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SEMINÁRIOS TEMATICOS:

FAMILIAS CONTEMPORÂNEAS E
POLITICAS PÚBLICAS

Profa. Dra. Ana Rojas Acosta

II semestre de 2013
6º Termo 2013/2014
OBJETIVO GERAL
“Família e história: a história da família”
Galano, Mônica Haydée In CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira.
Família e... Narrativas, Gênero, Parentalidade, Irmãos, Filhos nos
Divórcios, Genealogia, História, Estrutura, Violência, Intervenção
sistêmica, Rede Social. Casa do Psicólogo, São Paulo, 2011.

Terapeuta de Família. Professora do COGEAE/PUCSP. Coordenadora do Curso


de mediação.
Introdução:
 Nas décadas 70 e 80 do século XX, historiadores e
antropólogos trabalharam a domesticidade da vida privada
e especialmente das mudanças da família desde a Idade
Média.

 Radiografia da constituição de atores socais em cada época


histórica e o seu entrelaçamento com a característica da
família: entendendo quais seus laços e como se desenvolve a
educação sentimental e relacional por meio dos agentes da
organização narrativa em cada época.

 Censo de 2000, considerado 54.265.618 lares x tipos de


famílias de 185 milhões de brasileiros.
 Dados baseados no censo de 2000 (BGE)
Família brasileira

54 milhões de lares

Família Lar de
Clã Família um só
Família Família Mono -
Tronco Nuclear parental
Quando se busca conceituar família
encontra-se dados sobre:
por quem esta formada, quais são os
membros considerados da família? È o
parentesco criado pelo sangue, pelas
afeições ou pela convivência?
Aonde reside a fronteira da família e ao
redor de quê contornos podemos fechar uma
definição que abarque a diversidade que nos
leva a associações tribais, passando pela
conjugal vitoriana até as atuais mono
parentais?
 O lar é onde se recebe a criança para cuidado e educação,
mas é o tabuleiro onde se joga o jogo das afeições, lealdades e
solidariedades, amores e ódios construindo seus laços com a
sociedade e criando os vínculos entre sues membros.

O Brasil herdeira do devir civilizatório da Europa ocidental,


especialmente mediterrânea e ibérica que a chegada dos
portugueses, as influência indígenas e africanas tecem no
espaço doméstico uma maneira de estar na família “oficial” e
ao mesmo tempo espaço de afetividades e moralidades
paralelas entre a casa grande e a senzala. No entanto, as
estruturas familiares européias baseadas na ordem e a lei
herdada do direito romano, serão construídas sobre a
experiência do senhor e do escravo.
Categorias de análise
• A sociedade: o que fazem e lugar social que ocupa
(base para o poder econômico, político e status social);

• Os laços: o que une as pessoas que se espera que


uma;

• A família: estruturação do parentesco, com suas


possibilidades e imposições; refugio e centro de espaço
de privacidade

•Organizador narrativo: sentido cultural e


psicológico das relaçoes.
“A família é o lugar de interdependências significativas
(GERGEN, 1991)”
A organização social da família
 Patriarquia x patrilinearidade (busca pela
descendência do lado paterno, pelo controle da
mulher e de sua prole);
Fatores que influenciaram: a estabilização da
agricultura, a expansão da manufatura - comércio, o
ferro a tecnologia da guerra, a expansão territorial e
acumulação patrimonial.
Linhas claras de paternidade e exclusividade sexual
das esposas. A vida matrimonial só vedada ao clero (o
que não impedia que tivessem mulher e filhos,
mesmo considerados bastardos).
Endogamia ou exogamia (fora do clã)
FAMILIA

Lugar que determina um papel no espaço


familiar: pai, mãe, filho, tio, sobrinho ou
neto.
AS DIFERENTES ORGANIZAÇÃOES
FAMILIARES
Sociedade moderna:
 Invidualismo e profissionalismo
 Público x privado
Idade média
 Grupos, clã, linhagens, corporações, fraternidades
(relações de consangüinidade e trabalho)
 Aristocria: coragem e magnanimidade

