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“Este texto foi preparado como um curso de extensão “Influência harmônica, iniciando com correções passivas, passando para as ativas,
dos Harmônicos nas Instalações Elétricas Industriais”. Trata-se de como os pré-reguladores de fator de potência e os filtros ativos”.
um curso voltado para profissionais atuantes no setor elétrico e
interessados em acompanhar as inovações tecnológicas decorrentes da José Antenor Pomilio – Engenheiro Eletricista, Mestre e Doutor
evolução da Eletrônica de Potência, especialmente as possibilidades do em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas –
condicionamento de energia elétrica visando aprimorar a qualidade do UNICAMP (1983, 1986 e 1991, respectivamente). É professor junto à
produto Energia Elétrica. Inicialmente, no capítulo 1, que será publicado Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP desde
em duas partes (Parte I e II), faz-se uma discussão sobre Fator de Potência 1984. Participou do Grupo de Eletrônica de Potência do Laboratório
e Harmônicas, vinculando-os em termos da influência das harmônicas Nacional de Luz Síncrotron (CNPq) entre 1988 e 1993, sendo chefe do
sobre o fator de potência de um sistema. A seguir, no capítulo 2, Grupo entre 1988 e 1991. Realizou estágios de pós –doutoramento
são apresentadas algumas normas e regulamentações que limitam a junto ao Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de
contaminação harmônica de um sistema ou a emissão de uma carga. Pádua (1993/1994) e ao Departamento de Engenharia Industrial da
No capítulo 3 são apresentados os componentes semicondutores de Terceira Universidade de Roma (2003), ambas na Itália. Foi “Liaison”
potência que são utilizados em conversores estáticos que, em última da IEEE Power Electronics Society para a Região 9 (América Latina)
instância, são os responsáveis pelo aumento da distorção presente na em 1998/1999. Foi membro do Comitê de Administração da IEEE
rede. Paradoxalmente, são estes mesmos conversores que permitem Power Electronics Society no triênio 2000/2002. Foi editor da Revista
a compensação das distorções quando adequadamente empregados. Eletrônica de Potência e editor associado das revistas IEEE Trans. on
No capítulo 4 são apontados os efeitos sobre os componentes de um Power Electronics e Controle & Automação (SBA). Foi presidente
sistema elétrico e as causas da distorção harmônica. Nos capítulos da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (2000 –2002) e é
5, 6 e 7 são apresentadas soluções para a minimização da distorção membro de sua diretoria e Conselho Deliberativo.
1.1 - Energia Elétrica como É sob esta perspectiva que serão abordados conceitos estabelecidos desde o início do
“bem comum” os diversos tópicos desta apostila. século. Novos conceitos foram criados, os quais
A energia distribuída aos usuários do sistema servem a melhor explicitar o comportamento
elétrico interligado é um “bem comum”. Ou 1.2 - Teorias de Potência Elétrica da rede na situação atual em que não mais se
seja, todos que estão conectados a um dado Nos últimos 20 anos tem havido uma podem considerar senoidais as formas de onda
sistema compartilham de suas vantagens e de intensa discussão sobre as teorias de potência de tensão e, principalmente, de corrente.
seus problemas. Mais do que isso, os problemas elétrica, substituindo ou reinterpretando Poucos conceitos se mantêm consensuais
criados por um único usuário têm reflexo em
todos os demais.
Desta forma, a preservação da qualidade
da energia elétrica é responsabilidade coletiva,
de fornecedor e de consumidores. Esta noção
de “bem comum” é muito importante pois é a
base para a imposição de normas que garantam
a preservação da qualidade da energia, de modo
a proteger o adequado funcionamento de todos
Figura 1.1 - Circuito genérico utilizado nas definições de FP e triângulo de potência.
os processos e equipamentos alimentados.
O SETOR ELÉTRICO
Fevereiro 2006
HARMÔNICOS
mas, dentre estes, quando se tem um A figura 1.2 mostra sinais deste tipo,
sistema simétrico e equilibrado, estão o com defasagem nula. O produto das
de potência ativa média e o de potência senóides dá como resultado o valor
aparente, o que permite definir o Fator de instantâneo da potência. O valor médio
Potência. Já em situações desbalanceadas deste produto é a potência ativa (de
ou desequilibradas pode haver discordância acordo com a eq. 1.1), e também está
até mesmo nestas definições. indicada na figura. Em torno deste
Nas Referências Bibliográficas, no final valor médio flutua o sinal da potência
deste capítulo, estão indicadas recentes instantânea. O valor de pico deste
publicações que abordam estas definições Figura 1.2 - Potência com sinais senoidais sinal é numericamente igual à potência
e mostram a atualidade do debate. No em fase. aparente. Quando a defasagem é nula,
entanto, o objetivo deste capítulo é apenas o produto (potência instantânea) será
o de realçar a importância das distorções sempre maior ou igual a zero.
harmônicas no cômputo do fator de Considerando os valores utilizados
potência e são usados, como exemplo, na figura, os valores de pico das ondas
circuitos monofásicos. senoidais são de 200 V e 100 A, o que
conduz a valores eficazes de 141,4
1.3 - Fator de Potência V e 70,7 A, respectivamente. O valor
Fator de potência é uma propriedade calculado da potência aparente é de 10
de uma carga elétrica (ou de um conjunto kW. Estes resultados são consistentes
de cargas). Consideremos, para efeito com os obtidos pela figura 1.2.
das definições posteriores o esquema da A figura 1.3 mostra situação
figura 1.1. Figura 1.3 - Potência em sinais senoidais semelhante mas com uma defasagem
defasados de 90 graus. de 90 graus entre os sinais. A potência
1.3.1 - Definição de Fator de instantânea apresenta –se com
Potência um valor médio (correspondente à
Fator de Potência (FP) é definido potência ativa) nulo, como é de se
como a relação entre a potência ativa esperar. A amplitude da onda de
e a potência aparente consumidas potência é numericamente igual à
por um dispositivo ou equipamento, potência aparente.
independentemente das formas que as Na figura 1.4 tem –se uma situação
ondas de tensão e corrente apresentem. intermediária, com uma defasagem
Os sinais variantes no tempo devem ser de 45 graus. Neste caso a potência
periódicos e de mesma freqüência. instantânea assume valores positivos
e negativos, mas seu valor médio (que
1 Figura 1.4 - Potência em sinais senoidais.
P T çvi (t ) ii (t ) dt corresponde à potência ativa) é positivo.
P
F Utilizando a equação (1.2), a potência
S VRMS I RMS ativa será de 7,07 kW, o que eqüivale ao
valor indicado na figura.
1.3.2 - Caso 1 - Tensão e
corrente senoidais 1.3.3 - Caso 2 - Tensão
Em um sistema com formas de onda senoidal e corrente distorcida
senoidais, a equação 1.1 torna –se igual Quando apenas a tensão de entrada for
ao cosseno da defasagem entre as ondas senoidal, o FP é expresso por -
de tensão e de corrente (f). Analisando
I1
em termos das componentes ativa, reativa FPV cos F1
e aparente da potência pode –se, a partir
sen o
I RMS
de uma descrição geométrica destas Figura 1.5 - Potência em sistema com A figura 1.5 mostra uma situação em que
componentes, mostrada na figura 1.1, tensão senoidal e corrente não –senoidal se tem uma corrente quadrada (típica,
determinar o fator de potência como - por exemplo, de retificador monofásico
com filtro indutivo no lado CC). Observe
kW ¤ ¤ kVAr ³ ³
FPsen o cos¥ arctg¥ ´ ´ cos F
kVA ¦ ¦ kW µ µ
O SETOR ELÉTRI$0
'FWFSFJSP
F A SC ÍCULO S / H A R MÔN I C O S
SE1 100
O 4&503ELÉTRICO
'FWFSFJSP2005
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“Este texto foi preparado como um curso de extensão “Influência harmônica, iniciando com correções passivas, passando para as ativas,
dos Harmônicos nas Instalações Elétricas Industriais”. Trata-se de como os pré-reguladores de fator de potência e os filtros ativos”.
um curso voltado para profissionais atuantes no setor elétrico e
interessados em acompanhar as inovações tecnológicas decorrentes da José Antenor Pomilio – Engenheiro Eletricista, Mestre e Doutor
evolução da Eletrônica de Potência, especialmente as possibilidades do em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas –
condicionamento de energia elétrica visando aprimorar a qualidade do UNICAMP (1983, 1986 e 1991, respectivamente). É professor junto à
produto Energia Elétrica. Inicialmente, no capítulo 1, que será publicado Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP desde
em duas partes (Parte I e II), faz-se uma discussão sobre Fator de Potência 1984. Participou do Grupo de Eletrônica de Potência do Laboratório
e Harmônicas, vinculando-os em termos da influência das harmônicas Nacional de Luz Síncrotron (CNPq) entre 1988 e 1993, sendo chefe do
sobre o fator de potência de um sistema. A seguir, no capítulo 2, Grupo entre 1988 e 1991. Realizou estágios de pós –doutoramento
são apresentadas algumas normas e regulamentações que limitam a junto ao Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de
contaminação harmônica de um sistema ou a emissão de uma carga. Pádua (1993/1994) e ao Departamento de Engenharia Industrial da
No capítulo 3 são apresentados os componentes semicondutores de Terceira Universidade de Roma (2003), ambas na Itália. Foi “Liaison”
potência que são utilizados em conversores estáticos que, em última da IEEE Power Electronics Society para a Região 9 (América Latina)
instância, são os responsáveis pelo aumento da distorção presente na em 1998/1999. Foi membro do Comitê de Administração da IEEE
rede. Paradoxalmente, são estes mesmos conversores que permitem Power Electronics Society no triênio 2000/2002. Foi editor da Revista
a compensação das distorções quando adequadamente empregados. Eletrônica de Potência e editor associado das revistas IEEE Trans. on
No capítulo 4 são apontados os efeitos sobre os componentes de um Power Electronics e Controle & Automação (SBA). Foi presidente
sistema elétrico e as causas da distorção harmônica. Nos capítulos da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (2000 –2002) e é
5, 6 e 7 são apresentadas soluções para a minimização da distorção membro de sua diretoria e Conselho Deliberativo.
200V 20k
Tensão
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250V 25k
Tensão
P=11,9kW
P
Corrente SEL>>
-25k
-250V 340ms 350ms 360ms 370ms 380ms 390ms 400ms
V(V8:+) V(V3:+) Potência instantânea e média
Tempo
V(V8:+)* V(V3:+) avg(#1) 0
Assim, o FP pode ser reescrito como: Podem ser citadas como desvantagens de um baixo FP e elevada
distorção, dentre outros, os seguintes fatos:
cosF1
FP • A máxima potência ativa absorvível da rede é fortemente limitada pelo
1 TDH 2 (1.6)
FP;
É evidente a relação entre o FP e a distorção da corrente absorvida da • As harmônicas de corrente exigem um sobredimensionamento da
linha. Neste sentido, existem normas internacionais que regulamentam instalação elétrica e dos transformadores, além de aumentar as perdas
os valores máximos das harmônicas de corrente que um dispositivo ou (efeito pelicular);
equipamento pode injetar na linha de alimentação. • A componente de 3a harmônica da corrente, em sistema trifásico com
neutro, pode ser muito maior do que o normal;
1.1.1 Caso 3: Tensão e corrente não-senoidais, mas • O achatamento da onda de tensão, devido ao pico da corrente, além
de mesma freqüência. da distorção da forma de onda, pode causar mau-funcionamento de
outros equipamentos conectados à mesma rede;
O cálculo do FP, neste caso, deve seguir a equação (1.1), ou seja, é • As componentes harmônicas podem excitar ressonâncias no sistema
necessário obter o valor médio do produto dos sinais a fim de se conhecer de potência, levando a picos de tensão e de corrente, podendo danificar
a potência ativa. Num caso genérico, tanto a componente fundamental dispositivos conectados à linha.
quanto as harmônicas podem produzir potência, desde que existam
as mesmas componentes espectrais na tensão e na corrente e que sua 1.2.1 Perdas
defasagem não seja 90 graus.
A figura 1.8 mostra sinais de tensão e de corrente quadrados e As perdas de transmissão de energia elétrica são proporcionais ao
“defasados”. Os valores eficazes são, respectivamente, 200 V e 100 A. O quadrado da corrente eficaz que circula pelos condutores. Assim, para
que leva a uma potência aparente de 20kW. uma dada potência ativa, quanto menor for o FP, maior será a potência
Os valores eficazes das componentes fundamentais são, reativa e, conseqüentemente, a corrente pelos condutores. A figura 1.9
respectivamente, 180 V e 90 A. A defasagem entre elas é de 36 graus. mostra o aumento das perdas em função da redução do FP.
Se o cálculo da potência ativa for feito considerando apenas estes A tabela I.1 mostra um exemplo de redução de perdas devido à elevação
componentes, o valor obtido será de 13,1 kW. No entanto, a potência do FP. Toma-se como exemplo uma instalação com consumo anual de
média obtida da figura, e que corresponde à potência ativa, é de 11,9
kW. O motivo da discrepância é devido ao valor médio a ser produzido Aumento de perdas (%)
15
por cada componente harmônica presente tanto na tensão quanto na
12
corrente. Valores médios negativos são possíveis desde que a defasagem
9
entre os sinais seja superior a 90 graus. É o que ocorre neste exemplo,
levando a uma potência ativa menor do que aquela que seria produzida 6
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
1.2 Desvantagens do baixo fator de potência (FP) e da
FP
alta distorção da corrente Figura 1.9 Aumento das perdas devido à redução do FP
(com potência ativa constante)
Esta análise é feita partindo-se de duas situações. Na primeira supõe-
se constante a potência ativa, ou seja, parte-se de uma instalação ou carga 200MWh, na qual supõe-se uma perda de 5%. e se eleva o FP de 0,78
dada, a qual precisa ser alimentada. Verificam-se algumas conseqüências para 0,92. Observa-se uma redução nas perdas de 28,1%.
do baixo FP. Na segunda situação, analisando a partir dos limites de uma Uma outra questão relevante, que será discutida mais detalhadamente
linha de transmissão, verifica-se o ganho na disponibilização de energia em outros capítulos deste texto, refere-se a se fazer a correção do FP
para o consumo. em cada equipamento individualmente ou apenas na entrada de uma
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392kVAr
527kVAr
Situação 1 Situação 2
Fator de potência 0,78 0,92 1000kVA 1000kVA
Perdas globais (%) 5 3,59
Perdas globais (MWh/ano) 10 7,18 FP= 0,85 FP= 0,92
Redução das perdas 28,1%
Figura 1.10 Efeito do aumento do FP na ampliação da
disponibilidade de potência ativa
instalação. Key (1995) estuda o caso de um edifício comercial com uma
instalação de 60 kVA. Verifica o efeito de uma compensação em quatro maior potência, ou para uma quantidade maior de cargas.
situações (em termos do posicionamento do compensador): no primário Consideremos aqui aspectos relacionados com o estágio de entrada
do transformador; no secundário do transformador de entrada (o que de fontes de alimentação. As tomadas da rede elétrica doméstica ou
elimina as perdas adicionais neste elemento); em centrais de cargas industrial possuem uma corrente (RMS) máxima que pode ser absorvida
(subpainéis) e em cada carga. (tipicamente 15A nas tomadas domésticas).
A compensação em cada carga faz com que a corrente que circula A figura 1.11 mostra uma forma de onda típica de um circuito
em todo o sistema seja praticamente senoidal (FP~1). Fazendo-se a retificador alimentando um filtro capacitivo. Nota-se os picos de corrente
compensação de um grupo de cargas, as harmônicas circularão por e a distorção provocada na tensão de entrada, devido à impedância da
trechos reduzidos de cabos. Com a compensação no secundário do linha de alimentação. O espectro da corrente mostra o elevado conteúdo
transformador, a corrente será distorcida em toda a instalação, mas harmônico.
não no transformador. Com uma compensação na entrada, apenas o Nota-se que o baixo fator de potência da solução convencional (filtro
fornecedor de energia será beneficiado. capacitivo) é o grande responsável pela reduzida potência ativa disponível
A tabela I.2 mostra resultados deste estudo. para a carga alimentada.
Analisemos agora o caso do sistema de transmissão, para o qual a O conceito mais importante deste capítulo inicial é que, nos dias de
grandeza constante é a potência aparente, uma vez que é ela que define hoje, principalmente nas redes de baixa tensão, é um erro importante
a capacidade térmica das linhas. desconsiderar a presença das distorções harmônicas, principalmente da
Uma análise fasorial só pode ser aplicada para grandezas senoidais e corrente, no cálculo do Fator de Potência. Por conseqüência, como se
de mesma freqüência, hipótese simplificadora assumida na análise que verá em outros capítulos, a compensação do FP por meio de capacitores
se segue. deve ser feito com extremo cuidado, uma vez que pode provocar
Um baixo FP significa que grande parte da capacidade de condução situações de piora da distorção, inclusive com riscos para a operação
de corrente dos condutores utilizados na instalação está sendo usada para segura do sistema.
transmitir uma corrente que não produzirá trabalho na carga alimentada. A melhoria do fator de potência tem como conseqüência um
Mantida a potência aparente (para a qual é dimensionada a instalação), melhor aproveitamento do sistema elétrico, com minimização de perdas
um aumento do FP significa uma maior disponibilidade de potência ativa, e aumento de capacidade de trabalho. É, portanto, um objetivo a ser
como indicam os diagramas da figura 1.10. buscado. Situações mais gerais, que incluem desequilíbrio e desbalanço
Uma análise análoga pode ser feita em termos de uma instalação devem ser analisadas com um cuidado maior, para o que se sugere a
existente, a qual poderia ser utilizada para alimentação de uma carga de leitura das referências citadas.
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HARMÔNICOS
Nonsinusoidal, Balanced or Unbalanced Conditions”, IEEE Transaction
Tabela 1.3 Comparação da potência ativa de saída
On Industry Applications, May/June 2004.
Convencional PF corrigido
L. S. Czarnecki, “On some misinterpretations of the instantaneous
Potência disponível 1440 VA 1440 VA
reactive power pq theory”, IEEE Transaction on Power Electronics,
Fator de potência 0,65 0,99
19(3), pp. 828-836, May 2004.
Eficiência do corretor de FP 100% 95%
M. Depenbrock, V. Staudt, and H. Wrede, “A theoretical investigation
Eficiência da fonte 75% 75%
of original and modified instantaneous power theory applied to four-
Potência disponível 702 W 1015 W
wire systems”, IEEE Transaction on Industry Applications, 39(4), pp.
1160-1167, July/August 2003.
1.4 Referências bibliográficas H. Akagi, S. Ogasawara and H. Kim, “The Theory of Instantaneous
Power in Three-Phase Four-Wire Systems: A Comprehensive
F. P. Marafão, “Análise e Controle da Energia Elétrica Através de Approach”, IEEE Industry Application Society Annual Meeting, pp.
Técnicas de Processamento Digital de Sinais”, Tese de Doutorado, 431-439, 1999.
Departamento de Sistemas e Controle de Energia, FEEC/Unicamp, “Manual de orientação aos consumidores sobre a nova legislação
Campinas, Brasil, 2004. para o faturamento de energia reativa excedente”. Secretaria
S. Fryze, “Active, reactive and apparent power in circuits with executiva do Comitê de Distribuição de Energia Elétrica - CODI, Rio
nonsinusoidal voltage and current”, Przegl.Elektrotech, 1932. de Janeiro, 1995.
J.L. Willems, “Reflections on Apparent Power and Power Factor in T. Key and J-S. Lai: “Costs and Benefits of Harmonic Current Reduction
Nonsinusoidal and Polyphase Situations”, IEEE Transaction On Power for Switch-Mode Power Supplies in a Commercial Office Building”.
Delivery, Abril de 2004. Anais do IEEE Industry Application Society Annual Meeting - IAS’95.
L.S. Czarnecki, “What is wrong with the Budeanu concept of reactive Orlando, USA, Outubro de 1995, pp. 1101-1108.
and distortion power and why it should be abandoned?,” IEEE J. Klein and M. K. Nalbant: “Power Factor Correction - Incentives.
