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L.A onlem do discurso, 1999 Mictel Foocault 2 Sete ligdes sobre 0 ser, *2000 Taoques Maritain 3. Arissteles no séeulo XX Enrico Bert 4. As ragbes de Ariasteles Enrico Berti S. 0 que 6.4 filosofia antiga? howe Hadot 6. Aristételes o logos Barbera Cassin 7. A metéfora viva Paul Ricoeur 8. Transformacao da filosofia Filosofia analitica, Semistica, Hermentuticn Kasl-Otto Apel 9. Transformagio da filesofa I ‘A priori da comunidade de comunicaglo Karl-Oo Apel 10.0 oficio do filésofo esdico Rachel Gazolla 11.0 saber dos amtigos —Teoria para os tempos aruais Giovanni Reale Paul Ricoeur A METAFORA VIVA Trad: Diow Dawn Maceo Titulo original: La Métaphore vive © Editions du Seu, Paris, 1975, ISBN: 2-02-002749, 1" publication) Revisio Cristina Pros de Bras Sonia Alexandre Renate Rocka Casas Consuttores Cari Arh Rien ds Nosinento Havin de Campo Pes Olin ie Sancta PRladelpho Meneses Vie Cth Machine Diagracacio Adonir Pena aides Loyola Ru 1892 n° S47 ~ Ipiranga (04216.000 Sto Palo, SP Caixa Postal 42.355 — 01208970 Sio Paulo, SP (ort) os1992 Fase (0811) 61684075, Home paige e verdas:wweloyola.com.br ‘emul: fopols@ibm net rose Anite reserva, Neamt parte desta obra ode so pri raw or qualquer forma fo quasguer eis (erin 0% mec, into Joep grncho} argv em qualquer stone fw banc de das som pervs st: da Ear ISHN: aB-1B 019804 © EDIGOES LOYOLA, Sio Pavlo, Bras, 2000 Sumario Preficio 1 3 5 6 Eso | Entre retorica ¢ poética: Arist6teles © desdobramento da retirion da postica (0 nicleo cornu ptica ca erica: “a epifora do tome” ‘Um enigma: metdfora ¢ comparago (eiken) © lugar “retSrica” da és 0 lugar “postico” da fis Esrwwo Tt (O declinio da ret6rica:a tropotogia (0 *medelo” retérico da tropologia FFontanier,o primado da iin eda palavra “Tropa figura Metonimia, sinédogue, metafora A familia da metifora ‘Metaforaforgads e metéfora de invensio ” 24 2 50 * 83 87 93 102 Esrepo IIL A metafora ea semantica do discurso 1. O debate entre semintca eseoni6ica. 2, Semantica eretérica da metifors 3. Gramatiea iggicae semantic. 4. Critica litera e seria Esrwvo IV A metéfora ea semantica da palavra 1. Monismo do signoe primado da paavra 2. Logica elingtistic da denominaso 3. Ametafora como “mudanga de sentido” 44 Ametaforae os postulados saussurianos 5.0 jogo do sentido: entre a fase e a palavra Estwvo V Ametafora ea nova retorica I. Desvio e graureirico zero. 2.0 espago da figura 3. Desvio e redugio de desvio : 440 Fancionamenta das figuras: a anaie “semica Esren0 Vt O trabalho da semethanca 1. Substnuig e semedbanga 2.0 onesie “icdnico” da metatora 5.0 process feito semelbaniga 4. Defesa da semelhanga, ~ 108 13 1a 157 163 m2 188 195 24 m 21 243 261 288 293 296 5. Psicolingistica da metifora 6 cone imagem Esrepo Vit Metifora e referéncia 1. Os postulados da referéncia. 2. Argumentagdo conta a referéneia 3. Uma teora da denotagdo generalizada 4 Modelo e metifora 5. Por um conceito de “verdade metaiica™ Espo Vit Metéfora e discurso filoséfico | A metstorae a equivocidade do ser: Aristéeles. 2A metafora © a “analogia ents": 4 onto-tlOgi8 son 3. Meta-férica e metafisica 4.4 Imtersccydo das esferas de discurso 5. Explicitacio ontologica do postulado da referencia A.ores citados 307 SIT 331 339 349 376 416 a2 433 485 Prefacio 5 esron0s QU 56 SEGUEM sho moves de um seminstio| realizado na Universidade de Toronto no outono de 1971.50 ‘os auspicios do Departamento de Literatura Comparada. Nessesen- ido, devo manifestar meus vives apradecimentas uo professor Cymus Hamil, mew anfiido em Toronto. Estas investigagces cont ram a progredit durante os cursos dados posteriormente na Univer- sidade de Lovvsi, depois na Universidade de Pari-X, no ambito de meu Seminario de investigasdes fenomenolégicas, © enfim na Universidade de Chicago, na edtedns John Nuveen. Cada um destesestudos desenvalve um ponte de vista deter nade consitui um todo, Ao mesmo tempo, cada um & 0 segmento <4e um dniea tinerério que tem inicio com a eric cissica, pas pela semioticae pela semnrica, para alcangar finalmente a herme- néutica, A passagem de uma disciplina a out segue a das enti Brmehp Dass aloe emp, Maar ren peices nad Cesta ear a dela ‘io popes Um moo apopra crespnie see etapa ee a Ned do Drips sapien be no dy orn 0 define 809 et esas ren aie Ens sotreuds © gar ea oo peo os Tien at prs ot ena oe ess uma fa eno tho pcs neva crcnds les st rca ree ig oma es OSes eee ane eas ls Meno. 5 crm es fest cea ee om pone Eanespne mp de cs pact”) A spc pul" io evga se err, sla antes de eeu ln ‘Sete raced suegense sen se cx Araceae oe ‘Ve sou iene Emo a dig cep ea 21928 Se Ya [seis 22.24 Ariel ao un nosis We eo sk HG de ete pr pe a de doe dence ae econ dt gto de Seo “eore ne” qe def eH ha ean. A Merson Vi sido possivel empregar (se 20 menos ela existe cla € sempre ‘luplamenteestranba, por emprésimo de uma palavra presente © por substtugio de uma palavza ausent, Estas dus significagdes, fembora distintas, parecem constantemente associadas na teoria retirica © no proprio Aristtees; asim, os excmplos de desloca- incnto de sentido so freqientemente ralados como exemplos de Substituigio: Homero diz de Ulisses que ele praticou “rnilhares de belas foganhas” em vex de (ani) “muitas” (1457 b 12) da mesma manta, a taga esté pare Dionivo come o escudo esté para Ares, pode'se empregar © quarto termo “em vec" (anti) do Segundo e reciprovemente (1437 b 18). Aristtteles quer dizer que ‘oempréstimo de uma palavra metaférica presente & sempre ecom- panhado pela substiuigao de uma polavra nfirmetaférica ausente? Se sim, o desvio sempre seria uma substituigdo e a metafora seria uma variagho livre & dsposicio do poeta®. [A ida de subsituigSo parece solidamenteassoviada & de em préstimo, max no deriva dela necessariamente, na medida em que ‘comport excegses, Em dado momento Arist6eles evoca 0 e380 fem que nio existe palavra corrente substiuivel & palavra meta ‘lca: assim, « exprestdo “semeando una luz Giving” pode ser ane Tisada segundo as regras da metdfora proporcional (B es para A. ‘como D esté para C) 0 que a sol faz est para a luz como 0 semear std para a semente; mis o termo B aio tem nome (ao menos fem grego. pois em portugues pode-se dizer dardejar). Arisiceles designs aqui uma das fungoes da metéfora, que & preencher uma Ti Sone wren da wnat em Ariat of 1658 6 36 kts quam sea sen oun eern esas puna €o fen Veen ne peste epic ona thomen) no esos woes oer [jure eve seglse 9 vet de bla npuece so 8 perm. metas TEasat 16h shee Une 2, met a, 2) meta i. 26). |x tutniaign fnctns no dis ston da tava cen pala aa ea {pore crete: “Out n palavn enrages, neers ecu xls de teres ion verses ude vorlae sosras or eas de> (ht i381) A ta epee ea conapade beset aor ds eo nme por metfoe de gere “ano” 36 Exo arn roo: Arms lacuna semfntica; na radio posterior, etsa fungo seré acrescen- {ada a de omamento. Se Aristoteles no se detém aqui, 6 porque «2 auséncia de palavra para um dos termos da analogia nfo impede © funcionamento ds propria analog, unicamente 0 que The inte essa aqui & qual esta excegio teria podido fazer objego: “Em certo