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Cálculo Estrutural e Fundações

Fundamentos do Projeto Estrutural

Prof. Alberto Rodrigues Dalmaso


PROJETO ESTRUTURAL

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PROJETO ESTRUTURAL

O projeto estrutural é o trabalho desenvolvido


pelo engenheiro calculista que consiste no
dimensionamento da estrutura e o conjunto de desenhos
dos elementos da mesma, tais como: fundações, pilares,
vigas e lajes.

Na elaboração do projeto estrutural os elementos que


compõem o sistema estrutural são dimensionados em
função dos materiais dos quais são constituídos (ex.:
concreto, aço, madeira, alumínio, etc.) e dos esforços a
que serão submetidos durante a vida útil da estrutura.

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PROJETO ESTRUTURAL

Deve-se buscar a utilização de materiais, técnicas


construtivas e métodos de fabricação disponíveis no
mercado, que resultem em soluções de engenharia viáveis
tanto em custos como em prazos e que também atendam
aos requisitos de arquitetura, durabilidade e utilização.

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PRINCIPAIS ETAPAS DO PROJETO ESTRUTURAL
A elaboração do projeto estrutural pode ser dividida em
algumas etapas principais, sendo elas:

➢ Concepção Estrutural;
➢ Modelagem da Estrutura e Aplicação das Ações de
Cálculo, para Análise, Desenvolvimento e Cálculo do
Sistema Estrutural;
➢ Dimensionamento dos elementos estruturais e ligações
entre elementos, conforme normas técnicas;
➢ Elaboração de desenhos, especificações e outros
elementos de representação gráfica que irão permitir o
entendimento da estrutura;

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OBJETIVOS

Os principais objetivos do projeto estrutural são:

 Baixo custo de construção;


 Prazo de execução viável;
 Funcionamento de acordo com as necessidades;
 Durabilidade.

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Ações e segurança no
projeto das estruturas

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Ações e Segurança no projeto das estruturas

Ao elaborar um projeto de estrutura em concreto armado, o projetista


deve garantir que a estrutura suporte de forma segura a todas as
solicitações a que a mesma estará submetida durante a sua vida
útil.

Portanto o dimensionamento da estrutura deve impedir a ruína da


estrutura ou de determinadas partes dela.

A ruína caracteriza-se pela ruptura propriamente dita, ou por situações


que impossibilitem a utilização normal da estrutura, como
deformações excessivas, fissuras, vibrações etc.

Para garantir a segurança das estruturas utilizam-se dois métodos de


dimensionamento, o método das tensões admissíveis e o método
dos estados limites.
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Método das Tensões Admissíveis

Este método encontra-se em desuso pois são


determinísticos, não considerando a natureza aleatória
das variáveis envolvidas no dimensionamento das
estruturas.

O dimensionamento das estruturas por meio do método


das tensões admissíveis consiste em determinar o valor
das solicitações correspondentes às cargas máximas de
serviço, e posteriormente verificar se as tensões
máximas produzidas por estas solicitações, supondo um
comportamento elástico dos materiais, são inferiores a
uma fração da resistência dos materiais.

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Método de cálculo na ruptura
Método dos estados limites
Definem-se estados limites como estados a partir dos
quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às
finalidades da construção. (NBR 8681:2003)

São classificados em:

a) Estados limites últimos;

b) Estados limites de serviço (ou Estados limites de


utilização).

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Estados limites últimos
• Estados que, pela sua simples ocorrência, determinam a
paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção.

• Estão relacionados ao colapso ou qualquer outra forma de


ruína estrutural.

• De acordo com o item 4.1.1 da NBR 8681, as estruturas


devem ser verificadas para os seguintes estados limites
últimos:

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Estados limites últimos
a) perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura
como um corpo rígido;
b) ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais;
c) transformação da estrutura, no todo ou em parte, em
sistema hipostático;
d) instabilidade por deformação;
e) instabilidade dinâmica.

