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Índice
Introdução........................................................................................................................................6

A violência sexual de crianças menor de 18 anos e as suas consequências na vida social.............7

A violência sexual de crianças........................................................................................................7

Causas da Violência Sexual infantil................................................................................................8

Factores Sócio Económicos.............................................................................................................9

Crenças mágico religiosas...............................................................................................................9

Advocacia dos direitos das crianças..............................................................................................10

Crenças culturais e práticas comunitárias......................................................................................11

Consequências na vida social........................................................................................................11

Tratamento das Convenções internacionais em Moçambique.......................................................12

Instrumentos Legais de Protecção dos Direitos da Criança em Moçambique...............................13

Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança..................................................................13

Conclusão......................................................................................................................................15

Bibliografia....................................................................................................................................16
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Introdução
O fenómeno de violência sexual crianças menores de 18 anos de idade em Moçambique tem
motivações internas à estrutura da família, associadas a factores socioculturais ou categorias
sociais que se fazem reflectir nas relações de parentesco que contribuem para a ocorrência deste
fenómeno. O termo criança significa todo ser humano com idade inferior a 18 anos de idade, nos
termos da Lei 7/2008 de 9 de Julho, que aprova a Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da
Criança bem como ao nível das convenções ratificadas por Moçambique.

O trabalho tem como objectivos geral descrever os factores socioculturais que favorecem a
ocorrência da violência sexual contra menores em Moçambique. Temos como objectivos
específicos: (i) Identificar os potenciais riscos e factores projectivos da violência de menores; (ii)
Ilustrar as consequências jurídicas do tratamento diferenciado do código penal, entre os menores
de 12 e 18 anos vítimas de violência sexual. A escolha em analisar o presente tema surge na
sequência de, a violência sexual ser um problema que afecta várias sociedades moçambicanas.
Em termos da metodologia, o trabalho é um processo de desenvolvimento de métodos científicos
com fim de conhecer as causas violência sexual de menores de 18 anos de idade. Quanto ao tipo
de pesquisa, a pesquisa é bibliográfica, sendo que desenvolvemos com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos e textos retirados da Internet.

Fundamentação teórica
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A violência sexual de crianças menor de 18 anos e as suas consequências na vida social.

Nos termos da lei 7/2008 de 9 de Julho, Lei de Protecção e Promoção dos direitos da Criança,
considera-se criança toda a pessoa menor de dezoito anos de idade. Este aspecto é corroborado
pela Convenção dos Direitos da Criança Adoptada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em
20 de Novembro de 1989, ao referir que “criança é todo o ser humano menor de 18 anos, salvo
se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo”.

A partir do conceito a cima citado, a criança é atribuído a pessoa que seja menor de dezoito
anos, exceptuando-se os que, por força da lei do seu país, o atribua a maioridade com idade
inferior a dezoito anos.
Entretanto, Moçambique enquadra-se nos países que consideram crianças os menores de dezoito
anos, sendo-lhe assim aplicável o previsto na Convenção dos Direitos da criança acima
mencionado.

A violência sexual de crianças


A violência sexual de crianças é uma forma de abuso infantil em que um adulto ou adolescente
mais velho usa uma criança para estimulação sexual.

Formas de violência sexual infantil incluem também pedir ou pressionar a criança a se envolver
em actividades sexuais  (independentemente do resultado), exposição indecente (dos órgãos
genitais, mamilos femininos, etc) para uma criança com a intenção de satisfazer os seus próprios
desejos sexuais, ou para intimidar ou aliciar a criança, ter contacto físico sexual com uma
criança, ou usar uma criança para produzir pornografia.

Segundo AZAMBUJA ( 2006, p, 47) A violência é vulgarmente percebida como a acção física
com recursos ou não de instrumentos para causar danos a uma pessoa ou grupos. As
perspectivas restritas de definição da violência dependem de cada disciplina que a estuda.

Por exemplo as ciências penais e jurídicas a estudam de modo a punir o agressor, dando
importância por isso a agressão directa visível.
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Estabelece o artigo 219.º do Código Penal, que “Aquele que tiver coito com qualquer pessoa,
contra sua vontade, por meio de violência física, de veemente intimidação, ou de qualquer
fraude, que não constitua sedução, ou achando-se a vítima privada do uso da razão, ou dos
sentidos, comete o crime de violação, e será punido com a pena de prisão maior de dois a oito
anos.”

