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FAC - FACULDADE CURITIBANA

BACHAREL EM DIREITO

ALESSANDRA DA COSTA GUIMARÃES

FEMINICÍDIO

Curitiba
2019
ALESSANDRA DA COSTA GUIMARÃES

FEMINÍCIDIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Direito.

Orientadora: Professora And’gelica Schneider

Curitiba
2019
Dedico este trabalho às mulheres da minha família.
Mulheres que transbordam poder, beleza, coragem e
muita força. Ensinaram-me que amor também é
resistência e que juntas somos mais fortes. Sororidade
Começa em casa.
AGRADECIMENTOS

Á Deus primeiramente, por todas as bênçãos realizadas nesta longa


caminhada que mesmo em meio a tantas dificuldades sempre me mantém forte,
guiando-me pelo caminho correto. A ele, dedico minha eterna gratidão.

Á minha família por serem meus anjos na terra, por me mostrarem


sempre o caminho a seguir e por estarem sempre do meu lado. Todos os
agradecimentos serão poucos diante da grandeza do meu amor e gratidão.

Ao meu esposo , Thiago Guimarães pelas palavras de incentivo, por


ter apresentado meus dias de choro, meus dias de estresse e por não ter deixado de
segurar minha mão. Por ter me apoiado e me ajudado a seguir mais essa batalha.

Á minha orientadora Angélica por toda paciência e compreensão ao


longo da conclusão desse trabalho.

Aos professores que contribuíram para o meu crescimento


intelectual.
A violência destrói o que pretende defender:
A dignidade da vida, a liberdade do ser
humano.
João Paulo II.
GUIMARÃES, Alessandra da Costa. FEMINÍCIDIO:.2019. 35 páginas. Trabalho de
Conclusão de Curso Direito. FAC- Faculdade Curitibana. Curitiba, Paraná, 2019.

RESUMO

Este trabalho tem como objeto de estudo a lei 13.104 e de como ela pode ser útil
nas investigações de diversos atos a respeito do feminicídio. O objetivo é analisar a
importância da lei e apontar a eficiência dela na atualidade, bem como discorrer
sobre a sua aplicabilidade contra os diversos assassinatos de mulheres no país. A
justificativa para realização deste estudo tem como foco os crimes de ódio contra
indivíduos do sexo feminino nos dias atuais e apontados em estatísticas realizadas
no Brasil. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica com abordagem
qualitativa. Ressalta-se que a bibliografia sobre o tema é ampla e com abordagens
diversas de importantes pesquisadores. Observou-se na conclusão deste trabalho,
mesmo com a legislação em favor da mulher, os altos índices de agressões verbais,
físicas e psicológicas contra a mulher.

Palavras-chave: Feminicídio 1. Mulher 2. 3. Homem 4. Violência 5.Lei 13.104


Guimarães, Alessandra da Costa. FEMICIDE : .2019. 35 páginas. Trabalho de
Conclusão de Curso – Direito - FAC- Faculdade Curitibana- Curitiba- Paraná, 2019.

ABSTRACT

This work has as its object of study the law 13.104 and how it can be
useful in investigating various acts regarding femicide. The aim is to analyze the
importance of the law and to point out its effectiveness today, as well as to discuss its
applicability against the various murders of women in the country. The justification for
conducting this study focuses on hate crimes against females today and pointed out
in statistics conducted in Brazil. The methodology used was bibliographic research
with a qualitative approach. It is noteworthy that the bibliography on the subject is
wide and with diverse approaches from important researchers. It was observed after
this work, even with the legislation in favor of women, the high rates of verbal,
physical and psychological aggression against women.

 
Keywords: 1. Femicide 2. Woman 3. Man 4. Violence 5. Law 13,140
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ONU Organização das Nações Unidas

OMS Organização Mundial da Saúde


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................13
2 CAPÍTULO i : DEFINIÇÕES DE TERMOS COMO ADIMPLEMENTO À
APLICABILIDADE, ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DA LEI 13.104/2015....................15
2.1 FEMINICÍDIO...................................................................................................15
2.2 VIOLÊNCIA......................................................................................................16
2.3 HOMEM............................................................................................................18
2.4 MULHER..........................................................................................................18
2.4.1 FEMININO:...................................................................................................19
2.4.2 FEMINISMO:.................................................................................................19
2.5 DIREITOS HUMANOS.....................................................................................20
2.6 FAMÍLIA............................................................................................................21
3 CAPÍTULO III- SOBRE A LEI 13.104: SUA APLICABILIDADE..........................22
4 CAPÍTULO IV- ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DA LEI 13.104/2015....................24
4.1 CAUSAS E FATORES DE RISCO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA..................32
4.1.1 PERFIL DAS VÍTIMAS DO FEMINÍCIDIO....................................................33
5 CONCLUSÃO......................................................................................................34
6 REFERÊNCIAS....................................................................................................36
13

1 INTRODUÇÃO

Entender o mundo sob os parâmetros que nos apresenta, de toda a


realidade, é tarefa complicada, por isso a capacidade humana, distintas em diversos
estudos e aplicações científicas, como por exemplo, para citar alguns: a sociologia, a
filosofia, a antropologia, a psicologia e o direito foram se desenvolvendo ao longo da
história e assim, surgiram necessidades de diversos matizes e consequentes
estabelecimentos de normas.
Neste legado de aprendizagem formado pelo conhecimento do
homem, surgiram as leis, decorrentes das atitudes das pessoas. Integra-se nessa
linha do tempo o estabelecimento de regras contra as violências praticadas por
pessoas contra pessoas, e para este trabalho especialmente contra a mulher. Assim
chegamos a Lei 13.104, urgente nos dias atuais pelos inúmeros e chocantes dados
levantados por estatísticas realizadas no Brasil de atos bárbaros praticados contra o
sexo feminino, como se pode observar no Capítulo II.
No rol das complexidades citadas no primeiro parágrafo e devido às
nuances da Lei 13.104, preocupou-se em estabelecer no Capítulo I a atenção
necessária sobre as tipificações do crime de feminicídio, bem como das suas
intercorrências. Observou-se, inclusive, sobre a importância de se definir a
expressão feminicídio (que no Capítulo III é diferenciada de “femicído”), assim como
de outros termos, tais como violência, homem, mulher, feminino, feminismo, direitos
humanos e família.
E como conclusão deste trabalho, observou-se a importância, além
da aplicabilidade, de uma atenção sobre o entendimento da Lei 13.104 dada a
profundidade do tema e “de como ela pode ser útil nas investigações dos diversos
atos a respeito do feminicídio” (que o Código Penal “tipifica como homicídio e
inserida no rol dos crimes hediondos”.), fundamental na esfera analítica da realidade
das violências contra a mulher, tais como “as agressões psicológicas, as agressões
físicas, a tortura, o assédio sexual, inclusive o abuso, os espancamentos, a
mutilação genital, dentre outras variações violentas, todas praticas por ódio à
mulher, isto é, por questão de gênero”.
O Objetivo deste trabalho de conclusão de curso é o de analisar a
importância da lei nº 11.340/06, a fim de apontar a eficiência de sua aplicabilidade
na atualidade, bem como discorrer a sua aplicabilidade em caso de feminicídio.
14