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Estados limites de serviço
São estados relacionados com a durabilidade das estruturas,
aparência, conforto do usuário e a boa utilização funcional da
mesma, seja em relação aos usuários e em relação às
máquinas e aos equipamentos nelas existentes.
A NBR 8681 define os seguintes estados limites de serviço:

a) danos ligeiros ou localizados, que comprometam o aspecto


estético da construção ou a durabilidade da estrutura;
b) deformações excessivas que afetem a utilização normal da
construção ou seu aspecto estético;
c) vibração excessiva ou desconfortável.

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Verificação da Segurança
De acordo com a NBR 6118 (item 12.5) na verificação da
segurança das estruturas de concreto devem ser atendidas as
condições construtivas e as condições analíticas de segurança.

Condições construtivas de segurança

• Critérios de detalhamento;
• Normas de controle de materiais (NBR 12655);
• Controle de execução da obra (NBR 14931)

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Verificação da Segurança

Condições analíticas de segurança

As condições analíticas de segurança estabelecem que as


resistências não devem ser menores que as
solicitações e devem ser verificadas em relação a todos os estados
limites e todos os carregamentos especificados para o tipo de
construção considerado, ou seja, em qualquer caso deve ser
respeitada a condição:

Rd ≥ Sd
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Verificação da Segurança
Condições analíticas de segurança
De modo geral deve-se garantir que as solicitações de cálculo (Sd) sejam
inferiores, ou no mínimo iguais, às resistências de cálculo (R d), onde:

 Adotam-se valores característicos para as ações


e resistências, consequentemente aceitando
uma determinada probabilidade que estes
valores possam ser superados para o lado
desfavorável;

 As demais incertezas existentes são cobertas


pelos coeficientes de segurança, transformando
os valores característicos em valores de cálculo.

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Valor característico da resistência
A NBR 6118 e a NBR 8800 definem os valores característicos
da seguinte forma:

Os valores característicos fk das resistências são os que, num


lote de material, têm uma determinada probabilidade de
serem ultrapassados, no sentido desfavorável para a
segurança.

Para os efeitos destas Normas, a resistência característica


inferior é admitida como sendo o valor que tem apenas 5%
de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um
dado lote de material.

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Coeficiente de ponderação das resistências – ELU
Estruturas de concreto armado
A tabela 12.1 da NBR 6118:2014 indica os valores dos
coeficientes de ponderação para as resistências do concreto e
do aço utilizado como armaduras.
Combinações Concreto (gc) Aço
(gs)
Normais 1,4 1,15
Especiais ou de construção 1,2 1,15
Excepcionais 1,2 1,00

Portanto para situações normais e obras usuais, temos:

fck fyk
fcd  fyd 
1,4 1,15
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Coeficiente de ponderação das resistências – ELU
Estruturas de aço
A tabela 3 da NBR 8800:2008 indica os valores dos coeficientes
de ponderação para as resistências dos aços e concreto
utilizado nas estruturas mistas.

Aço estrutural

Escoamento, Concreto Aço


Combinações
flambagem e Ruptura (gc) (gs)
instabilidade (ga2)
(ga1)
Normais 1,10 1,35 1,4 1,15
Especiais ou de 1,10 1,35 1,2 1,15
construção
Excepcionais 1,00 1,15 1,2 1,00

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Ações nas estruturas
Ações são as causas que produzem esforços ou
deformações nas estruturas. Do ponto de vista
prático, as forças e as deformações impostas pelas
ações são consideradas como se fossem as próprias
ações. As deformações impostas são por vezes
designadas por ações indiretas e as forças, por ações
diretas.

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Classificação das ações

Quanto à natureza
• Diretas – Forças;
• Indiretas – Deformações.

Quanto a sua variabilidade no tempo

• Ações permanentes;
• Ações variáveis; e
• Ações excepcionais.

