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Ex: interpelação do devedor pelo credor, devido à mora (Art.804 CC). O momento
decisivo para a constituição em mora não é a interpelação, mas sim a anterior não
efetivação da prestação no tempo devido por causa imputável ao devedor; é por causa
desta situação, e não em virtude do ato da interpelação, que o ordenamento jurídico
prevê os efeitos da mora. Assim, os efeitos da mora não podem ser reconhecidos a
uma vontade, expressa no ato da interpelação pelo credor e dirigida a um fim, uma
vez que já resultam da lei.
Efeitos do negócio jurídico - Ex: Art.878 CC (efeito não imputável diretamente pela
vontade, mas sim indiretamente pois é uma norma supletiva), Art.1682 e 1618 CC
(efeitos que, por lei, são imputáveis indiretamente à vontade nos termos da liberdade
de celebração contratual).
Visando o negócio jurídico a produção de efeitos, a vontade orientada nesse sentido implica,
sempre, a consciência de criar uma vinculação jurídica da parte do declarante. Assim, não são
negócios jurídicos:
o Relações de favor ou de obsequiosidade – promessas ou combinações da vida social,
ás quais é ausente o intuito de criar, modificar ou extinguir um vínculo jurídico.
Estamos, assim, perante relações ajurídicas. Para identificar este tipo de relações
temos, por exemplo, a gratuitidade (é apenas um indicio uma vez que temos, por
exemplo, as doações (Art.940/1 CC)). Ex: o convite para um passeio.
o Gentlemen’s agreements ou meros acordos – estamos perante matérias que, à partida
seriam regidas pelo Direito, mas que, no entanto, as partes optaram por exclui-las da
tutela do Direito. Incide sobre matérias que seriam tendencialmente tuteladas pelo
Direito por isso é que não podem ser consideradas relações de favor. Ex: A empresta
a B 5 mil € e fica acordado que a obrigação de restituição do dinheiro não é
judicialmente exigível.
o Declarações de ciência – a pessoa limita-se a constatar determinados factos Art.485(1)
CC. Ex: declaração dos rendimentos, declaração de nascimento na conservatória,
Art.1805/2, 246 CC.
(1)
Nº2 - No entanto, não é obstante a existência de uma obrigação de indemnização.
NOTA: Existem determinados negócios jurídicos onde a declaração de vontade não basta pois
tem de existir também um comportamento material. Ex: Art.947/2 CC (“tradição da coisa” –
entrega do material).
Elementos do negócio jurídico:
o Essenciais – são imprescindíveis para a validade do negócio jurídico:
• Sujeito – é necessário que o sujeito tenha capacidade negocial (de gozo ou de
exercício);
• Declaração de vontade – existência de uma declaração de vontade livre e
esclarecida. A declaração deve corresponder à vontade. Ex: se A pagar, por
uma casa, 100.000€ e apenas declarar que pagou 50.000€.
NOTA: em determinados casos, a declaração tem de ser realizada de uma
forma especifica.
• Conteúdo (objeto em sentido amplo) – aquilo sobre o que ele incide, mas
também os seus efeitos à o objeto deve ser possível, lícito e determinável
(Art.280 CC)
o Naturais – efeitos do negócio jurídico que se produzem por força da lei, mas que
podem ser afastados pelas partes (normas supletivas). Ex: Art.878, 875, 964/1 CC.
NOTA: ao contrário dos elementos essenciais e acidentais, os naturais resultam da
própria lei e não da vontade.
o Acidentais – “clausulas acessórias dos contratos” – trata-se de efeitos que não são
essenciais e que não decorrem por força da lei. Posto isto, são efeitos que as partes
acrescentaram por força da sua própria vontade. Ex: quando as partes definem que o
negócio jurídico só produz efeitos a partir da data X.
Catarina Ferreira da Silva
São intervenientes no negócio jurídico as partes que nele acordaram sendo, por isso,
abrangidas pelos seus efeitos. Na verdade, os efeitos de um negócio jurídico produzem-se,
por via de regra, apenas entre as partes, pois são estas que os querem, tendo acordado neles
à Princípio da relatividade dos contratos (Art.406 CC)
No entanto, reside a questão de saber se os efeitos produzidos pelo acordo das partes são
oponíveis, fora do âmbito delas, também a “terceiros”. Esta oponibilidade depende do
conteúdo do negócio, isto é, das características do respetivo direito sobre que incide, bem
como do conhecimento que os terceiros tenham do negócio acordado (Art.406 e seg. CC).
Em regra geral, as relações jurídicas não são conformadas unilateralmente. No entanto, um
sujeito pode conformar relações jurídicas de uma forma unilateral somente quando se trata
do exercício de um direito já constituído (Ex: direito potestativo, ação direta), quando o ato
afeta só o próprio património (Ex: renúncia a um direito), quando não são atingidos direitos
de outrem (ex: ocupação de coisas sem dono) ou quando o ato traz uma vantagem jurídica
para o visado (Ex: perdão Art.1780, 863 e 1318 CC).
Critério classificativo: distinção já não limitada aos próprios negócios jurídicos, mas
envolvendo também os atos jurídicos.
o Negócios de mera administração – correspondem a uma gestão patrimonial limitada,
comedida e prudente, levada a cabo pelo administrador de bens alheios, mas também
pelo titular de bens próprios, atos esses destinados a conservar a substância dos bens
(a regular a sua conservação e promover a sua frutificação normal), o que apenas
permite a prática de atos de alienação que mantenha intacta a raiz dos bens. Ex:
administração dos bens do ausente (Art.94 nº3 e 4 CC), administração dos bens pelo
inabilitado (Art.153 CC), administração ordinária relativamente aos bens comuns do
casal (Art.1678 nº3 CC).
o Negócios de disposição – alteram a substância dos bens ou do património
administrado, afetam o capital administrado e a raiz dos direitos patrimoniais. Ex:
Art.153 CC.
