gordura corporal foi verificado por
MARCINIK et al. (19), ao acompanhar 10 adultos jovens, por um período de 12
semanas, durante um programa de treinamento com pesos. Todavia, nesse estudo, os
autores encontraram um aumento significante na massa magra (1,3 kg ou 2%).
Em estudo que procurou investigar a influência do emprego de supervisão direta
(personal training) no treinamento com pesos, MAZZETTI et al. (20) encontraram
aumentos de 4,0 kg (4,7%) na massa corporal, 1,4 kg (2%) na massa magra e 2,1 kg
(10,7%) na gordura corporal relativa no grupo supervisionado, após 12 semanas de
acompanhamento. Os autores ressaltaram que, apesar do aumento da adiposidade
corporal, os ganhos de massa magra foram significantemente maiores do que os do
grupo não-supervisionado. Embora o grupo supervisionado tenha apresentado
aumento na massa magra bastante semelhante ao observado no presente estudo, o
incremento relativo da adiposidade corporal foi muito superior ao encontrado nesta
investigação. FIATARONE et al. (9) analisaram as modificações na composição
corporal de 10 sujeitos, com média de idade de 90 anos, após oito semanas de
treinamento com pesos, realizado com freqüência semanal de três sessões, sob alta
intensidade (80% de 1RM). Os autores constataram, por meio de tomografia
computadorizada, aumentos significantes na área muscular total da coxa não-dominante
(9%) e na área muscular do quadríceps (10,9%), todavia sem alterações nas áreas de
gordura subcutânea e intramuscular.
Conclusões
A magnitude das modificações na composição corporal aparentemente depende de
muitos fatores, direta ou indiretamente, relacionados ao treinamento físico. Assim,
muitas das diferenças observadas na comparação entre os estudos disponíveis na
literatura, que têm investigado a prática de exercícios com pesos, podem estar atreladas
ao período de duração do estudo; aos diferentes protocolos de treinamento empregados;
à intensidade e ao volume aplicados; aos grupos amostrais utilizados; ao sexo e à faixa
etária estudada; à existência ou não de controle nutricional, dentre outros. Apesar dessas
limitações, as modificações observadas no presente estudo, sobretudo na massa corporal
(+2,8 kg) e na massa magra (+2,4 kg) do GT, confirmaram a eficiência do treinamento
com pesos para o desenvolvimento, particularmente do componente muscular. Finalizar,
o período de dez semanas de treinamento com pesos, de forma isolada, sem orientação
nutricional, não parece ser suficiente para a redução dos depósitos de gordura corporal.
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ARTIGO ORIGINAL
Mauro A. B. Batista*
João P. A. Coutinho*
Renato Barroso*
Valmor Tricoli*
ARTIGO DE REVISÃO
Uma etapa limitante para a oxidação de
ácidos graxos durante o exercício aeróbio: o
ciclo de Krebs
A limiting step for fatty acids oxidation during aerobic
exercise: the krebs cycle
Rui Curi1
Cláudia J. Lagranha1
Sandro Massao Hirabara1
Alessandra Folador1
Osvaldo Tchaikovski Jr.2
Luiz Claudio Fernandes2
Ídico L. Pellegrinotti3
Tania Cristina Pithon-Curi3,4
Joaquim Procopio1.
PALAVRAS-CHAVE :
exercício, oxidação de ácidos graxos, agentes lipolíticos, ciclo de Krebs, glicogênio.
Abstract
Fatty acids (FA) represent an important source of energy during exercises of light and
moderate intensity, and mainly in those of a prolonged duration. The utilization of FA
by skeletal muscles depends on important steps such as mobilization, transport through
bloodstream, passage through plasma and mitochondrial membranes, β -oxidation,
and finally oxidation in the Krebs’ cycle (KC) and respiratory chain activity. Aerobic
exercise training induces adaptations which make possible a higher improvement of FA
as a source of energy, while muscle glycogen is preserved. The authors postulate that
the KC is a limiting step for the utilization of FA by the skeletal muscle. In the muscular
tissue, this cycle presents continuous loss of carbons by generation of glutamine and
citrate. Thus, oxalacetate formation from pyruvate through pyruvate carboxylase is a
key step to keep the flux of metabolites through the KC. Pyruvate formation is low
when muscle glycogen is depleted, which occurs after a prolonged period of physical
strain. Therefore, the increased supply of FA for skeletal muscles by the use of lipolytic
drugs and diets does not necessarily result in the increase of fatty oxidation and ATP
production.