Transaction on Instrumentation and Measurement, IM-36(3), pp. 834- Standards and Techniques”. PCIM Magazine, June 1990, pp. 26-31.
837, 1987.
IEEE Std 1459-2000. “IEEE Trial-Use Standard Definitions for the CORREÇÃO:
Measurement of Electric Power Quantities Under Sinusoidal, Na primeira parte deste fascículo, na edição anterior
Nonsinusoidal, Balanced or Unbalanced Conditions”. 2000. da revista, a indicação de valores de potência aparente
A. Emanuel, “Summary of IEEE Standard 1459: Definitions for em W (Watts) está errada. A unidade para potência
the Measurement of Electric Power Quantities Under Sinusoidal, aparente é VA (Volt-Ampère)
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“Este texto foi preparado como um curso de extensão: Influência dos passivas e passando para as ativas, como os pré-reguladores de fator de
Harmônicos nas Instalações Elétricas Industriais. Trata-se de um curso potência e os filtros ativos.”
voltado para profissionais atuantes no setor elétrico e interessados
em acompanhar as inovações tecnológicas decorrentes da evolução José Antenor Pomilio – engenheiro eletricista, mestre e doutor
da eletrônica de potência, especialmente as possibilidades do em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas
condicionamento de energia elétrica visando aprimorar a qualidade do – Unicamp (1983, 1986 e 1991, respectivamente). É professor da
produto energia elétrica. Inicialmente, no capítulo 1, que foi publicado em Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp desde
duas partes, fez-se uma discussão sobre fator de potência e harmônicas, 1984. Participou do grupo de eletrônica de potência do Laboratório
vinculando-os em termos da influência das harmônicas sobre o fator Nacional de Luz Sincrotron (CNPq) entre 1988 e 1993, sendo chefe
de potência de um sistema. Neste capítulo, são apresentadas algumas do grupo entre 1988 e 1991. Realizou estágios de pós-doutoramento
normas e regulamentações que limitam a contaminação harmônica no Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Pádua
de um sistema ou a emissão de uma carga. No capítulo 3 serão (1993 e 1994) e no Departamento de Engenharia Industrial da
apresentados os componentes semicondutores de potência utilizados Terceira Universidade de Roma (2003), ambas na Itália. Foi liaison
em conversores estáticos que, em última instância, são os responsáveis da IEEE Power Electronics Society para a região 9 (América Latina)
pelo aumento da distorção presente na rede. Paradoxalmente, são esses em 1998 e 1999. Foi membro do Comitê de Administração da IEEE
mesmos conversores que permitem a compensação das distorções Power Electronics Society no triênio 2000/2002. Foi editor da Revista
quando adequadamente empregados. No capítulo 4 serão apontados Eletrônica de Potência e editor associado das revistas IEEE Trans. on
os efeitos sobre os componentes de um sistema elétrico e as causas da Power Electronics e Controle & Automação (SBA). Foi presidente
distorção harmônica. Nos capítulos 5, 6 e 7 serão apresentadas soluções da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (2000-2002) e é
para a minimização da distorção harmônica, iniciando com correções membro de sua diretoria e do Conselho Deliberativo.
CAPÍTULO 2
2 - NORMAS RELATIVAS A FATOR DE POTÊNCIA
E DISTORÇÃO HARMÔNICA
2.1- Fator de potência de energia que absorve.
A atual regulamentação brasileira do fator de potência estabelece “Nos sistemas senoidais, tanto os monofásicos quanto os
que o mínimo fator de potência (FP) das unidades consumidoras trifásicos equilibrados e simétricos, a noção do fator de potência é
alimentadas em baixa tensão é de 0,92. A Agência Nacional de Energia aceita consensualmente. Hoje em dia a proliferação de cargas não
Elétrica (Aneel), em seu documento “Procedimentos de distribuição lineares e/ou não balanceadas, assim como de cargas com dispositivos
de energia elétrica no sistema elétrico nacional – Prodist módulo 8 – chaveados de eletrônica de potência, determina um aprimoramento
qualidade da energia elétrica”, de 24 de agosto de 2005 traz o seguinte das disposições contidas nas regulamentações vigentes. Tal melhoria
texto: encontra sustentação na tecnologia de amostragem digital hoje
“A presença da energia e/ou potência reativas faz com que o disponível no mercado brasileiro, o qual dispõe de instrumentos de
transporte de potência ativa demande maior capacidade do sistema medição que permitem incorporar conceitos de potência e fator de
de transporte pelo qual ela flui. Por este motivo, a responsabilidade potência mais atuais”.
de um cliente marginal nos investimentos destinados à expansão da O referido documento, no entanto, ainda estabelece para o cálculo
rede será tanto maior quanto mais elevada for sua potência reativa do FP procedimentos que consideram formas de onda senoidais:
ou, de modo equivalente, quanto menor for seu fator de potência.
f= P EA
“Muitas cargas tradicionais, como é o caso dos motores elétricos, ou
P2 + Q2 EA2 + ER2 (2.1)
têm um princípio de operação que exige um consumo de potência
reativa. Assim, parece adequado que o regulador admita uma certa
EA: Energia ativa; ER: Energia reativa
tolerância para o fator de potência das unidades consumidoras.
O valor desta tolerância é expresso através do chamado fator de Permite-se, no entanto, que cada concessionária adote outros
potência de referência que está hoje fixado no valor de 0,92, o que procedimentos que contemplem a realidade local, ou seja, abre a
equivale a permitir ao cliente um consumo de 0,426 kVArh por kWh possibilidade do uso do conceito mais geral de FP. O cálculo do FP
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deve ser feito por média horária. O consumo de reativos além do i/i pico
permitido (0,426 kVArh por kWh) é cobrado do consumidor. No P P P
intervalo entre 6 e 24 horas isso ocorre se a energia reativa absorvida
for indutiva e das 0 às 6 horas se for capacitiva (Crestani, 1994).
Conforme foi visto anteriormente, as componentes harmônicas
da corrente também contribuem para o aumento da corrente eficaz,
de modo que elevam a potência aparente sem produzir potência ativa
(supondo a tensão senoidal). Assim, uma correta medição do FP deve P P
levar em conta a distorção da corrente, e não apenas a componente Figura 2.1 Envelope da corrente de entrada que define um
reativa (na freqüência fundamental), o que não ocorre em grande equipamento como classe D.
2.3. IEC 61000-3-4 ser aplicados. Se este for monofásico ou trifásico desbalanceado,
Esse relatório técnico (IEC, 1998) pode ser aplicado a qualquer pode-se utilizar os limites da tabela 2.III. Podemos observar na
equipamento elétrico ou eletrônico, cuja corrente de entrada seja referida tabela que, quanto maiores forem os valores de potência
maior que 16 A. Sua tensão de alimentação deve ser menor que de curto-circuito, maiores serão os limites de distorção tolerados.
240 V para equipamentos monofásicos ou menor que 600 V para Nesse caso, algumas recomendações devem ser seguidas. O
equipamentos trifásicos. A freqüência nominal da rede pode ser 50 valor relativo de cada harmônico não deve exceder o limite de
Hz ou 60 Hz. 16/n%. Para valores intermediários de potência de curto-circuito,
No referido relatório são apresentados os limites para distorção pode-se aplicar interpolação linear para obter os limites de
harmônica em equipamentos cuja potência aparente seja menor distorção. No caso de equipamentos trifásicos desbalanceados, a
ou igual a 33 vezes a potência de curto-circuito da instalação. A corrente de cada uma das fases deve estar dentro desses limites.
tabela 2.II apresenta os limites individuais de corrente para cada Caso o equipamento seja trifásico equilibrado pode-se ainda
harmônico que estão normalizados em relação à fundamental. utilizar a tabela 2.IV. Algumas recomendações também devem ser
Define-se potência de curto-circuito (Rsce) como a relação entre seguidas. O valor relativo de cada harmônico não deve exceder
a tensão nominal ao quadrado e a impedância de curto-circuito. Se o limite de 16/n%. Para valores intermediários de potência de
o equipamento a ser analisado exceder os limites dessa primeira curto-circuito, pode-se aplicar interpolação linear para obter os
tabela, e a potência de curto-circuito permitir, outros limites podem limites de distorção.
Tabela 2.2 - Limites individuais de harmônicos de corrente Tabela 2.3 - Limites individuais de harmônicos de corrente em
em % da fundamental % da fundamental
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no PAC. À medida que se eleva o nível de tensão, menores são
Tabela 2.4 - Limites individuais de harmônicos de corrente
os limites aceitáveis.
para equipamentos trifásicos em % da fundamental
A grandeza TDD – Total Demand Distortion – é definida como
Mínimo Fator de distorção Limites individuais de
harmônico admissível a distorção harmônica da corrente, em porcentagem, da máxima
Rsce harmônica admissível
% In/I1 % demanda da corrente de carga (demanda de 15 ou 30 min). Isso
significa que a medição da TDD deve ser feita no pico de consumo.
THD PWHD I5 I7 I11 I13
Harmônicas pares são limitadas a 25% dos valores acima. Distorções
66 16 25 14 11 10 8
de corrente que resultem em nível CC não são admissíveis.
120 18 29 16 12 11 8
175 25 33 20 14 12 8
250 35 39 30 18 13 8 Tabela 2.5 - Limites de Distorção da Corrente para Sistemas
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FA S C ÍC ULO / HA R MÔN I C OS
Tabela 2.7 - Limites de distorção de corrente para sistemas de alta Tabela 2.10 - Níveis de referência para distorções
tensão (>161kV) e sistemas de geração e co-geração isolados. harmônicas individuais de tensão (expressos como
Harmônicas ímpares: percentagem da tensão fundamental).
Icc/Io <11 11≤ n <17 17≤ n <23 23≤ n <35 35<n TDD(%)
Ordem Distorção Harmônica Individual de Tensão [%]
<50 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5 Harmônica Vn ≤ 1kV 1kV < Vn ≤ 13,8kV 13,8kV < Vn ≤ 69kV 69kV < Vn ≤ 138kV
≥50 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75 5 7,5 6 4,5 2,5
7 6,5 5 4 2
Para os limites de tensão, os valores mais severos são para 11 4,5 3,5 3 1,5
Impares
as tensões menores (nível de distribuição). Estabelece-se um 13 4 3 2,5 1,5
não
limite individual por componente e um limite para a distorção 17 2,5 2 1,5 1
múltiplas
harmônica total. 19 2 1,5 1,5 1
de 3
23 2 1,5 1,5 1
Tabela 2.8 - Limites de distorção de tensão 25 2 1,5 1,5 1
Distorção individual THD >25 1,5 1 1 0,5
69kV e abaixo 3% 5%
3 6,5 5 4 2
69001V até 161kV 1,5% 2,5%
Impares 9 2 1,5 1,5 1
Acima de 161kV 1% 1,5%
múltiplas 15 1 0,5 0,5 0,5
de 3 21 1 0,5 0,5 0,5
2.5. Regulamentação brasileira >21 1 0,5 0,5 0,5
Para a rede básica de energia, o Operador Nacional do Sistema 2 2,5 2 1,5 1
(ONS) estabelece desde 2002 parâmetros de qualidade para a 4 1,5 1 1 0,5
tensão suprida. Mas, do ponto de vista do consumidor, as restrições 6 1 0,5 0,5 0,5
a serem consideradas são, na imensa maioria, as do sistema de Pares 8 1 0,5 0,5 0,5
distribuição, as quais ainda estão em discussão. 10 1 0,5 0,5 0,5
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no já citado 12 1 0,5 0,5 0,5
documento “Procedimentos de distribuição de energia elétrica no >12 1 0,5 0,5 0,5
sistema elétrico nacional – Prodist módulo 8 – qualidade da energia
elétrica”, propõe valores para a distorção harmônica da tensão Figura 2.2 Tensão com DTT de 10%, em conformidade com os limites.
no sistema de distribuição. Tal regulamentação ainda não está
200V
definida.
0V
Tabela 2.9 - Valores de referência globais das distorções harmô-
nicas totais expressos em porcentagem da tensão fundamental
-200V
Tensão nominal Distorção Harmônica 0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms
TEMPO
60ms 70ms 80ms 90ms 100ms
VN ≤ 1kV 10
1kV < VN ≤ 13,8kV 8
13,8kV < VN ≤ 69kV 6
SEL>>
69kV < VN ≤ 138kV 3
0V
0Hz 0.1Khz 0.2Khz 0.3Khz 0.4Khz 0.5Khz 0.6Khz 0.7Khz 0.8Khz 0.9Khz 1.0Khz
Frequency
Hmáx
ΣV
h=2
h
2
DTT = x 100
V1 (2.3) 2.6. Comentários finais
Estão em andamento conversações entre o IEEE e a IEC para
A figura 2.2 mostra uma forma de onda de tensão que consolidarem as normas geradas pelas instituições. Tais processos, no
segue as restrições para tensão inferior a 1 kV. A DTT é de 10% entanto, são demorados, devido aos grandes interesses econômicos
e cada componente está abaixo do limite da tabela. Note-se que envolvidos.
essa distorção é, visualmente, significativa. Para ambientes industriais, o enfoque do IEEE parece mais
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consistente do que o do IEC. No entanto, parece pouco adequado para módulo 8 – qualidade da energia elétrica”, de 24/8/2005.
uma situação mais atual na qual registra-se um grande aumento nas M. Crestani (1994), “Com uma terceira portaria, o novo fator de potência
cargas não lineares de uso doméstico (TV, computadores, lâmpadas já vale em abril”. Eletricidade moderna, ano XXII, n° 239, fev. 1994.
fluorescentes etc.). Ou seja, a distorção da tensão é ser causada, International Electrotechnical Commission (2001): IEC 61000-3-2:
crescentemente, por consumidores domésticos, e não industriais. “Electromagnetic Compatibility (EMC) – Part 3: Limits – Section 2: Limits
O ponto da IEC é garantir que cada equipamento apresente for Harmonic Current Emissions (Equipment input current < 16 A per
uma reduzida distorção, o que garantirá um bom comportamento phase)”, 1998 e Emenda A14 (2001)
no conjunto de cargas. No que se refere à regulamentação brasileira, International Electrotechnical Commission (1998): IEC 61000-3-4:
muito mais tolerante do que a do IEEE, deve-se perguntar sobre o “Limitation of emission of harmonic currents in low-voltage power
possível impacto de distorções significativas em diversos processos que supply systems for equipment with rated current greater than 16A”,
dependem de uma baixa distorção da forma de onda da tensão. first edition, 1998.
A ausência de uma definição de distorção da corrente é um problema IEEE (1991) Recommended Practices and Requirements for Harmonic
importante para a identificação de responsabilidades. Adicione-se a isso Control in Electric Power System. Project IEEE-519, out. 1991.
o fato de que a distorção da corrente é, para muitas cargas eletrônicas, ONS (2002), Submódulo 3.8 – Requisitos mínimos para a conexão à
dependente da distorção da tensão. Ou seja, se a rede se encontra com rede básica.
elevada distorção pode induzir ao aumento da distorção da corrente, ONS (2002), Submódulo 2.2 – Padrões de desempenho da rede básica.
o que seria, assim, responsabilidade da concessionária, e não do
consumidor.
Correção
Na segunda parte deste fascículo, na edição anterior
(nº2, Março de 2006) , a formula 1.4 correta é:
2.7. Referências bibliográficas
c
I RMS I12 £ I 2n
Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel (2005), “Procedimentos
de distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional – Prodist
n2
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FA S C ÍC ULO 1 / H A R MÔN I C OS Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, Mestre
e Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Esta-
dual de Campinas – UNICAMP, professor junto à Faculdade
de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP
antenor@dsce.fee.unicamp.br
TIRISTORES
5kV
GTO e IGCT Em qualquer temperatura acima do zero absoluto (-273oC),
4kV
algumas destas ligações são rompidas (ionização térmica),
3kV CORRENTE produzindo elétrons livres. O átomo que perde tal elétron se torna
IGTB positivo. Eventualmente um outro elétron também escapa de outra
2kV TBP 1kHz
ligação e, atraído pela carga positiva do átomo, preenche a ligação
10kHz
1kV MOSFET covalente. Desta maneira tem-se uma movimentação relativa da
100kHz
2kA 6kA
1MHz “carga positiva”, chamada de lacuna, que, na verdade, é devida ao
4kA
Freqüência deslocamento dos elétrons que saem de suas ligações covalentes e
Figura 3.1 Limites de operação de componentes semicondutores de vão ocupar outras, como mostra a figura 3.3.
potência.
Átomo
ionizado
3.1Breve Revisão da Física de Semicondutores
A passagem de corrente elétrica em um meio depende da
aplicação de um campo elétrico e da existência de portadores livres Elétron
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A ionização térmica gera o mesmo número de elétrons e Neste caso não se tem mais o equilíbrio entre elétrons e
lacunas. Em um material puro, a densidade de portadores é lacunas, passando a existir um número maior de elétrons livres
aproximadamente dada por: nos materiais dopados com elementos da quinta coluna da tabela
periódica, ou de lacunas, caso a dopagem seja com elementos
-qEg da terceira coluna. Respectivamente, produzem-se os chamados
materiais semicondutores tipo N e tipo P. Observe-se, no entanto,
ni ≈ C·e kT
que o material permanece eletricamente neutro, uma vez que a
(3.1)
quantidade total de elétrons e prótons é a mesma.
Onde C é uma constante de proporcionalidade, q é a carga do Quando a lacuna introduzida pelo boro captura um elétron
elétron (valor absoluto), Eg é a banda de energia do semicondutor livre, tem-se a movimentação da lacuna. Neste caso diz-se que
(1,1 eV para o Si), k é a constante de Boltzmann, T é a temperatura as lacunas são os portadores majoritários, sendo os elétrons os
em Kelvin. Para o Si, à temperatura ambiente (300K), ni 1010/cm3. portadores minoritários.
Já no material tipo N, a movimentação do elétron excedente
3.1.2 Semicondutores dopados deixa o átomo ionizado, o que o faz capturar outro elétron livre.
Quando se faz a adição de átomos de materiais que possuam Neste caso os portadores majoritários são os elétrons, enquanto os
3 (como o alumínio ou o boro) ou 5 elétrons (como o fósforo) em minoritários são as lacunas.
sua camada de valência à estrutura dos semicondutores, os átomos As dopagens das impurezas (1019/cm3 ou menos), tipicamente
vizinhos a tal impureza terão suas ligações covalentes incompletas são feitas em níveis muito menores que a densidade de átomos do
ou com excesso de elétrons, como mostra a figura 3.4. material semicondutor (1023/cm3), de modo que as propriedades
de ionização térmica não são afetadas.
Mesmo em um material dopado, o produto das densidades de
Si Si Si
lacunas e de elétrons (po e no, respectivamente) é igual ao valor ni2
Ligação
incompleta dado pela equação (3.1), embora aqui po no .
Si Bo Si Além da ionização térmica, tem-se uma quantidade adicional
de cargas “livres”, relativas às próprias impurezas. Pelos valores
indicados anteriormente, pode-se verificar que a concentração
Si Si Si
de átomos de impurezas é muitas ordens de grandeza superior à
Si Si Si densidade de portadores gerados por efeito térmico, de modo que,
Elétron num material tipo P, po à Na, onde Na é a densidade de impurezas
em excesso
“aceitadoras” de elétrons. Já no material tipo N, no à Nd, onde Nd
Si P Si
é a densidade de impurezas “doadoras” de elétrons.
