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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO CABEÇALHO DE ASSUNTO


Hagar Espanha Gomes,
Livre-docente e Consultora Independente
Marcílio Teixeira Marinho,
Terminólogo, Bibliotecário,
Professor do Instituto de Educação, RJ

SUMÁRIO

1 GENERALIDADES
2 PRINCÍPIOS DE CUTTER
2.1 Uso
2.2 Entrada direta específica
2.3 Subdivisão e inversão
2.4 Propostas de sistematização
3 USO DAS SUBDIVISÕES NA LCSH
3.1 Critérios para estabelecer as subdivisões
3.2 Tipos de subdivisão
4 SISTEMATIZAÇÃO DAS DIVISÕES
4.1 Divisões de forma

1 GENERALIDADES

O sistema de cabeçalhos de assunto, como o conhecemos atualmente, é um sistema pré-coordenado, desenvolvido


na Biblioteca do Congresso em Washington, para o seu catálogo de assunto. Seu início se deu em fins do século
passado e se constituiu em inovação em matéria de catálogos de bibliotecas, pois estavam em voga, na Europa, o
catálogo sistemático e o alfabético-por-classe, mais apropriados a bibliotecas usadas por um público erudito.

Nos Estados Unidos, por influência dos ideais da Revolução Francesa, as bibliotecas foram consideradas, desde
logo, como instituições de relevantes funções no processo de educação do povo, isto é, do cidadão. E foi para
atender ao cidadão comum que se desenvolveram técnicas e serviços biblioteconômicos tais como o catálogo-
dicionário, o sistema de localização relativa de livros para permitir o livre acesso às estantes e o serviço de
referência, para citar apenas os principais.

A diferença fundamental entre o catálogo-dicionário e o catálogo alfabético-por-classe ou o catálogo sistemático,


reside no critério de escolha do termo de entrada. No primeiro, a entrada de assunto é direta, sem mediação de um
termo mais amplo, sendo o cabeçalho tirado do uso comum. No catálogo alfabético-por-classe ou no sistemático o
cabeçalho de entrada é representativo de uma classe com subdivisão de cabeçalhos relativos à ordem
imediatamente inferior.

O que tem isso a ver com a subdivisão? Quando Cutter estabeleceu os princípios do catálogo-dicionário excluiu o
princípio da subdivisão por ser esta a grande característica do catálogo alfabético-por-classe e do sistemático. A
grande característica do catálogo-dicionário seria, então, a entrada direta, sem intermediação.

Usando a linguagem natural como base para o estabelecimento dos cabeçalhos, apenas as entradas de lugar
teriam subdivisões de assunto, mantendo-se, assim, a sintaxe da língua (inglesa, no caso). E é por isso que
existiam, e ainda existem em alguns casos, cabeçalhos do tipo "New York - Buildings" ou "Rio de janeiro - Statues".

O catálogo-dicionário foi concebido, portanto, para não ter subdivisões, exceto nos casos em que a entrada fosse
nome de um lugar (cidade, país, etc).

Entretanto, as subdivisões aí estão, e de vários tipos. E como a lista de cabeçalhos de assunto da LC é


enumerativa, torna-se necessário consultar cada entrada (e suas subdivisões) para saber se é possível usar
determinada combinação de cabeçalhos de assuntos + subdivisão.

É verdade que, a partir de 1974, a LC instituiu as "free-floating subdivisions", não tão "livres" quanto sua
denominação sugere, uma vez que ainda vêm acompanhadas de instruções de uso, algumas vezes nada simples,
outras vezes com complicadas exceções.

Como se procurará mostrar a seguir, a prática da subdivisão está imbricada na própria estrutura do cabeçalho de
assunto, não se podendo estudar uma sem estudar o outro.

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E é a partir do conhecimento dos princípios adotados pela LC, e à luz da teoria dos conceitos, que uma nova
proposta é apresentada, de sorte a tornar o sistema mais simples, ágil, inequívoco e, até certo ponto, passível de
se adaptar a outros sistemas baseados também em conceitos.

Em primeiro lugar serão apresentados os princípios de Cutter para formar cabeçalhos, com as inconsistências
iniciais ou as introduzidas com o correr do tempo, bem como propostas posteriores de sistematização dos
cabeçalhos; a seguir se fará a descrição dos diversos tipos de subdivisões atualmente em uso na LC; finalmente se
sugerirão princípios de sistematização, conforme experiência realizada na Biblioteca Nacional.