KEYWORDS:
exercise, fatty acids oxidation, lipolytic agents, Krebs cycle, and glycogen.
Introdução
O exercício físico demanda intenso consumo de trifosfato de adenosina (ATP) que pode
aumentar em dezenas de vezes dependendo da intensidade e duração do esforço. Nos
músculos esqueléticos, há sistemas muito eficientes que possibilitam a ressíntese
constante do ATP que está sendo utilizado para a contração muscular. Estes sistemas
são os da fosfocreatina, glicólise e o da fosforilação oxidativa. Este último é o mais
complexo e depende da utilização do oxigênio. Tem como característica baixa
produção, porém, capacidade praticamente ilimitada, sendo apto a fornecer energia para
a ressíntese de ATP, principalmente em esforços de longa duração com intensidades
leve ou moderada. Nesta condição, o glicogênio é preservado havendo maior utilização
de ácidos graxos (AG) como substratos energéticos (44). Essa preferência dos músculos
esqueléticos pelos AG é muito importante em exercícios físicos de longa duração, já
que os lipídios armazenados no organismo na forma de triacilglicerol (TG) representam
o principal estoque de energia disponível (28). Por outro lado, o glicogênio,
imprescindível durante o exercício físico, possui um estoque relativamente limitado,
que necessita ser preservado para continuar sendo utilizado concomitantemente aos AG,
porém, em menor proporção, até o final do esforço. As reservas de TG estão estocadas
principalmente no tecido adiposo (~ 17 500 mmol em um homem adulto, magro),
músculo esquelético (~ 300 mmol) e plasma (~ 0,5 mmol). O total de energia estocado
na forma de TG é cerca de 60 vezes maior que aquele como glicogênio. Desta forma,
a oxidação dos AG durante o exercício possibilita manter a atividade física por períodos
mais prolongados e retarda a depleção do glicogênio e a hipoglicemia
Nos exercícios físicos de longa duração, é imprescindível que a utilização do estoque
abundante de TG/ AG seja a maior possível para que a quebra do glicogênio muscular e
a oxidação de glicose circulante sejam mínimas. A hipótese que parece melhor explicar
esse “desvio” do metabolismo dos carboidratos para os lipídios é o ciclo de Randle (29).
Com o aumento da disponibilidade de AG, há maior oxidação deste, diminuindo
paralelamente à degradação de glicogênio e à utilização de glicose. Os AG
desempenham, assim, papel crítico na manutenção da atividade física e, por isso, uma
etapa limitante desta atividade é a lipólise. O estoque de glicogênio muscular é
suficiente para pouco mais de uma hora de esforço de intensidade moderada, fazendo
com que os músculos dependam também da captação de glicose circulante para manter
a contração. Por sua vez, a manutenção da glicemia é fundamental, principalmente para
preservar a função cerebral, durante exercícios prolongados no qual se observa
diminuição da glicemia para até 40-50 mg.dL-1, levando o indivíduo à exaustão (21).
Por isso, ajustes ocorrem com o treinamento para aumentar a eficiência na mobilização
dos AG a partir do tecido adiposo, que é um estoque abundante.
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Agradecimento
Nosso grupo recebe suporte financeiro da FAPESP,
CNPq, CAPES e Pronex.
Aderência e manutenção da prática de
exercícios em academias
Adherence and maintenance into practicing exercises at gym
Alexander Klein Tahara;
Gisele Maria Schwartz;
Karina Acerra Silva
Resumo
TAHARA, A.K.; SCHWARTZ, G. M.; SILVA, K.A. Aderência e manutenção da
prática de exercícios em academias. R. bras. Ci e Mov. 2003; 11(4): 7-12. Esse estudo,
de natureza qualitativa, teve por objetivo analisar os principais fatores da aderência e
manutenção de programas de exercícios físicos regulares, realizados em academias.