Apenas nos casos expressamente previstos (Art.218 CC): Art.923 nº2 CC,
Art.1163 CC.
NOTA: modalidades ¹ forma negocial à Art.217 e 218 CC. Regra: Principio da
liberdade declarativa – em principio, a declaração negocial pode ser emitida por estas
três modalidades, ou seja, a lei não exige uma modalidade em especifico (Art.288 nº3,
302 nº2, 2056 CC.
Exceções (o legislador exige uma declaração expressa): Art.413 nº1, 590 nº2, 595 nº2,
957 nº1 CC.
Quando há uma divergência entre a vontade e a declaração, qual delas deve prevalecer? Em
princípio, prevalece a declaração (o elemento objetivo) por uma questão de segurança e
certeza jurídica. Ex: Art.257, 236 CC.
Exceções: Art.246 CC.
Documentos – Art.362 CC
Documentos escritos – Art.363 CC
o Autênticos – nº2. Documentos exarados pelo notário nos respetivos livros, ou
em instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documento
análogos por ele expedidos. Ex: escritura pública, certidões (de nascimento,
de óbito), atestado médico. Regime: Art.369 a 372 CC.
o Particulares – nº2 2ªParte. Ex: folha de papel assinada por A e B. Regime:
Art.373 a 379 CC.
• Autenticados – Art.363 nº3 e 377 CC. Podem ser autenticados quando
forem confirmados pelas partes perante o notário.
• “simples”
§ c/reconhecimento
§ s/reconhecimento
NOTA: assinaturas eletrónicas – Art.26 nº2 DL 7/2004 e Art.3, 7 DL 290-D/99
Forma de declaração negocial ¹ Publicidade
à A forma da declaração negocial refere-se ao momento da celebração do negócio. Quando
a lei exige uma forma que não é respeitada o negócio é nulo como estipulado no Art.220 CC.
à A publicidade surge depois da celebração do NJ. A sua publicidade prende-se com a
necessidade de dar a conhecer ao mundo o negócio. Meios de publicidade:
o Registo (predial para imóveis; automóvel; civil; comercial). A não publicidade já não
acarreta uma nulidade, mas antes uma ineficácia/não produção de efeitos perante
terceiros, mas, em princípio, produz efeitos para as partes. Por norma, o registo é
apenas declarativo e só em algumas situações será constitutivo (Ex: hipoteca Art.687
CC) - só quando o registo é feito é que o negócio produz efeitos para as partes do
negócio;
o Publicações obrigatórias – “portal das publicações” do DR. Ex: ato de instituição de
uma fundação.
NOTA: Às vezes são necessários o registo e a publicação (Ex: sociedade comerciais).
Resulta do nº3 do Art.224 CC que chegada ao poder significa, na verdade, entrada na esfera
de poder do destinatário em condições que permitem a tomada de conhecimento. Deste
modo, esta alínea constitui um complemento ao nº1 na medida em que clarifica o conceito
da “chegada ao poder”: o nº3 tem por ineficaz uma declaração recebida pelo destinatário em
condições de ele, sem culpa sua, não poder tomar conhecimento dela (ex: uma carta dirigida
a um analfabeto). Nestes termos, por exemplo, normalmente não será eficaz a denúncia de
um contrato, mediante o depósito na caixa de correio, quando o destinatário se encontra em
férias, na altura das férias gerais, de modo que não se pode contar com a sua presença. De
resto, o previsto no nº3 parece aplicável também a declarações verbais que não podem ser
compreendidas (Ex: uma proposta verbal dirigida a um surdo).
Catarina Ferreira da Silva
O nº2 do Art.224, por seu lado, no intuito de proteger o declarante, considera eficaz uma
declaração que só por causa do destinatário não foi por ele oportunamente recebida.
Portanto, a declaração é tida como eficaz apesar de não ter chegado ao poder, quando isso
foi culposamente impedido pelo destinatário. Ex: o destinatário recusa-se a receber a carta
do carteiro ou não vai levanta-la.
Art.225 CC - Aplica-se a declarações negociais recetícias (casos em que o paradeiro seja por
aquele ignorado) ou não recetícias (dirigem-se a uma pessoa desconhecida). Estas
declarações tornam-se eficazes quando o jornal é publicado, ou seja, logo que a vontade se
manifesta de forma adequada.
No caso da promessa pública poderá aplicar-se este artigo.
Assim, a exposição de mercadoria nas montras, mesmo com a indicação dos preços,
anúncios em jornais, o envio de catálogos, o convite do leiloeiro em praça pública, etc,
são, com toda a regularidade, convites a contratar; o anunciante está à espera de
propostas e reserva para si a inteira liberdade (Art.405 nº1 CC) para não aceitar as
mesmas, por exemplo, por suspeitar da solvabilidade do proponente ou para poder
escolher entre vários interessados.
Por outro lado, o “pôr á disposição” de quaisquer pessoas indeterminadas certas
mercadorias ou serviços para elas fazerem uso imediato da mercadoria ou dos
serviços, é uma proposta contratual. Ex: as vending machines, cabines públicas de
telefone, as bilheteiras mecanizadas, etc.
Catarina Ferreira da Silva
Para todos os efeitos, a proposta contratual tem de ser concreta, determinada, clara e
completa.
Art.231 CC
o Nº1 – é na exceção feita que este artigo é menos exigente do que o Art.226 nº1 CC:
enquanto este, nas situações mencionadas, apenas considera caduca a declaração
negocial emitida ao impedir a sua perfeição posterior quanto esta consequência
resultar da própria declaração, o Art.231 nº1, subtrai à eficácia, posterior à emissão,
todos os casos em que haja fundamento para presumir que outra teria sido a vontade
do proponente, sem limitar o fundamento ou a causa desta presunção ao conteúdo
da própria proposta. Mas em todo o caso, em atenção à vontade do declarante
também o Art.231 nº1, admite como princípio que a proposta, uma vez emitida, ainda
pode ser aceite depois da morte do proponente, dando-se esta feita uma conclusão
do contrato post mortem (hipótese apenas viável ao abrigo do Art.234 CC).
o Nº2 – prevê que a morte ou a incapacidade do destinatário, a quem a proposta se
dirigiu, determina a eficácia da proposta. Esta regra, evidentemente, apenas se aplica
aos casos em que a morte ou a incapacidade do destinatário se verifica antes de uma
eventual aceitação sua se ter tornado eficaz, ou seja, antes da conclusão do contrato.