nimero de casos de analogia ndo existe nome, mas no se ‘einard de exprimir do mesmo modo a relaglo” (1457 b 25-26) ‘Ao menos podemos preservar esta excegao em vista de uma eetica rmodema da iia de substuigto, Em conclusio, a idsia aristotlice de alors wade @ aprox mar ts ideias distin: aida de desvio em relagdo a0 us0 ordi fio, a idéia de empréstimo a um dominio de origem, ¢ a de subs ‘uigdo em relaglo a uma palavra comum ausente mas disponivel, Em contraparida, « oposigao familiar & wadicie pesteior entre sentido figurado © sentido préprio no parece af implicada, Ea ‘défa de subsituigho que parece 2 mais prenhe de conseqiéncias, pois se, com efeito, 0 temo metaérico € um tenmo substiuto, informasio forecida pela metsfore é nula, 0 termo ausente podea do ser restiuido caso exista;e, se a informagio € mola, a metatora tem somente um valor omamental, decorativo, Essas dus conse- igocias de uma teoria puramente substttiva caracterizarbo 0 a tamento da metéfore na retrica classics, Sus rejeigio seguir a Fejeigdo do conceito de subsituigdo, ele mesma ligado 20 de um deslocamento que afeta 0s nomes, (Quarto trago: ao mesmo tempo que & iia de epffora preserva 4 unidade de sentido da metéfora, uo conrsrio do trago de clasii- cagdo que prevaleceré nas taxionomias posterires, uma tipologia dda metdfora € esborada na continuidade da defiicdo: « tansfe 22 anata se oc tora como tert dena | aude um pie “smo de wa ct eros denne. Os xemps burda (Fic. V2 sig de umes «de ing, do es PS ‘ge pr por © pcblen ¢ vad expense 90 cape Se anti de Rf ufos cp. 3st cox ro mindy ea plane dear UW em wie Uta, es pa 7 A Mecsas Ye FRacia, diz el, vai do género & especie, da espécie a0 género, da especie & espécie, ov $e faz segundo 2 analogia (ou proporcio). Uma enumerigio e um desmembrarento do dominio da epifors si assim esbogados, ¢ conduzrdo a retrica posterior a no deno- rminar metéforasenio uma figure aparentada& quarta espécie def rida por Arist6teles, a Unica que fax expressemente referencia & semelhanga: © quarto termo comports-se em relagio ao terceiro da mesma mancira (homoids ebkei, 1457 b 20) que o segundo em ‘elagao ao primeiro — a velhioe est para a vids como ature esté para o dia, Reservamos para mais tarde a questio de saber se & Jdéia de ume identidade ov de uma similtude ene duas relagies cesgota a de semelhanga e se « tramsferéncia do gnero a espécie ‘ete. ndo repousa também ela na semelbanca (cf. adiante Estado VI, 4). O que nos interessa para 0 momento € a relagio entre essa Classiticagio embriondria eo eoneeito de transpasigao que €ons- tit a uridade de sentido do género “metaléico™ Dos fatos devem ser notades: 0 primeira & que os polos entre ‘os quais a transposigao opera so polos kigicos. A metifora surge em uit ordem jé constttda por péneros ¢ por espécies. por um {Joo id regrado de elagbes:subordinacdo, coordenagao, propexcio- ralidade ou igualdade de relaghes. O segundo fato & que a metato- +a consiste em uma violagio dessa ordem e desse jogo: dar ao g¢- nero 0 nome da espe, a0 quarto termo da relacHo proporcional 0 nome do segundo, e eciprocamente,é simlaneamente reconhecer « wansgredr a estrutur lgica da linguagem (1457 b 6-20). O anti — evacade acioa — no indica somente a subsituigdo de ama palavra por ouia, mas o urvamento da classificaso nos casos ext {que no se tata somente de dissimular a pobseza do vocabulaio. © proprio Avistéiekes nfo exploron a iéia de uma transgressto ‘ategeril que alguns modernos aproximardo do canceito de cate- ‘goremistake em Gilbert Ryle Sem divida porque Aristreles, ‘st mais interessado, na linha de sua Podtoa, na vantagem seman sica vinculad & transferéncia dos nomes do que no custo Kégico da 75 Gib Rye, The Goney of Mind, pp. 16. 33, 7278, 152, 18,206, rs eg ETOUEA ERNIE: AnstONDEs __ ‘operaglo. O avesso do processo é, no obstante, ag men0s tho in teressamte de deserever quarto 0 dieito, Aida de transpressio ca- fegoral, se perseguids, conserva muitas supresas, Proponho ts hipétesesinterpretativas: em primeira Ingar, ola comvida a considerar em toda mevifora nio somenie a palavra ox ‘2 nome tnico, cujo sentido & deslocado, mas ¢ par de Wermos, a8 © par de relages, entre 0s quais a transposigio opera: do género a especie, da espécie ao género, da espécie 0 espécie, do segundo fermo ao quarto tenno de uma relagdo de proporcionaidade ereci= procemente. Essa observagio vai fonge: como dria os autores att glo-saxbes, so nevessirias sempre duas idias para fazer uma me- téfora, Se sempre hi algom equivoco na metafora, se se wma uma visa por outs por um tipo de erro calculado,o fendmeno €essem> cialmente discursivo. Para atingir uma Unica palasra, a metifora deve desmanchar a rede por msio de uma atibuigio aberrant, Do ‘mestno modo, iia de transgressao cateporial permite enriquecer 1 desvio que nos pareceu estar implicado np processo de transpo- sigdo.O desvio, que parecia de ordem puramente lexical esté dora ‘vant ligado a um estorvo que smeaga a clasifeagto. © que not ‘esta para pensar € a elugdo entre 0 avesso eo direito do fendmeno: entre o desvio Iigicoe a producto de sentido designada por ATi {eles como epifora Esse problema reccbers solugio satsfasis somente quando se reconhecer plenamente o caater de enunciado {de metéfora Os aspectos nominais poserdo ser ensto plenamente vinculudos &estrunua discursive (ef diame, Estudo TV, § 5). Commo se ver, 0 proprio Anstoteles convida a tomar essa via quando sproxims, na Reviriea, a metéfora da comparagao (elkin). cv caréter discusivo ¢ aparente, ‘Uma segunda tina de reflexio parece sugerida pela idéia de Uanspressio categoria, compreendida como desvio em relagio a ‘uma ordem I6gica jit constitu, como desordem na classificag, Ess ttanspressio somente inteessa porque produz sentido: como diz a RevSrica, pela metéfora 0 poeta "nos insu e nos dur co- _hecimento por meio do género” (Il, 10, 1410 b 13). A sugestio » _ A Niro Ya £1 seguinte: nfo se pode dizer que a metéfora desfaz uma ondem somente para inventar outra? que 0 exo categoria € somente 0 ‘avesso de urna ligica da descobera? A aprosimagio operada por ‘Max Black entre modelo e metafors, dio de outro modo, entre um -conceto pistemol6gicoe um conceto posto, nos permitrd explo- ‘ura fundo essa ideia que vai diretamente de encom a toda red ‘elo da metéfora a wm simples “omamento™. Caso se leve até o fim “ahr de ove yu owe ¢ see: ANTES _ two de uma identidade na diferenga de dois ermos. Besse sequesuo do genero por meio da semethanga que tora a metifora propria- ‘mente instrtva: “Porque, quando o poeta denomina a velhice um podago de colo, eke nos ensinae nos dé um contecimento (epoiese ‘mathesin kai gnesin) por nieio do género (aa tou genous)” (lL 10, 1410 b 13-14), Ora, eis agui a superioridade da metifora sobee 1 comparog ela a supera em elegincia (dutta) (voltaremos mais larde a essa “Virago” de wrbanidade, de bilhane, da metforay: "A. ccompareead & como dissemos antes, uma metfora que diferes ‘apenas pelo modo de apresentagio (protese), ela também € me nos agradvel, pois é apresentada muito longamentce,além disso, fo se limita dizer que isto ¢ aguilo, no se satisfaz com 0 que o espitito busca (cee): ora, necessariamenteo estilo eos entimemas elegantes slo o que nos fomecem rapidamente um coahecimento novo" (ibid, 1410 17-21), Desse mad, a operunidade de instru- 0, 0 estilo pare « aprendizagem, contidos no breve sfronta mento do sueito ¢ do predicado, perder-se ero uma eomparagio demasiadamente explicita que, de alguma mancira, enfraquece © priprio dinamism da comparasao na expresso do ermo de compa ‘ado. Os modemos tra todo o partide possivel dessa idea de colisdo semintica que resulta na coniroversin theory de Beardsley (cf. mais adiame, Estado Ii, § 4). Mesmo Aristteles ja pereebera que, subjacente& epfora do nome estranho, opera ama avihuigio estrangeira: “isto €) aguilo” — de que » comperasio expl somente a rar30 ao desdabré-la em comparagd expressa, ‘Tal 6, meu ver, 0 iteresse dessa aproximagto entre metitora comparagio, pois no proprio momento em que Aristétlessubor- ina a comparagdo 2 metifora cl dstingue na metifora wma atri- buigte paradox, E possivel, do mesmo meso, etomar uma suges: lo feta rapidamente © depois abundonada pela Poética: "Mas, «quando toda a composigio se far em terms tals (mesifors,palavras cas ete). resulta um enigma, o@ um barbarismo; a Tinguagem Teita de metiforas dé em enigma; a de palavras raras, em barba: a A Marcos Vi rismo, a esséncia do enigima consis em falar de coisas reais as sociando termos inconiliéveis,iss0 no € possivel com a combi ragao de palavras proprias, mas é admissivel com a metifora” (Poética, 1488 a 23-53), se texto visa antes dissociar metéfora enigma; mas o problema nio Se apresenara se eas ndo tivessem lum trago comum, esta constiuigho que a ResSrica ressata, sempre sob o ital da “vstude" da elegancia, do bilbo, da urbanidade: “A maior pare das boas palavas (tea) € feita por metéforae extra ‘de de uma iusto na qual primeirament se langou o owvinte: toma- ‘se mais evidente para ele que compreendeu quando passa 20 esta do de espa oposto 20 qual se encontrava; a alma parece entio dizer, “Sim, & 2 verdade, mas tnha-me enganado"... Bo mesmo ‘odo, também os enigmas bem disfayados slo agradaveis pela ‘mesma raz pois nos ensinam alguma coisa, ¢ t&m a forms de ‘uma metéfora” (Retrca, Tl 11, 1412 2 19-26). Eis, ands uma vez, 4 insragdo, a informaeHo ligadas a uma aproximagio de ter ros que primeiramente surpeende, depois confunde, enfim desco- bre um parentesco dissimalado sob o paradno, Mas essa proximi- dade entre o enigma ¢ a metéora no € ela toda intra fundada ma ‘denominagio estranha: “sto (€) aquilo", que a comparacio desen- volve e a0 mesmo tempo amoriee, mas que & metafora preserva pela redugho de sua expressio"¥7 O desvio que afeta 0 emprepo de homes procede do proprio desvio de atribuiglo: 0 que o prego ddenomina precisamente para-déa, isto 6 desvio em rlagdo a uma "Une Filia sonthant na base a aponiagtospei onde po “ten pao ioe, HL 1410; ests se, mes bation; com een o prove & we comparo sei ene Sas ‘Seder de cfs oDonc explo pel spe a gc eb € HG eve ur dovran colt o carponée que arse ss ea Ti ou 0 "wae soap pe ser ede do ese mania 8 rea us eed met a apeomario€ Gato mose atd ‘russ tmp st ere poral ean! eo ade. aw Cparyio epee ot inp, pers «Bisa qu € wn compares huge fo exeeds despodelereng ede Hs pra A cs pds, Tet ples anim cms ue so mesons, thaisid 92122 one arvoues roe: Anions dlécaanecion (Ml, 1, 1412 a 26) Tal ¢ a ligéo clara pra © {e6rico daguilo que, para 0 histarador, pemanese um enigma Em conclosio, a uproximaso com a comperagio poem eto mara questo da epiora. Em primeio lugar, 8 wansferéaca. como acomparsso, se fazene dos temas € um ato de dscurso antes, de ser um fato de denominagio; da eptora também se pode dizer fue ela se enuncia a partir de dois termos, Em segundo logan. 3 ‘ranseréneia repousa sobre wma semana perce que com paragdo tome expliita por meio do temo de comparagio que a faraceriza, Que a arte geal da metifora consis sempre em ume perepgio das semelkansas€ confrmado pela aproximagio com _comparago que abi inguagem a ela que, ma metafora,€ ‘Operate sem Ser enuniada. A comparago, demos ns, exibe 0 momento desemethanga, operate, mas nao temic, na metifor. © poeta, dizi Poética, € aquele que “percebe o semelhant” (Coetica, 1459 2 8), “Em filosofie tambem — acrescenta a Ret- ‘ea ~ € necesiriosaguidade pars perceber 0 semelhane mes- smo nas coisas distates: assim como Arquitas dvia que sio 0 mesmo um drt € um altar, porque o pervert enconta efaio jump a ume # ouro, do mesmo odo Se diz qe win Encore © ura tga so o mesma, pois as dua so alguna coisa de ideo, amas diferentes segundo 0 alto e o baxo” (UI. 1412 «10-18. Perceber,contempla, vero semethant. tal no poeta & caro, mas também no filoofo, 0 lance de génio da mctfora que reonird a podtica omtologia 18 Nove snd, se mera “is” ina), segundo ums denis ‘enycsds de Trocre gue Are provi dar metry “pron 0 $50 mers por ene, mas or een (14122 246.) 1. Pore Aes cq "ew carte QM 4, 16 1 20 gps 4 Pate gnc (0 cn uo dn alan etn na Po a te ter cm a conpancat 14486 Ih 5). A exo i fr as come Iie, nso que a Poca celeb" at debe weft” ws 0 ‘Poder edacemi as cmehangar (1459158) eves iar consi 2 Poatiao per “Theol abenc of in frm the Paes me I we Sede MCI. ep of 0. A Musou Yi 4.0 lugar “ret6rico” da exis ‘Uma vez estabeleci a definigio de mefora comum & Podti- ea et Retirica © 4 variante tho importante da Retirica, a tarefa principal permanece a de apreciar adiferenca de fungao gue resu- Tada diferenga de insergio a Zéxis ma Retdrica, de wm lado, © na Postica, de outro CComegaremos pela Retrica,cvjo lugar é mais fil de assine- ta no eorputaristoelico. A retérica grega, como dissemos 10 ii- cio deste estudo, tinha om alcance siogulamente mais ample © tama organizaso interna singularmente mais ariculada que @ret6- ‘ee moribunda, Arte da persuasto, visando ao dominio da palavra piblica, ela cobria os ers camnpes de argumentago, de composigio f de elocugo, A redugie do todo 3 terceira parte, e desta a uma ‘simples ttxionomi de figuras, explica sem duvida por que a rt rica perdew sua ligagdo com aldgica e com a propria filosofiae se tomou a disiplina eretica e fitil gue morrea no século passido ‘Com Aristtelesatingimos um tempo forte da retrica: ela const- ‘oi umd esters distinia da Filosofia, na medida em que a ordem do “persuasive” como tal permanece 0 objeto de uma réckne especi- fica; mas est solidament:unide &1ogica, gigas 2 corlagéo entre jo conceito de perivasio eo de verossimilhanca. Uma retérica file- séfica —~ ist 6 fandada e vigiada pela propria filosofia — € asim consituida, Nossa tarefa posterior ser mostrar por quai interme Giarios a woria revrica da metafors vinculase & tal programa cstatuto da rexrica como tétine distin ndo presenta pro- bleaas difceis,¢ Arstieles lve o euidaso de definir 0 que deno- rina vkline em um texto cissico ds Fuca! anas whi quan fo aiviades cradoras; uma ike € alguma coisa mis clevad que ‘uma rofina ou une pitca empiric e, a despeito do fata de que ela sea Goncemente 2 una produc cont elemento espeeulaivo, “I "Oh come tartare € une are senda ese en cp se rcociodn depen