A justificativa para realização desse estudo, são os dados


alarmantes de feminicídio explícito nas estatísticas na atualidade.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica com abordagem
qualitativa. Como observou a bibliografia disponível é ampla com abordagens
diversas de importantes autores pesquisados, onde foi possível discorrer o tema
escolhido: Feminicídio.
15

2 CAPÍTULO I : DEFINIÇÕES DE TERMOS COMO ADIMPLEMENTO À


APLICABILIDADE, ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DA LEI 13.104/2015

Propõe-se com este estudo analisar e investigar a Lei 13.104, que


tipifica o crime de feminicídio, promulgada no dia 9 de março de 2015. Mas antes de
se adentrar por suas intercorrências e entendê-las sob alguns aspectos a serem
delineados a partir dos vestígios deixados com exemplificações e apontamentos das
irregularidades, é mister definir a expressão feminicídio, assim como outros termos
que estão próximos dessa expressão e, portanto, são levadas em consideração, já
que ajudam na tipificação da mesma, que são: I – Feminicídio; II – Violência; III –
Homem; IV – Mulher; V – Feminino; VI – Feminismo; VII - Direitos Humanos e; VIII –
Família.

2.1 FEMINICÍDIO

É, a grosso modo, pode ser entendido, tomando como fonte os


dicionários, o assassinato intencional mulheres, que caracteriza-se por crime de ódio
contra indivíduos do sexo feminino. Adentra também nesta definição, ampliando-a às
agressões verbais, físicas e psicológicas. Com a Lei 13.104/2015, que alterou todo o
artigo 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
feminicídio foi qualificado como crime hediondo. E qual a razão dessa qualificação e
de integrá-lo aos Direitos Humanos? Comecemos por expor alguns dados
estatísticos:
Em 2015, quando do surgimento da lei, o Brasil chamava a atenção
pelo elevado número de violência praticada contra a mulher, inclusive dentro do lar.
As estatísticas mostram, e são dados considerados alarmantes pela Organização
das Nações Unidas (ONU), que por meio do seu site ONU BR, noticiou:

“(...) a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior
no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em
2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino
revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres
negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875”. (ONU BR – NAÇÕES
UNIDAS NO BRASIL, 2016)

A mesma fonte ainda indica que na:


16

“(...) mesma década, foi registrado um aumento de 190,9% na vitimização


de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade
branca e negra. Para o mesmo período, a quantidade anual de homicídios
de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em
2013. Do total de feminicídios registrados em 2013, 33,2% dos homicidas
eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas”. (ONU BR – NAÇÕES UNIDAS
NO BRASIL, 2016).

Observado o feminicídio como alto grau de violência contra a


mulher, torna-se, dentro da progressão das expressões anteriormente citadas,
definir o próximo termo:

2.2 VIOLÊNCIA.

A partir do dicionário, entende-se violência como definição para


caracterizar uma ação violenta, tendo como um dos seus efeitos o ato de violentar,
variando-o em constrangimento físico e moral contra alguém sob o impacto de uma
fúria que se apresenta contra os direitos individuais de segurança e liberdade. Assim
sendo, como definido na Lei 13.104, isto é, um crime hediondo praticado contra a
mulher pela condição de ser do sexo feminino.
A violência é uma forma inadequada de resolver conflito,
representando um abuso de poder. É a lei do mais forte sobre o mais fraco. Tal
violência pode ter como consequências a potencialização do medo, da insegurança
e da revolta, podendo levar a mulher a um isolamento, uma redução da sua auto-
estima e da sua capacidade produtiva, com isso podendo causar depressão, uma
diminuição do seu sistema de defesa, gerando até as chamadas doenças
psicossomáticas.
A violência contra a mulher é resultado de um sistema social que
subordina o sexo feminino, é um grave problema de grande intensidade devido sua
origem ser estrutural, ou seja, nossa cultura é influenciado no sentido de que o
homem é superior à mulher e que esta deve assumir uma postura de subordinação e
respeito ao homem para que aceite, muitas vezes, ser vítima de discriminação e
violência.
Nesta linha de pensamento, a violência conceitua-se sobre alguns
parâmetros, como uso da força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra
pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é
incomodar, é impedir a outra pessoa de manifestar sua vontade, sob pena de viver
17

gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada, lesionada ou morta. É um


meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é uma forma de violação dos
direitos essenciais do ser humano (CAVALCANTI,2010).
O art. 7º da Lei 11.340/06 apresenta a violência de formas diferentes e não
apenas da forma física, que é de conhecimento popular.
VIOLÊNCIA FÍSICA: entendida como qualquer conduta que ofenda
sua integridade ou saúde corporal; é o uso da força, mediante socos, pontapés,
empurrões, arremesso de objetos, queimaduras com líquidos ou objetos quentes,
ferimentos com instrumentos pontiagudos ou cortantes que tenham por objetivo
agredir a vítima, ofendendo sua integridade e saúde corporal, deixando ou não
marcas aparentes.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: também denominada agressão
emocional e tão grave quanto agressão física, pois as marcas deixadas são
invisíveis e podem comprometer o bem estar emocional da mulher, causando danos
irreparáveis, diminuição da auto-estima ou que prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto,
chantagem, exploração e limitação de direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
lhe cause prejuízo a saúde psicológica e a autodeterminação.
VIOLÊNCIA SEXUAL: é uma conduta que visa provocar na vítima
constrangimento com o propósito de limitar a autodeterminação sexual da mesma,
tanto pode ocorrer mediante violência física como através de grave ameaça, ou seja,
com uso da violência psicológica, entendida como qualquer conduta que a
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que force ao matrimônio, a gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
VIOLÊNCIA PATRIMONIAL: ocorre quando o ato de violência
implica qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou
total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades.
18