Esta alínea abrange assim a hipótese de, depois da eficácia da proposta, e
anteriormente à eficácia da sua aceitação, suceder a morte ou incapacidade do
aceitante.
Prazo da proposta - Já vimos que o proponente fica vinculado à sua proposta e num estado
de sujeição relativamente à aceitação de aceitante. No entanto, esta vinculação não vigora
para todo o sempre, há um prazo à Art.228 nº1 CC:
A) se o prazo para a eficácia da aceitação for fixado pelo proponente ou
convencionada pelas partes, a proposta vigora durante o período até o prazo
esgotar.
Catarina Ferreira da Silva
B) em situações em que, não houver prazo, mas o proponente exigir uma resposta
imediata a proposta mantem-se até que, em condições normais, a proposta e a
aceitação chegarem ao destinatário. Assim sendo, as “condições normais”
dependem da distância e dos meios de envio da proposta. Ex: uma carta de alguém
do Porto para outra pessoa do Porto (1 dia para chegar ao aceitante e outro para
a aceitação chegar ao proponente); se for por email há de ser mais curto (por
exemplo- se enviar o email de manhã há de ser razoável que o prazo dure até ao
fim do dia)
C) nos casos em que não se fixe um prazo e não se pede resposta imediata.
Pessoa ausente/presente - não tem a ver com a presença física, mas com a capacidade
de haver resposta imediata (telemóvel, Skype, pessoalmente), enquanto a pessoa
ausente (carta, fax, email com algumas nuances porque se estiver a haver interação).
Assim, esta alínea aplica-se quando não se fixa um prazo nem se peça resposta
imediata, se a proposta for feita a pessoa ausente ou por escrito a pessoa presente.
Neste caso, juntam-se 5 dias ao estipulado na alínea B- “até que, em condições
normais, a proposta e a aceitação cheguem ao destino” + 5 dias. Em situações em que
se sabe o dia de chegada da proposta só temos de calcular o tempo para a aceitação
chegar ao seu destino + 5 dias.
Se a proposta for feita a uma pessoa presente de forma oral/por diálogo a proposta
não tem nenhum prazo deste artigo. Ex: proposta a um cliente numa loja, no limite a
proposta prolongar-se-ia até que o cliente saísse da loja.
imóveis Art.874 CC). De facto, quando é celebrado um contrato por escritura pública ou
documento particular autenticado não é possível distinguir propriamente a proposta e a
aceitação, o proponente e o aceitante, daí que sejam “declarações contratuais conjuntas”.
Veja-se, nos grandes contratos, em que numa minuta sujeita a aprovação não existe uma
proposta contratual, uma vez que não é firme e precisa. As minutas que são constantemente
reenviadas num contrato com alguma dimensão económica, e não correspondem a propostas
contratuais, apenas num momento posterior as partes se reúnem num consenso, na
assinatura do documento, através do qual se irá celebrar o contrato, emitindo as designadas
“declarações contratuais conjuntas”, ou seja, guardam para o momento da assinatura a
proposta e a aceitação).
- Cláusulas contratuais gerais/contratos de adesão - nas empresas que estabelecem muitos
contratos, não há propriamente uma elaboração da proposta adequada ao cliente, mas antes
uma massificação de contratos e uma igualização das propostas. Estas cláusulas estão
reguladas no DL 446/85 de 25 de Outubro. A celebração de contratos de adesão através de
Clausulas Contratuais Gerais é também um modelo alternativo ao modelo clássico presente
no CC dos artigos 228 e seg.
NOTA: No fundo, importa saber que existem outros modelos de celebração de contrato não
presentes no CC, ainda que o modelo do CC seja a regra.
poderes de representação, o mandatário pratica atos jurídicos por conta do mandante, mas
em seu nome, produzindo efeitos jurídicos na sua esfera, mas depois os desloque para a
esfera do mandante (sendo aquele que se torna proprietário, no seguimento de um contrato
de compra e venda – Art.1180 CC). Além disso, o mandatário é obrigado a transferir para o
mandante os direitos adquiridos em execução do mandato (nomeadamente o direito de
propriedade). Por fim, a representação não é um contrato (é um instituto jurídico)
contrariamente ao contrato de mandato.
à Representação ≠ agir sob o nome (e não em nome) de outrem - agir como se fosse outrem,
como por exemplo quando alguém que pernoita num hotel dá um nome falso.
à Representante ≠ agente/mediador (sem poderes de representação)
- O mediador aproxima as partes no contrato, mas não atua em nome das partes ou
parte (não emite declarações negociais).
- O agente normalmente não tem poderes de representação e pratica
fundamentalmente atos materiais (distinguindo-se assim do mandatário). Ex: agente
imobiliário.
à Representante ≠ órgãos inseridos nas pessoas coletivas – os órgãos destinam-se a fazer
agir as pessoas coletivas por atos próprios, ou seja, por meio da chamada representação
orgânica (Art.163 CC).
à Representação ≠ contrato a pessoa a nomear (Art.452 a 456 CC) e do contrato a favor de
terceiro (Art.443 a 451 CC) – a representação é uma categoria especial da conclusão do
negócio (um meio para prestar declarações negociais), enquanto os contratos referidos
constituem categorias especiais dentro das várias modalidades contratuais. Além disso:
- No contrato a pessoa a nomear reserva-se a uma das partes a faculdade de nomear
outra pessoa para ocupar a sua posição no contrato. Os efeitos são transferidos para
a esfera de outra pessoa com eficácia retroativa não se produzindo, assim, os efeitos
de forma direita e imediata na esfera de outrem.
