Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 3
2. MERCADO FINANCEIRO (LIVRO MERCADO FINANCEIRO, Securato) ......................... 4
2.1 O que é o Mercado Financeiro .................................................................................................................... 4
2.2 Classificação do Mercado Financeiro ...................................................................................................... 4
2.2.1 Mercado de Câmbio.............................................................................................................................................. 5
2.2.2 Mercado de Capitais ............................................................................................................................................. 5
2.2.3 Mercado de Crédito ............................................................................................................................................... 5
2.2.4 Mercado de Derivativos ...................................................................................................................................... 5
2.2.5 Mercado Monetário................................................................................................................................................ 5
2.3 O Papel dos Bancos de Investimento na Sociedade ............................................................................ 5
2.4 Áreas de Atuação............................................................................................................................................. 6
3. INVESTIMENTOS I ............................................................................................................................. 10
3.1 Sistema Financeiro Nacional .................................................................................................................... 10
3.1.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional ............................................................................................. 10
3.1.2 Agentes do Sistema Financeiro Nacional ............................................................................................... 11
3.2 Variáveis dos investimentos ..................................................................................................................... 11
3.3 Índices Econômicos ...................................................................................................................................... 13
3.4 Classificação de crédito .............................................................................................................................. 13
3.5 Renda fixa ........................................................................................................................................................ 14
3.5.1 Títulos Públicos .................................................................................................................................................... 14
3.5.2 Títulos Privados ................................................................................................................................................... 17
4. INVESTIMENTOS II ............................................................................................................................ 18
4.1 Renda variável ............................................................................................................................................... 18
4.2 Tipos de investimentos .............................................................................................................................. 18
4.3 Derivativos ...................................................................................................................................................... 18
4.3.1 Mercado a termo.................................................................................................................................................. 18
4.3.2 Mercado futuro...................................................................................................................................................... 18
4.3.3 Mercado de opções ............................................................................................................................................ 19
4.3.4 Swaps........................................................................................................................................................................ 19
5. MATEMÁTICA FINANCEIRA .......................................................................................................... 22
5.1 Conceitos e ferramentas básicas ............................................................................................................. 22
5.1.1 Capital ....................................................................................................................................................................... 22
5.1.2 Diagrama de Fluxo de Caixa ......................................................................................................................... 22
5.2 O Valor do Dinheiro no Tempo ................................................................................................................ 22
5.3 Juros................................................................................................................................................................... 23
5.3.1 Juros Simples ........................................................................................................................................................ 23
5.3.2 Juros Compostos................................................................................................................................................. 24
5.4 Taxa Nominal ................................................................................................................................................. 25
5.5 Taxa Efetiva..................................................................................................................................................... 25
5.6 Equivalência de Taxas ................................................................................................................................. 25
5.7 Efeito de Inflação .......................................................................................................................................... 26
5.8 Desconto de Fluxo de Caixa ....................................................................................................................... 26
5.9 Séries de Pagamentos ................................................................................................................................. 26
5.10 Sistemas de Amortização ........................................................................................................................ 27
5.11 Valor Presente Líquido (VPL) ................................................................................................................ 27
5.12 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)................................................................................................... 27
5.13 Taxa Interna de Retorno (TIR) .............................................................................................................. 28
1
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
2
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
1. INTRODUÇÃO
Esta apostila visa introduzir o leitor a um conteúdo técnico de modo que o ajude a
preparar-se para os principais processos seletivos do mercado financeiro. A abordagem
dos temas é feita de modo direta e enxuta, sendo este material um complemento das
aulas presenciais oferecidas pelo Poli Finance.
Por fim, essa apostila é um guia de estudo. Aqueles que tiverem maior interesse e
pretenderem prestar processos seletivos mais concorridos, devem procurar por fontes
mais detalhadas e aprenderem finanças corporativas com um maior grau de
profundidade.
3
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Mercado de Câmbio;
Mercado de Capitais;
Mercado de Crédito;
Mercado de Derivativos;
Mercado Monetário;
4
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
5
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Private Banking – É responsável por atender clientes individuais que investem altas
quantidades de capital. O termo “private” se refere a um atendimento pessoal e
diferenciado. O departamento é responsável por analisar o perfil do cliente e alocar o seu
capital de acordo com as suas características, sempre visando diversificar a carteira de
investimentos a fim de minimizar o risco. O cliente possui uma conta corrente, ou seja, o
dinheiro permanece na instituição, além de, na maioria dos caros, as aplicações serem
feitas em produtos financeiros da própria instituição.
2
Ativos são bens ou direitos de uma pessoa ou empresa.