en ar ago eo sew agate ‘Tous epee npc Jota epi qe io Sj wa a, epee He Wine # ohoven 4 ume capecie de pedzie gue envole © 12 ron 30 saber, uma investigago terica sobre os meio aplicados 4 produ: #0; € um método,¢ este rago aproximea da cgncia mas que da Torina, A idéia de que hii uma técnica da produgio de discursos pode conduzir a um projeto taxionBmico tal com 0 que analisare~ ‘nos em um estudo posterior, tal projeto nto sera o atime esticho dda tecnicizagie do discurs0? Isso indubitive, mas, em: Aritéees, 8 autonomia da eine importa menos que seu atrelamento a outs isciplinas do discurso, antes de tude a da prova Esse arelamento ¢ sssegurado pela conexdo ene rerica © atic, desyels ea, sem divida alguns, o ago de went de Aris ‘tees porter posto no cabeco de sua obra a declaragao que dspe 1 ret6rca no dominio da I6gicae, por meio desta. de toda #flos0- fia “A retire é a replica (anuistrophos) da diaien” (1384 a 1) Ora, a dialética designa i teoria geval da argumentagio na ordem do verossimil™. Eis fo problema da retriea posto em cermas gicas; Arstcles, sabe-se, orgulha-se de ter inventado 0 argu> mento demonstrative designado silogismo. Ora, a esse argumento emonstativo comesponde 0 argumento verossimil da dialéica esignado entimoma. A reGriea é, assim, uma técnica da prova "86 as provus tém um caritertenico” (1354 a 13). E, como os enlimemss so “o cospo da prova” (ibid), (ode a retires deve ser ‘entrada no peter persuasivo que se sincula. a esse modo de prove, “Tedzane wn popes ccs erinvear em cir mans pit slpuma is ust od a ema nb seca ng thw ue Pa © ‘Rh no qt ph, Ca ssn lo esi em sm ie so tq se gum pr teu, omc as ire de er iar {patenas tm si oporeem ume)” (Bory coma VIS T1816: ‘rab Tce. aby a Detour Fam 3 Ranga, ell p. 3. Pats, El Les Ble Leis, 1932 [0d bs Bea a Ncinac Se ak. NO Ctl, 96h, "SL Nie set demaind rsa a ininuiio —"s pra peti’ Jcgies Bratch em ss "Intnsion” sor Toot de Arnis — gu 0. Ire aless ptr as msde Pao de Ate. Cons sora sinc ew Pt ela ro mals sei ea Sa ugwneagio em Aer {et Pare Aubengue Le prbline de re ches Arie pp. 281 268M Gao “Logie epomertane choi den pioente che APSO", Manges A Meriva Ya ‘Uma retires que se aplcasse unicamente 40s procedimentos suse ivels de ag sobre as pnts do juiz air ao lado do tema: ela no daria conta de provas técnica, justamente as que tomam a tema “apto ao entimema” (I, 1, 1354 b 21); e, wm pouco mais adiante: “is90 na medida em que, evidentemente, © método proprio 4. Wonica no repousasendo sobre provas, € que a prova é um certo iénero de demonsragéo.. que a demonstacao retdrica é 0 enti ema... que oenlimem ¢ um silogismo de ume ceria especie ee” (11, 1355 23.5), Isto nio quer dizer que a re6tiea alo se distinga de mentum modo da dilétiea. Ela se the assemelha, & cero, por varios raga, insereve-se em verdades de opinito aceitas pela maioria", mio de ‘mands nenhum competéncia; qualquer um & capaz de diseutir um angumento, acusar e defender se. Mas difere dela por outros trgos. [Em primeiro lugar fetéria apica-se a situagdes concretas: a de- Tiberagdo de uma asserableia politica, o julgemento de um wibunal, 0 exereicio publica do Touvor eda censura; esses Us tipos de si- ‘ago de dscurso definem os trés generos da retéies:delberati- vo, jicirio e epidictico, Se retGtica anterior privilegiara 0 se- ‘gundo, porque 08 meios de influenciaco juz so af sparentes, uma ‘etorca apoivla sobre arte da prova estaréatenta toda stuacio fem que se deva recorrer a um juiz0 thsi, I 1, 1354 B 5). Donde 0 segundo ago: 2 ate volta-se pata juios sobee as coisas singulres, Oh dadone da Rei (1, LSS 9 17 io des pratt» Tico 10 1Otak na ees dda spo wb fra ieagave em ila nda es or nds os Bens. Ou Por ae Fk, 08 POL Shue ge eee a apni estan, e por ees sos pa to 8 pr gas ten bu goles falcons, excel os prado, fs mad prin dr ccd, term ns canes ac cman (ge eo condi plo ma” (ra. Bucci Ea. Les Balle Ue, ‘Sr Os tno die ses 99 pg 4 do” ut cost a Ecwrbo Ade Ocha op ps XI. Bite cater da res a fence ent o agime domomsive, cs press oo nese vec {hose ion alec pemus oeliwote prota (Bi. XXIV} «gh ep, por oto a, penis “pretenses endoea"s ae ‘oman ovis materalent sce 3 tees eof Anon tem disso, areterica no pode ser esgotads em uma discipina puramente argumentativa, pois ests voltada pars © ouvine, © nio pode, porta, deixar de Considerar © caater do falante€ a dispo- ‘ig da augigncia em poueas palavras, la permanece na dimensio intersubjtivae dialogal do uso pablico do discurso, donde resulta que a consider das emogbes, das paixses, dos habitos © das crencas continua a ser da competéncis da weiGrica, mesmo que ele ‘eo deva suplanar a prioridade do argumento verosstnal, pois © largumento propriamente retiico dé conta ao mesmo tempo do ‘rau de verossimilhanga relativo & matéia ciscutda & do valor persuasivo relativo & qualidade do falane € do ouvinte. Esse trago conciz por si mesmo 20 stimer a retérica no pode ‘omnarse uma tenia vazia € formal em raz de sua ligac3o com ‘0 contedidos das opinises mais provives, isto & admits ov apro- vvades pela maions; ora, essa ligagio da retérica com os contevdos ‘no-criticados arsca-se a fazer da resrica uma espécie de ciéncis popular. Ao ve ligar as ideias admitidas a retérica envolve-se numa seqiéncia dxpersa de “lugares” de axpamentagio que constituern para 0 orador um conjunto de recitas que © pem 20 abrigo das surpresis do combate da palavra**, ssa colusio da rtérica com TT age nm ana in tee re Shot akc pate eae elon denis Cwatentummamar ete sureg re auemisren oma mentee awa sm uwea ewer ia en one ar econ ener an cets ceretrnarocat shinai css etpemee nee te wou oem ie morta hao SOS ors actent aan eae Seneca gone saebaeet _ A Meron Vn __ 1 A6pica foi, sem duvida alguma, uma das eausas de sua monte, “Tulvez a retricatenha sido morta, finalmente, por um excesso de formalism no século XIX, mas o paradoxo é que ela jt estava ‘condenada por seu excesso de conteddo; & desse modo que 0 Livro Ida Retorica wbanda em psicologia que Kant denominou “popu lar", em moral “popular”. em politica "popular, e esta tendéncia dda retdrica de idemtficarse a uma subciéncia do homem levanta tua grave questfo que pode fefletirsc na prépria metéfora, pois 4 soldariedade entre rerica e a tpica — e, por meio dela, a conivencia entre @ reérica € uma subcigneia do homem ~~ a0 implica que o gosto de falar por paraboles, comparagées, prover bios, metiforas deriva desse mesmo compleso de retiica 1 cea? Seni necessiio guarlar a presente questo no esprit. Mas, ‘antes de anunciar a morte da erica esa alianga assegurathe um ‘conteido cultural. A retbrica no se produz em um vazio de saber ‘mas em uma plenitude de opinido. E, portant, tambézn do tesouro da sabedoria poplar que se extrem metitoras e proverbios — a0 ‘menos aqueles que Sio metéforase provérbos “recebidos” Estar serve € importante: pois € esta ipologia do dscurso que di a0 tra- tamento retorio de leis da metifora um puno de fundo ¢ vest so diferentes dos da Podtica. ‘Todos esses tagos dstintivos refletem-se na definigdo aisto~ ttlica de retdrca: “Faculdade de descobrirespeculativamente 0 que, em eada