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Legislação Específica

Lei nº 12.209/2011 – Dispõe sobre o Processo Administrativo do Estado da Bahia

Professora Tatiana Marcello

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Legislação Específica

LEI Nº 12.209 DE 20 DE ABRIL DE 2011

Dispõe sobre o processo administrativo, no âm- Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se:
bito da Administração direta e das entidades da
Administração indireta, regidas pelo regime de I – órgão: a unidade de atuação integrante
direito público, do Estado da Bahia, e dá outras da estrutura da Administração direta ou in-
providências. direta;

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço II – entidade: a unidade de atuação dotada


saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu de personalidade jurídica;
sanciono a seguinte Lei: III – autoridade: o servidor ou agente públi-
co dotado de poder de decisão;

TÍTULO I IV – procedimento administrativo: a su-


cessão ordenada de atos e formalidades
PARTE GERAL tendentes à formação e manifestação da
vontade da Administração Pública ou à sua
execução;
CAPÍTULO I
V – processo administrativo: a relação jurí-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES dica que se traduz em procedimento qualifi-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o processo admi- cado pelo contraditório e ampla defesa.
nistrativo no âmbito da Administração direta e Art. 3º A Administração Pública obedecerá aos
das entidades da Administração indireta regi- princípios da legalidade, impessoalidade, mo-
das pelo regime de direito público, do Estado ralidade, publicidade, eficiência, celeridade, ra-
da Bahia, visando, em especial, à proteção dos zoabilidade, proporcionalidade, motivação, de-
direitos dos administrados e ao mais justo e cé- vido processo legal e ampla defesa, segurança
lere cumprimento dos fins da Administração. jurídica, oficialidade, verdade material, gratui-
§ 1º As disposições desta Lei aplicam-se aos dade e, quando cabível, da instrumentalidade
órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário, ao das formas.
Ministério Público e aos Tribunais de Contas § 1º Somente a lei pode condicionar o exer-
do Estado e dos Municípios, no que se refere cício de direito, impor dever, prever infra-
ao exercício de função administrativa. ção ou prescrever sanção.
§ 2º As disposições desta Lei aplicam-se § 2º A Administração respeitará padrões
subsidiariamente aos processos administra- éticos de probidade, decoro e boa-fé, pro-
tivos com disciplina normativa específica e cedendo, na relação com os administrados,
às sociedades de economia mista, empresas com lealdade, correção e coerência, sem
públicas e outras entidades da Administra- abuso das prerrogativas especiais que lhe
ção indireta regidas pelo regime de direito são reconhecidas.
privado, no que couber.

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§ 3º A Administração zelará pela celeridade CAPÍTULO II
dos processos administrativos, ordenando DOS DIREITOS E DEVERES
e promovendo o que for necessário ao seu
andamento e à sua justa e oportuna deci- DO ADMINISTRADO
são, sem prejuízo da estrita observância aos Art. 4º São direitos do administrado ao postular
princípios do contraditório e ampla defesa. no processo administrativo, sem prejuízo de ou-
§ 4º As decisões administrativas que coli- tros que lhe forem assegurados:
dam com direitos subjetivos dos administra- I – ser tratado com respeito pelas autorida-
dos devem guardar adequação entre meios des e servidores, os quais deverão colocar
e fins, vedada a imposição de obrigações, à disposição meios para o exercício de seus
restrições e sanções em medida superior direitos e cumprimento de suas obrigações;
àquelas estritamente necessárias ao atendi-
mento do interesse público. II – obter decisão final motivada, com ob-
servância dos prazos fixados em lei, sobre
§ 5º As decisões da Administração serão di- requerimentos ou denúncias formuladas;
vulgadas no veículo oficial, ressalvadas as hi-
póteses de sigilo previstas na Constituição, III – ter ciência da tramitação dos processos
observada a proibição de publicidade para administrativos em que figure como inte-
promoção pessoal de agentes ou autoridades. ressado, bem como das manifestações defi-
nitivas e das decisões proferidas;
§ 6º A Administração não poderá privilegiar,
beneficiar, prejudicar ou privar de qualquer IV – ter vista dos autos na repartição na
direito o administrado, em razão de sexo, qual tramita o processo, pessoalmente ou
raça, cor, língua, religião, convicção política por procurador legalmente constituído, res-
ou ideológica, nível de escolaridade, situa- salvados os casos previstos em lei;
ção econômica ou condição social, ressalva-
das as situações previstas em lei. V – obter cópia dos autos na repartição
em que tramita o processo, ressalvados os
§ 7º A norma administrativa será interpre- casos previstos em lei, mediante o recolhi-
tada da forma que melhor garanta o atendi- mento prévio de valor a título de ressarci-
mento ao fim público a que se dirige, sendo mento de despesas incorridas com o seu
vedada a aplicação retroativa de nova inter- atendimento, calculadas da forma prevista
pretação para os atos já publicados. em norma regulamentar.
§ 8º A Administração verificará os fatos que VI – formular alegações, produzir provas e
motivam a decisão nos processos admi- interpor recursos, os quais serão obrigato-
nistrativos, cabendo ao órgão responsável riamente objeto de apreciação e manifesta-
adotar as medidas instrutórias pertinentes, ção motivada da autoridade competente;
ainda que não requeridas pelo postulante.
VII – fazer-se assistir, facultativamente, por
§ 9º O processo administrativo adotará for- advogado, salvo quando obrigatória a re-
mas simples e suficientes para propiciar presentação legal;
adequado grau de certeza, segurança e res-
peito aos direitos do administrado. VIII – obter informações sobre despesas re-
alizadas por todos os órgãos e entidades da
§ 10º O direito de petição será exercido in- Administração direta e indireta, execução
dependentemente da cobrança de taxas, orçamentária, licitações, contratações, con-
sendo vedado à Administração recusar-se a vênios, diárias e passagens.
receber petição, sob pena de responsabili-
dade do agente público.

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Parágrafo único. Na hipótese de violação Art. 8º São deveres do administrado perante a


aos direitos previstos neste artigo, por ato Administração, sem prejuízo de outros previstos
imputável à Administração, o postulante em ato normativo:
poderá apresentar reclamação formal à au-
toridade imediatamente superior para ado- I – expor os fatos conforme a verdade;
ção das providências cabíveis. II – proceder com lealdade, urbanidade e
Art. 5º Ressalvados os casos previstos em lei, boa-fé;
é assegurado ao administrado o direito a obter III – prestar informações e apresentar do-
certidão para defesa de direitos e esclarecimen- cumentos que lhe forem solicitados, bem
tos de interesse pessoal, na forma prevista na como colaborar para o esclarecimento dos
Constituição Federal. fatos;
Art. 6º É assegurado ao administrado o direito IV – indicar endereço físico e, se for o caso,
a obter documento, com certificação da sua au- endereço eletrônico, para fins de recebi-
tenticidade, que se encontre em poder da Ad- mento de notificação e intimação de atos
ministração. processuais e informar alterações posterio-
Art. 7º É assegurada, em qualquer instância, res.
prioridade da tramitação dos processos admi- Parágrafo único. É dever do servidor públi-
nistrativos e na execução dos atos e diligências co atender convocação para prestar infor-
em que o postulante ou interveniente for: mações ou figurar como testemunha em
I – pessoa com idade igual ou superior a processo administrativo, salvo motivo justi-
sessenta anos, na forma definida em regu- ficado.
lamento;
II – pessoa portadora de necessidades espe-
ciais ou de doença grave, na forma definida CAPÍTULO III
em regulamento. DOS POSTULANTES NO
§ 1º Na hipótese prevista no inciso I, o re- PROCESSO ADMINISTRATIVO
querimento de prioridade será instruído
com a comprovação da idade mediante có- Art. 9º São legitimados para postular no proces-
pia de documento de identificação expedi- so administrativo:
do por órgão oficial e dirigido à autoridade
I – a pessoa física, jurídica ou associação,
competente para decidir o feito, que deter-
titular de direito ou interesse individual, ou
minará as providências a serem cumpridas,
no exercício de representação;
consignando essa circunstância de modo
visível nos autos do processo, na forma defi- II – aquele que, sem ter dado início ao pro-
nida em regulamento. cesso, tenha direito ou interesse que possa
§ 2º Na hipótese prevista no inciso II, o re- ser afetado pela decisão adotada;
querimento deverá ser instruído com docu- III – a pessoa física ou jurídica, quanto a di-
mentação comprobatória da sua condição reitos e interesses coletivos e difusos.
especial, ocasião em que a autoridade ad-
ministrativa determinará a imediata realiza- § 1º A atuação de associação dependerá de
ção de inspeção pela junta médica oficial ou comprovação de pertinência temática entre
órgão equivalente, para fins de aferição do suas finalidades institucionais e os interesses
seu enquadramento nas hipóteses previstas que visa defender e, quando necessário, de
em regulamento, bem como para a avalia- autorização da respectiva assembleia geral.
ção da gravidade da enfermidade.

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§ 2º A intervenção de terceiro no processo Art. 12. Inexistindo disposição específica, os
dependerá de decisão da autoridade com- atos da autoridade competente e dos adminis-
petente, quando comprovado o interesse. trados, que participem do processo, devem ser
praticados no prazo de 10 (dez) dias.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. O prazo previsto neste ar-
DA FORMA, TEMPO E tigo poderá ser prorrogado, mediante com-
provada justificação.
LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
Art. 10. Os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada, senão quan-
do a lei exigir, podendo ser utilizados modelos CAPÍTULO V
padronizados pela Administração. DO INÍCIO DO PROCESSO
§ 1º Os atos do processo devem ser produ- Art. 13. O processo administrativo inicia-se de
zidos por escrito, em vernáculo, com a data, ofício, a pedido do interessado ou por denúncia
local de realização e assinatura da autorida- de qualquer administrado.
de responsável.
Art. 14. A autoridade que tiver ciência de irregu-
§ 2º Salvo em caso de imposição legal, o re- laridade no serviço público é obrigada a promo-
conhecimento de firma somente será exigi- ver sua imediata apuração, sob pena de respon-
do quando houver dúvida a respeito da au- sabilidade, observado o procedimento previsto
tenticidade. no Capítulo VI desta Lei.
§ 3º A autenticação de documentos exigidos
poderá ser feita pelo órgão administrativo. Art. 15. O requerimento inicial, devidamente
datado e assinado pelo postulante ou pelo seu
§ 4º Os autos do processo deverão ter suas representante legal, será formulado por escrito
páginas numeradas sequencialmente e ru- e conterá os seguintes requisitos:
bricadas, desde o ato de instauração, ve-
dado o desentranhamento de qualquer I – órgão ou autoridade administrativa a
documento sem autorização motivada da que se dirige;
autoridade competente. II – qualificação do postulante, com indica-
§ 5º Cabe ao servidor incumbido da trami- ção do domicílio;
tação do processo lançar as certidões rela-
tivas ao cumprimento de atos ordinatórios, III – instrumento de mandato, quando assis-
especialmente conclusão para despacho ou tido por representante legal;
decisão, remessa, juntada ou desentranha- IV – local para recebimento das comunicações,
mento de documentos e apensamento de inclusive endereço eletrônico, se for o caso;
autos, quando tais providências forem de-
terminadas em despacho ou decisão. V – pedido, com exposição dos fatos e fun-
damentos;
Art. 11. Os atos do processo realizar-se-ão em
dias úteis, em horário normal do expediente ad- VI – indicação das provas que pretende ver
ministrativo e, preferencialmente, no órgão em juntadas aos autos e que se encontrem em
que tramitar o processo. poder do órgão ou entidade competente
Parágrafo único. Serão concluídos depois para apreciação do pedido.
do horário normal os atos já iniciados, cujo § 1º O requerimento será desde logo instru-
adiamento prejudique o curso regular do ído com a prova documental de que o pos-
procedimento ou cause dano ao interessa- tulante disponha.
do ou à Administração.