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2 PRINCÍPIOS DE CUTTER PARA O ESTABELECIMENTO DE CABEÇALHOS DE ASSUNTO

Uma vantagem que o catálogo-dicionário apresenta é a possibilidade de se ter acesso ao catálogo em qualquer
nível de especificidade desejável e não de forma indireta, via classe. Entretanto, o catálogo assim organizado não
reúne assuntos que mantêm estreitas relações e que comumente são estudados juntos. As noções concretas, por
exemplo, apresentam-se dispersas, por exemplo: Carvão; Extração de carvão; Comercialização do carvão, etc.(em
língua portuguesa). Para mostrar a ligação dos concretos com as operações será necessário estabelecer uma rede
de referências do tipo:

Carvão ver também Extração do carvão; Comercialização do carvão, etc.

Não havendo possibilidade de adotar a subdivisão, a construção do catálogo alfabético direto exigia, de início, a
solução de dois problemas básicos, a saber: a forma exata do cabeçalho e o sistema de referências cruzadas.

Apenas o primeiro será objeto de consideração por suas implicações no aparecimento das subdivisões.

Segundo Cutter, são princípios básicos para estabelecimento de um cabeçalho de assunto:

- o uso

- a entrada direta específica.

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2. 1 Uso

A filosofia do cabeçalho de assunto tem sido, desde Cutter a de preferir a forma usada pelo usuário. "Usage is the
supreme arbiter - the usage, in the present case, not of the cataloger but of the public in speaking of subjects". A
gramática e a sintaxe do cabeçalho de assunto foram estabelecidas, portanto, a partir da gramática (da língua
inglesa) e o vocabulário ditado pelo uso do público.

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2.2 Entrada direta específica

Cutter preconizou a entrada direta: "Um livro deve ser catalogado pelo assunto específico (diretamente) e não sob a
classe que o contém (regra 161). Entretanto, quando um assunto não pudesse ser nomeado por uma palavra (um
substantivo), então várias formas seriam possíveis, para garantir a especificidade:

a ) substantivo precedido de adjetivo, por exemplo: Ancient history; Capital punishment; Moral philosophy;

b ) substantivo ligado a outro por preposição, por exemplo: Penalty of death; Fertilization of flowers;

c ) substantivo precedido de outro substantivo usado como adjetivo, por exemplo: Death penalty; Flower fertilization;

d ) substantivo ligado a outro pela conjunção "and", por exemplo: Church and State;

e ) frase ou sentença, por exemplo: Women as authors; Insect as carriers of plant diseases.

Ora, as propostas b) e c) introduzem inconsistências no sistema por permitirem que um único assunto possa ter
duas estruturas de cabeçalho. Para a última proposta, existe uma regra específica, a de número 175, que
estabelece que, se um assunto for expresso por várias palavras, "entrar pela primeira palavra, fazendo inversão da

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frase somente quando outra palavra for decididamente mais significativa ou quando tal palavra tiver sido usada
independentemente, com o mesmo significado de todo o cabeçalho".

Ao não definir os casos em que determinada palavra é mais significativa, Cutter facilitou a introdução de formas
variadas de cabeçalhos sem, contudo, fornecer os princípios para a inversão.

De início foram permitidas, portanto:

- entradas diretas

- entradas invertidas

A subdivisão foi permitida apenas quando a entrada fosse um local (cidade, pais, etc). Estabelece a Regra 165 que
um assunto geral, estudado com referência especial e algum estado, país ou qualquer outro lugar, deveria entrar
pelo local e os cabeçalhos constituiriam a subdivisão. Esta regra, que na prática foi ignorada, não só contraria a
regra de especificidade como também entra em conflito com a regra 164: "O único método satisfatório é uma
entrada dupla para o local e para o assunto científico", quando se tratar de tópico estudado com referência a dado
local.

Assim, Cutter deixou aberta a porta para as inconsistência e para o uso de subdivisões de tal sorte que, em 1906, é
editada a versão preliminar das subdivisões de assunto sob nomes de países ou estados e de cabeçalhos de
assunto com subdivisão de países.

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2 . 3 Subdivisão e inversão

A LC considera subdivisão aquelas palavras ou expressões separadas do cabeçalho principal por hífen. A literatura,
entretanto, não é clara a respeito dos conceitos de subdivisão e inversão. Para Metcalfe [2] a inversão, de acordo
com o sentido, é uma subdivisão, embora não se apresente formalmente como tal, isto é, hifenada.