VIOLÊNCIA MORAL: entendida como qualquer conduta que


configure calunia, difamação e injúria.
É necessário, portanto, mensurar que, bater, chutar, ameaçar,
humilhar, falar mal, destruir objetos, documentos, forçar o sexo são algumas atitudes
que caracterizam a violência,(DIAS, 2007).
Tais ações, frontais contra a legislação, são praticadas comumente
pelos homens, que exercem a sua masculinidade e considerando-se acima do sexo
oposto ao seu, as suas vontades de macho, inclusive com desfecho chocante: o
homicídio.
Quanto a definição para o ser humano do sexo masculino e para
melhor entendimento dos termos apresentados aqui, é correto dizer que :

2.3 HOMEM

É um nome que designa uma pessoa do sexo masculino. Essa


pessoa não está, assim como o seu oposto na convivência social, imune das normas
legais. O homem é, igualmente, um esposo, um companheiro que poderá se unir a
uma mulher pelo matrimônio ou não, cujos quais têm de se respeitar enquanto
pessoas igualmente merecedoras de liberdade.
Observados os termos anteriores, na sequência focaremos as
definições de “mulher”, “feminino” e “feminismo”.
19

2.4 MULHER.

Qual o conceito de “mulher” hoje? Um ser humano do sexo feminino


integrante de uma sociedade que carrega características biológicas próprias, assim
como o homem possui as suas. A mulher é parte da humanidade, símbolo vivo de
maternidade, aconchego e amor. Portanto, entende-se que qualquer ação com grau
violento contra a mulher contraria não somente os graus relacionais legais e sociais.
Uma violência praticada contra alguém é movida por uma ação de desejo de
dominação que se distancia não somente das leis, mas da liberdade e da
responsabilidade de qualquer cidadão (homem ou mulher). Coelho Netto observa,
por extensão, que “Os direitos do cidadão são de três ordens: públicos, civis e
políticos.”. (p. 89). E uma ação violenta, inclusive, é entendida como uma presunção
levada ao extremo pelo agente da ação, daí a importância da seguinte definição:

“A perfeita noção de caráter delituoso da ação requer uma maior


complexidade de consciência de responsabilidade, adesão ao pacto social,
formação moral, compromisso ético, controle racional de aspectos afetivo-
volitivos.”. (CHALUB, 1981, p. 85).

Frisa-se que, por mais simplória que seja a declaração a seguir, é


mister que aponte: a mulher é um ser humano, e observadas as expressões citadas
por Chalub (p. 84), dotada para “emitir valores, ou seja, de atribuir a pessoas ou
coisas um determinado valor”. Então, diga-se que toda a ação violenta contra um ser
humano tipifica um desejo de submissão de alguém, como objeto manipulável a
outro alguém, este o agente.
Transcorridas as definições em torno da mulher, breve é, portanto, a
definição de;

2.4.1 FEMININO:

É uma particularidade da mulher e à ela reportada, donde se advém


outros graus integrados, como, por exemplo, a “intuição feminina”.
Enfim, definidas as expressões mulher, feminino, centrar-se-á agora
na definição do que é
20

2.4.2 FEMINISMO:

Está, portanto, ligado a ações de cunho político ou, ainda, mais


extensivo:
“Recebe o nome de feminismo todo o movimento de ideias ou de
ação que se propõe como objetivo a emancipação da mulher.” (ÁVILA, p. 311).
Ainda no próprio dicionário, encontra-se outros estudos para o termo, que torna-se
oportuno transcrevê-los aqui, por sua importância sociológica apensa à religiosidade
e histórica.
Antes da era cristã era imposto à mulher um estatuto de absoluta
inferioridade com relação ao homem. Simples instrumento de prazer do homem, ela
era apreciada na medida em que lhe garantia a posteridade. Juridicamente
consideravam-na incapaz.

(...) A estrutura patriarcal da sociedade medieval, influenciada pela tradição


do Direito Romano, manteve o estatuto jurídico da inferioridade feminina,
apenas suavizado pela inspiração cristã. (...) O feminismo contemporâneo já
atingiu posições de maior equilíbrio exigindo justas revisões do Direito que
exprimam melhor, juridicamente, a igualdade dos sexos em dignidade
essencial, e que permitam a melhor a plena expressão dos valores
especificamente femininos. (ÁVILA, pp. 311 e 312, 1972)

Pressupostos históricos e legais que se foi conquistando em


benefício de um gênero até ao que tem-se hoje: a Lei 13.104. Direito é uma
necessidade inexorável para a vida em sociedade, e para regular essa vida,
fazemos de aporte as leis. Assim sendo, pode-se definir que não existe sociedade
sem o império das leis, que nos é fundamental, portanto, para garantir direitos, e
com elas somos iguais, homens ou mulheres, velhos ou crianças; cada grupo tendo
as suas características e normas conquistadas. Por isso, torna-se importante se
referir aos “Direitos Humanos” e logo a seguir a figura da “família”.

2.5 DIREITOS HUMANOS.

Antes de se ater à definição de Direitos Humanos, considerar-se-á


oportuna a definição de “Direito”, como demarcadora para se obter um grau elevado
de compreensão dos Direitos Humanos e oportuna ao processo de definições deste
trabalho e alcançadas pela “Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo” (p. 235):
21

Direito é uma expressão vinda do latim directum, de rectum, isto é, o


que é reto. Mais ainda:

“Notar, entretanto, que o correspondente latino do nosso termo “direito” é a


palavra “jus”. O termo pode ser entendido num sentido subjetivo e num
sentido objetivo. Subjetivamente designa uma capacidade do sujeito para
agir de tal ou qual maneira, porque este modo de agir é reto, é conforme a
uma regra, a uma lei natural ou positiva, ou porque é exigível pelo fato de
ser prescrito por uma lei ou resultante de um contrato legítimo. Numa outra
perspectiva, entende-se, também, um direito subjetivo como tudo aquilo que
é permitido por uma lei positiva ou natural, ou ainda, todo direito subjetivo é
um interesse munido por uma lei. É neste sentido que falamos nas
liberdades ou direitos humanos, que já foram várias vezes solenemente
explicitados nas diversas Declarações que deles foram exaradas.” (ÁVILA,
p. 235, 1972).

