Estudo Exegetico Do Evangelho de Mateus PDF

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Estudo exegético

Evangelho de Mateus
O sermão da montanha

Introdução
O tema central de Mateus é descrever Jesus Cristo como o Messias e Rei, o prometido da
linhagem de Davi. Mateus é direcionado para os judeus convertidos ao Cristianismo, por volta
de 65 – 75 d.C.

Mateus é escrito aproximadamente em 80 d.C., dentro de um período de guerra judaico-


romano (66 – 135 d.C.). Em 70 d.C. Jerusalém é arrasada pelo império romano, e com ela o
Templo, o sacerdócio e boa parte do mundo conhecido por Jesus e seus discípulos. Era
literalmente o fim do mundo para o povo judeu.

Em rigor de verdade, nesse estágio primitivo do movimento jesuano, parece prematuro falar
de “cristianismo”. Acaso corresponda falar, com maior propriedade, do judaísmo reunido em
torno de Jesus. Dito de outro modo, o movimento inaugurado por Jesus de Nazaré era – e
assim se auto-compreendeu inicialmente – um judaísmo em meio a outros judaísmos.

Ora, uma vez desaparecido o Templo (e, com este, o culto sacrificial, a casta sacerdotal e o
Sinédrio), o judaísmo perdeu, simultaneamente, boa parte dos referenciais sobre os quais até
então se firmava sua vida, sua identidade e a unidade em meio às diferenças. Era preciso, pois,
preencher esse vazio.

No ocaso da guerra, quando os grupos sobreviventes – dentre estes, a comunidade de Mt –


procuravam um modo de vida que pudesse substituir o que tinha sido destruído, muitos
olhares se voltaram para a seita dos fariseus. O motivo? O programa farisaico. Por centrar-se
na Torah – ainda vigente –, despontava, não somente como a alternativa mais viável, mas
também como potencialmente válido para todo Israel. A busca e a reformulação da própria
identidade significaram, ao mesmo tempo, o começo do fim do sectarismo, isto é, o início de
um longo caminho de unificação, ao final do qual encontramos um judaísmo menos
fragmentado e mais coeso.

O processo, contudo, não esteve isento de lutas nem de oposição, pois muitos – como a
comunidade mateana – resistiram o processo unificador, recusando serem encaixados nos
esquemas farisaicos, sendo perseguidos e, no final, excluídos da Sinagoga. Diante da crescente
pressão, a réplica de Mt não demorou em chegar: tendo sido rejeitado Jesus, o “messias
esperado”, pelo Israel histórico, este deixou de ser, decorrentemente, o arauto do verdadeiro
Deus. Doravante, seu lugar é ocupado pela comunidade “cristã”. Deste modo, uma vez
respondida – ao modo do Primeiro Evangelista – a pergunta pela identidade de Jesus, a
incógnita levantada por Mt a respeito da própria identidade, isto é, “Quem somos nós?”,
recebe uma resposta contundente e definitiva: somos “o verdadeiro Israel de Deus”.

Mateus tem então o cuidado, diante do grau de conhecimento para o povo que se dirigia, de
linkar toda a vida e o ministério de Jesus com as profecias relatadas nas escrituras.

O livro de Mateus mostra Jesus em todos os momentos confrontando o sistema religioso que
havia sido implantado em Jerusalém; a verdade é que Deus sempre desejou, desde o início em
Gênesis, que o homem e toda a Sua criação estivessem inseridos no Seu Reino. E o que vemos
nesse período é que o homem, representado pela classe sacerdotal definida na lei mosaica e
que tinham a responsabilidade de representar Deus no meio do Seu povo e ao mesmo tempo
levar o povo à Deus, estavam corrompidos em seu objetivo, e representavam um “falso reino”
à nação, que não tinha fundamentos e tampouco era suficiente para religar o homem à Deus.
Quando Jesus então inicia o seu ministério a sua pregação está totalmente fundamentada em
uma verdade, é chegado o Reino de Deus.

O evangelho de Mateus demonstra desde o início a degradação do sistema judaico (antiga


aliança) e que um novo sistema era necessário (nova aliança). Desde João Batista vemos essa
afirmação, onde ele confronta o povo judeu sobre a sua crença de que eram o povo escolhido,
e que simplesmente essa eleição era suficiente. Era necessário arrependimento profundo e
conversão radical de caminho; essa é a proposta do evangelho, que nos conduz ao Reino. Ou
seja, a lei não era suficiente, mas sim a graça mediante o sangue sacrifical do Cordeiro a fé no
Filho de Deus.

Autor do Evangelho de Mateus

O evangelho não declara quem é seu autor, mas a Igreja sempre o atribuiu a Mateus, desde o
primeiro século. A provável data de sua redação se deu bem cedo. Sabe-se que foi antes de 70
porque nesta época os judeus e cristãos (ainda tidos como seita judaica) expulsos da Palestina.
O primeiro evangelho reflete ter sido uma obra para os cristãos da Palestina. Ireneu, (130-
200), em Contra as heresias, e Eusébio, em História eclesiástica, dizem que “Mateus introduziu
um evangelho escrito entre os judeus ao estilo deles (tê idia autôn dialektô)…”. Segundo
Papias, ele o escreveu em hebraidi dialektô. Teria escrito em aramaico, e depois traduzido.
Mas há incertezas quanto a isto. Segundo David Alan Black (Por que 4 evangelhos?), “o
evangelho de Mateus era o manifesto da igreja mãe de Jerusalém e, por conseguinte, o
documento fundamental da fé cristã”.

Uma observação interessante de Mateus é de que é tópico e não cronológico. Ele não faz um
relato dos acontecimentos em ordem, mas apresenta tópicos que comprovam sua tese.
Quem era Mateus?
Seu nome, em aramaico, é Mattatyah, “dom de Yahweh”. Ele surge nas quatro listas dos doze
(Mt 10.3, Mc 3.18, Lc 6.15 e At 1.13). Ele mesmo se chama de “publicano” (Mt 10.3), que era
um cobrador de impostos a serviço de Roma. Colaborava com o poder estrangeiro dominante.
Os publicanos eram mal vistos. Publicano era o cobrador de rendimentos públicos entre os
romanos. Havia duas espécies de recebedores de tributos: os recebedores gerais, e os seus
delegados em cada província, sendo os primeiros responsáveis para com o imperador pelas
rendas do império. Eram os principais recebedores homens de grande importância no governo,
sendo geralmente membros de famílias ilustres - mas os seus delegados, homens das classes
inferiores, eram tidos, pelas suas rapinas e extorsões, como ladrões e gatunos. As obrigações
dos cobradores eram muito mais amplas do que acontece entre nós, porque eles tributavam
todos os artigos de mercadoria que passavam pela estrada. Entre os judeus era odiosa a
profissão de um publicano. Os galileus, principalmente, submetiam-se a esses cobradores com
a maior repugnância, indo até ao ponto de considerarem ilegítimo o pagamento do tributo
(Mt22.17). E quanto àqueles publicanos da sua própria nação, quase eram considerados como
pagãos (Mt 18.17). Os publicanos de que fala o N.T. eram olhados como traidores e apóstatas,
instrumentos do opressor, e classificados como pessoas do mais vil caráter (Mt 9.11 - 11.19 -
18.17 - 21.31,32), sendo os seus únicos amigos os desterrados. Não admira, pois, que Aquele
que comia e bebia com publicanos fosse tratado com desprezo pelos seus conterrâneos (Mt
9.11 - Lc 15.1 - 19.2). As próprias esmolas dessa gente não eram aceitas para a caixa dos
pobres da sinagoga. Uma virtude, pelo menos, eles possuíam: a de não serem hipócritas. O
publicano que no templo clamou: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc 18.13), mostrava
que alguns da sua desprezada classe tinham sido tocados pela pregação de João Batista (Mt
21.32). o publicano Mateus foi escolhido para o número dos doze discípulos pelo Divino
Mestre. Com base nesse estudo, ninguém melhor do que Mateus (ainda que não existam
evidências no livro de que ele é o autor) para escrever o evangelho que trata como tema
central a essência do Reino dos céus, a necessidade da vida baseada na fé para a mudança de
comportamento moral e espiritual para estar apto a fazer parte desse Reino e finalmente a
mudança radical e profunda que o Evangelho genuíno deve provocar na vida daquele que o
aceita.