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§ 2º É vedada à Administração a recusa imo- CAPÍTULO VI


tivada a receber qualquer requerimento, DA INSTRUÇÃO
devendo o postulante ser orientado quanto
ao saneamento de eventuais falhas. Art. 21. As atividades de instrução destinam-se
Art. 16. O processo administrativo iniciado a pe- a subsidiar a motivação dos atos decisórios e se
dido do interessado se sujeita à seguinte trami- realizam de ofício, por iniciativa da Administra-
tação: ção, sem prejuízo do direito do interessado de
requerer e produzir prova.
I – o órgão que receber o requerimento pro-
videnciará a autuação e encaminhamento § 1º O órgão competente para a instrução
à repartição competente, no prazo de 10 do processo registrará nos autos os elemen-
(dez) dias; tos necessários para a tomada de decisão e
elaborará relatório conclusivo, indicando o
II – se o requerimento houver sido dirigido pedido inicial, o conteúdo das fases do pro-
a órgão incompetente, este providenciará cedimento e, se não for competente para
seu encaminhamento à unidade adequada, julgamento, proposta de decisão.
notificando-se o postulante;
§ 2º Os atos de instrução serão realizados do
III – constatado o não atendimento aos re- modo menos oneroso para o interessado.
quisitos previstos no art.15 desta Lei, o pos-
tulante será intimado para, no prazo de 10 § 3º Os atos de instrução realizados por meio
(dez) dias, suprir a omissão, sob pena de eletrônico serão registrados nos autos.
não conhecimento do requerimento. Art. 22. São admitidos no processo administrati-
Art. 17. Os órgãos e entidades poderão elaborar vo os meios de prova permitidos em direito.
modelos ou formulários padronizados para as- § 1º É admitida a prova emprestada, produ-
suntos que importem pretensões equivalentes. zida validamente em outro processo admi-
Art. 18. Dois ou mais administrados podem pos- nistrativo ou processo judicial, desde que
tular em conjunto, no mesmo processo, quando seja garantido ao postulante ou ao notifi-
forem idênticos o conteúdo ou os fundamentos cado o exercício do direito ao contraditório
do pedido, salvo disposição normativa em con- sobre esta prova.
trário. § 2º Será recusada, em decisão fundamenta-
Art. 19. Quando dois ou mais postulantes pre- da, a prova considerada impertinente, des-
tenderem da Administração o reconhecimento necessária, protelatória ou ilícita, a qual, nes-
ou atribuição de direitos conexos ou que se ex- te caso, deverá ser desentranhada dos autos.
cluam mutuamente, a autoridade competente, § 3º A arguição de falsidade do documento
mediante decisão fundamentada, ordenará a será processada como incidente processual.
reunião dos processos a fim de que sejam deci-
didos simultaneamente. Art. 23. Cabe ao interessado a prova dos fatos
que tenha alegado, sem prejuízo do dever atri-
Art. 20. Quando o processo administrativo for buído ao órgão competente para a instrução,
iniciado a pedido de mais de um postulante e mediante a juntada dos documentos que se en-
a prática conjunta dos atos instrutórios causar contram em seu poder.
prejuízo ao exame da matéria, a autoridade
competente, mediante decisão fundamentada, Art. 24. Quando for necessária a prestação de
poderá determinar o desmembramento do pro- informação ou a apresentação de provas pelos
cesso. interessados ou terceiros, será expedida intima-
ção para esse fim, mencionando-se data, prazo,
forma e condições de atendimento.

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§ 1º Não sendo atendida a intimação, o ór- § 5º Os trabalhos da audiência pública serão
gão competente, se entender relevante a registrados e juntados aos autos do processo.
matéria, e desde que possível, poderá su-
prir de ofício a omissão, não se eximindo do Art. 27. Os órgãos e entidades administrativas,
dever de decidir. em matéria relevante, poderão estabelecer ou-
tros meios de participação no processo, direta-
§ 2º Quando informação, prática de ato ou mente ou por meio de organizações e associa-
documento solicitados ao interessado, for ções legalmente constituídas.
imprescindível à apreciação de pedido for-
mulado, o não atendimento da solicitação Art. 28. No exame de matéria que envolva dife-
implicará arquivamento fundamentado do rentes interesses setoriais, o Chefe do Executivo
processo. poderá convocar conferência de serviço, reunin-
do os órgãos e entidades competentes, a fim de
Art. 25. Quando os elementos colhidos pude- emitir decisão célere.
rem conduzir ao agravamento da situação jurí-
dica do postulante, será ele intimado para mani- § 1º Sempre que possível, a conferência
festação, no prazo de 10 (dez) dias. será realizada em sessão única.

Art. 26. Além das hipóteses previstas em legisla- § 2º Em casos de urgência, o Chefe do Exe-
ção específica, quando o processo envolver ma- cutivo poderá estabelecer prazo máximo
téria de repercussão geral ou interesse público para a providência ou decisão de cada órgão
relevante, o órgão competente poderá, median- ou entidade, sob pena de responsabilização
te despacho motivado, antes da decisão final, funcional das autoridades que se omitirem.
promover consulta pública para manifestação § 3º Ultrapassado o prazo, caso a demora
de terceiros, cujo resultado integrará a instru- possa causar prejuízos graves ao interesse
ção do processo. público, o Chefe do Executivo poderá avocar
a competência de órgão da Administração
§ 1º A consulta pública será objeto de di- direta hierarquicamente vinculado.
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que
terceiros possam ter vista do processo na § 4º As providências ou decisões resultan-
repartição, fixando-se prazo para ofereci- tes das sessões da conferência de serviço
mento de manifestações escritas. serão lavradas em ata.

§ 2º A participação na consulta pública não Art. 29. O parecer emitido pelo órgão consulti-
confere ao terceiro a condição de interes- vo, quando exigido por disposição de ato nor-
sado no processo, mas lhe garante o direito mativo, integrará a instrução processual para
de obter da Administração resposta funda- subsidiar a decisão da autoridade competente.
mentada. Parágrafo único. Inexistindo disposição es-
pecífica determinando a manifestação do
§ 3º A consulta pública poderá implicar a re- órgão consultivo, durante a instrução pro-
alização de audiência pública para debates cessual, a solicitação do seu pronunciamen-
sobre a matéria do processo. to deverá ser justificada.
§ 4º Caberá à autoridade que presidir a au- Art. 30. Quando, por disposição de ato norma-
diência pública selecionar as pessoas que tivo, houver necessidade de obtenção prévia de
serão ouvidas, divulgar a lista dos habilita- laudo técnico de órgão administrativo e este não
dos, determinando a ordem dos trabalhos e cumprir o encargo no prazo assinalado, o órgão
fixando o tempo que cada um disporá para responsável pela instrução poderá solicitar laudo
se manifestar. técnico de outro órgão oficial, dotado de qualifi-
cação e capacidade técnica equivalentes.

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Art. 31. É assegurada ao postulante a faculdade Parágrafo único. A decisão definitiva, consi-
de apresentar manifestação final após o encer- derando razões de segurança jurídica ou de
ramento da instrução processual. relevante interesse social, motivadamente,
poderá estabelecer restrição aos seus efei-
Parágrafo único. Se, após a manifestação tos ou determinar o início de sua eficácia, a
final, e antes de proferida decisão, novos partir do ato decisório ou de momento es-
documentos forem juntados aos autos, o pecífico.
postulante deverá ser intimado para se pro-
nunciar.
Art. 32. A autoridade julgadora poderá, se en-
tender necessário para a busca da verdade ma- CAPÍTULO VIII
terial, determinar a realização de diligências DA DESISTÊNCIA E
complementares. EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 36. O postulante poderá, mediante mani-
festação escrita, desistir total ou parcialmente
CAPÍTULO VII do pedido formulado ou renunciar a direitos
DOS ATOS DECISÓRIOS disponíveis.

Art. 33. A Administração emitirá decisão moti- § 1º Havendo vários postulantes, a desis-
vada nos processos administrativos, bem como tência ou renúncia atinge somente quem a
sobre solicitações ou reclamações, indicando de tenha formulado.
forma clara e precisa os fundamentos de fato e § 2º A desistência ou renúncia, conforme
de direito que embasaram a decisão. o caso, não prejudica o prosseguimento do
§ 1º Em decisões reiteradas sobre a mesma processo, se a Administração considerar
matéria, poderão ser reproduzidos os fun- que o interesse público assim o exige.
damentos integrantes da motivação do ato Art. 37. O órgão competente, mediante ato
decisório, desde que não fique prejudicado decisório fundamentado, declarará extinto o
direito ou garantia do postulante. processo quando exaurida sua finalidade ou se
§ 2º A motivação de decisão, inclusive quan- o objeto da decisão for impossível, ineficaz ou
do proferida por órgão colegiado ou comis- prejudicado por fato superveniente.
são, constará em ata ou termo escrito, que Art. 38. A Administração poderá desarquivar o
figurará como parte integrante do ato. processo, por motivo justificado ou em razão de
Art. 34. A Administração tem o dever de emitir fato superveniente.
decisão final no processo, sob pena de respon-
der, na forma da lei, pelos prejuízos decorrentes
do perecimento do direito do postulante.
CAPÍTULO IX
Parágrafo único. Responderá regressiva- DA INVALIDAÇÃO, REVOGAÇÃO
mente o servidor ou autoridade que der E CONVALIDAÇÃO
causa ao perecimento do direito do postu-
lante. Art. 39. A Administração tem o dever de invali-
dar seus próprios atos, quando eivados de vícios
Art. 35 – Os efeitos do ato decisório terão início
de legalidade, e pode revogá-los, por motivo de
a partir da sua publicação pelos meios previstos
conveniência ou oportunidade, respeitados os
em ato normativo.
direitos adquiridos.

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§ 1º Os atos administrativos ilegais de que Art. 43. Se o postulante falecer no decorrer do
decorram efeitos favoráveis ao administra- processo, os prazos começarão a correr a partir
do deverão ser invalidados no prazo de 05 da intimação da decisão que reconhecer a legiti-
(cinco) anos, contados da data em que fo- midade do sucessor.
ram praticados.
Art. 44. Encerrada a instrução processual, o
§ 2º Na hipótese de comprovada má-fé do ad- agente público responsável remeterá, no prazo
ministrado, a qualquer tempo, a Administra- de 10 (dez) dias, os autos conclusos à autorida-
ção invalidará o ato ilegal e adotará medidas de competente para expedir o ato decisório.
para o ressarcimento ao erário, se for o caso.
Art. 45. A autoridade julgadora emitirá decisão
Art. 40. Os motivos de conveniência ou oportu- motivada nos processos administrativos, bem
nidade, que determinarem a revogação do ato como sobre solicitações ou reclamações, em
administrativo, deverão ser expressamente indi- matéria de sua competência, no prazo de 30
cados pela autoridade. (trinta) dias, contados da data em que receber
os autos conclusos.
Art. 41. Os atos que apresentarem defeitos sa-
náveis deverão ser convalidados pela própria Parágrafo único. O prazo previsto no caput
Administração, desde que não acarretem lesão pode ser prorrogado por igual período, me-
ao interesse público, à moralidade administrati- diante motivação expressa.
va ou prejuízo a terceiros.
Art. 46. Os pronunciamentos de órgãos con-
Parágrafo único. É vedada a convalidação sultivos serão emitidos no prazo máximo de 30
de ato cuja legalidade tenha sido objeto de (trinta) dias, prorrogável, mediante justificativa,
impugnação perante a Administração. por mais 15 (quinze) dias, contados da data do
recebimento dos autos, salvo norma especial
em sentido diverso.
CAPÍTULO X Parágrafo único. Nos processos que envol-
DOS PRAZOS vam licitações e contratos celebrados pelo
Poder Público, o prazo previsto no caput
Art. 42. Os prazos começam a correr a partir do pri- será reduzido para 15 (quinze) dias, prorro-
meiro dia útil após a ciência oficial do postulante. gável uma única vez por igual período, por
§ 1º Salvo disposição em contrário, compu- força de motivo justificado.
tar-se-ão os prazos excluindo o dia do co- Art. 47. Compete à autoridade julgadora verifi-
meço e incluindo o do vencimento. car se foram excedidos, sem motivo legítimo, os
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o pri- prazos previstos nesta Lei, determinando, se for
meiro dia útil se o vencimento cair em dia em o caso, a instauração de processo administrativo
que não houver expediente na repartição ou disciplinar.
em que for encerrado antes da hora normal. Art. 48. O prazo para que o postulante atenda
§ 3º Os prazos expressos em dias contam-se à solicitação da Administração quanto à prática
de modo contínuo, não se interrompendo de ato destinado à regularização do processo ou
nos feriados. para juntada de documento é de 10 (dez) dias,
salvo disposição expressa em contrário prevista
§ 4º Os prazos fixados em meses ou anos em legislação específica.
contam-se data a data e, se no mês do ven-
cimento não houver o dia equivalente ao § 1º Decorrido o prazo previsto no caput,
fixado como início do prazo, considera-se extingue-se o direito do postulante de pra-
termo final o último dia do mês. ticar o ato, independentemente de decla-