Dentre essas declarações, há de se mencionar a mais famosa, A


Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nela convém destacar alguns
artigos:
Art. III: “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”;
Artigo VI: “Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecido como pessoa perante a lei”;

Artigo VII: “Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.”. (ONU, 2009, PDF).

Considerar-se-á por último as definições escalonadas no primeiro


parágrafo deste texto: a

2.6 FAMÍLIA.

A Declaração dos Direitos Humanos, mencionada anteriormente,


assim define no seu Artigo XIV; “A família é o núcleo natural e fundamental da
sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.”. Outrossim, afirma-
se que a família é uma instituição imprescindível na ordem social e para a vida dos
homens que, com ela aprende desde o berço os valores mais importantes de
harmonia entre as pessoas. É na família que aprendemos agir como se deve agir, e
na sociedade saber identificar as ações nas suas características importantes para
nossa percepção de mundo. Paulo Bonavides, citando Agesta, diz: “na Comunidade
(a Família, por exemplo) a gente é, na Sociedade (uma sociedade mercantil, por
22

exemplo) a gente está.”. (pp. 46 e 47, Ciência Política, 1976).


A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, assim define a
família:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


(...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. (CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 1988).
23

3 CAPÍTULO III - SOBRE A LEI 13.104: SUA APLICABILIDADE

Definidos os oito termos no capítulo anterior, agora pode-se partir


para as intercorrências convenientes a Lei 13.104/2015, observando as mudanças e
irregularidades, bem como ater-se aos resquícios deixados.
Mas antes, voltemos a alguns dados estatísticos da violência contra
a mulher no Brasil, que desde 2015 avança de forma avassaladora. No país, uma
mulher é assassinada a cada duas horas, estimativa de 2017. Com relação a 2016,
o aumento foi de 6,5 %, isto é, mais de 4.400 homicídios registrados. Esses dados
foram levantados pelo portal G1, com o título “Cresce o nº de mulheres vítimas de
homicídio no Brasil; dados de feminicídio são subnotificados”. (O GLOBO - G1,
2018). Ressalta-se que tais estatísticas podem ser usadas referentes a variadas
aplicabilidades em circunstancias especiais.
Como paralelo às estatísticas levantadas pelo portal G1,
reverberamos aqui, por considerar fonte de importância ímpar para o processo de
análise do feminicídio e as suas intercorrências, que se dará posteriormente, é o
“Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil”. Sobre o Mapa, é
importante deixar frisado:

O Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil foi elaborado


pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com o apoio
do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana
da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres,
da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
A série Mapa da Violência é um trabalho desenvolvido pelo pesquisador
Julio Jacobo Waiselfisz desde 1998 e que tem como principal fonte de
dados para análise o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).
Como o foco do Mapa 2015 é o estudo da violência letal contra a mulher e
as declarações de óbito utilizadas como fonte para qualificar os homicídios
não fazem referência aos autores da violência, a Flacso esclarece que foi
necessário recorrer a fontes alternativas, como os registros de violências
que, tendo as mesmas características e circunstâncias daquelas letais, não
necessariamente levaram à morte da mulher agredida. O Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde,
registra de forma compulsória desde a Lei nº 10.778/2003 os atendimentos
realizados pelo Sistema Único de Saúde diante da suspeita de violência
contra as mulheres que demandam atenção médica no sistema.
(...) (AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO, s/d).

Destaca o mapa os seguintes dados: Dos 4.762 assassinatos de


mulheres registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares,
24

sendo que em 33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex.

Essas quase 5 mil mortes representam 13 homicídios femininos diários em


2013.
O Mapa da Violência 2015 revela ainda que, entre 1980 e 2013, 106.093
brasileiras foram vítimas de assassinato. De 2003 a 2013, o número de
vítimas do sexo feminino cresceu de 3.937 para 4.762, ou seja, mais de
21% na década.
Homicídio de negras aumenta 54% em 10 anos
O Mapa também mostra que a taxa de assassinatos de mulheres negras
aumentou 54% em dez anos, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em
2013. Chama atenção que no mesmo período o número de homicídios de
mulheres brancas tenha diminuído 9,8%, caindo de 1.747, em 2003, para
1.576, em 2013. (AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO, s/d).

Importante anotar como paralelo ao Mapa da Violência de 2015 é


deixar a fonte de acesso ao Mapa da Violência de 2016, de Júlio Jacobo Waiselfsz,
como forma de se recorrer aos dados estatísticos e coloca-los em paralelo à
violência contra a mulher.
Observa-se pelas fontes que a Agência Galvão é um canal
importante para se abrir inúmeros debates sobre o feminicídio (ódio contra a
mulher), dado ao conteúdo vasto sobre o assunto, que abrem várias perspectivas de
abordagem, dentre elas a contextualização da prática criminosa contra a mulher,
com a definição de cenários e os modos de ação, e o mais preocupante, argumenta-
se no site, “(...) é o do feminicídio cometido por parceiro íntimo, em contexto de
violência doméstica e familiar, e que geralmente é precedido por outras formas de
violência e, portanto, poderia ser evitado.”. Tal violência contra a mulher atinge um
grau assustador e variado, porque “(...) se caracteriza como crime de gênero ao
carregar traços como ódio, que exige a destruição da vítima, e também pode ser
combinado com as práticas da violência sexual, tortura e/ou mutilação da vítima
antes ou depois do assassinato.”. (FEMINICÍDIO, Agência Patrícia Galvão, s/d).
Dados estatísticos postos, observar-se-á a partir daqui a Lei
13.104/2015 e as suas intercorrências, com investigação dos vestígios deixados nas
brechas de artigo a artigo com as devidas citações das aplicabilidades.
25

