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REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL – PROPOSTAS DE NORMAS


TÉCNICAS PARA O CADASTRO AMBIENTAL RURAL

PROPOSTA I

NORMA TÉCNICA PARA OPERAÇÃO DE RECEPTORES


PORTÁTEIS DO GNSS - HANDHELDS

ROBSON RAMOS CORGOSINHO

GEÓGRAFO

VARGINHA – MG

2.013
2

SUMÁRIO:

Página

Introdução ..................................................................................................03

1 – Receptor portátil (Handheld) ................................................................04

2 – Principais fontes de erros nas leituras autônomas ...............................05

3 – Fundamentos da Correção Diferencial (DGPS) ...................................05

3.1 – DGPS com o GPS Pathfinder da Trimble ....................................07

4 – Cuidados na operação de Handhelds ...................................................08

4.1 – Cuidados com a geometria de satélites ......................................08

4.2 – Cuidados com o estacionamento do receptor ............................10

4.3 – Cuidados no planejamento das missões ....................................11

4.4 – Cuidados na aquisição e processamento dos dados .................12

4.4.1 – Aquisição dos dados........................................................13

4.4.2 – Processamento dos dados..............................................16

5 – O pós-processamento diferencial empírico ..........................................24


INTRODUÇÃO

Com o advento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) os procedimentos de campo para a


Regularização Ambiental vão se distanciando dos procedimentos da Regularização Fundiária.
Deste modo passa a existir a necessidade de uma maior autonomia por parte dos profissionais
empenhados na produção de peças técnicas do georrefenciamento ambiental, agora sem a
rigidez do Georreferenciamento Fundiário. O emprego de receptores de GPS / GNSS já tem
sido assunto de diversas publicações com complexidade variada, pois hoje em dia é grande a
diversidade e quantidade de usuários do Global Navigation Satellite Systems. Entretanto não
existem métodos especificamente dirigidos para este público composto por Biólogos,
Geógrafos, Especialistas Florestais e Agrícolas, empenhados na Regularização Ambiental.
Este trabalho não é científico em termos acadêmicos e nem consolida conteúdos para
iniciantes. O que se pretende é consolidar conhecimentos para operação de handhelds e
softwares com o objetivo específico de dotar estes profissionais do ferramental necessário.
Neste sentido a linguagem empregada aqui é quase leiga, mas tem o aprofundamento
adequado ao objetivo. Não pretendemos diminuir os níveis de qualidade dos levantamentos em
relação aos procedimentos da Regularização Fundiária. Qualidade por definição é
adequabilidade ao uso (Juran). Assim precisamos alcançar os níveis de qualidade próprios
para procedimentos de Regularização Ambiental
1 - RECEPTOR PORTÁTIL (HANDHELD)

Os receptores portáteis de GPS para manutenção de Sistemas de Informações


Geográficas (GIS), aqui definidos para a Regularização Ambiental, são aqueles que
estão em um nível de precisão entre os receptores Geodésico-Topográficos e os
receptores autônomos de navegação automobilística ou esportiva. Genericamente os
primeiros são de precisão sub-métrica, os segundos de precisão métrica variando de 1
a 3 metros (pós-processada) e os últimos de precisão métrica variando de seis metros
para mais. Pertencem a esta classe receptores como os Geoexplorer CE , Juno Séries
e o PDA p550 da Mio. Isto para falar dos mais conhecidos com aplicação para os
Sistemas de Informações Geográficas.

Geoexplorer CE PDA Mio p550 Juno Series


Os dois handhelds escolhidos da Trimble reúnem características configuráveis próprias de
instrumentos profissionais, com ênfase na coleta de pontos. Sua precisão autônoma varia de 4
a 10 metros e pós-processada de 1 a 3 metros. Têm o inconveniente de dependerem de
softwares custo elevado para a transferência e conversão dos arquivos de pontos.

O PDA Mio p550 apresenta algumas vantagens para aplicações GIS na área ambiental. Tem o
preço mais acessível em relação à maioria dos receptores da mesma categoria; sua precisão
autônoma fica acima de 10 metros e a pós-processada a partir 3 metros. É compatível com
dois softwares gratuitos para Sistemas de Informações Geográficas.