O conceito de subdivisão leva em conta, evidentemente, aspectos lingüísticos. Em muitos assuntos leitores e
escritores podem estar interessados no gênero - expresso pelo substantivo - e não nas diferenças - expressas pelo
adjetivo . Esse argumento não leva a um princípio geral e torna a decisão casuística, a saber, ora a entrada pode
ser pelo adjetivo (forma direta), ora pelo substantivo (forma invertida).

Haykin, em seu guia prático sobre cabeçalhos de assunto [4], insiste, logo de início, em que, aceito o principio da
especificidade, os cabeçalhos devem ser diretos e específicos a fim de manter a prática consistente [5]. Apenas
não se encontra ali o que se entende por especificidade.

Aliás, a noção de "especificidade" não tem sido esclarecida pelos diversos autores que escrevem sobre cabeçalhos
de assunto. Segundo Harris [6], tanto nas regras estabelecidas por Cutter quanto, depois dele, na maioria da
literatura sobre o assunto, "existe a presunção de que a entrada específica expressa o aspecto ou ponto de vista
do qual um assunto é tratado". O cabeçalho-frase, que permitiria exprimir a entrada específica, seria uma
alternativa para se evitar a subdivisão.

Cabeçalhos diretos e específicos não só "implicam em um mínimo de inversão e subordinação, mas também evitam
que se caia nas armadilhas do catálogo alfabético-por-classes" [7]. Não há estruturação de cabeçalhos; a estrutura
do cabeçalho é sua própria forma, direta ou indireta. Se um cabeçalho tiver que ser invertido, isto é, quando o
primeiro elemento realmente qualificar o segundo e este for usado no catálogo como um cabeçalho independente, a
inversão equivalerá à subdivisão, mas será usada em seu lugar para preservar a integridade da frase comumente
usada [8]. Ao argumentar desta forma, Haykin não leva em consideração o leitor, que desconhece a diferenças
entre vírgulas, hífen, etc., no catálogo.

A "antipatia" de Cutter pela subdivisão é corroborada pela sua rejeição ao catálogo alfabético-por-classes. Mesmo
Cutter, porém, não conseguiu evitar a adoção da subdivisão - o que Haykin procura justificar explicando que, tendo
o cabeçalho de assunto por princípio a entrada direta, o uso da subdivisão pode servir somente "como forma
abreviada para locuções e para agrupamento lógico do material registrado naquele cabeçalho" [9]. Há casos em
que, por força da subdivisão, os cabeçalhos se assemelham a entradas do catálogo alfabético-por-classe mas, "na
realidade, são cabeçalhos-frase, reduzidos a uma forma física de cabeçalhos alfabéticos-por-classe, por
conveniência de agrupamento e ordenação". No exemplo "Construction industry - Taxation" estamos dizendo, de
outra maneira, "Taxation of the construction industry", e obviamente isso não significa que "Taxation" seja uma
divisão do assunto "Construction industry" [10].

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Harris justifica a criação de subdivisões para quebrar a seqüência do catálogo, "quando for grande o número de
obras sobre o assunto, ou quando o assunto estiver apresentado de forma a atender a um fim específico, ou
quando for limitado com respeito a tempo e lugar ou a tipos de fatos apresentados" [11].

Todas estas explicações em parte confusas e forçadas, são para justificar o uso de subdivisões sem ferir os
princípios estabelecidos por Cutter. Mas as subdivisões se impõem porque se está lidando com assuntos
complexos em que um elemento deve ter precedência sobre o outro, na organização do catálogo. Não sendo
possível "separar" os assuntos que compõem o assunto complexo, colocando-os lado a lado numa seqüência
previamente estabelecida, como fazem os modernos sistemas pré-coordenados, resulta que, na maioria dos casos,
as subdivisões são feitas em base ad-hoc, dependendo em larga escala da percepção do catalogador a respeito
da necessidade de quebrar a seqüência nas entradas do fichário para obtenção de segmentos manipuláveis [12].

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2 . 4 Propostas de sistematização

Tentando colocar ordem no caos, Prevost propõe, em 1946, a regra do substantivo, isto é, todos os cabeçalhos
devem começar por um substantivo, que indica o assunto imediato. O adjetivo, quando existente, deveria mudar de
posição (na língua inglesa), separado por um hífen. "A especificidade seria obtida por meio da subdivisão e não
pela entrada direta" [13] . Com essa proposta tentava a autora eliminar as inconsistências da lista de cabeçalhos de
assunto: "Qualquer tentativa de identificar os princípios subjacentes está fadada ao fracasso e esse fato decorre da
falta de uma base científica". As tentativas de desenvolvimento têm partido de tais listas e é por isso que, segundo
ela, não têm dado certo. "A única maneira de produzir uma teoria clara é soltar os laços que prendem o passado ao
momento atual; analisar nossos objetivos e nossas práticas; e então reconstruir" [14].

