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RESUMO
1. ANÁLISE LIMITE
1.1. Preliminares
Seja uma estrutura mecânica que ocupa o conjunto Ω , cuja fronteira é definida por
Γ = Γu ∪ ΓT , sendo Γu a parte da fronteira de Ω na qual se impõem deslocamentos nulos,
enquanto que na restante fronteira, ΓT se aplica o carregamento T ; Γu e ΓT são tais que
Γ u ∩ ΓT = ∅ . Essa estrutura está ainda submetida a um campo de forças volúmicas f . Toma-
se o conjunto dos carregamentos ( f ,T ) como sendo de aplicação quase-estática, permitindo
assim não considerar os efeitos das forças de inércia. Nestas condições um carregamento será
considerado estaticamente admissível se verificar as seguintes equações:
()
div σ + f = 0 em Ω
σ ⋅ n = T em ΓT (1)
onde n é a normal da fronteira ΓT .
1
Investigador, CGEO, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa.
Admite-se a hipótese das pequenas deformações, e considera-se sempre que as funções
de deslocamento que sejam tomadas em conta são o suficientemente regulares para que todas
as derivadas envolvidas possam ser calculadas.
A lei constitutiva de Ω é considerada como sendo do tipo rígido-plástico. Admite-se
uma função de cedência, local, f (σ (x )) ≡ f (σ ) , em que a deformação aparece no ponto x se
()
f σ =0, sendo nula quando f (σ ) < 0 . Supõe-se ainda que se trata de um material em que a lei
de escoamento plástico é associada e respeita o princípio da normalidade, ou seja que, se tem
. . ∂f .
ε =λ , sendo λ o chamado multiplicador plástico.
∂σ
Assim, diz-se que um determinado carregamento ( f ,T ) actuando sobre a estrutura é
suportável pela mesma quando existir um campo de tensões, σ , que equilibre ( f ,T ) , seja
estaticamente admissível e verifique f (σ (x )) ≤ 0 , ∀ x ∈ Ω . Ao conjunto dos carregamentos ( f ,T )
suportáveis chamar-se-á K. Os carregamentos que se encontrem sobre a fronteira K serão
designados por carregamentos limites.
Uma estrutura será estável, quando submetida a um dado carregamento, se esse
carregamento pertencer ao seu conjunto K, o que mete em evidência a necessidade e as
vantagens de se conhecer a forma de K. O problema reside no facto de a obtenção de K não
ser, em geral, possível. Recorre-se assim à determinação de aproximações suas, quer pelo seu
interior quer pelo seu exterior. Estas aproximações podem ser fundamentadas em dois
teoremas, aqui designados por teorema estático e teorema cinemático. Estes teoremas são
usualmente conhecidos como sendo os da “região inferior e da região superior”; estas
designações não serão aqui adoptadas por parecer ao autor, por um lado, que são baseadas em
relações sem significado quando os carregamentos se encontram em espaços de mais de uma
dimensão e, por outro, porque mesmo no caso de carregamentos a uma dimensão os termos
“inferior” e “superior” podem induzir conceitos errados sobre a estabilidade da estrutura. Na
Figura 1 representam-se esquematicamente aproximações feitas ao conjunto K, quer pelo seu
exterior quer pelo seu interior, utilizando respectivamente o teorema cinemático e o teorema
estático.
Q2
K cinemático
K
Q1
K estático
Carregamentos
limite
são, respectivamente, a coesão e o ângulo de atrito interno do material. Neste caso a função
π (x ) pode ser escrita como:
⎧π 1 d = H tr d
⎪
( ) ( ) ( )
se tr d ≥ ( d I + d II + d III ) senφ
⎪
π = ⎨π 2 ( v ) = HV ⋅ n se V ⋅ n ≥ V senφ (4)
⎪+∞ caso contrário
⎪⎩
em que d é o tensor das velocidades de deformação, cujos valores principais são designados
por índices romanos e V é a velocidade relativa entre zonas separadas por uma
descontinuidade do campo de velocidades, sendo que n é a normal da superfície delimitando a
descontinuidade das velocidades e H = c cotg φ .
Para se proceder à aplicação do teorema cinemático efectua-se a minimização da
diferença entre a potência dissipada plasticamente pelo sistema, Pi, e a potência fornecida
pelo carregamento exterior num dado campo de velocidades, Pe. No caso dessa diferença ser
negativa, o carregamento não será suportado pela estrutura. A minimização de Pi - Pe é
normalmente feita impondo superfícies de “deslizamento”, que dependerão de um número
finito, geralmente pequeno, de parâmetros, procedendo-se depois à minimização da diferença
entre potências em função desses parâmetros. Há ainda a possibilidade de se imporem campos
de velocidade contínuos de forma relativamente simples ao sistema, ou de se considerar um
misto das duas hipóteses (ver por exemplo Leca e Dormieux, 1992). As possibilidades de
minimização estão assim sempre dependentes das constrições impostas aos campos de
velocidades utilizados (contínuos ou não) e do conhecimento que se terá do problema em
causa. Evidencia-se desta forma a vantagem de se dispor de uma ferramenta que,
automaticamente e sem nenhuma imposição a priori sobre o campo de velocidades, permita
obter uma boa (se não a óptima) minimização da diferença entre potências.
Em todo o caso, não será desapropriado referir que, mesmo com esses campos de
velocidades de concepção relativamente limitada, foi possível obter soluções aproximadas de
grande qualidade, e até mesmo o valor dos carregamentos limite em certos problemas da
análise limite.