cus, pode ser proprio para persuadie” (1385 b 25-26 © 1356 a 19-20). E ume discipline teoréic, mas de tina inter: ‘minado, medida pel citrio(nowto) do pthanon, isso 6, do “per- swasivo enquanto tal", Este adjeGvo substantive continua fel 8 intengio primitiva da reérica que €a de persuadi, mes exprime 0 deslocamento para uma técnica da prova: em relago a iso, opa- rentesco (que semintia francesa no pode martes) entre pithanon € pistes € muito insrutive: em grego, a expressio as “provas” (isteis, 20 plural) marca a proridads do argument objetivo sobre o alcance intesubjetivo da arefa de persuadit E, contudo, angie inicial de persuasio mio abolia,¢ simplecmenteretifiead pat ctlarmente 2 orientagio do argumento para o ovvitt, testemanha Exo sen os Ans, de que qualquer discurso € dirigido @ alguém, ¢a aderéneia da at _gomentgio os conteidos da tdpica que impeder que "o persuasi- 0 enquant tl” se resolva em uma lOgica do provivel, A retoica contnuari a ser, poranco, quando muito, “a anisrote” da daletica, mas no se diswolverd a, possivel agora esbosar uma teria propriamene retiriea da lexis e, por conseqigneia, da metifora, na medida em que esta ¢ lum de seus procedimentos. Digamos, antes de mais nada, que a fungioreiricae a Fangio poctica da metafora nao coincidem: "Una coisa ¢ a lésts da prose (Ariswieles diz do fdgos, oposto, neste contexto, potest), outa ada poesia” (Il, 1, 1404 a 28), Infelizmemte, noma Aristétles, teora da Féis poctica€ mais avangada que do dscurso pablica™ Imports, porto, preencher esse atraso, se mio essa lacuna, A tres no € facil} dissemos acima que a argumentagdo, a elocugdo € «4 composigdo eram a és partes da recériea, Mas se a retérica no se idemtfica de modo algam com a weoria da elocagé que & apenas un parte, pode-sepergunta se ela ndo rem uma relacéo privilege com a “descobert (euréis) dos aggumentos pelo orador, ist €, com primeira parte. Nao se disse que tudo o que no concerne & prova Petmanece exterior ou acesssrio (I, 1, 1354 b 17)? O Livro Indo ‘confirma exteprivikgio ao dizer que “as dsicas armas com as quis justo lua Sio os Fatos, de modo que tudo © que nio < demo tragio € supéifiuo (ll, 1, L404 a 5.7)? Seria, parece, em razio sy Ee Aes Dean nd ert ies ns erg. Cat Wir, 146 ctl ase dope ee re poss fers ‘enominat» Retorka Seb Yo Pres pp He) Sam eguse 4 e- {niga Porc 1480 13.5, que ens is on 3c nl ensue, 1 Ding gue ab conte da Retr» lr wade» paar ei lerarke Rasps (30) em, cod edie a aa ers ds ners 6 esto (heats 0 peer) uae rag hele ceed e tgtca ea A ni cam es tral eon pa: de ft, ples so ages 8 ogo ets on ms Sete, «tor € ma spore bia” Rese, Toes 202. _. A Maras Vi somente da “perversio de oavinte™ (I, 1, 1404 a 8) que se deveria demorar nests consideragées exteriors Que a ligagio entre a weoria da leis o restante do Tratado centrado na argumentacdo seja frigil no & contestado por nine vem, No se pode, contudo, confundir o que sb pode ser uy ac dente de composigdo do tratado de Aristeles com uma aaséne Ge ligasio ldgica entre pistes e xis, “mo basta estar ma posse dos Anjumentos a serem produzidos, € necessério ainda apresemi-los Gomo se deve. isto contibui muito para que o diveuso pareya ter teste ou aquele carter” (HI, 1, 1403 15-18), a ligagao entre este ‘aparecer do discursoe o proprio discurso que € necessério por em ‘questio aqui, pois ele contém em germe o destino mesmo da idéia Ge figura (ef, adiante, Esudo V. § 2). 0 “eamo” do discurso di tingue-se do “que”. Retomando mais & frente a mesa distingéo, ‘Aistteles ope a crdenagio pela Iéis is “coisas mesmas” prag- ‘mata) (I, 1, 1403 6 19-20). Ora, esse apurecer ndo é exterior a0 Aiscurso, como o @ a simples pronunciatio e acto (rypokrisis. I, 1, 1403 b 21-35) Cdelivery", segundo a tradueto de Cope ad foc “action, segundo Dufout-Warelle), que concerne somente a0 uso gray abuixo, Com esta eserva, pode-se dizer que é "0 mésito prin~ cipal do discuso fetrico” dar um ar “estranho” 20 diseurso, dis: simulando todo o seu procedimento. O estilo retérico combinara, ‘ortanto, na devida proporgio,clareza, concordancia ear estan. Para esse a “estranho” assim posto em oposigdo exigéncia de clareza, contribu 0 jogo da distancia © do parentesco a0 qual “Cape, i nyt Arte Retr, sea 50 gto spas camo soa de Aries sean om eae ‘on route sean (p29) © fe ali, met vez ep, pot ‘Sample, pel es siitde ci) ou pels colawagos ge ie ince prciprinm eur eer devisees ls com a eae teore xquems” dui hrm, elo swrdeaaoe periscoI. 8e 8 “WO web gue deg devlo = enon eat tay nas sere 214060, “Dea plats Se sce ene comer I, 2,19 150 pare akan aor po Seidade ue se dei ce content’, Ew ‘kl snment um so ean € apse #0 am dome to de ‘no ta st) 2, 183) os somesient pepo) (2.148 30. vag eer pee: Amormas fzermos alusio aptetiormente por ocasdo das relagdes de gnero na transposigso metaérieae. portato, ambém o carter de enigma sous meciforas (IL, 2, 1405 b 3-59”. A segunda viru 6 natadanegativamente"!:« Retrica, 13, 1 sao tratar da “Yeieza” no estilo, considera, entre suas causas, 0 Us0 ‘nadequado crdiculo de metéforss posicasem press; 0 estilo mobre « trgico, as metifors distatese, portamo, ebscuras (coma quando Gorgias fala de acontecimentos "muito frescos esangrentos" HH, 3, 1406 b 9), poisem prosa no se deve ser "demasiado poetico” ibid). Qual é, postante, o exitévio? Avstteles no hesta “Tada estas ex- Presses sho improprias para persuaso™ (apithana, 1406 b 14) ‘A virtue da “conveninci ou da “propriedade” (I. 7) ferece ‘uma nova ocasido para ressalur a diferenca ene prosi e poesia. Deve-se notar que Arissteles denomina “proporsia” (6 analogon) ‘o carter de exile de “convir” an seu tema O que coovém a prost ‘lo € 0 que convém poesia, pos “esta ¢ inspirada(entheon)” (Il 7, 1408 b 18) ‘Mas &a reflesio sobre 2 eleginciae a vivacidade de expressio (it: © esilo “urbana” —dseion — opost a falar popular) (UT, 10) que df casio a interessantes observagses sobre 0 uso retsrico da rmetifora! E, em primeito lugar, €a ele que Aristteles vincula 50 E as Weel sp rad“ 0 pe Fi i ness 1 Segui ds "els que deer er x plea eer de oe pal de ‘ede nor sano an cin pido msm sania 3 fest Ua, 2, 14057) E mie abana ctr deer ser devia" clas (pe a else pla som cu pel signals pl vist 9 por sou fen (1408 b 7-18) Puce qe fro de ager cond egos ‘ndreeanente, pola lrblers ete graced tesn, ra elogifoan evoass ana ‘Si-Pas Cope eta ae sb a carecs de el a A se oe fot der ecelencin eset ae sero“ Sts taco 288290), ‘2.0 meine afaneto — evar 6 que fs dena pti — € ph soa msde aie eva fn defence pl sano ( aor na235 ‘SO cones Cope ctr ita. inp 31623) 39 A Mii Ye suas consideragdes sobre o valor instrutvo da metfora. Esta virtude fefere-se, com eftto, ao prazer de aprender que procede do efeito fe surpresa. Ora, €fungto da metifors instruc por uma aproximacd0 repentina entre coisas que parecem distantes: “Aprenderfecilmente natralmenie agradivel a txdos 0s homens, ¢ por outro Tado as pl lavras tm uma signifieagie determinads, de modo que todas as palavtas que nos permite instruira nés mesos ste muito agra ‘eis Se 08 glastemas sho desconhecidos pars nbs, conhecesos as palavras usuais: mas €sohretudo a metéfora que produz o efeitoin- ‘icado, ois, uando o poeta denomina a velhice um fo de como, ‘le nos instru e nos da wn cookecimento por meio do género, pois lum ¢ outro so desflorides” (Retovica. IM, 10, 1410 b I-13). Asm disso, é essa mesma virude de elegincia que ArisGtelesatribui 1 seperiordade da metifora sobre a comparagio: mais sintética e mais breve que a comparagio, a metifora supteende © dé uma fnsirugto ripida, © € nessa estragia que a surpress, arescids a dissimolagio, desempenda um papel devisiv. ‘A-esse mesmo trago Aristveles vincula uma earacterstica da Imetéfore que ainda ado aparecera ¢ que & primeira vista parece algo um pouco discordante. A metéfora, diz; "Far imagem (lit poe sob os othos]” CH, 10, 1410 b 33); dito de outra manera, ela ‘dé A captacio do género a coloragio concreia que os moernos ‘denominaro estilo imagétic, estilo figurado.Aristéwes,¢ verdade, no emprega de neshur modo a patra eon, no sentido exn que ‘a partir de Charles Sanders Peirce falamos do aspecto icdnico da rmetafors, Mas aidéia de que 2 metifora descreve © absirato sob os tragos do conereto ji esté 1d. Como Aristételes vincula esse poder {de "pdr sob 0$ olhos”& palavra? Por intermedio da carcterisia de toda metéfora, que & mostar, “farce ver" Ora, esse tage nos Tanga no eoragio do problema da leis, cuja funcio, jf disemos, era a de “fazer aparece” 0 discurso, “P8r soh 0s olhos” nBo €, nese caso. uma Fungo aestsria da metdfora, mas, antes, proprio da Heura. A mesma metéfora pode assim comportar © momento Iépico da pro porcionalidade ¢.9 momento sensivel da figurabilidade. ArisGtles ‘posta de aproximar esses dois momentos que parevem, & primeira wo _ yong abvomca rwtie Aston vista, conustar: "Nas dissemas que as boas palavras so extraidas seria meditate so expt dos que entender gts” 5) 0 sen espiital, sentido devia ov Fado dem conunto de pala, € ale gue © sentido eral faz nascer 9 expinto pelos crunstincas do disuro, pelo tom da vor ou pela Tiago {ke ideias express om st que n80 0 S80" (op. 58-59) ‘Que ora da para condra fnalment, era da props «806 para ns daar porn. Com efit, ei dos pos Teqularse-fnameate el paler nao plo propos, ¢@noG80 4 sentido topologic 6 imedistente apo & de eto ral tas ores express de que se trala do sentido eral de uma lava toma isoladamente: “O sentido eral que die espeto 8 tiene pave €o piv, natural pp, ou derivado, st 6 © estan a aroau 4 orca & necessiio dizélo, © topoligico” (p. 57). A pespria nosso de ‘ura € inuodzid no mesmo decinio, nfo jf como o género de que © tropo seria a especie, mas como uma das duas mancinas elas ‘ais 0 ropo tem lugar: "Por esctha por figura” opde-se a" por ne cessdade © por exensio” (ibid.) Neste segundo caso, © do sentido ‘wopoligico extensiva, trata-se de “suprir a palavra que falta lingua para cert ida” (ibid), no primeir, 0 do sentido Wopoldgico figu- ado, trata se de "apresentar as dias sob imagens mais vivas © mais impressionantes que seus signos propos” (hid. Assim, o rein da palavra, que uma teria ds proposgio teria po- ido equiibra,€ refimmado até na distingso ene sent literal € sentido esprital, no preprio momento em que a nogdo de sentido pa recia ser assumida mais pela frase em seu conjunto que pela plevrs, A distingo entre topos de uma nica palavea, ow topos pro Driamente dios. ¢ topos de varias palaveas, seri feita na mesma base, E, no obstante, a propria distingdo enire a letra © 0 esptito parece dever aceatar 0 outro plo setido espiitual nao é sempre, em algum grau, sentido “de um conjunto de palavras”c, por conse enc. ligado topos em virias palovras? E nao é“pelascicuns- tincias do discurso, pelo tom da. vor ov pela ligagdo de idias &x- ‘pressas com as que nfo 0 sfo” — ist € por tragos que dizem res peito ao pensamento no nivel da proposigao — que 0 sentido ral fax nascer o sentido espiitual em nosso espirta? E a prépria expressio sentido espirtual nio recorda que & “0 espirite que © forma”? Ora, 0 ao interior, em nosso espirito, alo € 0 juz0? ‘Vé-se, 0 primado da palawranéo elimina inteiromente a rga- izagio bipolar do pensamento © de sua expressfo, Mas a ideia resubelece o reino da palsvra toda vez que os exemplos parecem or 0 discurso acima da palavra 3. Tropo e figura ‘Toda a teors dos tropos e das figuras estabelece-se sobre esse primado da palavr, a0 mesmo tempo em que ape constantemente = A Merion Yi ‘um retor polaridade da idsia © do juzo refers na da pa Tavra da frase que, por si S6, apresenta um "sentido completo © acabado” (p. 53) Poder parecer, contudo, que aenfidade posta como fundamen- to da tae taxiondimica nfo € trope, de que se comesou a perce ber a dependéncia em relago & palavra, sas figura, que faz ini ferentemente referencia dpalavra, 20 enunciado e wo discurso. Para Gérard Genetc, em sua notivel Introduction ao watado de Fonts rier. 0 interesse principal da oba reside ma reunito de topos © de ‘o-ttopos sob a nogdo de figura. A escotha desta onidade pert ‘ente, que nio & nem a palavra nem o enunciado, exprimiria urna posigio intermediéria entre a de Aristteles, que abraga ainda a totalidade do campo retérico (imvencio, disposisio, elocugio) ¢ 0 de Dumarsais, que vincula 2 retGrica 2 gramtica « cuja fungao & “jazer entender a verdadcra significagBo das palavras © em quais semtidos sto empregadas no discurso”(eitado por Genet, p. 8). A tmidade tipica para Fontanier nao serene o dscurso nem paavra, “unidade ris gramatical que revériea”, observa Genet (ibd). A piso intermedidrs de Fontanierserd bem express pela mani Somente as figuras, mas todas as figuras” ib). vantagem desta terceira posigio ¢ estabelecer a retdrice sobre urna entidade susce- Livel de sustentar & ambiggo de enurneragao completa e de classifi ‘eagdo sistemstica que faz da obea de Fontanier oma “obra-pritna de inteligénciatexionSemica” (di. p. 13) A figura pode ter esse papel arqutesGnico porgue fem a mesma amplitude do dscurso em eral: “O que sto as figuras do discurso ero geral? Sao as formas, fs tragos ou os contomnos mais 00 menos assinaléveis e com um feito mais 09 manos feliz pelos quais 0 discurso, na expressio de “Ov Averistemens fiat Prdamies (gp. 2-8, 271-281) s,m = lacy de pander: Fees aga a seer cont tnome'e massevnal eo mss fcc cot 9 mes completo gu jk eparece vest ng he nan st p28)" sen ana io ‘Shc, eu tabs ras eee combats opis eres aie ‘Noman por seu cj, sm mesa ao” (28 = idtias, itancia-se mas ou menos 60 que fois express simples « omum’ (Fonuaner. pp. 64 ¢ 179. A figura pode ser indiferen- tementereferida 8 plana, & ese ou a0s aos do dscuso que ‘exprimem © movimento do sentient e da pixio. Mas o que diver da iguraenquano tal? £ necesito reconhecee ‘qu figura, come a epifos em Aisles, se dz apenas por me- {ora As figuras so pra 0 discus 0 que Ws contoros, 0 ragos, 2 Formas exter So para o compo. 