Figura 3.4 – Em qualquer dos materiais, a densidade dos portadores minoritários
Semicondutores dopados
Si Si Si é proporcional ao quadrado da densidade “intrínseca”, ni, e é
fortemente dependente da temperatura.
transistor bipolar e os tiristores. Uma vez que este “tempo de vida” dos P + + + + + + + _ _ + + _ _ _ _ _ _ N_
portadores afeta significantemente o comportamento dos dispositivos ++++++++ _ _ + + _ _ _ _ _ _ _
++++++++ _ _ Anodo Catodo
de potência, a obtenção de métodos que possam controlá-lo é + + _ _ _ _ _ _ _
++++++++ _ _ + + _ _ _ _ _ _ _
importante. Um dos métodos que possibilita o “ajuste” deste tempo ++++++++ _ _ + + _ _ _ _ _ _ _
é a dopagem com ouro, uma vez que este elemento funciona como + Difusão
_
um “centro” de recombinação, uma vez que realiza tal operação com
grande facilidade. Outro método é o da irradiação de elétrons de alta
energia, bombardeando a estrutura cristalina de modo a deformá-la e, Potencial
0
assim, criar “centros de recombinação”. Este último método tem sido
1u
preferido devido à sua maior controlabilidade (a energia dos elétrons é
facilmente controlável, permitindo estabelecer a que profundidade do Figura 3.5 Estrutura básica de um diodo semicondutor.
cristal se quer realizar as deformações) e por ser aplicado no final do
processo de construção do componente. Por difusão ou efeito térmico, uma certa quantidade de portadores
minoritários penetra na região de transição. São, então, acelerados
3.1.4 - Correntes de deriva e de difusão pelo campo elétrico, indo até a outra região neutra do dispositivo.
Quando um campo elétrico for aplicado a um material Esta corrente reversa independe da tensão reversa aplicada, variando,
semicondutor, as lacunas se movimentarão no sentido do campo basicamente, com a temperatura.
decrescente, enquanto os elétrons seguirão em sentido oposto. Esta Se o campo elétrico na região de transição for muito intenso, os
corrente depende de um parâmetro denominado “mobilidade”, a qual portadores em trânsito obterão grande velocidade e, ao se chocarem
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com átomos da estrutura, produzirão novos portadores, os quais, muito diferente do de uma chave ideal, como se pode observar na figura
também acelerados, produzirão um efeito de avalanche. Dado o 3.6. Suponha-se que se aplica uma tensão vi ao diodo, alimentando
aumento na corrente, sem redução significativa na tensão na junção, uma carga resistiva (cargas diferentes poderão alterar alguns aspectos
produz-se um pico de potência que destrói o componente. da forma de onda). Durante t1, remove-se a carga acumulada na
Uma polarização direta leva ao estreitamento da região de transição região de transição. Como ainda não houve significativa injeção de
e à redução da barreira de potencial. Quando a tensão aplicada superar portadores, a resistência da região N- é elevada, produzindo um pico de
o valor natural da barreira, cerca de 0,7V para diodos de Si, os portadores tensão. Indutâncias parasitas do componente e das conexões também
negativos do lado N serão atraídos pelo potencial positivo do anodo e colaboram com a sobre-tensão. Durante t2 tem-se a chegada dos
vice-versa, levando o componente à condução. portadores e a redução da tensão para cerca de 1V. Estes tempos são,
Na verdade, a estrutura interna de um diodo de potência é um pouco tipicamente, da ordem de centenas de ns.
diferente desta apresentada. Existe uma região N intermediária, com No desligamento, a carga espacial presente na região N- deve
baixa dopagem. O papel desta região é permitir ao componente suportar ser removida antes que se possa reiniciar a formação da barreira de
tensões mais elevadas, pois tornará menor o campo elétrico na região de potencial na junção. Enquanto houver portadores transitando, o diodo
transição (que será mais larga, para manter o equilíbrio de carga). se mantém em condução. A redução em Von se deve à diminuição
Esta região de pequena densidade de dopante dará ao diodo uma da queda ôhmica. Quando a corrente atinge seu pico negativo é que
significativa característica resistiva quando em condução, a qual se torna foi retirado o excesso de portadores, iniciando-se, então, o bloqueio
mais significativa quanto maior for a tensão suportável pelo componente. do diodo. A taxa de variação da corrente, associada às indutâncias do
As camadas que fazem os contatos externos são altamente dopadas, a circuito, provoca uma sobre-tensão negativa.
fim de fazer com que se obtenha um contato com característica ôhmica
e não semicondutor. t3
trr
t1 dir/dt
O contorno arredondado entre as regiões de anodo e catodo tem dif/dt
Qrr
i=Vr/R
como função criar campos elétricos mais suaves (evitando o efeito de iD
Anodo
pontas). No estado bloqueado, pode-se analisar a região de transição
P+ 10 e 19 cm - 3 Vfp Von t4 t5
como um capacitor, cuja carga é aquela presente na própria região de vD
Vrp
transição. Na condução não existe tal carga, no entanto, devido à alta N– 10 e 14 cm - 3 Depende -Vr t2
da tensão
dopagem da camada P+, por difusão, existe uma penetração de lacunas +Vr
vi
na região N-. Além disso, à medida que cresce a corrente, mais lacunas 250 u vD -Vr
N+ 10 e 14 cm - 3 substrato
são injetadas na região N-, fazendo com que elétrons venham da região iD
vi R
N+ para manter a neutralidade de carga. Desta forma, cria-se uma carga Catodo
espacial no catodo, a qual terá que ser removida (ou se recombinar) para
permitir a passagem para o estado bloqueado do diodo. Figura 3.6 - Estrutura típica de diodo de potência e formas de onda
típicas de comutação de diodo de potência.
O comportamento dinâmico de um diodo de potência é, na verdade,
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500mV 120mV
condução, com isso, a máxima tensão suportável por estes diodos é de
Tek Run: 10MS/s
Trig’d cerca de 100V.
{.................................T..................................}
A aplicação deste tipo de diodos ocorre principalmente em fontes de
baixa tensão, nas quais as quedas sobre os retificadores são significativas.
Na figura 3.4.(b) tem-se uma forma de onda típica no desligamento
1à
do componente. Note que, diferentemente dos diodos convencionais,
(b) assim que a corrente se inverte a tensão começa a crescer, indicando a
não existência dos portadores minoritários no dispositivo.
2à
contato
CONTATO CONTATO
contato
ÔHMICO
retificador A1
Al A1
Al ÔHMICO
ôhmico
SSiO2
IO2
N+
N+
Ch1 Ch2 10V M 1µs Ch2
à
500mV 10,6V
TTipo
IPO NN
Figura 3.7 - Resultados experimentais das comutações de diodo: (a)
desligamento; (b) entrada em condução. Canal 1: Corrente; Canal 2:
tensão vak S tipoPP
UBSTRATO TIPO
Substrato
200mV -200mV
gerados. Em aplicações nas quais o diodo comuta sob tensão nula,
como é o caso dos retificadores com filtro capacitivo, praticamente Figura 3.8 - (a) Estrutura de diodo Schottky; (b) Forma de onda típica no
desligamento. Canal 1: Corrente; Canal 2: tensão Vak
não se observa o fenômeno da recombinação reversa.
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3.4 Tiristor Desta forma, a junção reversamente polarizada tem
O nome tiristor engloba uma família de dispositivos sua diferença de potencial diminuída e estabelece-se uma
semicondutores que operam em regime chaveado, tendo em corrente entre anodo e catodo, que poderá persistir mesmo
comum uma estrutura de 4 camadas semicondutoras numa na ausência da corrente de porta. Quando a tensão Vak for
seqüência p-n-p-n, apresentando um funcionamento biestável. negativa, J1 e J3 estarão reversamente polarizadas, enquanto
O tiristor de uso mais difundido é o SCR (Retificador Controlado J2 estará diretamente polarizada. Uma vez que a junção J3
de Silício), usualmente chamado simplesmente de tiristor. é intermediária a regiões de alta dopagem, ela não é capaz
Outros componentes, no entanto, possuem basicamente de bloquear tensões elevadas, de modo que cabe à junção
uma mesma estrutura: LASCR (SCR ativado por luz), também J1 manter o estado de bloqueio do componente.
chamado de LTT (Light Triggered Thyristor), TRIAC (tiristor É comum fazer-se uma analogia entre o funcionamento
triodo bidirecional), DIAC (tiristor diodo bidirecional), GTO do tiristor e o de uma associação de dois transistores,
(tiristor comutável pela porta), MCT (Tiristor controlado por conforme mostrado na figura 3.10. Quando uma corrente
MOS). Ig positiva é aplicada, Ic2 e Ik crescerão. Como Ic2 = Ib1,
T1 conduzirá e teremos Ib2=Ic1 + Ig, que aumentará Ic2 e
3.4.1 - Princípio de funcionamento assim o dispositivo evoluirá até a saturação, mesmo que Ig
O tiristor é formado por quatro camadas semicondutoras, seja retirada. Tal efeito cumulativo ocorre se os ganhos dos
alternadamente p-n-p-n, possuindo 3 terminais: anodo e transistores forem maior que 3. O componente se manterá
catodo, pelos quais flui a corrente, e a porta (ou gate) que, a em condução desde que, após o processo dinâmico de
uma injeção de corrente, faz com que se estabeleça a corrente entrada em condução, a corrente de anodo tenha atingido
anódica. A figura 3.9 ilustra uma estrutura simplificada do um valor superior ao limite IL, chamado de corrente de
dispositivo. “latching”.
Se entre anodo e catodo tivermos uma tensão positiva, as Para que o tiristor deixe de conduzir é necessário que a
junções J1 e J3 estarão diretamente polarizadas, enquanto a corrente por ele caia abaixo do valor mínimo de manutenção
junção J2 estará reversamente polarizada. Não haverá condução (IH), permitindo que se restabeleça a barreira de potencial
de corrente até que a tensão Vak se eleve a um valor que em J2. Para a comutação do dispositivo não basta, pois, a
provoque a ruptura da barreira de potencial em J2. aplicação de uma tensão negativa entre anodo e catodo.
Se houver uma tensão Vgk positiva, circulará uma corrente Tal tensão reversa apressa o processo de desligamento por
através de J3, com portadores negativos indo do catodo deslocar nos sentidos adequados os portadores na estrutura
para a porta. Por construção, a camada P ligada à porta é cristalina, mas não garante, sozinha, o desligamento.
suficientemente estreita para que parte destes elétrons que Devido a características construtivas do dispositivo, a
cruzam J3 possua energia cinética suficiente para vencer a aplicação de uma polarização reversa do terminal de gate não
barreira de potencial existente em J2, sendo então atraídos permite a comutação do SCR. Este será um comportamento
pelo anodo. dos GTOs, como se verá adiante.
Vcc Rc (carga)
A A Ia
J1 J2 J3 Ib1
A P N- P N+ K Catodo P T1
N Ic2
N Ic1
Anodo Vg CH G
Gate G Rg P G
P
T2
Vcc Rc
N Ig Ib2
Ik
A K K
G K
Rg
Vg
Figura 3.9 - Funcionamento básico do tiristor e seu símbolo Figura 3.10 - Analogia entre tiristor e transistores bipolares
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Quando Vak cresce, a capacitância diminui, uma vez que a 3.1.2. Parâmetros básicos de tiristores
região de transição aumenta de largura. Entretanto, se a taxa
de variação da tensão for suficientemente elevada, a corrente Apresentaremos a seguir alguns parâmetros típicos de tiristores
que atravessará a junção pode ser suficiente para levar o tiristor e que caracterizam condições limites para sua operação. Alguns
à condução. já foram apresentados e comentados anteriormente e serão, pois,
Uma vez que a capacitância cresce com o aumento da apenas citados aqui.
área do semicondutor, os componentes para correntes mais • Tensão direta de ruptura (VBO)
elevadas tendem a ter um limite de dv/dt menor. Observe-se • Máxima tensão reversa (VBR)
que a limitação diz respeito apenas ao crescimento da tensão • Máxima corrente de anodo (Iamax): pode ser dada como valor
direta (Vak > 0). A taxa de crescimento da tensão reversa não RMS, médio, de pico e/ou instantâneo.
é importante, uma vez que as correntes que circulam pelas • Máxima temperatura de operação (Tjmax): temperatura acima
junções J1 e J3, em tal situação, não têm a capacidade de levar da qual, devido a um possível processo de avalanche, pode haver
o tiristor a um estado de condução. destruição do cristal.
Como se verá adiante, utilizam-se circuitos RC em paralelo • Resistência térmica (Rth): é a diferença de temperatura entre dois
com os tiristores com o objetivo de limitar a velocidade de pontos especificados ou regiões, divididos pela potência dissipada
crescimento da tensão direta sobre eles. sob condições de equilíbrio térmico. É uma medida das condições
d) Temperatura de fluxo de calor do cristal para o meio externo.
A altas temperaturas, a corrente de fuga numa junção • Característica I2t: é o resultado da integral do quadrado da
p–n reversamente polarizada dobra aproximadamente com o corrente de anodo num determinado intervalo de tempo, sendo
aumento de 8 oC. Assim, a elevação da temperatura pode levar uma medida da máxima potência dissipável pelo dispositivo. É dado
a uma corrente através de J2 suficiente para levar o tiristor à básico para o projeto dos circuitos de proteção.
condução. • Máxima taxa de crescimento da tensão direta Vak (dv/dt).
e) Energia radiante • Máxima taxa de crescimento da corrente de anodo (di/dt):
Energia radiante dentro da banda espectral do silício, fisicamente, o início do processo de condução de corrente pelo
incidindo e penetrando no cristal, produz considerável tiristor ocorre no centro da pastilha de silício, ao redor da região
quantidade de pares elétrons–lacunas, aumentando a onde foi construída a porta, espalhando-se radialmente até ocupar
corrente de fuga reversa, possibilitando a condução do toda a superfície do catodo, à medida que cresce a corrente.
tiristor. Esse tipo de acionamento é o utilizado nos LASCR, Mas se a corrente crescer muito rapidamente, antes que haja a
cuja aplicação principal é em sistemas que operam em elevado expansão necessária na superfície condutora, haverá um excesso
potencial, onde a isolação necessária só é obtida por meio de de dissipação de potência na área de condução, danificando a
acoplamentos óticos. estrutura semicondutora. Esse limite é ampliado para tiristores de
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tecnologia mais avançada fazendo-se a interface entre gate e catodo que permita à corrente atingir IL quando, então, pode ser retirada.
com uma maior área de contato, por exemplo, “interdigitando” o Observamos ser bastante simples o circuito de disparo de um
gate. A figura 3.13 ilustra esse fenômeno. SCR e, dado o alto ganho do dispositivo, as exigências quando do
• Corrente de manutenção de condução (IH): a mínima corrente de acionamento são mínimas.
anodo necessária para manter o tiristor em condução. b) Comutação
• Corrente de disparo (IL): mínima corrente de anodo requerida Se, por um lado, é fácil a entrada em condução de um tiristor,
para manter o SCR ligado imediatamente após ocorrer a passagem o mesmo não se pode dizer de sua comutação. Lembramos que
do estado desligado para o ligado e ser removida a corrente de a condição de desligamento é que a corrente de anodo fique
porta. abaixo do valor IH. Se isso ocorrer juntamente com a aplicação de
• Tempo de disparo (ton): é o tempo necessário para o tiristor sair uma tensão reversa, o bloqueio se dará mais rapidamente. Não
do estado desligado e atingir a plena condução. existe uma maneira de desligar o tiristor através de seu terminal de
• Tempo de desligamento (toff): é o tempo necessário para a controle, sendo necessário algum arranjo no nível do circuito de
transição entre o estado de condução e o de bloqueio. É devido anodo para reduzir a corrente principal.
a fenômenos de recombinação de portadores no material 1b) Comutação natural
semicondutor. É utilizada em sistemas de CA nos quais, em função do caráter
• Corrente de recombinação reversa (Irqm): valor de pico da ondulatório da tensão de entrada, em algum instante a corrente
corrente reversa que ocorre durante o intervalo de recombinação tenderá a se inverter e terá, assim, seu valor diminuído abaixo de
dos portadores na junção. IH, desligando o tiristor. Isso ocorrerá desde que, num intervalo
inferior a toff, não cresça a tensão direta Vak, o que poderia levá-lo
K
novamente à condução.
G
A figura 3.15 mostra um circuito de um controlador de tensão
N N
P CA, alimentando uma carga RL, bem como as respectivas formas
G P G
de onda. Observe que quando a corrente se anula a tensão sobre
N- P
N
a carga se torna zero, indicando que nenhum dos SCRs está em
N
P Catodo condução.
Gate circular Gate interdigitado
A Contato metálico
S1
Figura 3.13 – Expansão da área de condução do tiristor a partir i(t)
das vizinhanças da região de gate L
S2
vi(t) vL
R
dv/dt
di/dt
Tensão direta de bloqueio
200V
vi(t)
Von
Corrente de fuga direta
-200V
Corrente de fuga reversa
40A
Irqm
i(t)
ton
Tensão reversa de bloqueio -40A
200V
toff vL(t)
3.1.3. Circuitos de excitação do gate Figura 3.15 – Controlador de tensão CA com carga RL e formas
de onda típicas
a) Condução
Conforme foi visto, a entrada em condução de um tiristor é 2b) Comutação por ressonância da carga
controlada pela injeção de uma corrente no terminal da porta, Em algumas aplicações específicas, é possível que a carga, pela
devendo esse impulso estar dentro da área delimitada pela figura sua dinâmica própria, faça com que a corrente tenda a se inverter,
3.12. Por exemplo, para um dispositivo que deve conduzir 100 A, fazendo o tiristor desligar. Isso ocorre, por exemplo, quando
um acionador que forneça uma tensão Vgk de 6 V com impedância existem capacitâncias na carga que, ressoando com as indutâncias
de saída 12 é adequado. A duração do sinal de disparo deve ser tal do circuito, produzem um aumento na tensão ao mesmo tempo
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em que reduzem a corrente. Caso a corrente se torne menor do D1 desliga (pois a corrente se anula). O capacitor está preparado para
que a corrente de manutenção e o tiristor permaneça reversamente realizar a comutação de Sp.
polarizado pelo tempo suficiente, haverá o seu desligamento. A Quando o tiristor auxiliar, Sa, é disparado, em t2, a corrente da
tensão de entrada pode ser tanto CA quanto CC. A figura 3.16 carga passa a ser fornecida através do caminho formado por Lr, Sa e Cr,
ilustra tal comportamento. Observe que, enquanto o tiristor conduz, levando a corrente por Sp a zero, ao mesmo tempo em que se aplica
a tensão de saída, vo(t), é igual à tensão de entrada. Quando a uma tensão reversa sobre ele, de modo a desligá-lo.
corrente se anula e S1 desliga, o que se observa é a tensão imposta
pela carga ressonante. D2
3b) Comutação forçada Sp
É utilizada em circuitos com alimentação CC e nos quais não Lo
ocorre reversão no sentido da corrente de anodo. A idéia básica i +
T Cr
Vc
deste tipo de comutação é oferecer à corrente de carga um caminho +
Lr
alternativo ao tiristor, enquanto se aplica uma tensão reversa sobre Df Ro
Sa i
ele, desligando-o. Antes do surgimento dos GTOs, este foi um c Vo
Vcc
assunto muito discutido, buscando-se topologias eficientes. Com
o advento dos dispositivos com comutação pelo gate, os SCRs
tiveram sua aplicação concentrada nas aplicações nas quais ocorre D1
comutação natural ou pela carga.
60A
iT
L 0
S1 io(t)
Vcc Carga iC
vo(t)
Ressonante -6 0 A
200V
vo
vo 0
Vcc vC
-2 0 0 V
io
0 Figura 3.18 – Topologia com comutação forçada de SCR e
formas de onda típicas
Continua a haver corrente por Cr, a qual, em t3, se torna igual à
corrente da carga, fazendo com que a variação de sua tensão assuma
uma forma linear. Essa tensão cresce (no sentido negativo) até levar o
diodo de circulação à condução, em t4. Como ainda existe corrente
Figura 3.17 – Circuito e formas de onda de comutação por
pelo indutor Lr, ocorre uma pequena oscilação na malha Lr, Sa, Cr e
ressonância da carga
D2 e, quando a corrente por Sa se anula, o capacitor se descarrega
A figura 3.18 mostra um circuito para comutação forçada de SCR até a tensão Vcc na malha formada por Cr, D1, Lr, fonte e Df.
e as formas de onda típicas. A figura 3.19 mostra detalhes de operação 60A
iT
do circuito auxiliar de comutação. Em um tempo anterior a to, a
corrente da carga (suposta quase constante, devido à elevada constante
de tempo do circuito RL) passa pelo diodo de circulação. A tensão sobre
-60A ic
o capacitor é negativa, com valor igual ao da tensão de entrada.