Podemos notar que o extraído acima apresentado engloba a violação no geral, isto é, que ocorre
tanto com os menores como com os adultos ou idosos, sendo a questão da violação contra
menores vem expressa no artigo 20.º do diploma legal acima referido.

Segundo AZAMBUJA (2006, p, 50) A violência contra


menores ocorre em diferentes meios e ambientes sociais,
nomeadamente na família, nas escolas, em instituições
como orfanatos e outros locais de acolhimento, nas ruas,
nos locais de trabalho e nas prisões. Ela é geralmente
motivada por uma acção conjugada de diferentes factores.
Ela pode surgir em consequência de crenças culturais,
normas e práticas tradicionais, de factores
socioeconómicos e até fruto de causas políticas, em
situações de conflito.

Entretanto, a Convenção Sobre os Direitos da Criança, definiu a violência contra criança no seu
artigo 19.º, “como todas as formas de violência física ou mental, dano ou sevicia, abandono ou
tratamento negligente, maus tratos ou exploração, inclusive violência sexual, violência contra
crianças e o uso intencional da forca”.

A violação sexual de crianças é principalmente um dos fenómenos que preocupa cada vez mais
as autoridades moçambicanas, o bem jurídico protegido neste tipo de crime é a autodeterminação
sexual, associada ao livre desenvolvimento da personalidade do menor na esfera sexual.

Causas da Violência Sexual infantil


A visão de crianças como seres puros e inocentes não ajuda muito no combate à violência sexual,
ter desejo sexual é inerente à espécie humana. É responsabilidade do adulto estabelecer a
fronteira entre afecto e sexo, respeitando o desenvolvimento sexual da criança e do adolescente.
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A violência sexual infantil é um fenómeno complexo e suas causas são multifactoriais. É preciso
estudar os diversos factores e como eles se combinam em certos indivíduos, grupos sociais e
culturais e, em certos momentos históricos, as causas dessa violência.

Segundo MACHAVA( 2007, p, 20) Existem diversas causas para


a ocorrência da violência contra menores, que muitas vezes agem
entrelaçadas. Estas causas variam e possuem um peso
diferenciado com o contexto em que os indivíduos estão inseridos.
Os principais factores são de natureza cultural e socioeconómicos
e estes incluem a pobreza, as crenças mágico religiosos,
estereótipos que conduzem a um contexto permissivo para
determinadas práticas, aspectos institucionais e factores de
natureza transnacionais.

Factores Sócio Económicos


Os factores económicos têm um grande contributo para a ocorrência da violência contra
menores, como o abuso sexual, o trabalho infantil o trafico interno e transfronteiriço, entre outras
formas. Apesar dos sucessos que vêm sendo propalados sobre o crescimento económico
moçambicano, parte significativa da população moçambicana ainda é considerada pobre.

Devido a limitada oportunidade económica muitas famílias em Moçambique trabalham no sector


agrícola que tem baixos salários. Em tais circunstâncias as crianças são usadas como força de
trabalho para ajudar a completar a renda familiar que não é adequada para sobreviver. Em áreas
rurais, crianças trabalham às vezes ao lado dos pais ou independentemente em colheitas sazonais
em plantações comerciais. O mesmo autor frisa que os menores normalmente não são pagos em
salários, mas ao invés, os empregadores lhes compram livros e pagam outras necessidades
escolares.

Crenças mágico religiosas


Uma das causas para a ocorrência do abuso sexual contra menores, repousam na cultura, onde a
tradição associada a religião, toleram o abuso sexual, pois há casos de violadores sendo
familiares advogam que estavam possessos. Para além disso apontam crenças que dizem que o
envolvimento com alguém puro, ou sua morte é a base para o sucesso o que propicia o incesto ou
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o cruzamento entre irmãos, tios sobrinhos entre outras categorias de indivíduos na família e na
comunidade.

