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REPÚBLICA DE ANGOLA

TRIBUNAL PROVINCIAL DE LUANDA

1.ª SECÇÃO DA SALA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO

Processo nº 0181/18-B

Sentença

I-Relatório.

Veio, Ministério Público, em representação do


Estado Angolano, propôrr e fazer seguir a presente
acção Especial de Falência contra:

Banco Mais S.A, com sede nesta cidade de Luanda, Rua Hochi-
Min, Empreendimento comandante Gika, Edifício Garden Towers,
Torre B4, 7.º andar, Bairro Alvalade pedindo que:

a) Fosse declarada a falência do requerido.


para fundamentar a sua pretensão aduziu o requerente
os seguintes fundamentos:

A requerida é uma instituição Financeira Bancária, com


sede em Luanda, cuja actividade principal consiste em receber
do público depósito e outros fundos reembolsáveis, a fim de
os aplicar por conta própria mediante a concessão de credito,
podendo efectuar as operações constantes no nº1 do artigo
6.º da Lei 12/15 de 17 de Julho.

A actividade do requerido tem de ser exercida com base na


Lei 12/15 de 17 de Julho, e de acordo as orientações do Banco
Nacional de Angola, que compete estabelecer por aviso, o
capital social minimo das instituições financeiras bancárias
e a foram de realização do mesmo nos termos do preceituado
no nº1 do artigo 16.º da Lei 12/15 de 17 de Julho.

Para que as instituições financeiras possam operar é


necessário que tenham o capital social minimo e fundos
próprios que não podem ficar abaixo do capital social para
operar.

Por meio do aviso nº2/18, de 2 de Março, o Banco Nacional


de Angola, o capital minimo exigido das instituições
financeiras foi fixado em Kz.7.500.000.000,00 (Sete Mil
Milhões e Quinhentos Milhões de Kuanzas) e igual montante
para os fundos próprios regulamentares.

O cumprimento das obrigações acima elencadas e do ratio


de solvabilidade, são condições indispensável para o
funcionamento das instituições financeiras bancárias
autorizadas pelo Banco Nacional de Angola.

O aviso determinou ainda que aquelas instituições cujo


capital social e os fundos próprios regulamentares eram
inferiores aos Kz.7.500.000.000,00 (Sete Mil Milhões e
Quinhentos Milhões de Kuanzas) deviam aumentar, para que
pudessem cumprir as exigências do regulador, até ao dia 31
de Dezembro de 2018 e ainda apresentar ao Banco Nacional de
Angola, 120 dias depois da publicação do aviso, um plano de
acção detalhado descrevendo as medidas que pretendessem
implementar para alcançarem a conforminade.

O requerido tinha o capital social de Kz.4.990.603.949,00


(Quatro Mil, Novecentos e Noventa Milhões, Seiscentos e Três
Mil e Novecentos e Quarenta e Nove Kuanzas) e os fundos
próprios regulamentares de Kz.1.204.365.694,50 ( Mil e
Duzentos e Quatro Milhões, Trezentos e Sessenta e Cinco Mil,
seiscentos e Noventa e Quatro Kuanzas), muito inferior ao
minimo exigido.

Volvidos os 120 dias, o requerido não procedeu aos ajustes


exigidos pelo regulador e por tal facto foi-lhe aplicada uma
multa.

Sequencialmente, o requerido apresentou um plano de acção


que ainda assim, não satisfazia os requisitos do aviso.

De salientar que antes da entrada em vigor do aviso 2/15


de 17 de Julho, o requerido havia manifestado a intenção de
aumentar o seu capital social para Kz.5.000.000.000,00
(Cinco Mil Milhões de Kuanzas) que não cumpriu.

Até ao dia 31 de Dezembro de 2018, o requerido não procedeu


ao aumento do capital social minimo e fundos próprios
regulamentares exigidos pelo regulador e no último dia útil
de 2018, solicitou uma moratória de 45 dias, contrariando
assim o disposto no artigo 5.º do aviso.

A pretensão manifestada pelo requerido foi indeferida,


conforme consta da acta nº1/19 do Banco Nacional de Angola,
da 1ª sessão extraordinária do Conselho de Administração, do
dia 02 de Janeiro do mesmo ano e em consequência, foi
revogada a licença para operar.

O Banco Nacional de Angola deliberou também em participar


à Procuradória Geral da República, para que nos termos da
Lei requeira junto do Tribunal competente a declaração
judicial de falência.

A licença do requerido foi revogada não com base no aviso


2/18 de 2 Março, mas sim com base nos termos das al.b),e) e
f) do nº1 do artigo 29.º e da al.c) do artigo 15.º da Lei
12/15 de 17 de Julho.

Os motivos da revogação da licença, não se deveram a uma


situação de desequilíbrio e como tal não havia a necessidade
de adoptar as providências extraordinárias em virtude do
requerido não se encontram em fase de recuperação e
saneamento. Motivaram sim o cancelamento da licença a falta
de pressupostos legais para operar enquanto instituição
financeira, colocando assim em risco o sistema financeiro e
os interesses dos depositantes e dos demais credores.