Desenvolveu-se em duas etapas, sendo a primeira relativa a uma revisão de literatura e a
segunda referente a uma pesquisa exploratória. A população alvo do estudo foi formada
por uma amostra de cinqüenta alunos freqüentadores de uma academia na cidade de Rio
Claro/SP, com idades variando até 24 anos, de ambos os sexos e com nível de
escolaridade diversificado. Os dados coletados foram analisados descritivamente,
utilizando-se a técnica de Análise de Conteúdo e indicam que a maioria dos sujeitos
questionados tem a preocupação com a questão estética e com a melhoria da
qualidade de vida e possuem um tempo de prática considerável. O tempo disponível foi
o fator mais citado como dificuldade para a manutenção da prática regular e as
influências da família e da mídia são incidentes na efetivação da aderência e
manutenção.
PALAVRAS-CHAVE:
qualidade de vida, atividade física.
Abstract
TAHARA, A.K.; SCHWARTZ, G. M.; SILVA, K.A. Adherence and maintenance into
practicing exercises at gym. R. bras. Ci e Mov. 2003; 11(4): 7-12. This study, of a
qualitative nature, had as objective to analyse the main factors of adherence and
maintenance into regular physical education programs developed at gym. It contains
two phases, the first one related to a literature review and the second one related to an
exploratory research. The population of the study was composed by a sample of fifty
participants of a gym in Rio Claro – SP, of both sexs, with ages varying between twenty
and forty years old and diverse scholar level. Data were descriptively analysed by
Content Analysis Technic and indicate that the most part of the subjects has the
preoccupation with esthetics issues and life quality improvement, and has a
considerable experience in this practice. Available time was the most mentioned
factor as difficulty to maintenance of regular practice, and familiar and media influences
are incident on
adherence and maintenance accomplishment. KEYWORDS: life quality, physical
activity.
___________________________________
Recebido: 15/11/2002
Aceite: 05/03/2003
ARTIGO ORIGINAL
Introdução
A vida moderna tende a ser pouco saudável, uma vez que provoca estresse e estafa,
agravada por uma
alimentação inadequada e pela não regularidade na prática de exercícios físicos. Com
todos esses fatores mencionados, a qualidade de vida da população fica bastante
abalada, tanto em nível físico quanto psicológico. Atualmente, cada vez mais pessoas no
mundo são completamente sedentárias, sendo, justamente, estas as que mais teriam a
ganhar com a prática regular de atividade física, seja como forma de prevenir doenças,
promover saúde ou sentir-se melhor. As academias tornaram-se uma opção para a
população urbana, que adere ao exercício físico, com o intuito de obter melhorias em
seu bem-estar geral,
conforme salienta Saba11 (2001). O surgimento das primeiras academias, de acordo
com Novaes7 (1991), decorreu do fato das próprias terem a finalidade de atender a um
público alvo que buscava aulas de ginástica fora dos clubes. Ainda de acordo com
Novaes7 (1991), o número de academias era pequeno no Rio de Janeiro entre a década
de 1930 e final da década de 1950. Entretanto, as academias proliferaram nas principais
cidades brasileiras na década de 1960, tendo o auge de surgimento no início dos anos
1970.
Mas foi a partir da década de 1970, segundo Marinho e Guglielmo6 (1997), que
aconteceu a expansão das
academias, sendo tal fato considerado como um dos maiores fenômenos sociais
ocorridos recentemente. A crescente aderência às atividades oferecidas nas academias
tem motivos e fatores variados. Alguns autores apresentam suas contribuições no
sentido de identificar a compreensão do termo aderência.