- No contrato a favor de terceiro duas pessoas podem celebrar um contrato que
preveja uma prestação a favor de terceiro. Ex: contrato de seguro de vida.
Art.262 CC – a procuração, como ato de atribuição e não como contrato, é assim um negócio
jurídico unilateral por meio do qual uma pessoa é nomeada procurador. Sendo um negócio
jurídico unilateral é, para a maior parte da doutrina, recetícia e que, portanto, se torna eficaz
quando chega ao poder/conhecimento do destinatário. Há quem diga que o destinatário é o
procurador e há quem ache que é o terceiro do negócio. No entanto, há outra parte da
doutrina, ainda que minoritária, que entende que é um negócio não recetício pelo facto de
poder, tal como no testamento, produzir efeitos antes de chegar ao poder ou conhecimento
do destinatário.
O procurador fica habilitado a utilizar os poderes de representação que lhe foram atribuídos,
mas não fica vinculado a exerce-los (não gerando obrigações na esfera de representante e
não carecendo de aceitação deste).
Nº2 - a lei limita-se a estabelecer uma equivalência entre a forma exigida para a celebração
do negócio que o procurador deva realizar e a celebração do negócio – procuração. Exceção:
Art.116 Código Notariado.
Capacidade do procurador à Art.263 CC – uma vez que os efeitos não se vão produzir na
esfera jurídica do procurador, este não necessita de ter mais do que a capacidade de entender
e querer exigida pela natureza do negócio que tenha de realizar.
Catarina Ferreira da Silva
Art.264 CC
Nº1 - O representado tem de autorizar a substituição (“com a faculdade de se
substabelecer”).
Nº2 - Ambos têm poderes de representação.
Do mesmo que a procuração deve a sua origem a um negócio jurídico unilateral, também a
sua extinção se procede por via unilateral à Art.265 CC
Nº1 e 2 – A procuração extingue-se quando:
- O procurador a ela renuncia
- A procuração é revogada pelo representado
- Cessação da relação jurídica de base – relação entre o representado e
representante. Ex: contrato de mandato, trabalho.
NOTA: Nem sempre tem de haver uma relação jurídica de base. Ex: um
amigo emite uma procuração a outro, Art.265 nº1 última parte CC.
Além destas:
- A procuração está sujeita a um termo final (sendo que posteriormente
a procuração caduca) ou condição resolutiva.
Nº3 - pode acontecer que a procuração possa ser também do interesse do procurador
ou terceiro. Ex: A quer comprar o apartamento de B, A celebra contrato de promessa
com B. Entretanto realiza-se a assembleia de condóminos daquele prédio. A ainda não
é proprietário, mas pode já ter interesse na assembleia de condóminos. Por esta razão,
B emite uma procuração ao A para que em seu nome, A possa estar na assembleia.
Procurações irrevogáveis – a irrevogabilidade é uma consequência (não é porque se
quer).
Do relacionamento autónomo entre a relação jurídica de base e a procuração resulta que esta
é um negócio jurídico abstrato, ou seja, ela não pressupõe necessariamente uma relação
jurídica que lhe serve de base ou abstrai da existência de um negócio de base.
Como a procuração pode existir por si só, uma eventual invalidade da relação jurídica que lhe
serve de base não a afeta, dada a sua autonomia jurídica (Princípio da abstração). Ex: pode a
relação jurídica de base ser inválida ou nula e a procuração ser válida (ou vice-versa Ex: a
procuração não observar a forma legal nos casos em que tal é exigida). Isto não invalida o
facto de elas terem um ponto em comum (Ex: Art.265 CC).
Art.266 CC – Proteção de terceiros.
Nº1 - No entanto, em termos práticos, esta situação não é tão linear uma vez que,
normalmente, são conferidos ao representante poderes muito amplos.
Art.267 CC – Para evitar que o representante possa agir de má-fé.
Art.268 CC – Representação sem poderes.
Nº1 - Ex: B se apresenta perante C como representante de A e em nome deste último
celebra um contrato de arrendamento com C. B agiu em nome de A, mas sem ter
poderes de representação para tal. Posto isto, A não fica vinculado com C – Falha o
último requisito do Art.258 CC. Consequência – ineficácia relativa.
Catarina Ferreira da Silva
Casos em que pode acontecer: nunca ter havido uma procuração; uma procuração
que já tenha caducado ou sido revogada; havia uma procuração, mas esta era inválida
ou nula; os poderes conferidos pela procuração estavam fora dos limites conferidos
(excesso de representação).
Exceto (“se não for por ele ratificado”) – Se o contrato celebrado por B fosse
conveniente a A e então este último conforma-se com o tal negócio.
Ratificação – o negócio jurídico unilateral pelo qual, alguém toma como seu
um negócio que até então não lhe era oponível. Este negócio jurídico seria
recetício com o destinatário a ser C.
o Expressa
o Tácita
Nº2 - Ex: no caso acima mencionado, a ratificação seria por escrito.
Eficácia retroativa – Ex: se o contrato tivesse sido celebrado no dia 1 de Abril e a
ratificação tinha sido realizada no dia 5 de abril. Esta última produz efeitos desde dia
1.
NOTA: a eficácia retroativa não pode por em causa os direitos de terceiros. Ex:
no dia 2 de Abril A tinha celebrado o contrato de arrendamento com o mesmo
imóvel com D.
Nº3 – C pode estabelecer um prazo para a ratificação de A. Caso esse prazo seja
ultrapassado o negócio jurídico entre B e C extingue-se. Daqui percebe-se que C já se
encontra vinculado ao negócio jurídico.
NOTA: não havendo ratificação, B nunca fica vinculado ao negócio.
A pessoa sem poderes de representação age sempre de má-fé?