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Ações Permanentes
Ações permanentes diretas:
• Constituem-se os pesos próprios dos elementos da construção,
incluindo-se o peso próprio da estrutura e de todos os elementos
construtivos permanentes, os pesos dos equipamentos fixos e os
empuxos devidos ao peso próprio de terras não removíveis e de outras
ações permanentes sobre elas aplicadas;
• Possuem valores constantes ou de pequena variação por toda a vida da
construção; e
• Para a determinação dos pesos próprios das construções atuais, admite-
se a massa específica do concreto simples igual a 2400 kg/m³ e a massa
específica do concreto armado igual a 2500 kg/m³. Para a determinação
do peso de outros elementos construtivos usuais deve-se consultar a
NBR 6120:1980.
• Para a determinação do peso dos elementos de aço, utiliza-se a massa
específica de 7850 kg/m³ para o aço estrutural.

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Ações Permanentes
Ações permanentes indiretas:

• São constituídas pelas deformações impostas por retração e


fluência do concreto, deslocamentos de apoio (recalques de
fundação), imperfeições geométricas (globais e locais) e
protensão.

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Ações Variáveis
Ações variáveis diretas:

• Consideram-se como ações variáveis diretas as cargas


acidentais previstas para o uso das construções, bem como
seus efeitos, as forças devidas ao vento e a água.

• A ação do vento nas estruturas de concreto armado é


obrigatória e seus esforços devem ser avaliados de acordo
com a NBR 6123:1988.

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Tabela 2 – 6120:1980

25
Tabela 2 – 6120:1980 – Cont.

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Ações Variáveis

Ações variáveis indiretas:

Consideram-se como ações variáveis indiretas:

• Variação uniforme de temperatura;


• Variação não uniforme de temperatura; e
• Ações dinâmicas.

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Ações Excepcionais
• De acordo com a NBR 8681:2003 consideram-se como
excepcionais as ações decorrentes de causas tais como
explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou
sismos excepcionais.

• A NBR 6118 especifica que no projeto de estruturas sujeitas


a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos não
possam ser controlados por outros meios, devem ser
consideradas ações excepcionais com os valores definidos,
em cada caso particular, por Normas Brasileiras específicas.

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Valores das ações
Valores característicos

Os valores característicos Fk das ações são definidos em função da


variabilidade de suas intensidades.
Ações permanentes
• Para as ações permanentes, os valores característicos devem ser
adotados iguais aos valores médios das respectivas distribuições de
probabilidade.
Ações variáveis
• Os valores característicos das ações variáveis, Fqk, estabelecidos por
consenso e indicados em Normas Brasileiras específicas, correspondem
a valores que têm de 25% a 35% de probabilidade de serem
ultrapassados no sentido desfavorável, durante um período de 50 anos,
o que significa que o valor característico Fqk é o valor com período
médio de retorno de 200 anos a 140 anos respectivamente.
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Valores das ações
 Valores característicos

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Valores das ações
Valores Representativos

• Os próprios valores característicos;

• Valores convencionais excepcionais


Valores arbitrados em função de cada caso particular. Não podem ser
definidos em norma.

• Valores reduzidos

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Valores das ações
Os valores reduzidos são definidos em função da combinação de ações para
as verificações de ELU e ELS.

• ELU - Quando a ação considerada se combina com a ação principal. Os


valores reduzidos são determinados a partir dos valores característicos
pela expressão 0Fk, que considera muito baixa a probabilidade de
ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais ações
variáveis de naturezas diferentes;

• ELS - Estes valores reduzidos são determinados a partir dos valores


característicos pelas expressões 1Fk e 2Fk, que estimam valores
frequentes e quase permanentes, respectivamente, de uma ação que
acompanha a ação principal.