Entende-se como aderência, conforme explicita Barbanti1 (1994), a participação
mantida constante em
programas de exercícios, considerados nas formas individual ou coletiva, previamente
estruturados ou não. A respeito do tema em questão, o estudo realizado por Okuma9
(1994) evidencia que pesquisas e estudos sobre aderência a programas de atividade
física vêm crescendo bastante, aumentando o interesse de pesquisadores das diferentes
áreas de conhecimento. O estudo realizado por Marinho e Guglielmo6 (1997) evidencia
que os indivíduos procuram as academias de ginástica com objetivos diversificados, da
estética corporal à compensação ou correção de problemas físicos. Já em relação aos
adultos aderirem à prática de atividades físicas, os principais fatores são referentes ao
divertimento, a sentir-se bem, ao controle de peso, à melhora da flexibilidade e redução
dos níveis de estresse, de acordo com Biddle2 (1992). De forma semelhante aos demais
autores já citados, Guarnieri5 (1997) enfoca que obter benefícios para a saúde, como
sentir-se bem, controlar o peso, melhorar a aparência e reduzir o estresse, são os
principais fatores que fazem com que determinado indivíduo adira a um programa de
exercícios físicos regulares. As influências sociais da família e amigos são, também, de
extrema importância à manutenção da atividade física, pois esse suporte social incentiva
o praticante a manter o interesse em continuar fisicamente ativo4. A mídia, de certa
forma, vem contribuindo para a superlotação das academias de ginástica, uma vez que
são várias as revistas, jornais e televisão que divulgam corpos perfeitos e modelados, os
típicos “malhados”. Esse fato acaba por contribuir para que haja uma grande procura
pelos centros especializados de treinamento, incluindo aí as academias. A população
está cada vez mais se preocupando com a melhoria da qualidade de vida e essa
conscientização, a respeito da importância do exercício físico, vem proporcionando um
grande aumento de público nas academias de ginástica5.
Segundo Saba11 (2001), a atividade física é benéfica tanto no aspecto biológico, como
também no nível
psicológico. Esse autor aponta melhorias na capacidade cardiorrespiratória, aumento na
expectativa de vida, entre outras, como exemplos de benefícios que a prática do
exercício proporciona às pessoas. No nível psicológico, os aspectos positivos
relacionam-se ao aprimoramento dos níveis de auto-estima, da autoimagem, diminuição
dos níveis de estresse e tantos outros. Os efeitos positivos sobre os aspectos
psicológicos originam-se do prazer obtido na atividade realizada e posterior bem-estar,
os quais resultam da satisfação das necessidades ou do sucesso no desempenho das
habilidades em desafio12. Muitos desses estudos citados são representantes importantes
nessa discussão, no entanto, foram desenvolvidos com populações específicas, como
idosos, ou desportistas, ou em cidades com grande número de habitantes ou mesmo fora
do âmbito nacional, sem que se tenha um enfoque atualizado da população jovem que
freqüenta academias, especialmente em cidades de menor porte, nesse país. Nesse
sentido é que se fundamentou o interesse deste estudo, com o intuito de contribuir para
essas reflexões, ampliando as possibilidades de compreensão do universo focalizado.
Metodologia
Este estudo propõe-se a analisar os principais fatores de aderência e manutenção de
programas de exercícios físicos regulares, realizados em academias. Foi desenvolvido
em duas etapas, sendo a primeira
relativa a uma revisão de literatura sobre os fatores de aderência e manutenção de
atividades físicas regulares, e a segunda, referente a uma pesquisa exploratória, a qual
foi importante para demonstrar essa discussão diretamente na população envolvida. Para
o desenvolvimento dessa fase, utilizou-se como instrumento um questionário aberto,
contendo nove questões, o qual possibilitou recolher dados ou
informações mais ricas e variadas. Além disso, possuía a vantagem do anonimato nas
respostas e informações coletadas3. A população alvo do estudo foi formada por uma
amostra de cinqüenta alunos regularmente matriculados nas diversas atividades
oferecidas em uma academia da cidade de Rio Claro/SP, com idades variando até 24
anos, de ambos os sexos e com nível de escolaridade diversificado.
Os dados foram coletados pelos pesquisadores e analisados descritivamente, utilizando-
se a técnica de
Análise de Conteúdo. Esse tipo de análise, segundo Richardson10 (1989) favorece o
foco apenas nas questões mais relevantes para o estudo, representando um excelente
meio para análise das questões qualitativas.