200V
Em t1 o tiristor principal, Sp, é disparado, conectando a fonte à vo
carga, levando o diodo Df ao desligamento. Ao mesmo tempo surge
uma malha formada por Sp, Cr, D1 e Lr, a qual permite a ocorrência vc
de uma ressonância entre Cr e Lr, levando à inversão na polaridade -200V
to t1 t2 t3 t4 t5
da tensão do capacitor. Em t1 a tensão atinge seu máximo e o diodo
Figura 3.19 – Detalhes das formas de onda durante comutação
Continua na próxima edição
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FA S C ÍC ULO 1 / H A R MÔN I C OS Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e
doutor em engenharia elétrica pela Universidade Estadual
de Campinas – Unicamp, professor da Faculdade de Enge-
nharia Elétrica e de Computação da Unicamp
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O objetivo dessas redes é evitar problemas advindos de excessivos Desde o início da utilização do tiristor, em 1958, têm crescido
valores para dv/dt e di/dt, conforme descritos anteriormente. constantemente os limites de tensão e corrente suportáveis,
a) O problema di/dt atingindo hoje faixas de 5000 V e 4000 A. Há, no entanto, diversas
Uma primeira medida capaz de limitar possíveis danos causados aplicações nas quais é necessária a associação de mais de um
pelo crescimento excessivamente rápido da corrente de anodo é desses componentes, seja pela elevada tensão de trabalho, seja
construir um circuito acionador de gate adequado, que tenha alta pela corrente exigida pela carga.
derivada de corrente de disparo para que seja também rápida a Quando a corrente de carga, ou a margem de sobrecorrente
expansão da área condutora. Um reator saturável em série com o necessária, não pode ser suportada por um único tiristor, é
tiristor também limitará o crescimento da corrente de anodo durante essencial a ligação em paralelo. A principal preocupação nesse
a entrada em condução do dispositivo. Além desse fato tem-se caso é a equalização da corrente entre os dispositivos, tanto em
outra vantagem adicional que é a redução da potência dissipada regime como durante a comutação. Diversos fatores influem na
no chaveamento, pois, quando a corrente de anodo crescer, a distribuição homogênea da corrente, desde aspectos relacionados
tensão Vak será reduzida pela queda sobre a indutância. O atraso à tecnologia construtiva do dispositivo até o arranjo mecânico da
no crescimento da corrente de anodo pode levar à necessidade montagem final.
de um pulso mais longo de disparo, ou ainda a uma seqüência de Existem duas tecnologias básicas de construção de tiristores,
pulsos, para que seja assegurada a condução do tiristor. diferindo basicamente no que se refere à região do catodo e sua
b) O problema do dv/dt junção com a região da porta. A tecnologia de difusão cria uma
A limitação do crescimento da tensão direta Vak, usualmente região de fronteira entre catodo e gate pouco definida, formando
é feita pelo uso de circuitos RC, RCD, RLCD em paralelo com o uma junção não uniforme, que leva a uma característica de disparo
dispositivo, como mostrado na figura 3.20. (especialmente quanto ao tempo de atraso e à sensibilidade ao
No caso mais simples (a), quando o tiristor é comutado, a disparo) não homogênea. A tecnologia epitaxial permite fronteiras
tensão Vak segue a dinâmica dada por RC que, além disso, desvia bastante definidas, implicando uma maior uniformidade nas
a corrente de anodo facilitando a comutação. Quando o SCR é características do tiristor. Conclui-se assim que, quando se faz
ligado o capacitor descarrega-se, ocasionando um pico de corrente uma associação (série ou paralela) desses dispositivos, é preferível
no tiristor, limitado pelo valor de R. empregar componentes de construção epitaxial.
No caso (b) esse pico pode ser reduzido pelo uso de diferentes Em ligações paralelas de elementos de baixa resistência, um
resistores para os processos de carga e descarga de C. No terceiro fator crítico para a distribuição de corrente são variações no fluxo
caso, o pico é limitado por L, o que não traz eventuais problemas concatenado pelas malhas do circuito, dependendo, pois, das
de alto di/dt. A corrente de descarga de C auxilia a entrada em indutâncias das ligações. Outro fator importante relaciona-se
condução do tiristor para obter um Ia>IL, uma vez que se soma à com a característica do coeficiente negativo de temperatura do
corrente de anodo proveniente da carga. dispositivo, ou seja, um eventual desequilíbrio de corrente provoca
A energia acumulada no capacitor é praticamente toda uma elevação de temperatura no SCR que, por sua vez, melhora as
dissipada sobre o resistor de descarga. condições de condutividade do componente, aumentando ainda
mais o desequilíbrio, podendo levá-lo à destruição.
Uma primeira precaução para reduzir esses desbalanceamentos
D
D L é realizar uma montagem de tal maneira que todos os tiristores
R R2
R1 estejam a uma mesma temperatura, o que pode ser feito, por
R
exemplo, pela montagem em um único dissipador. No que
C
C se refere à indutância das ligações, a própria disposição dos
C
componentes em relação ao barramento afeta significativamente
essa distribuição de corrente. Arranjos cilíndricos tendem a
Figura 3.20 – Circuitos amaciadores para dv/dt apresentar um menor desequilíbrio.
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3.1.5.1. Estado estacionário 3.1.5.2. Disparo
Além das considerações já feitas quanto à montagem mecânica, Há duas características do tiristor bastante importantes para
algumas outras providências podem ser tomadas para melhorar o boa divisão de corrente entre os componentes no momento em
equilíbrio de corrente nos tiristores: que se deve dar o início da condução: o tempo de atraso (td) e
a) Impedância série a mínima tensão de disparo (Vonmin). O tempo de atraso pode
A idéia é adicionar impedâncias em série com cada componente a ser interpretado como o intervalo entre a aplicação do sinal de
fim de limitar o eventual desequilíbrio. Se a corrente crescer num ramo, gate e a real condução do tiristor. A mínima tensão de disparo
haverá aumento da tensão, o que fará com que a corrente se distribua é o valor mínimo da tensão direta entre anodo e catodo com a
entre os demais ramos. O uso de resistores implica o aumento das qual o tiristor pode ser ligado por um sinal adequado de porta.
perdas, uma vez que, dado o nível elevado da corrente, a dissipação Recorde-se, da característica estática do tiristor, que quanto
pode atingir centenas de watts, criando problemas de dissipação e menor a tensão Vak maior deve ser a corrente de gate para levar
eficiência. Outra alternativa é o uso de indutores lineares. o dispositivo à condução.
b) Reatores acoplados Diferenças em td podem fazer com que um componente
Conforme ilustrado na figura 3.21, se a corrente por SCR1 entre em condução antes do outro. Com carga indutiva esse fato
tende a se tornar maior que por SCR2, uma força contra- não é tão crítico pela inerente limitação de di/dt da carga, o que
eletromotriz aparecerá sobre a indutância, proporcionalmente ao não ocorre com cargas capacitivas e resistivas. Além disso, como
desbalanceamento, tendendo a reduzir a corrente por SCR3. Ao Vonmin é maior que a queda de tensão direta sobre o tiristor em
mesmo tempo uma tensão é induzida do outro lado do enrolamento, condução, é possível que outro dispositivo não consiga entrar em
aumentando a corrente por SCR2. As mais importantes características condução.
do reator são alto valor da saturação e baixo fluxo residual, para Essa situação é crítica quando se acoplam diretamente os tiristores,
permitir uma grande excursão do fluxo a cada ciclo. sendo minimizada através dos dispositivos de equalização já
. descritos e ainda por sinais de porta de duração maiores que o
. tempo de atraso.
.
.
. 3.1.5.3. Desligamento
(a)
.
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+Vcc +V
+
..
Equalização
Dinâmica
C R C R C R Req
D D D Pulsos
Pulsos Req
Rs Rs Rs
Equalização estática
Figura 3.24 – Circuitos de acionamento de pulso
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3.5 – GTO - Gate Turn-Off Thyristor Aparentemente seria possível tal comportamento também no SCR. As
O GTO, embora tenha sido criado no início da década de 60, por diferenças, no entanto, estão no nível da construção do componente. O
problemas de fraco desempenho foi pouco utilizado. Com o avanço funcionamento como GTO depende, por exemplo, de fatores como:
da tecnologia de construção de dispositivos semicondutores, novas • facilidade de extração de portadores pelo terminal de gate - isto é
soluções foram encontradas para aprimorar tais componentes, que possibilitado pelo uso de dopantes com alta mobilidade
hoje ocupam significativa faixa de aplicação, especialmente naquelas • desaparecimento rápido de portadores nas camadas centrais - uso de
de elevada potência, uma vez que estão disponíveis dispositivos para dopante com baixo tempo de recombinação. Isto implica que um GTO
5000V, 4000A. tem uma maior queda de tensão quando em condução, comparado a
um SCR de mesmas dimensões.
3.5.1 – Princípio de funcionamento • suportar tensão reversa na junção porta-catodo, sem entrar em
O GTO possui uma estrutura de quatro camadas, típica dos avalanche - menor dopagem na camada de catodo
componentes da família dos tiristores. Sua característica principal • absorção de portadores de toda superfície condutora - região de gate e
é sua capacidade de entrar em condução e bloquear através de catodo muito interdigitada, com grande área de contato.
comandos adequados no terminal de gate. Diferentemente do SCR, um GTO pode não ter capacidade de
O mecanismo de disparo é semelhante ao do SCR: supondo-o bloquear tensões reversas.
diretamente polarizado, quando a corrente de gate é injetada, circula Existem duas possibilidades de construir a região de anodo: uma
corrente entre gate e catodo. Grande parte de tais portadores, como delas é utilizando apenas uma camada p+, como nos SCR. Neste caso o
a camada de gate é suficientemente fina, desloca-se até a camada GTO apresentará uma característica lenta de comutação, devido à maior
N adjacente, atravessando a barreira de potencial e sendo atraídos dificuldade de extração dos portadores, mas suportará tensões reversas
pelo potencial do anodo, dando início à corrente anódica. Se esta na junção J2.
corrente se mantiver acima da corrente de manutenção, o dispositivo A alternativa, mostrada na figura 3.26, é introduzir regiões n+
não necessita do sinal de gate para manter-se conduzindo. que penetrem na região p+ do anodo, fazendo contato entre a região
A figura 3.25 mostra o símbolo do GTO e uma representação intermediária n- e o terminal de anodo. Isto, virtualmente, curto-circuita a
simplificada dos processos de entrada e saída de condução do junção J1 quando o GTO é polarizado reversamente. No entanto, torna-
componente. o muito mais rápido no desligamento (com polarização direta). Como
A aplicação de uma polarização reversa na junção gate-catodo pode a junção J3 é formada por regiões muito dopadas, ela não consegue
levar ao desligamento do GTO. Portadores livres (lacunas) presentes nas suportar tensões reversas elevadas. Caso um GTO deste tipo deva ser
camadas centrais do dispositivo são atraídos pelo gate, fazendo com que utilizado em circuitos nos quais fique sujeito à tensão reversa, ele deve
seja possível o restabelecimento da barreira de potencial na junção J2. ser associado em série com um diodo, o qual bloqueará a tensão.
A figura do GTO foi obtida na AN-315, International Rectifier, 04/82
Rg Metalização do catodo
Cathode Placa de
Vcc J2 J3 Electrodes contato
P+ N- P N+
do catodo Metalização do gate
Entrada em condução
J1
Vg
Região em
A K
Transição
Rg
G n+ n+ n+
J3
Rg
Vcc P
J2
Desligamento P+ N- P N+
n-
J1
P+ n+ P+ n+ P+
Rg
Vg Anodo
Figura 3.25 - Símbolo, processos de comutação e estrutura interna de GTO. Figura 3.26 - Estrutura interna de GTO rápido (sem bloqueio reverso)
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3.5.2 – Parâmetros básicos do GTO negativo e o início da queda (90%) da corrente de anodo. Quanto
Os símbolos utilizados pelos diversos fabricantes diferem, embora maior for a derivada, menor o tempo.
as grandezas representadas sejam, quase sempre, as mesmas. Quando a corrente drenada começa a cair, a tensão reversa na
• Vdrxm - Tensão de pico, repetitiva, de estado desligado: sob condições junção gate-catodo cresce rapidamente, ocorrendo um processo de
dadas, é a máxima tensão instantânea permissível, em estado desligado, avalanche. A tensão negativa de gate deve ser mantida próxima ao
que não ultrapasse o dv/dt máximo, aplicável repetidamente ao GTO. valor da tensão de avalanche. A potência dissipada neste processo é
• It - Corrente (RMS) de condução: máxima corrente (valor RMS) que controlada (pela própria construção do dispositivo). Nesta situação a
pode circular continuamente pelo GTO. tensão Vak cresce e o GTO desliga.
• Itcm - Corrente de condução repetitiva controlável: máxima corrente Para evitar o disparo do GTO por efeito dv/dt, uma tensão
repetitiva, cujo valor instantâneo ainda permite o desligamento do reversa de porta pode ser mantida durante o intervalo de bloqueio
GTO, sob determinadas condições. do dispositivo.
• I2t: escala para expressar a capacidade de sobrecorrente não- O ganho de corrente típico, no desligamento, é baixo (de 5
repetitiva, com respeito a um pulso de curta duração. É utilizado no a 10), o que significa que, especialmente para os GTOs de alta
dimensionamento dos fusíveis de proteção. corrente, o circuito de acionamento, por si só, envolve a manobra
• di/dt: taxa de crescimento máxima da corrente de anodo. de elevadas correntes.
• Vgrm - Tensão reversa de pico de gate repetitiva: máxima tensão tgq
para catodo.
Vr
• IH - corrente de manutenção: Corrente de anodo que mantém o GTO
dIrg Vrg (tensão negativa
em condução mesmo na ausência de corrente de porta. dt do circuito de comando)
• IL - corrente de disparo: corrente de anodo necessária para que o GTO t w1
avalanche
entre em condução com o desligamento da corrente de gate.
• tgt - tempo de disparo: tempo entre a aplicação da corrente de gate Vgk
• ts - tempo de armazenamento
3.5.4 – Circuitos amaciadores (snubber)
3.5.3 – Condições do sinal de porta para chaveamento
Desde que, geralmente, o GTO está submetido a condições de 3.5.4.1 – Desligamento
alto di/dt, é necessário que o sinal de porta também tenha rápido Durante o desligamento, com o progressivo restabelecimento
crescimento, tendo um valor de pico relativamente elevado. Deve da barreira de potencial na junção reversamente polarizada, a
ser mantido neste nível por um tempo suficiente (tw1) para que corrente de anodo vai se concentrando em áreas cada vez menores,
a tensão Vak caia a seu valor de condução direta. É conveniente concentrando também os pontos de dissipação de potência. Uma
que se mantenha a corrente de gate durante todo o período de limitação da taxa de crescimento da tensão, além de impedir o
condução, especialmente se a corrente de anodo for pequena, de gatilhamento por efeito dv/dt, implicará numa redução da potência
modo a garantir o estado “ligado”. A figura 3.27 ilustra as formas dissipada nesta transição.
de corrente recomendadas para a entrada em condução e também O circuito mais simples utilizado para esta função é uma rede
para o desligamento. RCD, como mostrado na figura 3.28.
Durante o intervalo “ligado” existe uma grande quantidade de Supondo uma corrente de carga constante, ao ser desligado o
portadores nas camadas centrais do semicondutor. A comutação GTO, o capacitor se carrega com a passagem da corrente da carga,
do GTO ocorrerá pela retirada destes portadores e, ainda, pela com sua tensão variando de forma praticamente linear. Assim, o
impossibilidade da vinda de outros das camadas ligadas ao anodo dv/dt é determinado pela capacitância. Quando o GTO entrar
e ao catodo, de modo que a barreira de potencial da junção J2 em condução, este capacitor se descarrega através do resistor. A
possa se restabelecer. descarga deve ocorrer dentro do mínimo tempo em condução
O grande pico reverso de corrente apressa a retirada dos portadores. previsto para o GTO, a fim de assegurar tensão nula inicial no
A taxa de crescimento desta corrente relaciona-se com o tempo de próximo desligamento. A resistência não pode ser muito baixa, a
armazenamento, ou seja, o tempo decorrido entre a aplicação do pulso fim de limitar a impulso de corrente injetado no GTO.
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Figura 3.28 Circuito amaciador de desligamento tipo RCD 3.5.5 – Associações em série e em paralelo
A energia armazenada no capacitor será praticamente toda Nas situações em que um componente único não suporte
dissipada em R. Especialmente em aplicações de alta tensão e alta a tensão ou a corrente de uma dada aplicação, faz-se necessário
freqüência, esta potência pode assumir valores excessivos. Em tais associar componentes em série ou em paralelo. Nestes casos
casos deve-se buscar soluções ativas, nas quais a energia acumulada os procedimentos são similares àqueles empregados, descritos
no capacitor seja devolvida à fonte ou à carga . anteriormente, para os SCRs.
A potência a ser retirada do capacitor é dada por:
C • V2
3.6 – Transistor Bipolar de Potência (TBP)
Pcap = • fs (3.5)
2
3.6.1 – Princípio de funcionamento
Onde V é a tensão de alimentação e fs é a freqüência de
A figura 3.30 mostra a estrutura básica de um transistor
chaveamento.
bipolar.
Como exemplo, suponhamos um circuito alimentado em
1000V, operando a 1kHz com um capacitor de 1MF. Isto significa
Rc
uma potência de 500W! Vcc
J2 J1
N+ N- P N+
3.5.4.2 – Entrada em condução -
C - E
A limitação de di/dt nos GTOs é muito menos crítica do que para - -
os SCR. Isto se deve à interdigitação entre gate e catodo, o que leva Vb
Figura 3.29 - GTO acionando carga indutiva e amaciador para desligamento. do emissor provoca a ruptura de J1 em baixas tensões (5 a 20V).
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O uso preferencial de TBP tipo NPN se deve às menores perdas Com o transistor conduzindo (Ib>0) e operando na região ativa,
em relação aos PNP, o que ocorre por causa da maior mobilidade o limite de tensão Vce é Vces o qual, se atingido, leva o dispositivo
dos elétrons em relação às lacunas, reduzindo, principalmente, os a um fenômeno chamado de primeira ruptura.
tempos de comutação do componente. O processo de primeira ruptura ocorre quando, ao se elevar a
tensão Vce, provoca-se um fenômeno de avalanche em J2. Este
B E
acontecimento não danifica, necessariamente, o dispositivo. Se,
N+ 10e19 cm-3 10 u no entanto, a corrente Ic se concentrar em pequenas áreas, o
P 10e16 cm-3 5 a 20 u sobreaquecimento produzirá ainda mais portadores e destruirá o
C componente (segunda ruptura).
10e14 cm-3 50 a 200 u Com o transistor desligado (Ib=0) a tensão que provoca a ruptura
N-
B da junção J2 é maior, elevando-se ainda mais quando a corrente de base
E for negativa. Isto é uma indicação interessante que, para transistores
N+ 10e19 cm-3 submetidos a valores elevados de tensão, o estado desligado deve ser
250 u (substrato)
acompanhado de uma polarização negativa da base.
C
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Ic segunda ruptura
A: Máxima corrente contínua de coletor
primeira ruptura
B: Máxima potência dissipável (relacionada à temperatura na
junção)
Ib4 C: Limite de segunda ruptura
D: Máxima tensão Vce
Ib3
Ib2 Ib<0
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Os TBP apresentam uma região chamada de quase-
saturação quase-saturação
saturação gerada, principalmente, pela presença da camada
Ic
N- do coletor.