0 “dscurso, embora nao sendo tm corp, mas um eo do esprit, tem, em sas diferentes manitas de significa ede expresar, alguna cosa de anlogo a diferentes formas etragos que s enconram nos corpos verdadeios” (P63) ‘nds se pens com Arsteles wo distnguto “como” do “ue” do discus a0 asiilaro “ome a um “aparece” do discus. (aver a rogio de expresso tena em germe a esta metors.) Fontan no pare emaragado comesteengdo do ctelo imefors ums figura, apalvra figura é uma paayca metalic. Ele prefre deere dietament sobre dois ago da igs 0 rie: 160 gue a neo-eriea denominar “desvio™e que Fontaier liza ao dizer qe “o dseuso na expresso de iia, de pensamentos 1 de sntimeno dstancia-se mais oa menos do qu fo a expressio simples ccomum” (pp. 64 ¢ 279). Everdade qu dstanciane, es arse ov afastarse ainda s8o metiforas de movimenc, como & epifora de Aistctes. Ao menos a nog de desvio€ ingiferete entenso da expresso, seja cla plava, frase, discus. Beste © pono espa Assim se acha posto em selevo um dos postulados fandamentas de nosso modelo, 0 pstulado do devi (0 segundo trago ited uma esti, no quanto & extern. snas quanta a0 proceso! 0 Wo da figura deve petmanecer um Uso live, mesmo que se tone habitual pois um desvio imposto pela T Asie. Retcs. I 1.2 acina Estee pp. $6¢ 4 Forir ltase a sven que "eta mela io psi ser wte evo ut veri igre, ps oes a gu oa alta yr 2 exe ear p63 A Meron Ys _ lingua, um wo forgado, nfo merece mais © nome de figura: Desse mod 2 catacese, ou extensio forgada do sentido das pulavras, € exclnida do campo da figura (pp. 213-219). Comeestedtimo rag, ‘etornam dois outros postalados de nosso modelo: 0 uso live eno orcado implica, por um Jado, que express6es sejam afastads de seut sentido proprio, isto ¢, romadas "em uma significaglo que thes € forecida no momento ¢ que nap € apenas puro empréstin0” (p. (66); 0 uso livee supée, por outro lado, que a expresso prpria & disponivel e que pode ser substtuida por outra por live escolha “esoreverchapia por amor € produzir figura". « "a figura —comenta GGenette — apenas existe na medida em que se possa opor the uma expressio literal... o critério da figura é a substtuigao de uma ex pressio(palavra, propo de palavas, frase. e mesmo grupo frases) por outra que o retstico deve poder resituir mentalmenme para ter 9 direto de falar de igus... Vé-se, portano,afiemar em Fontaner, de modo muito ntido, a esséncia substitutva da figura” (Genete, “Introduetion”, pp. 11-12), © comentador no deixa de liga, além isso, 8 “obsess substtuiva”(p. 12) a “conscitncia clara e muito preciosa da dimensio paradigmitica das unidades (pequenas ot ‘grandes do discurso”(p, 12) Esse carter paratigmstico ¢ ested rogressivamente da palavra i fase ¢ ao discus, isto €, a unidades sintagmétioss cada ver mais vasta © estencial do modelo rerrico explicado no inicio deste capi- tulo encontra-se em Fontanier ao menos no nivel do programa de conju, & excegio, contado, do que tomamos por seu postulado Nip cee ao pcr de cir ests pails Untas do Gea Gere: Leia un idee Scare ¢ecnaanan compar pt mp lame gue pode Su ae eh, curs ue "seal fw um 50 tmp Semele e ert. Pere uma inpngen € 935 Taner, no mero espa ou ne eso trem ER 0 ott ngoager Som © poe de ears o de der cc, to ete faa gue ‘al ao gee stella ans 4 grate qua de Foe cone ates Af obisdn loci, « Tabs que no fo eso ene oats {a pou a no um aS a Rowen iu, hve apes en ngage, “barodaio,p. 1213. © sea on asm: » yrnors Ae base, a saber, 0 primado da palavra. Teria Fontanier tentado fondar uma retérica das figuras que no se reduzisse a uma tropologia, ito ¢, 2 uma teoria dos desvios na sigmiticagio das palavras? ‘io fh dvida de que foi essa exatamente sua ambig2o, Tem se mesmo 0 dircito de dizer que seu rato das Figures di discours chega a realizar alguma coisa disso, A “divisfo” das figuras! — {que faz de Fontanier, segundo a expressio de Genette, 0 "Linew da reuSrica”(p. 13) — impde-se fortemente, A antiga topotogia nfo constitu af mais que uma clase de figuras entre ouras a Tigueas de significagio ou topos propriamente tos, isto ¢, de uma nica palavea. Cinco outras classes dstibuem entre si 0 resto do campo: 2 figuras de expresso, as figuras de consirglo, as de elocugio, as de estilo, as de pensament, ‘Onmesio nao se poder dizer da execugo de detshe, Un pont deve nos alerar-a teoria da metora no € de modo algum atingida pela adogio da figura como unidade tipica da retérica, A metfora continua a ser classificada entre 0s tropes de uma dna palavra ou twopos propriamente ditos. Por sua ver, a toria dos tropos constitu tum bloco autOnomo ao qual a nogio de figura é para simplesmente superposta. E assim que © modelo retérico do qual recompomos a rede de postolados continua a funcionar n0 nivel do tropo sem ser de modo algum afetado pela aicio de outras classes de figuras © pela superposigdo do concelto mais geral Je figura ao de topo, ‘Quanto as outas figuras, elas so simplesmenteasrescidas 3s fig: 85 topos e, alm disso, o topo continua a sero termo “marcado" entre todas 25 classes de figuras; a composicio pare dos “tropos propriamente ditos” que so as figures de significagéo de ume ‘inica palavra, em seguida sctescenta os “topos inpropriamente tos” que sio as Figuras de expresso que comsistemem um conjun. to de palavras, para desdobvar, enfim, todas a5 outas figuras, con TO. Op el, gp. 67, 221231, 279-28, 45-49, ow A Merion Ye tamemente denominades “Figures ndo-trpos"" A unidade de me- dida continua a ser 0 ropo, pois @ fundamento continua a ser 2 pelavra, Donde a estanheza deste tatado em que o topo é simul reamente, um classe entre outras ¢ 0 paradigma de txa figura"? (© reatado de Fontanier parece assim dividido entre dois desi bios un cond figura 20 posto de unidade dpa, oom assegura ‘ina posigio fechade aida, & palavr, ao wopo, Se é verdude que © primeiro designio regula 8 taxionomis do tratado das figuras do scurso, 60 segundo que impse a repaniio das figuras em ropos «¢nBo-tropos. O primeiro desfzio 0 teria conduzido ao segundo se ‘0 discursotivesse podido suplantar a palavra na teoria dos “primei- +s fundamentos” (p. 39). Mas ele continua a se, segundo 0 es rity da ideologia, uma teria dos “elementos” (id). Eis por que 4 onidide de medida continua a sor ia simples que, spenas ela merece Ser deneniada “um simples elemento de pensamenis” ip. 453) apesar da teoria das figuras que 8 Teoria dos topos, e singu- lamente a da retsfora venfica © modelo elaborado acim, € da nogio de figura apenas seri mamtida a segunda signficagdo — a ‘oposigo& eaaerese — que permite tratéla ndo mais como 0 género ‘superior, mas como a diferengaespecifica: “O sentido tropeléigico ‘Cou figurado ov puramente extensivo, conforme nova significa- Tip 28148, 4s, pss. asi pana pene sel New dfinio deat Bua pp 58, 123). « apenas a gs de eae feneent eto npr pbs 8 pcr pues rament ot ‘Sass. as segunda pore so "lepeatees da falas, de exes € ‘Si A sob isc eo mim gras an pane ‘ldeninndo, ose Higa aera ao persret.rm 2 peobatocn “ra aati fxg coms rate pose oes da ingcagem, ‘Ssttes apenas igo ee cone eo do opiho ede aga” ( 12, Como, exc Foti 2 ine de lien cer enw sw "to gue crm come eta lens em tin fleas bm rics, or els apse so wa Kbaper aha ie esa ‘semis. ot conan dion. se an Un. snes lee ‘ode poate 4 ‘slo & qual ele € devido tena sido dada livremente a palara, com Por um jogo. ou se tenha tornado uma sigificagéo forgada, habi- tual, ¢ quase to propria quanto 3 signiticagéo prmitiva” (P. 75) Donde 3 conseqdéncia paradoxal de que a teoria dos topos englo- ‘bra distinglo ente figura e calacrese: “Mas, figaras ou catacreses, fem quartas mansias diferentes 0s topos trio lugar” (p. 77) E verdade que Fontanier reserva a possbildade de que a8 proposigdes oferegam, como as pslavras, “um tipo de sentido tropoldgico” (p. 75), © essa possibiidade est inscrta na pedpeia Aefinigdo do sentido primitivo e do sentido opaldgien que, coma se record, fora, antes de tudo, aplicada aos diversos sents de {que a proposigio & suscedvel, Mas, precisamente, wate se apenas 4 “um tipo” de sentido tropoligico. os que apresentatn as “fig: as de expresso", que no sto eno tropes “inipropeiamente dios” . 