Ex: a procuração podia ter sido revogada e o representante não o sabia, a
representação era nula e o procurador não sabia.
Neste caso o representante não poderia ser responsável civilmente pois não existe um
dos requisitos: culpa. Caso contrário, seria responsabilidade civil extracontratual
(Art.227 CC).
Art.269 CC – abuso da representação.
Quando a atuação do representante é desconforme aos fins que o representado tinha em
vista embora hajam poderes de representação - O negócio jurídico é ineficaz face ao
representado.
Estará o representado vinculado na mesma caso, mesmo o representante agindo dentro dos
poderes que lhe foram conferidos e em conformidade com o fim, o resultado não seja do seu
“agrado”?
Sim, pois o próprio foi “desleixado” pois deveria ter especificado melhor o fim dos
poderes que conferiu.
Catarina Ferreira da Silva Limites formais
Fim
d) O termo
Termo (Art.278 e 279 CC) – cláusula acessória pela qual dá-se subordinação da produção ou
cessão dos efeitos jurídicos a um acontecimento futuro e certo. Pode ser:
- Inicial: determina o inicio da produção dos efeitos.
- Final: determina a cessação da produção dos efeitos.
- Indeterminado: não se sabe quando é que o acontecimento se verificará. Ex: a morte
de alguém.
- Determinado: não só a verificação é certa como o momento da verificação também
o é. Ex: data.
Catarina Ferreira da Silva
Art.279 CC – Cômputo: contagem do termo. Tem natureza supletiva (“em caso de dúvida”).
Encargo/modo/cláusula modal – um encardo impõe uma liberalidade, mas não atinge – ao
contrário da condição ou termo – a produção dos efeitos do negócio que a prevê. Deste modo,
o não cumprimento do encargo não tem, só por si, qualquer influência sobre os efeitos da
liberalidade; para atingir os efeitos, é preciso acionar os meios previstos na lei para a
resolução dos negócios correspondentes. Ex: Art.963 e 966 CC, testamento (Art.2244 CC).
2. Os negócios jurídicos com efeitos dependentes de ratificação. Os negócios do
insolvente e os negócios celebrados sem poderes de vinculação.
Enquanto nos negócios jurídicos cujos efeitos estão subordinados a condição ou termo já
existe uma vinculação jurídica de parte a parte, nos negócios com efeitos dependentes de
ratificação, tal vinculação só se verifica em relação a um lado do negócio.
Quer dizer, celebrou-se um negócio, mas do lado de um dos intervenientes não havia poderes
para estabelecer um vínculo correspondente. Estas situações verificam-se nomeadamente no
caso da inibição do insolvente civil e do falido, no caso da representação sem poderes e no
caso do contrato para pessoa a nomear. Ex: Art.268 CC.
Ratificação – negócio jurídico unilateral, em princípio recetício, pelo qual alguém toma como
seus os efeitos do negócio jurídico que até então lhe eram inoponíveis.
Ratificação ≠ Confirmação
A ratificação refere-se a negócios válidos com eficácia limitada. Já a confirmação
(Art.288 CC) refere-se a negócios inválidos, anuláveis.
Negócios do insolvente
A insolvência corresponde (Art.3 do Código da Insolvência) a uma situação em que o devedor
se encontra impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas (dívidas). Pode ser
declarado insolvente não apenas as empresas enquanto pessoas coletivas, mas também as
pessoas singulares.
O processo de insolvência serve sobretudo para tutelar os interesses do credor e não, como
normalmente se pensa, do insolvente. Para tal, ou se recorre a um plano de recuperação de
empresas ou se passa à liquidação do património do insolvente para restituir aos credores o
património que for possível.
Catarina Ferreira da Silva
obrigações provenientes do contrato a partir da celebração dele (Art.455 nº1 CC). Se assim
não suceder, o contrato produz os seus efeitos relativamente ao contraente originário
(Art.455 nº2 CC).
o próprio conteúdo da declaração, mas não para avaliar o conteúdo sob o aspeto da sua
razoabilidade ou da sua conformidade ou não com a lei.
Objeto da interpretação – declaração enquanto elemento subjetivo (objetivação da vontade).
NOTA: a interpretação é sempre um passo prévio.
Art.236 CC:
- nº1: releva o sentido que seria considerado por uma pessoa normalmente diligente, sagaz e
experiente (um bom pai de família) em face daquilo que o concreto destinatário da declaração
conhecia e daquilo até onde ele podia conhecer. à Teoria da impressão do destinatário
“Salvo se este (o declarante) não poder contar razoavelmente com ele (o sentido)” –
ex: é dirigida uma declaração negocial a uma pessoa que vive numa aldeia perdida no
Alentejo. Esta declaração é uma proposta para a compra de uma ferramenta
(“proponho a compra da ferramenta por X”). naquela aldeia, existe um hábito de
chamar ferramenta a um determinado tipo de doce. O destinatário da proposta envia
ao proponente o tal doce. (Estamos perante um caso de dissenso oculto)
- nº2: estabelece que, sempre que o declaratário conheça a vontade real do declarante, é de
acordo com ela que vale a declaração emitida. Ex: 2 traficantes de droga conversam entre si
ao telefone: um diz – “olha não queres comprar ½ Kg de farinha? São 100 mil €”. Aqui, é a
vontade real do declarante que deve ser considerada pois o declaratário conhece essa mesma
vontade (com farinha ambos queriam dizer droga). à Falsa demonstratio non nocet
Exceção a este artigo – Como interpretar as declarações negociais não recetícias (ex:
testamento)? à Art.2187 CC – o relevante para a interpretação é apenas a vontade do
declarante (testador), sendo que a interpretação ou conhecimento do declaratário não é tida
em conta até porque este último é indefinido.
NOTA: o Art.2187 CC é aplicável a todos os casos de declarações negociais não
recetícias.