4 CAPÍTULO IV- ANÁLISE E INVESTIGAÇÃO DA LEI 13.104/2015

No capítulo anterior recorremos às estatísticas como formas de


aplicabilidade da lei aqui mencionada como orientadoras aos vários tipos de ações
que podem orientar, inclusive, nas análises e aprofundamento investigativo. Assim
sendo, neste capítulo vamos nos ater justamente na importância do conhecimento
da lei e de como ela pode ser útil nas investigações dos diversos atos a respeito do
feminicídio.
Sabe-se que a Lei 13.104/2015 alterou o código penal, que tipifica o
feminicídio como homicídio e inserida no rol dos crimes hediondos. No rol do
feminicídio estão: as agressões psicológicas, as agressões físicas, a tortura, o
assédio sexual, inclusive o abuso, os espancamentos, a mutilação genital, dentre
outras variações violentas, todas praticas por ódio à mulher, isto é, por questão de
gênero.
A Lei 13.104/15, que firma-se sob a §8° do art. 226 da Constituição
Federal de 1988, como citado anteriormente, foi possível devido a indicação da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher (CPMI-
VCM). Com a lei, muitas das soluções definidas, por exemplo na Lei 11.340/2006,
que se tornou nacionalmente conhecida como a Lei Maria da Penha, revertem-se na
Lei do Feminicídio, em alguns casos, com penas mais severas, tais como, §7° do
art. 121:
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR)
Art. 2o O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com a
seguinte alteração:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III,
IV, V e VI);
Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.
§7° A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
deficiência;
III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima.(PLANALTO,2015).

Art. 2o O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a


vigorar com a seguinte alteração:
26

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de


grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI) (BRASIL, PLANALTO, 2015).
Assim sendo, destacam-se, e são oportunas algumas diferenças e
aproximações de ambas as leis, observadas no artigo “Feminicídio: entenda as
questões controvertidas da Lei 13.104/2015”, pelo jurista Luiz Flávio Gomes e pela
doutora em direito penal pela PUC/SP, Alice Bianchini:

A Lei do Feminicídio faz referência expressa à vítima mulher. Tal também se


dá no âmbito da Lei Maria da Penha (LMP - Lei 11.340/2006). Quando se
trata da aplicação da LMP, há decisões jurisprudenciais e parte da doutrina
que se posiciona no sentido de aplica-la para situações que envolvem
transexuais, travestis, bem como relações homoafetivas masculinas. A LMP
cuida primordialmente de medidas protetivas. Nesse terreno, a analogia é
válida para proteger até mesmo o homem (nas relações homoafetivas).
(GOMES E BIANCHINI, 2015).

Analisar-se-á a partir de agora, com apoio nos argumentos de


Gomes e Bianchini, com adimplementos dos termos anteriormente devidamente
conceituados, as propostas convenientes a este trabalho e estabelecidas nos títulos
de capítulo deste trabalho.
Foi notado anteriormente que, com relação aos feminicídio, o sujeito
passivo é a mulher. E com relação aos demais gêneros que nos dias atuais são
colocados nas chamadas “minorias”? Antes de responder tal questão, é oportuno
citar Gomes e Bianchini que, com relação à orientação sexual e conveniente à
relação de mulheres hetero ou transexual “(sexo biológico não correspondente à
identidade de gênero; sexo masculino e identidade de gênero feminina), caso haja
violência baseada no gênero, pode caracterizar o feminicídio.”
E para ressaltar o grau de importância e debate gerado pela Lei do
Feminicídio, nota-se a citação de Gomes e Bianchini:

De acordo com a Convenção Interamericana Para Prevenir, Punir e


Erradicar a Violência contra a Mulher, “Convenção de Belém do Pará”, “a
violência contra a mulher constitui violação dos direitos humanos e
liberdades fundamentais e limita total ou parcialmente a observância, gozo e
exercício de tais direitos e liberdades”. Também ela “constitui ofensa contra
a dignidade humana e é manifestação das relações de poder historicamente
desiguais entre mulheres e homens.” (GOMES E BIANCHINI, 2015)

Toda a problemática para se assentar nas diferenças e


aproximações entre mulher/homem, feminino/masculino. Nós sabemos as diferenças
27

entre o home e a mulher, porque sabemos dos seus diferentes papéis na sociedade.
Será que se sabe mesmo? Gomes e Bianchini argumentam: “O problema ocorre
quando a tais papéis são atribuídos pesos com importâncias diferenciadas. No caso
da nossa sociedade, os papéis masculinos são supervalorizados em detrimento dos
femininos.”.
Já observamos neste texto que a mulher é colocada como objeto
devido à ação de homens violentos que se sentem mais elevados e sobre elas
querem exercer o seu domínio, subjugando as mulheres aos seus caprichos de
macho. A mulher é do lar e deve ter as suas obrigações voltadas para ele e nos
cuidados dos filhos e dos afazeres domésticos.
Assim a mulher é oprimida nas suas liberdades (no lar e na
sociedade), até mesmo com os seus encantos femininos.
E quais os códigos de condutas suportam tão manifesta
superioridade de um ser sobre o outro ao ponto de subjuga-la? São circunstâncias
históricas definidas representadas por imagens colocadas na sociedade via a
educação? Talvez por isso, pode-se encontrar na citação a seguir uma via
exemplificativa, do desproporcional:

(...) equilíbrio de poder entre os sexos, que sobra uma aparência de que não
há interdependência, mas hierarquia autoritária. Tal quadro cria condições
para que o homem sinta-se (e reste) legitimado a fazer uso da violência, e
permite compreender o que leva a mulher vítima da agressão a ficar muitas
vezes inerte, e, mesmo quando toma algum tipo de atitude, acabe por se
reconciliar com o companheiro agressor, após reiterados episódios de
violência. Pesquisa da Fundação Perseu Abramo conclui que é comum as
mulheres sofrerem agressões físicas, por parte do companheiro, por mais
de dez anos. Diversos estudos demonstram que tal submissão decorre de
condições concretas (físicas, psicológicas, sociais e econômicas) a que a
mulher encontra-se submetida/enredada, exatamente por conta do papel
que lhe é atribuído socialmente.” (GOMES E BIANCHINI, 2015)