7
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Family Office – São organizações montadas para atender famílias com patrimônio
elevado, normalmente donas de grandes empresas, as quais, diferentemente do Wealth
Management, que se preocupa mais com o asset location (Alocação de ativos), oferecem
uma consultoria muito mais completa, cuidando tanto de aspectos financeiros, como de
assessoria jurídica, sucessória, societária, fiscal e contábil. Os profissionais dessa área
possuem um contato extremamente próximo das famílias, desenvolvendo soluções
personalizadas para atender necessidades das mais variadas possíveis.
8
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
9
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
3. INVESTIMENTOS I
10
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Comissão de Valores Mobiliários (CVM): age sob a orientação do CMN com o objetivo
de normatizar e controlar o mercado de valores mobiliários (ações e crédito). A CVM
estimula o funcionamento das bolsas de valores, regula a emissão de títulos
mobiliários e exige que as instituições apresentem informação relevante à análise para
proteger os investidores.
Tempo
Um investidor jovem, que tem como objetivo construir sua aposentadoria, possui
muito tempo. Dessa forma, pode investir seu dinheiro em aplicações com rendimentos
menores, porém com risco menor. Já um investidor mais velho, que tenha o mesmo
objetivo, deverá procurar outras opções, uma vez que as aplicações mais conservadoras
não irão lhe render o suficiente para que se aposente, uma vez que ele possui menos
tempo.
Custo de oportunidade
Todas as aplicações financeiras são excludentes. Em outras palavras, o dinheiro
só pode ser investido em uma única aplicação por vez. Dessa forma, considerando a
poupança, que rende aproximadamente 6% ao ano, e uma CDB cuja taxa de juros seja
de 12% ao ano, caso o dinheiro seja aplicado na poupança, haverá um custo de
oportunidade de aproximadamente (os juros são compostos e não simples) 6%, uma vez
que o investidor está “deixando” de ganhar esse juro a mais.
Inflação
A inflação é, de certa forma, a taxa pela qual o dinheiro se desvaloriza. Dessa
forma, investir em uma aplicação que renda abaixo da inflação é, na verdade, perder
dinheiro. Uma vez que a taxa com a qual o dinheiro se valoriza, na aplicação, é menor do
11
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
que a que ele se desvaloriza. Dessa forma, é sempre importante considerar as projeções
da inflação ao analisar um investimento.
Risco
Um título privado de um banco desconhecido que promete 500% da CDI ao ano
pode parecer muito interessante em um primeiro momento. No entanto, o risco atrelado a
isso provavelmente deve ser muito elevado, de modo que não valha a pena. O perfil de
risco de um investidor é importante na análise de aplicações financeiras. Saber qual
parcela do patrimônio se está disposto a perder em especulações de alto risco e qual será
investida para proteção (rendimentos pouco acima da inflação, de baixíssimo risco, como
títulos indexados ao IPCA ou ao IGP-M), é fundamental para qualquer investidor.
Objetivo
Todo investimento necessita de um objetivo. Seja comprar um carro, garantir uma
fonte de renda extra, construir a aposentadoria, ou qualquer outro. Investir puramente
para ganhar dinheiro não é recomendável. O objetivo cria a ligação entre o investidor e o
que ele pretende fazer com o dinheiro assim que tiver condições, de modo que consolida
o foco e a racionalidade nas decisões.
Exemplo I:
Suponha que seu objetivo seja comprar um headphone novo da Bose, o custo do
aparelho é de R$2.000,00 e você dispõe desse dinheiro hoje. Qual decisão você tomaria?
Leve em consideração as variáveis do investimento e seu perfil de investidor para analisar
essa decisão (o caso é simples, provavelmente você não irá optar por esperar 1 ano -
ouvindo música no headphone que veio com seu celular quando poderia estar ouvindo
num Bose - para comprar o headphone para ganhar R$64,80, mas pense sobre cada
variável para chegar nessa conclusão).
Hoje Em 1 ano
Preço do headphone R$ 2.000,00 Preço do headphone R$ 2.095,20
Poupança R$ 2.000,00 Poupança R$ 2.120,00
CDB R$ 2.000,00 CDB R$ 2.160,00
12
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Taxa de juros
SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia): A taxa básica de juros
da economia. Determinada pelo governo no intuito de estimular a economia
e controlar a inflação por meio da manipulação da oferta de moeda. É
definida a cada seis semanas pelo Comitê de Política Monetária (COPOM).
Influencia diretamente o custo do crédito e a taxa de rendimento mínima
esperada por uma aplicação financeira.
13
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Exemplo II:
Compreendendo o último parágrafo: como o mercado precifica um título? E por que
a variação das taxas de juros influencia esse preço?