Se mesmo após aplicarmos o Art.236 CC ainda nos restarem mais sentidos interpretativos
possíveis então é aplicável o Art.237 CC (caso nem este último artigo resolva o problema,
aplica-se o Art.224 nº3 CC).
Art.238 CC:
- nº1 à Teoria da alusão
- nº2: “esse sentido” – o que não tenha um mínimo de correspondência com o texto.
Art.239 CC – requisitos:
- Ausência de disposição especial
- Apurar a vontade conjetural das partes (consenso hipotético das partes)
NOTA: este ponto não é relevante se puser em causa a boa-fé.
Num sentido muito amplo, podemos englobar a invalidade na ineficácia em sentido amplo,
justamente por causa da suscetibilidade que a invalidade tem para afetar a eficácia da
declaração.
Invalidade (Art.285 e seg. CC):
- Nulidade
- Anulabilidade
Catarina Ferreira da Silva
- Inexistência (Art.245, 246, 1628 e 1630 CC) à Art.1630 CC: a inexistência pode ser invocada
por qualquer pessoa; os negócios inexistentes não produzem quaisquer efeitos
(contrariamente à nulidade pois nesta os efeitos produzem-se, mas não os pretendidos pelas
partes – efeitos laterais). Este é um caso de invalidade mais radical uma vez que declara que
o negócio nem chega a existir.
Consequência da invalidade (Art.285 e seg. CC) – Regime geral:
Nulidade vs Anulabilidade
Art.291 CC – exceção ao regime regra do Art.289 CC (caso estivermos numa situação violadora
do Princípio nemo plus iuris. Requisitos:
1. Bens imóveis ou móveis sujeitos a registo.
NOTA: Caso estivéssemos perante um bem móvel não sujeito a registo, é a
aplicável os termos da usucapião.
Catarina Ferreira da Silva
2. As causas de nulidade
Capacidade de agir
- Negocial
- De gozo: capacidade de participar no tráfego jurídico negocial
eminentemente pessoal (insuprível – os atos não podem ser exercidos por
outros). Ex: perfilhação (Art.1858 nº1 CC), casamento (Art.1601 CC),
testamento (Art.2189 CC).
- De exercício: capacidade de participar no tráfego jurídico negocial geral
(suprível).
- Delitual
Pessoas coletivas – têm a sua capacidade negocial limitada (Princípio da especialidade do fim)
à Art.160 nº1 e 294 CC
Indisponibilidades relativas – nulidade
Proibições de contratar – nulidade Ex: Art.579, 876 CC
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Consequência à nulidade
Declarante:
- Vontade psicológica (“vontade real”) Na falta de vontade, há uma divergência
- Declaração da vontade (“vontade declarada”) entre estes dois elementos
Casos de divergência entre a vontade e a declaração (falta de vontade) Art.240 a 247 CC:
- Simulação (Art.240 a 243 CC)
- Reserva mental (Art.244 CC) A divergência é intencional
- Declarações não sérias (Art.245 CC)
- Falta de consciência da declaração (Art.246 CC)
- Coação física (Art.246 CC)
- Erro na declaração (Art.247 a 250 CC)
Tendencialmente, estes casos levam à nulidade, salvo nos casos de erro na declaração.
Simulação
Requisitos cumulativos (Art.240 nº1 CC):
1. Existência de um acordo entre o declarante e o declaratário (“acordo/paco
simulatório”);
NOTA: é possível a existência de simulação nos casos da declaração negocial não
recetícia (Ex: testamento Art.2200 CC).
2. Divergência intencional entre a vontade e a declaração;
3. Intuito de enganar terceiros (enganar ≠ prejudicar)
- Simulação inocente: estão verificados os requisitos, mas no 3º quer-se apenas
enganar.
- Simulação fraudulenta: para além de se querer enganar, também se quer
prejudicar (relevante nos casos do Art.242 nº2 CC). Ex: A, divorciado, que
detesta os seus filhos B, C e D, simula a venda de um prédio rustico de que é
proprietário a E, quando na realidade doa esse prédio por forma a prejudicar
a legitima dos seus filhos (Art.2157 CC)
Consequência da simulação à nulidade (Art.240 nº2 CC)
Exceções (anulabilidade): Casamento simulado (Art.1635 d) CC) e testamento
(Art.2200 CC)
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Simulação:
- Absoluta (Art.240 nº1 CC): só existe o negócio simulado, as partes não têm intenção de
celebrar, verdadeiramente, um negócio. Ex: A declara vender a B, e este declara comprar a
A, quando na realidade nenhum deles pretende a transmissão da propriedade, a entrega da
coisa vendida ou o pagamento do preço, apenas visando enganar terceiros, nomeadamente
os credores de A; casamento simulado. À partida é nulo
- Relativa (Art.241 nº1 CC): para além do negócio simulado, temos um outro negócio que as
partes queriam, efetivamente, celebrar (“negócio dissimulado”).
- Subjetiva: simulam-se os sujeitos
- Interposição fictícia de sujeito: acrescenta-se um sujeito que não constitui
verdadeiramente parte no negócio. Ex: quando há ilegitimidades ou
indisponibilidades que se pretendem contornar: aquele que deseja vender ou
doar a um terceiro, a fim de este ulteriormente passar os bens para o efetivo
comprador ou donatário.
≠ Mandato s/representação: no mandato, quer-se que o negócio seja
realmente celebrado com o mandatário, isto é, com a pessoa
interposta para todos os efeitos jurídicos. Por conseguinte, ao passo
que na interposição fictícia, a pessoa interposta é um sujeito simulado,
o interposto é, no mandato s/representação, parte verdadeira do
negócio.
Interposição fictícia do sujeito
A (parte) à pretende negócio (ocultado) com à C (parte)
(negócio dissimulado)
simula negócio com à B à simula negócio com
(negócio simulado)
Deste modo, na realidade, o negócio acaba por ficar concluído entre A
e C. B é apenas parte simulada.
