No ensaio “Apologia de Raymond Sebond”, considerado um dos principais
textos de Montaigne sobre o ceticismo, o filósofo refuta as teorias
renascentistas que punham o homem no centro do universo: “Consideremos, pois, um momento o homem isolado, abandonado a si próprio, armado unicamente de graça e conhecimento de Deus (...). Que me explique pelo raciocínio em que consiste a grande superioridade que pretende ter sobre as demais criaturas. (...) Será possível imaginar algo mais ridículo do que essa miserável criatura, que nem sequer é dona de si mesma, que está exposta a todos os desastres e se proclama senhora do universo? Se não lhe pode conhecer ao menos uma pequena parcela, como há de dirigir o todo? Quem lhe outorgou o privilégio que se arroga de ser o único capaz, nesse vasto edifício, de lhe apreciar a beleza?”