Um receptor para navegação esportiva de baixa precisão com cabo de transferência de dados
para o computador de mesa é sempre útil. É empregado na rápida coleta de pontos de forma
que sejam planejadas sobre imagem de satélite (Base de Imagens do Google Earth) a
regularização ambiental da área em estudo (Um usadinho da Garmin ou Magellan, compatíveis
com a interface do GPSTM PRO).

NOTA 1: Global Navigation Satellite Systems - GNSS


Atualmente quando nos referimos genericamente ao sistema GPS, estamos nos referindo na
realidade às constelações NAVSTAR dos Estados Unidos, GLONASS da Federação Russa e
logo à GALILEO da União Européia.. A união destes sistemas de posicionamento por satélites
compõem o Global Navigation Satellite Systems (GNSS). Alguns receptores modernos já
rastreiam simultaneamente as novas constelações. Esta condição melhora em muito a
qualidade das coletas de dados, pelo acréscimo de satélites disponíveis. A China já está
desenvolvendo o seu sistema que fará parte do GNSS, a partir de 2020. Países como a
França, Japão e Índia também desenvolvem as suas próprias constelações

Em um futuro próximo a Correção Diferencial DGPS vai ficar muito mais facilitada para os
levantamentos de precisão milimétrica. No entanto continuará sendo necessária para
sincronização dos sinais das diversas constelações que compõem o Global Navigation
Satellite Systems .
2 - PRINCIPAIS FONTES DE ERROS NAS LEITURAS AUTÔNOMAS

Fonte de Erro Erros


Satélite Erro de órbita
Erro do Relógio
Atraso nas portadoras (L1 – L2)
Propagação do Sinal Refração troposférica
Refração ionosférica
Perda de ciclos
Sinais refletidos (Multipath)
Receptor e Antena Erro do Relógio
Erro entre canais
Erro da fase da antena
Operador Erro na configuração do equipamento
Estacionamento inadequado do equipamento
Falta de planejamento das missões
Erro de processamento e análise dos dados

3 - FUNDAMENTOS DA CORREÇÃO DIFERENCIAL (DGPS)

Observou-se que a utilização simultânea de dois receptores (o Base fixo como referência e o
Rover móvel para levantamento de dados), rastreando os mesmo satélites, elimina quase
todos os erros das leituras, até mesmo o que restou da disponibilidade seletiva. Só não elimina
os erros de operação.
A correção diferencial de dados pode ser feita em tempo real, quando se dispõe de um
receptor de Base, em posição fixa nas proximidades do levantamento. Para tanto se torna
necessário a utilização de dois receptores de boa precisão ou a utilização de dispositivos
receptores dos sinais de rádio das estações de monitoramento de contínuo de satélites.

Pode ser conduzida por pós-processamento no escritório. Neste caso, no lugar do receptor
de Base são utilizadas as estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC).
Assim a estação considerada colhe dados de grande precisão, no mesmo instante em que o
receptor do usuário colhe os seus. O usuário envia os seus dados para a estação considerada,
via Internet, para o processamento. A RBMC está dotada de estações particulares (Santiago &
Cyntra) e públicas, administradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Não perdendo de vista os objetivos desta proposta, vamos considerar aqui apenas a condição
que pode estar mais acessível para quem trabalha no levantamento de dados para a
Regularização Ambiental: a correção diferencial por pós-processamento.

O IBGE diz o seguinte:

“As estações da RBMC desempenham justamente o papel do ponto de coordenadas


conhecidas, eliminando a necessidade de que o usuário imobilize um receptor em um ponto
que, muitas vezes, oferece grandes dificuldades de acesso. Além disso, os receptores que
equipam as estações são de alto desempenho, proporcionando observações de grande
qualidade e confiabilidade”.
As observações são de fato confiáveis, mas na prática não é assim tão simples fazer a
correção diferencial com base nelas. Estas não se abrem diretamente no computador do
escritório, tal como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo. É preciso estudar os passos da
correção, explicados no endereço eletrônico do IBGE ou nos procedimentos da Santiago &
Cyntra.
3.1 – DGPS COM SOFTWARE GPS PATHFINDER OFFICE (HANDHELDS DA TRIMBLE)

Os “handhelds” da Trimble operam com um software que reconhece o seus hardwares, o


TerraSync, e outro no computador de mesa, o GPS Pathfinder Office, que tem basicamente
três funções: reconhecer os levantamentos coletados pelo receptor na extensão de arquivos
.SSF, transferi-los para o computador de mesa; retificar os levantamentos por pós
processamento em relação aos parâmetros de estações de monitoramento contínuo; convertê-
los em extensões de arquivos gráficos para que possam ser editados em softwares como o
AutoCAD e o ArcGIS.