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ração da autoridade administrativa, salvo Art. 50. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência
se comprovar que não o realizou por justa a alguém dos atos e termos do processo, para
causa, observado o disposto no art. 24, § 2º, que faça ou deixe de fazer alguma coisa, ou das
desta Lei. decisões que resultem imposição de deveres,
ônus, sanções, restrição ao exercício de direitos
§ 2º Reputa-se justa causa o evento impre- ou de atividades de seu interesse.
visto, alheio à vontade do postulante, e que
o impediu de praticar o ato por si ou por Art. 51. Os atos de comunicação serão realiza-
mandatário. dos preferencialmente na seguinte ordem:
§ 3º Verificada a justa causa, a autoridade I – mediante mensagem enviada ao endere-
administrativa competente concederá ao ço eletrônico (e-mail), com confirmação de
postulante prazo razoável para a prática do leitura, ou por fac-símile;
ato.
II – mediante remessa por via postal, com
aviso de recebimento;
III – pessoalmente, mediante aposição de
CAPÍTULO XI data e assinatura do destinatário no instru-
DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO mento ou expediente, ou através de lavra-
tura de termo em livro próprio, se houver;
Art. 49. Notificação é o ato pelo qual a Adminis-
tração convoca alguém para integrar o processo IV – por edital publicado no Diário Oficial do
administrativo, a fim de que apresente defesa Estado.
sobre os fatos descritos pela autoridade compe-
§ 1º Os atos de comunicação dirigidos a
tente.
agentes públicos, cadastrados no sistema
§ 1º A notificação deverá conter a descrição digital da Administração, deverão ser reali-
dos fatos e a indicação dos dispositivos le- zados por via eletrônica.
gais supostamente violados, e será acompa-
§ 2º Consideram-se efetivadas a notificação
nhada de cópia do documento inaugural do
e a intimação:
processo administrativo, assinalando prazo
para manifestação. I – quando por via eletrônica, na data da
confirmação de leitura, quando se tratar de
§ 2º A notificação é condição de validade do
pessoa cadastrada no sistema digital do ór-
processo administrativo, sendo que o com-
gão ou entidade, de acordo com o previsto
parecimento espontâneo do notificado su-
no Capítulo XVI, do Título I, desta Lei;
pre a sua falta.
II – quando por via postal, na data de junta-
§ 3º Comparecendo o notificado apenas
da aos autos do aviso de recebimento;
para arguir nulidade, considerar-se-á feita a
notificação na data que for intimado da de- III – quando pessoal, na data da aposição da
cisão. ciência no instrumento ou expediente;
§ 4º Se o notificado não souber ou não pu- IV – quando por edital, três dias após sua
der assinar a notificação, o seu representan- publicação.
te legal ou servidor público assinará a rogo,
pelo notificado, na presença, se possível, de Art. 52. O ato de comunicação será obrigatoria-
duas testemunhas, devendo descrever a si- mente pessoal quando:
tuação, mediante termo nos autos. I – o processo envolver interesse de incapaz;

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II – o destinatário da comunicação residir § 1º Salvo disposição legal específica, o pra-
em local não atendido pela entrega domici- zo para interposição de recurso hierárquico
liar de correspondência; é de 10 (dez) dias, contado da ciência ou di-
vulgação oficial da decisão recorrida.
III – o destinatário for agente público, en-
contrar-se na repartição e inexistir possibi- § 2º O recurso hierárquico conterá os moti-
lidade de comunicação por meio eletrônico. vos de fato e de direito que fundamentam
o pedido de nova decisão e será dirigido à
Parágrafo único. Será determinada a notifi- autoridade que a proferiu, a qual, se não a
cação pessoal ou por via postal quando for reconsiderar no prazo de 10 (dez) dias, o en-
realizada a notificação por via eletrônica e o caminhará à autoridade superior.
sistema não registrar confirmação de leitura
no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir § 3º Na hipótese do recorrente alegar que
da sua expedição. a decisão contraria enunciado de súmula
vinculante ou orientação uniforme da ju-
Art. 53. O ato de comunicação será realizado risprudência administrativa e a autoridade
por edital: não reconsiderar sua decisão, o despacho
I – quando ignorado, incerto ou inacessível de encaminhamento à autoridade superior
o lugar em que o notificado ou o postulante deverá explicitar as razões da manutenção
se encontrar; da decisão recorrida.

II – quando houver fundada suspeita de Art. 55. Cabe recurso administrativo para suprir
ocultação para frustrar o recebimento do omissão ou recusa da autoridade em emitir de-
ato de comunicação; cisão ou se manifestar acerca de requerimento
apresentado.
III – nos demais casos expressos em lei.
§ 1º O prazo para interposição de recurso
Parágrafo único. São requisitos para a noti- administrativo é de 10 (dez) dias, contados
ficação e intimação por edital: a partir do trigésimo dia após a data que lhe
I – declaração formal da autoridade com- fora fixada para emitir decisão, ressalvados
petente, por termo dos autos, acerca das os casos previstos em legislação específica.
circunstâncias previstas nos incisos I e II do § 2º O recurso administrativo será dirigido à
caput deste artigo; autoridade imediatamente superior, a qual
II – fixação do edital na sede da repartição poderá proferir decisão ou adotar providên-
onde tramita o processo; cias para suprir a omissão, sem prejuízo da
apuração de responsabilidade.
III – publicação do edital no órgão oficial,
com juntada aos autos de cópia do ato pu- Art. 56. São irrecorríveis os atos de mero expe-
blicado. diente e preparatórios de decisão.
Art. 57. A interposição de recurso independe de
caução ou depósito prévio.
CAPÍTULO XII Art. 58. São legitimados para recorrer:
DOS RECURSOS, DA REVISÃO E DO I – os postulantes relacionados no art. 9º
PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO desta Lei;
Art. 54. Das decisões definitivas no processo II – aqueles que forem indiretamente afeta-
cabe recurso hierárquico, devolvendo o conhe- dos pela decisão recorrida.
cimento da matéria impugnada.

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Art. 59. Salvo disposição legal em contrário, a verificado envolver matéria já suscitada nas
interposição de recurso não suspende os efeitos razões do recurso.
da decisão. Art. 63. O recorrente poderá, a qualquer tempo,
§ 1º Havendo justo receito de prejuízo de mediante manifestação escrita, sem anuência
difícil ou incerta reparação, decorrente dos da Administração, desistir total ou parcialmente
efeitos da decisão recorrida, a autoridade a do recurso.
quem incumbir o conhecimento do recurso
poderá, de ofício ou a pedido, e motivada- Art. 64. Havendo vários postulantes no mesmo
mente, atribuir-lhe efeito suspensivo. processo, a interposição do recurso por um de-
les a todos aproveita, salvo se distintos ou opos-
§ 2º Requerida a concessão de efeito sus- tos os interesses.
pensivo, a autoridade recorrida apreciará
o pedido no prazo de 05 (cinco) dias, sendo Art. 65. Quando os autos em que foi exarada a
que desta decisão não caberá recurso. decisão recorrida tiverem que permanecer na
repartição de origem, o recurso será autuado
Art. 60. O recurso não será conhecido quando em separado, transladando-se cópias dos ele-
interposto: mentos necessários para apreciação da matéria.
I – fora do prazo;
Art. 66. Havendo outros postulantes com inte-
II – perante órgão incompetente; resses contrapostos, serão eles intimados para
III – por quem não tenha legitimação; oferecimento de contra-razões no prazo de 10
(dez) dias.
IV – depois de esgotados todos os recursos
cabíveis na esfera administrativa. Art. 67. Da decisão definitiva proferida em pro-
§ 1º Na hipótese do inciso II deste artigo, cesso administrativo que resulte gravame à situ-
deverá a autoridade remetê-lo, de ofício, ao ação do administrado, cabe pedido de revisão,
órgão competente para exercer o juízo de desde que surjam fatos ou provas novas capazes
admissibilidade, ou indicar ao recorrente a de justificar a modificação do ato decisório.
autoridade competente, hipótese em que Art. 68. É admitido pedido de reconsideração,
lhe será devolvido o prazo. no prazo de 10 (dez) dias, das decisões de com-
§ 2º O não conhecimento do recurso não petência originária do Chefe do Poder Executivo
impede a Administração de rever de ofício o ou dirigente máximo da pessoa jurídica da Ad-
ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão ministração indireta.
administrativa. Parágrafo único. O pedido de reconsidera-
Art. 61. Conhecido o recurso, a autoridade com- ção não poderá ser renovado e observará,
petente intimará os demais interessados para, no que couber, o regime dos recursos hie-
no prazo de 10 (dez) dias, ou em outro prazo fi- rárquico e administrativo.
xado em lei específica, apresentarem alegações.
Art. 62. Cabe à autoridade competente decidir
o recurso, confirmando, anulando, total ou par- CAPÍTULO XIII
cialmente, ou revogando a decisão recorrida, DA COMPETÊNCIA
quanto à matéria de sua competência.
Parágrafo único. O julgamento do recurso Art. 69. A competência para apreciação do pro-
não poderá agravar a situação do recorrente cesso administrativo será do órgão vinculado à
sem a sua prévia intimação para se matéria versada, salvo disposição legal ou regu-
manifestar no prazo de 10 (dez) dias, salvo lamentar em contrário, devendo ser iniciado pe-
na hipótese em que o vício de legalidade rante a autoridade de menor grau hierárquico
para decidir.

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Art. 70. A competência é irrenunciável, intrans- Art. 74. O agente público, que exorbitar os limi-
ferível, imodificável pela vontade do agente pú- tes de suas atribuições, decorrentes da compe-
blico e é exercida pelos agentes, órgãos e enti- tência que legalmente lhe for conferida, respon-
dades administrativas a que a lei atribui como derá administrativamente pelo abuso de poder,
própria. sem prejuízo da responsabilização penal e cível.
Art. 71. Salvo vedação legal, o agente público
poderá delegar parte do exercício de sua com-
petência quando for conveniente em razão de CAPÍTULO XIV
circunstâncias de natureza técnica, social, eco-
DOS IMPEDIMENTOS
nômica, jurídica ou territorial.
E DA SUSPEIÇÃO
§ 1º O ato de delegação indicará as matérias
e as atribuições transferidas, bem como as Art. 75. É impedido de atuar em processo admi-
ressalvas quanto ao exercício da competên- nistrativo o servidor ou autoridade que:
cia delegada, podendo ser revogado a qual-
I – seja cônjuge, companheiro ou parente e
quer tempo pela autoridade delegante.
afins até terceiro grau do postulante ou do
§ 2º Os atos proferidos no exercício de po- notificado;
der delegado mencionarão expressamente
II – esteja litigando judicial ou administra-
essa qualidade.
tivamente com o postulante ou respectivo
§ 3º O ato de delegação e sua revogação se- cônjuge, companheiro ou parente e afins
rão divulgados por meio de publicação ofi- até o terceiro grau;
cial.
III – tenha cônjuge, companheiro ou paren-
Art. 72. São indelegáveis, dentre outras hipóte- te e afins até segundo grau figurando como
ses previstas em legislação específica: advogado, defensor dativo ou representan-
te legal do postulante ou do notificado;
I – a edição de atos normativos que regulem
direitos e deveres dos administrados; IV – tenha participado ou venha a participar
como perito, testemunha, pregoeiro, re-
II – a decisão de recursos administrativos; presentante ou auditor, ou se tais situações
III – as atribuições de competência exclusiva ocorrerem quanto ao cônjuge, companhei-
do órgão ou autoridade; ro ou parente e afins até o terceiro grau;

IV – as atribuições recebidas por delegação, V – tenha conduzido expediente de apura-


salvo autorização expressa e na forma pre- ção prévia, integrado comissão ou órgão de-
vista no ato delegatório; liberativo responsável pela análise dos atos
que fundamentaram a instauração do pro-
V – a totalidade da competência do órgão cesso administrativo.
ou aquela essencial que justifique sua exis-
tência. § 1º Na hipótese do inciso III deste artigo, o
impedimento só se verifica quando o advo-
Parágrafo único. O órgão colegiado não gado já estava atuando no processo.
pode delegar suas atribuições, mas apenas
a execução material de suas deliberações. § 2º É vedado ao não ocupante de cargo ou
emprego público efetivos integrar comissão
Art. 73. É permitida, em caráter excepcional e processante.
por motivos relevantes devidamente justifica-
dos, a avocação temporária de competência
atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