Pode-se dizer que este mundo é o mundo dos homens ou das


mulheres? Ou é um mundo de seres humanos de sexos opostos que nas suas
diferenças naturais se comungam em nome de uma relação frutuosa para o bem das
liberdades de cada indivíduo?
Tudo paira, após o clímax das incertezas ou debates das diferenças
em divisões acaloradas, que podem terminar em batalhas, brigas,
desentendimentos, mas também em leis. Nesse rol, pode-se colocar o surgimento
28

da Lei do Feminicídio, e nela uma razão, uma ideia, um argumento legal integrado a
uma série de interpretações sobre o domínio opressor de um sexo sobre o outro e,
por isso, está lá, na lei, que para haver feminicídio “não basta que a vítima seja
mulher”. Não. A morte tem que ocorrer por “razões da condição de sexo feminino”.
Anteriormente colocou-se a definição de feminicídio, portanto, há
que se alertar sobre a diferença, ou diferenças. Observa Rogério Sanches Cunha no
seu artigo “Lei do Feminicídio: breves comentários” (2015), promotor de Justiça no
Ministério Público do Estado de São Paulo:

Feminicídio, comportamento objeto da Lei em comento, pressupõe violência


baseada no gênero, agressões que tenham como motivação a opressão à
mulher. É imprescindível que a conduta do agente esteja motivada pelo
menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. A previsão
deste (infeliz) parágrafo, além de repisar pressuposto inerente ao delito,
fomenta a confusão entre feminicídio e femicídio. Matar mulher, na unidade
doméstica e familiar (ou em qualquer ambiente ou relação), sem
menosprezo ou discriminação à condição de mulher é FEMICÍDIO. Se a
conduta do agente é movida pelo menosprezo ou discriminação à condição
de mulher, aí sim temos FEMINICÍDIO. (CUNHA, 2015).

Pode-se dizer ainda dentro do ordenamento jurídico:


Vislumbramos, assim, como observa Gomes e Bianchini, que no
nosso ordenamento jurídico, dado ao contexto, especificamente na realidade da
mulher com relação a sua vida em sociedade e familiar, a criação de normas
específicas para situações particulares às vítimas do sexo feminino. E como vítimas
que são, e necessária, dado o crescimento da violência, o surgimento de Lei
13.104/15, constituiu-se num aparecimento necessário, criando-se a figura do
feminicídio como crime hediondo. E assim entende Gomes e Bianchini:

O art. 2º da Lei 13.104/15 alterou o artigo 1º da Lei 8.072/90 (lei dos crimes
hediondos) para incluir nesse rol o homicídio qualificado do inciso VI,do §
2º, do art. 121 do CP. Portanto, não há nenhuma dúvida de que o
feminicídio (não o simples femicídio: assassinato de uma mulher fora do
contexto da violência de gênero) é um crime hediondo. (GOMES E
BIANCHINI, 2015)

Não se trata de um crime equiparado ao hediondo (como são a


tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo), sim, é um
crime formalmente hediondo.
Essa mudança legislativa (que entrou em vigor no dia 10/3/15) só
vale para crimes cometidos a partir dessa data. Essa lei, por ser mais gravosa, não
29

retroage.
A rigor, o feminicídio já poderia (e, em alguns casos, já era)
classificado como crime hediondo (homicídio por motivo torpe, fútil etc.). Afinal, não
há como negar torpeza na ação de matar uma mulher por discriminação de gênero
(matar uma mulher porque usa minissaia ou porque não limpou corretamente a casa
ou porque deixou queimar o feijão ou porque quer se separar ou porque depois de
separada encontrou outro namorado etc.). Mas esse entendimento não era uniforme.
Daí a pertinência da nova lei, para dizer que todas essas situações configura
indiscutivelmente crime hediondo. Nos crimes anteriores a 10/3/15 o motivo torpe
continua sendo possível. O que não se pode é aplicar a lei nova (13.104/15) para
fatos anteriores a ela (lei nova maléfica não retroage). (GOMES E BIANCHINI,
2015).
Ainda no rol da dicotomia femicídio/feminicídio, destaca-se:

Nem todo femicídio (morte de uma mulher) é um feminicídio (morte de uma


mulher por razões de gênero). Essa confusão poderá ocorrer e para isso
devem estar atentos a defesa e o juiz. Compete à defesa, de plano, refutar
(já na defesa preliminar) o excesso acusatório. Ao juiz compete (quando não
há prova nem sequer indiciária da violência de gênero) rejeitar a denúncia
parcialmente, recebendo-a definitivamente com os expurgos necessários,
por falta absoluta de justa causa. A qualificadora do feminicídio tem que ter
justa causa específica (provas mínimas sobre esse ponto). Sem isso,
rejeita-se parcialmente a denúncia. Deixar essa tarefa para o momento da
sentença, quando se sabe da inexistência de justa causa, é uma anomalia
inqualificável (para além de uma tirania deplorável violadora da dignidade
humana). (GOMES E BIANCHINI, 2015)

Quanto as penas para os agentes do feminicídio:

“(...) os condenados aos crimes hediondos, dar-se-á após o cumprimento


de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente. Sem o cumprimento de 40% da pena (ou 60%,
quando reincidente) não se opera a progressão de regime (normalmente do
fechado para o semiaberto). Na progressão em geral a lei exige o
cumprimento de apenas 1/6 da pena. Nos crimes hediondos a regra é
diferente(...)A prisão temporária nos crimes hediondos terá o prazo de trinta
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade. O livramento condicional, nesses crimes, exige o cumprimento
de mais de dois terços da pena (...) (GOMES E BIANCHINI, 2015).

Ainda quanto às penas, é importante escalonar as penalidades e


para quais tipos de pessoas atingidas. Por sua descrição detalhada e competência
de causa, cita-se, por sua importância, a listagem abaixo elaborada e devidamente
explicitada ponto a ponto (decidiu-se por manter alguns comentários que fossem
30

pertinentes devido à complexidade dos temas e debates envolvidos) pelo promotor


de justiça e professor Rogério Sanches Cunha. Ressalta-se que foi incluso no art.
121 o parágrafo (§ 7o) a pena do feminicídio em 1/3 até 1/2 se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto.