Contexto histórico que antecede a vinda de Jesus

Certamente, o judaísmo que Jesus conheceu não possuía um “rosto” único, mas, ao contrário,
estava constituído por uma multiplicidade de facções, “seitas” ou partidos, cada um dos quais
oferecia um “rosto” distinto e alegava encarnar o autêntico “ser judeu”. A diversidade – por
vezes contraditória e difícil de harmonizar – era, pois, a nota dominante.

Em meio a essa diversidade, quatro grupos ganharam especial destaque, a saber: saduceus,
fariseus, essênios e zelotas. Vamos conhecê-los.
Contexto político-social
Os saduceus

Os saduceus pertenciam à casta sacerdotal, foram os sucessores dos helenistas e mantinham-


se como a classe rica e reinante, identificando-se com o sumo sacerdócio e com o pensamento
grego. Em sua linha de pensamento, eles achavam o mundo um lugar bom para se viver e
estavam mais interessados no aqui e agora do que crer na ressurreição, juízo e vida após a
morte. Rejeitavam as idéias de ressurreição em favor da idéia grega da imortalidade da alma, e
criam na possibilidade de mostrar que uma ressurreição corporal era ridícula. Limitaram o
cânon das Escrituras aos cinco livros de Moisés, sendo essa a razão de Jesus ter-se confinado a
esses livros ao refutar os argumentos deles contra a ressurreição (Mt 22:23-32). Embora
conformassem um grupo minoritário e carecessem de apoio popular, ocupavam um lugar de
primazia – econômica, política e religiosa – na sociedade palestinense. Dominavam o Templo,
o culto, o Sinédrio e o sumo sacerdócio. Reduziam a revelação à Torah Escrita e rejeitavam os
“acréscimos” da Tradição Oral, negando, portanto, todo aquilo que não estivesse
expressamente consignado nas Escrituras hebraicas.
Nos dias de Jesus, os saduceus eram o partido majoritário do Sinédrio. Eles teriam se oposto a
Jesus por reconhecerem que os seus ensinos eram contrário aos deles. Foi depois do ensino
sobre a ressurreição e o ressurgimento de Lázaro que os principais sacerdotes (saduceus) devia
morrer (Jo 11:45-53). Eles o teriam considerado um agitador que poderia perturbar sua vida
(da classe reinante) e que devia ser detido a todo custo (Jo 11:48-50).

Os fariseus

Em contraste com o grupo anterior, os fariseus integravam os setores meios da sociedade


judaica e gozavam do apoio e da confiança das camadas populares. Se a primazia dos saduceus
se assentava, em última instância, no Templo, a popularidade dos círculos farisaicos fundava-
se na Torah (literalmente, “Lei”), que estudavam e conheciam pormenorizadamente. Mas,
para além da Torah Escrita, reconheciam a Palavra do Deus vivo também na
oralidade. Torah Escrita (Escrituras) e Torah Oral (comentários dos sábios) eram, pois, duas
dimensões inseparáveis de uma mesma Palavra revelada. Os fariseus seguiam uma linha direta
a partir dos hassidim. Seu nome significa “os que se separam”; havia cerca de seis mil deles
nos dias de Jesus. Acima de tudo, eles se preocupavam com a sua fé religiosa e criam que o
Exílio resultara da quebra da Lei de Deus por parte dos seus ancestrais. Queriam ser
legalmente puros, separados de qualquer forma de contaminação. Acreditavam que a
diferença entre “puro” e “impuro” era a obediência à Lei; o que era impuro significava
desobediência à Lei.
As interpretações da Lei tinham pouca importância para o povo comum, que se recusava a
juntar-se aos fariseus, havendo portanto bastante má vontade entre os dois grupos. Os
fariseus sobreviveram a todos os outros grupos e, à medida que suas tradições progrediram, se
tornaram os fundadores do judaísmo moderno.
Os fariseus parecem ter tomado a Lei e transformado essa de um ato de graça, oferecido por
Deus ao seu povo como um “aio”, em um grande fardo, pois o ponto essencial era que na sua
ânsia de viver segundo a Lei deixaram de entender qual o verdadeiro propósito da Lei. Isso era
tão diferente do que Deus pretendia que Jesus atacou essa idéia. Uma linha de ataque foi
mostrar que até os fariseus que viviam retamente não conseguiam guardar a Lei. Eles eram
corruptos (Mt 23:27; Lc 11:39), atores (Mt 23:23-26) que não agiam de acordo com o espírito
da Lei (Lc 11:39; 18:9-14). Em vista dessa falsa espiritualidade ser o centro da sua fé, eles se
voltaram contra Jesus juntamente com os outros grupos.
Essênios

Os essênios, por sua vez, constituíam, de acordo com o historiador judeu Flávio Josefo (37-101
dC.), “a mais perfeita” de todas as seitas (cf. Guerra dos judeus, II,12,153). Viviam
comunitariamente, trabalhavam a terra e possuíam todos os bens em comum. Eram
celibatários e destacavam pelo rigor dos seus costumes e práticas ascéticas. Ao parecer,
surgiram como um grupo dissidente do Templo durante o período asmoneu (163-63 aC.),
pouco antes da conquista romana. O descobrimento fortuito, em 1947, dos chamados
“manuscritos do Mar Morto”, nas proximidades das ruínas deQumran, revolucionou os
estudos bíblicos e deu a conhecer o maior legado essênio para nossos dias: seu labor como
copistas.
Foi sugerido que, além de serem importantes na preservação dos textos antigos do Velho
Testamento, eles podem ter tido uma outra influência. João Batista nasceu de pais já
avançados em idade e muitos acreditam que ele foi criado na comunidade de Qunrã quando
os pais morreram. Parte das obras de caridade deles era cuidar de órfãos e dos sacerdotes.
Existem reflexos dos conceitos essênios na mensagem de João – a necessidade de
arrependimento e do lavar ritual (batismo) e a espera da vinda do Messias.

