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Feudalismo

O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas origens
na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média.

Segundo o teórico escocês do Iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo nomadismo e sucedido
pelo capitalismo em certas regiões da Europa. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei lhas dava. Os
camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da
proteção contra ataques bárbaros. Quando os servos iam para o manso senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um
pedágio, exceto quando para lá se dirigiam a fim de cuidar das terras do Senhor Feudal.

Características

O feudalismo tem suas origens no século IV a partir das invasões germânica (bárbaras) ao Império Romano do
Ocidente (Europa).

As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado, economia baseada na agricultura de subsistência, trabalho
servil e economia amonetária e sem comércio, onde predomina a troca (Escambo).

Tudo isso só será modificado com os primeiros indícios das Revoluções Burguesas.

Origem do Feudalismo
Com a decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do século V d.C. (de 401 a 500), em decorrência
das inúmeras invasões dos povos bárbaros e das péssimas políticas econômicas dos imperadores romanos, várias regiões
da Europa passaram a apresentar baixa densidade populacional e ínfimo desenvolvimento urbano. A partir do século V d.C.,
entra-se na chamada Idade Média, mas o sistema feudal (Feudalismo) começa na França e passa somente a vigorar em alguns
países da Europa Ocidental a partir do século IX d.C., aproximadamente.

O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras, ocorridas em diversas regiões da Europa,
favoreceram, sensivelmente, as mudanças econômicas e sociais que vão sendo introduzidas e que alteraram completamente o
sistema de propriedade e de produção característicos da Antiguidade principalmente na Europa Ocidental. Essas mudanças
acabam revelando um novo sistema econômico, político e social que veio a se chamar Feudalismo. O Feudalismo não coincide
com o início da Idade Média (século V d.C.), porque esse sistema começa a ser delineado alguns séculos antes do início dessa
etapa histórica (mais precisamente, durante o início do século IV), consolidando-se definitivamente ao término do Império
Carolíngio, no século IX d.C.

Em suma, com a decadência do Império Romano e as invasões bárbaras, os nobres romanos começaram a se afastar das
cidades levando consigo camponeses (com medo de serem saqueados ou escravizados). Já na Idade Média, com vários povos
bárbaros dominando a Europa Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre os descendentes de nobres romanos, que
eram donos de pequenos agrupamentos de terra. E com as reformas culturais ocorridas nesse meio-tempo, começou a surgir a
idéia de uma nova economia: o feudalismo.

Sociedade
A sociedade feudal era composta por três estamentos (três grupos sociais com status fixo): os Nobres (guerreiros), o Clero
(religiosos), e os servos (mão de obra). O que determinava o status social era o nascimento. Havia também a relação
de suserania entre os Nobres, onde um nobre (suserano) doa um feudo para um outro nobre (vassalo). Apresentava pouca
ascensão social e quase não existia mobilidade social (a Igreja foi uma forma de promoção, de mobilidade).
 O clero tinha como função oficial rezar. Na prática, exercia grande poder político sobre uma sociedade bastante
religiosa, onde o conceito de separação entre a religião e a política era desconhecido. Mantinham a ordem da sociedade
evitando, por meio de persuasão e criação de justificativas religiosas, revoltas e contratações camponesas.

 A nobreza (também chamados de senhores feudais) tinha como principal função a de guerrear, além de exercer
considerável poder político sobre as demais classes. O Rei lhes cedia terras e estes lhe juravam ajuda militar (relações de
suserania e vassalagem).

 Os servos da gleba constituíam a maior parte da população camponesa: estavam presos à terra, sofriam intensa
exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza e a pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso
da terra e de proteção militar. Embora geralmente se considere que a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra
"escravo" seria imprópria. Para receberem direito à moradia nas terras de seus senhores, juravam-lhe fidelidade e trabalho.
Por sua vez, os nobres, para obterem a posse do feudo faziam o mesmo juramento aos reis.

 Os Vassalos oferecem ao senhor ou suserano, fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de


produção. As redes de vassalagem estendiam-se por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
Economia e prosperidade
A produção feudal própria do Ocidente europeu tinha por base a economia agrária, de escassa circulação monetária, auto-
suficiente. A propriedade feudal pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da
Igreja, (o clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais germânicos. As estimativas de renda per capita da europa feudal a
colocam em um nível muito próximo ao minímo de subsistência.

A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes distintas: a propriedade individual do
senhor, chamada manso senhorial ou domínio, em cujo interior se erigia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia
à porção de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes denominados tenências; e ainda o manso comunal,
constituído por terras coletivas - pastos e bosques - , usadas tanto pelo senhor quanto pelos servos.

Devido ao caráter expropriador do sistema feudal, o servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com inovações
tecnológicas, uma vez que tudo que produzia de excedente era tomado pelo senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi
pequeno, limitando aumentos de produtividade. A principal técnica adaptada foi a de rotação trienal de culturas, que evitava o
esgotamento do solo, mantendo a fertilidade da terra.