Schwartz , em 1886 [15], já havia proposto a regra do substantivo mas Cutter a rejeitaria, e os seguidores de
Cutter foram mais numerosos. Cutter argumentava que, em alguns casos, o substantivo qualifica o adjetivo, por
exemplo: Gastric fluids, Football practice, Medical practice e outros. Além disso, segundo Cutter, tal proposta
introduziria a entrada por classes, o que contrariava os princípios do cabeçalho de assunto [16].

Outro argumento contra a proposta de Prevost [17] reside no fato de que a forma do cabeçalho resultante é, por
vezes, muito diferente da expressão usual e, nesse caso, o cabeçalho seria artificial, contrariando a proposta de
Cutter de que "o público tem sempre razão" e "o cabeçalho deve ter uma forma que satisfaça a maneira usual como
o público faz a sua busca, mesmo que isso exija sacrifício do sistema e da simplicidade" [18].

Na realidade, a linguagem documentária é artificial, embora os termos sejam extraídos do uso corrente. A proposta
de Prevost tem, porém, uma virtude: a de tentar uma sistematização. Ela procura estabelecer uma ordem.
Infelizmente, insistiu na "forma do cabeçalho" e não no significado.

Coates, em seu livro sobre a estrutura dos catálogos de assunto e dos cabeçalhos de assunto [19], é o primeiro
autor a estudar a questão dos assuntos complexos do ponto de vista da classificação, isto é, ele vê o cabeçalho
como um revestimento lingüistico para os conceitos ou noções. Em seu estudo do cabeçalho composto ele investiga
o relacionamento entre os termos que o compõem e procura oferecer bases objetivas para uma decisão sobre a
forma direta ou invertida. Os seguidores da LC não tomaram conhecimento de seu estudo que, certamente,
eliminaria inconsistências no catálogo, tornando-o prescritivo.

Rejeitando as propostas de Prevost, como anteriormente Cutter fizera com Schwartz, e ignorando as de Coates, os
catalogadores, com o correr do tempo, aumentaram o número de subdivisões e de inversões, levando o público a
borboletear no catálogo para encontrar as referências de seu interesse.

Recentemente 20], a Divisão de Classificação da LC instituiu uma regra para ordenar cabeçalhos com mais de um
nome de país, numa forma, pode-se dizer, ditada pela "regra do substantivo". No exemplo Stamps - France -
Collectors and collecting - Japan não existem na realidade, dois nomes de países: semanticamente, o que se tem é
"French stamps - Collectors and collecting - Japan". A forma proposta pela LC, presume-se, visa a permitir o
agrupamento das entradas em "Stamps", isto é, pelo substantivo.

Uma vez que, ao lado dessa proposta, continuam existindo cabeçalhos do tipo French drama, French literature,
French wit and humor, etc., ela só vai aumentar ainda mais o caos existente.

Daily, em sua pesquisa sobre a forma dos cabeçalhos da LC [21] identifica uma diversidade de formas e reúne
provas suficientes para demonstrar que, de modo geral, cabe ao catalogador decidir onde deve aparecer o novo
cabeçalho (entre quais outros dois cabeçalhos mais antigos, ou em que subgrupos), e então intercalar o cabeçalho
"porque é lá que ele deve ficar".

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É fácil entender porque os cabeçalhos são inconsistentes quanto à forma: as decisões são ad-hoc, por se
basearem em considerações pragmáticas e não numa teoria consistente [22].

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3 USO DAS SUBDIVISÕES NA LCSH

3.1 Critérios para estabelecer as subdivisões

Apesar de toda orientação em contrário, a subdivisão é bastante usada na LC. Pettee, na década de 40, justifica
seu uso em especial para arrumar no catálogo obras tratando do mesmo assunto em extensos catálogos de
grandes bibliotecas [23].

Margaret Mann partilha desse ponto de vista quando declara que "a prática de agrupar sob um cabeçalho de
assunto todos os livros sobre determinado assunto é desejável até certo ponto". Entretanto, continua ela, "tal
procedimento levará, um dia, ao ponto em que as entradas sejam tão numerosas que será difícil diferenciar os
títulos. Quando isso acontecer, o assunto deverá ser subdividido" [24].