Acumulo de territórios trouxe os feudos que selavam


alianças pelo casamento.
 Clã: pessoas que podiam traçar a descendência
comum de um antepassado que o fundou.
 Linhagem: o pai com poder e hegemonia sobre os
filho casados e seus descendentes unilinear com
transmissão patrimonial.
 Família tronco: preservação do patrimônio e o
fortalecimento das relações entre irmãos (França).
 Patriarcado (estrutura Moderna) direitos de linhagem
são do pai, ou seja, vinculo de descendência é dado
pelo lado paterno. (Sobrenome de casada).
 Dote (final época Moderna) concedido pelo pai da
noiva permitia que a família pudesse sobreviver com
recursos próprios.
 Na Era industrial, o fortalecimento das repúblicas, fim
das monarquias, mundo rural em decadência o
aumento do êxodo do campo à cidade (outros países)
vão se cortando os laços extensos de família e
consolidando uma nova formação da família: família
nuclear que obedeciam econômica e afetivamente ao
pai. Consolidação do espaço privado e o
individualismo.
 Familía monoparental (viúvas, viúvos, sem
companheiro-a);
 Familias de um só membro;
 Família canguru.
IDADE MEDIA – do século V até
XV – NASCIMENTO DO OCIDENTE
 A terra de quem conquistava e conquistada por meio
de guerra e do ataque, a aristocracia, era ao inicio uma
aristocracia guerreira.
 Herdeira de Roma e do cristianismo a Europa nasce
como filha da civilização mediterrânea, e nos
americanos dessa Europa.
A sociedade
Camponês, artesão, clérigo, bispo, soldados, cavalheiros,
aristocráticos, chefes e líderes militares. Os excluídos
sem terra nem bem dedicados a mendicância ou
outros.
Os laços:
 honra (parentes), a moralidade religiosa e a lealdade ao rei;
 o intercâmbio das mulheres era selado nas associações
amistosas. As filhas eram dadas aos colegas de guerra para
selar lealdades.
A família:
 Assentamento territorial de tribos nômades. Clã e linhagem
predominavam como família, mas para adquirir prestigio devia
ampliar-se via o casamento com tendência endógena.
 Patrimônio/família/apoio político assegurava a coesão da
comunidade e a estruturação social.
Organizadores narrativos
Só o clero e a nobreza tinham direito a leitura. Obediência a Deus e
ao Senhor. O PERMITIDO, DESEJADO E O PROIBIDO.
IDADE MODERNA – Renascimento do
século XV até o XVIII– NASCIMENTO
DO DA VIDA PRIVADA

A hegemonia da Igreja católica se perde com os


movimentos protestantes. Deus não é mais
unanimidade: o centro pertence ao homem.
Recriações do espaço familiar: a cama é do individuo ou
do casal; a escada privada, o corredor, o hall de
entrada. Na busca pela intimidade.
Espaços de convívio por afinidade, recepções da damas
burguesas e os salões em clubes e as sociedades
acadêmicas.
A sobrevivência é a força da Sociedade
 Europa e o Novo Mundo: os donos da terra e os
que trabalhavam na terra (camponeses cuja
estratégia trabalho);
 Herança da aristocracia: os que governam e a
sociedade cortesã, comércio e serviço militar.
Nasce a burguesia territorial.
 Viajantes do novo mundo: legais ou piratas;
 Invenção da imprensa móvel, divulgação do
livro: o analfabeto surge nesse período.
Os laços
 A hierarquia e o poder há honra e a lealdade vão dar
lugar ao poder da riqueza e o patrimônio;
 O dote se consolida. O casamento com seu par para
cima o par social:
 Dote dato pela família da noive serve para fortalecer a
autonomia e o status da noiva;
 Cooperação com o genro e o jovem casal.