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Valores das ações

33
Valores das ações

Valores de cálculo

• Os valores de cálculo Fd das ações são obtidosa partir


dos valores representativos, multiplicando-os pelos
respectivos coeficientes de ponderação gf, portanto
simplificadamente:

Fd = gf . Fk
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Coeficientes de ponderação – ELU
Estruturas de concreto armado

35
Coeficientes de ponderação – ELU
Estruturas de Aço

36
Fatores de combinação e redução
Estruturas de concreto armado

37
Fatores de combinação e redução
Estruturas de Aço

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Coeficientes de ponderação – ELU
Estruturas de concreto armado
• De acordo com a NBR 6118:2014 as paredes estruturais e os
pilares cujo menor lado tiver dimensão menor que 19cm e
maior que 14cm, deverão ter o coeficiente gf multiplicado pelo
coeficiente de ajustamento gn.
• Essa correção se deve ao aumento da probabilidade de
ocorrência de desvios relativos e falhas na construção.

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Coeficientes de ponderação - ELS
• Em geral, o coeficiente de ponderação das ações para
estados limites de serviço é dado pela expressão:

gf = gf2
Onde:

gf2 = 1 para combinações raras;


gf2 = 1 para combinações frequentes; e
gf2 = 2 para combinações quase permanentes.

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Combinações de ações - ELU
As combinações devem ser realizadas para as situações de
projeto desejadas, que são:

• Situação de uso normal – Toda estrutura deve ter segurança


verificada para o uso normal.

• Situação transitória – Algumas estruturas devem ter segurança


verificada para uma situação particular cuja duração não é
grande se comparada com o tempo de vida da estrutura.

• Situação excepcional – Algumas estruturas devem ter


segurança verificada para certas situações excepcionais que
decorrem de impactos, sismos ou ventos fora do comum.

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Combinações ELU
Estruturas de concreto armado

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Combinações ELU
Estruturas de aço
• Combinação última normal

• Combinações últimas especiais e de construção

• Combinação última excepcional

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Combinações de ações – ELS
Estruturas de concreto armado
São classificadas de acordo com sua permanência na estrutura e
devem ser verificadas como estabelecido a seguir:
a) quase permanentes: podem atuar durante grande parte do período
de vida da estrutura, e sua consideração pode ser necessária na
verificação do estado-limite de deformações excessivas;
b) frequentes: repetem-se muitas vezes durante o período de vida da
estrutura, e sua consideração pode ser necessária na verificação dos
estados-limites de formação de fissuras, de abertura de fissuras e de
vibrações excessivas. Podem também ser consideradas para
verificações de estados-limites de deformações excessivas
decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as
vedações;
c) raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da
estrutura, e sua consideração pode ser necessária na verificação do
estado-limite de formação de fissuras.
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Combinações de ações – ELS
Estruturas de concreto armado
Na tabela 11.4 da NBR 6118:2014 são definidas as combinações de
serviço.

45
Combinações de ações – ELS
Estruturas de Aço
Também são classificadas de acordo com sua permanência na
estrutura.

Combinações quase permanentes de serviço


As combinações quase permanentes são aquelas que podem atuar
durante grande parte do período de vida da estrutura, da ordem da
metade desse período. Essas combinações são utilizadas para os
efeitos de longa duração e para a aparência da construção.

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Combinações de ações – ELS
Estruturas de Aço
Combinações frequentes de serviço
As combinações frequentes são aquelas que se repetem muitas vezes
durante o período de vida da estrutura, da ordem de 10 5 vezes em 50
anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não desprezável
desse período, da ordem de 5%. Essas combinações são utilizadas
para os estados–limites reversíveis, isto é, que não causam danos
permanentes à estrutura ou a outros componentes da construção,
incluindo os relacionadas ao conforto do usuários e ao funcionamento
de equipamentos, tais como vibrações excessivas, movimentos
laterais excessivos que comprometam a vedação, empoçamentos em
coberturas e aberturas de fissuras.

