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defesa
Recalque
O recalque, ou repressão, é o processo
automático que mantém fora da
consciência, impulsos, ideias ou
sentimentos inaceitáveis, os quais não
podem se tornar conscientes através da
evocação voluntária. O recalque é um
dos mais importantes mecanismos de
defesa do ego e é utilizado desde os
primeiros anos de vida para protegê-lo
da angústia originada dos conflitos
psíquicos. É um mecanismo de defesa
básico e precede a maioria dos outros,
os quais, em geral, funcionam como
reforços ou adjuntos, quando o recalque
é incompleto.[3] Certos traumas e
conflitos não resolvidos são recalcados
e, se não forem resolvidos, podem se
tornar neuroses.
No Brasil, a tradução do termo alemão
Verdrängung mais utilizada no meio
psicanalítico é recalque, provavelmente
pela influência francesa que a
psicanálise brasileira sofre (na tradução
de Laplanche das Obras de Freud, o
termo utilizado é refoulement -
"recalcamento"). No entanto, na tradução
brasileira das Obras Completas, como
também nas traduções inglesa e
espanhola, o termo ainda utilizado é
"repressão".[4][5]
Projeção
Projeção é o processo mental pelo qual
as características que estão ligadas ao
eu são gradativamente afastadas deste
em direção a outros objetos e pessoas.
Essas projeções tendem a deslocar-se
em direção a objetos e pessoas cujas
qualidades e características são mais
adequadas para encaixar o material
deslocado.
Formação reativa
Quando a repressão de fortes impulsos é
acompanhada por uma tendência
contrária, sob a forma de
comportamentos e sentimentos
exatamente opostos às tendências
reprimidas, tal tendência é o que
chamamos de formação reativa. Uma
mãe que se preocupa exageradamente
com o filho pode ser reflexo de uma
verdadeira hostilidade a ele. Uma pessoa
demasiadamente valente pode ser
reflexo de um medo do oculto. Porém,
vale salientar que existem outros fatores
que levam a mãe a preocupar-se com o
filho e um homem a ser valente, sem ser
obrigatoriamente um exemplo de
formação de reação.
Esse mecanismo de defesa mantém o
impulso indesejado longe do consciente,
superenfatizando o impulso oposto.
Sublimação
Próxima ao isolamento, a sublimação
consiste na busca de modos
socialmente aceitáveis de satisfazer, ao
menos parcialmente, as pulsões do id.
Caracteriza-se por apresentar uma
inibição do objeto e sua
dessexualização. É responsável pela
civilização, já que é resultante de pulsões
subjacentes que encontram vias
aceitáveis para o que é reprimido. Dessa
forma, é o único mecanismo que nunca é
patológico.
Exemplo:
Racionalização
Existe em nós uma luta constante para
dar sentido ao nosso próprio mundo de
experiências, uma procura de
explicações para nossos fenômenos
internos, nossos comportamentos e
sentimentos. Para satisfazer essa busca,
evitando a angústia e mantendo o
autorrespeito, criamos “explicações”
altamente racionais para fatores
emocionais e motivacionais, para
justificar nosso eu (ego); buscamos
“boas razões”, ainda que falsas, para
nossas atitudes e fracassos.
Isolamento
É o mecanismo de defesa que envolve
uma “separação de sistemas” para que
os sentimentos perturbadores possam
ser isolados, de tal forma que a pessoa
se torna completamente insensível em
relação ao acontecimento sublimado e
passe a comentá-lo como se tivesse
acontecido com terceiros. Nosso
pensamento parece capaz, em certas
circunstâncias, de manter, lado a lado,
dois conceitos logicamente
incompatíveis, sem tomarmos
consciência de suas gritantes
divergências, o que também chamamos
de “comportamentos lógicos de
estanques”.