As crenças mágicas religiosas também estimulam o tráfico interno e transnacional de menores,


para o qual este tráfico é para a extracção de órgão para operações de carácter mágico. Para o
estudo esta causa da violência é potencialmente protegida pelas regras de parentesco e deve ser a
mais importante modalidade de tráfico no nosso país e eventualmente com ligações com os
países vizinhos. A Policy Paper também defende este ponto de vista, sobre o tráfico interno e
transnacional para extracção de órgãos que se crêem curarem males e doenças desde a
impotência, SIDA e infertilidade, e bem como tidos como aumentando a influência e a riqueza.

Os factores económicos têm um grande contributo para a ocorrência da violência sexual contra
menores, como o abuso sexual, o trabalho infantil o trafico interno e transfronteiriço, entre outras
formas. Apesar dos sucessos que vêm sendo propalados sobre o crescimento económico
moçambicano, parte significativa da população moçambicana ainda é considerada pobre.

Advocacia dos direitos das crianças


Ao analisar o papel dos médias (MISA, 2008), no seu trabalho de observação da cobertura da
imprensa escrita em Moçambique, no âmbito da advocacia dos direitos das crianças, no que se
refere à violência sexual infantil o estudo evidencia que a violação sexual raramente é objecto de
denúncia, mantendo-se a impunidade dos agressores, principalmente quando ocorre no seio
familiar e escolar, constata-se que as mulheres preferem procurar apoio de um familiar chegado
ao invés da polícia, o que quer dizer que os mecanismos tradicionais e informais de
aconselhamento, apoio e resolução de conflitos têm preponderância sobre os oficiais e legais.
Consequentemente continua a ser limitado o conhecimento público e ter números claros que
permitam perceber melhor a dimensão do problema e o número de pessoas afectadas pela
situação.

Dificulta ainda a possibilidade de punir legalmente os autores dos crimes e impossibilita a


mudança de mentalidades de base de aceitação da violência sexual infantil assente em padrões
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normativos sociais de desigualdades de género. Torna-se visível que o número de denúncias por
parte das vítimas à autoridade formais como a polícia é muito aquém dos números reais de casos
de violência cujos casos ficam abafados entre o círculo familiar e comunitário. É visível a
necessidade de promover a denúncia entre as autoridades formais.

Como referido anteriormente o facto de as próprias famílias acordarem um pagamento e/ou troca
de uma filha ou membro da família do sexo feminino por bens ou dinheiro. Está pressuposto um
desequilíbrio de direitos entre géneros. Estas negociações acontecem particularmente de acordo
com práticas e costumes tradicionais e fora do alcance da lei, normalmente entre
crianças/raparigas e homens muito mais velhos. É também uma aceitação do abuso sexual destas
crianças sobre o pretexto de um casamento.

Crenças culturais e práticas comunitárias


Quando falamos em violência sexual infantil das raparigas moçambicanas não podemos
esquecer o contexto social, económico e político onde estas temáticas estão inseridas. Existem
crenças culturais e práticas comunitárias (informais) inconsistentes com as legislações oficiais
que comprometem os direitos humanos em geral e os direitos das mulheres e crianças em
particular.

Entre as crenças culturais estão a discriminação e o estigma social face às vítimas de violência e
sexual; papéis sociais rígidos desiguais entre homens sobre mulheres, e entre adultos sobre
crianças; responsabilização da criança em prol do adulto; diferentes concepções do que é
“consentimento” e o que é abuso sexual e violência. Quanto às práticas comuns mais violentas e
que comprometem o cumprimento da legislação legal estão o casamento prematuro ou precoce,
combinado ou forçado; favores sexuais em troca de bens; resolução de conflitos de forma
informal e apaziguadora sem punição para os perpetradores; e ritos de iniciação que cujos
factores socioculturais, na sociedade moçambicana, promovem o casamento das raparigas logo
após a primeira menstruação e antes da primeira relação sexual.

Consequências na vida social.


Segundo MISAU (2002) desenvolvido e publicado pela Organização Mundial de Saúde e de
entre as várias formas de violência examinadas (abuso sexual e negligência por parte de pais,
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violência por parte de parceiros íntimos, violência sexual, entre outros), a violência é o maior
problema de saúde pública no mundo.