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Combinações de ações – ELS
Estruturas de Aço
Combinações frequentes de serviço
As combinações raras são aquelas que podem atuar no máximo
algumas horas durante o período de vida da estrutura. Essas
combinações são utilizadas para os estados limites irreversíveis, isto
é, que causam danos permanentes à estrutura ou a outros
componentes da construção, tais como fissuras e danos aos
fechamentos.

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Ações dinâmicas do vento
Prof. Alberto Rodrigues Dalmaso
Ventos densos na costa da Florida
Vento
• Pode-sedefinir o vento como o movimento das
massas de ar decorrentes das diferenças de
pressões na atmosfera.

• Pode-se também definir o vento como um fluxo


de ar médio sobreposto a flutuações de fluxo,
denominadas rajadas (ou turbulências). As
rajadas apresentam um valor de velocidade do ar
superior à média, e são responsáveis pelas forças
que irão atuar nas edificações.
IMPORTANTE

O vento possui caráter aleatório quanto


a sua intensidade, duração, direção e
sentido, o qual deverá ser considerado
na determinação das forças (ações) que
irão produzir solicitações nas edificações.
Origem dos ventos
Efeitos do vento
• O vento, dependendo de diversos aspectos, produz forças
nas edificações e consequentemente esforços em seus
elementos.
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Efeitos do vento - Exemplos
Ponte Tacoma Narrows
Em 7 de novembro de 1940 a ponte pênsil de 1600 metros caiu poucos meses após a
sua inauguração.

De madrugada, os ventos atingiram os 70km/h, fazendo a estrutura oscilar muito. A


polícia fechou então a ponte ao tráfego. Às 9h30 a ponte oscila em 8 ou 9 segmentos
com amplitude de 0,9m e frequência de 36 ciclos por minuto. Às 10h00 dá-se um
afrouxamento da ligação do cabo de suspensão norte ao tabuleiro, o que faz a ponte
entrar num modo de vibração torcional a 14 ciclos por minuto. A partir daí a situação
não se alterou muito durante cerca de uma hora, até que às 11h00 se desprende um
primeiro pedaço de pavimento e às 11h10 a ponte entra em colapso, caindo no rio
Ponte Tacoma Narrows
Escala Beaufort
• Segundo BLESSMANN, a origem da Escala Beaufort deveu-
se ao Almirante da Marinha Real Britânica, Francis Beaufort,
interessado em proporcionar aos marinheiros ainda
inexperientes condições para estimar a velocidade do
vento.
Escala Beaufort
O vento nas edificações
• O vento nas edificações depende necessariamente de dois
aspectos
O vento nas edificações
Aspectos Meteorológicos
Os aspectos meteorológicos serão responsáveis pela
determinação da velocidade do vento a considerar no projeto
das edificações e é avaliada a partir:

• Local da edificação;
• Tipo de terreno (plano, aclive, morro, etc.);
• Altura da edificação;
• Rugosidade do terreno (tipo e altura dos obstáculos à
passagem do vento)
• Tipo de ocupação.
O vento nas edificações
Aspectos Meteorológicos
Outro aspecto importante a considerar é a variação da
velocidade do vento com a altura. DAVENPORT (1963) propôs
uma variação exponencial.
O vento nas edificações
Aspectos Meteorológicos
Devemos considerar também o caráter localizado do vento e
os efeitos das rajadas, pois estes serão responsáveis pela
velocidade do ar que atingem uma dada edificação.

A Turbulência (ou rajada) é tratada de várias maneiras,


porém um critério de avaliação simples e de fácil
visualização é imaginar a rajada associada a um grande
turbilhão na forma de um “tubo idealizado” que deverá
envolver toda a edificação para que esta seja totalmente
solicitada.
O vento nas edificações
Aspectos Meteorológicos – efeito das rajadas

Esquema para a determinação do tempo de rajada


O vento nas edificações
Aspectos Meteorológicos – efeito das rajadas
Tempo de rajada em função da edificação
O vento nas edificações
Aspectos Aerodinâmicos
A forma da edificação tem um papel importante na
determinação da força devida ao vento que a solicitará.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Velocidade básica
A Velocidade básica está diretamente associada às condições em que
são efetuadas as medidas desta velocidade para o vento natural.

