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TEMPORALIDADES, NARRATIVA E ESTÉTICA
Assis Daniel Gomes
Resumo: Neste artigo, tenciona-se relacionar a discussão sobre o tempo, a narrativa e
a estética na história buscando indicar caminhos de análise, bem como realçar a sua
importância para compreender o mundo contemporâneo. Para isso, percorreu-se uma
bibliografia teórica para alicerçar nossa proposta e a defesa do conhecimento
histórico. Enfim, clarificar os limites entre a história e a ficção não é deixar de colocá-
las em relação dialógica, mas manter as suas especificidades de existência e o seu lugar
político na sociedade.
Palavras-chave: temporalidades, narrativa, estética.
Abstract: In this article, we intend to relate the discussion about time, narrative and
aesthetics in history, seeking to indicate ways of analysis, as well as highlighting their
importance in understanding the contemporary world. For this, a theoretical
bibliography was used to support our proposal and the defense of historical
knowledge. Finally, clarifying the boundaries between history and fiction is not to put
them in a dialogical relationship, but to maintain their specificities of existence and
their political place in society.
Keyworks: temporalities, narrative, aesthetics.
Introdução
Para Le Goff (1990), o conceito de história andaria por alguns problemas
fundamentais que envolvem a sua constituição. Trilha-se aqui pela
problematização que envolve a relação entre a história e o tempo
(temporalidades), sua relação com a narrativa e a estética. Nesse intuito,
entende-se a história como uma prática social (CERTEAU, 1996), de um
profissional específico - o historiador; mas também de “um conjunto de
fenômenos que constituem a cultura histórica, ou melhor, a mentalidade
histórica de uma época” (LE GOFF, 1990, p.48).
As fissuras temporais
Críticas se fazem contra uma ordem exclusivamente narrativa e estética
da história. Reconhecer a sua importância não significa reduzi-la a um
pensamento não científico, mas verificar o lugar antropológico (LIMA VAZ,
2000) da própria narrativa e da verdade que ela expõe. O método e a
epistemologia histórica garante a sua cientificidade. Para Rioja, a erudição,
Michel de Certeau (1999), por sua vez, fecha uma linha de estudo que visa
pensar o tempo e o sujeito para o conhecimento histórico. O estilo de seu
texto, com divisões titulares, pressupõe a sua própria percepção sobre
esse conhecimento e a relação entre a realidade e a ficção. Dessa forma,
verifica como se construiu traços de diferença entre a ficção e a história a
fim de legitimar o saber da segunda para uma sociedade dicotômica - que,
por exemplo, olha para o erro e o acerto.
Han vai além das considerações de Denize para ver uma “sociedade do
cansaço” em que o fator da produção move a sua existência. Por isso, a
sua interiorização fabricou um empresário de si. Tal questão não foi
pensada por Karl Marx (1980) e Michel de Foucault (2010), os dois
propunham outras leituras de suas respectivas realidades, ou seja,
estavam presos numa linha da tradição do pensamento que os limitava. O
Han vem aprofundar essas questões colocando a singularidade da
alteridade e da diferença, alocando a categoria exegeta como uma forma
de imunização dessa positividade em excesso. Dessa forma, sugere olhar
para o diverso e os ligar em um mesmo horizonte de sentido. Nessa
tentativa de afirmar a sua percepção, criticou Baudrillard (2011) - que
entendia que a soberania do idêntico e o sujeito imunológico exclui o
outro.
O tipo de violência que se faz é outro, a sua relação com o corpo também
é outra. A Sociedade da Disciplina (FOUCAULT, 2010) é movida pela
negatividade, pelo não-pode, tendo como seu resultado a produção de
loucos, por exemplo. A Sociedade da Produção enfatiza a questão do
poder, de uma interiorização da positividade, de uma motivação do eu em
sua entronização do trabalho como Deus, fim e sentido existencial. Dessa
forma, por exemplo, para Han, alguns objetos que no século XXI se
Conclusão
Neste artigo, buscou-se fazer uma análise a fim de relacionar a discussão
sobre o tempo, a narrativa e a estética na história. Para isso, tencionou-se
indicar caminhos para o fazer histórico, como também uma asseveração
de sua importância no campo do conhecimento no mundo
contemporâneo. Os dilemas atuais com a fluidez da memória e da
narrativa, por exemplo, nas redes sociais e na produção cinematográfica –
leva a um tipo de relativismo que descaracteriza o campo das
humanidades, especialmente, põe enigmas para a produção e o ensino do
conhecimento histórico. Essa desvalorização provem de uma sociedade
que busca esquecer sua própria humanidade, de uma sociedade do culto a
uma imagem narcísica e das certezas que fortalecessem o seu ego.
Colocar a existência do outro a essa sociedade do eu, de uma verdade
pautada pelos valores individuais e momentâneos – elevação do reino dos
desejos – é uma afronta as suas certezas.
Referências
Assis Daniel Gomes. Filósofo e historiador. Doutorando em História Social
pela Universidade Federal do Ceará e professor do curso de História da
UECE - FECLESC.