Este pós-processamento no Hemisfério Norte é de baixa complexidade, graças à alta


densidade de estações de monitoramento. Representam na prática simples rotinas para a
operação do software:

Os arquivos do levantamento são selecionados pelo computador de mesa

Seleciona-se uma estação de monitoramento


Os dados são corrigidos através de simples ações no teclado do computador

4 - CUIDADOS NA OPERAÇÃO DE HANDHELDS

Uma operação descuidada compromete todo um projeto, pois os erros do operador não são
compensados por nenhuma modalidade de correção diferencial. Neste sentido passamos a
enfatizar alguns cuidados imprescindíveis a cada passo da operação.

4.1 – CUIDADOS COM A GEOMETRIA DE SATÉLITES

A geometria de satélites é o primeiro fator de observação que evita erros de operação. Ela é
designada pela Dilution of Precision (DOP) que corresponde a um poliedro invertido, cujas
arestas são as linhas das direções de propagação dos sinais sobre o receptor considerado.

DOP ALTO - RUIM DOP BAIXO - BOM

A POD assume diversas componentes de posição e tempo, mas para quem opera handhelds
vai ser considerada apenas a Positional Dilution of Precision (PDOP) que afeta a precisão nas
três dimensões e é parâmetro de configuração. É através deste parâmetro que os handhelds
podem ter os seus filtros aplicados de forma que sejam consideradas as melhores geometrias
e que se possa fazer o planejamento (Plan) das missões. Este planejamento indica as faixas
de horários mais favoráveis para os levantamentos.
A PDOP pode ser teoricamente expressa por valores numéricos de 0 a 10. Significa que se os
satélites estivessem no horizonte possível 0 a geometria seria nula e se posicionados na
posição zenital 10, a geometria seria total. Os valores mais baixos correspondem às
geometrias mais indicadas, mas nos handhelds estão limitados ao PDOP < 6 e quando os
satélites estão em alturas acima 15°, em relação ao ponto estação do receptor.

Tais restrições de limites de altura no horizonte se devem ao fato de que quanto mais distantes
na sua trajetória orbital os satélites estiverem do ponto estação do receptor, mais distorções
existirão nos dados colhidos. Nestas condições ficam aumentadas as refrações na
transposição dos sinais através Ionosfera e Troposfera.

É preciso entender o mapa do céu no receptor (skyplot) para que sejam aplicados os filtros que
reconhecem as geometrias favoráveis dos satélites:

NOTA 2: O ícone compreendido entre a quantidade de satélites rastreados e o


indicador de carga da bateria, no topo da tela do “Skyplot” , é uma alternativa de
correção diferencial em tempo real. Trata-se da “Integrated WAAS”, uma
emissão de sinais de rádio para fins de navegação aérea (aterrissagens
precisas). Não está disponível para o Hemisfério Sul. É preciso tomar cuidado ao
adquirir dispositivos de DGPS separados do receptor, sem a devida assistência
técnica. Atualmente é importada uma grande diversidade de equipamentos já
usados, sem que seja observada esta limitação operacional.
O ALMANAC é um relatório emitido pelo handheld que informa a situação atualizada dos
satélites

Através dele ficamos sabendo, por exemplo, que


existem sete satélites rastreados, mas que dois
deles estão sendo ignorados pelo filtro da PDOP,
pois se encontram em alturas inferiores a 15°.

O ângulo de direção horizontal de cada satélite,


tendo como base a direção do Norte Verdadeiro
em relação à posição receptor (Azimute), é
mostrado na coluna Br(T). Ele serve também como
referencial para a avaliação da PDOP, pois indica
mais precisamente a distribuição dos satélites ao
longo dos 360° do horizonte.