Mandato s/representação
A (parte) à negocia com à B (parte) à transfere para C
Acordo/vinculação
Interna
Deste modo, o negócio fica concluído entre A e B, estando este obrigado a
transferir em seguida o resultado do negócio para C.
- Supressão do sujeito real: suprime-se um sujeito que constitui
verdadeiramente parte no negócio.
- Objetiva: simula-se o objeto
- Sobre a natureza do negócio. Ex: em vez de uma doação proibida, finge-se
uma venda.
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Requisitos (cumulativos):
- Declaração recetícia cujo conteúdo é contrário à vontade real do declarante.
- Intuito do declarante de enganar o declaratário.
- Inocente: não há intenção de prejudicar o declaratário. Ex: Por motivos morais ou de
caridade.
- Fraudulenta: há intenção de prejudicar.
A lei distingue duas modalidades:
- Reserva mental desconhecida do declaratário: a reserva mental não afeta a validade da
declaração negocial, feita pelo declarante, que produz os seus efeitos normais como se não
tivesse havido a reserva (Art.244 nº2 1ªParte CC). Isto vale tanto nos casos de reserva mental
inocente como nos da fraudulenta. A reserva mental é, portanto, irrelevante.
- Reserva mental conhecida do declaratário: a declaração negocial é nula (Art.240 nº2 CC) e o
declarante não fica vinculado à sua declaração, embora não possa opor a sua reserva mental
a terceiros de boa fé (Art.243 CC)
≠ Simulação: na reserva não houve um acordo simulatório nem o intuito de enganar
terceiros, mas sim de enganar o próprio declaratário.
3. As causas de anulabilidade
Não são, em princípio, ambas as partes que podem arguir a anulabilidade, mas sim a parte
cujos interesses são protegidos pela lei. Ex: num negócio com um menor, a contraparte não
pode arguir a anulabilidade do negócio, mas sim, por exemplo, o menor pois são destes os
direitos que a lei pretende proteger.
a) Os negócios celebrados sem capacidade (negocial) de exercício
Capacidade negocial – suscetibilidade de adquirir e exercer direitos, de assumir e cumprir
obrigações por ato próprio e exclusivo. Exceções: incapacitados, interditos e inabilitados;
- De exercício: capacidade de participar no tráfego jurídico geral (suprível – os atos
podem ser exercidos por outros).
Incapacidade de exercício - O legislador pretende proteger o incapacitado uma vez que, a seu
ver, não tem o discernimento para exercer a sua autonomia privada:
- Por menoridade (Art.122 a 129 CC)
- Incapacidade automática e, portanto, não pressupõe um processo judicial.
- Incapacidade de exercício genérica
- Por interdição (Art.138 a 151 CC)
- Coloca determinadas pessoas, maiores, numa posição equiparável à dos menores.
Ex: anomalia psíquica, cegueira, surdez...
- Pressupõe um processo judicial, desde logo para que haja um contraditório.
- Capacidade de exercício genérica
- Por inabilitação (Art.152 a 156 CC)
- Pressupõe um processo judicial
- Medida bastante menos gravosa que a interdição pois é uma incapacidade não
genérica (só é aplicável em determinados casos e categorias).
Suprimento da incapacidade:
- Representação legal: há alguém que, em nome do incapaz e no seu interesse, emite
declarações negociais. Tem lugar quer para a menoridade quer na interdição.
- Menoridade: Responsabilidade parentais (em princípio, cabe a ambos os pais
Art.1901 CC). No caso de morte dos pais: Tutor (subsidiariamente) – é o
Tribunal que nomeia.
Existem limites da atuação da representação legal – Art.1889 CC
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Nos casos em que não se apliquem as exceções do Art.127 CC e que a incapacidade do menor
não seja suprida, a consequência é a anulabilidade – Art.125 CC:
- Nº1 (Requerimento – direito potestativo extintivo de ação judicial):
a) Refere-se à representação legal.
Art.131 CC - Alguém que sofra de uma anomalia psíquica muito grave
e os pais, mesmo após o menor atingir a maioridade, procedam a uma
ação de interdição ou inabilitação.
b) O menor pode exercer o direito de anulação sobre o seu próprio negócio
jurídico no prazo de 1 ano a partir do momento que atinge a maioridade ou é
emancipado. A aplicação deste preceito pressupõe que ainda não tenha havido
confirmação nem decurso do prazo para invocar a anulabilidade, de modo que
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- Art.126 CC: dolo do menor. Ex: utilizar um BI de alguém maior de idade para ir comprar
bebidas alcoólicas. Neste caso, o legislador pretende proteger a contraparte do negócio.
Quem pode exercer o direito de anulação neste caso?
Os pais (Prof. Horster e Prof. Fábio Russo).
Interditos – pessoas que não conseguem gerir a sua autonomia privada. Tem de se tratar de
um fenómeno duradouro e que assuma um determinado grau de gravidade. Ex: uma pessoa
que não consegue tratar da sua higiene.
Inabilitados:
- Indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de caráter
permanente, não seja de tal modo grave que justifique a sua interdição.
- Aqueles que, pela sua habitual (caracteriza uma atitude continuada e uma propensão nítida,
próprios de um estado ou de uma maneira de ser da pessoa) prodigalidade (comportamento,
originado por um defeito da vontade ou do caráter, que se define por gastos desapropriados
em relação à situação patrimonial do inabilitado, sendo os gastos improdutíveis e
injustificáveis) OU pelo abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, se mostrem
incapazes de reger convenientemente o seu património.
Nos casos em que a própria lei assim o estabelece, os negócios jurídicos celebrados contra a
lei podem ser anuláveis. Ex: regime de bens classificados (leis de base do património cultural
– Art.38 nº2 Lei nº107/2001 – não foi cumprido o dever de comunicação) – Efeitos: estabelece
uma determinada proteção do bem.
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c) Negócios usurários
Uma das partes é mais fraca e reclama uma determina tutela jurídica (Regime geral: Art.282
a 284 CC. Exceções: Art.1146 nº1 CC).