Para Haykin, se se deseja evitar os cabeçalhos alfabéticos-por-classe, então é preciso estabelecer os limites para
os métodos de subdivisão. Em outras palavras, a subdivisão deveria limitar-se à organização da forma e ao caráter
bibliográfico do material, à área geográfica coberta por ele e ao tempo de publicação ou ao período coberto. "Com
efeito, estas subdivisões são extensões ou modificações do cabeçalho de assunto e não áreas de assuntos
específicos dentro daquelas cobertas pelo cabeçalho principal [25] . Além disso, Haykin aceita a subdivisão também
no caso em que "o número de obras no catálogo for muito grande" [26].

Chan declara que a decisão de se criar uma subdivisão depende, em larga escala, "da percepção que se tem da
função da subdivisão"[27]. Se a subdivisão for usada para permitir um sub-arranjo no catálogo, então será feita
somente se houver grande quantidade de material sobre o assunto. Mas, se a subdivisão for usada com o propósito
de tornar um cabeçalho de assunto mais específico - que é a filosofia corrente na LC - subdivide-se um cabeçalho
quando houver documentos que enfoquem aquele aspecto do assunto. O cabeçalho subdividido serve, assim, para
manter coextensividade entre o cabeçalho e o documento [28].

Angell, embora reconhecendo que a tentativa de excluir a subdivisão por tópicos ou aspectos na LC nunca tenha
sido bem sucedida [29], mantém a posição de Haykin [30], que limita as subdivisões a forma, lugar e tempo, porque
a subdivisão por tópicos leva ao cabeçalho-por-classes.

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3 . 2 Tipos de subdivisão

A LC reconhece quatro tipos de subdivisões:

- subdivisão por tópicos


- subdivisão por local, ou geográfica
- subdivisão por período, ou tempo
- subdivisão por forma

3. 2. 1 Subdivisão por tópicos

A subdivisão por tópicos é aquela que mais sofre questionamento pelo fato de se caracterizar como uma entrada de
catálogo alfabético-por-classes. Haykin admite, contudo, que ela possa ser usada para introduzir um ramo do
assunto ou do tópico [31]. Nesse caso, a subdivisão se dá apenas "na forma física e não no significado", e ela não
se caracteriza como entrada de um catálogo alfabético-por-classe porque o termo secundário não pertence à
ordem imediatamente inferior à do termo primário (ou classe). Na subdivisão por tópico é freqüente a necessidade
de o catalogador relacionar dois tópicos de diferentes áreas do conhecimento ou de diferentes categorias e, nesse
caso, a questão a resolver é a ordem de precedência, ou ordem de citação. A LCSH registra, por exemplo, tanto o
cabeçalho "Selling - Automobiles" como "Automobiles - Marketing", o que não é admissível.

Há casos, entretanto, cujos assuntos estão na relação todo-parte, relação típica de um catálogo classificado, e, em
tais casos, o catálogo alfabético não pode evitar o relacionamento, sob pena de o cabeçalho perder em
especificidade e também em expressividade. A LC inclui tais tipos de cabeçalhos sob diferentes formas, como:

- Airplanes - Fuselages

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- Airplanes - Wings

- Flaps ( Airplanes )
- Tabs ( Airplanes )

A dificuldade que a LC vem enfrentando para a solução de problemas como os acima apresentados talvez se deva
à falta de uma explicitação do que se considera "especificidade" e, também, à dificuldade em aceitar o
relacionamento entre noções - que está sendo visto como subdivisão - desde que estas não sejam coextensivas.

A adoção do princípio de criação de subdivisão "para quebrar a seqüencia no catálogo" [32], quando este
apresenta muitas obras sobre o mesmo assunto, pode talvez justificar a coexistência de cabeçalhos como:

Campus planning , e
Universities and colleges - Planning

Agricultural prices, e
Eggs - Prices

A não-solução da chamada "subdivisão por tópicos" diminui a capacidade de expressão e de precisão do sistema
de cabeçalhos de assunto e mantém as inconsistências.

3. 2. 2 Subdivisão por local, ou geográfica

Na LC usa-se subdivisão de tal tipo quando o assunto tratado se limita a uma área geográfica ou política. Aplica-se
igualmente a assuntos que possuam uma conotação geográfica [33].

Como vimos anteriormente, embora Cutter tivesse evitado tal tipo de subdivisão, ele mesmo propiciou sua
introdução, ao admitir exceções às regras. Hoje tal subdivisão é prática comum, embora ainda existam cabeçalhos
do tipo: ’Rio de Janeiro - Estátuas’, quando o contrário seria o mais correto.