Má Boa

4.2 – CUIDADOS COM O ESTACIONAMENTO DO RECEPTOR

As distorções provocadas pelo mau posicionamento do receptor são por vezes confundidas
com a PDOP, pois estão relacionadas com a maneira pela qual as linhas de propagação dos
sinais dos satélites chegam até ao receptor. Elas aparecem pelo “efeito de sombra”, quando
acontecem interrupções dos sinais pela existência de algum obstáculo físico; também
aparecem pelo multicaminhamento (Multipath) quando existe a reflexão deles em elementos da
superfície terrestre. Na primeira situação é fácil eliminá-las pela escolha de um posicionamento
mais adequado. No multicaminhamento nem sempre, uma vez que os sinais são refletidos em
edificações, lâminas de água e até mesmo no próprio solo.

Por interrupção – Efeito de sombra Por reflexão - Multicaminhamento

Para que sejam atenuados os efeitos do multicaminhamento, recomenda-se escolher um local


onde não se verificam espelhos de água (Lagos, remansos, água empoçada) e obstáculos
acima de 5° em relação à posição do receptor. Existem antenas próprias para os handhelds,
que além de desenvolverem o ganho dos sinais, diminuem sensivelmente os efeitos de
multicaminhamento.
4.3 – CUIDADOS NO PLANEJANDO DAS MISSÕES

Os cuidados a serem observados para o planejamento das missões podem ser compreendidos
da seguinte forma:

Quanto ao local do levantamento:

Escolher pontos que evitem o “efeito de sombra e atenuem o multicaminhamento”;

Escolher pontos de fácil acesso e que evitem a retirada da cobertura vegetal para a colocação
de piquetes ou marcos de vértices;

Escolher dias com céu aberto para as coletas, evitando principalmente as nuvens escuras e
espessas em forma de cúpulas, características de temporais de verão.

Quanto ao receptor:

Configurá-lo, observando os detalhes para o mapeamento.

Antena: Altura = 2, 000m; Tipo de Antena – Externa mini


Escala de produtividade e precisão – na posição média
PDOP – Máximo = 6
Elevação mínima =15°
Configuração para tempo real = GPS não corrigido (Vide Nota2)
Sistema de coordenadas = Latitude /Longitude – Datum WGS 1984
Referência de Altitude = Nível médio dos mares
Unidade de distância = metros
Unidade de área = metros quadrados
Unidade de velocidade = Quilômetros por hora
Unidade Angular = graus sexagesimais
Formato da Lat/Lon = DD, ddd° (Fica mais fácil para digitar dados nas cadernetas de campo)
Norte de Referência = Verdadeiro
Declinação Magnética = 0,00°

NOTA 3: Estas configurações poderão ser alteradas quando da transferência de arquivos de


pontos para o computador de mesa, através de softwares de pós-processamento como o GPS
Pathfinder Office. Também existem opções mais acessíveis que, apesar de não realizarem o
pós- processamento dos arquivos de pontos podem redefinir o modo das unidades e as
características geodésicas. O software GPSTM PRO (Não serve a versão gratuita) ou o Global
Mapper são exemplo deles. O GPSTM PRO também é mais facilitado para o mapeamento por
imagens de satélites calibradas. Possibilita a sobreposição de arquivos em camadas. O Global
Mapper é mais facilitado para interpolação de curvas de nível e definição de atributos de
pontos plotados para GIS. Estes softwares ainda funcionam como interfaces gráficas,
possibilitando a exportação de arquivos de pontos em formatos próprios para as mais diversas
aplicações para o desenho de mapas.
Quanto ao planejamento do PDOP

Utilizar a função PLAN. É através desta função que fica possível planejar as missões para as
faixas de horários mais favoráveis:

A tecla do “Play” vai fazer rodar o gráfico que fica na


parte inferior da tela, em uma linha de tempo com
duração definida na opção “Hours”.

Os intervalos em cores devem ser interpretados da


seguinte forma:

Em azul = boas condições;


Em amarelo ou verde = condições duvidosas;
Em vermelho = condições não recomendadas;
Em branco = Sem condições. Quantidade insuficiente
de satélites rastreados.

A opção “Now” vai mostrar as condições do momento.

4.4 – CUIDADOS NA AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DOS DADOS

Façamos uma experiência para conhecermos a natureza das medidas autônomas: Vamos até
um marco de coordenadas conhecidas e sobre ele registremos as coordenadas lidas,
observando um tempo de aquisição de quinze minutos para cada ponto, no decorrer de 24
horas. Utilizaríamos para isto um receptor autônomo de precisão de 4 a 10 metros (sem pós-
processamento).