Identificação
O indivíduo pode diminuir ou evitar a
angústia identificando-se com outras
pessoas ou grupos, de forma a se
proteger. Por exemplo, uma pessoa que
sofreu um recente fracasso pode
identificar-se com o triunfo de outras,
como se aquele triunfo também fosse
dela. Também, ameaças externas ao eu
podem ser reduzidas quando a pessoa
passa a ver essas ameaças voltadas
para um grupo mais amplo ao qual se
identifica e não apenas a ela. Por isso,
temos a tendência de fazer algo que
consideramos perigoso quando estamos
em grupo, assim o sentimento de culpa e
angústia ligados a tal ação se dilui no
grupo inteiro.
A maior parte das identificações ocorre
no mundo da fantasia, temos como
exemplo: a criança que se identifica com
seu herói favorito; a moça que se
identifica com a “mocinha” da novela,
etc. Algumas ocorrem, ainda, em grupos
antissociais, como grupos neonazistas,
por exemplo: essas, a longo prazo,
podem trazer dificuldades ainda mais
sérias de ajustamento.
Negação
A negação talvez possa ser considerada
o mecanismo de defesa mais ineficaz,
pois se baseia em simplesmente negar
os fatos acontecidos à base de mentiras
que acabam se confundindo e na maioria
das vezes contrariando uma à outra. Um
bom exemplo de negação é um garoto
que, ao ser acusado de roubo (e
realmente é culpado), diz: "não foi bem
assim que aconteceu, e não acontece
sempre. Nunca aconteceu e não vai
acontecer mais."
Outros mecanismos de
defesa
Com o passar do tempo, outros
mecanismos de defesa foram
apresentados, sendo, em parte,
variações dos mecanismos acima
apresentados:
Introjeção: mecanismo de defesa que
consiste na adoção de regras e
comportamentos que podem nos livrar
de uma situação ameaçadora ou
perigosa. Ela se inicia na infância,
quando começamos a aceitar como
nossas, regras e valores sociais, não
porque acreditávamos que isto fosse o
correto a fazer, já que ainda não
tínhamos uma opinião formada sobre
a vida, mas porque isto nos foi
imposto, tanto pela nossa família
quanto pelo que éramos capazes de
perceber no comportamento dos que
nos rodeavam e sabíamos que, “se não
dançássemos conforme a música”,
seríamos punidos ou marginalizados.
Temos como exemplo o ditado
popular: “se não pode vencê-los, junte-
se a eles”.[9]
Intelectualização: "Eu sei, eu já li tudo
isso! Não é bem assim, tem muita
discussão nova!". É quando se lida de
modo intelectual com o problema,
afastando os afetos; assemelha-se ao
isolamento e à racionalização.
Anulação: ações, rituais mágicos que
contestam ou desfazem um dano que
o indivíduo imagina que pode ser
causado por seus desejos. Exemplo:
fazer o sinal da cruz para afastar um
pensamento pecaminoso.
Deslocamento: consiste em transferir
as características ou atributos de um
determinado objeto para outro objeto.
Exemplo: receber uma bronca do chefe
e, assim que chegar em casa, chutar o
cachorro como se ele fosse o
responsável pela frustração.
Idealização: consiste em atribuir a
outro indivíduo qualidades de
perfeição, vendo o outro de modo
ideal. É o que fazem os adolescentes
com seus ídolos, a quem consideram
perfeitos.
Conversão: consiste em uma
transposição de um conflito psíquico e
uma tentativa de resolução desse
conflito por meio de expressões
somáticas como dores de cabeça.
Passa-se o problema da mente para o
corpo.
Substituição: o inconsciente oferece à
consciência um substituto aceitável
para ela e por meio do qual ela pode
satisfazer o id ou o superego. É a
satisfação imaginária do desejo.
Processo pelo qual um objeto
valorizado emocionalmente, mas que
não pode ser possuído, é
inconscientemente substituído por
outro, que geralmente se assemelha
ao proibido. É uma forma de
deslocamento. Um exemplo é o bebê
chupar o dedo ou a chupeta para sentir
o prazer como se estivesse no seio da
mãe.