3. 2. 3 Subdivisão por período, ou tempo

Na LC usa-se subdivisão de tal tipo sob cabeçalhos que designem a história de um lugar ou de assunto [34]. Tais
subdivisões podem ser expressas por termos ou números.

3. 2. 4 Subdivisão de forma

Haykin sugere que se use a subdivisão de forma sempre que obra estiver numa forma especial. Tal subdivisão
descreve o modo como um tópico é tratado [35] ."Em geral, uma subdivisão de forma não significa que uma parte
determinada do tópico esteja tratada sob um ponto de vista especial, mas que o tópico esteja tratado como um
todo por meio deste dispositivo especial - um dicionário, um manual de laboratório, etc" [36].

A forma não é algo assim tão simples quanto parece à primeira vista. Harris chama a atenção para os diversos
termos incluidos como subdivisões "de forma"que nem sempre podem ser consideradas como tais, como é o caso
de "História", "História e crítica", "Crítica e interpretação", "Arte", "Recursos audiovisuais", etc. Mais adiante
voltaremos a este ponto.

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4 SISTEMATIZAÇÃO DAS DIVISÕES

4. 0 Vimos anteriormente que, para alguns autores, as inversões podem ser consideradas, por seu sentido, como
subdivisões; vimos, também, que a LC considera subdivisão aquelas partes separadas do cabeçalho principal por
um hífen; vimos, ainda, que o grande problema da LC tem sido o de estabelecer princípios básicos para a forma
dos cabeçalhos-frase, que são aqueles necessários à expressão dos assuntos complexos. Isso parece decorrer do
fato de o sistema ter por base a linguagem natural. Por outro lado, esta linguagem, em sua forma direta, nem
sempre satisfaz à organização dos catálogos de assunto, havendo, então necessidade de manipulá-los, de sorte tal
que se coloquem em evidência as palavras mais significativas. A inversão e a hifenação têm sido adotadas como
solução, embora haja forte repulsa a este último processo, por ser considerado uma volta ao catálogo alfabético-
por-classe, princípio rejeitado pelos adeptos do catálogo-dicionário, direto, sem intermediação.

A estrutura do catálogo alfabético-por-classe é genérico-específica. A LC não definiu o que entende por


"especificidade" e isso tem dificultado o entendimento do que seria uma entrada estruturada por classe. A nosso

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ver, as classes seriam aquelas em que as noções relacionadas são coextensivas, e não aquelas em que vários
assuntos são relacionados para formar novos assuntos (síntese).

No projeto de sistematização dos cabeçalhos de assuntos da BN adotamos, como base de trabalho, os princípios
de classificação, à luz dos quais procuramos entender a maneira como a LC trata a questão da "subdivisão".

A diferença fundamental, a nosso ver, entre o sistema de cabeçalhos de assunto usado nas bibliotecas e o sistema
de descritores, usados nos sistemas de informação, reside na necessidade de os catálogos de bibliotecas
indicarem não apenas os assuntos dos documentos mas também outras características. Nos sistemas de
informação, que restringem seu acervo a tipos de documentos de características mais ou menos uniformes, apenas
o assunto é objeto de preocupação do indexador.

De maneira esquemática podemos, então, identificar dois tipos de problemas no cabeçalho de assunto:

- a representação do assunto
- a designação / indexação de outras características.

No primeiro caso, o cabeçalho-frase preconizado por Cutter não tem funcionado, pela dificuldade de manipulação,
de maneira consistente, dos elementos componentes .

No segundo caso, que é o objeto deste estudo, temos "extensões ou modificações do assunto, e não novos
assuntos" , como bem expressou Haykin [37].

A solução parece estar em que os assuntos complexos devam ser analisados em seus componentes semânticos,
representados por descritores, e relacionados de acordo com uma ordem de citação pré-estabelecida para formar
novos assuntos (síntese [38]). Com efeito, o cabeçalho de assunto, mesmo invertido ou hifenado, mantém as
mesmas características semânticas de declaração natural direta. Por exemplo:

a ) Responsabilidade dos acidentes de tráfego


b ) Acidentes de tráfego, Responsabilidade dos
c ) Acidentes de tráfego - Responsabilidade
d ) Tráfego - Acidentes - Responsabilidade

Percebe-se que as quatro formas se equivalem, que as marcas nocionais são as mesmas, que o resultado
semântico é o mesmo, isto é, a estrutura linear direta (a) se refaz na mente a cada leitura das outras formas. O que
houve foi, no caso (b), inversão nos outros (c e d), segmentações, secionamento dos elementos. Tais
segmentações resultam numa coordenação aparente de conceitos que a mente a cada leitura torna a sintetizar.
Nenhum elemento é "subdivisão" do outro. "Responsabilidade" não é subdivisão de "Acidentes" ou de "Tráfego";
"Acidentes" não é subdivisão de "Tráfego".