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Art. 76. A autoridade ou servidor que incorrer § 3º O excepto integrante da comissão será
em impedimento deve comunicar o fato à auto- afastado do encargo até a conclusão do in-
ridade competente, abstendo-se de atuar. cidente.
Parágrafo único. A omissão do dever de co- Art. 80. O indeferimento do incidente de suspei-
municar o impedimento constitui falta gra- ção poderá ser objeto de recurso hierárquico,
ve, sujeita à responsabilização disciplinar. sem efeito suspensivo.
Art. 77. São causas de suspeição para atuar no
processo administrativo o servidor ou autorida- CAPÍTULO XV
de que:
DO INCIDENTE DE
I – tenha amizade íntima ou inimizade notó- FALSIDADE DOCUMENTAL
ria com algum postulante ou notificado;
II – tenha interesse direto ou indireto no Art. 81. O incidente de falsidade documental
processo administrativo; pode ser instaurado em qualquer fase do pro-
cesso administrativo, de ofício ou a pedido do
III – seja postulante ou notificado em pro- interessado, a quem caberá suscitá-lo na defesa
cesso administrativo de objeto análogo; ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da inti-
IV – seja credor ou devedor do postulante mação da sua juntada aos autos.
ou notificado, ou dos seus respectivos côn-
Parágrafo único. A arguição de falsidade do-
juges, companheiros ou parentes e afins até
cumental estará sujeita ao exame de admissi-
o terceiro grau;
bilidade pela autoridade processante, a qual
V – tiver orientado algum dos postulantes sustará o processo até a decisão final acerca
acerca do objeto em exame. da falsidade ou autenticidade do documento.
Parágrafo único. Poderá o servidor ou au- Art. 82. Quando o incidente for promovido pelo in-
toridade declarar-se suspeito por motivo de teressado, a petição será dirigida à autoridade com-
foro íntimo. petente para a instrução, e deverá demonstrar os
Art. 78. O incidente de suspeição será arguido motivos pelos quais reputa falso o documento.
perante a autoridade ou comissão responsável Art. 83. Admitido incidente de falsidade docu-
pela condução do feito e tramitará em autos mental, a parte que produziu o documento será
apartados. intimada para, no prazo de 10 (dez) dias, mani-
Art. 79. Quando o servidor ou a autoridade ex- festar-se e apresentar prova acerca da veraci-
cepta não reconhecer como legítima a causa de dade do documento questionado, podendo ser
suspeição, será dado início ao incidente proces- determinado o exame pericial, se for o caso.
sual, que, uma vez concluído, será encaminhado
Art. 84. A decisão que resolver o incidente de-
para a autoridade julgadora.
clarará a falsidade ou autenticidade do docu-
§ 1º O excepiente deverá instruir o inciden- mento.
te com as provas documentais da suspei-
ção, salvo se necessária dilação probatória, Parágrafo único. Se for declarada a falsida-
oportunidade em que deverá requerer a de do documento, a autoridade processan-
produção das provas, arrolando o número te determinará a instauração de processo
máximo de 03 (três) testemunhas. administrativo destinado a apurar a respon-
sabilidade da parte que juntou documento
§ 2º Quando a suspeição se dirigir ao res- falso e impor penalidade cabível, sem pre-
ponsável pela condução do processo, a au- juízo do dever de representar ao Ministério
toridade julgadora designará outro servidor Público.
para a instrução do incidente processual.

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CAPÍTULO XVI Art. 87. A prática de atos processuais por meio ele-
DO USO DA TECNOLOGIA DE trônico será admitida mediante uso de assinatura
eletrônica digital ou cadastrada, sendo obrigatório
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO o prévio credenciamento na Administração.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
§ 1º O credenciamento será realizado me-
Seção I diante procedimento no qual seja assegura-
OS ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS da a inequívoca identificação do interessa-
do, conforme disposto em regulamento.
Art. 85. O uso de meio eletrônico na tramitação § 2º Ao credenciado será atribuído registro
dos processos administrativos para comunica- e meio de acesso ao sistema, de modo a
ção de atos e transmissão de peças processuais preservar o sigilo, identificação e autentici-
será admitido nos termos desta Lei. dade das comunicações.
Parágrafo único. Todos os atos do processo Art. 88. Consideram-se realizados os atos pro-
eletrônico serão assinados eletronicamen- cessuais por meio eletrônico no dia e hora do
te, na forma estabelecida em regulamento. seu envio ao sistema, que fornecerá o respec-
Art. 86. Para os fins desta Lei, considera-se: tivo protocolo eletrônico, gerando confirmação
da prática do ato.
I – meio eletrônico: qualquer forma de ar-
§ 1º Quando a petição for enviada para
mazenamento ou tráfego de documentos e
atender prazo processual, serão considera-
arquivos digitais;
das tempestivas as transmitidas até às 24
II – transmissão eletrônica: toda forma de (vinte e quatro) horas do seu último dia.
comunicação à distância com a utilização de § 2º Se a transmissão se tornar indisponível
redes de comunicação, preferencialmente a por motivo técnico, o prazo previsto no § 1º
rede mundial de computadores; deste artigo ficará automaticamente pror-
III – assinatura eletrônica: as seguintes for- rogado para o primeiro dia útil seguinte à
mas de identificação inequívoca do signatá- resolução do problema.
rio: Art. 89. Os atos de comunicação dirigidos ao
administrado credenciado, na forma do art. 87,
a) assinatura digital baseada em certificado
serão realizados por meio eletrônico no sistema
digital emitido por Autoridade Certificadora
do respectivo órgão ou entidade.
credenciada, na forma de lei específica;
§ 1º Consideram-se realizadas a notificação
b) assinatura cadastrada, obtida perante a e a intimação ao administrado credenciado
Administração, conforme disposto em regu- no dia em que a confirmação de leitura for
lamento; recebida pelo sistema do órgão ou entida-
IV – sistema: conjunto de rotinas e procedi- de, ou no primeiro dia útil seguinte da con-
mentos informatizados criados para produ- sulta eletrônica no ambiente digital, quando
zir efeitos de tramitação processual a partir esta não se realizar em dia útil, certificando-
da operação nele realizada; -se nos autos a sua realização.
§ 2º Em se tratando de intimação ao ad-
V – ambiente digital: local próprio de arma-
ministrado credenciado e inexistindo con-
zenamento e processamento de informa-
firmação de leitura em até 10 (dez) dias,
ções processuais realizadas por meio eletrô-
contados da data do envio, considerar-se-á
nico.
automaticamente realizada a intimação na
data do término deste prazo.

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§ 3º Nos casos urgentes em que a comuni- Art. 93. A Administração poderá realizar, por sis-
cação realizada na forma deste artigo possa tema de videoconferência ou outro recurso tec-
causar prejuízo a quaisquer das partes ou nológico de transmissão de sons e imagens em
for evidenciada tentativa de burla ao sis- tempo real, interrogatório, depoimento, reu-
tema, o ato processual será realizado por nião de órgão colegiado ou audiência pública,
outro meio que atinja sua finalidade, con- dentre outros atos processuais.
forme determinado pela autoridade com-
petente. Seção III
SISTEMA DE
Art. 90. Todas as comunicações oficiais, que
transitem entre órgãos da Administração, serão PROCESSO ELETRÔNICO
feitas preferencialmente por meio eletrônico.
Art. 94. A Administração poderá desenvolver
Seção II sistema eletrônico para os processos adminis-
trativos por meio de autos total ou parcialmen-
DA PRÁTICA DE ATOS te digitais, utilizando, preferencialmente, a rede
PROCESSUAIS POR FAC mundial de computadores e o acesso por meio
de redes internas e externas.
Art. 91. É permitida a prática de atos processu-
ais que dependam de petição escrita mediante Parágrafo único. Para a plena operaciona-
a utilização de sistema de transmissão de dados lização do sistema eletrônico, a Adminis-
e imagens, tipo fac-símile, ou outro similar, na tração deverá manter equipamentos de
forma prevista em regulamento. digitalização e de acesso à rede mundial de
computadores à disposição dos interessa-
§ 1º A prática de atos processuais na forma dos para protocolo eletrônico de peças pro-
prevista no caput impõe a apresentação cessuais.
dos originais em 5 (cinco) dias, contados
do termo final do prazo fixado na lei, salvo Art. 95. No processo eletrônico, todas as intima-
quando, por justo motivo comprovado pelo ções e notificações serão feitas por meio eletrô-
interessado, for necessária a dilação deste nico, na forma desta Lei.
prazo.
§ 1º As intimações, notificações e remessas,
§ 2º Nos atos processuais não sujeitos a pra- que viabilizem o acesso ao sistema da inte-
zo, os originais deverão ser entregues em 5 gralidade do processo correspondente, terá
(cinco) dias da data da recepção da petição efeito legal de vista dos autos pelo destina-
e documentos transmitidos. tário.
Art. 92. Aquele que praticar ato processual atra- § 2º Quando, por motivo técnico, for invi-
vés de sistema de transmissão de dados e ima- ável a realização de atos de comunicação
gens, tipo fac-símile, ou outro similar torna-se por meio eletrônico, esses atos processuais
responsável pela qualidade e fidelidade do ma- poderão ser praticados segundo as regras
terial transmitido. ordinárias disciplinadas pelo Capítulo XI, do
Título I, digitalizando-se o documento físico.
Parágrafo único. Sem prejuízo da apuração
de responsabilidade do usuário do sistema, Art. 96. O envio de petições de qualquer nature-
serão desentranhadas as petições e docu- za em formato digital pode ser feito diretamen-
mentos remetidos por fac-símile ou simi- te pela parte ou seus representantes legais, sem
lar, cujos originais não forem entregues no necessidade da participação do órgão adminis-
prazo fixado ou quando não houver perfeita trativo, hipótese em que o recebimento dar-se-
identidade entre os mesmos. -á de forma automática, fornecendo-se recibo
eletrônico de protocolo.

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Art. 97. Os documentos produzidos eletronica- Parágrafo único. O acesso aos dados e do-
mente e os digitalizados, recebidos com garan- cumentos, de que trata este artigo, dar-se-á
tia da origem e de identificação inequívoca de por qualquer meio tecnológico disponível,
seu signatário, na forma estabelecida em regu- preferencialmente o de menor custo, consi-
lamento, serão considerados originais para to- derada sua eficiência.
dos os efeitos legais, ressalvada a arguição de
falsidade motivada e fundamentada de adulte- Seção IV
ração, antes ou durante o processo de digitali- DO DIÁRIO OFICIAL ELETRÔNICO
zação, na forma estabelecida no Capítulo XV, do
Título I, desta Lei. Art. 100. A Administração implantará Diário Ofi-
cial Eletrônico, disponibilizado em site da rede
§ 1º Os documentos digitalizados, anexados mundial de computadores, para publicação de
ao processo eletrônico, estarão disponíveis atos administrativos e comunicações em geral.
para acesso exclusivamente por meio da
§ 1º O site e o conteúdo das publicações
rede externa para as respectivas partes pro-
veiculadas pelo Diário Oficial Eletrônico de-
cessuais, respeitado o disposto em lei para
verão ser assinados digitalmente com base
as situações de sigilo e de segredo de jus-
em certificado emitido por Autoridade Cer-
tiça.
tificadora credenciada na forma de disposi-
§ 2º Tratando-se de cópia digital de docu- ção legal específica.
mento relevante à instrução do processo, a § 2º A publicação eletrônica substitui qual-
autoridade competente poderá determinar quer outro meio de publicação oficial, para
o seu depósito, na forma do regulamento. quaisquer efeitos legais, à exceção dos ca-
Art. 98. A conservação dos autos do processo sos que, por lei, os atos de comunicação de-
poderá ser efetuada total ou parcialmente por vem ser obrigatoriamente pessoais.
meio eletrônico, na forma do regulamento. § 3º Considera-se data da publicação o pri-
meiro dia útil seguinte ao da disponibiliza-
§ 1º Os autos de processos eletrônicos que ção da informação no Diário Eletrônico.
tiverem de ser remetidos a outro órgão,
poder ou instância superior, que não dispo-
nham de sistema compatível, deverão ser TÍTULO II
impressos em papel e autuados, seguindo
a tramitação estabelecida para os processos Processos
físicos.
Administrativos Especiais
§ 2º A digitalização de autos em mídia, em
tramitação ou já arquivados, será precedida
de publicação de editais de intimações ou
CAPÍTULO I
da intimação pessoal das partes e de seus
procuradores, para que, no prazo preclusivo DO PROCESSO SANCIONATÓRIO
de 30 (trinta) dias, manifestem-se sobre o
desejo de manterem a guarda de algum dos Seção I
documentos originais. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 99. A Administração poderá determinar que Art. 101. Rege-se por este Capítulo o processo
sejam realizados por meio eletrônico a exibição sancionatório destinado à imposição de pena-
e o envio de dados e documentos necessários à lidade, em face da prática de infração adminis-
instrução do processo. trativa, com observância das garantias da ampla
defesa e do contraditório, nas hipóteses não
disciplinadas em legislação específica.