R
À semelhança da carga espacial armazenada nos diodos, Vcc/R
Ib
nos transistores bipolares também ocorre estocagem de carga.
região ativa Vcc
A figura 3.36 mostra a distribuição de carga estática no interior Vce
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3.6.5 – Ganho de corrente tri: tempo de crescimento da corrente de coletor – Este intervalo
O ganho de corrente dos TBP varia com diversos parâmetros se relaciona com a velocidade de aumento da carga estocada e
(Vce, Ic, temperatura), sendo necessário, no projeto, definir adequa- depende da corrente de base. Como a carga é resistiva, uma variação
damente o ponto de operação. A figura 3.37 mostra uma variação de Ic provoca uma mudança em Vce.
típica do ganho. ts: tempo de armazenamento – Intervalo necessário para retirar
Em baixas correntes, a recombinação dos portadores em trânsito (Ib<0) e/ou neutralizar os portadores estocados no coletor e na base
leva a uma redução no ganho, enquanto para altas correntes tem-se tfi: tempo de queda da corrente de coletor – Corresponde ao
o fenômeno da quase-saturação reduzindo o ganho, como explicado processo de bloqueio do TBP, com a travessia da região ativa, da
anteriormente. saturação para o corte. A redução de Ic depende de fatores internos
Para uma tensão Vce elevada, a largura da região de transição ao componente, como o tempo de recombinação, e de fatores
de J2 que penetra na camada de base é maior, de modo a reduzir a externos, como o valor de Ib (negativo).
espessura efetiva da base, o que leva a um aumento do ganho. Para obter um desligamento rápido deve-se evitar operar com
o componente além da quase-saturação, de modo a tornar breve o
Ganho de corrente tempo de armazenamento.
Vce = 2 V (125 C)
b) Carga indutiva
Vce = 400 V (25 C)
Seja Io>0 e constante durante a comutação. A figura 3.39 mostra
formas de onda típicas com este tipo de carga.
Vce = 2 V (25 C) b.1) Entrada em condução – Com o TBP cortado, Io circula pelo
diodo (=> Vce=Vcc). Após td, Ic começa a crescer, reduzindo Id (pois Io
é constante). Quando Ic=Io, o diodo desliga e Vce começa a diminuir.
Além disso, pelo transistor circula a corrente reversa do diodo.
log Ic b.2) Bloqueio – Com a inversão da tensão Vbe (e de Ib), inicia-se o
processo de desligamento do TBP. Após tsv começa a crescer Vce. Para
Figura 3.37 - Comportamento típico do ganho de corrente em
que o diodo conduza é preciso que Vce>Vcc. Enquanto isto não ocorre,
função da tensão Vce, da temperatura e da corrente de coletor.
Ic=Io. Com a entrada em condução do diodo, Ic diminui, à medida que
Id cresce (tfi).
3.6.6 – Características de chaveamento
Além destes tempos definem-se outros para carga indutiva: tti:
As características de chaveamento são importantes, pois
(tail time): Queda de Ic de 10% a 2%; tc ou txo: intervalo entre 10%
definem a velocidade de mudança de estado e ainda determinam as
de Vce e 10% de Ic.
perdas no dispositivo relativas às comutações, que são dominantes
100%
nos conversores de alta freqüência. Definem-se diversos intervalos 90%
considerando operação com carga resistiva ou indutiva. O sinal de Sinal de base
10%
base, para o desligamento é, geralmente, negativo, a fim de acelerar ton=ton(i) toff=toffi
td=tdi ts=tsi tfi
o bloqueio do TBP. tri
90%
a) Carga resistiva - A figura 3.38 mostra formas de onda
Corrente do
típicas para este tipo de carga. O índice “r” se refere aos tempos 10% coletor
de subida (de 10% a 90% dos valores máximos), enquanto “f” ton (v) toff (v)
Ic Vcc Ic
Cs Vcs Vcc log Vce
Vce Vce
Ds Rs
Figura 3.39 - Formas de onda com carga indutiva Figura 3.40 - Circuito amaciador de desligamento e trajetórias na AOS
Vcc
Ic Vcc
Ic
3.6.7 – Circuitos amaciadores
(ou de ajuda à comutação) - “snubber” Vce Vce
O papel dos circuitos amaciadores é garantir a operação do Ic.Vcc
P P
TBP dentro da AOS, especialmente durante o chaveamento de
cargas indutivas.
a) Desligamento - Objetivo: atrasar o crescimento de V ce
(figura 3.40)
Quando V ce começa a crescer, o capacitor Cs começa a se
tf
carregar (via Ds), desviando parcialmente a corrente, reduzindo
Ic. Df só conduzirá quando V ce>Vcc. Figura 3.41 - Formas de onda no desligamento sem e com o circuito
Quando o transistor ligar o capacitor se descarregará por amaciador.
importância no acionamento de cargas indutivas, uma vez que faz a Figura 3.46 - Forma de onda de corrente de base recomendada para
função do diodo de circulação. acionamento de TBP.
D1
D2
T1 T2
D3
capacitâncias parasitas
A Figura 3.47 - Arranjo de diodos para evitar saturação
P região ativa
Vgs2
N- G
N+
Vgs1
S
Símbolo
D
Vdso
SiO2 Vds
metal
vgs3>Vgs2>Vgs1
Figura 3.49 - Estrutura básica de transistor MOSFET. Figura 3.50 - Característica estática do MOSFET
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Vgg
V+
log Id
Io
Id pico
Vgs Df
V+
Id cont A Vth
Cgd
B
C Id Id=Io Vdd
D Vds
Rg
Cds
Vds
Vds on Vgs
Vgg
Cgs Id
Vdso log Vds td
CARGA INDUTIVA
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HARMÔNICOS
Na verdade, o que ocorre é que, enquanto Vds se mantém elevado, a ordem inversa. O uso de uma tensão Vgg negativa apressa o desligamento,
capacitância que drena corrente do circuito de acionamento é apenas Cgs. pois acelera a descarga da capacitância de entrada.
Quando Vds diminui, a capacitância entre dreno e source se descarrega, Como os MOSFETs não apresentam cargas estocadas, não existe o
o mesmo ocorrendo com a capacitância entre gate e dreno. A descarga tempo de armazenamento, por isso são muito mais rápidos que os TBP.
desta última capacitância se dá desviando a corrente do circuito de
acionamento, reduzindo a velocidade do processo de carga de Cgs, o que
ocorre até que Cgd esteja descarregado.
C (nF)
Os manuais fornecem informações sobre as capacitâncias C (nF)
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FA S C ÍC ULO 1 / H A R MÔN I C OS Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e
doutor em engenharia elétrica pela Universidade Estadual
de Campinas – Unicamp, professor da Faculdade de Enge-
nharia Elétrica e de Computação da Unicamp
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N+
3.10 – IGCT
P+
J1 O IGCT é um dispositivo surgido no final da década de 1990,
capaz de comutação comandada para ligar e desligar, com aplicações
Coletor em média e alta potência.
SiO2 metal Em termos de aplicações, é um elemento que pode substituir os
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Outubro 2006
HARMÔNICOS
Além de algumas melhorias no projeto do dispositivo, a principal
Anode Anode
característica do IGCT, que lhe dá o nome, é a integração do circuito
de comando junto ao dispositivo de potência, como mostrado na
figura 3.55. Tal implementação permite minimizar indutâncias neste P VAK P
muito facilitada.
Esta unidade de comando necessita apenas da informação -VCK
Cathode Cathode
lógica para o liga-desliga (normalmente fornecida por meio de fibra
ótica) e de uma fonte de alimentação para o circuito. O consumo do
circuito de comando é entre 10 e 100W.
Como um tiristor, as perdas em condução são muito baixas.
Vcl (kV) ia (kA)
A freqüência típica de comutação está na faixa de 500 Hz. No
entanto, diferentemente do GTO, que necessita de capacitores 4 4
para limitar o dv/dt no desligamento, o limite superior de
3 3
freqüência de comutação é dado apenas pela temperatura
2 2
do dispositivo (dependente das perdas de condução), o que
1 1
permite, a princípio, seu uso em freqüências da ordem de
0 0
dezenas de kHz.
Na entrada em condução é preciso um indutor que limite o di/dt. -10
pela ação do circuito de comando, a estrutura pnpn do tiristor é Vg (V) 15 20 25 30 35 time ( MS)
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A tabela 3.1 mostra propriedades de diversos materiais a região de deriva e num comprimento de apenas 2Mm, ou seja, 50
partir dos quais se pode, potencialmente, produzir dispositivos vezes menos que um componente equivalente de Si.
semicondutores de potência. Na tabela 3.IV tem-se expressa a redução no tempo de vida
Carbetos de Silício são materiais com os quais são feitas dos portadores no interior da região de deriva. Este parâmetro tem
intensas pesquisas. O gap de energia é maior que o dobro implicações sobre a velocidade de comutação dos dispositivos, sendo,
do Si, permitindo operação em temperaturas elevadas. assim, esperável que componentes de diamante, sejam algumas
Adicionalmente apresenta elevada condutividade térmica (que ordens de grandeza mais rápidos que os atuais componentes de Si.
é baixa para GaAs), facilitando a dissipação do calor produzido
no interior do semicondutor. Sua principal vantagem em relação Tabela 3.II Resistência ôhmica da região de deriva
tanto ao Si quanto ao GaAs é a intensidade de campo elétrico Material Si GaAs SiC Diamante
de ruptura, que é aumentada em uma ordem de grandeza. Resistência relativa 1 6,4.10-2 9,6.10-3 3,7.10-5
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HARMÔNICOS
3.12 – Referências Bibliográficas Applications, 1985.
Hausles, M. e outros: Firing System and Overvoltage Protection for
Grafham, D.R. e Golden, F.b., editors: SCR Manual. General Electric, Thyristor Valves in Static VAR Compensators. Brown Boveri Review, 4-
6o ed., 1979, USA. 1987, pp. 206-212
Rice, L.R., editor: SCR Designers Handbook. Westinghouse Electric Miller, T.J.E.: Reactive Power Control in Electric Systems. J o h n
Co., 1970, USA Wiley & Sons, 1982, USA
Hoft, R.G., editor: SCR Applications Handbook. International E. Duane Wolley: Gate Turn-off in p-n-p-n devices. I E E E
Rectifiers, 1977, USA Trans. On Electron Devices, vol. ED-13, no.7, pp. 590-597, July 1966
Tsuneto Sekiya, S. Furuhata, H. Shigekane, S. Kobayashi e S. Yasuhiko Ikeda: Gate Turn-Off Thyristors. Hitachi Review, vol 31, no.
Kobayashi: “Advancing Power Transistors and Their Applications to 4, pp 169-172, Agosto 1982
Electronic Power Converters”, Fuji Electric Co., Ltd., 1981 A. Woodworth: Understanding GTO data as an aid to circuit
Edwin S. Oxner: “MOSPOWER Semiconductor”, Power Conversion design. Electronic Components and Applications, vol 3, no. 3, pp.
International, Junho/Julho/Agosto/Setembro 1982, Artigo Técnico 159166, Julho 1981
Siliconix TA82-2 Steyn, C.G.; Van Wyk, J.D.: Ultra Low-loss Non-linear Turn-off
B. Jayant Baliga: “Evolution of MOS-Bipolar Power Semiconductos Snubbers for Power Electronics Switches. I European Conference on
Technology”, Proceedings of the IEEE, vol 76, no. 4, Abril 1988, pp. Power Electronics and Applications, 1985.
409-418 Edwin S. Oxner: Power Conversion International, Junho/Julho/
V. A. K. Temple: “Advances in MOS-Controlled Thyristor Technology”, Agosto/Setembro 1982. Artigo Técnico Siliconix TA82-2 MOSPOWER
PCIM, Novembro 1989, pp. 12-15. Semiconductor
N. Mohan, T. M. Undeland and W. P. Robbins: “Power Electronics V. A. K. Temple: Advances in MOS-Controlled Thyristor Technology.
- Converters, Applications and Design”, John Wiley & Sons, Inc., Second PCIM, Novembro 1989, pp. 12-15.
Ed., 1995 Arthur D. Evans, “Designing with Field-Effect Transistors”, McGraw-
Bimal K. Bose “Power Electronics - A Technology Review”, Hill, New York, 1983.
Proceedings of the IEEE, vol 80, no. 8, August 1992, pp. 1303-1334. P. Steimer, O. Apeldoorn, E. Carroll e A.Nagel: “IGCT Technology
Detemmerman, B.: Parallel and Serie Connection of GTOs in baseline and future opportunities”, IEEE PES Summer Meeting, Atlanta,
Traction Applications. I European Conference on Power Electronics and USA, October 2003.
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doutor em engenharia elétrica pela Universidade Estadual
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CAPÍTULO IV -
EFEITOS E CAUSAS DE HARMÔNICAS
NO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA
PARTE 1
A análise aqui feita baseia-se no texto da recomendação IEEE- eficiência é indicada na literatura como de 5 a 10% dos valores
519 (1991) que trata de práticas e requisitos para o controle de obtidos com uma alimentação senoidal. Este fato não se aplica a
harmônicas no sistema elétrico de potência. No referido texto são máquinas projetadas para alimentação a partir de inversores, mas
identificadas diversas referências específicas sobre os diferentes apenas àquelas de uso em alimentação direta da rede.
fenômenos abordados. Algumas componentes harmônicas, ou pares de componentes
(por exemplo, 5a e 7a, produzindo uma resultante de 6a harmônica)
4.1 – Efeitos de harmônicas em podem estimular oscilações mecânicas em sistemas turbina-gerador
componentes do sistema elétrico ou motor-carga, devido a uma eventual excitação de ressonâncias
O grau com que harmônicas podem ser toleradas em um sistema mecânicas. Isto pode levar a problemas de industrias como, por
de alimentação depende da susceptibilidade da carga (ou da fonte exemplo, na produção de fios, em que a precisão no acionamento é
de potência). Os equipamentos menos sensíveis, geralmente, são os elemento fundamental para a qualidade do produto.
de aquecimento (carga resistiva), para os quais a forma de onda não
é relevante, mas sim seu valor eficaz. Os mais sensíveis são aqueles
que, em seu projeto, assumem a existência de uma alimentação 4.1.24.1 – Transformadores
senoidal como, por exemplo, equipamentos de comunicação e Também neste caso tem-se um aumento nas perdas. Harmônicos na
processamento de dados. No entanto, mesmo para as cargas de tensão aumentam as perdas ferro, enquanto harmônicos na corrente elevam
baixa susceptibilidade, a presença de harmônicas (de tensão ou de as perdas cobre. A elevação das perdas cobre deve-se principalmente ao
corrente) podem ser prejudiciais, produzindo maiores esforços nos efeito pelicular, que implica numa redução da área efetivamente condutora
componentes e isolantes. à medida que se eleva a freqüência da corrente.
Normalmente as componentes harmônicas possuem amplitude
4.1.14.1 – Motores e geradores reduzida, o que colabora para não tornar esses aumentos de
O maior efeito dos harmônicos em máquinas rotativas (indução perdas excessivos. No entanto, podem surgir situações específicas
e síncrona) é o aumento do aquecimento devido ao aumento das (ressonâncias, por exemplo) em que surjam componentes de alta
perdas no ferro e no cobre. Afeta-se, assim, sua eficiência e o freqüência e amplitude elevada.
torque disponível. Além disso, tem-se um possível aumento do ruído Além disso o efeito das reatâncias de dispersão fica ampliado, uma
audível, quando comparado com alimentação senoidal. vez que seu valor aumenta com a freqüência.
Outro fenômeno é a presença de harmônicos no fluxo, Associada à dispersão existe ainda outro fator de perdas
produzindo alterações no acionamento, como componentes de que se refere às correntes induzidas pelo fluxo disperso. Esta
torque que atuam no sentido oposto ao da fundamental, como corrente manifesta-se nos enrolamentos, no núcleo e nas peças
ocorre com o 5o , 11o, 17o, etc. harmônicos. Isto significa que metálicas adjacentes aos enrolamentos. Estas perdas crescem
tanto o quinto componente, quanto o sétimo induzem uma proporcionalmente ao quadrado da freqüência e da corrente.
sexta harmônica no rotor. O mesmo ocorre com outros pares de Tem-se ainda uma maior influência das capacitâncias parasitas (entre
componentes. espiras e entre enrolamento) que podem realizar acoplamentos não
O sobre-aquecimento que pode ser tolerado depende do tipo desejados e, eventualmente, produzir ressonâncias no próprio dispositivo.
de rotor utilizado. Rotores bobinados são mais seriamente afetados
do que os de gaiola. Os de gaiola profunda, por causa do efeito 4.1.34.1 – Cabos de alimentação
pelicular que leva a condução da corrente para a superfície do Em razão do efeito pelicular, que restringe a secção condutora
condutor em freqüências elevadas, produzem maior elevação de para componentes de freqüência elevada, também os cabos de
temperatura do que os de gaiola convencional. alimentação têm um aumento de perdas devido às harmônicas de
O efeito cumulativo do aumento das perdas reflete-se numa corrente. Além disso tem-se o chamado “efeito de proximidade”, o
diminuição da eficiência e da vida útil da máquina. A redução na qual relaciona um aumento na resistência do condutor em função do
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efeito dos campos magnéticos produzidos pelos demais condutores
Vo/Vi
colocados nas adjacências. 10
sem efeito pelicular
A figura 4.1 mostra curvas que indicam a seção transversal e o
diâmetro de condutores de cobre que devem ser utilizados para que
o efeito pelicular não seja significativo (aumento menor que 1% na 5
danificar o cabo.
Na figura 4.2 tem-se a resposta em freqüência, para uma entrada
em tensão, de um cabo de 10 km de comprimento, com parâmetros 5
com efeito pelicular
obtidos de um cabo trifásico 2 AWG, 6 kV. As curvas mostram o
módulo da tensão no final do cabo, ou seja, sobre a carga (do
tipo RL). Dada a característica indutiva da carga, esta se comporta
praticamente como um circuito aberto em freqüências elevadas. 0
0 2 4 6 8 10
Quando o comprimento do cabo for igual a ¼ do comprimento
x (km)
de onda do sinal injetado, este “circuito aberto” no final da linha
Figura 4.3 Perfil de tensão ao longo do cabo na freqüência de ressonância
reflete-se como um curto-circuito na fonte. Isto se repete para todos
os múltiplos ímpares desta freqüência. As duas curvas mostradas
Na figura 4.4 tem-se a resposta no tempo de uma linha de 40
referem-se à resposta em freqüência sem e com o efeito pelicular.
km (não incluindo o efeito pelicular), para uma entrada senoidal
Nota-se que considerando este efeito tem-se uma redução na
(50Hz), na qual existe uma componente de 1% da harmônica que
amplitude das ressonâncias, devido ao maior amortecimento
coincide com a freqüência de ressonância do sistema (11a). Observe
apresentado pelo cabo por causa do aumento de sua resistência.
como esta componente aparece amplificada sobre a carga.
Na figura 4.3 tem-se a perfil do módulo da tensão ao longo
À medida que aumenta o comprimento do cabo a ressonância
do cabo quando o sinal de entrada apresentar-se na primeira
se dá em freqüência mais baixa, aumentando a possibilidade de
freqüência de ressonância. Observe que a sobre-tensão na carga
amplificar os harmônicos mais comuns do sistema.
atinge quase 4 vezes a tensão de entrada (já considerando a ação
do efeito pelicular). O valor máximo não ocorre exatamente sobre
1.0V
a carga porque ela não é, efetivamente, um circuito aberto nesta
freqüência de aproximadamente 2,3 kHz.
1000
0V
100
-1.0V
0S 10ms 20ms 30ms 40ms
time
V (L4:2) V (T1:B+) V (V1:+)
10
Figura 4.4 Resposta no tempo de cabo de transmissão a uma entrada com
componente na freqüência de ressonância.