Zelotes

Por fim, os zelotes eram um grupo político-nacionalista e, certamente, a facção mais belicosa.
Sucumbiram durante a guerra contra Roma, não sem antes oferecer a mais férrea resistência.
Eles criam que Deus só remiria o seu povo quando os romanos fossem expulsos do solo. O
grupo dos zelotes foi fundado por Judas da Galiléia em 6 d.C. Eles afirmavam que o pagamento
de impostos aos romanos era traição contra Deus.

Alguns acreditam que os zelotes tentaram estimular Jesus a chefiar uma revolta popular.
Segundo esse ponto de vista, Judas Iscariotes trabalhou com os zelotes a fim de colocar Jesus
numa posição impossível, na qual Ele teria de usar o seu poder divino para salvar-se. Ao ver tal
demonstração de poder, o povo imediatamente o seguiria. Judas arranjou supostamente a
derrota enquanto enchia os bolsos de dinheiro. Os que mantém essa opinião consideram Judas
cego em lugar de perverso. Eles afirmam que só vendo Judas desse modo podemos entender
como ele poderia ter dado um beijo afetuoso em Jesus na ocasião em que esse foi preso ou
compreender o suicídio subseqüente de Judas. Por outro lado, Jesus referiu-se a Judas como o
filho da perdição (Jo 17:12).

O sistema religioso judaico, centralizado no templo, estava profundamente corrompido na


época de Jesus. O templo de Jerusalém, segundo recentes pesquisas históricas, empregava
cerca de vinte mil funcionários, por constituir-se num centro religioso, administrativo,
educacional e jurídico. A religião oficial que alimentava o templo usava o critério da pureza
racial ou cerimonial para aceitar o indivíduo em sua membresia. Enquadravam-se no critério
de impureza todas as pessoas que possuíam profissões que lhes exigisse trabalho no sábado
(pastor de ovelhas), a ter contato com sangue (açougueiros); e também todas as pessoas que
possuíssem determinadas doenças, como por exemplo a cegueira (Jo 9), que era tida como
maldição de Deus. A condição financeira das pessoas também acabava determinando sua
“pureza” diante de Deus. Por exemplo, uma pessoa pobre que se arrependesse dos seus
pecados teria sérias dificuldades para obter o perdão de Deus, ou mesmo para se manter pura,
uma vez que não teria condições financeiras para pagar os sacrifícios e holocaustos
expiatórios, ou até mesmo as taxas de tributação cobradas pelo templo para manter as elites
sacerdotais e funcionários que nele trabalhavam. Por isso, os ricos consumiam quase que de
forma exclusiva os benefícios da religião, tais como o perdão e a garantia da “bênção” de
Deus, que geralmente eram medidos pela “prosperidade” econômico-social obtida.

No ano 66 d.C., teve início uma revolta armada na Palestina por parte dos judeus, desejando
expulsar da sua terra a dominação romana. Neste levante, uniram-se alguns partidos político-
religiosos lá existentes: zelotes, sicários, essênios e até fariseus. Após quatro anos de duros
combates, as tropas romanas, lideradas pelo general Tito, finalmente conseguiram reaver o
controle e expulsar todos os judeus da sua pátria. No desfecho desta guerrilha cumpriu-se a
profecia feita por Jesus sobre o templo de Jerusalém quanto à sua destruição (Mt 24:1,2).

À luz desses dados, podemos dizer que, longe de ser um coletivo uniforme e sem distinções
internas, o judaísmo do período estudado era uma realidade complexa, conformada por
grupos não somente diversos como também concorrentes e até rivais. A diversidade na terra
de Israel era a tal ponto evidente que parece mais apropriado falar de “judaísmos” (plural) no
lugar de “judaísmo” (singular).

Contexto econômico
No aspecto econômico, é importante ressaltar que as altas taxas de tributação impostas pelos
romanos também causavam grande revolta e protestos por parte dos judeus. A economia
palestinense subsistia basicamente da agricultura e da atividade pesqueira. A sociedade na
Galiléia, principal cenário da atividade de Jesus, era constituída de pequenos agricultores ou
de sociedades de pescadores. Também os diaristas se apinhavam nas praças (Mt 20:1-15), ou
se punham a serviço e um grande proprietário, muitas vezes para a quitação de dívidas. O
sistema tributário era pesado e detalhado: havia impostos para quase todas as coisas.
Herodes, com suas construções monumentais (palácios, piscinas, teatros e fortalezas),
empobreceu o povo.

Contexto social
Quanto ao aspecto mais propriamente social, é importante citarmos a existência de escravos.
Estes não eram propriamente prisioneiros de guerra ou pessoas “compradas” de outros
setores, e sim, pessoas vitimadas pelo sistema opressor de altas taxas de tributação imposta
pelos romanos, que não podendo pagar suas dívidas, tinham a necessidade de trabalhar como
verdadeiros escravos, além de muitas vezes serem obrigados a vender mulher e filhos, para a
quitação de tais dívidas. A Palestina do primeiro século era profundamente marcada pela
miséria, pela proliferação de mendigos. A prostituição era muitas vezes um dos poucos meios
de sobrevivência. O povo que vivia à margem da religião oficial ainda possuía o trauma
resultante do ensino de escribas e fariseus de que estavam em tal situação por causa da
maldição de Deus.

Contexto literário do Livro


O evangelho de Mateus é mais judaico de todos, em vários aspectos, é muito preocupado com
o comprimento das Escrituras, incluindo a lei, quando o reino se estabelece na terra. Ele
também enfatiza a tradição e põe foco especial nos ensino de Jesus, apresentando cinco ou
seis blocos de ensinamentos (Mt 5-7; 10; 13; 18; 23-25).

É provável que o evangelho de Mateus tenha sido escrito para um publico constituído, em sua
maioria, de cristãos judeus, que se preocupavam com o papel da lei mosaica na nova vida
cristã. Esse evangelho também procura ressaltar de varias maneiras o papel da importância de
Pedro, talvez porque ele fosse apostolo para os judeus, como Gálatas 2 deixa bem claro. O
sentido geral de Mateus sugere uma época em que a comunidade cristã de origem judaica
teve de se posicionar contra a sinagoga e estava sofrendo perseguições porque não podia mais
se abrigar debaixo do guarda-chuva protetor da religião reconhecida chamada judaísmo. Essa
observação nos leva a uma época por volta de 70, ou mais tarde, quando o judaísmo já estava
se reorganizando em Jamnia. Mesmo assim, o autor quer demonstrar que a tradição de que
seus leitores dispunham sobre Jesus era mais do que suficiente para sustentar a comunidade
sem que eles tivessem de voltar para a sinagoga. Jesus é o sábio e o supremo mestre. Ele
também é o filho de Davi, Filho de Deus é até Emanuel, a presença e sabedoria de Deus
sempre no meio da sua comunidade.

