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procedimentos de resolução de conflitos alternativos aos meios judiciais (ou seja, não
é judicial). Esta distinção não é suficiente para enquadrar como meio de resolução
alternativa de litígios a conciliação judicial, tal como regulada no 594º CPC
A distinção de resolução alternativa de litígios deve ser alargada a todos os meios
de resolução de conflitos que sejam diferentes da decisão por julgamento em tribunal
estadual.
Os meios de RAL são por regra voluntários- depende unicamente da vontade das
partes aderir ou não a um mecanismo alternativo, diferentes, desta forma, dos meios
judiciais de resolução de litígios, que são sempre obrigatórios. No entanto, a
arbitragem necessária e a mediação obrigatória, são também meios obrigatórios.
São portanto, voluntários a negociação, a mediação, conciliação e arbitragem
voluntária. É obrigatória a arbitragem necessária. Os julgados de paz são considerados
tribunais extrajudiciais, pois o 209º/2 da CRP prevê desde logo a sua existência como
tribunal não judicial e assim sendo devemos considerar os Julgados de Paz como um
mecanismo extrajudicial.
Meios autocompositios:
Conciliação
• Artigo próprio: 594º CPC, que trata a tentativa de conciliação na audiência
preliminar + 604º/2 CPC, diligência obrigatória na audiência final + 26º/1 LJP, a
qual fica a cargo do juiz de paz, no início da audiência de julgamento.
• Meio de resolução de conflitos através do qual um terceiro promove a
resolução da disputa através de acordo. Não há confidencialidade
(diferentemente da mediação).
• O critério de submissão de litígios à conciliação é o da disponibilidade.
• Assim como na mediação (290º CPC +14º/3 LM), o critério de homologação é o
da ordem pública.
• Ex: tentativa de conciliação em processo de divórcio sem consentimento de um
dos cônjuges
Julgados de Paz
Praticam uma justiça alternativa, marcada pela proximidade e pela tentativa de,
através das fases de mediação (49º a 56º LJP) e conciliação (26º/1 LJP), alcançar uma
solução por acordo.
• São tribunais estaduais (não judiciais)- 209º/1 CPC
• São vistos como um meio misto, observando uma estrutura bipartida
✓ Por um lado são muito semelhantes com os tribunais- Incluindo a
obrigatoriedade da decisão em sentença – art.61º LJP
✓ Por outro lado estão muito próximo dos RAL, fomentando a
proximidade das partes e o acordo entre estas
Exclusividade (conjugação dos art.9º e 67º da LJP)
Ou seja se os processos pendentes passam para os tribunais onde estavam a correr,
implica que novos processos corram em exclusivo nos tribunais de JP – art.67º a
contrario. Esta competência é exclusiva mas supletiva, pois podem as partes
convencionar o iniciar do processo em outro tribunal. Podem excluir a competência
dos JP através de convenção, anteriormente à propositura da ação; através de
propositura da ação nos tribunais judiciais, desde que o réu aí não invoque a
incompetência do tribunal judicial. Esta incompetência dos tribunais judiciais não deve
ser de conhecimento oficioso, sendo que só há absolvição da instância de o réu arguir.
Estes tribunais estão fora da jurisdição comum (estão previstos no nº 2 do 209º
CRP, e não no nº1). Porém, a regra da recorribilidade das decisões dos JP para os
tribunais judiciais, quando o valor da ação seja superior a metada da alçada da 1º
instância (62º LJP) joga contra essa autonomia. Isto significa que as ações de valor
entre 5.000 euros e 15.000 euros, que seriam julgados em recurso na relação, são
julgados em recurso na 1º instância.
Modelo multi-portas
A ideia seria ter um centro de resolução de litígios que teria num único lugar
diversas ofertas de justiça- judicial, justiça de proximidade, arbitragem, mediação,
conciliação, negociação,...- que poderiam ser escolhidas pelos utentes.