O mercado calcula o preço a ser pago em um título trazendo a valor presente o seu
valor na data de vencimento. A taxa de desconto geralmente é a inflação mais a taxa de
juros do título. Isso significa que se o governo mudar a taxa para um título, sua taxa de
desconto também muda.
Vamos para um exemplo: João investe R$1.000,00 que restou de seu décimo
terceiro salário em um LTN, no dia 01/01/2017. A taxa de juros contratada é de 10% ao
ano, e a data de vencimento é de 01/01/2019. Sendo assim, o valor do título na data de
vencimento será de R$1.210,00.
No dia 01/01/2018 o título do João vale R$1.100,00 que é seu dinheiro inicial mais
os juros para o período transcorrido, que foi de um ano. Supondo que não houve inflação
até o vencimento (apenas para facilitar a compreensão do exemplo), esse também é o
valor presente do título. No entanto, trazendo a valor presente o valor do título, com a taxa
de desconto sendo 11% (a nova taxa de juros) chega-se em R$1.090,09 que nada mais é
do que o preço de mercado no dia. Dessa forma, ao vender seu título, João receberá
R$1.090,09.
A dúvida que deve estar em sua cabeça agora: por qual motivo o aumento da taxa
do LTN pelo governo reduziu o valor do título do João? Simples, suponha que você é um
investidor, e quer aplicar seu dinheiro em um LTN, você tem duas opções: ou compra
direto com o Tesouro, e contrata a taxa de 11%a.a.; ou compra o título que o João quer
vender, com a taxa de 10%a.a. Assim fica fácil entender a redução do preço, você não
pagaria o mesmo pelos dois títulos, certo? É claro que você pagaria menos pelo título que
rende menos, e proporcionalmente a quão menos esse título rende, e por isso é
empregado a taxa de desconto e o cálculo do valor presente.
Por fim, conclui-se que João, ao vender seu título antes do vencimento, teve uma
rentabilidade de 9,09% ao ano, diferente dos 10%a.a. que havia contratado. Efeito da
venda do ativo, somada ao aumento da taxa de juros do LTN.
Exercício I:
Suponha que Maria, irmã de João, também tenha disponível R$1.000,00 para
investir. No entanto, ela decidiu comprar um título NTN-B Principal, ao contrário de seu
irmão, que adquiriu um LTN. Ambos compraram seus títulos no dia 01/01/2017 com data
de vencimento para 01/01/2019. O título de Maria é indexado à inflação, ou melhor, ao
índice IPCA. Vamos supor que a taxa contratada tenha sido de 4,76% ao ano de juros
reais.
15
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
1. Calcule o valor do título de cada um dos irmãos para os seguintes cenários (faça
as aproximações necessárias):
a. IPCA de 5% a.a.
b. IPCA de 9,25% a.a.
c. IPCA de 0,57% a.a.
2. Calcule o valor presente dos investimentos para cada um dos cenários analisados
(utilize o IPCA como taxa de desconto).
Extra I:
A tabela e o gráfico a seguir representam os impostos mais relevantes para renda
fixa: o Imposto de Renda e o Imposto sobre Operações Financeiras; relacionando a
porcentagem a ser paga com o número de dias transcorridos desde uma certa operação
financeira (compra de um título por exemplo).
1,2
IOF
1
0,8
0,6
%
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Dias
16
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Extra II:
Como calcular a inflação precificada pelo mercado?
Supondo que o título LTN esteja com uma taxa de juros de , e que vença em
exatamente anos, e que o título NTN-B Principal esteja com uma taxa de juros de
, e também vença em anos. Então:
[( )( )] ( )
Títulos Privados
CDB (Certificado de Depósito Bancário) LC (Letras de Câmbio)
Pós ou pré-fixado Financiar as atividades de crédito de financeiras
Associado ao CDI LH (Letras de Hipoteca)
Liquidez variável Financiar linhas de crédito imobiliário
RDB (Recibo de Depósito Bancário) Isento de Imposto de Renda para Pessoas Físicas
Similar ao CDB LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário/Agrícola)
Não permite resgate antecipado Título emitido lastreado por empréstimos do setor
Debêntures Associado ao CDI
Negociáveis na bolsa de valores
Pagamento periódico ou final
Financiar as atividades de empresas
Exemplo III:
O funcionamento de Títulos Privados em muito é semelhante ao dos públicos. As
principais diferenças são: o risco; os índices econômicos nos quais estão indexados os
rendimentos; a liquidez.
17
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
4. INVESTIMENTOS II
4.1 Renda variável
Toda e qualquer aplicação na qual a rentabilidade não pode ser determinada no
momento de execução. Exemplos de renda variável são ações, commodities, contratos
negociados nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros.