Contrariando a terminologia tradicional, chamaremos de "subdivisões" apenas as declarações de lugar e período; e


de "divisões" as de forma bibliográfica. Na verdade, as declarações de tempo e lugar são "expansões", do assunto,
integram-no como seus últimos elementos. Enquanto as "subdivisões" de lugar e tempo dizem respeito ao conteúdo,
as "divisões"de forma, como a própria expressão está denotando, só se referem às características dos
documentos, isto é, à apresentação e o tratamento desse conteúdo.

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4. 1 Divisões de forma

A lista das chamadas divisões de forma, está sistematizada em 11 categorias. Em alguns (raros) casos,
interpretamos latamente a natureza da divisão, para que coubesse, não inteiramente fora de propósito, em
determinada categoria (p. ex.: "Descrições profissiográficas" sob Documentos Reguladores) . A categoria 11
(Documentos Textuais) está , por sua vez, reagrupada em 9 subcategorias. Esperamos que tal providência torne
mais ágil a manipulação da lista, mais fácil a identificação da natureza da divisão e, sobretudo, sirva para indicar o
"lugar" de outras possíveis divisões, já que não consideramos completa esta listagem.

1 ) Repertórios de documentos

Bibliografia
Bibliografia de bibliografias
Catálogos de fitas sonoras
Discografia

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Filmografia Resumos
Edições

2 ) Repertórios de palavras e expressões

Concordâncias
Dicionários
Dicionários infanto-juvenis
Glossários, vocabulários, etc .
Nomenclatura Repertórios geográficos
Terminologia

3 ) Repertórios de nomes próprios

Indicadores Registros

4 ) Listas de objetos

Catálogos
Inventários

5 ) Pontos de vista , perspectivas , enfoques

Aspectos
ambientais, econômicos, fisiológicos, militares, morais e éticos políticos, psicológicos, religiosos,
sociológicos, sociais, etc

6 ) Música

Catálogos temáticos
Cantos e música
Montagens musicais

7 ) Tipos de edições

Edições bilingües
Edições críticas
Edições diamante
Fac-símiles

8 ) Símbolos

Abreviaturas Marcas registradas


Notação
Siglas

9 ) Informação não-textual

Atlas
Desenhos
Estatísticas
Estatísticas médicas
Fotografias aéreas
Fotografias espaciais
Humor gráfico
Ilustrações
Mapas
Obras pictoriais
Projetos e plantas
Quadrinhos

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Quadros, gráficos, etc.


Retratos
Tabelas

10 ) Suporte físico não-livro

Manuscritos
Recursos audio visuais

11 ) Documentos textuais

Anedotas
Antologias
Anuários
Biografia
Citações
Citações, máximas, etc.
Compêndios
Compilações
Contratos, especificações etc.
Correspondência
Crítica e interpretação
Currículos
Descrições e viagens
Descrições profissiográficas
Discursos, conferências, etc.
Documentos de concessões e privilégios
Ensaios
Entrevistas
Estudos de casos
Geografia
História e crítica
Humor, sátira, etc.
Instrução programada
Legislação
Lendas
Levantamentos de dados
Levantamentos geodésicos
Levantamentos topográficos
Manuais
Manuais de amadores
Manuais de laboratório
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Romances para a juventude
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Por ser extenso este último grupo relativo a Documentos textuais, vamos apresentá-lo também de forma

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sistematizada, a saber:

a ) Biografia

Anedotas Correspondência
Entrevistas

b ) Crítica

Crítica e interpretação
História e crítica
Resenhas

c ) Documentos reguladores

Contratos, especificações, etc


Currículos
Descrições profissiográficas
Formulários
Legislação
Normas
Programas de computador
Regulamentos de segurança

d ) Geografia

Descrições e viagens
Geografia
Guias

e ) Gêneros literários

Antologias
Citações
Citações, máximas, etc
Crítica e interpretação
Discursos, conferências, etc
Ensaios
História e crítica
Humor, sátira, etc
Lendas
Meditações
Peças para a juventude
Peças teatrais
Poemas
poemas para a juventude
Romances, etc.
Romances para a juventude
Sermões

f ) Levantamentos

Estudos de casos
Levantamentos de dados
Levantamentos geodésicos
Levantamentos topográficos