Juízes de Paz
• Só pode ser Juiz de Paz quem observar os requisitos do art.23º LJP
• Assim como os mediadores, devem os juízes observar o dever de sigilo
previsto no art.22º LJP
• O seu recrutamento é realizado de acordo com o art.24º LJP
• São providos por um prazo de 5 anos, sendo nomeados pelo Conselho dos
Julgados de Paz – art.25º LJP
• As funções a desempenhar estão no art.26º LJP
Mediadores
• Devem observar os requisitos do art.31º LJP
• Existe uma lista de mediadores como previsto no art.33º LJP
• A seleção dos mesmos é realizada de acordo com o art.32º LJP
Partes
-Nos processos instaurados nos julgados de paz, podem ser partes – art.37º LJP
• Pessoas privadas bem como pessoas coletivas
• Outras entidades com personalidade jurídica
-Previsão de litisconsórcio e coligação no art.39º LJP
-Apoio judiciário previsto no art.40º LJP
Processo
Fase inicial
• Requerimento inicial – art.43º LJP
Pode ser apresentado oralmente ou por escrito
• Distribuição dos processos – art.42º LJP
• Citações e notificações – art.45º e 46º LJP
Citação:
----------Não é admissível a citação edital, logo se não for possível a citação pessoal
ou por via postal, o processo segue à revelia – art.45º/2 LJP
• Nomeação de representante oficioso (jurisprudência)
• Incidentes processuais – art.41º LJP
• Previsão de procedimentos cautelares
• Contestação – art.47º LJP
• Reconvenção – art.48º LJP
o Só admissível em duas situações
Direito a benfeitorias
Despesas relativas à coisa cuja entrega lhe é pedida
o Admissível desde que o valor não ultrapasse a alçada do Julgado de Paz, mesmo
que em conjunto com o valor do demandante ultrapasse aquela
o O demandante tem 10 dias para responder à reconvenção
Fase da mediação
• Pré mediação - art.49º e 50º LJP
o Acordo de confidencialidade
o Verificar da vontade das partes de optar pela mediação
• Marcação da mediação – art.51º LJP
o As partes escolhem um mediador da lista existente
• Falta às sessões de mediação – art.54º LJP
o Em caso de falta de alguma das partes, o processo segue para julgamento
• Desistência – art.55º LJP
o Podem as partes desistir da mediação
• Acordo – art.56º LJP
o Havendo acordo, este é homologado pelo juiz, com valor de sentença
o Não havendo acordo, segue para julgamento
Fase do julgamento
• Tentativa de conciliação – art.26º/1 LJP
• Produção de prova – art.59º LJP
o Testemunhal
Até 5 testemunhas apresentadas por cada parte
o Pericial
Implica a remessas para o tribunal judicial, mas apenas para a produção de
prova necessária, regressando posteriormente os autos ao JP
• Julgamento – art.26º/2 LJP
o De acordo com regras de equidade
Se as partes acordarem, e
Se a ação o valor da ação não exceder 7500€
• Faltas – art.58º LJP
o Demandante – após 3 dias = desistência do pedido
o Demandado – após 3 dias = confissão dos factos se:
Não comparecer à audiência de julgamento, sem apresentar justificação e
não apresentar contestação
• Sentença – art.60º e 61º LJP
o Tem valor de sentença proferida por tribunal de 1ª instância
o Tem de ser reduzida a escrita contendo o elenco do art.60º/1 LJP
• Recurso – art.62º LJP
o Efeito devolutivo
o Só possível se o valor exceder metade do valor da alçada do tribunal de 1ª
instância
Mediação (facilitadora- facultativa)
• Pleno domínio do processo pelas partes (empowerment)
• Assenta nos interesses, e não no direito.
• Meio de resolução de conflitos através do qual um terceiro, o mediador,
promove o diálogo entre as partes para que as mesmas cheguem a
entendimento
• O mediador não resolve, não impõe acordo, não dirige, somente auxilia.
Não devem haver intermediários, mas as partes podem estar assistidas, ou seja, o
advogado não representa a parte, pois não é necessário convencer ninguém quanto
aos factos ou ao direito.
É ainda admissível que os advogados representem, sendo que esta é necessária
quando se trate de pessoa coletiva.
O ideal é portanto a presença das partes, sendo que quando não for possível, é
admissível a presença de advogados. A sua presença é essencial ao correto
desenvolvimento da mediação, podendo ser importante para controlar a atividade do
mediador.