4.2 Tipos de investimentos
Análise fundamentalista: estudo intrínseco à pesquisa macroeconômica e setorial,
aprofundando-se no business de uma empresa, além de detalhar os players e drivers
condizentes.
18
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Exemplo III:
Para compreender como funcionam contratos de swaps vamos analisar a empresa
E. Essa empresa possui uma característica fundamental: ela tem receita em real, mas sua
dívida é em dólares. Caso o dólar se valorize em relação ao real, a dívida da empresa em
reais aumenta, o que é ruim, uma vez que sua fonte de renda é em reais.
Dívida da empresa A
Dívida em dólar: $ 50.000,00
Cotação do dólar: R$ 3,20
Dívida em real: R$ 160.000,00
Juros da dívida: (a.a.) 4,00%
Prazo: (em anos) 2
Valor no vencimento: $ 54.080,00
19
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Utilizando números: a empresa E decidiu que seria melhor para seu negócio que X
fosse igual a Y, sendo assim, não receberá nada, e nem pagará nada ao executar o
contrato (tirando as taxas da instituição financeira intermediária, que no caso é o banco
B). Além disso, ainda optou que X fosse igual a R$160.000,00 que é o valor de sua dívida
em reais.
20
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
X: R$ 160.000,00
Y: R$ 160.000,00
Z: R$ 270.400,00
W: R$ 207.936,00
X-Y: R$ -
Z-W: R$ 62.464,00
Caso não tivesse realizado o swap, a empresa teria que ter pago R$270.400,00
para quitar sua dívida. Esse valor é a parcela inicial da dívida, mais os juros, influenciados
pela cotação do dólar. No entanto, como a empresa executou o contrato, ela recebe no
dia de seu vencimento, R$62.464,00 de modo que, efetivamente, precisará pagar apenas
R$207.936,00 para quitar a dívida. Percebe-se como esse tipo de contrato fez com que
uma dívida que consistia na taxa de juros norte-americana, mais a cotação do dólar,
passasse a ser influenciada apenas pela taxa CDI. Essa medida tomada pela empresa é
uma forma de hedge contra a flutuação do valor dessa moeda estrangeira.
21
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
5. MATEMÁTICA FINANCEIRA
5.1.1 Capital
Do ponto de vista da ciência econômica, capital é o termo utilizado para designar
um bem econômico que possui uma finalidade produtiva, isto é, um bem produtivo. Em
geral, o termo é utilizado para denominar uma quantia de dinheiro. Chamamos de
capitalização uma aplicação para a acumulação de capital.
5.1.2 Diagrama de Fluxo de Caixa
O Diagrama de Fluxo de Caixa é uma representação ilustrativa de um conjunto de
entradas e saídas de capital de um projeto, investimento ou financiamento ao longo do
tempo. A flecha na horizontal representa a passagem do tempo, enquanto as flechas na
vertical representam as saídas ou entradas de capital no período n em que ela é
referenciada. Essa ferramenta é indispensável para visualizar e fazer a análise da
viabilidade e rentabilidade de operações financeiras.
22
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
a 10 meses. Segundo essa lógica, a incerteza do valor do seu dinheiro no futuro exige um
retorno para a postergação do seu consumo. Ora, se você pode consumir agora, é justo
que, para que você postergue sua decisão de usufruir de seu dinheiro, receba algo em
troca. Essa é a essência dos juros e dos investimentos!
5.3 Juros
O juro é definido como uma remuneração pelo empréstimo de capital. Assim como
um arrendador cobra um aluguel para que o locatário possa usufruir do imóvel, o
empréstimo de dinheiro também possui sua taxa de cobrança (ou de remuneração) ao
longo do tempo, a taxa de juro. Entretanto, diferente de um aluguel de imóvel, a cobrança
dos juros geralmente recai sobre períodos posteriores ao início da aplicação de capital
(em n=0), ou seja:
Onde:
J = Juro
VF = Valor Futuro
VP = Valor Presente
Exemplo
Uma pessoa investe R$ 3.000 em um negócio pelo prazo de 1 ano, recebendo no
final do período uma quantia de R$ 3.600. Determine:
J = J1 + J2 + J3 + ... + Jn
Como VF = VP + J:
VF = VP + VP.i.n
23
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Exemplo
Determine a taxa de juros simples a que ficou aplicado um capital durante 10
meses para render de juros metade do seu valor.
5.3.2 Juros Compostos
É o regime em que a taxa de juros incide no montante atual, ou seja, a taxa incide
sobre uma quantia que se atualiza a cada período. Para facilitar o entendimento, muitos
autores utilizam o conceito de “juro sobre juro” para explicar os juros compostos.