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Art. 102. A autoridade que tiver conhecimento Parágrafo único. São competentes para
de infração administrativa é obrigada a promo- receber denúncia, observados os critérios
ver sua apuração imediata, sob pena de respon- estabelecidos em atos normativos de cada
sabilidade. órgão ou entidade:
§ 1º Quando não houver elementos sufi- I – Ouvidoria Geral e setoriais;
cientes para a abertura imediata do pro-
cesso sancionatório, deverá ser instaurada II – Corregedoria Geral e setoriais;
sindicância investigativa, meio sumário de III – Procuradoria Geral do Estado e órgãos
apuração destinado a colher indícios de au- jurídicos das entidades da Administração in-
toria e materialidade do fato supostamente direta;
ilícito, no qual não se instala o contraditório,
ressalvados os casos expressamente previs- IV – Tribunal de Contas do Estado;
tos em lei. V – Auditoria Geral do Estado;
§ 2º A sindicância de que trata o parágrafo VI – Ministério Público do Estado;
anterior, a ser conduzida por servidores efe-
tivos e estáveis, será concluída no prazo de VII – demais órgãos de controle previstos
20 (vinte) dias, prorrogável uma única vez em legislação específica.
por igual período.
Art. 105. A denúncia deverá conter a descrição do
Art. 103. O processo sancionatório será instau- fato e suas circunstâncias, com fundamentação mí-
rado pela autoridade competente nos casos em nima que possibilite sua apuração, e, se possível,
que: identificação dos responsáveis ou beneficiários.
I – tiver ciência de irregularidade no serviço § 1º Quando a denúncia for apresentada
público e não for necessário prévio procedi- verbalmente, a autoridade lavrará termo,
mento investigatório para colher indícios de assinado pelo denunciante.
materialidade e suposta autoria;
§ 2º É recomendável a identificação do de-
II – verificar a existência de indícios de prá- nunciante a fim de dirimir eventuais dúvi-
tica de infração administrativa, após conclu- das quanto aos fatos denunciados.
são de sindicância ou auditoria, ou no exer-
cício do poder de polícia; § 3º Não será conhecida a denúncia anôni-
ma nos casos em que a lei exigir a identifica-
III – verificar a existência de indícios sufi- ção do denunciante.
cientes de prática de infração administrati-
va, após o juízo de admissibilidade de de- Art. 106. Na hipótese de denúncia anônima, a
núncia apresentada perante os órgãos de Administração promoverá investigação prelimi-
controle da Administração Pública. nar interna acerca dos fatos constantes da peça
anônima, observando-se as cautelas necessá-
Seção II rias para evitar injusta ofensa à honra do denun-
DA DENÚNCIA DE INFRAÇÃO ciado.
ADMINISTRATIVA Art. 107. Recebida a denúncia, a autoridade
competente exercerá juízo de admissibilidade,
Art. 104. Qualquer pessoa que tiver conheci- decidindo acerca da verossimilhança dos fatos
mento de violação da ordem jurídica, no âmbito denunciados, ocasião em que providenciará a
da Administração estadual, poderá denunciá-la instauração de auditoria, sindicância ou proces-
às autoridades competentes. so administrativo sancionatório, na forma pre-
vista em lei.

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Parágrafo único. Os procedimentos mencio- que volta a correr em sua integralidade,
nados no caput deste artigo restringem-se após o transcurso do prazo previsto no art.
ao desempenho da função administrativa 108, § 3º, desta Lei.
por parte dos órgãos ou entidades referidas
no art. 104, para o controle interno dos seus § 2º O agente público que, por inobservân-
próprios atos. cia injustificada dos prazos fixados para prá-
tica de ato de sua competência, der causa à
Seção III prescrição da pretensão sancionatória, será
DO RITO DO PROCESSO responsabilizado na forma da lei.
SANCIONATÓRIO Art. 110. O ato administrativo instaurador do
processo sancionatório que apresentar vício sa-
Art. 108. O processo sancionatório será instau- nável poderá, a qualquer tempo, ser convalida-
rado mediante expedição de portaria ou lavra- do de ofício pela autoridade julgadora, median-
tura de auto de infração, dando-se ciência ao te despacho saneador, após o pronunciamento
acusado através de notificação efetuada na for- do órgão jurídico competente.
ma prevista no art. 49 desta Lei.
Art. 111. Constatado vício insanável, após pré-
§ 1º A portaria indicará a autoridade ou a via manifestação do órgão jurídico competente,
comissão responsável pela condução do será declarada a nulidade do ato viciado a partir
processo, com a identificação do acusado, da fase processual em que o vício foi produzido,
descrição sumária dos fatos e indicação dos reabrindo-se o contraditório, com aproveita-
dispositivos legais ou regulamentares su- mento dos atos regularmente produzidos.
postamente violados.
Art. 112. É causa de nulidade do processo san-
§ 2º O auto de infração será lavrado obser- cionatório:
vando os requisitos e procedimentos previs-
tos em legislação específica. I – incompetência da autoridade que o ins-
taurou, quando se tratar de competência
§ 3º O prazo para conclusão do processo, exclusiva;
com decisão final da autoridade julgadora,
é de 180 (cento e oitenta) dias, admitida II – suspeição e impedimento da autoridade
prorrogação por igual prazo, uma única vez, ou de membro da comissão processante;
em face de circunstâncias excepcionais. III – ausência dos seguintes termos ou atos:
§ 4º A comissão de que trata o § 1º deste a) notificação ou intimação, na forma desta
artigo será composta por 03 (três) servido- Lei;
res efetivos e estáveis, designados pela au-
toridade competente, que indicará, dentre b) abertura de prazo para a defesa;
eles, o seu presidente, e contará com um
secretário por este designado. c) recusa imotivada, pela autoridade ou co-
missão processante, de realização de prova
Art. 109. Ressalvados os casos previstos em le- imprescindível para a apuração da verdade;
gislação específica, o prazo prescricional para
instauração do processo sancionatório é de 05 IV – inobservância de formalidade essencial
(cinco) anos e começa a correr a partir do co- a termos ou atos processuais.
nhecimento do fato ilícito pela autoridade a que Parágrafo único. Nenhuma nulidade será
se refere o art. 2º, inciso III, desta Lei. declarada se não resultar prejuízo para a
§ 1º A publicação do ato administrativo ins- defesa, por irregularidade que não compro-
taurador do processo sancionatório inter- meta a apuração da verdade e em favor de
rompe a contagem do prazo prescricional, quem lhe tenha dado causa.

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Art. 113. O acusado será notificado para ofere- to do órgão jurídico, será encaminhado à autori-
cer defesa prévia em 10 (dez) dias, ocasião em dade competente para julgamento.
que deverá requerer as provas a serem produ-
zidas e indicar até 05 (cinco) testemunhas, sob Art. 120. A decisão da autoridade julgadora não
pena de preclusão. se vincula às conclusões da autoridade ou co-
missão processante, e será motivadamente pro-
§ 1º A notificação será feita na forma previs- ferida no prazo de 30 (trinta) dias.
ta nesta Lei e conterá:
Parágrafo único. A motivação deve ser ex-
I – descrição completa dos fatos que lhe são plícita e clara, podendo consistir em decla-
imputados; ração de concordância com fundamentos
de anteriores pareceres, informações ou
II – indicação dos dispositivos legais ou re- decisões, que, neste caso, serão parte inte-
gulamentares supostamente violados; grante do ato decisório.
III – advertência quanto à faculdade de o Art. 121. Da decisão proferida pela autoridade
acusado constituir advogado. julgadora caberá recurso hierárquico na forma
§ 2º Nas hipóteses em que lei exigir a apre- e no prazo previsto no Capítulo XII, do Título I,
sentação de defesa técnica, será nomeado desta Lei.
defensor dativo ao acusado que, regular- Art. 122. Os processos administrativos de que
mente notificado, deixar de apresentá-la no resultem sanções poderão ser revistos a qual-
prazo previsto no caput. quer tempo, a pedido ou de ofício, sempre que
Art. 114. Ao acusado caberá a prova dos fatos surgirem fatos novos ou circunstâncias relevan-
que tenha alegado, sem prejuízo do dever atri- tes suscetíveis de justificar a inadequação da
buído à autoridade ou comissão processante penalidade aplicada.
para instrução do processo. Parágrafo único. Da revisão do processo
Art. 115. A autoridade ou comissão processante não poderá resultar o agravamento da san-
poderá determinar a produção de provas neces- ção.
sárias à formação de sua convicção, bem como Art. 123. Quando do processo sancionatório re-
de parecer técnico, especificando o objeto a ser sultar a aplicação de multa, deverá o acusado
esclarecido. ser intimado para efetuar o seu pagamento no
Art. 116. As provas apresentadas ou requisita- prazo de 30 (trinta) dias, ou impugnar o seu va-
das pelo acusado, quando impertinentes, des- lor no prazo de 10 (dez) dias, ressalvada discipli-
necessárias ou protelatórias, serão recusadas, na prevista em lei específica.
mediante decisão fundamentada da autoridade § 1º Decorrido o prazo fixado para quitação
julgadora competente. do débito sem que tenha sido efetuado o
Art. 117. Encerrada a instrução, o acusado será respectivo pagamento ou impugnado o seu
intimado para apresentar alegações finais, no valor, considera-se constituído o crédito
prazo de 10 (dez) dias. não-tributário, devendo os autos ser enca-
minhados para inscrição em Dívida Ativa, na
Art. 118. Apresentadas as alegações finais, a au- forma prevista em regulamento.
toridade ou comissão processante elaborará re-
latório conclusivo sobre a culpabilidade ou não § 2º Os índices de atualização monetária e
do acusado e encaminhará os autos ao órgão ju- acréscimos moratórios serão fixados em re-
rídico competente para emissão de parecer. gulamento.

Art. 119. O processo sancionatório, instruído


com relatório conclusivo e após pronunciamen-

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Art. 124. Aplica-se subsidiariamente, no que Art. 128. Aplicar-se-ão, quanto às testemunhas,
couber, o Código de Processo Penal ao processo as regras de incapacidade e impedimento cons-
sancionatório. tantes do Código de Processo Civil.
Art. 129. A justificação administrativa produzirá
efeitos perante os órgãos e entidades da Admi-
CAPÍTULO II nistração.
DO PROCESSO DE JUSTIFICAÇÃO
Art. 130. Será apurada a responsabilidade crimi-
Art. 125. Rege-se por este Capítulo o processo nal dos autores de declarações falsas, prestadas
de justificação administrativa, destinado a su- em justificações administrativas, mediante repre-
prir falta ou insuficiência de documento e pro- sentação da autoridade ao Ministério Público.
duzir prova de fato de interesse do postulante,
perante órgãos e entidades da Administração.
Art. 126. O requerimento do postulante deverá CAPÍTULO III
ser protocolado no órgão ou entidade vincula- DO PROCESSO DE INVALIDAÇÃO
do ao fato a ser comprovado, e deverá conter DE ATOS E CONTRATOS
a descrição dos fatos que pretende justificar as
razões do pedido, o início de prova material e ADMINISTRATIVOS
rol de testemunhas idôneas, em número não
Art. 131. Rege-se pelo disposto neste Capítu-
superior a 05 (cinco).
lo o processo de invalidação de ato e contrato
Parágrafo único. Será constituída comissão administrativo, que poderá ser instaurado pela
integrada por 03 (três) servidores de vín- Administração, de ofício, ou a requerimento de
culo permanente para processar o pedido particular.
de justificação administrativa, cabendo-
-lhe submeter o relatório final à autoridade § 1º O processo de invalidação provocado
competente para proferir a decisão, com por iniciativa de particular será instaurado
prévia manifestação do órgão jurídico. mediante requerimento dirigido à autorida-
de que praticou o ato ou celebrou contrato,
Art. 127. Além dos requisitos previstos no art. demonstrando as razões de fato e de direito
126, é condição indispensável para admissibili- que ensejem a declaração de sua invalida-
dade do processo de justificação administrativa de, de acordo com os requisitos previstos
a manifesta impossibilidade de apresentação de no Capítulo V, do Título I, desta Lei.
outro meio de prova capaz de configurar a ver-
dade do fato alegado. § 2º O processo de invalidação será instau-
rado de ofício pela Administração por inicia-
§ 1º A prova exclusivamente testemunhal será
tiva da própria autoridade que praticou o
admitida na ocorrência de força maior ou caso
ato ou celebrou o contrato, bem como pelo
fortuito correlacionada com o fato que se pre-
seu superior hierárquico.
tende justificar, e comprovada mediante regis-
tro policial feito em época própria ou apresen- Art. 132. O processo de invalidação obedecerá
tação de documentos contemporâneos ao fato. ao seguinte procedimento:
§ 2º Não será admitida a justificação adminis- I – será inicialmente submetido à aprecia-
trativa quando o fato a comprovar exigir registro ção do órgão de consultoria jurídica, o qual,
público ou qualquer ato jurídico para o qual a lei no prazo de 20 (vinte) dias, manifestar-se-á
prescreva forma especial. sobre sua pertinência, opinando pela invali-
§ 3º O processo de justificação administra- dação, quando for o caso, salvo quando fo-
tiva deverá ser prévio ou incidental ao pro- rem necessárias providências para a instru-
cesso administrativo principal. ção do processo;