Teríamos como resultado um diagrama de dispersão ao redor do marco, semelhante ao


ilustrado abaixo:

Algumas medidas caem aleatoriamente até


mesmo em uma zona mais precisa do que a
precisão nominal bruta do receptor.
Entretanto nenhum agrupamento de pontos
sinaliza que exista qualquer correlação ou
capacidade estatística que permita uma
correção matemática das leituras.

Braços simétricos se formam de dentro para


fora em três quadrantes. Indicam um
afastamento cíclico das medidas, que pode
estar associado ao aumento de refração
ionosférica e troposférica das emissões dos
satélites que ficam mais distantes. Mesmo
assim não fica qualquer relação lógica entre
os pontos.

Observando a natureza imprevisível das medidas autônomas (brutas) é que teremos a certeza
da necessidade de aprimorarmos a operação cuidadosa.
4.4.1 – AQUISIÇÃO DOS DADOS

a) Utilização do receptor com antena externa

A utilização de antena externa é imprescindível nos handhelds devido à necessidade em se


colocar o centro da recepção alinhado com o eixo vertical do marco. Esta antena também
evita distorções a que estão sujeitas as antenas internas pela proximidade de objetos.

As antenas dos handhelds são de baixo custo e de características bem semelhantes. O


cuidado que se deve ter é com as especificações de conectores. Como regra prática: se o
conector é compatível com o encaixe no receptor, a antena também é compatível com ele.
Por este motivo não se deve tentar fazer adaptações ou improvisações no conector da
antena, forçando a sua adaptação ao receptor.

Estes tipos antenas foram desenvolvidos para que os handhelds pudessem ser empregados na
navegação, estando dentro de veículos. Existe nestas antenas um imã na base para que elas
possam ser afixadas pelo lado de fora dos veículos. Aqui definimos para elas a função de
centralizar recepção de sinais em cima de cada piquete ou marco que define a locação da área
considerada.

b) Composição do dispositivo para aquisição de pontos

Além da necessidade de centralizar a recepção de sinais com o marco, o tempo de aquisição


mínimo de quinze minutos para cada ponto torna necessária a utilização de uma haste de
receptor que o deixe mais firme e que não canse o braço do operador

O contêiner da antena pode ser desenvolvido da seguinte forma: escolher uma embalagem
circular em plástico branco, cujos rótulos estampados devem ser removidos com solventes de
tintas; utilizar uma tampa do mesmo material para evitar o aquecimento pela incidência de raios
solares (quando em veículos, estas antenas têm um arrefecimento natural, pelo movimento do
ar na lataria). Esta tampa não pode ser pintada.

O fundo deste contêiner deve ser revestido internamente em papel alumínio com a face
brilhosa voltada para baixo, de forma que sejam diminuídos os efeitos do multicaminhamento
(Multipath) vindo do terreno nas proximidades. No centro deste fundo deve ser adaptada uma
conexão branca de PVC para que o conjunto possa ser afixado na haste. No topo desta
conexão será colada internamente uma chapa de metal circular, paralela com o fundo do
contêiner, onde ficará afixado o imã da antena.
Finalmente será feito um orifício no fundo, do mesmo diâmetro do cabo coaxial. Vide ilustração:

A altura da antena deve ser exata (Recomenda-se 2m), pois será configurada no receptor. As
demais dimensões não são críticas para a qualidade do levantamento. Assim a aparência do
dispositivo tem a ver com a criatividade de cada um, mas sem exageros na amplitude da
qualidade.

Antena na ponta de uma vara de bambu Dispositivo com direito a pose


c) O registro de dados do levantamento

O GPS Pathfinder Office é a única opção para registro direto do levantamento para os
receptores da Trimble, visto que os arquivos gerados por eles estão na extensão SSF não são
compatíveis com nenhum outro software para o desenho de mapas.

Uma alternativa para esta condição é o registro indireto do levantamento. Torna-se necessário
um retrocesso nos procedimentos de campo ao ressuscitarmos a velha caderneta de registro
manual. Mas conforme já visto, o tempo de aquisição de pontos é relativamente longo quando
falamos de rotinas apenas para a plotagem se pontos mais precisos. Alguns poucos segundos
adicionais para o registro manual das leituras com certeza não representam uma perda de
tempo importante.