1 4
10 100 1000 1•10
4.1.4 – Capacitores
f (Hz) O maior problema é a possibilidade de ocorrência de ressonâncias
Área Condutora (mm2) Diâmetro do Condutor (mm)
(excitadas pelas harmônicas), podendo produzir níveis excessivos de
corrente e/ou de tensão. Além disso, como a reatância capacitiva
Figura 4.1 Área de seção e diâmetro de fio de cobre que deve ser usado em
função da freqüência da corrente para que o aumento da resistência seja
diminui com a freqüência, tem-se um aumento nas correntes
menor que 1%. relativas às harmônicas presentes na tensão.
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CAPÍTULO IV -
EFEITOS E CAUSAS DE HARMÔNICAS
NO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA
PARTE 2
4.2.1 – Conversores
0
Serão vistos aqui alguns casos típicos de componentes 0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01
t
0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
harmônicas produzidas por conversores eletrônicos de potência, tais Figura 4.8 – Tensão de saída de retificador ideal
período da rede.
Na figuras 4.8 tem-se a forma de tensão de saída do retificador, 200
numa situação ideal. Supondo uma corrente constante, sem
ondulação sendo consumida pela carga, a forma de onda da 400
corrente na entrada do retificador é mostrada na figura 4.9. 0 0 .0 0 5 0 .0 1 0 .0 1 5 0 .0 2
a equação (4.1):
1
Ih =
h
h = k q±1 0.5A
onde:
h é a ordem harmônica;
k é qualquer inteiro positivo;
q é o número de pulsos do circuito retificador (6, no exemplo) 0A
0Hz 0.5KHz 1.0KHz 1.5KHz 2.0KHz 2.5KHz 3.0KHz
Frequency
Figura 4.9 – Tensões e corrente de entrada com carga indutiva
Lo + ideal e espectro da corrente
va Ro
vb Vo
vc 4.2.1.2 – A comutação
Uma forma de corrente retangular como a suposta na figura
Id - 4.9 pressupõe a não existência de indutâncias em seu caminho,
ou então uma fonte de tensão infinita, que garante a presença de
Figura 4.7 Circuito retificador trifásico, com carga RL tensão qualquer que seja a derivada da corrente.
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Na presença de indutâncias, como mostrado na figura 4.10, no 4.2.1.3 – Reator controlado a tiristores (RCT)
entanto, a transferência de corrente de uma fase para outra não A figura 4.12 mostra o circuito de um RCT, elemento utilizado
pode ser instantânea. Ao invés disso, existe um intervalo no qual para fazer controle de tensão no sistema elétrico. Isto é feito pela
estarão em condução o diodo que está entrando e aquele que está síntese de uma reatância equivalente, que varia entre 0 e L, em
em processo de desligamento. Isto configura um curto-circuito na função do intervalo de condução do par de tiristores. A forma de
entrada do retificador. A duração deste curto-circuito depende de onda da corrente, bem como seu espectro está mostrado na figura
quão rapidamente se dá o crescimento da corrente pela fase que 4.13. Observe a presença de harmônicos ímpares. À medida que o
está entrando em condução, ou seja, da diferença de tensão entre intervalo de condução se reduz aumenta a THD da corrente.
as fases que estão envolvidas na comutação.
Vi
Lo S1
Li +
Vp.sin(wt) S2
vi(t)
i(t)
Vo
200V
v i(t)
Tensão de fase
-2 0 0 V
40A
intervalo de comutação i(t)
Figura 4.10 Topologia de retificador trifásico, não-controlado, com carga
indutiva . Formas de onda típicas, indicando o fenômeno da comutação.
-4 0 A
A figura 4.11 mostra um resultado experimental relativo a
um retificador deste tipo. Neste caso a corrente não é plana, mas
apresenta uma ondulação determinada pelo filtro indutivo do lado
CC. Mesmo neste caso pode-se notar que as transições da corrente
de entrada não são instantâneas e que durante as transições, nota-
se uma perturbação na tensão na entrada do retificador. O valor
instantâneo desta tensão é a média das tensões das fases que
estão comutando, supondo iguais às indutâncias da linha. Este
“afundamento” da tensão é chamado de “notching”. 0Hz 0.5KHz 1.0KHz 1.5KHz
Frequency
2.0KHz 2.5KHz 3.0KHz
(4.3)
0.15
I( 3 , a )
0
0.1
I( 5 , a )
0.05 -
I( 7 , a )
0
2 2.5 3
-
α 0
Figura 4.14 Variação do valor eficaz de cada componente harmônica de
10A
corrente em relação à fundamental
reatância da linha.
4.3 – Referências bibliográficas
“IEEE Recommended Practices and Requirements for
+ Harmonic Control in Electric Power Systems.” Project IEEE-519.
October 1991.
“Sine-wave Distortions in Power Systems and the Impact
Vp.sin(wt) Vo
on Protective Relaying.” Report prepared by the Power System
Relaying Committee of the IEEE Power Engineering Society.
Novembro 1982.
Figura 4.15 Retificador monofásico com filtro capacitivo Continua na próxima edição
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CAPÍTULO V -
COMPENSAÇÃO CAPACITIVA E
FILTROS PASSIVOS EM REDES SECUNDÁRIAS
PARTE 1
A solução clássica para a redução da contaminação harmônica Os filtros usados nas simulações que se seguem tiveram a
de corrente em sistemas elétricos é o uso de filtros sintonizados, capacitância total distribuída igualmente entre os três ramos
conectados em derivação no alimentador. sintonizados e uma parcela menor incluída no ramo passa-altas.
A estrutura típica de um filtro passivo de harmônicos de corrente O fator de qualidade de cada ramo é de 20, o que é um valor
é mostrada na figura 5.1. As várias células LC série são sintonizadas típico para indutores com núcleo ferromagnético. Dispositivos com
nas proximidades das freqüências que se deseja eliminar, o que, via núcleo de ar têm fator de qualidade superior. O ramo passa-altas
de regra, são os componentes de ordem inferior. Para as freqüências possui uma resistência de amortecimento. O ramo da 5ª harmônica
mais elevadas é usado, em geral, um simples capacitor funcionando foi sintonizado em 290Hz enquanto os demais ramos foram
como filtro passa-altas. A carga considerada neste exemplo é do dessintonizados em 20Hz abaixo da harmônica.
tipo fonte de corrente e é similar à que se obtém com o uso de um O alimentador apresenta um nível de curto-circuito de 20 p.u.
retificador tiristorizado trifásico, alimentando uma carga indutiva, A impedância em série com a fonte tem um papel essencial na
como um motor de CC. eficácia do filtro. Observe que, se for considerada uma fonte ideal,
Na freqüência da rede, os diferentes filtros apresentam uma qualquer filtro é indiferente, posto que, por definição, a impedância
reatância capacitiva, de modo que contribuem para a correção de uma fonte de tensão é nula. Ou seja, o caminho preferencial
do fator de potência (na freqüência fundamental), supondo que a para os componentes harmônicos da corrente da carga sempre
carga alimentada seja de característica indutiva. seria a fonte.
A distribuição da capacitância total entre os diferentes A carga apresenta fator de deslocamento de 0,866 e fator
ramos pode ser feita de diversas maneiras. Steeper e Stratford. de deformação de 0,95, configurando um fator de potência
(1976) indicam que a distribuição é indiferente, não afetando o de 0,82. Dada a simetria da forma de onda, não estão
comportamento do filtro. Em Bonner e outros (1995) a indicação presentes as componentes pares, assim como as múltiplas de
é que a alocação seja proporcional à corrente total que deve fluir ordem três.
por cada ramo, ou seja, depende do conteúdo espectral de uma
determinada carga. Esta solução tenderia a equalizar as perdas .1 .25m
pelos capacitores. Peeran e outros (1995) e Almonte e Ashley 2.15m 1.05m 440u I1
+- 20u +- -
+
(1995) indicam divisões da capacitância total em função da ordem I3
0.19 .13 .085
harmônica do ramo do filtro, cabendo uma parcela maior ao filtro 2
de 5ª harmônica em relação aos demais. Czarnecki e Ginn (2005) 150u 150u 150u
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10
1.0
100m
10m
10Hz 30Hz 100Hz 300Hz 1.0Hz 3.0Hz 10Hz
Fraquency
Figura 5.4 Corrente da carga e corrente na fonte com filtragem passiva
Figura 5.2 Ganho (em dB) de tensão do filtro, em relação à tensão da fonte CA
cada filtro pode ser influenciado pela presença dos outros filtros e
A figura 5.6 mostra a tensão no ponto de conexão da carga e seu
outras cargas.
espectro. Observe-se os afundamentos na tensão quando há a variação
acentuada da corrente da carga. Sem os filtros, a distorção harmônica
10 total da tensão no ponto de conexão da carga é de 13%. Com o filtro,
o afundamento não é compensado plenamente, mas a DHT se reduz
para 8%. Mesmo com a atenuação introduzida neste ramo passa-altas,
1.0
tem-se alguma oscilação em torno de 3 kHz, conforme se poderia
antever pelo resultado da figura 5.2. Verifica-se assim que o uso do
filtro melhora não só a corrente como a tensão, que é, na verdade, a
100m
grandeza elétrica que é compartilhada pelos usuários.
10m
10Hz 30Hz 100Hz 300Hz 1.0Hz 3.0Hz 10Hz
Fraquency
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5.1.1 Efeito de componentes não Por outro lado, se considerados os retificadores com filtro
característicos da carga capacitivo, normalmente utilizados no estágio de entrada em
equipamentos eletrônicos, como aparelhos de TV, computadores,
Czarnecki (1997) denomina como “harmônicos menores” todas monitores de vídeo etc., a tensão na entrada do retificador é imposta
componentes espectrais presentes na tensão, assim como aquelas pelo capacitor do lado CC durante o intervalo de tempo em que os
devidas à carga e que não possuem um ramo sintonizado no filtro diodos estiverem em condução Nesta situação, estes dispositivos
passivo. Neste exemplo incluem-se todas componentes que não as são mais bem representados por fontes de tensão harmônica [Peng
de 5ª, 7ª e 11ª ordem. e Farquharson, 1999]. Esta mudança de enfoque traz profundas
A presença de uma distorção na tensão pode ter um efeito alterações na concepção de filtros passivos. Tal situação é ilustrada
muito danoso, uma vez que pode encontrar no filtro sintonizado um pela figura 5.8.
caminho de mínima impedância, contribuindo para o surgimento É claro que para qualquer valor de Zo diferente de zero é possível
de uma elevada corrente naquela freqüência que circula entre a passar do equivalente Norton para o equivalente Thevenin que
fonte e o filtro, e que não é proveniente da carga. Este efeito pode representa a carga. No entanto, quando o valor de Zo é muito baixo,
sobrecarregar o filtro. A figura 5.7 mostra o efeito de uma distorção o modelo simplificado (sem Zo) mais próximo da realidade é o de
de 3% na 7ª harmônica na tensão da fonte. Observe-se que, além fonte de tensão.
da distorção ser visível na tensão sobre o filtro, se reduz para 1%,
Ii Zi Ic Ii Zi Ic Zo
ocorre uma amplificação na corrente da fonte, a qual assume um
valor de 16% da componente fundamental, elevando a THD da
Vi
corrente de 8% para 22%. Vi Z
f
Z
o
Io Zf Vo
If If
Figura 5.8 Filtro passivo em derivação para cargas tipo fonte de corrente e
fonte de tensão
indutância, procurando isolar eletricamente (em alta freqüência) os (figura 5.8.b), a eficácia do filtro LC, que define Zf, conectado em
diversos sistemas. Esta solução, no entanto, é custosa e aumenta as paralelo com a carga, em desviar da fonte componentes harmônicas
perdas e a queda de tensão para a carga. Além disso, tal indutância produzidas na carga, é ser expressa por:
deve ser incluída no cálculo dos filtros, uma vez que ela altera as
Ii Zf
ressonâncias do sistema. = (5.2)
Vo Z o Z i + Z o Z f + Z i Z f
5.1.2 Filtragem passiva em
cargas tipo fonte de tensão É claro que a compensação depende tanto da impedância
Os casos estudados anteriormente consideravam cargas com da carga quanto da fonte. No entanto, se Zo for nula (a carga se
comportamento de fonte de corrente, que são típicas quando comporta como uma fonte de tensão ideal), o filtro conectado em
se considera o efeito de harmônicas no nível de distribuição de paralelo é inútil. De maneira análoga, se a impedância da rede for
energia, no lado de alta tensão. Quando se considera a presença de nula, o efeito é o mesmo.
cargas não-lineares no lado de baixa tensão, o comportamento do Em tais situações torna-se mais efetivo o uso de filtros conectados
tipo fonte de corrente é característico de motores e de conversores em série com a alimentação, numa associação LC paralela, de modo
eletrônicos com indutâncias de alisamento, por exemplo. a bloquear a passagem das parcelas das correntes indesejadas,
como mostra a figura 5.9. Nesta figura tem-se indicado um filtro
O SETOR ELÉTRICO
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sintonizado na terceira harmônica e outro na quinta, incluindo um
resistor de amortecimento. Tal resistor, embora reduza a eficácia de
filtro da quinta harmônica, garante o amortecimento necessário
para as possíveis ressonâncias série que podem ocorrer no circuito.
Resultados de simulação de um sistema alimentando um
retificador monofásico com filtro capacitivo estão indicados nas
figura 5.10 e 5.11. No primeiro caso tem-se as formas de onda da
corrente da rede com um filtro em derivação e com filtro série, como
o da figura 5.9.
Nota-se que o filtro derivação não é eficaz na filtragem (a
reatância da rede e da carga é 10 vezes menor que a do filtro na
freqüência fundamental), enquanto na conexão em série tem-se
Figura 5.10 Formas de onda da corrente de entrada com carga tipo fonte
uma efetiva melhoria na forma de onda da corrente de entrada. de tensão para filtro em derivação (superior) e filtro série (inferior).
Obviamente a inserção de filtros em série é um problema
em equipamentos já instalados, pois exigiria a interrupção do
alimentador. No entanto, a inclusão destes filtros na carga não-
linear poderia ser uma solução mais adequada, embora sempre seja
necessário verificar o impacto deste procedimento no funcionamento
do equipamento.
L3 Lf Zo
Ii Zi Ic
C3 Cf Rf
Vi Vo
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Janeiro 2007
FA S C ÍC ULO 1 / H A R MÔN I C OS
Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e doutor em enge-
nharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, professor
da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp
antenor@dsce.fee.unicamp.br
CAPÍTULO V
COMPENSAÇÃO CAPACITIVA E
FILTROS PASSIVOS EM REDES SECUNDÁRIAS
PARTE 2
5.2 - Caracterização e compensação de harmônicos este problema seria a inclusão de um reator em série com o capacitor que
e reativos e cargas não-lineares residenciais e possibilitaria a compensação dos reativos (na freqüência fundamental)
comerciais sem ampliar demais a distorção da corrente [Phipps, 1994].
O uso de filtros sintonizados e de capacitores na rede secundária 5.2.1 - Análise de cargas típicas de redes de
tem como objetivo realizar a compensação da potência reativa, melhorar distribuição – baixa tensão
o perfil das tensões ao longo do alimentador, reduzir o carregamento
dos transformadores e reduzir as perdas ôhmicas na rede. Para efeito da análise que se segue, as cargas domésticas podem
Diferentemente do que ocorre, em geral, com cargas não- ser divididas em três grupos: cargas resistivas, cargas indutivas e
lineares industriais, que apresentam um comportamento de “fontes cargas eletrônicas. Do ponto de vista de reativos e de harmônicos
harmônicas de corrente”, as cargas não-lineares de uso doméstico e são as duas últimas categorias que devem ser consideradas.
comercial têm um comportamento predominantemente de “fontes
harmônicas de tensão” [Peng e Farquharson, 1999; Deckmann e 5.2.1.1 - Refrigeradores: carga tipo fonte de corrente
outros, 2005, 2005b; Pomilio e Deckmann, 2006]. Tais cargas são
constituídas, essencialmente, de aparelhos eletroeletrônicos que O comportamento de um refrigerador, que é a carga indutiva mais
possuem em sua entrada um retificador monofásico com filtro presente em ambientes residenciais, além de implicar na demanda
capacitivo (computadores, reatores eletrônicos sem correção de de potência reativa, também produz harmônicos pela distorção da
fator de potência, lâmpadas fluorescentes compactas, aparelhos corrente, como se pode observar na figura 5.12. Outros aparelhos,
de TV, som etc.). Por outro lado, a potência reativa em redes que possuam motores ou transformadores em sua entrada, como
domésticas sofre pequena variação ao longo de uma jornada diária máquinas de lavar, aparelhos de ar condicionado, ventiladores,
e está, preponderantemente, relacionada com os refrigeradores, e, bombas etc., podem ser incluídos neste grupo.
eventualmente, com máquinas de lavar. As curvas mostradas na Figura 5.12 referem-se a um refrigerador
No entanto, na presença de cargas tipo “fontes harmônicas de baixo consumo (26,6 kWh), com potência aparente de 170VA e
de tensão”, a conexão de compensadores ou filtros em derivação fator de potência de 0,64 (131VAr e 108,5W). A Figura 5.13 mostra
não é capaz de alterar significativamente a corrente que as mesmas o espectro da corrente, cujas principais componentes são: 3a (6,2%),
produzem no restante no circuito. Na prática, o que ocorre é um 5a (5%) e 7a (1,5%). A Distorção Harmônica Total da tensão é nula,
aumento das componentes harmônicas da carga, o que confirma o pois neste teste, foi utilizada uma fonte programável.
seu funcionamento como fonte de tensão. De fato, estas “fontes de
tensão” não são ideais, apresentando uma certa impedância série, Tensão
de sorte que pode ocorrer algum efeito de atuação do componente Corrente
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ao longo da manhã e decréscimo após o meio-dia. O valor mínimo
é perfeitamente consistente com as estimativas de consumo dos
refrigeradores domésticos. Ao longo da manhã há um aumento na
potência reativa, justificável pelo uso de máquinas de lavar e outros
eletrodomésticos contendo motores. A partir do meio-dia, observa-
se uma redução sistemática da potência reativa, na direção oposta à
da potência ativa, mostrada na Figura 5.15. Ou seja, as novas cargas
adicionadas, especialmente no final da tarde e início da noite, devem
possuir fator de deslocamento próximo da unidade. Poderiam ser cargas
resistivas (lâmpadas incandescentes e chuveiros) ou cargas eletrônicas,
como se verá na seqüência.
Fig. 5.13. Espectro da corrente do refrigerador. (0,2A/div., 125Hz/div.) Potência Reativa [kVA]
12.0
11.0
Esta distorção na corrente pode ser bem modelada por fontes de 10.0
9.0
correntes harmônicas, ou seja, a inclusão de um filtro em derivação
8.0
no ponto de acoplamento da carga consegue minimizar a propagação 7.0
5.0
deste estudo.
4.0
Um refrigerador de duas portas tem um consumo médio maior que 3.0
rede secundária, com 141 consumidores residenciais (70% da demanda), Potência Ativa [kW]
35.0
industrial (5% da demanda). Trata-se de um bairro de classe média, o que
30.0
tem implicações sobre o padrão de consumo de energia elétrica.
25.0
A Figura 5.14 mostra, para cada fase, o comportamento da
20.0
potência reativa durante o período de uma semana de medição. O 15.0
identificar cada uma das três fases. Esta consideração é também válida 5.0
em torno das seis horas da manhã, que apresenta um crescimento Fig. 5.15. Potência ativa medida na saída do transformador de distribuição.
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5.2.1.2 - Cargas eletrônicas domésticas: possuir alto fator de potência. Para os de potência inferior, em geral
fontes de tensões harmônicas a corrente absorvida da rede é como a mostrada na Figura 5. Pode-
se considerar uma potência média de 30W por reator.