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II – quando for reconhecido, pelo órgão de CAPÍTULO IV


consultoria jurídica, que os efeitos da inva- DO PROCESSO DE
lidação atingirão direito individual, a autori-
dade competente determinará a intimação REPARAÇÃO DE DANOS
do interessado para apresentar manifesta-
ção no prazo de 15 (quinze) dias e para ter Seção I
conhecimento dos termos da decisão; DA APURAÇÃO DO DANO
III – após a conclusão da instrução ou, na Art. 136. Regem-se pelo disposto neste Capítulo
hipótese prevista no inciso II deste artigo, os processos de reparação de danos patrimo-
ultrapassado o prazo para apresentar alega- niais causados pela Administração a terceiros, e
ções finais, a autoridade decidirá acerca da pelo administrado ao erário.
invalidação no prazo de 20 (vinte) dias, por
despacho fundamentado; Art. 137. A instauração do processo adminis-
trativo, disciplinado neste Capítulo, poderá ser
IV – quando for reconhecido, pelo órgão de precedida de sindicância ou auditoria, destina-
consultoria jurídica, que os efeitos da inva- da a verificar a materialidade e autoria do ilícito
lidação atingirão direitos transindividuais, a civil, quando não delimitadas em outro proces-
autoridade competente determinará publi- so administrativo.
cação da decisão no Diário Oficial;
Art. 138. A tutela ressarcitória será adimplida
V – a autoridade administrativa, ao pronun- preferencialmente mediante obrigação de fazer
ciar a nulidade do ato processual, declarará ou não fazer, destinada à reconstituição do pa-
os atos a que ela se estende; trimônio ofendido pelo ato lesivo ou obtenção
de resultado equivalente, com prévia manifes-
VI – da decisão que invalidar o ato ou con- tação do órgão jurídico, observadas as orienta-
trato administrativo caberá recurso hierár- ções administrativas uniformes.
quico, sem efeito suspensivo.
Art. 139. O ressarcimento mediante prestação
Art. 133. No curso do processo de invalidação, pecuniária pressupõe que o dano seja passível
a autoridade poderá, de ofício ou em virtude de de apuração objetiva.
requerimento, suspender a execução do ato ou
contrato, para evitar lesão ao interesse público § 1º Na determinação dos valores em razão
de difícil ou impossível reparação, na forma pre- de perda, avarias ou deterioração de bem,
vista no Capítulo VI, do Título II, desta Lei. deverão ser utilizados critérios de aferição
de preço de mercado, preferencialmente
Art. 134. A decisão que declarar a invalidade do através cotação com fornecedores e consul-
ato ou contrato estabelecerá as providências ta ao registro de preços, da forma prevista
necessárias para desfazer os efeitos produzidos, em regulamento.
observando-se os direitos de terceiros de boa-
-fé, e determinará a apuração de eventuais res- § 2º Excepcionalmente, quando não for
ponsabilidades. possível a determinação dos valores na for-
ma prevista no parágrafo anterior, a Admi-
Art. 135. Ao declarar a invalidade do ato ou con- nistração poderá determinar a realização de
trato, e tendo em vista razões de segurança ju- perícia.
rídica ou de relevante interesse social, poderá a
autoridade restringir os efeitos daquela declara- § 3º O órgão jurídico competente deverá se
ção ou decidir que só tenha eficácia a partir do manifestar previamente sobre o adimple-
ato decisório ou de momento específico. mento da prestação pecuniária.

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Art. 140. Nas indenizações pagas nos termos Art. 147. O agente público deverá ressarcir o
deste Capítulo não incidirão honorários advoca- dano que, por ação ou omissão, dolosa ou cul-
tícios. posa, causou ao erário, sem prejuízo da aplica-
ção de outras sanções previstas em lei, median-
Seção II te prévio processo administrativo disciplinar ou
DA REPARAÇÃO sancionatório, em que lhe seja garantido o exer-
DE DANOS AO ADMINISTRADO cício da ampla defesa e contraditório.
Art. 148. Ressalvadas as hipóteses previstas em
Art. 141. O processo administrativo de repara-
legislação específica, aquele que, a qualquer tí-
ção de danos causados ao administrado será
tulo, receber verbas de natureza alimentar do
instaurado a pedido do interessado ou de ofício.
Estado, e for identificado no processo adminis-
Art. 142. O processo tramitará no órgão ou enti- trativo como causador do prejuízo ao erário,
dade vinculada à ocorrência do fato, o qual de- será notificado para expressar concordância
verá instruí-lo com as informações necessárias e com o desconto mensal da remuneração, pen-
submetê-lo à apreciação do órgão jurídico, que são ou proventos, não excedentes a sua terça
se pronunciará sobre o cabimento da tutela res- parte, para recomposição do erário.
sarcitória na instância administrativa.
Parágrafo único. Na falta da concordância
Art. 143. O acordo extrajudicial celebrado no prevista no caput, o débito será inscrito em
processo de reparação de dano ao administrado Dívida Ativa e executado na forma da lei.
poderá ser homologado judicialmente, nos ter-
Art. 149. A apuração dos danos causados ao
mos do Código de Processo Civil, para conferir-
erário por pessoa física ou jurídica que celebrou
-lhe o caráter de título executivo judicial, sub-
contrato, convênio ou termo de parceria com a
metendo-se, quanto ao pagamento, ao regime
Administração se submeterá à legislação espe-
constitucional dos precatórios.
cífica, aplicando-se subsidiariamente o rito do
Art. 144. Quando o dano patrimonial tiver sido processo sancionatório previsto nesta Lei.
causado em razão de apontada conduta dolosa
Art. 150. Concluído o processo de reparação de
ou culposa de agente público, este será notifica-
danos, o causador do dano será notificado para
do para, se desejar, acompanhar o processo de
efetuar o pagamento, no prazo de 30 (trinta)
reparação.
dias, dos valores apurados.
Art. 145. Concluído o processo de reparação de
§ 1º O pagamento dos valores devidos po-
danos, a Administração cobrará os valores pa-
derá ser parcelado, na forma prevista em
gos do agente público que praticou o ato ilícito,
regulamento.
identificado mediante devido processo legal, na
forma prevista na Seção III deste Capítulo. § 2º A não quitação do débito no prazo es-
tipulado implicará sua inscrição em Dívida
Seção III Ativa, na forma da lei.
DA REPARAÇÃO
DE DANOS AO ERÁRIO
Art. 146. O processo administrativo de repa-
ração de danos ao erário será instaurado para
apuração, determinação e cobrança dos pre-
juízos causados ao erário por agente público,
administrado ou qualquer pessoa jurídica, ob-
servando as regras previstas na Seção I deste
Capítulo.

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CAPÍTULO V emprego ou função, cujas atribuições sejam


DO PROCESSO SELETIVO compatíveis com a necessidade especial de que
é portadora.
Seção I Art. 159. São modalidades de processo seletivo:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
I – concurso público;
Art. 151. Rege-se por este Capítulo o processo II – processo seletivo simplificado.
seletivo destinado a recrutar pessoal para o de-
sempenho de cargo, emprego e função pública, Seção II
na forma prevista na Constituição Federal.
DAS ETAPAS DO
Art. 152. O processo seletivo será de provas ou PROCESSO SELETIVO
de provas e títulos, guardada a razoabilidade
quanto a sua valoração. Art. 160. O processo seletivo será amplamente
divulgado, observadas, no mínimo, as seguintes
Art. 153. Será garantida, através do processo se- regras:
letivo, a ampla acessibilidade ao cargo, empre-
go ou função disputada. I – publicação de extrato do ato convocató-
rio em Diário Oficial;
Art. 154. O processo seletivo obedecerá aos
princípios que regem a atividade administrativa, II – disponibilização de inteiro teor do ato
especialmente da legalidade, impessoalidade, convocatório em site oficial do órgão ou en-
isonomia, moralidade, publicidade e eficiência. tidade responsável por sua realização;

Parágrafo único. É vedada a adoção de cri- III – publicação de todas as etapas e da ho-
térios de recrutamento e avaliação que difi- mologação do resultado em Diário Oficial.
cultem o controle e a fiscalização do proces-
Art. 161. O ato convocatório, vinculante para a
so seletivo.
Administração e candidatos, deverá ser redigido
Art. 155. Os atos relativos ao processo seletivo de forma clara e objetiva.
são passíveis de recurso administrativo, no pra-
Art. 162. As restrições e exigências estabeleci-
zo e forma estabelecidos no ato convocatório.
das no ato convocatório, quanto aos critérios
Art. 156. É assegurado ao candidato, ainda que para a investidura em cargo ou emprego e exer-
não aprovado no certame, o direito à obtenção cício da função pública, devem estar previstas
de certidão e de informação sobre a correção em lei.
de suas provas e as respectivas pontuações.
Art. 163. As provas e, quando exigidos, os títu-
Art. 157. O valor cobrado a título de inscrição los, serão compatíveis com a natureza e a com-
no processo seletivo será fixado no respectivo plexidade do cargo, emprego ou função a ser
edital, levando-se em consideração os custos exercido.
estimados indispensáveis para a sua realização,
Art. 164. Os parâmetros de avaliação das provas
não podendo exceder 7% (sete por cento) da re-
e títulos serão objetivos, impessoais e devem
muneração inicial do cargo, emprego ou função
ser previamente divulgados no ato convocató-
em disputa, ressalvadas as hipóteses de isenção
rio.
previstas no ato convocatório.
Art. 165. É admitido o condicionamento da
Art. 158. É assegurado à pessoa portadora de
aprovação em determinada etapa à obtenção
necessidades especiais o direito de se inscrever
de nota e classificação mínimas.
no certame e concorrer às vagas reservadas,
previstas na legislação específica, para cargo,

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Art. 166. É admitido, desde que previsto no ato I – identificação da instituição realizadora
convocatório, o condicionamento da correção do certame e do órgão ou entidade que o
de prova de determinada etapa à aprovação na promove;
etapa anterior.
II – identificação do cargo ou emprego pú-
Art. 167. O órgão ou entidade responsável pela blico a ser provido, suas atribuições, quanti-
realização do processo seletivo homologará e tativo de vagas e remuneração inicial, discri-
publicará no Diário Oficial a relação dos can- minadas as parcelas que a compõem;
didatos aprovados no certame, por ordem de
classificação. III – a jornada de trabalho prevista em lei;