J = J1 + J2 + J3 + ... + Jn
Como VF = VP + J, temos:
VF = VP + VP.i + VP.i2 +...+VP.in
VF = VP(1+i)n
No Diagrama de Fluxo de Caixa:
24
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Exemplo
Um investidor aplicou R$40.000 a juros compostos e recebeu, depois de 3 meses,
um montante de R$51.200. Sabendo que as taxas de juros foram 5% e 6% no primeiro e
no segundo mês, respectivamente, calcule a taxa de juros do 3º mês.
( ⁄ ) Onde: q: quero
[( ) ] i: taxa de juros
t: tenho
25
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
( )
[ ]
( )
( )
26
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
( )
( )
( )
Ao utilizar tal fórmula para cada período (no jargão "trazer tudo a valor presente") e
somar todas as parcelas PV(n) (isso inclui o valor inicial despendido ou ganho em n=0),
acha-se o Valor Presente Líquido (VPL ou NPV).
27
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Onde:
VP: valor presente do fluxo de caixa
FCn: Fluxo de Caixa no período n
TIR: Taxa Interna de Retorno
n: período
𝐹𝐶 𝐹𝐶 𝐹𝐶
VPL = FC0 + + + 3 + ... = 0
( +𝑇𝐼𝑅)1 ( +𝑇𝐼𝑅) 2 ( +𝑇𝐼𝑅)3
TIR x TMA:
TIR > TMA: o investimento trouxe rendimento maior que o mínimo esperado pelo
investidor.
TIR = TMA: o investimento rendeu a quantia exata que o investidor esperava para
fazê-lo.
TIR < TMA: o investimento rendeu menos que o investidor esperava (note que
nesse caso não significa que houve prejuízo)
28
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
29
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
6. CONTABILIDADE
Além desses, existem outras fontes contábeis, como notas de rodapé e conference
call divulgados para as relações com os investidores (RI) da empresa.
6.1 Balanço Patrimonial (BP)
Ativo Passivo
Ativo Circulante (AC) 33.4 Passivo Circulante (PC) 23.0
Caixa e Equivalentes 5.3 Salários a Pagar 5.0
Contas a Receber 15.5 Fornecedores 7.6
Estoques 10.8 Obrigações Fiscais 3.0
Tributos a Recuperar 1.8 Empréstimos e Financiamentos 5.2
Liquidez
Ativo Não Circulante (ANC) 46.4 Passivo Não Circulante (PNC) 4.3
Imobilizado 20.3 Empréstimos e Financiamentos 4.3
Intangível 13.7
Investimentos 12.4 Patrimônio Líquido (PL)
Capital Social 34.6
Reservas de Capital 12.5
Reservas de Lucros 5.4
Aplicação Origem
30
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Sabendo que o ativo expressa a aplicação dos recursos e, que a soma do passivo com o
patrimônio Líquido expressa a origem do capital, temos que necessariamente:
6.1.1 Ativo
Caixa e Equivalentes
O ativo mais líquido possível, representa a disponibilidade financeira que a
entidade possui para realizar investimentos e para cumprir com as suas obrigações.
Estoque
Diz respeito a todos os produtos (bens ou serviços) gerados pela entidade por um
valor mensurável, os quais possuem o potencial de gerar benefícios financeiros.
31
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Imobilizado
São os bens e direitos de natureza permanente cuja função é manter a operação
das atividades normais da empresa, servindo como a sua estrutura. Ex.: edifícios,
máquinas, móveis, etc.
Intangível
Bens que não podem ser tocados ou vistos por serem incorpóreos. Porém
possuem valor econômico e contribuem com a geração de produtos da empresa. Ex.:
softwares, patentes, valor da marca, etc.
Investimentos
Investimento da entidade em outras empresas.
6.1.2 Passivo
Salários a pagar
Representa a obrigação da empresa com os seus colaboradores, os quais foram
incorridos, mas não pagos na data do balanço.
Fornecedores
Representa a obrigação da empresa com as empresas que fornecem bens ou
serviços para a entidade.
32
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Empréstimos e Financiamentos
Diz respeito aos recursos oriundos de terceiros, os quais devem ser pagos
obrigatoriamente. Dividido pelo prazo que a dívida deve ser liquidada, ou seja, há
empréstimos e financiamentos no passivo circulante e no passivo não circulante.
Capital Social
Capital investido pelos sócios da empresa.
33
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
34
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Receita Líquida: Receita Bruta descontada de impostos diretos (IPI, ICMS, ISS e
etc), Abatimentos, Devoluções, Deduções, Perdas e comissões de venda.