As cargas eletrônicas domésticas, tipicamente, possuem um A Figura 5.17 mostra o espectro da corrente (valor eficaz das
estágio retificador a diodos, com filtro capacitivo na saída. Como componentes harmônicas). Como esperado, tem-se expressiva
resultado, tem-se uma corrente de entrada muito distorcida, com presença de componentes ímpares. A componente fundamental da
baixo fator de potência. O fator de deslocamento da fundamental corrente resultou adiantada de 14,4° em relação à tensão.
pode resultar levemente capacitivo. A forma de onda da corrente
é influenciada pela impedância do alimentador, de modo que um
mesmo retificador apresentará diferentes espectros de corrente para
fontes com impedâncias distintas.
Cargas eletrônicas residenciais e comerciais típicas são televisores,
lâmpadas fluorescentes compactas, reatores eletrônicos para
lâmpadas fluorescentes tubulares (sem correção de fator de potência),
computadores, aparelhos de som etc. Em termos de consumo, a
análise pode se limitar a televisores e lâmpadas compactas. Em regiões
de maior poder aquisitivo, deve-se considerar também a presença de Fig. 5.17. Espectro de corrente da TV valor eficaz das componentes (100mA/div).
Potência
Tensão
Corrente
CAPÍTULO V
COMPENSAÇÃO CAPACITIVA E
FILTROS PASSIVOS EM REDES SECUNDÁRIAS
PARTE 3
fonte de tensão ideal), o filtro em paralelo é inútil. O mesmo ocorre Tabela 5.I
se a impedância da rede for nula. Corrente na carga (TV)
Ordem Harmônica Sem filtro no Com filtro de 5º harm.
Ii Zi Ic Ii Zi I c Zo
PCC PAC [mA] no PAC [mA]
Vi Vo 1 808 830
Vi Z I Z II 3 687 732
f f
5 488 563
If If 7 275 368
9 114 192
Fig. 5.19. Retificador com filtro capacitivo e modelo de carga como fonte de tensão
11 60 78
DHT(%) 111% 123%
O comportamento tipo fonte de tensão deste tipo de carga
pode ser verificado por simulação ou experimentalmente.
A Figura 5.20 mostra resultados simulados em que a carga é A Tabela 5.II mostra componentes harmônicos da tensão no
composta por uma parte linear (RL, equivalente ao refrigerador) PAC. Como esperado, há uma redução no 5º (e também no 7º)
e uma parcela não linear (equivalente a um aparelho de TV). harmônico, mas há um aumento no 3º e 9º componentes. A
Inicialmente o filtro de 5ª harmônica está conectado no ponto de distorção harmônica total (DHT) está dentro de limites de normas
acoplamento comum (PAC), compensando o fator de deslocamento. como a IEEE-519 (1991). A redução da DHT deve-se ao pequeno
Nota-se uma maior distorção da corrente. A Figura 5.21 mostra um valor resultante, na tensão, para o 5º harmônico.
resultado experimental nas mesmas condições. A Tabela 5.III mostra o feito sobre a corrente na fonte. O filtro
Conforme mostra a Tabela 5.I, a corrente da carga é menos leva a uma redução no 5º harmônico (embora proporcionalmente
distorcida sem o filtro. O aumento dos componentes harmônicos menor do que no caso do refrigerador). Há um aumento no 3o e
da corrente da carga (TV) mostra a natureza de fonte de tensão 9o harmônicos. A fundamental se reduz devido à compensação da
da mesma. potência reativa.
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A presença do filtro sintonizado pode produzir um efeito
Tabela 5.II
adverso em termos de melhoria na forma de onda, principalmente
Corrente no PAC
no caso de existir uma componente de tensão do alimentador
Ordem Harmônica Sem filtro Com filtro de 5º harm.
nesta freqüência de sintonia. A baixa impedância do filtro levará a
[%] [%]
3 2,2 2,92 um aumento na distorção da corrente e da tensão. A Figura 5.22
5 2,58 0,83 mostra o resultado com o mesmo filtro, incluindo apenas 2% de
7 2,03 1,73 5º harmônico na tensão da fonte. Mesmo dessintonizado, o filtro
9 1,08 1,27 amplifica essa corrente para 23% da fundamental!
11 0,69 0,66
DHT(%) 4,46 4,05 Tensão e corrente na fonte
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entre as três fases, isto deve representar perto de 3 A por fase de comerciais (80% da carga) e industriais (11% da carga). Quase
terceira harmônica. Durante as madrugadas tais componentes são 65% das cargas comerciais estão conectadas em uma mesma
dominantes, como se vê na Figura 5.23. barra. Trata-se de um alimentador urbano, com alta presença de
cargas não-lineares típicas de escritórios de serviços (iluminação
22.0
20.0 com reatores eletromagnéticos e eletrônicos, computadores,
18.0
impressoras, condicionadores de ar etc.).
16.0
14.0 Das medições, foram extraídos alguns resultados significativos
12.0
para a análise do tipo de carga conectada. Por exemplo, a carga
10.0
8.0 total está razoavelmente bem balanceada (Figura 5.24). No entanto,
6.0
as cargas não- lineares estão concentradas em duas fases, como se
4.0
2.0 pode concluir da análise da Figura 5.25.
23.00 24.00 25.00 26.00 27.00 28.00 29.00
Dia . Hora
30.0
Fig. 5.23. Terceiro harmônico da corrente, medido em rede secundária, ao
longo de sete dias 25.0
Caso 65% dos aparelhos estejam ligados (valor consistente com 20.0
finais de semana), isto indica que deve haver 15 A (por fase), além
10.0
do relacionado à geladeira. Tais valores também são consistentes
5.0
com as medições observadas.
Isto mostra que a distorção da corrente é majoritariamente 0.0
28.00 28.00 30.00 31.00 01.00 02.00
determinada pelas cargas tipo retificador, e apenas marginalmente Dia . Hora
(10 a 20%) pelos refrigeradores e outras cargas deste tipo (motores). Fig. 5.24. Potência aparente no secundário do trafo???? na rede comercial, ao
Também explica a redução da potência reativa total (figura 5.14), já que longo de seis dias.
as cargas não-lineares do tipo retificador apresentam leve característica O 3º harmônico aumenta durante o horário comercial apenas
capacitiva em termos da fundamental. O crescimento relativo da 3ª em duas fases, sugerindo cargas bifásicas não lineares (reatores
harmônica é menor que o da potência ativa, o que indica o aumento sem correção de fator de potência). Comportamento análogo se
das cargas resistivas no final da tarde e começo da noite. nota também nas demais componentes harmônicas da corrente. Tal
desequilíbrio leva a uma propagação de componentes harmônicas
B. Carga em rede com consumidores comerciais da corrente para o lado de alta tensão do transformador, o que
Neste caso as medições se referem a uma rede secundária resultará na distorção da tensão no sistema de distribuição para
radial, relativamente curta, porém com concentração de cargas outras cargas.
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parcela “base” de potência reativa (como indicado na Figura 3).
Como benefícios econômicos, tem-se a redução de perdas no
transformador e na rede, mas, principalmente, uma elevação da
demanda por conta do aumento da tensão para os consumidores.
A Figura 5.26 mostra a alteração na potência reativa medida no
transformador (rede residencial) com compensação com um banco
capacitivo (17,5 kVAr), enquanto a Figura 5.27 mostra o efeito sobre
a tensão na saída do transformador.
A Figura 5.28 mostra que se tem um aumento na DHT da tensão
com a instalação do banco capacitivo. A DHT média de tensão se
elevou de 2% para 2,5%, enquanto a de corrente aumentou de
Fig. 5.25. Terceiro harmônico da corrente da carga comercial ao longo de seis dias 8,5% para 10%, como mostra a Figura 5.29.
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carga represente uma parcela relativamente pequena da demanda,
o que é o caso da rede residencial.
Assumindo que a carga tem um comportamento de fonte
de tensão, para a explicação deste comportamento é necessário
considerar a ressonância paralela entre o banco capacitivo e a
impedância da fonte, que pode levar a uma amplificação de algumas
harmônicas presentes na carga. O componente harmônico da tensão
no PAC, para um dado valor presente na carga (Voh) é dado por:
VhPAC Z i // Z f
= (5.3)
Voh Z o + Z i // Z f
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5.2.4 – Conclusões Applications, v. 144, no. 5, Sept. 1997. p. 349-356.
Os equipamentos eletroeletrônicos de uso dominante em Czarnecki, L. S.; Ginn III, H. L. (2005) “The Effect of The Design Method on
áreas residenciais e comerciais possuem, em sua interface com a Efficiency of Resonant Harmonic Filters”, IEEE Trans. on Power Delivery, v. 20.
n.. 1. p. 286-271. Jan. 2005.
rede, retificadores a diodos com filtro capacitivo. Tais dispositivos
Deckmann S. M.; J.A. Pomilio; E.A.Mertens, L.F.S.Dias, A.R.Aoki, M.D.Teixeira
comportam-se como cargas não-lineares do tipo fonte de tensão
e F.R.Garcia (2005b), “Compensação Capacitiva em Redes de Baixa Tensão
harmônica, o que implica na baixa eficiência de dispositivos em
com Consumidores Domésticos: impactos no nível de Tensão e na Distorção
derivação para a filtragem das correntes harmônicas.
Harmônica”, Anais do VI SBQEE Belém, PA. ago. 2005.
O estudo de redes com cargas deste tipo por meio de modelos Deckmann, S. M.; Pomilio, J. A. (2005) “Characterization and compensation
com fonte de corrente é inadequado e pode conduzir a resultados for harmonics and reactive power of residential and commercial loads”, Anais
errados, a menos que o modelo permita a inclusão do equivalente do 8º Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência, COBEP 2005, Recife, 14
Norton da carga. -17 de junho de 2005.
Nas condições anteriores, a colocação de bancos capacitivos IEEE (1991), “IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic
para a compensação de reativos, e conseqüente melhoria no perfil Control in Electric Power Systems.” Project IEEE-519, 1991.
de tensão ao longo da rede de baixa tensão, leva a uma ampliação Macedo Jr., J. R. “et al” (2003) “Aplicação de Filtros Harmônicos Passivos em
da distorção harmônica da tensão e da corrente, de modo que deve Circuitos Secundários”, Anais do II CITENEL, Salvador, nov. 2003. p.845 - 852.
Oliveira A. M “et al” (2003) “Energy Quality x Capacitor Bank”, Anais do 7ºCongresso
ser usada com muito cuidado.
Brasileiro de Eletrônica de Potência – COBEP 2003, Fortaleza, Ceará.
Em redes secundárias que já possuam uma elevada DHT de
Peeran, S.M., “et al” (1995) “Application, design and specification of
corrente, como é o caso de consumidores comerciais, a simples inclusão
harmonic filters for variable frequency drives”, IEEE Trans. on IA, v. 31. n.
de bancos capacitivos pode levar a níveis inaceitáveis de harmônicos.
4. p. 841- 847.
Nestes casos deve--se utilizar reatores em série com o banco capacitivo
Peng, F. Z., Su, G-J.; Farquharson, G. (1999): “A series LC filter for harmonic
de modo a minimizar a ampliação dos harmônicos de corrente, compensation of AC Drives”. CD-ROM of IEEE PESC’99, Charleston, USA, Jun. 1999.
tomando-se o cuidado para evitar ressonâncias com os harmônicos Phipps, J. K.; Nelson, J. P.; Sen, P. K. (1994): “Power Quality and Harmonic
impostos pela tensão no lado AT (primário) do transformador. Distortion on Distribution Systems”, IEEE Trans. on Industry Applications, v. 30.
n. 2. March/April 1994. p. 476 - 484.
5.3 – Referências Bibliográficas Pomilio, J.A.; Deckmann, S. M. (2006): “Caracterização e Compensação de
Almonte, R.L.; Asheley, A.W. (1995) “Harmonics at the utility industrial Harmônicos e Reativos de Cargas não-lineares Residenciais e Comerciais”,
interface: a real world example”, IEEE Trans. on IA, v. 31. n. 6, Nov. Dec. p. Eletrônica de Potência, v. 11. n. 1. p. 9 -16, março de 2006.
1419 -1426. Steeper, D. E. and Stratford, R. P. (1976): “Reactive compensation and
ANEEL (2001), Resolução Normativa n. 505 de 26/11/2001. harmonic suppression for industrial power systems using thyristor converters”,
Bonner, J.A. “et al” (1995) “Selecting ratings for capacitors and reactors in IEEE Trans. on Industry Applications, v. 12. n. 3. 1976, p. 232-254.
applications involving multiple single-tuned filters”, IEEE Trans. on Power Tanaka, T., Nishida, Y., Funabike, S., (2004) “A Method of Compensating
Del., v.10. January, p.547-555. Harmonic Currents Generated by Consumer Electronic Equipment Using the
Czarnecki, L. S., (1997) “Effect of minor harmonics on the performance of Correlation Function”, IEEE Transactions on Power Delivery, v. 19. n.1. Jan.
resonant harmonic filters in distribution systems”, IEE Proc. Of Electric Power 2004. p. 266 - 271.
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Apoio
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Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e doutor em enge-
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da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp
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CAPÍTULO VI
CONDICIONAMENTO DA CORRENTE ABSORVIDA:
PRÉ-REGULADORES DE FATOR DE POTÊNCIA – PFP
Do ponto de vista da minimização das distorções da corrente um estágio de entrada composto por um retificador a diodos e filtro
que alimenta uma carga qualquer e da maximização de seu fator de capacitivo, com pequenos (ou mesmo sem) reatores de conexão
potência, a melhor solução é que a carga tenha um comportamento com a rede.
puramente resistivo, ou seja, que a corrente siga a mesma forma da Veremos neste capítulo alguns métodos de condicionar o estágio de
tensão que a alimenta. entrada de um conversor, de modo a fazê-lo absorver uma corrente
As cargas responsáveis pela maior parte da distorção harmônica com forma de onda que maximize o fator de potência, ou seja, que
são as cargas eletrônicas. Principalmente em ambientes doméstico tenha a mesma forma da tensão da rede à qual está conectado.
e comercial, tais cargas normalmente são de baixa potência e Inúmeras outras soluções existem, mas não serão abordadas aqui.
utilizadas em grande quantidade. Referem-se, em sua maioria, a O uso ou não de soluções deste tipo depende muito mais de
reatores para lâmpadas fluorescentes (compactas ou tubulares), imposições normativas do que de outros aspectos, uma vez que o
aparelhos de TV, monitores de vídeo e computadores, sempre com custo de tal implementação é relativamente baixo e existem diversas
alimentação monofásica. soluções tecnológicas.
Nas soluções para estes aparelhos sem correção do fator de
potência, o estágio de interface com a rede é um retificador com 6.1 – Retificadores monofásicos: estudo do conversor
filtro capacitivo e, eventualmente, algum filtro de Interferência elevador de tensão (boost)
Eletromagnética – IEM - . Note-se que, conforme já discutido em
capítulos anteriores, tais conversores apresentam um fator de Este tipo de conversor tem sido o mais utilizado como PFP em
deslocamento da fundamental próximo da unidade, o que significa função de suas vantagens estruturais como [2]:
que não é possível melhorar o fator de potência por meio de filtros • a presença do indutor na entrada bloqueia variações bruscas na
passivos em derivação sem deteriorar o fator de deslocamento. tensão de rede (“spikes”), além de facilitar a obtenção da forma
Nas soluções para estes aparelhos sem correção do fator de desejada da corrente (senoidal).
potência, o estágio de interface com a rede é um retificador com • Energia é armazenada mais eficientemente no capacitor de saída, o
filtro capacitivo e, eventualmente, algum filtro de Interferência qual opera em alta tensão (Vo>E), permitindo valores relativamente
Eletromagnética – IEM - . Note-se que, conforme já discutido em menores de capacitância.
capítulos anteriores, tais conversores apresentam um fator de • O controle da forma de onda é mantido para todo valor instantâneo
deslocamento da fundamental próximo da unidade, o que significa da tensão de entrada, inclusive o zero.
que não é possível melhorar o fator de potência por meio de filtros • Como a corrente de entrada não é interrompida (no modo
passivos em derivação sem deteriorar o fator de deslocamento. de condução contínuo), as exigências de filtros de IEM são
De acordo com as indicações da norma européia, baseada na minimizadas.
IEC61000-3-2 [1], tais aparelhos (exceto as lâmpadas compactas) • O transistor deve suportar uma tensão igual à tensão de saída e
devem apresentar uma corrente com reduzida distorção. seu acionamento é simples, uma vez que pode ser feito por um sinal
Quando se trata de cargas industriais, além dos dispositivos já de baixa tensão referenciado ao terra.
citados (reatores, computadores e acessórios) há grande quantidade Como desvantagens tem-se:
de conversores para alimentação de máquinas elétricas. Para estes, • O conversor posterior deve operar com uma tensão de entrada
a alimentação é tipicamente trifásica e o fator de potência e a relativamente elevada.
distorção harmônica dependem muito de como é feita a conexão • A posição do interruptor não permite proteção contra curto-
com a rede. Não é raro encontrar, no entanto, situações com elevada circuito na carga ou sobre-corrente.
distorção da corrente, especialmente se o conversor eletrônico tem • Não é possível isolação entre entrada e saída.
Outras topologias também podem ser utilizadas como PFP,
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HARMÔNICOS
mas não serão discutidas neste capítulo, o qual tem como objetivo
indicar algumas possibilidades gerais de melhoria na forma de onda
fornecida pela rede a um retificador a diodos.
(6.4)
Seja:
Figura 6.1 Conversor elevador de tensão operando como pré-regulador de
fator de potência (6.5)
(6.2) (6.7)
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Note-se que a corrente média de entrada não é senoidal! sobre o fator de potência. Em outras palavras, estes valores para o
Isto ocorre porque no intervalo t2 a redução da corrente depende Fator de Potência são os obtidos com a inclusão de um filtro passa-
também da tensão de saída, que é constante, e não apenas da baixas na entrada do conversor, de modo que a corrente absorvida
tensão senoidal de entrada. Quanto maior for Vo, menor será t2. da rede seja apenas a sua componente média, com as componentes
Assim, a corrente média dependerá mais efetivamente apenas de de alta freqüência circulando pela capacitância deste filtro. Na figura
Îi(t), tendendo a uma forma senoidal. 6.4, os resultados de simulação, mostrando a corrente no indutor
O fator de potência é dado por: (do lado CC do retificador) e na rede (após a filtragem).
(6.8)
Onde
(6.9)
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um sinal de sincronismo (que define a forma e a freqüência da corrente
de referência) e de um sinal da realimentação da tensão de saída (o qual
determina a amplitude da referência de corrente).
Mede-se a corrente de entrada, a qual será regulada de acordo com
a referência. Gera-se um sinal que determina a largura de pulso a ser
utilizada para dar à corrente a forma desejada. A figura 6.5 mostra o
diagrama geral do circuito e do controle.
V
Figura 6.5 Diagrama de blocos do conversor elevador de tensão, com circuito
de controle por corrente média.
(6.11)
A figura 6.6 mostra uma forma de onda típica da corrente no Figura 6.7 Tensão, corrente de entrada e potência instantânea em conversor
conversor. boost PFP no modo de condução contínua (100V/div; 5A/div; 1kW/div.)
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unitário, no entanto seu valor é bastante elevado (maior que 0,98) e a Figura 6.10 Tensão e corrente de entrada com condução contínua (na
indutância de entrada
distorção harmônica tranqüilamente dentro dos limites das normas.
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da tensão de linha na entrada. Neste caso consegue-se operar
e1
no modo de condução contínua, pois além dos diodos é possível
ter condução pelos transistores. Isto garante um elevado fator
i1 de potência, com reduzida ondulação de alta freqüência na
corrente, o que minimiza a necessidade de filtros de IEM.
