Você está na página 1de 4

Aula 01 – 03.01.

2011

Conjuntos finitos e Infinitos


Números naturais (N)

Axiomas de Peano
1) ∃ s:N →N injetora ; s(n) é chamado sucessor de N
2) Existe um único natural 1 tal que s(n) ≠ 1, ∀ n ∈ N (Ou seja, 1 não é sucessor de ninguém)
3) Seja X ⊂ N com 1 ∈ X e tal que s (X) ⊂ X, s(X) = {s(x) / x ∈X}, então vale que X = N (princípio de indução)

Método da Indução:
Temos que mostrar as seguintes propriedades
a) Uma propriedade P vale para n=1
b) Se supondo válida a propriedade P para um n∈N qualquer, provamos P para s(n), então vale P para todo
n ∈N.

Ex. Qualquer que seja n ∈ N, vale que n ≠ s(n)

Demo:

-Vale que 1≠ s(1) pelo Ax.2

-Suponha n≠ s(n)

Pelo Ax.1 s é injetora. Logo s(n) ≠ s( s(n) ). Pelo Método da indução vale que s≠ s(n) ∀ n ∈N.€

Operações:

Adição

+:NxN→N

(a,b) →a+b

Multiplicação

. : N x N →N

(a,b) → a.b

Def. Vale que

a) m + 1 = s(m)
b) m + s(n) = s (m + n)
c) m.1= m
d) m(n+1)=m.n + m

Prova-se a existência e unicidade da adição e da multiplicação.

(Curso de análise vol.1)


Propriedade das Operações

a) Associativa
(m+n )+ q = m + (n+q)

(m.n).q=m(nq)

b) Comutativa
m+n = n+m
mn = nm

Demo: Usando indução e as definições das operações prova-se essas propriedades.€

Ordem
Def: a<b se existe p∈ N tal que a+p = b.

[b >a ⇔ a+p = b]

a ≤ b se a=b ou a < b

Propriedades

a) m<n e n<p ⇒ m<p


b) dados a,b ∈ N vale apenas uma das afirmações:
i) a=b
ii) a<b
iii) b<a

Princípio da Boa-Ordem
Teorema: Dado A ⊂ N, A≠ ∅, existe n0 ∈ A tal que n0 ≤ n, ∀ n ∈ A.

Demo: Considere os dois casos.

Caso 1: Se 1∈ A, tome n0=1.

Caso 2: Se 1∉A.

Definimos In = {p ∈ N / p≤n}, consideremos X = { n∈ N | In ⊂ N - A}

⦁ X ≠∅ pois 1 ∉A. I1={1} de onde temos 1 ∈ X

⦁ X ≠ N pois A ≠ ∅ (X fica limitado pelo elemento de A)

Ax.3 { 1∈ X e s(X) ⊂ X} ⇒ X = N. Assim, enunciando Ax3. pela negação, obtemos X ≠ N ⇒ 1 ∉ X ou s(X) ⊄ X

No caso estudado, 1 ∉ A e portanto 1 ∈ X. Devemos então ter s(X) ⊄ X. Logo ∃ n ∈ X tal que s(n) ∉X

Daí In ⊂ N – A

n0 = s(n) ∈ A

n0 é o menor elemento de A █
Conjuntos Finitos
Def: X é um conjunto finito se existe f:In→X bijetora para algum n ∈ N.
Podemos escrever x1=f(1), … ,xn=f(n), X= {n1,…,nn}.
OBS: o conjunto vazio, ∅, é definido como finito.

Teorema1: Não existe bijeção entre um conjunto finito e uma parte própria.

X finito e Y ⊊ X ⇒ ∄ f: X→Y bijetora

Demo: Análise Real (Elon)

Corolário 1: Se f: Im→X e g:In→X são bijeções então m=n

-1
Demo: g o f: Im →In é bijeção. Pelo teorema 1 segue que In não é parte própria de Im. Logo m ≤ n.
Analogamente f-1 o g : In→Im é bijeção e portanto n≤m. conclusão m = n █

Obs: Se f: Im→X é bijeção dizemos que X tem m elementos (cardinalidade m)

Corolário2: Seja X conjunto finito e f:X→X, então f é injetora se, e somente se, f é sobrejetora.

Teorema2: Todo subconjunto de um conjunto finito é finito.

Lema1: Se existe f:X→Y bijetora, a ∈X e b ∈ Y então existe g:X→Y bijetora tal que g(a) = b.

Demo: Seja b=f(a). Como f é sobrejetora existe a´ ∈ X tal que f( a’)=b

Tome g: X→Y tal que:


g(a) = b
g(a´)=b´
g(x)=f(x) para todo x ∈ X tal que x≠a e x≠a´

é fácil ver que g é bijeção tal que g(a)=b. █

Lema 2: Se X é um conjunto finito e a∈ X, então X-{a} é finito.

Demo: Seja f:Im→X bijeção.

Pelo Lema 1, existe f:Im→X bijeção tal que f(n)=a

Se n=1, então X-{a} = ∅ é finito

Se n≠1 então f |In-1 : In-1 →X-{a} é bijeção

Logo X-{a} tem n-1 elementos. €

Demo (Teorema 2):

⦁Faremos indução no número n de elementos de X


⦁Se n=1, os subconjuntos possíveis são X e ∅, ambos finitos.

Suponha o teorema 2 verdadeiro para X com n elementos. Se X tem n+1 elementos, analisemos Y⊂X:

⦁Caso 1: Y=X. Y é obviamente finito

⦁Caso 2: Y⊊X :
Existe a ∈X tal que a ∉ Y. Logo, Y ⊆X-{a}

Pelo lema 2, X-{a} tem n elementos

Pela hipótese de indução Y é finito.█

Corolário1-

a) Se f:X→Y é injetora e Y é finito então X é finito

b)Se f:X→Y é sobrejetora e X é finito então Y é finito

Def: Dizemos que X⊂N é limitado se existe p∈N tal que x≤p para todo x∈X

Corolário2: X⊂N é finito se, e somente se, X é limitado

Conjuntos Infinitos
Def: X é infinito se X não é finito, isto é, ∀ n ∈ N, não existe f:In→X bijeção.

Ex: N é infinito

Como N é ilimitado, pelo corolário 2, N é infinito.

2N={n | n é par} é infinito

Teorema 3: X é infinito ⇒ ∃f: N→X injetora.

Demo: Para A⊂X, A≠∅

Denotemos por xA um elemento de A arbitrariamente escolhido

Definimos f indutivamente:

f(1)=xX

Suponha f definida em 1,2,…,n

Tome An = X-{f(1), f(2), …, f(n)}

Defina f(n+1) = XAn

Afirmação: f assim definida é injetora.

Sejam m,n ∈ N, com m<n. Então f(m) ∈{f(1), … ,f(n-1)}, enquanto f(n) ∈ X – {f(1) , …, f(n-1)}. Logo f(m) ≠ f(n).█

Corolário: Um conjunto X é infinito se, e somente se, ∃ f: X→Y bijetora com Y⊊X

Demo: (⇒)Seja X infinito, Então pelo Teo3 existe f: N→X injetora. Escreva xn=f(n), ∀ n ∈ N.

Considere Y = X-{x}

Defina : X→Y por (xn)=xn+1 na imagem de f e (x) = x se x ∉ { x1,x2 … , xn,…}

É fácil ver que é bijetora e Y⊊X

(⇐) Considere o Teorema1: Se X é conjunto finito não existe bijeção entre X e Y⊊X. A Negação do Teo1 mostra que X é infinito.

(∃ : X→Y com Y ⊊ X )

Você também pode gostar