Contexto remoto
O livro de Mateus inicia com uma detalhada genealogia de Jesus, assim como o livro de
Marcos, o mais antigo dos quatro evangelhos. Para a comunidade a que foi direcionado esse
livro, como desenvolvido acima, era necessário que se fundamentasse as origens de Jesus,
novamente com a preocupação de que o Messias cumprisse as escrituras do povo judeu, ou
seja, que o libertador de Israel tivesse a sua linhagem no patriarca Abraão, e
conseqüentemente passasse pela raiz de Davi. Mateus é enfático, logo no primeiro capítulo do
livro, em fundamentar a genealogia de Jesus em Abraão e Davi, ou seja, Jesus Cristo era o
Messias esperado pelo povo judeu. Mateus faz tornar patente como, através das encruzilhadas
da história, o nascimento de Jesus vai sendo pacientemente preparado, tecido, esperado. Para
Mateus, Jesus é, incontestavelmente, a meta das promessas da Antiga Aliança; o ponto de
chegada da senda que Abraão iniciou; o acontecimento escatológico por excelência (ou seja, a
Palavra última e definitiva de Deus para a humanidade).

Mateus no início do livro também se preocupa, com o desenvolvimento da genealogia de


Cristo, em amarrá-la à sua linhagem messiânica e real (Abraão e Davi) assim como à sua
linhagem divina, cumprindo imediatamente toda a promessa proclamada pelos profetas do
Antigo Testamento. No versículo 16 desse primeiro capítulo a declaração “Jacó gerou a José, o
esposo de Maria, da qual nasceu Jesus..” no texto original escrito a declaração é “da qual foi
gerado Jesus”. Esse entendimento sugere o que será revelado adiante, a criança é concebida
pela ação do Espírito de Deus, ou seja, ele é dom que Deus dá ao mundo e não fruto da
virilidade e do esforço humano.

O primeiro capítulo do Evangelho termina com um breve relato do nascimento virginal de


Jesus, envolvendo a participação de José e Maria, mostrando como José sendo um homem
justo (ou ajustado à vontade soberana de Deus) decide se recusar a obedecer a lei mosaica e
entregar sua mulher à condenação por apedrejamento, mas sim em como despedi-la
secretamente, entendendo que a vida está acima da Lei e, em nome do amor, que foi o
motivador original da Lei, superando assim a própria Lei e demonstrando um pouco do que
viria com o desdobramento da missão do Salvador, a misericórdia e a graça divina. Por esse
posicionamento José é inserido definitivamente no plano messiânico, recebendo em sonho a
visita do anjo do Senhor e o aviso de que não temesse receber a Maria. Finalmente, José
despertado do sonho recebe sua mulher e então o capítulo se encerra com a nomeação à
criança, de acordo com a orientação divina. A seqüência do livro nada diz então quanto ao
acontecido após o nascimento, porque a preocupação do Evangelho é mostrar que o menino
que nasceu de Maria não é fruto do esforço e da virilidade humana, mas puro dom de Deus.
Daí a insistência na “concepção pelo Espírito Santo” e não por José, o esposo de Maria. Parece
importante para Mateus, afirmar e reafirmar isto: “É Deus quem dá seu Filho ao mundo!”. Em
tempos em que os fariseus entendiam que, por seu esforço no cumprimento da Torah, Deus
traria o Messias ao mundo e faria seu Reino acontecer, o evangelista insiste na gratuidade de
Deus. Não é a justiça de José ou sua virilidade, revelada no cumprimento da Lei e na gravidez
de Maria, que fazem o Reino acontecer. É a gratuidade de Deus que, na sua generosidade,
apenas conta com colaboradores para fazer cumprir sua vontade. José é colaborador de Deus;
o autor da ação salvífica é Deus mesmo.

Nos próximos capítulos do Livro Mateus então se preocupa em desdobrar a vida e ministério
de Jesus Cristo na Terra, continuando a dar a ênfase de que Jesus é o Messias de Israel, assim
como sua proposta do Reino dos céus, e o ingresso nesse Reino mediante a vida pela fé; um
tripé essencial para configurar em uma comunidade que abraçava recentemente o
Cristianismo, e que ao mesmo tempo lutava contra a perda de uma identidade fundamentada
nas raízes do seu povo, e como se não bastasse tudo isso, acabara de perder todos esses
fundamentos pela destruição da cidade santa. Mas é extremamente importante entender e
sinalizar que Mateus tem todo o cuidado no início do livro em demonstrar, pela genealogia e
inserção dos personagens na história de que Jesus acumula todas as evidências para concluir
de uma vez por todas que Ele era o Cristo, ansiosamente aguardado pelo povo da aliança.

Chegamos então ao capítulo 5 do Evangelho de Mateus, intitulado como o Sermão da


Montanha. Esse é o título comumente dado aos ensinamentos de Jesus registrados em Mt 5-7.

Cônego Liddon, em suas Bampton Lectures, refere-se ao sermão como “aquele esboço original
de cristianismo essencial”. Se isso for interpretado como significando que o sermão do monte
é a mensagem cristã para o mundo pagão, precisaremos então replicar como o lembrete que
se trata manifestamente de didachê (ensino, doutrina, instrução em grego clássico) e não de
kerygma (palavra usada no Novo Testamento com o significado de mensagem, pregação,
anúncio ou proclamação). Não há como considerá-lo como “boas novas”, tornando-o condição
para a entrada no Reino. Trata-se, antes, de uma descrição do caráter daqueles que já
aceitaram o convite para ingresso no Reino, descrevendo a qualidade da vida ética que agora
se espera dos tais. Em outras palavras, Mateus tem o cuidado de trazer uma linha de
raciocínio, ou seja, Jesus vem desde o capítulo 4 convidando os seus ouvintes a se envolverem
à sua proposta do Reino, no início do seu ministério na Galiléia. Ali, ele forma sua “equipe de
primeiro pelotão” (Mt 4:18-22), em seguida forma a sua “congregação” com aqueles de toda a
região e circunvizinhança que ouviram e receberam a sua proposta (Mt 4:23-25) e finalmente
Ele começa a desdobrar quais seriam as responsabilidades, para aqueles que haviam
inicialmente atendido o seu convite, a definitivamente se tornarem aptos a esse Reino.
Estudo textual
Delimitação da Perícope

Mateus 5:1-10 - ¹E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se,


aproximaram-se dele os seus discípulos;
²E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
³Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
4
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus;

Mt 5:1-10 em sua linguagem original (grego):

1. ιδων δε τους οχλους ανεβη εις το ορος και καθισαντος αυτου προσηλθον αυτω οι
μαθηται αυτου

2. και ανοιξας το στομα αυτου εδιδασκεν αυτους λεγων

3. μακαριοι οι πτωχοι τω πνευματι οτι αυτων εστιν η βασιλεια των ουρανων

4. μακαριοι οι πενθουντες οτι αυτοι παρακληθησονται

5. μακαριοι οι πραεις οτι αυτοι κληρονομησουσιν την γην

6. μακαριοι οι πεινωντες και διψωντες την δικαιοσυνην οτι αυτοι χορτασθησονται

7. μακαριοι οι ελεημονες οτι αυτοι ελεηθησονται

8. μακαριοι οι καθαροι τη καρδια οτι αυτοι τον θεον οψονται

9. μακαριοι οι ειρηνοποιοι οτι αυτοι υιοι θεου κληθησονται

10. μακαριοι οι δεδιωγμενοι ενεκεν δικαιοσυνης οτι αυτων εστιν η βασιλεια των ουρανων
Análise textual das versões bíblicas
Comentários sobre a mensagem para a época escrita
Com base em todas as pesquisas realizadas até o momento, podemos entender que o
evangelho de Mateus foi escrito direcionado para um público específico, o povo judeu recém
convertido ao Cristianismo, e que em meio a um período em que praticamente toda a
identidade do povo de Israel foi destruído, juntamente com o templo. A diversidade de seitas e
pensamentos religiosos que subdividiam a nação havia desaparecido, restando apenas a
ordem dos fariseus, pelos motivos já explicados acima, e o início da comunidade cristã, ainda
não denominada como tal devido o seu pouco tempo de existência. Mateus então traz a
preocupação de evidenciar através de registros a veracidade dos fundamentos estabelecidos
por Jesus Cristo, chamados de Nova Aliança.