No presente trabalho apenas se considera, ao contrário do que se faz mais
tradicionalmente, a parcela de dissipação plástica referente à existência de campos de
velocidade contínuos definidos em Ω . Pretende-se pois resolver o seguinte problema:
{ ( )
Min Pi d (v ) − Pe (v ) } (5)
v∈V
em que V é a restrição contínua do espaço das velocidades cinematicamente admissíveis, e
Pi = ∫ π 1 (x )dΩ . Esta assunção vai impor que os campos de velocidades utilizados não permitam
Ω
a existência de superfícies de “deslizamento” .
A resolução do problema (5) passa pela minimização de um funcional não linear, sob
restrições, que é equivalente à resolução do problema:
{ ()
Min Pi w − Pe (v ) }
v∈V (6)
com w = B v
em que se introduz uma nova variável que permitirá separar a resolução do problema em duas
partes distintas. Para tal, começa-se por introduzir o Lagrangiano Aumentado seguinte:
∫ Bv − w ∫
r 2
L r {( v , w ), λ } = Pi ( w ) − Pe ( v ) + dΩ + λ : ( B v − w )dΩ (7)
2
Ω Ω
A determinação do ponto de sela deste Lagrangiano, ponto que verifica
{( ) }
{( ) } {( ) } conduz à solução do problema, e é feita recorrendo ao
L r v , w , µ ≤ L r v , w ,λ ≤ L r u , h ,λ
discretização desse tipo. Nesta discretização a variável v será aproximada por polinómios de
1º grau enquanto que a variável w será aproximada por polinómios constantes em cada um
dos elementos de Dh.
Tomem-se ainda as matrizes definidas por:
T
⎡∂ ∂⎤
⎡1 0 0⎤
⎢ ∂x 0
∂y ⎥
BT = ⎢
∂ ∂⎥
⎥ e A0 = ⎢⎢0 1 0 ⎥⎥ (8)
⎢0 ⎢⎣0 0 0,5⎥⎦
⎢⎣ ∂y ∂x ⎥⎦
e os vectores definidos por:
w = {w11 , w22 ,2w12 } e λ = {λ11 , λ 22 ,2λ12 } (9)
Com estas definições, o Lagrangiano Aumentado definido em (7) pode ser rescrito
como:
L rh {( u , v ), λ } = ∑ ∫ π (w
E∈Dh DhE
1 E )dΩ − ∑ ∫ f .N
E∈Dh DhE
E u E dΩ − ∑ ∫ T .N
E∈Dh DhE IΓT
E u E dΩ
+ ∑ ∫λ
E∈Dh DhE
T
E .A0 .(BN E u E − wE )dΩ (10)
2.1. Introdução
H H
p=KaγH p=KpγH
O esquema da Figura 2 supõe que não existirá atrito entre o solo e a estrutura aquando
do movimento desta. No caso em que essas condições não se verifiquem, à pressão horizontal
que o solo exerce sobre a estrutura há a acrescentar uma tensão tangencial, em função desse
atrito. A distribuição dessa tensão tangencial, admitindo atrito constante ao longo da
profundidade, será também triangular. A relação entre os valores da pressão horizontal e da
⎛ pH* ⎞
tensão tangencial define um ângulo δ através da relação δ = arctg ⎜ * ⎟
, onde pH* e σ T* são a
⎝ σT ⎠
pressão horizontal e a tensão tangencial que o solo exerce sobre o muro, respectivamente. De
notar que, como a tensão tangencial pode ter sentido ascendente ou descendente, também o
ângulo em causa pode ter sinal positivo ou negativo. Neste trabalho adoptou-se como sentido
positivo da tensão tangencial o sentido descendente.
Repare-se que no caso da existência de atrito entre o solo e a estrutura de suporte, os
chamados coeficientes de impulso activo e passivo perdem a sua noção original de relação
entre tensão horizontal e vertical, pois a resultante da pressão sobre o muro terá uma
obliquidade correspondente ao ângulo δ.
γ,c,φ
C&K C&K
0.60 fi=20º 15.00 fi=20º
Calculado Calculado
fi=30º fi=30º
Kp
Ka
0.40 10.00
C&K C&K
fi=30º fi=30º
0.20 5.00
Calculado Calculado
fi=40º fi=40º
6
Passivo
5
4
Activo
ηH
2
Outros
1 mecanismos
(ver texto)
0
-4 -3 -2 -1 0 1
ηV
3. CONCLUSÕES
4. REFERÊNCIAS
Antão, A. (1997), ‘Analyse de la stabilité des ouvrages souterrains par une méthode
cinématique régularisée’, Thèse de Doctorat de l’École Nationale des Pons et Chaussées.
Caquot, A,, Kerisel, J,, Absi, E, (1973) “Tables de butée et de poussée”, 2e édition
bilingue Français-Anglais, Gauthier-Villars éditeur, Bordas.
Glowinski, S,; Le Tallec, P, (1989), ‘Augmented Lagrangian and Operator-Splitting
methods in non-linear Mechanics, SIAM, Philadelphia.
Leca, E, ; Dormieux, L, (1992) ‘Contribution à l’étude de la stabilité du front de taille
d’un tunnel en milieu cohérent’, Revue Française de Géotechnique, N° 61, pp, 5-16.
Salençon, J, (1983), ‘Calcul à la rupture et analyse limite’, Presses ENPC, Paris.