• Localização dos anemômetros em terrenos planos sem obstrução;


• Posicionados a 10 metros de altura;
• Inexistência de obstruções que possam interferir diretamente da
velocidade do vento.

Na NBR 6123 estão apresentados os valores de velocidades básicas, na


forma de isopletas.
Velocidade
básica do
vento
segundo a
NBR 6123
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Velocidade básica
As isopletas presentes na NBR 6123 foram determinadas
considerando:

• Velocidade básica para uma rajada de três segundos;


• Período de retorno de 50 anos;
• Altura de 10m;
• Terreno plano, em campo aberto e sem obstruções;
• Probabilidade de 63% de ser excedida, pelo menos uma
vez, no período de retorno de 50 anos.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Velocidade característica
A Velocidade característica deverá considerar os aspectos
particulares da edificação, entre os quais pode-se enumerar:

1) Topografia do local;
2) Rugosidade do terreno;
3) Altura da edificação;
4) Dimensões da edificação;
5) Tipo de ocupação e risco de vida.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
• A NBR 6123:1988 propõe como procedimento para a
determinação da velocidade característica a seguinte
equação:

Os fatores S1, S2 e S3 objetivam a correção da velocidade


básica para as condições reais da edificação de interesse.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S1
Considera os efeitos das variações do relevo do terreno onde a edificação
será construída. Considera, portanto, o aumento ou a diminuição da
velocidade básica devida a topografia do terreno.
A aproximação ou o afastamento das linhas de fluxo do vento é uma
forma de visualizar estas condições.

Ponto A – Terreno plano ou pouco ondulado;


Ponto B – aclive, com aumento da velocidade;
Ponto C – Vale protegido, com diminuição da velocidade.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S1
Segundo a NBR 6123 para os casos A, B e C os valores de S 1
são:

a) terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1,0;


b) Taludes e morros: S1 a depender da posição;
c) vales profundos, protegidos de ventos de qualquer
direção: S1 = 0,9.
Fator Topográfico S1 – Taludes e morros
• no ponto A (morros) e nos
pontos A e C (taludes): S1 = 1,0;
• no ponto B: [S1 é uma função
S1(z)]:

interpolar linearmente para


3° < θ < 6° e 17° < θ < 45°
Onde:
• z = altura medida a partir da
superfície do terreno no ponto
considerado
• d = diferença de nível entre a
base e o topo do talude ou
morro
• θ = inclinação média do talude
ou encosta do morro
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2
Considera as particularidades de uma dada edificação no que
se refere às suas dimensões e a rugosidade média geral do
terreno na qual a edificação será construída.

Rugosidade
Está diretamente associada ao perfil de velocidade que o
vento apresenta quando interposto por obstáculos naturais
ou artificiais.

A NBR 6123 estabelece cinco categorias de terreno, de I a V,


em função de sua rugosidade.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade

Categoria I: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de


extensão, medida na direção e sentido do vento incidente.

Exemplos:

- mar calmo;

- lagos e rios;

- pântanos sem vegetação.


Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade
Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível,
com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
Exemplos:

- zonas costeiras planas;


- pântanos com vegetação rala;
- campos de aviação;
- pradarias e charnecas;
- fazendas sem sebes ou muros.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a


1,0 m.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade
Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos,
tais como sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações
baixas e esparsas. Exemplos:

- granjas e casas de campo, com exceção das partes com matos;


- fazendas com sebes e/ou muros;
- subúrbios a considerável distância do centro, com casas baixas e
esparsas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m.


Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade
Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos:
- zonas de parques e bosques com muitas árvores;
- cidades pequenas e seus arredores;
- subúrbios densamente construídos de grandes cidades;
- áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10 m. Esta


categoria também inclui zonas com obstáculos maiores e que ainda não
possam ser consideradas na categoria V.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade
Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes,
altos e pouco espaçados. Exemplos:

- florestas com árvores altas, de copas isoladas;


- centros de grandes cidades;
- complexos industriais bem desenvolvidos.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou superior


a 25 m.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 - Rugosidade
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 – Dimensões da edificação
Estão diretamente relacionadas com o turbilhão que deverá
envolver toda a edificação. Quanto maior for a edificação
maior deverá ser a rajada para envolvê-la e menor será a
velocidade média.
Foram escolhidas as seguintes classes de edificações, partes
de edificações e seus elementos, com intervalos de tempo
para cálculo da velocidade média de, respectivamente, 3 s, 5 s
e 10 s:
– Classe A
– Classe B
– Classe C
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 – Dimensões da edificação

Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de


fixação e peças individuais de estruturas sem vedação. Toda
edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não
exceda 20 m.

Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a


maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal
esteja entre 20 m e 50 m.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2 – Dimensões da edificação

Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a


maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal
exceda 50 m.

Para toda edificação ou parte de edificação para a qual a


maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal
exceda 80 m, o intervalo de tempo correspondente poderá ser
determinado de acordo com as indicações do Anexo A.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988

Fator Topográfico S2 – Dimensões da edificação


Determinação da velocidade do vento - NBR 6123:1988
Fator Topográfico S2
Portanto, faz-se necessário definir a categoria e a classe de
uma dada edificação para a definição do fator S2.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Estatístico S3

O fator estatístico S3 é baseado em conceitos estatísticos, e


considera o grau de segurança requerido e a vida útil da
edificação. Segundo a definição de 5.1, a velocidade básica
V0 é a velocidade do vento que apresenta um período de
recorrência médio de 50 anos. A probabilidade de que a
velocidade V0 seja igualada ou excedida neste período é de
63%.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Fator Estatístico S3
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Exercício 1
Determinar a velocidade característica do vento, Vk, para um edifício industrial
a ser construído na cidade de Cuiabá, em terreno plano e em zona industrial.
Determinação da velocidade do vento
NBR 6123:1988
Exercício 2
Determinar a velocidade característica do vento em um edifício habitacional e
suas esquadrias. O edifício será construído no centro da cidade de
Rondonópolis.
Terminologia básica
Ação estática do vento
Pressão obstrução
Teorema da Conservação da Massa - Mecânica dos fluidos
• Fluído Incompreensível
• Regime de Escoamento Permanente
Teorema da conservação de massa e Teorema de Bernoulli
Ação estática do vento
Pressão obstrução
Coeficiente de pressão externa (Cpe)
Coeficiente de pressão externa (Cpe) e (Ce)
Ensaios em túnel de vento
Ensaios em túnel de vento
Ensaios em túnel de vento
Estudo de Caso – COT UFMT
Estudo de Caso – COT UFMT
Estudo de Caso – COT UFMT
Estudo de Caso – COT UFMT
Coeficiente de pressão externa (Cpe) e (Ce)

Cabe ressaltar que os valores elevados de Cpe


não podem ser simplesmente ignorados. Para
efeito de dimensionamento de partes da
estrutura (telhas, caixilhos, ou mesmo terças)
é necessário adotar estes altos valores de Cpe
(a NBR 6123 atribui como parâmetro para
estes coeficiente, a variável Cpe médio).
Valores de coeficientes de pressão (Cpe) e de forma (Ce),
externos, para paredes pertencentes a edificações de planta
retangular (NBR 6123)
Valores de coeficientes de pressão (Cpe) e de forma (Ce),
externos, para paredes pertencentes a edificações de planta
retangular (NBR 6123)
Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com
duas águas, simétricos, em edificações de planta retangular
Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com
uma água, em edificações de planta retangular, com h/b < 2
Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com
uma água, em edificações de planta retangular, com h/b < 2
Coeficientes de pressão interna (Cpi)
Diferentemente do Cpe e Ce , o coeficiente de
pressão interna, Cpi está diretamente associado ao
fato de as edificações em sua grande maioria,
possuírem aberturas por onde o vento pode entrar
ou sair. Portanto, o coeficiente de pressão interna
será obtido a partir dos valores de sobrepressões e
sucções externas que irão atuar nas várias partes
internas da edificação em função das aberturas
(portas, janelas, frestas, etc) existentes.
Coeficientes de pressão interna (Cpi)