NOTA 4:

Nunca é demais lembrar que a


haste do dispositivo deve estar bem
centrada com o marco de referência
ou com os piquetes que demarcam
os elementos no terreno. É claro
que pela precisão do receptor estas
medidas cairão dispersas ao seu
derredor, mas com certeza os
dados assim obtidos estarão muito
mais próximos da realidade,
quando pós-processados.

As leituras são feitas da seguinte forma:


4.4.2 – PROCESSAMENTO DOS DADOS

a) Levantamento preliminar da propriedade em estudo

São colhidas as coordenadas de pontos notáveis no terreno, utilizando-se para isto um


handheld mais preciso:

COORDENADAS
PONTO Nº DATA / HORA
LATITUDE LONGITUDE ALTITUDE (m)

01 -21,66605000 -45,28188333 864 13/09/2012 09:08


02 -21,66653333 -45,28256667 870 13/09/2012 09:08

03 -21,66685000 -45,28308333 875 13/09/2012 09:08

04 -21,66726667 -45,28368333 878 13/09/2012 09:08

05 -21,66720000 -45,28190000 887 13/09/2012 09:08

06 -21,66868333 -45,28063333 889 13/09/2012 09:08

07 -21,66828333 -45,28010000 891 13/09/2012 09:08

08 -21,66796667 -45,28125000 888 13/09/2012 09:08

Conforme visto, os dados foram registrados manualmente em uma caderneta de campo. Os


arquivos na extensão SSF só são convertidos e transferidos pelo software GFO, que não
utilizamos para esta finalidade uma vez que pretendemos consolidar procedimentos
comuns à utilização de receptores de fabricantes diversos. Utilizaremos o software GPS
Trackmaker Versão Profissional para o processamento dos dados, seguindo os seguintes
passos:

 Digitar os dados da Caderneta de Campo em planilha do Excel (Apenas Latitude,


Longitude e Altitude);
 Abrir uma planilha de dados do GPSTM PRO;
Inserir uma tabela de waypoints em branco;

Definir a quantidade de linhas da tabela, conforme a quantidade de linhas registradas na caderneta de


campo do levantamento preliminar e digitadas na planilha do Excel
Selecionar e copiar da planilha do Excel apenas os pontos e as coordenadas digitadas. Colar na
Planilha de Dados do programa. Para esta operação deve ser selecionada apenas a primeira
célula desta planilha, antes de clicar em “Colar”. Observe que sobra uma última linha em branco,
que deve ser apagada.
Selecionar toda a Planilha de Dados, desprezando as duas últimas colunas e mandar mostrar os
pontos no mapa.
O arquivo de pontos está agora em formato gráfico. Na linha de comando “Ferramentas... Opções”
passar a unidade das Coordenadas para GG mm ss. Salvar o arquivo no formato do programa.
2
b) Captação e calibragem de imagens de satélite do levantamento

O GPSTM PRO pode ainda ser útil para captar e calibrar a imagem de satélite (Base
Google Earth) da área estudada, de forma a possibilitar o planejamento da missão:

Captação da imagem:
 O programa Google Earth deve estar instalado no computador de mesa;
 Abrir no GPSTM PRO o arquivo dos pontos que foram transferidos pela tabela do
programa (pontos coletados por handheld mais preciso);
 Selecionar os dois pontos mais distantes entre si;
 Clicar no ícone do Google Earth, fazendo com que o programa realize um zoom
automático até a área em estudo;
 Anotar em papel rascunho as coordenadas de cada marcador, verificadas nas
propriedades da caixa de diálogo aberta ao clicar com o lado direito do mouse sobre
cada “alfinete”;
 Observar e guardar a referência visual no terreno, apontada por cada “alfinete”;
 Apagar cada marcador e capturar a imagem, acionando a tecla <Print Screen>;
 Abrir o Photo Editor ou Picture Maneger da Microsoft (Office) e colar a imagem
capturada, como nova imagem;
 Editar a imagem eliminando excessos e as bordas do GPSTM PRO e salvá-la com o
nome do projeto;
 Fechar o Google Earth e o GPSTM PRO;