Tão logo o MºPº tomou contacto com a revogação, instaurou


a providência cautelar não especificada, registada sob o
nº3115/19-A, que correu os seus termos regulares na 1ª Secção
da Sala do Cível e Administrativo, que foi julgada procedente
e em consequência foi nomeado o Banco Nacional de Angola
como fiel depositário.

Na qualidade de fiel depositário, o Banco Nacional


procedeu a a devolução de Kz.1.905.305.098,97, pagamentos de
salários referente aos meses de Janeiro e Fevereiro no valor
de Kz.31.558.118,68 e pagamentos das empresas de segurança
e limpeza no valor de Kz.3.544.800,00 e Kz.45.000,00.

Verificou-se ainda a existência de Kz.44.372.173,74 não


reclamados, sendo que Kz.30.477.528,65 correspondente às
contas de partes relacionadas.

O Banco Nacional de Angola, constatou ainda a existência


de Kz.165.016.267,93, correspondentes às dividas apuradas
até 8 de Fevereiro de 2019 e um conjunto imobilizado do Banco
no valor de Kz.318.090.509,68.

Com a finalidade de manter a estabilidade social o Banco


Nacional de Angola cedeu liquidez no montante de
Kz.1.327.918.525,45, de modo a assegurar a restituição dos
saldos dos depositantes, uma vez que não existiam em caixa
valores suficientes para suportar esses pagamentos.

Introduzido o feito em Juízo foi ordenada a citação do


réu, que se opôs a procedência da pretensão do autor,
defendendo-se por excepção e por impugnação.
Excepcionando arguiu o réu a nulidade de todo o processo,
uma vez que a seu ver o acto do autor está eivado de vicío,
porque o BNA, não tem competência para praticar o acto que
práticou.

Impugnando alegou o réu que o BNA, no acto por ele


praticado não observou determinadas formalidade essenciais,
porque a revogação da autorização baseou-se no seguinte:

Com a entrada em vigor do aviso 2/18 de 2 de Março, foram


fixados para instituições financeiras bancárias as quantias
de Kz.7.500.000.000,00 ( Sete Mil Milhões e Quinhentos
Milhões de Kuanzas).

O réu tem um capital social de Kz.4.990.603.949,00 (


Quatro Mil Milhões e Novecentos e Noventa Milhões Seiscentos
e três mil e Novecentos e Quarenta e Nove Kuanzas) e
Kz.1.204.365,694,50 ( Um milhão, Duzentos e Quarenta Mihões,
Trezentos e Sessenta e Cinco Mil, Seiscentos e Noventa e
Quatro Kuanzas e Cinquenta Cêntimos).

Fruto da desconformidade entre os requisitos do aviso 2/18


de 2 de Março e o capital e os fundos próprios regulamentares
do Banco Mais S.A, a 2 de Janeiro de 2019, o BNA, deliberou
a revogação da licença do Banco Mais S.A, por não reunir os
requisitos acima refeênciados.

Antes da revogação da licença, ao réu havia sido aplicada


uma multa porque a infracção por ele cometida não passava de
uma contravenção.

O autor avaliou positivamente o desempenho do réu e prova


disto enviou um ofício que atestava o seu bom desempenho.

Não corresponde a verdade que ao réu vez alguma foi


aplicada uma multa por não ter procedido à aumentos.

Que os atrasos no cumprimento das obrigações não se deram


por culpa do requerido, mas sim em função do seu “core
business” e com as especiais cautelas que devem ser
observadas na contratação de parceiros.

De forma a a dar cumprimento do aviso 2/18 de 2 de Março,


o requerente já havia deliberado em aumentar o seu capital
social para Kz.5.000.000.000,00 ( Cinco Mil Milhões) e
aproveitando o ensejo decidiu aumentá-lo para
Kz.12.500.000.000,00 ( Doze Mil Milhões e Quinhentos Milhões
de Kuanzas).

Para o aumento do capital social, a socieadade ARQUIJURIS


INVESTIMENTS LDA, esta adquiriria 76.000 acções
correspondentes a 60.08% do capital social.

A sociedade Mais Financial Services S.A, cederia a sua


participação social a outras pessoas.

O réu sempre colaborou no cumprimento escrupuloso do aviso


2/18, tanto na entrega de documentos quer em prestar
quaisquer esclarecimentos.

Após ter recebido o plano de aumento do capital social,


as actas e informações sobre os respectivos accioniostas e
orgãos sociais o Banco Nacinal de Angola, solicitou uma
serié de documentos dos membros dos orgão sociais e da
ARQUIJURIS INSVESTMENTS LDA.

O réu apresentou a documentação no dia 12 de Dezembro de


2018, mas o Banco Nacional de Angola considerou que a
situação económica da ARQUIJURIS INVESTIMENTS LDA, precisa
de esclarecimentos.

Devido a burocrácia que se verifica na admissão de um novo


accionista, o requerido solicitou 45 dias para finalizar o
processo e assim cumprir com o aviso 2/18 de 2 de Março.