Saída
Figura 6.11 Tensão (50V/div) e corrente de fase (1A/div), após filtragem da alta vca Vcc
freqüência. Horiz.: 4ms/div
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Abril 2007
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Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e doutor em enge-
nharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, professor
da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp
antenor@dsce.fee.unicamp.br
CAPÍTULO VII
FILTROS ATIVOS
Filtragem ativa de uma carga única, ou um conjunto delas, é sintetizar diferentes formas de corrente (ou tensão) em seus terminais.
uma opção à correção do fator de potência no estágio de entrada Se, em regime permanente, tais conversores não fornecem potência
de cada equipamento, assunto que foi visto no capítulo anterior, ativa, não necessitam de uma fonte de potência em sua alimentação. O
utilizado os chamados pré-reguladores de fator de potência. circuito deve operar de maneira a manter sob controle o valor da variável
O objetivo da filtragem da corrente é obter uma forma de onda elétrica no lado CC do conversor (corrente no indutor ou da tensão do
com baixa distorção harmônica que siga, por exemplo, a forma capacitor de armazenamento de energia). Devido às menores perdas
da tensão do barramento. Nesse caso, o conjunto (carga + filtro) de potência produzidas pelos capacitores, seu uso é mais difundido.
representaria uma carga resistiva, maximizando o fator de potência, Uma descrição do método de controle será feita posteriormente.
o que vale dizer, minimizando a corrente eficaz absorvida da fonte, Note-se que para o inversor fonte de corrente (figura 7.1.a), as
mantida a potência ativa da carga. chaves semicondutoras devem ser unidirecionais em corrente.. O diodo
É também possível realizar a filtragem ativa da tensão, quando em série protege o transistor (indicado como uma chave aberta) em
um conversor eletrônico é empregado diretamente para minimizar situações de polarização reversa. Uma vez que a rede CA, à qual o
as distorções da tensão. No entanto, o uso destes filtros é ainda mais conversor está conectado, apresenta uma característica indutiva, deve-
restrito do que os de filtragem de corrente, até porque os problemas se inserir elementos capacitivos, capazes de absorver as diferenças
de distorção de tensão são significativamente menores do que os instantâneas das correntes, a fim de evitar surtos de tensão na saída
devidos à distorção da corrente. Adicionalmente, a melhoria da (lado CA) quando o conversor injetar na rede pulsos de corrente de
forma de onda ca corrente leva, naturalmente, a uma melhoria na valor Io. Além disso, tais capacitores realizam uma filtragem de alta
forma de onda da tensão. freqüência, de modo que a corrente que flui para a rede seja apenas o
Embora seja uma tecnologia bastante consolidada, o uso de valor médio da corrente sintetizada pelo inversor. A presença do filtro
filtros ativos para melhoria da qualidade de energia é muito restrito. capacitivo pode levar ao surgimento de ressonâncias entre a linha e o
Uma razão fundamental é seu custo relativamente elevado. Outro filtro, as quais devem ser evitadas e/ou amortecidas adequadamente.
aspecto é a faixa de potência das aplicações, limitada a poucos
MVA e, geralmente, em baixa tensão. Aliem-se ainda as falhas de
regulamentação da qualidade de energia
(especialmente no caso do Brasil) que tolera distorções relativamente
elevadas de corrente, exatamente com o argumento da dificuldade
de sua compensação.
A seguir será mostrado como um conversor eletrônico de
potência pode produzir formas de onda de corrente (e também
de tensão) de forma arbitrária, o que permite seu uso para a
Figura 7.1. Topologias de inversores trifásicos: a) Inversor fonte de corrente; b)
compensação de distorções na rede elétrica. Inversor fonte de tensão
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Para que seja possível o controle das formas de onda (seja de A figura 7.2 mostra a modulação de uma onda senoidal,
corrente ou de tensão), os valores de Io ou de Vo devem ser maiores produzindo na saída uma tensão com dois níveis, na freqüência da
do que os valores de pico máximos, respectivamente de corrente e onda triangular. A informação da referência está contida na variação
de tensão, presentes no sistema. da largura dos pulsos.
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O uso de um filtro não amortecido pode levar ao surgimento de suas saída, valendo aqui as mesmas observações relativas ao tipo de
componentes oscilatórias na freqüência de ressonância, que podem elemento de armazenamento de energia, isto é, caso o inversor forneça
ser excitadas na ocorrência de transitórios na rede ou na carga. Em apenas energia reativa, ele não precisa de uma fonte de potência,
regime elas não se manifestam, uma vez que o espectro da onda podendo operar a partir apenas de elementos de armazenamento de
MLP não as excita. O uso de filtros amortecidos ou o controle da energia.
variável elétrica de saída devem ser utilizados em situações em que O estágio de saída deve ser adaptado de modo a ser obtida uma
tais transitórios possam ser problemáticos. tensão filtrada dos componentes relativos à freqüência de chaveamento,
reproduzindo apenas a tensão de referência sintetizada pelo inversor.
Numa situação de regime permanente, na qual o inversor forneça perfeitamente senoidal, sempre existirão elementos harmônicos capazes
apenas energia não ativa ao sistema e à carga, a tensão média no de excitar ressonâncias. Os elementos que introduzem amortecimento
capacitor é constante. Transitoriamente, no entanto, é possível que esta no sistema são, essencialmente, as cargas, uma vez que as perdas
tensão varie em função de mudanças na carga ou na rede. próprias das linhas e transformadores são baixas. Assim, um sistema
A correção do erro de tensão é feita controlando-se a amplitude do sem carga tende a ver amplificadas as possíveis ressonâncias presentes.
sinal de referência de corrente. Por exemplo, caso a tensão CC diminua, Quando um filtro ativo leva à absorção apenas de uma corrente
o circuito de controle deve produzir um ajuste na amplitude da corrente senoidal, isto significa que a rede vê uma carga aberta para as outras
em relação à tensão da rede de modo a absorver potência ativa, freqüências, ou seja, a carga deixa de atuar como fator de amortecimento
acumulando carga no capacitor e elevando novamente sua tensão. para as eventuais ressonâncias do sistema.
A defesa desta técnica (corrente senoidal) é feita com o argumento
7.1.3 - Síntese de tensões de que a absorção de correntes senoidais melhoraria a forma da tensão
As mesmas topologias que são capazes de produzir formas arbitrárias da rede, mas isto nem sempre é verdade.
de corrente podem também fazê-lo em relação à tensão sintetizada em É bastante comum a presença de capacitores em uma rede de
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distribuição de energia, no lado de baixa tensão, para a compensação senoidal, há dispositivos de controle que monitoram o aparecimento
do fator de deslocamento. Em tal situação há uma ressonância entre a das oscilações e alteram a corrente de modo que sejam adicionadas
capacitância e a reatância indutiva do alimentador. Para valores típicos, componentes de corrente de modo a amortecer a oscilação. Ou seja,
com a elevação do fator de potência de 0,85 para 0,95, a ressonância ao invés de sintetizar uma resistência em todo espectro de freqüências,
se dá em torno da 11ª harmônica, mas cada caso deve ser analisado em as resistências são vistas pelo alimentador apenas na componente
particular. fundamental e nas freqüências em que ocorrem ressonâncias.
A figura 7.4 mostra resultados de simulação com ambos os métodos A recomendação IEEE-519 estabelece para redes de baixa tensão
aplicados. A fonte de entrada possui uma 11UaU harmônica com 1% uma Distorção Harmônica Total aceitável de (DHT) 5%, limitando
de amplitude da fundamental. O indutor e o capacitor produzem uma cada harmônica a 3% do valor da componente fundamental. Este
ressonância nesta harmônica. Quando se tem uma carga resistiva, devido valor pode facilmente ser superado, especialmente se a corrente da
ao amortecimento introduzido, praticamente não se observa o efeito rede estiver altamente distorcida como, por exemplo, na presença
desta harmônica, pois ela continua afetando as tensões em um nível de cargas não lineares.
muito baixo. Quando se força a carga a absorver uma corrente apenas
na freqüência fundamental, nota-se a ressonância e a conseqüente 7.2.1 - Estrutura de controle do filtro
distorção na tensão (circuito à direita e formas de onda inferiores). Filtros ativos monofásicos podem ser utilizados na correção
do fator de potência de cargas de pequena e média potência. As
aplicações restringem-se tipicamente a potências de 4kVA (para
alimentação em 220V), dado que cargas maiores normalmente
possuem entrada trifásica.
A figura 7.5 mostra uma possível estrutura do sistema de
controle para um filtro monofásico, de acúmulo capacitivo,
operando em MLP. A forma da referência da corrente é obtida da
própria tensão. A amplitude desta referência é modulada de modo
a manter a tensão CC no valor desejado. O sinal do erro da tensão
CC, passado por um compensador tipo proporcional-integral (que
anula o erro em regime para uma entrada constante) é uma das
entradas do bloco multiplicador. Sendo um valor contínuo (que varia
muito mais lentamente do que a referência de corrente, que varia
na freqüência da rede), funciona como fator de escalonamento da
forma da corrente. A corrente da rede é realimentada, produzindo,
Figura 7.4 Circuitos simulados e formas de onda para carga resistiva e “senoidal”
em relação à referência de corrente, um erro o qual, passando por um
O amortecimento de tais oscilações pode e deve ser realizado compensador, produz a tensão de controle, que é comparada com a
pelo FAP. Mesmo nos sistemas que utilizam a imposição de corrente portadora MLP, gerando os pulsos para o comando dos transistores.
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b) Caso trifásico
A Figura 7.8 mostra o caso de uma carga não-linear balanceada
(retificador a diodos). Depois da compensação, as correntes na rede
Figura 7.5 Diagrama de controle de filtro ativo de corrente para sintetizar
carga resistiva. são similares às respectivas tensões, incluindo as distorções. As
transições rápidas não são completamente compensadas devido à
Para o emprego da técnica de síntese de carga resistiva, a limitação da resposta em freqüência da malha de corrente.
estrutura trifásica é em tudo análoga à monofásica. Devendo-se A DHT da corrente da carga é 25%. Depois da atuação do FAP, a
medir duas ou três correntes (dependendo se o sistema for a três ou distorção na corrente da rede diminui significativamente produzindo
a quatro fios) e determinando a referência a partir de multiplicações uma DHT de 5,2%.
entre um sinal proporcional à tensão e outro derivado da malha de
controle da tensão CC. Para um sistema a quatro fios deve haver
alguma modificação na topologia do inversor, por exemplo, com a
adição de um quarto ramo de chaves. Figura 7.8 Carga
7.2.2 - Resultados experimentais trifásica não linear
a) Caso monofásico balanceada: Acima :
Tensão (500V/div.);
Os resultados a seguir foram obtidos em um protótipo Meio : Corrente
monofásico. A carga não-linear é um retificador a diodos com filtro de linha após
compensação (5
capacitivo.
A/div.); Abaixo :
Na figura 7.6 têm-se os resultado da operação do filtro Corrente de carga
ativo. Nota-se que as distorções presentes na tensão também são (5 A/div).
Figura 7.6 Tensão da rede (superior - 150V/div.), corrente na rede após Figura 7.9 Carga não-linear monofásica: Acima: Tensão (500V/div.); Meio: Correntes
compensação (intermediário - 5A/div.) e corrente na carga (inferior - 5A/div.) de linha após compensação (1 A/div.); Abaixo: Correntes de carga (1 A/div)
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Na Figura 7.10 mostra-se a resposta dinâmica do FAP a uma variação As limitações de potência estão ligadas à tecnologia dos
em degrau na carga. Observe que, ao ser aumentada a corrente da carga, semicondutores, o que torna difícil a construção de tais equipamentos,
ocorre uma redução na tensão do barramento CC, uma vez que a energia exceto para uso em baixa tensão.
consumida vem, inicialmente, do capacitor que alimenta o inversor. Uma vez
detectada essa redução, o circuito de controle atua no sentido de aumentar 7.4 - Referências Bibliográficas
Fabiana Pöttker de Souza: “Correção de fator de potência de instalações de baixa
a corrente absorvida da rede visando recuperar o valor de referência.
potência empregando filtros ativos” Tese de doutorado, UFSC, 2000.
Y. Komatsu, T. Kawabata, “A Control Method of Active Power Filter in Unsymmetrical
an Distorted Voltage System”, Proceedings of the Power Conversion Conference, Nagaoka,
Japan, vol.1, august 1997, pp. 161-168
T. E. N. Zuniga and J. A. Pomilio: “Shunt Active Power Filter Synthesizing Resistive Load”.
IEEE Trans. on Power Electronics, vol. 16, no. 2, march 2002, pp. 273-278.
F. P. Marafão, S. M. Deckmann, J. A. Pomilio, R. Q. Machado: “Selective Disturbance
Compensation and Comparison of Active Filtering Strategies“, IEEE – International Conference
on Harmonics and Quality of Power, ICHQP 2002, Rio de Janeiro, Brazil, October 2002.
S. M. Deckmann and F. P. Marafão, “Time based decompositions of Voltage, Current and
Power Functions,” in Proc. 2000 IEEE International Conference on Harmonics and Quality of
Power, pp. 289-294.
F. P. Marafão and S. M. Deckmann, “Basic Decompositions for Instantaneous Power
Components Calculation,” in Proc. 2000 IEEE Industry Applications Conf. (Induscon), pp. 750-
755.
L. Malesani, P. Mattavelli and P. Tomasin: “High-Performance Hysteresis Modulation
Technique for Active Filters”. Proc. of APEC ‘96, March 3-7, 1996, San Jose, USA, pp. 939-947.
H.-L. Jou, J.-C. Wu and H.-Y. Chu: “New Single-Phase Active Power Filter”. IEE Proc. -
Figura 7.10 Resposta do FAP a variações da carga: Tensão no barramento CC
(superior -50 V/div.) e corrente de linha (inferior - 5 A/div.).
Electric Power Applications, vol. 141, no. 3, May 1994, pp. 129-134.
F. Pöttker and I. Barbi: “Power Factor Correction of Non-Linear Loads Employing a Single
Phase Active Power Filter: Control Strategy, Design Methodology and Experimentation”. Proc.
7.3 - Conclusões
of the IEEE Power Electronics Specialists Conference - PESC’97, St. Louis, USA, June 1997, pp.
Os filtros ativos de potência são dispositivos muito eficazes na 412-417.
melhoria das formas de onda da rede elétrica. Seu uso como filtro de M. V. Ataíde e J. A. Pomilio: “Single-Phase Shunt Active Filter: a Design Procedure
corrente permite compensar as componentes harmônicas da carga (ou Considering EMI and Harmonics Standards”. Proc. of IEEE International Symposium on
Industrial Electronics, ISIE’97, Guimarães, Portugal, June 1997.
conjunto de cargas), também fornecer localmente a demanda de reativos
Project IEEE-519, IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control
e, adicionalmente, criar caminhos para a corrente de modo que a rede in Electric Power System.
elétrica “enxergue” uma carga resistiva e equilibrada (no caso trifásico). S. P. Pimentel: “Aplicação de Inversor Multinível como Filtro Ativo de Potência”,
Embora tão poderoso, do ponto de vista funcional, o Dissertação de Mestrado, FEEC – Unicamp, 2006.
principal obstáculo para um uso mais generalizado é o custo do N. Baldo, D. Sella, P. Penzo, G. Bisiach, D. Cappellieri, L. Malesani and A. Zuccato: “Hybrid
Active Filter for Parallel Harmonic Compensation”. European Power Electronics Conference,
equipamento, que o faz conveniente, nos tempos atuais, apenas
EPE’93, Brighton, England, vol. 8, pp. 133-137
em situações muito críticas.
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Por José Antenor Pomilio, engenheiro eletricista, mestre e doutor em enge-
nharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, professor
da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp
antenor@dsce.fee.unicamp.br
Desde seu número inaugural, a revista O Setor Elétrico apresentado. Foi mostrado, inclusive com resultados de
publicou uma série de artigos com uma visão moderna do campo, que o uso destes filtros em redes dominantemente
problema da distorção harmônica e do fator de potência em de consumidores residenciais e comerciais pode ampliar a
instalações elétricas. distorção na tensão, devendo ser utilizados com muito critério.
Foram apresentados e discutidos aspectos normativos e A razão deste comportamento é que as cargas não-lineares
definições de grandezas elétricas importantes para o correto de uso residencial e comercial têm um comportamento que
entendimento do problema em um sistema elétrico, para o mais se aproxima de uma fonte de tensão, ao invés do modelo
qual não são mais suficientes as antigas definições associadas tradicional de fonte de corrente harmônica, mais adequado às
a grandezas puramente senoidais. cargas industriais.
Para que se tornasse possível o entendimento do que se Pode-se dizer que o principal objetivo desta seqüência de
pode fazer e quais as limitações da tecnologia atual na área artigos foi despertar o leitor para o fato de que o atual estágio
de eletrônica de potência, com vistas a mitigar os problemas de disseminação de cargas não-lineares pela rede elétrica não
de distorção harmônica, foram apresentados os principais mais permite supor que as formas de onda sejam senoidais. Em
componentes semicondutores de potência utilizados na alguns casos mais críticos, nem mesmo a tensão pode ser assim
construção de filtros ativos e outros conversores. considerada. E nesse mundo não-senoidal, novos conceitos
Tais conversores foram também discutidos, sendo precisam ser adotados para que se tenha um adequado
mostrada sua capacidade efetiva de melhorar a qualidade da entendimento do comportamento de uma instalação elétrica e
energia, embora também tenham sido realçadas as limitações, das cargas a ela conectadas.
especialmente em termos de potência. Para facilitar a busca e o download através do site da
Um capítulo sobre as técnicas convencionais de revista, confira abaixo o índice remissivo dos 16 fascículos e
compensação, através de filtros passivos, também foi seus principais tópicos.
O SETOR ELÉTRICO
Junho 2007
Apoio
HARMÔNICOS
Edição 1 – fevereiro/2006 Edição 11 – dezembro/2006
Capítulo I - Fator de potência e distorção harmônica – parte 1 Capítulo IV – Efeitos e causas de harmônicas no sistema de energia
Edição 2 – março/2006 elétrica – parte 2
Capítulo I - Fator de potência e distorção harmônica – parte 2 Foram tratados os exemplos de motores e geradores,
Aspectos normativos e definições de grandezas elétricas importantes transformadores, cabos de alimentação, equipamentos
para o correto entendimento do problema em um sistema elétrico eletrônicos. Além disso, os efeitos nos aparelhos de medição,
nos relés de proteção e nos fusíveis
Edição 3– abril/2006
Edição 12 – janeiro/2007
Capítulo II – Normas relativas a fator de potência e distorção
Capítulo V – Compensação capacitiva e filtros passivos em redes
harmônica
secundárias – parte 1
Norma IEC 6100-3-2; Norma IEC 6100-3-4; Recomendações do
Edição 13 - fevereiro/2007
IEEE (IEEE-519); Regulamentação brasileira Capítulo V – Compensação capacitiva e filtros passivos em redes
secundárias – parte 2
Edição 4 – maio/2006 Edição 14 – março/2007
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 1 Capítulo V – Compensação capacitiva e filtros passivos em redes
Edição 5 – junho/2006 secundárias – parte 3
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 2 Técnicas convencionais de compensação, através de filtros passivos,
Edição 6 – julho/2006 com resultados de campo, mostram que o uso destes filtros em
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 3 redes dominantemente de consumidores residenciais e comerciais
Edição 7 – agosto/2006 pode ampliar a distorção na tensão. Análise do comportamento de
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 4 cargas não-lineares de uso residencial e comercial
Edição 8 – setembro/2006
Edição 15 – abril/2007
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 5
Capítulo VI – Condicionamento da corrente absorvida: pré-reguladores
Edição 9 – outubro/2006
de fator de potência – PFP
Capítulo III – Componentes Semicondutores de Potência – parte 6
Métodos de condicionar o estágio de entrada de um conversor,
Breve revisão da física dos semicondutores, com a descrição
de modo a fazê-lo absorver uma corrente com forma de onda
dos vários tipos de componentes normalmente utilizados nos
que maximize o fator de potência
sistemas de potência.
Edição 16 – maio/2007
Edição 10 – novembro/2006 Capítulo VII – Filtros Ativos
Capítulo IV – Efeitos e causas de harmônicas no sistema de energia Descrição do uso dos filtros ativos para melhoria da qualidade
elétrica – parte 1 de energia
O SETOR ELÉTRICO
Junho 2007