Cronologicamente, Jesus já havia iniciado o seu ministério, em 27 d.C., passando pela região da
Galiléia, Cafarnaum, Jerusalém e Judéia. Sua fama já havia percorrido em muitos lugares pelo
teor de sua pregação e sinais que realizava, como evidenciado no evangelho de Mateus
capítulo 4 versículo 24. E seguramente grande multidão já o acompanhava em sua viagem
missionária, como pode ser observado em Mt 7:28,29 e Mt 8:1.

Essa multidão, provavelmente grande parte motivada pela base de sua pregação (é chegado o
Reino dos Céus) e pelos sinais manifestos, que fatalmente confirmavam a verdade dessa
pregação. A grande maioria daquela multidão, certamente formada por judeus (Mt 4:25) em
seu entendimento acreditavam compreender que Reino era aquele, pois eles “conheciam” as
promessas de Deus, e estavam enraizados em suas tradições. Sem sombra de dúvidas em seus
pensamentos e até comentários estava a convicção de que Deus havia finalmente ouvido o
clamor do seu povo, o tempo da espera havia terminado, e o Reino davídico seria
restabelecido.

Com base em que argumentação podemos dar essa afirmação, além das já apresentadas nos
estudos acima?

O entendimento dos judeus quanto à vinda do Messias e


restabelecimento do Reino
O Reino de Deus (Em grego: βασιλεία τοῦ θεοῦ basileia tou theou) designa um governo ou
domínio em que tem Deus por soberano ou governante.
O Reino de Deus é um conceito fundamental nas três principais religiões abraâmicas
existentes: o Judaísmo, o Islamismo e, mais notavelmente, o Cristianismo. Nesta última
religião monoteísta, o Reino de Deus constitui o tema principal pregado por Jesus, através
de parábolas.
O Reino de Deus é frequentemente referido no Tanakh. Este conceito está muito ligado à
crença judaica de que Javé (Deus) iria restaurar a nação de Israel. Aliás, o Reino de Deus foi
prometido por Javé ao Rei Davi.
Também no Tanakh, Javé é apresentado como o verdadeiro Rei de Israel, sobretudo a partir
da monarquia, quando são ungidos reis para governarem o povo em nome de Javé. Neste caso
o Reino de Deus é mais um reino material com características políticas, ou seja um reino deste
mundo, assemelhando-se a uma monarquia teocrática.

Nos dias de Jesus, havia grande expectativa quanto a vinda do Messias. O entendimento geral
com respeito a Ele estava conectado à esperança de libertação e salvação da ocupação
estrangeira sob a qual os judeus viviam desde seu retorno do tempo de exílio na Babilônia. Por
séculos foram governados pelos gregos, ptolemaicos e selêucidas. Então, após 100 anos de
autonomia, passaram a ser dominados por Roma. Ansiavam por não mais serem governados
por estrangeiros, mas por Deus em Seu reino. A expectativa era que o Messias prometido os
livrasse do domínio estrangeiro e re-fundasse o reino de Israel, o qual consideravam ser o
reino de Deus.

Houve grande comoção quando se ouviram histórias de um homem que operava milagres e
falava do reino de Deus. Talvez fosse chegado o tempo de libertação da nação de Israel,
independência das forças estrangeiras e o estabelecimento do reino nacional físico pelo qual
esperavam. Entretanto, os ensinamentos de Jesus sobre o reino excediam as expectativas de
uma entidade política ou geográfica. Em vez disso, em essência, Ele redefiniu e substituiu as
expectativas dos judeus com respeito ao reino.

O Reino dos Céus, ou Reino de Deus, é o tema central da pregação de Jesus, segundo os
Evangelhos Sinóticos. Enquanto que Mateus, que se dirige aos judeus, na maioria das vezes
fala em Reino dos Céus, Marcos e Lucas falam sobre o Reino de Deus; expressão essa que tem
o mesmo sentido daquela, ainda que mais inteligível para os que não eram judeus. O emprego
de Reino dos Céus em Mateus certamente é devido à tendência, no judaísmo, de evitar o uso
direto do nome de Deus. Seja como for, nenhuma distinção quanto ao sentido deve ser
suposta entre essas duas expressões.

João Batista apareceu primeiramente, anunciando que o Reino dos Céus estava próximo
(Mt 3:2) e Jesus deu prosseguimento a essa sua mensagem, depois que João Batista foi
aprisionado (Mt 4:17). A expressão “Reino dos Céus”, em hebraico “malekhüth shamayim”, se
originou com a posterior expectativa judaica sobre o futuro, na qual denotava a intervenção
decisiva de Deus, ardentemente aguardada por Israel, a qual restauraria a sorte do seu povo e
os livraria do poder dos seus inimigos. A vinda do Reino era a grande perspectiva do futuro,
preparada pela vinda do Messias, que pavimentaria o caminho para o Reino de Deus.

Pelo tempo de Jesus, o desenvolvimento dessa esperança escatológica no judaísmo já havia


tomado grande variedade de formas, nas quais ora o elemento nacional, ora o elemento
cósmico e apocalíptico desempenhavam papel proeminente. Essa esperança recua até a
proclamação da profecia do Antigo Testamento, tanto acerca da restauração do trono de Davi
como acerca da vinda de Deus para renovar o mundo. Embora o AT nada de explícito tenha a
dizer sobre o reino escatológico dos céus como tal, não obstante nos Salmos e nos profetas a
futura manifestação da real soberania de Deus pertence aos mais centrais conceitos da fé e da
esperança do AT. Nesse particular, igualmente vários elementos recebem proeminência,
conforme pode ser claramente observado por uma comparação entre os profetas anteriores e
as profecias concernentes à soberania universal e ao aparecimento do Filho do homem, no
livro de Daniel.

Quando João Batista e, depois dele, o próprio Jesus, proclamaram que o Reino estava próximo,
essa proclamação envolvia um grito de despertamento dotado de uma sensacional e universal
significação. Proclama-se a aproximação do ponto decisivo divino, da história humana, que já
era tão almejado, embora que seja com expectativas diversas. Portanto, reveste-se da maior
importância a pesquisa do conteúdo da pregação neotestamentária no tocante à vinda do
Reino.