Apesar de não ter respondido a solicitação o Banco


Nacional de Angola revogou a licença do réu.
Não haviam desiquilíbrios, que impediam o réu de
funcionar, porque com o réu haviam apenas inobservância de
pressupostos legais.

Prova de que não haviam desiquilíbrios é a de que o réu


foi avaliado positivamente pelo Banco Nacional de Angola.

O réu não causou nenhum risco no sistema financeiro.

Juntou procuração forense e cinco documentos e atribuiu a


causa o valor de AKZ.7.500.000.000,00 (Sete Mil Milhões e
Quinhentos Milhões de Kuanzas).

Notificado o requente do teor da contestação, não


apresentou outro articulado requerendo unicamente a
alteração do rol de testemunhas.

Expostos os factos, cumpre apreciar para depois decidir.

II-Saneamento.

O Tribunal é competente em razão da nacionalidade, da


matéria e da hierárquia, vide artigos 65.º,82.º do C.P.C e
do artigo 26.º,29.º,41.º,43.º,50.º da Lei 2/15 de 2 de
Fevereiro.

As partes estão dotadas de personalidade, capacidade


judiciária, são legitimas e estão devidamente patrocínadas.

O processo é o próprio, não inferma nulidades que o


invalidem no seu todo, nomeadamente não é inepta a petição
inicial.

Questões a decidir

Nos presentes autos são questões a decidir.

a) Os requisitos para a declaração de falência dos


comerciantes no geral.
b) O regime de declaração de falência nas instituições
financeiras.
III-Fundamentação de facto.

Resultaram dos articulados e da audiência preparatória


como provados os seguintes factos:

No mês de Novembro de 2017, realizou-se uma reunião da


qual o Banco Nacional de Angola e o Banco Mais tomaram parte.

O objectivo da reunião era de dar a conhecer aos


representantes de todos os bancos comerciais sediados em
Angola, da necessidade de aumentarem o capital social e os
fundos próprios regulamentares.

O Banco Nacional de Angola, propôs ao títular do poder


executivo que o capital social e fundos próprios
regulamentares deviam ser aumentados para
Kz.12.000.000.000,00.

O títular do poder executivo propós a redução deste


valor.

O valor acima referenciado, foi reduzido para


Kz.7.500.000,000,00 para o capital social e igual montante
para os fundos regulamentares.

Deste valor foram os Bancos Comerciais notificados por


meio de um aviso do Banco Nacional de Angola, com o nº2/18
de 2 de Março.

O requerido (Banco Mais) foi notificado do teor do aviso


do Banco Nacional de Angola de 2 de Março de 2018.

Volvidos mais de 120 dias após a publicação do aviso,


o Banco Mais não procedeu ao aumento do capital social e os
fundos próprios regulamentares.

No dia 25 de Junho de 2018, o requerido foi notificado


pelo B.N.A a apresentar um plano de acção detalhado sobre as
medidas que devia tomar para o aumento do capital social e
dos fundos próprios regulamentares.
O Banco Mais não apresentou o plano detalhado solicitado
pelo BNA.

Em consequência da falta de apresentação do plano, no


dia 28 de Agosto de 2018, o BNA aplicou uma multa de
Kz.5.000.000,00.

Até ao dia 31 de Dezembro de 2018, o requerido não


aumentou o seu capital social e os fundos próprios
regulamentares.

No dia 04 de Janeiro de 2019, o Banco Nacional de Angola


revogou a autorização que havia concedido ao requerido (
Banco Mais).

De realçar que no dia 4 de Janeiro, o requerido não


tinha um passivo superior ao activo.

Os prejuízos registados nos anos de 2015, 2016, 2017 se


deveram à má adminstracção.

Durante o ano de 2018, o Banco Mais procurou parceiros


para integrar na sua estrutura accionista com o objectivo
destes aumentarem o seu capital social e os fundos próprios
regulamentares.

Antes da publicação do aviso do BNA, o requerido


havia decidido aumentar o seu capital social para
Kz.12.500.000.000,00.

Para o aumento do capital social, o grupo ARQUIJURIS


INVESTIMENTS LDA, foi por deliberação do requerido integrado
na estrutura accionista com 76.000 acções correspondentes a
60,80 % do Capital Social.

Porém, a ARQUIJURIS não foi admitida a integrar a


estrutura accionista do Banco Mais pelo BNA.

A ARQUIJURIS INVESTMENTS LDA, não foi admitida pelo


BNA, por não ter tido actividade nos três anos anteriores.
No dia 26 de Dezembro de 2018, o requerido solicitou
uma moratória de 45 dias para a integração da ARQUIJURIS e
aumento do capital social que não foi aceite pelo BNA

Apesar das irregularidades acima elencadas o BNA


classificou a 13 de Dezembro de 2018, o Banco Mais com o
desempenho global de Bom e a avaliação era referente ao
último trimestre de 2018.

De realçar que na avaliação feita a qualidade dos


activos, adequação do capital, liquidez em moeda externa e
liquidez em moeda nacional o Banco Mais não teve resultados
positivos.

O Banco Mais não cessou os pagamentos aos clientes nem


tão pouco o BNA recebeu alguma reclamação de clientes,
relativamente ao requerido, no sentido de que tinha cessado
pagamentos.