Custo dos Produtos Vendidos (CPV ou COGS): é o custo que está diretamente
ligado à produção dos bens ou serviços oferecidos pela empresa. Estão incluídos a
matéria-prima, salário dos funcionários / prestadores de serviço e qualquer outro custo
relacionado à produção.
Lucro Bruto (Resultado Bruto): é todo o montante que sobra para a empresa
após pagar os impostos que incidem de forma direta e os custos da produção.
Lucro Operacional (EBIT): Earnings Before Interest and Taxes, mais conhecido
como EBIT (LAJIR em português), é um indício da eficiência operacional da empresa.
35
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
A DFC auxilia o analista a avaliar não só a capacidade dos gestores de gerar lucro
(observada na DRE), mas também de materializá-lo no caixa da empresa. Uma empresa
pode ser lucrativa, mas ao mesmo tempo estar “quebrada” devido à insuficiência de caixa.
Por outro lado, uma empresa pode ter prejuízo, mas gerar caixa suficiente para manter a
operação no médio prazo. Por exemplo, o Ponto Frio pode vender muitos
eletrodomésticos no ano à um baixo custo de fabricação e venda, então o seu Lucro
Líquido será positivo. Porém, ele os vende à prazo, em parcelas de 36 vezes. Portanto,
muito do que o Ponto Frio lucrou, estará no Contas a Receber do Balanço Patrimonial e
apenas uma pequena parte efetivamente se tornará caixa. Se o Ponto Frio não tiver caixa
suficiente para manter suas operações, ele irá declarar falência, apesar de ter tido lucro
no período.
36
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Método Direto:
1) É referido como o “verdadeiro fluxo de caixa”, pois reflete todos os
recebimentos e pagamentos que ocorreram no período.
2) Revela mais detalhes sobre o período, por isso é menos utilizado nas
publicações.
3) Começa a partir de todos os recebimentos das vendas.
37
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Método Indireto:
38
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
39
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Índices de Alavancagem
Indicador Formulação Interpretação
Capital de
Redução da composição do capital de terceiros
Terceiros/Capital Passivos Totais/PL
em relação ao capital próprio
Próprio
Passivos Exigíveis/ Um índice muito elevado pode dificultar a geração
Endividamento
Ativos Totais de caixa e obtenção de novos financiamentos
Passivos
Composição do Demonstra a política de endividamento da
Circulantes/
Endividamento empresa
Passivos Totais
Índices Econômicos
Indicador Formulação Interpretação
Margem Lucro Bruto/Receita Pode ser ganho/perda de força com competidores ou
Bruta Líquida fornecedores
É utilizado para analisar o desempenho das empresas,
Margem EBITDA/Receita medindo a produtividade e eficiência das operações da
EBITDA Líquida empresa, sendo um importante indicador para as
decisões de gestão e investimento.
Lucro
Margem Representa a eficiência da operação da empresa em
Operacional/Receita
Operacional relação aos seus competidores
Líquida
Margem Lucro Líquido/Receita
Redução ocorrida pelo aumento de despesas
Líquida Líquida
Retorno dos Lucro Líquido/Ativos Aumento no lucro gerado pelos ativos foi menor que o
Ativos (ROA) Totais aumento do valor investido
Retorno
sobre PL Lucro Líquido/PL Diminuição da rentabilidade ao acionista
(ROE)
40
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Como dito antes, o DFC está relacionado com o BP e com o DRE. No método
indireto, por exemplo, parte-se do Lucro Líquido, soma-se a depreciação (Pois não sai
dinheiro do caixa com a depreciação retirada no DRE) e a variação do passivo circulante
(extraído do BP) para assim chegar no FCO. Calculando dessa mesma forma o FCI e o
FCF, tem-se o Fluxo de Caixa (FCO + FCI + FCF), que somado ao caixa no período
anterior, forma o caixa no período atual.