109), 4, Metonimia, sinédoque, metéfora [Nos lites assim tragados Fontanier consti, de mancira sis- teméticae exaustiva, a lista das espécies possveis de topos sobre 1 base da relagdo pela qual os topos “acontevem” (p. 77) Esta tims expressio 6 notivel; os topos slo, eom efeito, ‘acontecimentos, na medida em que “é por uma nova significaci a palavra que las (as figuras de significa] acontevern” iid). ‘A cposigio entre uso livre e uso forgado, essencial para o carer fi Burado do tropo, faz deste uma inovacio semantica que apenas tem existencis“momentinea” (p. 66). © topo ndo € a pripria rela: a relacio € aquilo pelo que © topo acontece. Reconbecemos aqui ‘© que denominames a “razte’” de substituigio (postulado mimero 5 do modelo), Mas telagdo entre qué e o que? A relagao pele qual {95 tropos acontecem & uma relago entre idfias, entre das idias: 15, Pos fomsharaurse om a nomenclooa conslloze Hen Mori ice de point de rotor Pe, PUR. 1 A Mrs Ws ‘de um lado, “a primeira idéia vinculada & palavra isto, sig- nificago primitive da palavra emprestada de outro, “a idéia nova ‘que al se acrescent”(p. 77), isto & o sentido tropolbgica subst. told outa palavra propria que nao se quis emregar no mesmo Inga. Essa rlagio entre uma idéia primeira © ume idéia nova cortesporde, com pequenas diferengas, i eplforaarsttélica, Veje- nos #sdiferengas. Por um lado, a definigho de Fontaniernio parece . 164), Dito de outra maser 05 topos usual estio a meio caminho dos tropos de intengfo © das cataceses A Fromira ene Wopofor- {ado ecatacrse tend late mais a apagarse qunto 0 fendmeno dh usu parega remonta, como os pUpries topos, 3 pameira fonigem da lingua A condiggo da caarese enconase ma orgem dos propia tropes, asber, "a fka de pala propia «carci, ‘ ntedrdade de sop essa pobrenae ssh fala” (p. 158; pobreza « falta das quai devernos Ge resto, nos orgulhar. poi, © dispt- ‘éssemos do ants plavras quants ida, "qual memeiabastara pr spender tants alae reas ereprodui ls?” ibid) Da ‘news maneita gue yon Humboldt defnia 0 discarso come am {so infinao de mens fits, € A meméria que Fontsierstibui “com um mbimero de plavras bastante mito, fornecer com que exprimir um admeo ifnito de idéias” (ibid). Assim, o topte fur tem, 20 menos na origem, # mesma Fungo exteniva que 0 Atopo-catactese E por esta rari que cle ende a reuse a ete pelo us © eyo ms won Mas o tropo-figura tem outra causa ocasional alm da nevessi- ade: 0 consentimento; “os topos de escotha ede gost, 08 topes. figura, tém outra causa ocasional:€0 prazer, 0 consentimento que ‘urn tipo de instin, em primeim lugar, nos faz pessenir af de- pois a experéncia encontrar” (p. 160). Assim, o consentimento jogs em sent contnirio wo da necessidade, como um ape invengdo. esta invenclo que demanda distinguir as causas ocasionais —necessidade e mesmo consentimento — das causas propriamenie geradorss de tropes: imaginasio. esptito, paixo. Dar cor, exctar ‘espantoe a surpress, por combinagesnovas,inesperadas, insular Towa e enerpia so discus — tants impulsos que se imprimem apenas pos toporfiguras que se devem charm “topos de eseritor” porquanto pertencem “a invencio particular do poeta" (p. 165). Se a metéfora“carregada de idade pentence, evidentemente, lingua, “quem, antes de Coomsille, nha dito deverar um reino?” (id. ‘Mas, enti, ndo € por uma consideragio conigua aesta que 0s ‘wopos so tatados “telativamente 2 seu emprego no discurso” {p-155) Esse emprogo (que Fontanier esta na Tl sesio da Théorie des tropes) € constitutive, se no do trope, na medida em que € fundado sobre uma relagio especifica, wo menos de seu caster de figura. Se o sentido deslocado € o que se “atrbui no momento” (p66) is paavras. os topos mais alémticos so apenas os topos e invengio. E nezessirio, enti, ir da palavra a0 discurso, pois apenas as condigies prépras ao discurso podem distinguito tropo- figura do wropo-catarese e, no tropo-figura, 0 curso livre do curse orga Estudo III A metéfora a semantica do discurso Para Cyrus Hamlin at NosSos ooas FRPAEINOS Hsrunas, « pulavra fo tomada como suporte da modanga de sentido em que consist o topo que 2 retrica antiga e elissica constantemente denominow metéfora. Pudemos assim adotar, numa primeira aproximagio, uma definigio de metéfora que 2 identifica 4 transposicio de un nome estranbo a outra coise, a qual, por isso, nfo recebe denominagdo propria ‘Mas a investigagio aplicada ao trabalho de sentido que a tanspo- siglo do nome gera fez que continuamente se rompesse 0 quad a palavra, © a fortion’ o do nome, e impOs que se tomasse 0 ‘enunciado como 0 meio contextual er que Somente a transposiglo 4e sentido tem lugar. O presente estado & consagrado a0 exame ‘ito do papel do enunctado, como portador de um “sentido com- pleto © acabado" (segundo a expressio do proprio Fontanier), na rodusio do sentido metaforico. is por que falaremos doravante 4 enuciado metaférica, Quer isto dizer que a definigfo de metéfora como transposigio do nome & falsa? Eu diria antes que ela & somente-nominal eno teal, no semido que Leibniz dé a estas duas expressves. A defini ‘do nominal permite identficar uma coisa a definigo real mostra ‘como cla se dé. As definigdes de Aristteles e de Fontanier sto nominais, na medida em que permitem identificar a metéfora ent ‘os outos ropes imitando-s aidetifies la, elas se limita também io? A Merson Va A sete saris uo one a clasificd-as. Nesse sonido, a taxionomi propia & topotosia tio vai além ds definigfo nominal. Porém, desde que a retérica procura as causas geradcras, ela if nao considera somente a pala, mas o discurso, Uma tearia do enunciado metaférico seré uma twaria da producto do sentido metaférico. onde resulta que a definigdo nominal ndo poderia ser ubolida pela defini real, O presente estudo poderd, contd, parecer dat crédito a esta aternativs, opondo constantemente uma teotia dis siva dt metfoca a uma teoria que a reduz a um acidente da deno- ‘minagéo. Indo mais longe neste sentido, vos autores consideram {que uma teoria da iceragdo, solidiria 2 uma concepgio discursiva a metifora, & exclusiva de uma teoria da substiwigdo, que ji vi- res ser inseparivel da definigdo da metéfora como modalidade esvianie de denominayso, Arsecipando uma andlise que serd feta no quino est, diga- mos desde que a definigio real de metdfora em termos de enun-

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