3- Sistemas de integração
A mediação pode estar inserida nos tribunais (JP) ou ser extra-judicial (sistemas
públicos de mediação). Pode ser pré-judicial (antes da propositura da ação) ou ser já
contemporânea no processo jurisdicional, implicando, por regra, a sua suspensão.
Nos JP, esta constitui uma fase no processo entre as alegações e o julgamento,
sendo sempre facultativa, pois cada parte pode afastar a mediação logo no seu
requerimento inicial (49º LJP) bem como desistir em qualquer momento (55ºLJP).
O 273º CPC estatui a possibilidade de o juiz determinar a remessa do processo
para mediação, sem colher previamente o consentimento das partes, sendo que a
oposição expressa de qualquer das partes impede a remessa. Atualmente, a
obrigatoriedade da mediação em Portugal tem sido entendida como
contraprocedente.
4- Fases e Técnicas
6- Convenção de mediação
Espécies
Necessária: Resulta de Lei especial devendo atender-se ao que nela estiver
prescrito ou subsidiariamente ao disposto no CPC- Art.1082º a 1085º CPC
1- Convenção arbitral
Acordo pelo qual as partes decidem submeter à arbitragem todos ou alguns dos
litígios surgidos ou a surgir entre elas com respeito a uma determinada relação jurídica
• Tem natureza contratual ; negócio jurídico bilateral
• Assenta na vontade dos sujeitos que legitimam assim a decisão do árbitro
• Não se observa a imposição deste método por uma das partes a outra
2- Formas
Podemos observar duas formas de convenção arbitral – art.1º/3 NLAV
• Compromisso arbitral- Se visar a resolução de um litígio actual já existente
• Clásula compromissória- Se estiver em causa a submissão a arbitragem de
conflitos futuros e eventuais. Emergentes de uma determinada relação
jurídica contratual e extracontratual
3- Requisitos
• A competência do tribunal arbitral pressupõe uma convenção de arbitragem
válida e eficaz
• Se a convenção for nula, anulável ou ineficaz há incompetência do tribunal
Fundamento de anulação da decisão arbitral – art.3º NLAV
4- Conteúdo
Conteúdo essencial
-Determinado pela Lei – art.2º/6 NLAV
O objeto do litígio
A especificação da relação jurídica a que os litígios dizem respeito
Conteúdo facultativo
-Número de árbitros – art.8º/1 NLAV
-Regras arbitrais/ procedimento – art.30º NLAV
-Local da arbitragem – art.31º NLAV
-Língua do processo – art.32º NLAV
5- Arbitrabilidade do litígio
Distingue-se em objetiva (cuida das limitações da arbitragem em função do
conteúdo do litígio-1º/1 LAV) e subjetiva (pretende tratar da possibilidade de
entidades públicas serem partes em processo arbitral- 5ª/1 LAV).
7- Quanto ao objeto
-O critério geral é o critério da Patrimonialidade do litígio –art.1º/1 NLAV
O pretensões que têm um valor pecuniário ou económico suscetível de
avaliação em dinheiro pelo menos para uma das partes
o incluindo prestações de facto se a natureza da relação jurídica for económica
8- Efeitos
Positivos
o Direito Potestativo
Cada uma das partes adquire reciprocamente um direito potestativo e
uma sujeição
-Tem o direito que o litígio seja resolvido por arbitragem
-Fica obrigada a tal, se a parte contrária o quiser
Negativos
o Prevalência da justiça arbitral – art.5º NLAV
-O TA tem prioridade na análise da sua própria competência
-O art.5º/4 proíbe que as questões de nulidade,ineficácia e
enexequibilidade de uma CA possam ser discutidas em ação de simples apreciação ou
em procedimento cautelar propostos perante tribunal estadual, quando estes tenham
como finalidade impedir a constituição ou o funcionamento do TA
Modificação
o o A CA pode ser modificada até à aceitação do 1º árbitro ou, com o acordo de
todos os árbitros, até à prolação da sentença arbitral – art.4º/1 NLAV
o o A CA pode ser revogada pelas partes até à prolação da sentença arbitral –
art.4º/2 NLAV
o o Suprimiram-se as causas de caducidade da CA – art.4º/4 NLAV