Erros na declaração:
- Erros na própria declaração (estamos perante um lapso de escrita, de língua...). Ex: Alguém
envia uma carta a propor a venda do seu automóvel por 10 mil €, mas na realidade queria
vende-lo por 100 mil €.
Catarina Ferreira da Silva
- Erros sobre o conteúdo da declaração (o declarante declara aquilo que quer, mas atribui à
sua declaração um significado diferente). Ex: alguém vai a um restaurante e pede uma salada
com mozarela. O declarante quando está a pedir pensa que mozarela é um tipo de salame
(expressão utilizada na sua terra). Aqui, o declarante declarou aquilo que efetivamente
queria, no entanto este atribuiu à sua declaração um significado diferente do seu sentido
objetivo (o sentido que um normal declaratário interpretaria).
Erro sobre os motivos/erro vício (há um erro sobre o porquê da vontade. Há divergência entre
a vontade viciada e a vontade hipotética não viciada). Ex: alguém que compra um presente a
pensar que era o aniversario da amiga, mas efetivamente não era o aniversario desta última.
≠ Erro da declaração/erro obstáculo (divergência entre a vontade real e a vontade declarada).
Como sabemos, há dissenso oculto quando as partes, sem se aperceberem disso, não
chegaram a um acordo sobre todas as cláusulas consideradas essenciais, de modo que a
declaração negocial não coincide com a vontade real do declarante, nem com a do
declaratário. Em princípio, e de acordo com o Art.232 CC, nenhum contrato fica concluído.
Há situações, porém, em que é possível atribuir a ambas as declarações) a ambas as
manifestações), de acordo com as circunstâncias, um sentido ou conteúdo objetivo comum
(no pedido pela salada com mozarela, o sentido objetivo comum resulta do uso linguístico da
terra do declaratário/empregado). É evidente que este conteúdo objetivo, comum a ambas
as declarações, não está em sintonia com ambas as vontades (caso contrário, não haveria
dissenso). A este tipo de casos de dissenso oculto deve aplicar-se, quanto às declarações, o
regime do erro na declaração: o contrato considera-se concluído, mas o declarante cuja
vontade real difere do conteúdo objetivo comum que foi atribuído à sua declaração (que será
o cliente/declarante) pode anular com base em erro, nos termos do Art.247 CC.
O legislador permite ao declarante desvincular-se da sua declaração através do seu poder de
anulação se se verificarem determinados requisitos:
- Essencialidade (para o declarante) do elemento sobre o qual incidiu o erro (no exemplo da
salada, o declarante não iria querer a mesma se não fosse com salame. O elemento da
divergência é essencial).
NOTA: erro incidental – o declarante se não tivesse em erro teria emitido na
mesma a declaração, mas noutros termos.
- Declaratário conheça ou não devesse ignorar a essencialidade (o empregado soubesse ou
não devesse ignorar o facto de o declaratário querer salame e não mozarela).
Consequência à anulabilidade;
“Cessação do vício”: quando o declarante deixa de estar em erro.
Legitimidade: o errante.
Confirmação – o declarante pode confirmar o negócio jurídico.
Art.248 CC – Ex: o empregado levar a salada para rás e trazer uma nova, mas esta já com
salame em vez de mozarela.
Erro de cálculo ou de escrita (Art.249 CC) – Ex: é celebrado um contrato de arrendamento por
6 meses. Neste diz -se que o contrato tem inicio no dia 1/08/2018 e cessa no dia 31/12/2018;
Catarina Ferreira da Silva
é celebrado um contrato de compra e venda de um terreno com 100 m2. Indica-se que o valor
é 100€/m2 e no fim, o valor que se indica é de 12 mil € (no entanto, feitas as contas deveria
ser 10 mil €).
Consequência à mero direito à retificação.
e) Negócios celebrado com vícios da vontade: enunciado geral. O erro sobre os motivos
e o seu regime jurídico. O dolo. A coação moral.
A deficiência genética não tem que ver com a manifestação da vontade, mas sim com a
própria formação da vontade.
Há uma série de circunstância que levam à emissão de uma determinada vontade em certos
termos. O princípio é o da irrelevância dos motivos.
“Erro” - deficiente representação intelectual (inexata) de declarante que não corresponde à
realidade.
No entanto, existem casos em que os motivos efetivamente são relevantes que conduzem à
anulabilidade:
- Erro sobre a pessoa do declaratário ou sobre o objeto (essencialmente o mediato – a coisa
sobre que incide) do negócio (Art.251 CC). O erro pode referir-se à identidade ou
qualidades/características do declaratário ou do objeto. Ex: Quanto ao declaratário -
contrata-se uma empregada doméstica julgando-se que ela sabe cozinhar quando na verdade
não sabe; quanto ao objeto – comprar-se um relógio a julgar-se que é verdadeiro quando é
uma falsificação.
NOTA: Quase todas estas hipóteses acabam por ser erros sobre o conteúdo da
declaração.
Este erro torna a declaração anulável sempre e apenas se se virem preenchidos os requisitos
do Art.247 CC.
Art.252:
- Nº1: erro sobre os outros motivos. Ex: João julgando que foi colocado em Coimbra,
celebra um contrato de arrendamento de um imóvel em Coimbra. Dá-se o caso de ele
afinal não estar colocado em Coimbra, mas sim em Évora (ele tinha lido mal a pauta
de colocações).
Catarina Ferreira da Silva
- Nº2: erro sobre a base negocial (a realidade circunstancial pressuposta por ambas as
partes – erro bilateral). Ex: alguém em Fevereiro contratar férias na neve e dá-se o
caso de já no momento de a celebração do contrato não haver neve naquele local.
Consequência à Art.437 CC.
Consequências à Art.254 CC
Ameaça-se alguém com um determinado mal para que com isso obtenha uma determinada
declaração negocial.
NOTA: “fazenda” – património.
Consequência à Art.256 CC