41
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
(R$ milhões)
Ativo 3006 Passivo & Patrimônio Líquido 3006
Ativo Circulante 933 Passivo Circulante 897
Caixa e equivalentes de caixa 407 Empréstimos e financiamentos 450
Contas a receber 403 Fornecedores 143
Estoques 32 Outros Passivos Circulantes 304
Outros Ativos Circulantes 92 Passivo Não Circulante 573
Ativo Não Circulante 2073 Empréstimos e financiamentos 348
Investimentos 9 Outros Passivos Não Circulantes 225
Imobilizado 470 Patrimônio Líquido 1536
Intangível 1524 Capital social 1400
Outros Ativos Não Circulantes 70 Reservas de capital 64
Lucros acumulados 71
42
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
3. Em 2016, o Grupo Fleury apresentou uma receita bruta de R$2.300 Milhões, sendo que
após as deduções de impostos e cancelamentos, obteve uma receita líquida de R$2.096
Milhões. Além disso, para a operação da companhia, foram necessários o custo de
(R$1.495 Milhões) pelos serviços prestados e uma despesa operacional no valor de
(R$209 Milhões). Sabendo também que o resultado financeiro foi de (R$44 Milhões), o
imposto de renda (R$66 Milhões) e a depreciação R$145 Milhões:
Deduções e Cancelamentos
Lucro Bruto
EBIT
EBITDA
EBT
Lucro Líquido
Margem Bruta
Margem EBITDA
Margem Operacional
Margem Líquida
43
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
2015
Receita Bruta 2.097
Var. YoY 11,6%
Deduções e Cancelamentos (202.279)
Receita Líquida 1.895
Var. YoY 12,9%
Custo dos Serviços Prestados (1.392)
Lucro Bruto 503
Margem Bruta 26,5%
Despesas Operacionais (267)
EBIT 236
D&A (122)
EBITDA 358
Margem EBITDA 18,9%
Resultado Financeiro (63)
EBT 172
Imposto de Renda (65)
Lucro Líquido 107
Margem Líquida 5,7%
44
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
8. VALUATION
O valuation nada mais é do que uma ferramenta utilizada para determinar o valor
de um ativo. Em diversas situações é necessário saber o valor de uma empresa, de um
contrato ou de um outro ativo qualquer. Por exemplo, numa transação de M&A, é
imprescindível uma boa avaliação da empresa ou da parte da empresa que está sendo
transacionada para que: 1) o comprador pague o preço adequado pelos benefícios que
aquele ativo o trará e 2) o vendedor receba o valor justo pelo seu ativo. Uma situação de
processo judicial em que bens precisam ser divididos também se faz necessário um bom
valuation, afim de realizar uma separação justa de ativos.
Seguindo esse raciocínio, repare que: Como já foi observado anteriormente, com
todos os outros parâmetros constantes, quanto mais caixa uma empresa gerar, maior é o
valor atribuído a ela. Isso faz sentido, visto que, quanto mais caixa ela gerar, mais
dinheiro poderá ser distribuído aos acionistas, mais projetos podem ser realizados e
assim em diante.
Para todos os outros valores constantes, quanto maior a taxa de desconto usada,
menor será o valor atribuído a empresa. Isso também faz sentido, visto que quanto maior
for o risco dos fluxos de caixa se concretizarem, menos vale aquela empresa.
( )
45
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
Assim, o valor dessa empresa será a soma de todos esses fluxos de caixa trazidos
a valor presente. Ou seja:
∑
( )
Antes de definir tecnicamente qual fluxo de caixa deve ser descontado e qual taxa
usar, devemos entender dois termos que serão usados com frequência daqui em diante:
Firm Value (ou Enterprise Value) e Equity Value.
Tanto o Firm Value (FV) e o Equity Value (EV) são valores que representam o
quanto vale uma empresa. A diferença entre eles é que o Firm Value representa o valor
da empresa numa visão que engloba todos os investidores da empresa: tanto os
acionistas quanto os credores. Já o Equity Value representa o valor da empresa apenas
na visão do acionista. A equação básica que relaciona os dois é:
Onde Debt representa todas as dívidas com credores que a empresa possui e
Cash representa todo o dinheiro em forma de caixa que a empresa possui.
Para entender melhor o que significa cada termo, imagine a seguinte situação:
você decide comprar um carro que custa R$ 100.000,00. Quanto você pagaria nesse
carro?
46
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
À primeira vista, você pagaria R$ 100 mil, pois é o preço a ser pago. Porém, e se o
carro tivesse R$ 30 mil de dívidas por conta de IPVA atrasado? Nessa situação, a ação
mais prudente a se tomar seria de desembolsar para o vendedor apenas R$ 70 mil, pois
ao comprar o carro, você deverá assumir aquela dívida pendente – ela deixará de ser do
vendedor e se tornará sua. Se você desembolsasse os R$ 100 mil, você na verdade
estaria pagando R$ 130 mil, pois seriam R$ 100 mil do desembolso e mais R$ 30 mil do
que você pagará da dívida.
Nessa analogia, o valor que o carro está a venda pode ser considerado o Firm
Value da empresa. Ou seja, é quanto a empresa vale para todos seus investidores, é
quanto o negócio vale como um todo. O valor que você desembolsaria é análogo ao
Equity Value, pois é o valor de capital próprio (acionista) que está no negócio. A dívida de
IPVA é análoga ao Net Debt da equação anterior. Com esses termos definidos, vamos
definir os termos necessários para realizar o DCF.