• O sinal positivo de Cpi corresponde à situação de sobrepressão interna;


• O sinal negativo de Cpi corresponde à situação de sucção interna;
• A pressão interna é considerada uniforme.
Coeficientes de pressão interna (Cpi)
Coeficientes de pressão interna (Cpi)
Coeficientes de pressão interna (Cpi)
Força resultante
O efeito do vento nas varias partes de uma edificação
depende de sua forma geométrica, ou seja, da sua
aerodinâmica. Os coeficientes aerodinâmicos variam ponto a
ponto nas estruturas e podem ser determinados em ensaios
de túnel de vento a NBR 6123 adota valores médios.
Coberturas isoladas
Para as coberturas sem fechamento frontais e laterais, denominadas pela
NBR 6123 de Coberturas Isoladas, não é possível determinar coeficientes
de pressão externos. Deve-se determinar a ação do vento que será
exercida diretamente sobre as faces superior inferior da cobertura.

Os coeficientes das Tabelas a seguir aplicam-se somente quando forem satisfeitas


as seguintes condições:

- coberturas a uma água: 0 ≤ tgθ ≤ 0,7 e h ≥ 0,5 I2;

- coberturas a duas águas: 0,07 ≤ tgθ ≤ 0,6 e h ≥ 0,5 I2;

Onde:

h = altura livre entre o piso e o nível da aresta horizontal mais baixa da cobertura

I2 = profundidade da cobertura

θ = ângulo de inclinação das águas da cobertura


Coberturas isoladas
Coberturas isoladas
Exercício 3
Determinar os coeficientes de pressão a ser aplicado nas paredes e cobertura
da edificação do exercício 1, considerando duas faces opostas permeáveis e as
outras impermeáveis
Coeficiente de arrasto
• Para edificações cuja altura supera em muito as dimensões
em planta, bem como possuem condições de aberturas
dominantes à barlavento e à sotavento que podem conduzir
a várias hipóteses para a obtenção de valores de Cpi, como é
o caso dos edifícios de andares múltiplos ( e similares), torres
treliçadas, estruturas reticuladas, a aplicação dos
procedimentos apresentados anteriormente perdem
significado.
• Para estes caso , a consideração da ação do vento em
edificações altas passa a receber um tratamento dentro de
um contexto global em que a superposição de efeito externos
(forma) com efeitos internos (aberturas) é obtida por meio de
um comportamento global da edificação e representada por
um único coeficiente, Ca, denominado Coeficiente de
Arrasto.
Coeficiente de arrasto
Coeficiente de arrasto para edificação de seção constante e
planta retangular – vento de baixa turbulência
Coeficiente de arrasto para edificação de seção
constante e planta retangular – vento de alta turbulência
O regime do vento para uma edificação pode ser considerado de alta turbulência
quando sua altura não excede a duas vezes a altura média das edificações da vizinhança
estendendo-se estas, na direção do vento incidente a uma distância mínima de:

• 500 m para edificação até 40 m de altura

• 1000 m para edificação até 55 m de altura

• 2000 m para edificação até 70 m de altura

• 3000 m para edificação até 80 m de altura


Coeficiente de arrasto para edificação de seção constante
e planta retangular – vento de alta turbulência
Excentricidade da força de arrasto

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