Art. 168. A escolaridade mínima e os demais re- IV – o âmbito territorial no qual o ocupan-
quisitos e condições para o cargo ou emprego te do cargo ou emprego poderá exercer as
deverão ser comprovados no ato de posse ou suas atribuições;
na assunção da função, vedada a sua exigência, V – indicação dos locais, horários e procedi-
no ato de inscrição, o processo seletivo ou em mentos de inscrição, bem como das forma-
qualquer de suas etapas, ressalvado o disposto lidades para sua confirmação;
em legislação específica.
VI – valor da taxa de inscrição e, se for o
Art. 169. No exame de saúde do candidato con- caso, das hipóteses de isenção;
vocado para a posse ou exercício da função so-
mente poderão ser consideradas como inabi- VII – escolaridade e demais requisitos exigi-
litadoras as condições físicas ou psíquicas que dos em lei para o cargo ou emprego dispu-
impeçam o exercício normal das atribuições tado;
funcionais.
VIII – documentação a ser apresentada no ato
Seção III de inscrição e quando da realização das pro-
vas, bem como do material de uso vedado;
DO CONCURSO PÚBLICO
IX – cronograma provisório das etapas do
Art. 170. O concurso público destina-se ao pro- concurso público e dos respectivos resulta-
vimento de cargo ou emprego público, na forma dos;
prevista na Constituição Federal.
X – fases do concurso público, seu caráter
Art. 171. O edital será publicado com antece- eliminatório ou classificatório, existência e
dência mínima de 30 (trinta) dias da realização condições do curso de formação, se for o
da primeira prova. caso;
Art. 172. A alteração de dispositivo do edital, XI – metodologia para avaliação das provas
expressa e objetivamente fundamentada, será e títulos e da classificação no certame;
divulgada no Diário Oficial e no site oficial do ór-
gão ou entidade responsável por sua realização, XII – enunciação precisa das matérias a se-
e importará reabertura dos prazos inicialmente rem cobradas nas provas, bem como do seu
estabelecidos, exceto quando a alteração não conteúdo programático;
afetar o conteúdo programático das provas ou XIII – informação sobre a existência de gra-
critérios restritivos ou ampliativos quanto à par- vação em caso de prova oral;
ticipação dos interessados.
XIV – exigência, quando cabível, da realiza-
Art. 173. O edital deverá conter, no mínimo, as ção de exames médicos específicos para a
seguintes informações: carreira e de exame físico, psicotécnico ou
sindicância da vida pregressa;

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XV – prazo de validade do concurso e da § 3º Ao candidato inabilitado é assegurado


possibilidade de prorrogação; o direito de interpor recurso, juntando as
provas que entender necessárias.
XVI – disposições sobre o processo de ela-
boração, apresentação, julgamento, decisão Seção III
e conhecimento dos recursos. DO PROCESSO
Art. 174. Na hipótese de previsão de prova oral, SELETIVO SIMPLIFICADO
sua realização ocorrerá em sessão pública e gra-
vada para efeito de registro e avaliação. Art. 179. O processo seletivo simplificado será
utilizado em caso de contratação por tempo de-
Art. 175. A realização de provas de aptidão fí- terminado para atender a necessidade tempo-
sica deve estar prevista em lei e no edital, que rária de excepcional interesse público, prevista
explicitará, de forma objetiva, o tipo de prova, na Constituição Federal.
as técnicas admitidas e o desempenho mínimo
para classificação. Art. 180. O ato convocatório do processo seleti-
vo simplificado será divulgado no Diário Oficial
Art. 176. Na hipótese de realização de prova de do Estado e, quando objetivar o preenchimento
conhecimentos práticos específicos, deverão de vagas em localidade específica no interior do
ser indicados os instrumentos, aparelhos ou Estado, também em jornal de circulação na re-
técnicas a serem utilizadas, bem como a meto- gião, com indicação do local das inscrições.
dologia de avaliação dos candidatos.
§ 1º O ato convocatório será publicado com
Art. 177. A realização de exame psicotécnico é antecedência mínima de 10 (dez) dias da
admitida quando prevista no edital e em lei es- realização da primeira prova e, em caso de
pecífica. alteração, será observado o disposto no art.
§ 1º O exame psicotécnico será realizado de 172, do Título II, desta Lei.
acordo com critérios objetivos de reconhe- § 2º Na hipótese do processo seletivo simplifi-
cido caráter científico e limitar-se-á à detec- cado adotar critério de avaliação curricular, rea-
ção de aptidão psicológica para o exercício lizado de acordo com a necessidade do serviço
das atividades inerentes ao cargo ou em- público, a divulgação poderá ocorrer mediante
prego público disputado. publicação resumida, com a indicação dos cri-
§ 2º Será garantido o direito de recurso ao térios objetivos que serão observados na sele-
resultado do exame psicotécnico. ção e, se for o caso, da realização conjunta de
entrevista como critério de desempate.
Art. 178. A pesquisa sobre a conduta e vida pre-
gressa do candidato só poderá ser usada como Art. 181. O processo seletivo simplificado segui-
instrumento de avaliação quando a lei assim o rá os critérios definidos em ato normativo pró-
determinar. prio, podendo ser dispensado, exclusivamente,
para a contratação temporária de excepcional
§ 1º Para a pesquisa de que trata esse arti- interesse público, que vise ao combate de sur-
go, o edital indicará os elementos, de natu- tos epidêmicos, atendimento a situações de ca-
reza objetiva, a serem considerados para a lamidade pública, caso fortuito ou força maior.
avaliação.
§ 1º A dispensa do processo seletivo simpli-
§ 2º A inabilitação prevista neste artigo será ficado, sujeita à apreciação do órgão jurídi-
motivada e, se for o caso, precedida de pro- co consultivo, deverá ser motivada median-
cesso administrativo, na forma prevista em te comprovação de que o prazo necessário
lei específica. para sua conclusão implicará grave prejuízo
ao interesse público.

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§ 2º Serão adotados critérios objetivos e im- § 2º A medida cautelar será adequada e pro-
pessoais de recrutamento nas contratações porcional ao objetivo visado pela Adminis-
por dispensa de processo seletivo simplifi- tração e terá prazo de duração compatível
cado, vedada a utilização de critérios subje- com a finalidade para a qual foi instituída,
tivos. não superior a 90 (noventa) dias, podendo
ser prorrogado uma única vez pelo mesmo
§ 3º Em situações especiais, devidamente período.
justificadas mediante despacho fundamen-
tado da autoridade competente, e desde § 3º A determinação de medida cautelar de-
que prevista no instrumento convocatório, verá ser precedida de pronunciamento do
poderá ser admitida realização de entre- órgão jurídico competente.
vista como critério de desempate quanto à
avaliação dos critérios objetivos. § 4º A medida cautelar poderá ser determi-
nada incidentalmente ou antes da instau-
§ 4º A inobservância das regras estabeleci- ração do processo administrativo, hipótese
dos neste artigo para a dispensa do proces- em que este deverá ser iniciado no prazo de
so seletivo simplificado implicará responsa- 30 (trinta) dias.
bilização do agente público.
Art. 184. As medidas cautelares extinguir-se-ão
automaticamente quando decorrer o prazo de
sua validade ou for proferida a decisão final no
CAPÍTULO VI processo administrativo.
DA ARBITRAGEM Art. 185. A autoridade competente para adotar
a medida cautelar será a mesma com compe-
Art. 182. Os instrumentos convocatórios para tência para determinar a instauração do proces-
seleção de interessados em contratar ou conve- so administrativo correspondente.
niar com entidades da Administração poderão
prever o emprego dos mecanismos privados de
resolução de disputas, inclusive a arbitragem, a
ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, CAPÍTULO VIII
nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro DISPOSIÇÕES FINAIS
de 1996, para dirimir conflitos decorrentes do
contrato ou convênio com eles relacionados. E TRANSITÓRIAS
Art. 186. Os processos administrativos que te-
nham disciplina legal específica continuarão a
CAPÍTULO VII reger-se por lei própria, aplicando-lhes apenas
subsidiariamente os preceitos desta Lei.
DAS MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS
Art. 187. Durante os primeiros 180 (cento e oi-
Art. 183. São admitidas medidas cautelares ino- tenta) dias de vigência desta lei, as disposições
minadas, não positivadas em lei, em caso de ris- contidas no Capítulo XVI, do Título I, não serão
co iminente da ocorrência de fatos que possam aplicadas ao administrado que, por escrito, op-
comprometer o resultado final do processo ad- tar expressamente pela não utilização do pro-
ministrativo, trazer prejuízo ao erário ou lesão cesso eletrônico.
ao interesse público de difícil ou impossível re-
paração. Art. 188. A implantação do Diário Oficial Ele-
trônico do Estado deverá ser acompanhada de
§ 1º O ato que ordenar a medida cautelar ampla divulgação, e o ato administrativo cor-
será fundamentado e dele será dada ciência respondente será publicado durante 30 (trinta)
aos interessados. dias no Diário Oficial em uso.

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Legislação Específica – Lei nº 12.209/2011 – Profª Tatiana Marcello

Art. 189. A prática de atos processuais por meio


eletrônico, nos termos previstos nesta Lei, inde-
pende da implantação do Diário Oficial Eletrô-
nico.
Art. 190. O descumprimento injustificado, pela
Administração Pública Estadual, das disposições
desta Lei, gera responsabilidade disciplinar, im-
putável aos agentes públicos responsáveis, não
implicando necessariamente na invalidação do
procedimento.
Art. 191. O Chefe do Poder Executivo poderá,
em face da particular complexidade da maté-
ria, constituir comissão especial, composta por
03 (três) servidores públicos efetivos e estáveis,
para presidir os processos sancionatório e de in-
validação na Administração Pública centralizada
e descentralizada, respeitadas, no entanto, as
regras de competência decisória.
Parágrafo único. Os trabalhos da comissão
especial de que trata o caput deverão ser
concluídos no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, prorrogáveis uma única vez, por igual
período.
Art. 192. Nos casos de alta indagação jurídica,
o dirigente da entidade descentralizada poderá
solicitar manifestação da Procuradoria Geral do
Estado, após prévia manifestação do seu órgão
jurídico.
Art. 193. A tecnologia de informação e comuni-
cação no processo administrativo será implan-
tada pela Administração de forma compatível
com os dispositivos desta Lei.
Art. 194. Os prazos concedidos aos particulares
poderão ser devolvidos, mediante requerimen-
to do interessado, quando óbices justificáveis
resultarem na impossibilidade de atendimento
do prazo fixado.
Art. 195. Esta Lei entra em vigor em 180 (cento
e oitenta) dias, a contar da data de sua publica-
ção, revogadas as disposições em contrário.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 20
de abril de 2011.

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LEI Nº 12.209 DE 20 DE ABRIL DE 2011

PROCESSO ADMINISTRATIVO

• Processo Administrativo é a forma pela qual a Administração registra seus atos,


controla seus agentes ou decide controvérsias com os administrados e agentes.

• Exemplos de processo administrativos:

- Processo Sancionatório (apurar infrações administrativas);


- Processo de Justificação (suprir falta de documento ou produzir prova);
- Processo de Invalidação de atos e contratos administrativos;
- Processo de reparação de danos;
- Processo Seletivo (concurso público ou processo seletivo simplificado);

Disposições Gerais

• A Lei Nº 12.209/2011 dispõe sobre o processo administrativo, no âmbito da


Administração direta e das entidades da Administração indireta, regidas pelo
regime de direito público, do Estado da Bahia, e dá outras providências.

Administração • Órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios.
Direta
• Autarquias (Ex. INSS, BACEN)
Administração • Fundações Públicas (Ex. IBGE, FUNAI)
• Empresas Públicas (Ex. CEF, Correios)
Indireta • Sociedades de Economia Mista (Ex. BB,Petrobrás)

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Legislação Específica – Lei nº 12.209/2011 – Profª Tatiana Marcello

• Esta Lei dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração direta


e das entidades da Administração indireta regidas pelo regime de direito público,
do Estado da Bahia, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao mais justo e célere cumprimento dos fins da Administração.

• As disposições desta Lei aplicam-se subsidiariamente aos processos administrativos


com disciplina normativa específica (ex.: processo licitatório, PAD...) e às sociedades
de economia mista, empresas públicas e outras entidades da Administração
indireta regidas pelo regime de direito privado, no que couber.

• As disposições desta Lei aplicam-se aos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário, ao
Ministério Público e aos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, no que se
refere ao exercício de função administrativa.

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• Para efeitos dessa Lei, considera-se:

órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da


estrutura da Administração indireta.

entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica. Entidade é pessoa


jurídica.

autoridade: o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

procedimento administrativo: a sucessão ordenada de atos e formalidades


tendentes à formação e manifestação da vontade da Administração Pública ou à sua
execução;

processo administrativo: a relação jurídica que se traduz em procedimento


qualificado pelo contraditório e ampla defesa.