Resultados e discussão
Na questão referente ao tempo de prática de atividades físicas em academias, a coleta de
dados aponta que, a maioria da população alvo do estudo, pratica exercícios físicos em
academia há, pelo menos, quatro anos (26,67%), sendo o segundo valor encontrado de
seis anos de prática (20%). Interessante observar-se que Nunomura8 (1998) encontrou
resultados semelhantes em sua pesquisa, mostrando que as pessoas costumam exercitar-
se por considerável tempo. O tempo de prática de dois anos, oito anos e dez anos
apresentaram percentuais semelhantes (13,33%). Ocorreram percentuais iguais (6,67%)
no tempo de prática de três anos e no de seis meses, entre os indivíduos que
participaram da pesquisa. O que se torna instigante saber em outros estudos é se há
alguma relação entre o interesse, em épocas anteriores à idade dos indivíduos, sobre as
atividades, ou sobre os elementos desmotivadores da prática em outros locais.
A esse respeito, Saba11 (2001) comenta que nossa sociedade continua a realizar
atividade física em qualquer local propício à prática, embora o entendimento do homem
moderno tenha evoluído bastante, no sentido da importância dos centros especializados
como locais adequados ao exercício físico. Em relação à freqüência semanal à
academia, o maior percentual de votos dos sujeitos da pesquisa foi o de quatro
vezes semanais (33,33%), enquanto o segundo valor foi de cinco vezes por semana
(26,67%). Os dados confirmam a respeito da maioria das pessoas praticantes ir às
academias quase todos os dias8. Um valor intermediário na pesquisa foi a freqüência de
três vezes semanais, correspondendo a 20% dos entrevistados, ao passo que 13,33% do
público alvo vão à academia duas vezes na semana e, apenas 6,67% dos indivíduos,
freqüentam uma única vez a academia durante a semana. Fica claro como as pessoas,
nos dias atuais, se preocupam em exercitarem-se praticando exercícios físicos
regularmente, ou, inclusive, demonstrando o espaço da academia com outras finalidades
que não apenas a de exercitar-se por motivos de saúde. A interação social, conforme
salienta Wankel12 (1993) representa um dos principais determinantes na adesão e
posterior manutenção dessa prática, sendo que as pessoas sentem mais prazer e atração
pela atividade proposta quando os membros do grupo se identificam e se autoconhecem.
Isso, talvez, seja um diferencial importante para a freqüência bastante assídua de quatro
vezes semanais à academia, corroborando com a idéia desse autor sobre poder de
influência de grupo com expectativa homogênea. Dentre os diversos tipos de exercícios
físicos praticados nas academias, a musculação (40%) aparece como sendo a atividade
mais votada entre os entrevistados. Os exercícios, basicamente aeróbios
(corrida, caminhada e afins) (30%), são a segunda opção entre as diversas atividades
oferecidas na academia, reforçando os resultados obtidos por Saba11 (2001), como
sendo a musculação e atividades aeróbias as preferidas pela maioria dos alunos. Em
contrapartida, as atividades menos procuradas
foram a ginástica localizada e as lutas marciais, respectivamente com percentuais de
16,67% e 13,33%,
entre os indivíduos que participaram da pesquisa. Importante notar que as academias
oferecem serviços
variados de opções de atividades, como danças em geral, musculação, natação, entre
outras, e, ainda, possuem alto grau de sofisticação e boas instalações6. Porém, o aspecto
saudável e os padrões estéticos vigentes na atualidade parecem ressaltar nesses
resultados. Isso pode ser evidenciado na procura maior pela atividade de modelagem do
corpo, por meio do trabalho de musculação, cuja característica recai sobre o ganho de
massa muscular, perda de gordura corpórea e conseqüente definição muscular, enfim,
moldar o corpo segundo necessidades e desejos. Os motivos que levaram os sujeitos a
aderir à prática
de exercícios físicos em academias incidem sobre as questões estéticas (26,67%), bem
como na expectativa na melhoria da qualidade de vida (23,33%). A esse respeito,
Okuma9 (1994) comenta que os
principais fatores referentes à adesão inicial são relativos ao controle de peso, à
obtenção de uma saúde melhor e à redução dos níveis de estresse. A aptidão e
preferência também são determinantes que
levam as pessoas a praticarem tais atividades, atingindo um percentual de 13,33% entre
os entrevistados.