Incremento do celibato e reclusão das mulheres em


conventos e o aumento da afetividade
Família:
 Consolidação do casamento consangüíneo para manter o patrimônio
dentro da família da noiva, após dilema entre as tendências
endogámica e exogámica. A forma de família tronco de sobrepõe
especialmente quando as filhas herdam o patrimônio.
Na França o homem menor de 30 e a mulher menor de 25 estavam
proibidos de se casarem sem consentimento paterno (até o sec.
XVIII)
Entre os séc. XVI e XVIII a criança conquista lugar junto aos pais,
pois antes o infanticídio era tolerado, diferente da idade média que
deixava as crianças com estranhos, pois os adultos passam a se
preocupar com sua educação, saúde, futuro. Isso ocorre dentre os
nobres, burgueses e artesãos ricos.

Valor da família restringida a um núcleo menor, onde nascem os


sentimentos de individualidade, intimidade e privacidade,
prezados pela ideologia burguesa.
Organizadores narrativos
 A divulgação do livro extra-conventos, a criação de
espaços letrados, as universidades leigas, a literatura
autógrafa, a literatura de civilidade (códigos de
comportamento) e na pictografia a dessacralização
deixa lugar ao individuo e a família;
 A imitação das formas clássicas e o humanismo
destronam Deus do centro das atenções humanas.
 A educação sentimental e psíquica; os novos
formadores de opinião serão a aristocracia com sua
etiqueta social, os cientistas com sua nova visão de
mundo, e os escritores com seus modelos de heróis
humanos com paixões e dramas como Shakespeare, e
o Quixote, de Cervantes os baluartes dessa nova
literatura.
Brasil colônia
 Constituição do ser brasileiro (Gilberto Freire – casa
Grande e senzala): encontro, choque, submissão e
integração dos colonizadores portugueses;
 As portas para os estrangeiros eram abertas aos
estrangeiros, só importando que fossem católicos;
 No recôncavo Baiano e em Pernambuco a sobra da
plantação de açúcar e em São Paulo e Minas no café.
 Duas raças: o branco e o negro, misturadas nas casas
grandes alterando relações culturais e sociais;
 Casamentos arranjados entre homens mais velhos e
mulheres da sociedade, entre 12 e 15 anos convertidas
em matronas que competiam com as moças que o
senhor tomava si enchendo de filhos ilegítimos a
senzala. Sinhãs, negras e moleques.
Onipresença da família extensa, diferente de Portugal.
Mas com muito estigma da cor.
Devido a intimidade entre a escrava e o senhor, as
relações familiares foram tingidas de ambiguidade
perversas, em que desejo e desprezo, amor e
obediência deixaram enormes marcas na alma do negro
brasileiro.
IDADE CONTEMPORÂNEA –
Revolução Industrial - século XVIII até a
metade do século XX
Consolidação da burguesia determina sua entrada no poder político.
Nascem as repúblicas na Europa e com o passar do século XIX
as colônias ganham sua liberdade.
Do campo a cidade é o maior movimento da Europa, as máquinas a
vapor, o desenvolvimento do vapor e o desenvolvimento da
industria criam novas formas de viver e se relacionar.
A ciência, as invenções e a industria bélica mudaram as formar de
viver e morrer da humanidade que o mundo ocidental
incorporou na primeira metade do século XX mais mudanças
que nos três séculos anteriores.
A religião perde poder sob o peso de novos atores e a
homogeneidade do tecido social se perde também.
A sociedade:
- A industrialização= fenômeno urbano;
Migração = cinturão de pobreza nas cidades
Perda de coesão social
- A aristocracia perde terreno, a burguesia terra tenente é
ampliada;
- Empregados e os empregadores, portanto surgem os sindicalistas
(políticos profissionais) confrontam-se com os políticos por
herança ou nome familiar.
- Cinema: astros e as estrelas. Médios de comunicação de massa
começam a usar da visualização.
- Os anônimos e os celebres;
- Movimento de legitimização a esses hábitos e costumes;
- Os teeenagers consolidam este movimento com a visualização,
legitimização e legalização.
Militância
Surgimento dos direitos especiais para os jovens;
Movimentos sufragistas;
Movimentos feministas;
Movimento pelos direitos civis das minorias.