As vítimas muitas vezes sofrem grandes consequências para a saúde física e psicológica como
depressão, transtornos de ansiedade e transtorno de stress pós-traumático (PTSD). A violência
também pode resultar em comportamentos com risco acrescido para a sua saúde incluindo o uso
de drogas, sexo desprotegido, abuso de álcool, tabagismo e distúrbios alimentares. Todos estes
aspectos são conhecidos factores de risco para algumas das outras causas de morte, doença e
invalidez como sejam doenças cardíacas, câncer, suicídio e HIV/AIDS.

As principais reacções psicológicas e físicas entre as vítimas de violência e abuso sexual estão os
sintomas depressivos, ansiedade, medo, pensamentos suicidas (sintomas emocionais)
perturbações alimentares e do sono, dores de cabeça, dores de estômago, cansaço, distúrbios
gastrointestinais, e sensações de mau estar geral (sintomas físicos) dificuldades de concentração
e memória, híper-vigilância, pesadelos, flashback (sintomas cognitivos) dissociação, falta de
confiança nos outros (sintomas comportamentais e sociais). De um modo geral, o tipo de reacção
dos pacientes é determinado por sua estrutura psicológica. A sua personalidade, destacando-se a
personalidade pré-mórbida ou a existência de perturbação psicológica anterior .A confusão de
ideias (desespero, raiva, irritabilidade, medo da dor e da morte), choro fácil, distanciamento
afectivo, e outros sinais ou sintomas psicológicos que ocorrem com frequência. Dos actos de
violência podem ainda surgir directa ou indirectamente consequências ao nível do estado da
saúde física das vítimas sobreviventes.

Tratamento das Convenções internacionais em Moçambique


Nos termos do n.º1 do artigo 18 da CRM 2004, “os tratados e acordos internacionais,
validamente aprovados e ratificados, vigoram na ordem jurídica moçambicana após a sua
publicação oficial e enquanto vincularem internacionalmente o Estado Moçambicano”
Em comparação ao n.º 2 do mesmo artigo que prevê que “as normas do direito internacional têm
na ordem jurídica interna o mesmo valor que assume os actos normativos infraconstitucionais
emanados da Assembleia da República e do Governo, consonante a sua respectiva forma de
recepção”.
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Resulta que este artigo e uma concretização do artigo 4 n.º2 da CRM ao determinar que “o
Estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução de conflitos que coexistem na
sociedade moçambicana, na medida em que não contrariem os valores e os princípios
fundamentais da Constituição”. Com efeito um tratado internacional ou um acordo em forma
simplificadas só estão em condições de começar a produzir internamente efeitos quando tiverem
começado a produzir efeitos internacionalmente, em conformidade com o que estiver estipulado
no compromisso em questão. Esta prevenção e particularmente relevante no que concerne ao s
tratados multilaterais, em que as reuniões de ratificação necessária a entrada em vigor
internacional ainda podem estar a decorrer na ocasião em que seja feita a sua publicação nas
ordens jurídicas de algumas das partes.

Instrumentos Legais de Protecção dos Direitos da Criança em Moçambique


Com as três importantes leis para a protecção da criança aprovadas em 2008, Moçambique torna-
se em um dos poucos países de África com um quadro-jurídico legal, de protecção da criança.
Trata se da Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança, a Lei de Prevenção e Combate
ao Tráfico de Pessoas e a Lei da Organização Tutelar de Menores, vêm reforçar e diminuir as
lacunas existentes no quadro jurídico moçambicano, que colocavam a criança numa situação de
vulnerabilidade. Mediante as três leis acima enumeradas, iremos dar mais ênfase a Lei de
Promoção e Protecção dos Direitos da Criança porque esta vai ao encontro do nosso trabalho.

Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança


A Lei de promoção e protecção dos direitos da criança (Lei nº 7/2008 de 9 de Julho), no seu
artigo 1, estatui que, a tal lei, tem por objecto a protecção da criança e visa reforçar, estender,
promover e proteger os direitos da criança, tal como se encontram definidos na constituição da
República, na Convenção sobre os Direitos da Criança, na Carta Africana sobre os Direitos e o
Bem-estar da Criança e demais legislação de protecção a criança.
De acordo com o artigo 3 da Lei acima citada, considera-se criança toda a pessoa menor de 18
anos de idade e assim, de acordo com esta Lei, a criança goza de todos Direitos Fundamentais,
inerentes a pessoa humana, assegurando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
assegurar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual, e social, em condições de
liberdade e de dignidade. Assim, relativamente ao tratamento negligente, discriminatório,
violento e cruel, o artigo 6 da Lei n.º 7/2008 de 9 de Julho, estabelece que, nenhuma criança
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pode ser sujeita a tratamento negligente, discriminatório, violento e cruel, nem ser objecto de
qualquer forma de exploração ou opressão, sendo punidos por lei, todos os actos que se traduzam
em violação, o artigo 64 da presente Lei, acrescenta que o Estado deve adoptar as especiais
medidas legislativas e administrativas com vista a proteger a criança contra qualquer forma de
abuso físico ou psíquico, maus tratos e tratamento negligente por parte dos pais, tutor, família de
acolhimento, representante legal ou terceira pessoa.
Sendo, dever da família, da comunidade, da sociedade e do Estado, assegurar a Criança, a
efectivação dos Direitos referentes a vida, a saúde, a segurança alimentar, a educação, ao
desporto, ao lazer, ao trabalho, entre outros, assim, o artigo 48 da Lei 7/28 de 9 de Julho, diz que,
todo o cidadão e as instituições em geral tem o dever de prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos da criança.
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Conclusão
Moçambique enfrenta uma contínua violação dos direitos da criança, devido a práticas
culturalmente aceites, como o “casamento” prematuro e casamento combinado. Esta
cumplicidade com a violação de direitos não é apenas socialmente legitimada, mas
continuamente silenciada pelo sistema da administração da justiça, onde, à revelia da legislação
nacional, regional e internacional ratificada por Moçambique, apenas em situações excepcionais
se assiste à sua penalização. A magnitude dos efeitos do abuso sexual de menores é fatal e
terrível.

O seu impacto está directamente relacionado com aumento da incidência da gravidez precoce e
consequente aumento das taxas de morte materna (antes, durante ou nos 42 dias subsequentes ao
parto); dos índices de abandono escolar entre as raparigas; dos índices de pobreza entre a
população feminina; e do índice de contaminação pelo HIV entre a população feminina na faixa
etária 12-24 anos de idade.

É oportuno e urgente uma atitude de “tolerância zero” à violência sexual da criança e fazer-se
uma sensibilização e promoção da denúncia pública de todas as manifestações de violência em
casa, no seio da família, na escolar, no trabalho e na comunidade. É fundamental o envolvimento
comunitário na sensibilização das comunidades locais, suporte social, activistas da comunidade,
grupos de auto-ajuda, capacitar praticantes de medicina tradicional, coordenação do trabalho dos
técnicos de saúde mental. Os serviços devem ter em consideração os aspectos contextuais e as
necessidades específicas de programas de resposta às vítimas e incluir o trabalho directo com
líderes tradicionais, religiosos e comunitários, pelo fortalecimento dos serviços de apoio às
vítimas de violência sexual infantil, fortalecimento das organizações e instituições locais
públicas que trabalham na área e melhorar os serviços de encaminhamento através de um
atendimento unificado, coordenado, multidisciplinar e multissectorial.
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Bibliografia

AZAMBUJA, M. R. Violência sexual intrafamiliar: é possível proteger a criança? Porto Alegre:


Livraria do Advogado, 2006

MACHAVA, J., A situação da pobreza em Moçambique: Diferenciações regionais e principais


desafios. Rio Claro: UNESP, 2007

MISAU Estratégia e Plano de Acção de Saúde Mental. República de Moçambique: Maputo.


2006.

Legislação Nacional

 Constituição da Republica de Moçambique, Maputo: Plural-Editores, 2004;

 Lei n.º 35/2014 de 31 de Dezembro, que aprova o Código Penal;

 Lei n.º 7/2008 de 9 de Julho, que aprova a Lei da Promoção e Protecção dos Direitos da
Criança;

 Lei n.º 8/2008 de 15 de Julho, que aprova a Lei da Organização Tutelar de Menores;

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