Princípios do Processo Administrativo


 A Administração Pública obedecerá aos princípios:
• Legalidade
• Impessoalidade
• Moralidade
• Publicidade
• Eficiência
• Celeridade
• Verdade Material
• Motivação
• Razoabilidade
• Proporcionalidade
• Devido Processo Legal e Ampla defesa
• Segurança jurídica
• Instrumentalidade das Formas
• Oficialidade
• Gratuidade

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Legislação Específica – Lei nº 12.209/2011 – Profª Tatiana Marcello

Princípios Critérios
Legalidade Atuação conforme a lei e o Direito. Somente a lei pode condicionar
o exercício de direito, impor dever, prever infração ou prescrever
sanção.
Impessoalidade A Administração não poderá privilegiar, beneficiar, prejudicar ou
privar de qualquer direito o administrado, em razão de sexo, raça,
cor, língua, religião, convicção política ou ideológica, nível de
escolaridade, situação econômica ou condição social, ressalvadas
as situações previstas em lei.
Moralidade A Administração respeitará padrões éticos de probidade, decoro e
boa-fé, procedendo, na relação com os administrados, com
lealdade, correção e coerência, sem abuso das prerrogativas
especiais que lhe são reconhecidas.

Princípios Critérios
Publicidade As decisões da Administração serão divulgadas no veículo oficial,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição,
observada a proibição de publicidade para promoção pessoal de
agentes ou autoridades.

Eficiência Busca a otimização dos procedimentos, devendo ser rápida, útil e


econômica, buscando os melhores resultados possíveis

Oficialidade Impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da


atuação dos interessados.

Gratuidade Proibição de cobrança de despesas processuais. O direito de


petição será exercido independentemente da cobrança de taxas,
sendo vedado à Administração recusar-se a receber petição, sob
pena de responsabilidade do agente público.

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Princípios Critérios
Devido Processo Garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações
Legal e Ampla finais, à produção de provas e à interposição de recursos.
Defesa

Segurança A norma administrativa será interpretada da forma que melhor


jurídica garanta o atendimento ao fim público a que se dirige, sendo
vedada a aplicação retroativa de nova interpretação para os atos já
publicados.

Informalismo O processo administrativo adotará formas simples e suficientes


para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos do administrado.

Princípios Critérios
Motivação A Administração verificará os fatos que motivam a decisão nos
processos administrativos, cabendo ao órgão responsável adotar as
medidas instrutórias pertinentes, ainda que não requeridas pelo
postulante.
Razoabilidade e As decisões administrativas que colidam com direitos subjetivos dos
Proporcionalida administrados devem guardar adequação entre meios e fins,
de vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público.
Celeridade A Administração zelará pela celeridade dos processos
administrativos, ordenando e promovendo o que for necessário ao
seu andamento e à sua justa e oportuna decisão, sem prejuízo da
estrita observância aos princípios do contraditório e ampla defesa.

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Princípios Critérios
Instrumentalida Mesmo que o ato seja realizado fora da forma prescrita em lei, se
de das Formas ele atingiu sua finalidade, sem causar prejuízo as partes, esse ato
será válido.

Verdade Busca o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja


Material mais aproxima da realidade dos fatos.

Direito dos Administrados


• São direitos do administrado ao postular no processo administrativo, sem prejuízo de
outros que lhe forem assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, os quais deverão colocar à
disposição meios para o exercício de seus direitos e cumprimento de suas obrigações;
II - obter decisão final motivada, com observância dos prazos fixados em lei, sobre
requerimentos ou denúncias formuladas;
III - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que figure como
interessado, bem como das manifestações definitivas e das decisões proferidas;
IV - ter vista dos autos na repartição na qual tramita o processo, pessoalmente ou por
procurador legalmente constituído, ressalvados os casos previstos em lei;

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• V - obter cópia dos autos na repartição em que tramita o processo, ressalvados os
casos previstos em lei, mediante o recolhimento prévio de valor a título de
ressarcimento de despesas incorridas com o seu atendimento, calculadas da forma
prevista em norma regulamentar.

• VI - formular alegações, produzir provas e interpor recursos, os quais serão


obrigatoriamente objeto de apreciação e manifestação motivada da autoridade
competente;

• VII - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a


representação legal;

• VIII - obter informações sobre despesas realizadas por todos os órgãos e entidades
da Administração direta e indireta, execução orçamentária, licitações, contratações,
convênios, diárias e passagens.

Direito a prioridade de tramitação

• É assegurada, em qualquer instância, prioridade da tramitação dos processos


administrativos e na execução dos atos e diligências em que o postulante ou
interveniente for:

I - pessoa com idade igual ou superior a 60 anos, na forma definida em regulamento;

II - pessoa portadora de necessidades especiais ou de doença grave, na forma


definida em regulamento.

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Deveres dos Administrados


• São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros
previstos em ato normativo:
I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - prestar informações e apresentar documentos que lhe forem solicitados, bem
como colaborar para o esclarecimento dos fatos;
IV - indicar endereço físico e, se for o caso, endereço eletrônico, para fins de
recebimento de notificação e intimação de atos processuais e informar alterações
posteriores.

Obs.: É dever do servidor público atender convocação para prestar informações ou


figurar como testemunha em processo administrativo, salvo motivo justificado.

Dos Postulantes
• São legitimados para postular no processo administrativo:

I - a pessoa física, jurídica ou associação, titular de direito ou interesse individual, ou


no exercício de representação;

II - aquele que, sem ter dado início ao processo, tenha direito ou interesse que possa
ser afetado pela decisão adotada;

III - a pessoa física ou jurídica, quanto a direitos e interesses coletivos e difusos.

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Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo
• Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, senão
quando a lei exigir, podendo ser utilizados modelos padronizados pela
Administração.

• Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data,
local de realização e assinatura da autoridade responsável.

• Salvo em caso de imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido


quando houver dúvida a respeito da autenticidade.

• Inexistindo disposição específica, os atos da autoridade competente e dos


administrados, que participem do processo, devem ser praticados no prazo de 10
dias; prorrogável, mediante comprovada justificação.

Do Início do Processo
• Importante: O processo administrativo inicia-se de ofício, a pedido do interessado
ou por denúncia de qualquer administrado.

• Obs.: tanto o início quanto o prosseguimento e instrução do processo podem se


dar pela parte interessada ou pela própria Administração Pública (de ofício).

• A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a


promover sua imediata apuração, sob pena de responsabilidade.

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• O requerimento inicial, devidamente datado e assinado pelo postulante ou pelo seu


representante legal, será formulado por escrito e conterá os seguintes requisitos:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - qualificação do postulante, com indicação do domicílio;

III - instrumento de mandato, quando assistido por representante legal;

IV - local para recebimento das comunicações, inclusive endereço eletrônico, se for o


caso;

V - pedido, com exposição dos fatos e fundamentos;

VI - indicação das provas que pretende ver juntadas aos autos e que se encontrem em
poder do órgão ou entidade competente para apreciação do pedido.

Da Instrução
• As atividades de instrução destinam-se a subsidiar a motivação dos atos decisórios e
se realizam de ofício, por iniciativa da Administração, sem prejuízo do direito do
interessado de requerer e produzir prova.

• Os atos de instrução serão realizados do modo menos oneroso para o interessado.

• Os atos de instrução realizados por meio eletrônico serão registrados nos autos.

• Proibição de provas ilícitas - São admitidos no processo administrativo os meios de


prova permitidos em direito.

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Dos atos decisórios e Motivação

• A Administração emitirá decisão motivada nos processos administrativos, bem como


sobre solicitações ou reclamações, indicando de forma clara e precisa os
fundamentos de fato e de direito que embasaram a decisão.

• A Administração tem o dever de emitir decisão final no processo, sob pena de


responder, na forma da lei, pelos prejuízos decorrentes do perecimento do direito do
postulante. Responderá regressivamente o servidor ou autoridade que der causa ao
perecimento do direito do postulante.

Da Desistência e outros casos de Extinção do Processo


• Desistência do processo - O postulante poderá, mediante manifestação escrita,
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou renunciar a direitos
disponíveis. Havendo vários postulantes, a desistência ou renúncia atinge somente
quem a tenha formulado.

• Entretanto, a desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não


prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o
interesse público assim o exige.

• Extinção do processo - O órgão competente poderá declarar extinto o processo


quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, ineficaz
ou prejudicado por fato superveniente.

• A Administração poderá desarquivar o processo, por motivo justificado ou em razão


de fato superveniente.

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Da Invalidação, Revogação e Convalidação


• A Administração tem o dever de invalidar seus próprios atos, quando eivados de
vícios de legalidade, e pode revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

ANULAÇÃO/INVALIDAÇÃO Vício de Legalidade

REVOGAÇÃO Conveniência ou Oportunidade

• Os atos administrativos ilegais de que decorram efeitos favoráveis ao administrado


deverão ser invalidados no prazo de 05 anos, contados da data em que foram
praticados. Na hipótese de comprovada má-fé do administrado, a qualquer tempo, a
Administração invalidará o ato ilegal e adotará medidas para o ressarcimento ao
erário, se for o caso.

• Os atos que apresentarem defeitos sanáveis deverão ser convalidados pela própria
Administração, desde que não acarretem lesão ao interesse público, à moralidade
administrativa ou prejuízo a terceiros.

• Os motivos de conveniência ou oportunidade, que determinarem a revogação do


ato administrativo, deverão ser expressamente indicados pela autoridade.

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Dos Prazos

• Os prazos começam a correr a partir do primeiro dia útil após a ciência oficial do
postulante. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos excluindo o dia
do começo e incluindo o do vencimento.

• Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em dia
em que não houver expediente na repartição ou em que for encerrado antes da hora
normal.

• Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo, não se interrompendo


nos feriados.

• Encerrada a instrução processual, o agente público responsável remeterá, no prazo


de 10 dias, os autos conclusos à autoridade competente para expedir o ato
decisório.

• A autoridade julgadora emitirá decisão motivada nos processos administrativos,


bem como sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência, no
prazo de 30 dias, contados da data em que receber os autos conclusos (pode ser
prorrogado por igual período, mediante motivação expressa).

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Da Comunicação dos Atos


• Notificação é o ato pelo qual a Administração convoca alguém para integrar o
processo administrativo, a fim de que apresente defesa sobre os fatos descritos pela
autoridade competente.
• A notificação deverá conter a descrição dos fatos e a indicação dos dispositivos
legais supostamente violados, e será acompanhada de cópia do documento
inaugural do processo administrativo, assinalando prazo para manifestação.
• A notificação é condição de validade do processo administrativo, sendo que o
comparecimento espontâneo do notificado supre a sua falta.
• Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo,
para que faça ou deixe de fazer alguma coisa, ou das decisões que resultem
imposição de deveres, ônus, sanções, restrição ao exercício de direitos ou de
atividades de seu interesse.

• Os atos de comunicação (notificação ou intimação) serão realizados


preferencialmente na seguinte ordem:

I - mediante mensagem enviada ao endereço eletrônico (e-mail), com confirmação de


leitura, ou por fac-símile;

II - mediante remessa por via postal, com aviso de recebimento (AR);

III - pessoalmente, mediante aposição de data e assinatura do destinatário no


instrumento ou expediente, ou através de lavratura de termo em livro próprio, se
houver;

IV - por edital publicado no Diário Oficial do Estado.

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Do Recurso, Revisão e Pedido de Reconsideração
• Das decisões definitivas no processo cabe recurso hierárquico, devolvendo o
conhecimento da matéria impugnada.

• Prazo para interpor: Salvo disposição legal específica, o prazo para interposição de
recurso hierárquico é de 10 dias, contado da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida.

• O recurso hierárquico conterá os motivos de fato e de direito que fundamentam o


pedido de nova decisão e será dirigido à autoridade que a proferiu, a qual, se não a
reconsiderar no prazo de 10 dias, o encaminhará à autoridade superior.

• Cabe recurso administrativo para suprir omissão ou recusa da autoridade em emitir


decisão ou se manifestar acerca de requerimento apresentado.

• Da decisão definitiva proferida em processo administrativo que resulte gravame à


situação do administrado, cabe pedido de revisão, desde que surjam fatos ou
provas novas capazes de justificar a modificação do ato decisório.

• Da revisão do processo não poderá resultar o agravamento da sanção.

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Do uso da tecnologia da informação


• O uso de meio eletrônico na tramitação dos processos administrativos para
comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos
desta Lei.

• Todos os atos do processo eletrônico serão assinados eletronicamente, na forma


estabelecida em regulamento.

• A prática de atos processuais por meio eletrônico será admitida mediante uso de
assinatura eletrônica digital ou cadastrada, sendo obrigatório o prévio
credenciamento na Administração.

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