Os analfabetos = os excluídos.
Laços: Divisão pública/privada = aumento de
intimidade na arquitetura doméstica;
- Sociedade industrial que demanda de moradias
distantes dos domicílios e portanto transporte
coletivo;
- Separação entre mundo público x mundo
privativo

Público = competência e profissionalismo


Privado – carinho e proximidade emocional.
Família moderna: conjugal, nuclear e doméstica;
Formalizar e legalização do casamento pelos sentimentos e
emoções;
Menor interferência dos país nas uniões dos filhos,
inclusive pela inserção no mundo do trabalho;
A legislação estipula divisão igualitária do patrimônio
familiar (teoricamente não há diferença entre irmãos
ilegítimos e legítimos);
Entrada de mulher no mercado de trabalho industrial;
Reconhecimento da adolescência: portanto o status deve
ser conquistado por esta novo grupo da sociedade
(momento de preparação para avida adulta enfatizando
as exigências no mundo do trabalho e do estudo.
Organizadores narrativos:

● TV – comerciais, público com muita dúvida


“ver para crer”
● Imagem espetáculo

● Novelas televisivas; recriam educação


sentimental antes encontrada na literatura.
IDADE DA PÓS-MODERNIDADE - século
XX (INICIO DOS ANOS 60)

As doenças, devido a modo de vida da sociedade foi cobrado pela


natureza, tendo que parar para olhar suas máquinas.
As raízes desta revolução cultural dos anos 60-70 ocorreu nos Estados
Unidos e na Europa.

A sociedade
Consumismo / celebridades (esportistas, artistas, políticos, cientistas-
formadores de opinião);
Sociedade alternativa contra o consumo industrial -os hippies,
militantes naturistas, feministas, homossexuais, ativistas de esquerda,
atores sociais que se auto excluem da sociedade.
Os laços
●Controle da natalidade pílula, união pelo desejo e prazer

(amizades coloridas) proximidade física sem envolvimento


emocional.
●Comunhão ideológica.

Família:
● Relações passageiras e laços emocionais mais frouxos,

aumento dos divórcios e novos casamentos;


● Instabilidade familiar, crescimento de lares
monoparentais;
● Famílias reconstituídas ou com filhos de diferentes
casamentos;
● Legitimação e legalização das relações homossexuais.

●Homoparentalidade.
Organizadores narrativos:
● Desde os 50 TV brasileira, mas nos 70 se massifica;
● Transmissão da guerra ao vivo em repetidas
oportunidades levando a que essas imagens de dor e
sofrimento das vitimas se tornasse em sentimento de
compaixão em indiferença.

Nova moral: a violência, sexo se tornam-se mais


permissivas, comum.
Idade cibernética – GLOBALIZAÇÃO
ANOS 90
No final dos 90 é que entramos na época das máquinas e junto
com elas a organização global do mercado;
A invenção do www = nova era: fonte de negócios.

Organizadores narrativos; o que constrói o sentido do século


XXI: reality show, blog, narcicismo,

A sociedade celebridades em famosos. Novas aristocracias,


imitados, surgimento do setor de serviços ou terceirização de
serviços. Mão de obra a qual não se paga as garantias
protegidas do século anterior, criação do terceiro setor, OGNS.
A comunidade virtual,bate papo, orkut, etc. Nasce terceira
idade (direitos)
Laços
●Criação de ética mutante e antropofágica;

●Virtualização das relações;

●Tempo vivido hiperacelerado;

●Hiperexposição;

●Conversas altas com celular, câmaras filmando.......

Família
● Casamentos, re-casamentos (filhos com quartos em ambas casas);

●Número de domicílios das pessoas;

●Família canguru

●DNA para assumir a paternidade.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Família que cria laços por lealdades, por honra,


por sobrevivência material ou por ideologia; com
sentimentos de amor, de paixão ou de pura
conquista sexual; desde os duradouros e
passageiros.
Bibliografia
“Família e história: a história da
família”
Galano, Mônica Haydée In CERVENY, Ceneide Maria de Oliveira.
Família e... Narrativas, Gênero, Parentalidade, Irmãos, Filhos nos
Divórcios, Genealogia, História, Estrutura, Violência, Intervenção
sistêmica, Rede Social. Casa do Psicólogo, São Paulo, 2011. pp115-147

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