Quando se inicia o parto (termo inicial do prazo de 3 meses configurador da
causa de aumento)?
A doutrina é divergente. Fernando Capez, ao tratar do tema, cita alguns
posicionamentos:
“Alfredo Molinario entende que o nascimento é o completo e total
desprendimento do feto das entranhas maternas. Para Soler, inicia-se
desde as dores do parto. Para E. Magalhães Noronha, mesmo não tendo
havido desprendimento das entranhas maternas, já se pode falar em início
do nascimento, com a dilatação do colo do útero.”.
Diante da indisfarçável controvérsia, seguimos a lição de Luiz Regis Prado:
“Infere-se daí que o crime de homicídio tem como limite mínimo o começo
do nascimento, marcado pelo início das contrações expulsivas. Nas
hipóteses em que o nascimento não se produz espontaneamente, pelas
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por
exemplo, o começo do nascimento é determinado pelo início da operação,
ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do
nascimento é sinalizado pela execução efetiva da referida técnica ou pela
intervenção cirúrgica (cesárea)”.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos
ou com deficiência.

Esta causa de aumento, nas duas primeiras figuras (ofendida menor


de 14 anos ou maior de 60 anos) repete o § 4o. do art. 121. Alerto, porém, que o §
7o., diferentemente do § 4o., permite um aumento variável de 1/3 até 1/2.
A terceira figura contempla a vítima com deficiência (física ou
mental). O conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelos arts. 3º e 4º
do Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamentou a Lei 7.853, de 24
de outubro de 1989, in verbis.
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um
período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de
que se altere, apesar de novos tratamentos; e
III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração
social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais
para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser
exercida.

Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se


enquadra nas seguintes categorias:
31

I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais


segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia,
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia,
amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não
produzam dificuldades para o desempenho de funções;
II – deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta
e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;
III – deficiência visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual
ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que
significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os
olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das
condições anteriores;
IV – deficiência mental – funcionamento intelectual
significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e
limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização dos recursos da comunidade;
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho;
V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências.
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
Ao exigir que o comportamento criminoso ocorra na “presença”,
parece dispensável que o descendente ou o ascendente da vítima esteja no local da
agressão, bastando que esse familiar esteja vendo (ex: por skype) ou ouvindo (ex:
por telefone) a ação criminosa do agente.
32

Parece óbvio que, para a incidência das circunstâncias majorantes


enunciadas nos incs. I, II e III, o agressor (ou agressora) delas tenha conhecimento,
evitando-se responsabilidade penal objetiva. (CUNHA, 2015).
Há de se considerar, e também tema complexo, sobre a pessoa
transexual. Afinal, ela pode ser considerada uma vítima enquadrada no feminicídio?
Recorrendo ainda ao promotor de justiça e professor Rogério
Sanches Cunha, ele observa, citando uma outra fonte no seu trabalho, que o:

“(...) transexual é aquele que sofre uma dicotomia físico-psíquica, possuindo


um sexo físico, distinto de sua conformação sexual psicológica. Nesse
quadro, a cirurgia de mudança de sexo pode se apresentar como um modo
necessário para a conformação do seu estado físico e psíquico”. (CUNHA,
2015).

Argumentar-se-ia: mas o transexual não é, naturalmente, uma


mulher. O seu lado feminino, entendemos, é uma sensação psicológica. Entretanto,
há uma corrente que entende ser a pessoa Transexualizada deve ser aceita tal
como é em conformidade desejada, isto é, na sua nova realidade enquanto pessoa
sentindo-se mulher.
Importante mencionar, devido a proeminência factual, um caso
mencionado por Cunha, ocorrido em Minas Gerais. O Tribunal de Justiça mineiro
aplicou a Lei Maria da Penha “não apenas para a mulher, mas também transexuais
e travestis”:
E assim, cita Cunha a ação do TJ/MG:

“Para a configuração da violência doméstica não é necessário que as partes


sejam marido e mulher, nem que estejam ou tenham sido casados, já que a
união estável também se encontra sob o manto protetivo da lei. Admite-se
que o sujeito ativo seja tanto homem quanto mulher, bastando a existência
de relação familiar ou de afetividade, não importando o gênero do agressor,
já que a norma visa tão somente à repressão e prevenção da violência
doméstica contra a mulher. Quanto ao sujeito passivo abarcado pela lei,
exige-se uma qualidade especial: ser mulher, compreendidas como tal as
lésbicas, os transgêneros, as transexuais e as travestis, que tenham
identidade com o sexo feminino. Ademais, não só as esposas,
companheiras, namoradas ou amantes estão no âmbito de abrangência do
delito de violência doméstica como sujeitos passivos. Também as filhas e
netas do agressor como sua mãe, sogra, avó ou qualquer outra parente que
mantém vínculo familiar com ele podem integrar o polo passivo da ação
delituosa”. (CUNHA, 2015).
33

4.1 CAUSAS E FATORES DE RISCO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Várias são as causas que levam os homens a agredirem as


mulheres, que na maioria são esposas e mães de seus filhos. Dentre os fatores que
contribuem para a ocorrência da violência, observa-se os fatores individuais, de
relacionamento, os comunitários, os sociais, os econômicos, os culturais e ainda de
história pessoal.
Estudos realizados entre diversos países demonstram que os
índices de abuso eram mais altos entre mulheres, cujos maridos apanharam quando
eram crianças, ouviram suas mães apanhando. Apesar dos homens que abusam
fisicamente de suas esposas normalmente apresentarem um histórico de violência,
nem todos os meninos que testemunharam violência, que sofreram abuso tornam-se
perpetuadores de abusos quando crescem.
Acredita-se que o álcool funciona como um fator desencadeador da
prática da violência, sendo considerado um elemento situacional, aumentando em
muito a probabilidade de violência, ao reduzir as inibições, anuviar o julgamento e
coibir a capacidade da pessoa de interpretar sinais.
Observa-se que o vínculo entre violência e álcool e outras drogas
depende da cultura e que o nível econômico e intelectual não é determinante da sua
ocorrência, não sendo a violência privativa de determinadas famílias ou classes
sociais.
Embora o álcool, as drogas ilegais e o ciúme sejam apontados como
principais fatores que desencadeiam o feminicídio, a raiz do problema está na
maneira como a sociedade valoriza o papel masculino nas relações de gênero. Isso
se reflete na forma de educar meninos e meninas. Enquanto os meninos são
incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a
satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela
beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo,
passividade e o cuidado com os outros.(CAVALCANTI,2007,p.29).
Outro fator relacionado é o distúrbio da personalidade, ou seja,
existe uma grande probabilidade de que homens que agridem suas esposas sejam
emocionalmente dependentes e inseguros e tenham baixa auto-estima e, assim,
tenha dificuldade em controlar seus impulsos.
Em nível interpessoal, o fator consistente para o feminicídio é o
34