Fantasia: é um processo psíquico em
que o indivíduo concebe uma situação
em sua mente, que satisfaz uma
necessidade ou desejo, que não pode
ser, na vida real, satisfeito. Exemplo:
Um homossexual que precisa manter o
casamento e que, quando procurado
pela esposa para o sexo, fantasia que
está tendo relações homossexuais e
não heterossexuais durante o ato.
Fantasiar pode ajudar em certos
conflitos psicológicos, mas não
"resolve" o conflito. Certas pessoas
podem passar a vida inteira
fantasiando, mas, quando caem na
realidade, o conflito retorna.
Compensação: é o processo psíquico
em que o indivíduo se compensa por
alguma deficiência, pela imagem que
tem de si próprio, por meio de um
outro aspecto que o caracterize, que
ele, então, passa a considerar como
um trunfo. Exemplo: um aluno ruim
nos esportes se consola por ser bom
em matemática.
Expiação: é o processo psíquico em
que o indivíduo quer pagar pelo seu
erro imediatamente. Sendo que
imediatamente quer dizer que a
pessoa, incapaz de lidar com o
sentimento de culpa, precisa "expiar"
ou projetar em alguém já pré-
determinado essa angústia. Para isso
existem os tais "bodes expiatórios"
sempre prontos para levar a culpa.
Clivagem: é a separação dos aspectos
bons e maus do outro. Exemplo:
identificação com o agressor, negando
o aspecto violento, como uma
sequestrada que se identifica com seu
sequestrador.
Resistência: é o processo de
resistência ao trabalho terapêutico, no
qual o paciente tenta manter no
inconsciente os acontecimentos
esquecidos.
Sentido de humor: posição ou uma
atitude em relação ao sofrimento.
Freud enfatiza o caráter do humor
como uma atitude subjetiva, uma
"operação elevada" que não depende
de propósitos conscientes, mas de
uma necessidade inconsciente, tanto
de quem o gera quanto de quem o
recebe. O senso de humor facilita a
conexão com o inconsciente, e a
conexão com o inconsciente facilita o
senso de humor.[10]
Considerações
Outros pontos que devemos levar em
conta sobre os mecanismos de defesa
são:
Referências
1. You're getting defensive again! Anna
Freud (1946) "The ego and
mechanism of defense" cit. Hook
(1994) pg. 230-236
2. Brenner, Charles. Noções Básicas de
Psicanálise. [S.l.]: Imago
3. Leite, S. (2009). «Angústia, recalque
e foraclusão: algumas notas para a
clínica» . Psicanálise & Barroco em
revista, v. 7, n. 1, p. 209-218
4. Schlachter, Lina; Beividas, Waldir
(2010). «Recalque, rejeição,
denegação: modulações subjetivas
do querer, do crer e do saber» .
Ágora: Estudos em Teoria
Psicanalítica. 13 (2): 207–227.
ISSN 1516-1498 .
doi:10.1590/S1516-
14982010000200005
5. Souza, Reginaldo Silva (28 de
fevereiro de 2019). «A Repressão e o
Recalque na Psicanálise» .
Psicologado
6. Roudinesco, Élisabeth (1998).
Dicionário de psicanálise. Rio de
Janeiro: Zahar
7. Macedo, Fernanda Nunes (2014).
«Recalque versus inveja: beijinho no
ombro» . Estudos de Psicanálise
(42): 47–51. ISSN 0100-3437
8. Galván, Gabriela (2012). «O conceito
de regressão em Freud e Winnicott:
algumas diferenças e suas
implicações na compreensão do
adoecimento psíquico» . Winnicott
e-prints. 7 (2): 38–51. ISSN 1679-
432X
9. «Comportamento: Mecanismo de
Defesa: Introjeção» . Consultado em
26 de abril de 2016
10. Goldin, Autor Liliana (23 de abril de
2018). «El humor como alternativa a
la angustia» . Intervenciones y
Efectos (em espanhol). Consultado
em 30 de dezembro de 2019
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