Para o economista anarco-capitalista Hans Hermann Hoppe, como os feudos são supostamente propriedade do Estado (neste
caso, representado pelos senhores feudais), o feudalismo é, conseqüentemente, considerado por ele como sendo uma forma de
manisfestação socialista - o socialismo aristocrático (servismo).

Tributos e impostos da época


As principais obrigações dos servos consistiam em:

 Corvéia: trabalho compulsório nas terras do senhor em alguns dias da semana;

 Talha: Parte da produção do servo que deveria ser entregue ao nobre

 Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes;

 Capitação: imposto pago por cada membro da família (por cabeça);

 Tostão de Pedro ou dízimo: 10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a manutenção da capela local;

 Censo: tributo que os vilões (pessoas livres, vila) deviam pagar, em dinheiro, para a nobreza;

 Taxa de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no tribunal do nobre;

 Formariage: quando o nobre resolvia se casar, todo servo era obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento. Era
também válida para quando um parente do nobre iria casar.
 Mão Morta: Era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso do falecimento do pai ou
da família.

 Albermagem: Obrigação do servo em hospedar o senhor feudal.

Muitas cidades européias da Idade Média tornaram-se livres das relações servis e do predomínio dos nobres. Essas cidades
chamavam-se burgos. Por motivos políticos, os "burgueses" (habitantes dos burgos) recebiam freqüentemente o apoio
dos reis que, muitas vezes, estavam em conflito com os nobres. Na língua alemã, o ditado Stadtluft macht frei ("O ar da cidade
liberta") ilustra este fenômeno. Em Bruges, por exemplo, conta-se que certa vez um servo escapou da comitiva do conde de
Flandres e fugiu por entre a multidão. Ao tentar reagir, ordenando que perseguissem o fugitivo, o conde foi vaiado pelos
"burgueses" e obrigado a sair da cidade. Desta maneira, o servo em questão tornou-se livre.

Ascensão e queda do sistema

O feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem diversas entre o século IX, quando os pequenos agricultores são
impelidos a se proteger dos inimigos junto aos castelos, e o século XIII, quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para
declinar a seguir.

No século X, o sistema ainda está em formação e os laços feudais unem apenas os proprietários rurais e os antigos altos
funcionários ou Ministeriais - administradores da propriedade feudal em nome de um senhor -, dos quais destacamos
os Bailios (tomavam conta de uma propriedade menor) e os Senescais (supervisionavam os vários domínios de um mesmo
senhor). Entre os camponeses existiam homens livres - os Vilões - com propriedades menores independentes. A monarquia
feudal não apresenta a rigidez que caracterizaria o regime monárquico posteriormente e a ética feudal não está plenamente
estabelecida.

Entretanto, a partir do ano 1000 até cerca de 1150, o Feudalismo entra em transfomação: a exploração camponesa torna-se
intensa, concentrada em certas regiões superpovoadas, deixando áreas extensas de espaços vazios; surgem novas técnicas de
cultivo, novas formas de utilização dos animais e das carroças, o que permitiu a produção agrícola garantir um aumento
significativo, surgindo, assim, a necessidade de comercialização dos produtos excedentes. Esse renascimento do comércio e o
consequente aumento da circulação monetária, reabilita a importância social das cidades e suas comunas. Com as Cruzadas,
esboça-se uma abertura para o mundo, quebrando-se o isolamento do feudo.

O restabelecimento do comércio com o Oriente Próximo e o desenvolvimento das grandes cidades, começam a minar as bases
da organização feudal, na medida em que aumenta a demanda de produtos agrícolas para o abastecimento da população
urbana. Isso eleva o preço dessas mercadorias, permitindo aos camponeses maiores fundos para a compra de sua liberdade.
Não que os servos fossem escravos; com o excedente produzido, poderiam comprar de seus senhores lotes de terras e, assim,
deixar de cumprir suas obrigações junto ao senhor feudal. É claro que esta situação poderia gerar problemas já que, bem ou
mal, o servo vivia protegido dentro do feudo e, para evitá-los, tornavam-se comerciantes ou iam morar em burgos, dominados
por outros tipos de senhores, desta vez, comerciais. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio cria novas oportunidades de
trabalho, atraindo os camponeses para as cidades.

Tais acontecimentos, aliados à formação dos exércitos profissionais — o Rei, agora, não dependeria mais dos serviços militares
prestados por seus vassalos —, à insurreição camponesa, à peste, à falta de alimentos decorrente do aumento populacional e
baixa produtividade agrária, contribuíram para o declínio do feudalismo europeu. Na França, nos Países Baixos e na Itália, seu
desaparecimento começa a se manifestar no final do século XIII. Na Alemanha e na Inglaterra, entretanto, ele ainda permanece
mais tempo, extinguindo-se totalmente na Europa ocidental por volta de 1500. Em partes da Europa central e oriental, porém,
alguns remanescentes resistiram até meados do século XX, como, por exemplo, a Rússia, que só viria a se libertar dos
resquícios feudais com a Revolução de 1917.

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