A melhoria da resistência aeróbia e profissionais capacitados para bem instruir
apresentaram percentuais
semelhantes (10%). Esse mesmo equilíbrio ocorreu na questão do aumento de força e
boa aparelhagem específica, novamente com percentuais (6,67%), ao passo que o item
reabilitação de lesões (3,33%) foi o fator que menos parece levar as pessoas a praticar
exercícios em academias. Mesmo a questão estética sendo apontada como o principal
fator de aderência, em outros estudos, as explicações reais recaem no aperfeiçoamento
da saúde, segundo Guarnieri5 (1997). No entanto, neste estudo, evidenciou-se a questão
relativa à estética, como também ressaltado por Saba11 (2001), apontando a estética
corporal como um dos
principais objetivos dos indivíduos ao procurarem uma academia de ginástica, ficando
claro o interesse e a preocupação pela aceitação social no grupo, ou, ainda, por fazer
parte de um grupo já consagrado de culto ao corpo. Dentre as dificuldades encontradas
para a prática regular de atividade física, o tempo disponível (43,33%) foi a principal
para o público alvo do estudo, enquanto o alto preço das mensalidades (23,33%)
também influencia no tema em questão. É interessante observar que, embora a maioria
dos
entrevistados pratique regularmente exercícios físicos, o “tempo disponível” foi o
determinante mais citado na pesquisa, realçando o que Saba11 (2001) enfoca em seus
estudos a este respeito. Na atual distribuição do tempo entre trabalho e lazer, ficam
pendentes, inclusive, as questões de valores, em que
as atividades prazerosas e mais livres sempre estiveram em segundo plano em relação à
obrigatoriedade do trabalho. Esse dado ressalta, também, nos estudos de Okuma9
(1994), o qual evidencia a falta de tempo disponível como um dos principais fatores
motivadores de não adesão à atividade física regular. No aspecto referente ao preço das
academias, este é um elemento que atinge apenas algumas pessoas de classes menos
abastadas, isto é, só alguns podem dispor de dinheiro para tais atividades. Esse dado
aponta para uma tendência discriminatória do espaço da academia, onde a exclusão aos
menos favorecidos parece prevalecer. O que impulsiona os sujeitos a manterem-se
ativos é, principalmente, a preocupação das pessoas em relação à estética corporal
(33,33%), bem como ao objetivo de melhorar a qualidade de vida (20%). A mídia
parece contribuir nesse sentido, uma vez que são várias as fontes (jornais, revistas, entre
outros) que, a todo momento, mostram corpos perfeitos e esculturais, passando, com
isso, o padrão da moda vigente. Alguns autores comentam esse fato, entre eles Saba11
(2001), evidenciando o papel da mídia como formadora de opiniões. É instigante notar o
número cada vez mais crescente de revistas especializadas na questão estética e que
estimulam a recepção de padrões impostos. Alcançar bons níveis de condicionamento
físico (16,67%), além de sentir prazer ao realizar o exercício (16,67%), são também
importantes fatores no processo mantenedor da atividade física em academias. O
aumento da auto-estima (10%), bem como a oportunidade de reabilitação de lesões
(3,33%) foram as determinantes de menores percentuais entre os entrevistados. No que
se refere aos estímulos para início da prática de atividade física em academias, a maioria
dos entrevistados recebeu estímulo da família (33%) e da mídia (33%) para se
iniciar em programas de atividade física. Como já dito, a mídia hoje contribui para a
superlotação
das academias, mostrando, a cada instante, corpos perfeitos e “malhados”, perpetuados
pelas novelas e propagandas que evidenciam essa questão Em relação à família, as
influências sociais dela advindas são importantes nas questões da aderência e
manutenção da atividade física4. Os dados ainda mostram que 20% dos entrevistados
foram iniciados nas atividades de uma academia por vontade própria, sem receber
qualquer tipo de estímulo, ao passo que 14% dos indivíduos sofreram influência de
amigos, certificando-se de que amigos, família e sucesso pessoal são de suma
importância no aspecto da aderência, corroborando com os estudos de Dishman4
(1998). Quando questionados sobre a percepção de alguma
alteração de ordem psicológica ou física, depois do início da prática, houve um certo
equilíbrio no percentual de respostas coletadas, em que o fator emagrecimento e o de
aumento de massa muscular obtiveram 20% cada um, referente às alterações