No método do Fluxo de Caixa Descontado, podem ser usados dois fluxos de caixa
diferentes (cada um em seu contexto): o Fluxo de Caixa Livre para a Firma (Free Cash
Flow to the Firm – FCFF) e o Fluxo de Caixa Livre para os Acionistas (Free Cash Flow to
Equity – FCFE).
(=) EBIT
(-) EBIT x (1 - t)
(=) NOPAT (Net Operating Profit After Taxes)
(+) Depreciation & non-charge expenses
(-) CAPEX
(-) Investimento in Working Capital
(=) Free Cash Flow to the Firm
Os itens EBIT e Depreciação & Despesas não-caixa podem ser retirados da DRE,
o CAPEX da empresa pode ser encontrado no Demonstrativo de Fluxo de Caixa e o
Investimento em Capital de Giro é calculado com base em dois períodos consecutivos.
47
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
(=) EBIT
(-) EBIT x t
(=) NOPAT (Net Operating Profits After Taxes)
(+) Depreciation & non-charge expenses
(-) CAPEX
(-) Investmente in Working Capital
(-) Debts repayment
(+) New Debts
(=) Free Cash Flow to Equity
( )
Onde:
Rf =Taxa livre de risco
Rm = Risco do mercado
Β = Risco sistêmico da empresa
(Rm – Rf) = Prêmio do mercado
48
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
( )
( ) ( )
𝑂 :
𝑊 =
𝐷= (𝐷 )
= ( 𝑦)
= í
Kd =
Ke =
49
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
8.3 Desconto
Agora que todos os termos já foram definidos, deve-se especificar com coerência
qual taxa e qual fluxo de caixa deve ser usado.
Para calcular o Firm Value, ou seja, o valor da empresa para todos os seus
investidores (terceiros e acionistas), deve-se usar o fluxo que representa o fluxo para toda
a firma e o custo de desconto para toda a firma também. Portanto, descontasse o Free
Cash Flow to the Firm com o WACC.
Para calcular o Equity Value, mantém-se a mesma coerência. Como ele é o valor
da empresa apenas para os seus acionistas, usa-se também o fluxo de caixa para os
acionistas e custo de capital para os acionistas. Ou seja, desconta-se o Free Cash Flow to
Equity pelo Ke.
Lembrando que sempre é possível ir do Equity Value para o Firm Value e vice-
versa seguindo a equação que os relaciona:
8.4 Perpetuidade
O método do DCF, como já visto, depende das projeções feitas para os fluxos de
caixa da empresa. Porém, como uma premissa usada para empresas é de que ela
continuará operando “para sempre”, teoricamente deveríamos projetar todos os seus
fluxos de caixa para trazê-los a valor presente. Como é impossível projetar infinitos fluxos
de caixa e até inviável projetar mais que 5 ou 10 anos por conta de todas as incertezas
macroeconômicas, o que se faz na prática é, após projetar os próximos 5 ou 10 anos com
precisão, considerar que os próximos fluxos manterão uma taxa de crescimento constante
e sustentável, como na figura abaixo:
....
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 n
Esses fluxos de caixa então podem ser calculados com o auxílio de uma soma de
Progressão Geométrica. Considerando que o primeiro fluxo de caixa estimado na
perpetuidade é o Fluxo de Caixa do período n e a taxa de crescimento dos fluxos é g, o
valor da soma de todos os fluxos na perpetuidade é dado por:
( )
( )
50
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
8.5 Múltiplos
Na teoria, o ideal não é comparar o seu alvo com apenas uma empresa, mas com
várias outras empresas comparáveis (setor, risco, tamanho, perfil de clientes, tecnologia,
poder de geração de caixa, geografia, entre outras características que sejam similares).
Após definir empresas comparáveis, deve-se também tomar cuidado para que os
múltiplos a serem tomados sejam coerentes. A princípio, pode-se escrever um múltiplo
com qualquer métrica de uma empresa, desde que essa métrica seja coerente com o “tipo
de valor” a ser comparado.
Por exemplo, como já foi dito anteriormente, o Equity Value de uma empresa (que,
nesse contexto, será chamado de “Price”) é o valor da empresa na visão de seus
acionistas. Assim, a métrica a ser usada, deve ser uma métrica que é disponível apenas
para os acionistas da empresa. O Lucro Líquido se encaixa nesse contexto, pois ele está
disponível apenas para os acionistas. Já a Receita de uma empresa não, pois ela é uma
métrica que servirá para recompensar tanto os acionistas quando os credores terceiros.
51
POLI FINANCE | Curso de Introdução ao Mercado Financeiro
52