O Banco Mais não ausentou-se do seu estabelecimento


sem deixar ninguém que o representasse nem estava a dissipar
os seus bens.

No âmbito do exercicío do comercio os primeiros anos


de actividade qualquer empresa pode ter prejuízos, podendo
estes em caso de tomada das decisões correctas serem
eventualmente corrigidos.

Dado que a composição dos seus orgão sociais era


irregular, o Banco Mais propôs ao BNA uma nova Administração.

Nos três anos de actividade o Banco Mais aumentou o seu


capital de Kz.2.600.000.000,00 para Kz.5.000.000.000,00.

Apesar do cancelamente da licença o Banco Mais tem


património e activos actualmente.
O BNA na qualidade de fiel depositário, realizou 1039
operações e bloqueiou 15 contas de partes relacionadas.

Na qualidade de fiel depositário o BNA anulou operações


de clientes, sobre o estrangeiro, que estavam em curso e
devolveu-lhes os valores das operações em causa em moeda
nacional.

Para além das operações acima descritas, o BNA descontou


títulos do requerido que estavam à sua guarda, mas tais os
títulos teriam maturidade somente em 2023.

O Tribunal formou livremente a sua convicção com base


no suporte probatória carreado nos autos, com especial
atenção prova documental que se encontra junta aos autos os
depoimentos do presidente do Conselho de Administracção do
Requerido, das testemunhas arroladas pelo requerente na
confissão por ele feita por este em sede dos articulados..

IV-Fundamentação de Direito.

Para a boa decisão da causa importa esgrimir os


seguintes argumentos jurídicos:

No sistema financeiro angolano, o Banco Nacional de


Angola (doravante BNA), é uma pessoa pública que assume o
papel de banco central e emissor, assegura a preservação do
valor da moeda nacional e participa na definição das
politicas monetária, financeira e cambial, cuja organização,
funcionamento e atribuições encontram-se na Lei. Vide Artigo
100.º da Constituição da República de Angola.

As atribuições do Banco Nacional de Angola encontram-


se previstas na Lei 16/10 de 15 de Julho.

Dentre as atribuições constantes da Lei ao banco


Nacional de Angola, cabe acompanhar a execução, e de crédito,
a gestão dos sistema de pagamentos, o acompanhamento e o
controlo das politicas monetária, cambial artigo 3.º nº2 da
Lei acima referênciada.

Quanto as suas funções, no âmbito das relações com as


instituições financeiras domiciliadas em Angola,
supervisiona-las, velar pela souvabilidade e liquidez e
abrir contas e aceitar depositos segundo termos e condições
que o conselho de Administracção venha a fixar. Vide artigo
20.º da Lei 16/10 de 15 de Julho.

Para assegurar a supervisão das instituições


financeiras o BNA, dispõe das competências constantes do
artigo 21,º da Lei 16/10 de 15 de Julho.

O requerido Banco Mais S.A, é uma sociedade comercial de


direito Angolano, cujo objecto social é o exercício da
actividade bancária, Artigo 13.º e 230.º al.j), com a nova
redacção introduzida pela lei subsituta Lei 6/03, de 3 de
Março e artigo 362.º e seguintes do Código Comercial. Como
instituição financeira bancária, rege-se ainda com base na
Lei de Base das Instituições Financeiras, Lei 12/15 de 17 de
Junho, (doravante LBIF), avisos, directivas e instrutivos do
Banco Nacional de Angola e nos seus estatutos.

Antes da subsuncão das normas juridicas aos factos dados


como provados, é necessário definirmos o Estado de Falência
e fazermos a distinção entre falência liquidação e falência
saneamento.

A dispeito deste instituto jurídico dispõe o artigo


1135.º do C.P.C o seguinte:

“ O comerciante impossibilitado de cumprir as suas


obrigações considera-se em estado de falência.” Sublinhado
nosso.

Segundo o Professor Joaquim Marques de Oliveira, in Manual


de Direito Comercial Angolano, Volume I, Cefolex editora,
pag.93, o insituto da falência foi concebido como um
mecanismo jurídico destinado a assegurar aos credores de um
dado comerciante, atráves da organização de um processo
concursal, a protecção dos seus créditos quando este
comerciante deixa de cumprir com as obrigações assumidas.

No mesmo sentido vide Sofia Vale, in As Empresas no Direito


Angolano, Lições de Direito Comercial, pag.277, Luanda 2015
e Miguel J.A. Pupo Correia, in Direito Comercial, Direito da
Empresa, 12ª Edição revista e actualizada, 2011, Ediforum,
Edições jurídicas,Lda-Lisboa.

Historicamente, o instituto da falência remonta as suas


origens à bancarrota, surgida na Itália no sec XVI, assumindo
a designação de quebra no direito portugues que é fonte do
direito comercial vigente em Angola.

Antes da unificação da jurisdição comercial a jurisdição


civil, no direito português era regulado pelos Códigos
Comerciais de Ferreira Borges de 1883 e Veiga Beirão de 1899
e cada um destes códigos dedicavam-lhe um livro.