g ) Livros funcionais

Compêndios
Compilações

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Manuais
Manuais de amadores
Manuais de laboratório
Manuais de observadores
Obras de vulgarização
Problemas, questões, exercícios

h ) Origem

Documentos de concessões e privilégios Patentes


Publicações oficiais

i ) Freqüencia

Anuários
Periódicos

È Início

5 OBSERVAÇÕES FINAIS

Nas Instruções de Uso cada Divisão de Forma resultante do estudo, está definida o mais claramente possível, por
vezes até com certa abundância de informações. Preferimos, neste caso, a prolixidade à concisão, pois o que se
pretende é que a definição substitua o uso. Falando concretamente, caso a definição se aplique às características
do volume sob exame, o uso da divisão estará cabalmente justificado .

Como o estudo está baseado em conceituações adotamos para cada conceito uma única expressão lingüística.
Aquelas múltiplas expressões que a LC em alguns casos preconiza, diferentes apenas no uso (já que no fundo
significam a mesma coisa ) foram, portanto, transformadas em remissivas A expressão lingüística única que
elegemos em cada caso foi sempre aquela que nos pareceu, salvo melhor juízo, a mais usual ou a mais expressiva.

Procuramos também dispor com maior clareza gráfica as instruções de uso daquelas divisões que apresentam
textos extensos e compactos, como, por exemplo, "Catálogos" e "Dicionários".

Ousamos, ainda, criar novas divisões, a nosso ver absolutamente necessárias. Os usuários da lista, cuja opinião a
esse respeito solicitamos, poderão identificá-las facilmente num exame atento do texto.

As instruções de uso, que ainda são numerosas, não limitam; apenas são exemplares do uso. A idéia é que os
catalogadores tenham liberdade de usar as divisões sempre que forem expressivas. Esta lista não se esgota aqui.
Sempre que houver necessidade novas divisões poderão ser incorporadas.

Referências Bibliográficas

[1] Cutter, C.A. Rules for a dictionary catalog. 4th ed. rewritten. Washington, Govt. printing office, 1904, p. 69.
[2] Metcalf, John. Information indexing and subject cataloging. New York, Scarecrow pr., 1957, p. 83.
[4] Haykin, David J. Subject headings: a practical guide. Washington, Govt. printing office, 1951.
[5] idem, p. 4.
[6] Harris, Jessica Lee. Subject analysis: computer implications of rigorous definition. Metuchen N. J., Scarecrow pr., 1970, p. 22.
[7] Haykin, op. cit., p. 50.
[8] idem, p. 23-4.
[9] idem, p. 50
[10] idem, ibid.
[11] Harris, op. cit. p. 27.
[12] idem, ibid.
[13] Prevost, Marie-Louise. An approach to the theory and method in general subject heading. Library quarterly, 16, 149, Apr. 1946.
[14] idem, p. 141.
[15] Schwartz, Jacob. A dozen desultory denunciations of the dictionary catalog with a theory of cataloging. Library journal, 11: 470-77, Dec. 1886.
[16] Cutter, apud Metcalf, p. 78.
[17] Metcalf, op. cit. p. 143
[18] Cutter, op. cit., p. 6 (Preface)
[19] Coates, E. J. Subject catalogues: headings and structure. London, Library Association, 1960. Cap. VI.
[20] Cataloging Service Bulletin, 16, 1982, p. 65-6.
[21] Harris, op. cit. p. 35.
[22] Daily, apud Harris, p. 35.
[24] Mann, Margaret. Introduction to cataloging and classification of books. Chicago, ALA, 1943. p. 146.
[25] Haykin, op. cit. p. 27.
[26] idem, ibid.
[27] Chan, Lois Mai. Library of Congress subject headings: principles and application. Littleton, Colo., Libraries unlimited, 1978, p. 62.
[28] idem, ibid.
[29] Angell, Richard S. Library of Congress subject headings - review and forecast. In: Subject retrieval in the seventies: new directions. Ed. by H. Wellisch
and Thomas D. Wilson, 1972, p. 150.

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[30] idem, p. 151.


[31] Haykin, p. 27.
[32] idem, p. 50.
[33] idem, p. 29.
[34] idem, p. 33.
[35] idem, p. 27-29.
[36] Harris, op. cit. p. 48.
[37] Harris, op. cit. p. 27.
[38] Haykin, op. cit. p. 27.

(Este estudo foi divulgado, inicialmente, pelo IBICT,


em 1984.A ausência de instrumentos de trabalho
deste tipo levou-nos a reapresentá-lo agora, sob nova
forma, separando o texto teórico das Instruções de uso)

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