psicofísicas acarretadas pela aderência a programas de exercícios físicos regulares. A
esse respeito, Novaes7 (1991) comenta sobre a importância do exercício físico regular
como maneira para modificar estilos de vida e hábitos das pessoas. Várias são as
melhorias que a atividade regular proporciona aos praticantes, entre as quais está o fator
emagrecimento11. Novo equilíbrio nos dados coletados, onde um melhor
condicionamento físico, melhoria na auto-estima e maior
motivação para as demais atividades do cotidiano, obtiveram um percentual de 16,6%
entre os entrevistados. Alívio dos níveis de stress é o que 10,2% dos indivíduos
perceberam de mudança referente à prática constante do exercício. A participação em
exercícios físicos regulares se torna uma forma de se manter em perfeita saúde, nos
níveis físico e psicológico, conforme evidencia Biddle2 (1992). A respeito do
significado da participação nas atividades físicas em academias, o fator melhoria na
qualidade de vida
(40%) parece ser o determinante de preocupação das pessoas, ao realizarem uma
atividade física. O prazer (26,6%) também é fator importante, sendo este o que muitas
pessoas sentem ao praticar o exercício. O mesmo é destacado como componente de
grande importância ao se realizar o exercício físico, porque, com isso, o indivíduo vai se
sentir mais interessado na execução de qualquer tipo de atividade física12. A
participação nas atividades diversas de uma academia representa integrar-se
socialmente com outras pessoas, de acordo com 16,6% da população alvo do estudo.
Aliviar o stress emocional, esquecendo-se de problemas e preocupações corriqueiras é o
que a freqüência regular à
academia proporciona a 10,2% das pessoas que participaram da pesquisa, ao passo que
para os outros 6,6% a participação nas atividades da academia representa horas de lazer.
Com esses dados, parece haver uma tendência a se observar a colocação de todos os
aspectos dos benefícios sob o nome de “melhoria da qualidade de vida”. Interessante
notar-se que prazer e interação social foram apontados separadamente do item qualidade
de vida, mesmo que estes sejam parte integrante dos elementos qualitativos da vida.
Conclusão
Considerando os aspectos que permearam os dados coletados nesse estudo, a mídia em
geral parece mesmo influenciar a sociedade como um todo, despertando novos valores,
sentimentos e desejos. A questão estética é hoje uma preocupação de grande parcela da
população, bem como adotar para si um estilo ou hábito saudável e, por conseguinte,
melhorar a qualidade de vida. A maioria dos sujeitos questionados tem essa
Preocupação com a questão estética e com a melhoria da Qualidade de vida, possuindo
um tempo de prática considerável e freqüentando a academia quase todos os dias da
semana.
Interessante é observar que o “tempo disponível” foi o fator mais citado como
dificuldade para a prática
regular de uma atividade física, embora a maioria dos pesquisados pratique
regularmente o exercício físico. Isto realça, novamente, o motivo pelo qual essas
pessoas dão continuidade à prática, demonstrando, efetivamente, o interesse nos
resultados que a atividade pode oferecer. O início da prática de qualquer tipo de
atividade física depende de um estímulo e/ou incentivo. Influências sociais da família,
amigos, entre outros, são de enorme importância para o início da prática de exercícios
físicos. A adoção de hábitos saudáveis pode, então, proporcionar às pessoas melhor
condição para enfrentar a atual vida cotidiana, muito agitada e repleta de estímulos
estressantes. Ficou, então, patente que há muitos fatores que levam à aderência e
subseqüente manutenção à prática de uma atividade física e, os dados obtidos com este
trabalho podem apontar sugestões que permitam ampliar a compreensão do universo
amplo de
uma academia, conduzindo os estudiosos do tema em questão a mais uma fonte de
conhecimento deste
importante assunto da atualidade, que são as academias de ginástica.
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26,67% estética
23,33% qualidade vida
13,33% aptidão
10,00% resist.aeróbia
10,00% profissionais
6,67% força
6,67% aparelhagem
3,33% reabilitação
FIGURA 2 – FATORES CONTRIBUINTES NA MANUTENÇÃO DE
ATIVIDADES FÍSICAS EM ACADEMIAS
33,33% estética
20,00% qualidade vida
16,67% cond.físico
16,67% prazer
10,00% auto-estima
3,33% reabilitação