Na pregação de João Batista dá-se proeminência ao anúncio do julgamento divino como uma
realidade que estava prestes a suceder. O machado já estava colocado à raiz das árvores. A
vinda de Deus na qualidade de Rei visava, acima de tudo, purificar, peneirar e julgar. E
ninguém podia escapar desse exame minucioso. Nenhuma privilégio podia isentar do mesmo,
nem mesmo a capacidade de alguém dizer-se descendente de Abraão. Ao mesmo tempo, João
Batista apontava para a vinda dAquele que o seguiria, de quem ele era apenas o precursor. E
Aquele que viria traria a pá de joeirar na sua mão. Em vista de Sua vinda, o povo devia
arrepender-se e submeter-se ao batismo para a lavagem dos pecados, afim de escaparem da
ira vindoura e participarem da salvação do Reino e do batismo no Espírito Santo, o qual seria
derramado quando o Reino se revelasse (Mt 3:1-12).

A proclamação do Reino por Jesus seguia a pregação de João Batista palavra por palavra; no
entanto, tem um caráter muito mais abarcador, compreensivo. Depois que João havia
observado a aparência de Jesus por um tempo considerável, ele mesmo começou a duvidar se
Jesus, afinal de contas, era Aquele que viria, conforme ele mesmo havia anunciado (Mt 11:2).

Quando João Batista enviou seus discípulos para que perguntassem “És tu aquele que estava
para vir, ou havemos de esperar outro?” foi mostrado as maravilhosas obras praticadas por
Jesus, as quais, de conformidade com a promessa profética, já estavam manifestando a
presença do Reino; os cegos recebiam de volta a visão, os coxos podiam novamente andar, os
surdos eram novamente capazes de ouvir, leprosos estavam sendo purificados, e os mortos
estavam sendo ressuscitados, enquanto que o evangelho estava sendo anunciado aos pobres.
Na última dessas promessas que se cumpriam - a proclamação do evangelho – podia ser visto
também o surgimento do Reino. Visto que a salvação estava sendo anunciada e oferecida
como um presente já disponível aos que sentiam a pobreza de seus espíritos, aos famintos, aos
que choravam, então é que o Reino já lhes fora dado.

Pouco antes da Ascenção os próprios apóstolos manifestaram uma como ignorância acerca da
natureza do reino messiânico: “Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de
Israel?” (At 1:6). Somente a vinda do Espírito Santo em Pentecostes pôde esclarecê-los.

Os exemplos citados acima, de personagens tão íntimos ao ministério de Cristo na Terra e tão
ligados à sua verdade evidenciam qual era, e qual é a expectativa do povo judeu quanto ao
conceito de Reino dos Céus e da figura do Messias. O anúncio do Messias perpassa e se reforça
ao longo do Antigo Testamento, desde o primeiro livro (Gn 3, 15; 22, 18; e 49, 8-10) até
Malaquias (Ml 3, 1), desdobrando-se em imagens particularmente impressionantes em Isaias e
Daniel. O Messias será um rei judeu (descendente de Davi), cujo esplendor embaciará o dos
demais reis; seu reino reunirá os povos em torno do culto do Deus verdadeiro. Todos estão de
acordo com isso. Ora foi justamente desse reino messiânico que Jesus veio falar por meio de
parábolas (uma dúzia delas se apresentam desde o começo como a descrição do reino tão
esperado, semelhante a um grão de mostarda, a um tesouro escondido etc.).

Dominados pelos romanos os judeus da época sofriam havia séculos a influência de uma
literatura apócrifa que apresentava o futuro Messias como o herói da guerra de libertação e
conquista do mundo. Inflingiram-se grande mal ao se instruírem da noção temporal do reino
de Deus.

Dois mil anos mais tarde ainda é a mesma a pedra de tropeço: Nosso Senhor Jesus Cristo viera
pregar um reino sobrenatural, salvando as almas das garras do demônio, distribuindo as
riquezas da graça e caridade divinas, e preparando coroas de glória eterna no outro mundo.
Persistem os judeus ao contrário na expectativa de reino, riquezas, coroas, vitórias e glórias
terrestres, interpretando nessa perspectiva as profecias do Antigo Testamento. A oposição é
insolúvel.

Como exemplo, o publicista judeu rabino Shraga Simmons, editor da Aish.com em Jerusalém,
redigiu uma lista com alguns argumentos na tentativa de demonstrar que Jesus Cristo não é o
Messias prometido de Deus e anunciado pelos profetas. Para ele:

1) Jesus não cumpriu as principais tarefas do Messias;


2) Ele não possuía as qualidades requeridas para aspirar ao título de Messias;
3) As profecias que os cristãos lhe aplicam são mal traduzidas.
O rabino Simmons reduz a quatro proposições o ensinamento das dezesseis profecias do
Antigo Testamento acerca do papel do Messias.

Segundo ele o Messias:

1. Erigirá o terceiro templo (Ezequiel 37, 26-28);


2. Congregará todos os judeus na terra de Israel (Isaias 43, 5-6);
3. Fará o mundo entrar numa era de paz universal, e dará fim ao ódio, à opressão e às
doenças, tal como está escrito: “Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se
arrastarão mais para a guerra” (Isaias 2, 4);
4. Propagará o conhecimento universal do Deus de Israel, que reunirá a humanidade em um só
povo, como está escrito: “O Senhor reinará sobre toda a terra. Naquele dia o Senhor será o
único Deus e só o seu nome será invocado” (Zacarias 14, 9).

Com base nesses estudos e informações, conseguimos compreender então qual era a real
expectativa daquela multidão, em grande parte formada pelo povo judeu, quanto ao
surgimento do Messias e restabelecimento do Reino de Israel. E desta forma podemos avançar
no entendimento da real intenção da perícope escolhida para o estudo exegético, assim como
o objetivo do escritor do livro em fazer tal registro.

Havia chego então, na perícope escolhida, o momento de Jesus revelar aos que o seguiam com
suas motivações, de maneira mais detalhada em que consistia o seu Reino, e o que era
necessário para ser apto a ele.

Jesus passa então, com seus discípulos e a multidão reunidas naquele monte, a enumerar
quais devem ser as características e a conduta daquele que deseja viver o Reino até então
pregado, e naquele momento, com base em todos os estudos realizados até agora, que muitos
ali presentes devem ter entrado em conflito consigo mesmo, pois aquelas características em
absolutamente nada iria ajudar a resgatar das mãos do Império Romano o reinado de Israel!

Jesus continua seu sermão trazendo a verdade sobre a aplicação da lei mosaica (Mt 5:17), e
denunciando a prática hipócritas das seitas religiosas da época, que subjulgavam o povo com
condutas impossíveis de serem cumpridas, e que os afastavam da vontade de Deus (Mt 6:1).

Ao final do sermão Jesus conclui com uma advertência sobre as nossas corretas motivações e
prioridades, que muitas vezes parecem ser bem intencionadas e em nome de Deus, mas a
grande lição é que devemos constantemente, através de uma vida piedosa, buscar a nossa
caminhada à vontade plena de Deus.