Foi publicado um código de falências que foi revogado pelo


Código de Processo Comercial, em 1935 o instituto foi
novamente autonomizado, e posteriormente foi introduzido no
código de processo civil de 1939. Vide Miguel J.A.Pupo
Correia, obra e pag. Citada e Doutor Palma Carlos, in
Declaração da falência por apresentação do comerciante,
Livraria Moaes, casa fundada em 1887,49 R.D.Assunção-Lisboa
1935.

O regime jurídico do instituto transitou do código de


Processo Civil de 1939, para o Código de Processo Civil de
1961, que contempla quer matéria substantiva, quer adjectiva
deste instituto.

Segundo a professora Sofia Vale, in Manual de Direito das


Empresas, no ordenamento jurídico Angolano existem duas
modalidade de falência, que são a falência liquidação ou
concursal e a falência saneamento, que é aplicável
especialmente as instituições financeiras nos termos da
LBIF.

A Falência Concursal é aquela em que os vários credores


do comerciante concorrem para satisfação do seu crédito por
meio do património dele.

Para os comerciantes em geral o direito falimentar


angolana vem regulado nos artigos 1135.º a 1312.º do C.P.C.

O processo de falência regulado nestas disposições tem


três finalidade:

a) Assegurar na medida do possível, o pagamento das dividas


do falido.
b) Evitar que o falido cause novos prejuízos aos credores
ou a terceiros.
c) Punir Criminalmente o falido quando cause a falência
por negligência ou fraude.

Há determinados factos que a Lei no artigo 1174.º do


C.P.C, reputa com sendo indices do estado de falência que
deste já importa frisar:

1)Cessação de pagamento do devedor das dívidas fiscais,


de segurança social e dívidas aos trabalhadores, vide
artigo 736.º do C.C, aplicável aos presentes autos ex
vi artigo 3.º do C.C.
2)Fuga ou ausência do comerciante.
3)Dissipação e extravio de bens.
4)Qualquer outro abusivo procedimento.

Para que se possa declarar a falência de um comerciante


é necessário uma avaliação que é realizada atráves de dois
critérios.

1) O Critério do Fluxo de Caixa.


2) O Critério do Balanço ou do activo patrimonial.

No primeiro critério, o comerciante encontra-se falido


quando haja inadiplemento, isto é, quando a obrigação não
seja cumprida nos seus exatos termos acordados ou impostos
por lei.

Para este primeiro critério é indiferente que o o activo


seja superior ao activo.

Assim, para este critério o estado de falência verificasse


quando haja cessação de pagamentos pelo devedor das dividas
provindas da sua actividade independentemente do valor do
seu património liquido.

Quanto ao critério do Balanço, como é sabido fruto da


qualificação dos sejueitos como comerciantes, ficam por
força deste estato obrigados a dar balanço nos termos do nº4
do artigo 18.º do Código Comercial. Neste caso o estado de
falência verificasse quando o activo patrimonial do devedor
comerciante seja insuficientes para o cumprimento integral
das suas obrigações.

Em atenção aos dois critérios é mister fazer a distrinça


do regime legal aplicável aos comerciantes em nome
individual, as sociedadees em nome colectivo ou as sociedades
em comandita simples e a as sociedades de responsabilidade
limitada.

Quanto aos comerciante em nome individual, as sociedades


em nome colectivo, e as sociedades em comamndita simples o
regime jurídico encontra-se consagrado no artigo 1174.º e
seguintes do C.P.C.

Para estes comerciantes o decretamento da falência depende


dos seguintes pressupostos:

-Cessação de pagamentos pelo devedor.

-Fuga do comerciante.
-Extravio ou dissipação de bens ou qualquer outro
procedimento abusivo.

Para as sociedades por quotas e as sociedades Anonimas, a


declaração de falência resultada para além dos pressupostos
acima elencados, a insuficiência manifesta do seu activo
para a satisfação do passivo nos termos do artigo 1174.º nº2
do C.P.C.

Fruto do seu estatuto, os comerciantes estão obrigados a


prestar balanco. Para as sociedades de responsabilidade
limitadas (sociedades por quotas e anónimas) o critério usado
para se aferir do património da Sociedade é o do balanço.

Assim, os comerciantes no geral estão obrigados por força


do disposto no artigo 62.º do C.Com a dar balanço do seu
activo e passivo.

Tal obrigação é também imposta pela lei das sociedades


comerciais nos termos do disposto no nº6 do artigo 70.º e
137.º do Decreto nº16731, de 13 de Abril de 1929.

O balanço pode ser ordinário ou extraordinário nalgumas


situações tais como dissolução da sociedade, fusão da
sociedade, falência da sociedade, venda ou trespasse de
estabelecimento comercial...

É este documento da escrituração mercantil que exprime a


relação entre o activo, o passivo e a situação liquida do
comerciante, a sua situação económica e financeira da sua
exploração mercantil do momento a que ele se refere.

Nos presentes autos, ficou suficientemente provado que o


requerido Banco Mais S.A, enquanto comerciante em termos
gerais, não apresentava um balanço deficitário, cujo passivo
era superior ao activo, não encerrou os seus estabelecimentos
ao público, não cessou pagamentos, nem tão pouco extraviou
ou dissipou o seu património nem adoptou qualquer
procedimento abusivo.