Calibração da imagem:
 Abrir o GPSTM PRO e a imagem a ser calibrada com o nome do projeto. Acionar
uma vez a ferramenta lupa zoom mais para a imagem ocupar a tela do programa;
 Verificar em “Ferramentas > Opções > Coordenadas” se a unidade é o GG mm ss;
 Com a ferramenta de calibração (a oitava de baixo, da direita para a esquerda)
clicar o cruzamento dos retículos sobre cada posição verificada e anotada nas
propriedades de cada “alfinete”, quando da captação da imagem;
 Digitar na caixa de diálogo de cada posição as coordenadas anotadas para cada
posição. A imagem estará assim calibrada.

A vantagem da utilização da imagem calibrada para o planejamento da missão:


 Caso não exista em cartório o registro dos dados dos limites da propriedade,
percorrer o perímetro com o proprietário e vizinhos confrontantes, colhendo a
poligonal com o GPS de navegação esportiva (menos preciso);
 Em cada ponto registrado deixar a sua representação física, através de piquetes ou
marcos;
 Transferir a poligonal dos limites para a imagem calibrada, através do cabo de
dados do GPS de navegação esportiva. Escolher a interface do mesmo fabricante e
a taxa de transferência que deve ser a mesma configurada no GPS;
 Com a poligonal registrada e definida pela união dos pontos, estudar as melhores
opções das áreas de conservação;
 Definir os limites e áreas de cada perímetro, por aproximações sucessivas;
 Salvar em arquivos separados o perímetro dos limites da propriedade, os pontos da
poligonal de cada reserva;
 Transferir para o GPS de navegação esportiva os pontos da poligonal de cada
reserva (Uma reserva de cada vez, antes de ir para o campo). A função “GO TO” do
GPS esportivo localiza a posição aproximada de cada ponto limite da reserva,
orientando para a locação definitiva.

NOTA 5: A definição mais precisa da locação é finalmente e feita pelos Handhelds,


cujos dados serão pós-processados para a produção das peças técnicas dos arquivos
digitais para o Cadastramento Ambiental Rural.
2

A poligonal do limite da propriedade – Área = 60, 97 ha

A planilha das Coordenadas que foi exportada para o Excel


2

O perímetro total mais as áreas de proteção. Área 1 = 3,9 ha /Área 2 = 9,37 ha

A planilha das Coordenadas que também foi exportada para o Excel


2
5 – O PÓS-PROCESSAMENTO DIFERENCIAL EMPÍRICO

Observando-se a colocação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

“As estações da RBMC desempenham justamente o papel do ponto de coordenadas


conhecidas, eliminando a necessidade de que o usuário imobilize um receptor em um ponto
que, muitas vezes, oferece grandes dificuldades de acesso”

Estamos conduzindo um estudo com a finalidade de propor método empírico de pós-


processamento diferencial. Tal estudo tem por base a comparação das coordenadas de pontos
(coletados em condições ideais para planejamento de missão) com o ponto de coordenadas
conhecidas, apesar de ser um simples marco referenciado ao Sistema Geodésico Brasileiro. O
pós-processamento seria realizado por trigonometria, tendo por base a interpolação da
projeção da fração de arco de segundo, correspondente à distorção verificada.

A viabilidade técnica do método se esbarra na volatilidade dos dados, própria da dinâmica das
constelações de satélites. Assim estamos estudando agora qual o prazo útil entre o pós-
pocessamento da aferição e o pós-processamento dos dados do levantamento.

Bem sabemos que se trata de proposta com viabilidade técnica muito difícil, mas os benefícios
poderiam ser também muito relevantes.

Robson Ramos Corgosinho


2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GPS para iniciantes – INPE ;

Introduction to GPS (Global Positioning System) – Leica Geosystems;

Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS - J.F.G.MONICO;

GPS Pathfinder Office Guide – Trimble;

GPSTM PRO – TrackMaker;

Global Mapper – BlueMarble;

Cartilha sobre Georrefenciamento – INCRA;

LEGISLAÇÃO:

DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012 – Dispõe sobre o Cadastro Ambiental Rural;

LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012 – Dispõe sobre a proteção da vegetação Nativa.

LEIS AMBIENTAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS – IEF: http://www.ief.mg.gov.br/

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