Conclusão do estudo exegético


Todos nós, pessoas que declaramos Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador e
professamos a fé cristã, desejamos, assim como o povo judeu, ardentemente em nosso
corações e mentes a manifestação plena do Reino de Deus. Quando lemos em Apocalipse de
que em Seu Reino o nosso Deus enxugará dos nossos olhos todas as lágrimas, de que ali não
haverá mais pranto e dores, de que a tão indesejada morte já não terá mais poder; quando
contemplamos a beleza da Nova Jerusalém, com seu rio puro de água viva, todas essas
verdades nos fazem entrar em êxtase e desejar se possível nesse momento adentrar para esse
Reino, porém na maioria das vezes o nosso ímpeto de emoções ofusca o culto racional, e
quase que todos os dias de nossa vida terrena deixamos de meditar, de nos auto-avaliar e de
nos questionar, será que realmente estamos aptos a esse Reino?
Vejo, buscando fazer da melhor maneira a avaliação crítica dessa perícope através do estudo
exegético, como em nossa vida cristã temos tido a mesma conduta daquela grande multidão
ao se preparar para ouvir o sermão, e como durante a nossa caminhada somos questionadores
em nossa alma se está valendo a pena investir nesse propósito, como fizeram João Batista e os
apóstolos.

A grande lição desse estudo é que muitas vezes em nossa caminhada no evangelho somos
naturalmente direcionados a buscar motivações que não são as que foram propostas por
Jesus, para ser apto ao Seu Reino. Essa “mudança de foco” é naturalmente manifesta pela
existência de dois reinos em nossas vidas, o da razão humana e o das tradições religiosas.
Jesus durante esse sermão nos mostra que para estar apto ao Reino Dele devemos lutar,
através da capacitação do Espírito Santo em nossas vidas, para que vençamos esses dois
reinos.

A razão humana, como manifesto na expectativa daquela multidão, significa quando


perigosamente quero adequar as verdades do Reino, os propósitos e as vontades de Deus
àquilo que convém à minha carne - O povo queria, e ainda quer, um Messias que restabeleça
o reino de Davi nessa terra, a expectativa de reino, riquezas, coroas, vitórias e glórias
terrestres, interpretando nessa perspectiva as profecias do Antigo Testamento. A proposta de
Jesus era totalmente o contrário dessa perspectiva. Eles desejavam um rei que subjulgasse seu
inimigo e de uma vez por todas ocupasse o trono físico, jamais poderiam aceitar um rei que
por livre escolha decidiu ser pendurado em um madeiro, sendo julgado como maldito. Não era
essa a idéia de Messias e Rei que eles tinham, e tampouco poderiam aceitar. Que fosse o
Messias e Rei de outros lugares e povos, não o de Israel. Não somente por esse motivo, mas
provavelmente sendo um dos mais fortes, a nação escolhida rejeitou aquele que se declarava
o prometido, e até hoje seus olhos e ouvidos cerrados pela motivação carnal trazem as
conseqüências de sua escolha, esperando Aquele que já veio, e por essa decisão infelizmente
serão mais uma vez enganados pelo seu inimigo, como relatado no livro de Daniel.
Como lição nós, a Igreja de Jesus Cristo, precisamos estar vigilantes a todo momento, e isso
somente é possível quando nos humilhamos diante Dele. Um pregador disse “Sempre vemos
folhetos que dizem: Sorria, Deus te ama. Quem dera alguém escrevesse um folheto dizendo:
Chore, Deus está enojado de ti pelo seu pecado.” A Igreja dos dias de hoje tem vivido uma
crise de identidade, onde o cerne da pregação tem sido apenas que em Jesus Cristo eu sou
mais que vencedor, que eu tudo posso Naquele que me fortalece. Todas essas são verdades
bíblicas, mas o que tem acontecido é que os pregadores desta geração têm selecionado
versículos bíblicos e como que montado uma nova teologia, como se a teologia de Cristo não
bastasse! Essa teologia que tem sido vendida para atrair multidões, como se a igreja fosse um
shopping-center, aonde eu vou motivado por aquilo que eu vou receber, por aquilo que eu vou
ganhar, pela oferta que eu vou entregar, e que vou receber a boa medida, sacudida, recalcada
e transbordante! Mas que essa medida seja de bens materiais! A igreja cristã evangélica, que
em seu ápice de crescimento tanto criticou o catolicismo, em suas antigas práticas de venda de
indulgências, infelizmente hoje a grande maioria (como a grande maioria da multidão daquele
sermão) motivadas pelos seus desejos e razões humanos, ou da velha criatura, têm praticado a
venda de milagres, para que sua platéia se mantenha fiel. E a cada dia que passa a
concorrência aumenta, pois essa geração formada debaixo dessa teologia de versículos
bíblicos tende a ficar cada vez mais exigente, e se na igreja X eu não tenho resultado então
buscarei na igreja Y, pois lá os sinais estão mais fortes!
Que possamos voltar ao evangelho da Cruz de Cristo, que possamos entender de uma vez por
todas e praticar a verdade do nosso Senhor: “Todo aquele que quer me seguir, tome a sua
cruz, negue a si mesmo e me siga”. Vencer o reino da razão humana entendesse vencer os
hábitos da velha criatura, do velho homem. Que possamos nos humilhar, buscar o crescimento
espiritual e a estatura de varão perfeito e vivermos a verdade que Paulo diz em Rm 6:18 “E
libertos do pecado, fostes feitos servos da Justiça”.
As tradições religiosas, ou hipocrisia religiosa, como denunciado por Jesus no monte, me leva
a crer que sou suficiente naquilo que faço ou o que sou diante de Deus - Vemos no evangelho
de Mateus o constante embate entre Jesus e as seitas religiosas da época. Isso porque pela sua
auto-suficiência, se declaravam os porta-vozes de Deus para o povo, porém as suas luxúrias e
regalias os tornavam hipócritas, pois colocavam um grande fardo sobre o povo para manterem
seus padrões de vida, mas as suas práticas em nada condiziam com o que pregavam. A
hipocrisia religiosa na verdade nada mais é do que o reino da razão humana com uma nova
roupagem, agora com o aspecto de espiritual, como desenvolvido no tópico acima. Símbolos,
roupas, rituais espirituais e proféticos não fazem parte do Reino proposto por Cristo. Ele
mesmo responde à dúvida da mulher samaritana, que era a mesma dúvida de toda a nação de
Israel e aqueles que desejavam ter um relacionamento com Deus, mas que as tradições não os
permitiam: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23,24)

Finalmente, Jesus nos ensina no final do seu sermão que muito mais precioso do que o fazer é
o ser. Ele mesmo afirma aos seus apóstolos que realizariam obras como as que Ele realizou, e
maiores ainda, quando viesse o Consolador. Porém quando as obras não têm o objetivo de
glorificar a Deus, pregar o evangelho de Cristo e cumprir a Justiça, ela é vazia, e quando no
julgamento ela for passada pelo fogo queimará como palha. A justiça do evangelho da cruz de
Cristo foi resumida por ele mesmo em dois mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. E Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
(Mt 22:37,39,40)
A grande maioria das igrejas cristã de hoje tem enfatizado a prática das obras, ou seja, quanto
mais você realizar mais útil será ao Corpo e ao Reino. Os cargos e funções que devem servir ao
Corpo são distribuídos na medida em que trago resultados, não importa de que maneira eu
tenha alcançado esses. Vemos nas palavras do nosso Senhor que não foi isso que Ele afirmou.