Assim, não se verificaram os pressupostos gerais para o


declaração de falência nos termos do C.P.C.

Porém, o Banco Mais é uma instituição financeira e como


tal esta sujeita ao regime de falência saneamento, pelo que
é mister apreciar a existência ou não dos pressupostos da
declaração da sua falência.

Sobre esta modalidade de falência, importa


aprisoristicamente definirmos o direito bancário, para
posteriormente nos pronunciarmos sobre a intervenção do
Banco Nacional de Angola nas Instituições Financeiras, as
medidas de saneamento aplicadas no âmbito da supervisão, e
a declaração de falência.

Segundo o professor António Menezes Cordeiro, in Manual


de Direto Bancário, 4ª Edição, 2010 Almeidina, pag.43, o
Direito Bancário abrange as normas e princípios jurídicos
conexionados com a banca.

Na obra e pagina acima citadas, o Prof. Menezes Cordeiro


faz uma distinção entre direito bancário formal e direito
bancário material.

Em termos formais o Direito Bancário, ocupa-se dos


princípios e normas referentes a organização financeira, das
instituições de crédito e sociedades financeiras e da
actividade desenvolvidas por estas entidades.

Em termos materiais o direito bancário é o direito do


dinheiro.

No âmbito do direito bancário há que fazer a distrinça


entre o regime jurídico das instituições e das actividades
estas exercem.
Assim, as normas referentes as instituições no que
respeita a sua tipologia, atribuições, competência, processo
de constituição,caracteristicas societárias( capital social,
, orgãos, participações), obrigações (organização
administrativa, boa gestão, equilibrio) impostas pelas
chamadas regras prudências e controle do cumprimento das
obrigações, supervisão, saneamento, falência, liquidação,
sanções, fazem parte do direito bancário das instituições.

As normas referentes as operações dos negócios jurídicos


(mutúos e outros) em que se traduz a actividade bancária.

Aqui chegados, importa falarmos das fontes do direito


bancário que podem tanto ser internas ou internacionais.

Assim, a título de exemplo de fontes internacionais de


Direito Bancário, podemoss falar das convenções de Genebra
de 7 de Junho de 1930, que aprovou a Lei Uniforme sobre
Letras e Livranças, os incoterms, o costume, e os princípios
do direito internacional...

São fontes internas do Direito Bancário, a Lei, o Costume


...

No que respeita a Lei, encontramos normas de direito


bancário a nivel da Constituição da República de Angola, nas
leis ordinárias e nos regulamentos a actividade bancária.

Relativamente a Constituição da República de Angola é


deverás importante para o sistema financeiro o disposto nos
artigos 99.º e 100.º que demonstra qual é o papel do Banco
Nacional de Angola.

Quanto as leis ordinárias dentre outras Leis importa


referênciar, a Lei do Banco Nacional de Angola, Lei de Bases
das Instituições Financeiras, Lei do Sistema de Pagamentos,
Lei dos Valores Mobiliários, Lei Cambial, os avisos,
instrutivos e directivas do Banco Nacional de Angola.
O Banco Nacional de Angola, relativamente as instituições
financeiras tem competência para a supervisão, zelar pela
solvabilidade económica e abrir contas e aceitar depósitos
segundo termos de condições que o Conselho de Administracção
venha a fixar. Vide artigo 20.º da Lei 16/10 de 15 de Julho
e artigo 64.º e nº1 do 65.º da Lei de Bases das Instituições
Financeiras.

O BNA, intervém no processo de constituição de


instituições financeiras, autorizando-as, instruindo o
pedido, no registo, nos termos do artigo 18.º nº1 da Lei
12/15 de 17 de Junho.

Para além destas intervenções o BNA, supervisiona as


Instituições Financeiras Comportamentalmente e
prudencialmente, nos termos das disposições dos artigos 66.º
e seguintes e 87.º e seguintes da Lei 12/15 de 17 de Julho.

Para o caso em apreciação importa-nos é a supervisão


prudencial.

Na esteira do ilustre jurisculsulto, Augusto de Athayde,


in Curso de Direito Bancário, Volume I-2ª Edição, Coimbra
Editora, 2009, pagina 421, quanto a natureza e objectivos
fundamentais da supervisão prudencial, verificamos que esta
é composta por leis e sobretudo regulamentos, que o ...
elaboram, desenvolvem e alteram(portarias,
Avisos,instruções...) de conteúdo eminentemente técnico, que
impõe obrigações cujos objectivos básicos são os de garantir
a solidez financeira das instituições destinatárias,
assegurar a sua liquidez e solvabilidade.

Neste sentido dispõe o artigo 87.º da Lei de Bases das


Instituições Financeiras o seguinte:

“As instituições financeiras bancárias devem os fundos de


que dispõe de modo a asssegurar sempre niveis de
solvabilidade”
A supervisão prudencial tem sobretudo a ver com as normas
relativas aos fundos próprios artigo 88.º, reservas artigo
89.º, comunicações subsequentes, registo de acordos
parassociais artigo 92.º etc.