conflito ou a discórdia presente nos relacionamentos, pois o casal ao iniciar uma


discussão, primeiramente agridem-se verbalmente, essa agressão vai de moderada
a forte culminando com agressão física, devido ao nível de estresse a que se expõe
o relacionamento, além de outros aspectos ligados ao desgaste da união, como
companheirismo, estabilidade emocional, imaturidade e a total incapacidade de
resolução dos problemas.
O agressor é na maioria dos casos o homem, não é que não existam
mulheres agressoras, mas, a realidade na maioria dos caos o homem é o agressor.
O agressor pode ser qualquer tipo de homem, desde o mais sério e
culto ao menos desfavorecido. Para tanto, na maioria dos casos, os que mais
cometem crimes contra as mulheres são os mais cultos em que, aparentemente, é
um homem acima de qualquer suspeita. Aparenta ser um cavalheiro, de reputação
ilibada e idônea, tanto no seu ambiente social e de trabalho, não demonstra nenhum
altitude que venha ferir sua reputação. Geralmente quando a esposa
foi a vítima e pede ajuda, as pessoas do seu meio não acreditam
que esse homem tenha sido capaz de tal violência. Pois é difícil associar a imagem
pública do homem culto e respeitador a um criminoso e espancador.
Do ponto de vista psicológico, esses homens tem uma insegurança
acentuada em relação a própria virilidade, ao papel masculino. São muito
possessivos e ciumentos, vendo as mulheres como propriedades particulares e não
suportam perder o controle sobre elas.

4.1.1 PERFIL DAS VÍTIMAS DO FEMINÍCIDIO

Os diferentes estudos afirmam que não existe um perfil determinado


de vítima e agressor. O feminicídio manifesta-se reiterada, sendo padrão de conduta
continuado, os agressores são geralmente homens, maridos, ex-maridos,
companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Os indivíduos que foram vítimas de
maus tratos na infância reproduzem estas condutas e por isso têm mais
possibilidades de serem agressores, agredindo sua própria companheira.
35

5 CONCLUSÃO

Pode observar neste trabalho de conclusão de curso com o tema


Feminicídio, os dados alarmantes de crimes contra a mulher, explícitos nos dados
estatísticos no decorrer da pesquisa na atualidade.
Várias são as causas que levam os homens a agredirem as
mulheres, que na maioria são esposas e mães de seus filhos. Dentre os fatores que
contribuem para a ocorrência da violência, observa-se os fatores individuais, de
relacionamento, os comunitários, os sociais, os econômicos, os culturais e ainda de
história pessoal.
Estudos realizados entre diversos países demonstram que os
índices de abuso eram mais altos entre mulheres, cujos maridos apanharam quando
eram crianças, ouviram suas mães apanhando. Apesar dos homens que abusam
fisicamente de suas esposas normalmente apresentarem um histórico de violência,
nem todos os meninos que testemunharam violência, que sofreram abuso tornam-se
perpetuadores de abusos quando crescem.
Acredita-se que o álcool funciona como um fator desencadeador da
prática da violência, sendo considerado um elemento situacional, aumentando em
muito a probabilidade de violência, ao reduzir as inibições, anuviar o julgamento e
coibir a capacidade da pessoa de interpretar sinais.

A lei 13.104 provoca uma verdadeira revolução na forma de


combater a violência contra a mulher, se posicionando de uma maneira conceitual,
inovadora e procedimental no modo de encarar a questão cada vez mais presente e
perturbadora da violência praticada contra a mulher na sociedade.
Foi um passo significativo o advento desta lei, pois veio para
assegurar á mulher o direito á sua integridade física, psíquica, sexual e moral. Pode-
se dizer que seus efeitos são positivos, principalmente porque está sendo colocada
em pratica, já que as mulheres estão assegurando dos seus direitos e buscando a
proteção da Lei, uma legislação moderna, edificada sobre uma leitura do social e
que trouxe garantias reais de proteção para a mulher.
Conclui-se que no Brasil, com a criação da lei 13.104 que tipifica
Feminicídio crime contra a mulher, pode-se dizer que avançou bastante nos últimos
anos. No entanto, necessita dar fiel cumprimento a todos os seus dispositivos para
36

que ela possa ser capaz de promover a diminuição do número alarmante de casos
de Feminicídio. A lei tem sua importância e necessita ser posta em prática e
encontrar mecanismos para isso é tarefa do Estado, o qual deve assegurar ás
mulheres seus direitos, protegendo-as de seu agressor e tornando a lei eficaz.
Conclui neste trabalho de pesquisa que mesmo com a eficácia da lei
13.104 colocada em vigor, os casos de Feminicídio ainda são alarmantes e merece
uma atenção rigorosa do Estado e punição imediata do agressor.
37

6 REFERÊNCIAS

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1940. / http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm. Acesso:
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violencia/noticia/cresce-n-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-no-brasil-dados-de-
feminicidio-sao-subnotificados.ghtml. Acesso: 12/05/2018.

AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO

Feminicídio.
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/violencias/feminicidio/
Acesso: 9/05/2018.

Feminicídio: entenda as questões controvertidas da Lei 13.104/2015.


https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/173139525/feminicidio-entenda-as-
questoes-controvertidas-da-lei-13104-2015 Acesso: 9/05/2018. E também nesta
mesma data segue os demais links acessados:

/ http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/pesquisa/mapa-da-
violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-mulheresspm-
2015/

/ http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/pesquisa/mapa-da-
violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-mulheresspm-
2015/

/ http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossies/violencia/pesquisa/mapa-da-
violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-mulheresspm-
2015/)
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