Líderes, obreiros, membros, todos precisamos urgentemente voltar nossos olhos e ouvidos,
assim como práticas, para o sermão da montanha, e mais especificamente para as noves bem-
aventuranças. O corpo de Cristo precisa se auto-examinar, e saber se essas características
listadas por Jesus Cristo estão fazendo parte de nossas vidas, tanto dentro quanto
principalmente fora da igreja. A Igreja de Jesus Cristo (essa com I maiúsculo) está doente
espiritualmente, formando uma geração de crentes totalmente alheios ao evangelho
propriamente dito, e isso é abominável ao Deus Santo e Justo.
Uma das figuras de linguagem utilizada por Paulo em suas cartas para se referir à Igreja é o
Corpo. Não por acaso, pois assim como o corpo humano, não cabe aos pais de uma criança
determinarem o quanto ela irá crescer em um determinado período, ela irá crescer
naturalmente. Porém cabe a eles, e essa é sua responsabilidade, em dar os recursos
necessários para que ele cresça de maneira saudável, como uma boa educação, alimentação
entre outros. Da mesma forma a Igreja, o Corpo de Cristo, cresce de maneira natural, mas cabe
àqueles que estão envolvidos com esse crescimento, ou seja, aqueles que já entenderam a sua
salvação pela graça e atingiram uma determinada maturidade espiritual para servir, se o Corpo
crescerá de maneira saudável ou enferma.

Tomando, em meio a essa conclusão, as anotações de outro autor, anunciam as parábolas que
o Reino será belo e se estabelecerá sobre a terra, mas somente como antecipação provisória
da realidade celeste (Nosso Senhor designa-o como O Reino dos Céus: Mt 13); ele se
constituirá na dimensão política e social, mas é antes de tudo interior, havendo mister de
buscá-lo para descobri-lo verdadeiramente (parábolas do tesouro escondido e da pérola
preciosa); não virá com a pompa esperada pelos fariseus (Lc 17, 20), mas crescerá com
lentidão (parábola do semeador), transformando a pouco e pouco o mundo (parábola do
fermento), no qual não obstante haverá sempre maus (parábolas do joio, da rede, do homem
em núpcias sem a roupa nupcial, das virgens imprudentes etc.); sobretudo, o reino não se
estabelecerá no brandir do aço (Mt 26, 52), mas ao contrário sofrendo perseguições (Mt 5, 10-
12; Jo 12, 24-25); as riquezas não serão mais de ouro ou prata, mas interiores (Mt 5, 3); os
chefes não terão por fim dominar outrem, mas servi-los (Lc 22, 24-27; Jo 13, 15); enfim, ainda
que surgindo entre os judeus (Mt 15, 24) e impondo-se ao mundo inteiro (Mt 28, 18), o reino
não constituirá domínio mundial e temporal do povo eleito, mas ao contrário será lugar de
eleição dos pagãos convertidos, figurados nas ovelhas reencontradas (Jo 10, 16), no filho
pródigo que retorna ao lar (Lc 15), no publicano arrependido (Mt 9, 9-13; Lc 18, 14 e 19, 2) e
na conversão dos pecadores públicos (Lc 7, 39 e 23, 43); por sua vez os judeus – os primeiros a
serem chamados – excluir-se-ão a si, como indicam as parábolas dos vinhateiros homicidas (Mt
21, 33-46), das núpcias reais (Mt 22, 1-14) e do grande festim (Lc 14, 15-24).

Jesus nos confiou essa responsabilidade, através de Sua grande Comissão, para através de
nossas vidas estabelecer o Reino Dele na Terra.

Que possamos entender que somos espiritualmente pobres, afim de nos humilharmos diante
Dele e nos tornarmos cada dia mais dependentes de Deus e mortificar a nossa auto-suficiência
humana, Como Adão e Eva deixaram de fazer;

Que possamos chorar mais em arrependimento, ao invés de nos alegrarmos nas delícias que
esse mundo proporciona para o deleite da nossa carne, como fez Sansão. Que possamos
chorar mais em arrependimento pela nossa igreja, pela vida do nosso irmão, pela nossa
família, pela nossa nação, como fizeram Neemias e Daniel;

Que possamos ser mais mansos e humildes, ao invés de se utilizar da violência, seja ela física,
verbal ou até espiritual, para alcançarmos aquilo que desejamos obter conforme nosso desejo,
como fez Caim;

Que possamos ter mais fome e sede de fazer a vontade de Deus, para experimentarmos como
ela é boa, perfeita e agradável, não somente na motivação de nos fazer bem, mas que essa
felicidade plena alcance o nosso próximo, como fez o nosso próprio Senhor Jesus Cristo;

Que possamos ter misericórdia dos outros, para que possamos aprender que o perdão é a
chave para o exercício da fé dinâmica do Espiríto Santo, que nos habilita verdadeiramente a
viver as maravilhas do Reino, como Pedro aprendeu no evento da figueira sem frutos;

Que possamos ter o coração puro, porque é ele que nos faz sermos sensíveis ao mover do
Espírito Santo, para caminharmos na Sua plena vontade, como Elias aprendeu no cicio
tranqüilo no monte;

Que possamos trabalhar pela paz, porque assim seremos tratados por Ele como filhos, e
teremos nossa herança restituída, como recebeu o filho pródigo;

Que possamos ter alegria em sofrer perseguições por fazermos a vontade de Deus, porque
leve e momentânea é a tribulação, comparada ao peso de glória que está para ser revelado.
Que possamos ter essa alegria, porque ao final poderemos como Paulo declarar, combati o
bom combate, completei a carreia, guardei a fé. Minha oração é que todos os dias dessa vida
terrena essa verdade possa ser a nossa bússola, que nos conduz a viver o que Deus tem
reservado para nós.

A grande verdade desse estudo é que sim, na maioria das vezes as aplicações desse sermão se
tornam utópicas, pela lei do pecado que rege nosso corpo mortal. Mas ao mesmo tempo o
desejo de Deus para nossas vidas nesse tempo presente é que não sejamos perfeitos, mas sim
que busquemos o aperfeiçoamento todos os dias das nossas vidas. Que possamos incorporar a
verdade declarada por Paulo, de não se conformar com esse mundo, mas que sejamos
transformados pela renovação do nosso entendimento, para que experimentemos qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Que nos esforcemos a cada dia para buscarmos
essa verdade em nossas vidas cristãs dentro das igrejas. A consumação plena do Reino virá sim
quando Ele voltar para buscar a Sua Noiva, mas está em nossa responsabilidade nos
prepararmos o mais próximo desse padrão.

Referências bibliográficas

Bíblia A Mensagem – Eugene H. Peterson (Editora Vida)

Novo Testamento Interlinear Analítico – 2ª Edição – Paulo Sérgio Gomes e Odayr Olivetti
(Editora Cultura Cristã)

Dicionário de Símbolos – 2ª Edição – Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (J.O. Editora)

Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos – Ralph Gower (Editoria CPAD)

Dicionário da Bíblia de Almeida – Werner Kaschel e Rudi Zimmer (Sociedade Bíblica do Brasil)

O Novo Dicionário da Bíblia – Volume III – R.P. Sheed (Edições Vida Nova)

Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus

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