A estrutura Financeira prudente depende em última ánalise


dos riscos que a instituição financeira pode assumir e da
relação que se mantêm entre estes riscos e os seus fundos
próprios.

Os fundos próprios devem ser suficientes para fazer face


aos riscos assumidos. Vide nº1 a) artigo 90.º da Lei de
Bases das Instituições Financeiras.

Quanto aos riscos assumidos podem ser de duas natureza,


riscos de mercado e os riscos de crédito.

Os riscos de mercado resultam das flutuações de certos


factores, tais como valores, câmbio, juros...

Quanto aos riscos de crédito são aqueles que resultam


do não cumprimento dos mutuos cedidos pela instituições
financeiras que para este sejam uma perda.

Enquanto organismo de supervisão compete ao BNA, nos


termos do disposto no artigo 94.º da LBIF, procedimentos
para, a acompanhar a actividade das instituições financeiras
sob sua supervisão e promover a avaliação dos riscos e o seu
controlo, bem como da suficiência dos fundos próprios para
suportar os riscos. Compete-lhe ainda zelar pela observância
das normas que disciplinam a actividade das instituições
financeiras.

O BNA, tem também competência para emitir recomendações


e directivas para que sejam sanadas as irregularidas,
dificiências de controlo e gestão e insuficiência de capital
detectadas.
Compete também ao BNA, tomar providências de
intervenção e saneamento e ainda sancionar as infracções.

Impõe a LBIF, no seu artigo 95.º, o dever do BNA


enquanto organismo de supervisão, aplicar as providências de
intervenção correctivas constantes do artigo 123.º da mesma
Lei, quando a instituição financeira não cumpra, ou esteja
em risco de não cumprir, as normas legais ou regulamentares
que disciplinam actividade e sempre que considere necessário
de acordo com avaliações qualitativas da instituição.

Com os objectivos de assegurar a prestação de serviços


financeiros essenciais, acautelar risco sistémico,
salvaguarda dos interesses dos contribuintes, do estado e da
confiança dos depositantes, o BNA enquanto organismo de
supervisão, pode nos termos do artigo 121.º da LBIF, aplicar
medidas correctivas e extraordinárias, que tem por
finalidade o saneamento e liquidação da instituição
financeira.

Quanto as medidas correctivas constam de uma enumeração


exeplificativa constante do nº2 do artigo 123.º da LBIF, e
sendo esta enumeração exemplificativa, cabe no espirito da
norma em causa as exigências do supervisor para que as
instituições financeiras a operarem em Angola aumentassem o
seu capital social e os fundos próprios regulamentares.

Havendo desiquilibrio financeiro que se traduza na não


adequação do capital social e dos fundos próprios a baixo do
minímo legalmente exigido ou na inobservância dos rácios de
solvabilidade ou liquidez deverá o BNA tomar medidas.

A situação de desiquilíbrio pode ser grave ou não.

Sendo a situação de desiquilibrio grave, poderá o BNA


obrigar a instituição financeira a tomar providências
extraordinárias, que normalmente começam com a apresentação
de um plano de recuperação. Vide nº1 artigo 124.º da LBIF.

Entre as providências extraordinárias encontramos as


obrigações de fazer e as de não fazer.

Entre as obrigações de fazer estão a que obriga o


aumento do capital social, fundos próprios regulamentares,
alienação de participações sociais e outros activos e outras
que o supervisor entenda conveniente. Vide artigo 124.º nº2
da LBIF.

Não sendo aceites as condições estabelecidas pelo


organismo de supervisão, ou as propostas que apresente, pode
ser revogada a autorização de exercício da actividade. Vide
o nº5 do artigo citado.

Hipoteses há de apesar da aplicação de providências


correctivas e extraordinárias, se não alçancem os objectivos
que as determinaram nomeadamente prevalece a situação de
desequílibrio, falta de solvabilidade e liquidez e
incumprimento das obrigações de aumento do capital social e
fundos próprios regulamentares e como tal não ser possivel
a recuperação da instituição financeira, deve o organismo de
supervisão revogar a autorização para o exercício da
actividade e solicitar ao Procurador Geral da República que
requeira a declaração de falência, conforme o disposto no
artigo 135.º da LBIF.

De realçar ainda que a Lei não impede a aplicação


conjunta de sanções e providências extraordinárias de
saneamento, nos termos do disposto no artigo 133.º da LBIF.

Feita a analise da competência do Banco Nacional de


Angola, enquanto entidade reguladora e supervisora do
sistema financeiro angolano , importa agora dedicarmos
atenção ao aviso 2/18 de 2 de Março.
Como acima ficou expresso, para além da Constituição da
República de Angola, Lei do Banco Nacional de Angola, Lei de
Bases das Instituições Financeiras, Lei das Sociedades
Comerciais são fontes do Direito Bancário, os avisos do Banco
Nacional de Angola, os instrutivos e as directivas deste.

É atráves destes actos normativos que o BNA intervém no


Sistema Financeiro, os avisos têm como caracteristicas a
generalidade e abstração.

Para entendermos o contexto da aprovação pelo BNA, do


aviso 2/18 de 2 de Março, reputa-se necessário entender
primeiramente o seu elemento histórico.

Com vista a fortalecer o sistema financeir, alterar


positivamente as expectativas dos agentes económicos e
promover o desenvolvimento económico e social em atenção ao
plano intercalar do executivo, foi publicado no I Trimestre
de 2018, o aviso 2/18 de 2 de Março, cujo objectivo era o de
fixar o capital mínimo das instituições financeiras
bancárias em KZ.7.500.000.000,00 (Sete Mil, Quinhentos
Milhões), contrariamente aos Kz.2.500.000.000,00 (Dois Mil
e Quinhentos Milhões) fixados pelo aviso 14/13 de 15 de
Novembro, correspondente à data a USD-25.000.000,00 (Dois
Milhões e Quinhentos Mil), que dado a inflação que se
registará nos últimos anos correspondiam a USD.9.000.000.00
(Nove Mihões)

Fundando-se no plano intercalar, o BNA enquanto


organismos de regulação e supervisão, decidiu aumentar o
capital social e os fundos próprios regulamentares, visando
a consolidação do sistema, os niveis adequados de
solvabilidade e de liquidez e ainda a garantia de
solvabilidade do sistema financeiro.

Por meio do instrumento normativo (aviso) de 3 de Março


de 2018, o Banco Nacional de Angola ficou o capital minimo
e os fundos próprios regulamentares em AKZ.7.500.000.000,00
(Sete Millhões e Quinhentos Mihlhões).

Conforme acima ficou expost,o nos termos da Lei 16/10


e da LBIF, podia o BNA, no âmbido da supervisão prudêncial
dada a conveniência podia fixar o capital social e os fundos
próprios regulamentares nos termos que os fixou, vide artigos
87.º e 90.º da LBIF e como tal nos termos do preceituado no
artigo 121.º e seguintes da mesma Lei interveio nas
instituições financeiras.

Assim, foram todas instituições financeiras


supervisionadas pelo banco nacional de Angola notificadas do
aviso.

Nos termos do preceituado no artigo 5.º do respectivo


Aviso, tinham as instituições financeiras bancárias, cujo
capital social e fundos próprios regulamentares, inferiores
a data da publicação do aviso o exigido por este, até ao dia
31 de Dezembro de 2018 para os ajustarem.

Desde a data da publicação, tinham as instituições


bancárias com o capital social e os fundos próprios
regulamenatres inferiores aos limites legalmente exigidos o
prazo de 120 dias para apresentarem um plano de acção.

Dentro do prazo fixado o requerido não aumentou o seu


capital social nem os fundos prórios regulamentares e muito
menos um plano detalhado.

Face a infracção da obrigação constida no aviso 2/18 de


2 de Março e al. a) do artigo 95.º e 123.º da LBIF ao
requerido foi aplicada uma sanção nos termos da LBIF.

Após a aplicação da sanção o requerido apresentou um


plano de acção, para se adequar as exigências de aumento de
capital social e de fundos próprios regulamentares
constantes do artigo 3.º do aviso 2/18 de 2 de Março, mas
que tal plano não satisfazia as exigências do artigo 5.º.

Impós o orgão supervisor como condição de aceitação do


plano, a tomada de medidas conduncentes a adquação do capital
social e dos fundos próprios regulamentares aos mínimos
exigidos.

A medida em referfência é uma obrigação de fazer e como


tal enquadra-se nas medidas extraordinárias, uma vez que, as
instituições financeiras bancárias não podem funcionar com
o capital social e os fundos próprios regulamentares abaixo
dos exigidos por lei.

O artigo 5.º do aviso, contempla uma medida


extraordinária de saneamento para as instituições que tinham
o capital social e os fundos prórios regulamentares abaixo
do mímo exigido no aviso e tal entendimento resulta ainda do
disposto no nº2 do artigo 124.º da LBIF.

Até ao dia 31 de Dezembro de 2018, não cumpriu a


requerida o aviso e como tal as sanções aplicáveis a este
incumprimento podiam ser assacadas dos artigos nº4 do artigo
124.º e nº1 do Artigo 135.º da LBIF.

Apesar do disposto nos Artigos 29.º e 30.º o artigo


135.º nas situações de intervenção nas instituições
financeiras (falência saneamento) pode excepcionalmente o
regulador revogar a autorização concedida a uma instituição
financeira bancária.

Assim, podemos concluir que no processo de falência


saneamento, verifica-se após a aplicação das medidas
correctivas e extraordinárias e ainda assim prevalecer a
situação de desiqulibrio e incumprimentos das obrigações da
Lei, e nestes termos após a revogação da autorização pode
ser declarada a falência das Instituições Financeiras
Bancarias.

Finalmente é de realçar que a falência não se deveu a


actos culposos ou dolosos dos administradores, visto que,
não é a eles que incumbia o aumento do capital social e dos
fundos próprios regulamentares e como tal não lhes podem ser
aplicadas as consequências constantes do artigo 135.º nº3 da
LBIF.

Dispositivo

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